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1 A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS Fabiana Duarte Gomes¹ Gabriela Julia Moura¹ Natália Cristina Oliveira Santos1 Orientadora: Profª. Drª. Maria Amélia Miranda Pirolo RESUMO A comunicação é importante não só para organizações privadas, mas também para organizações públicas. A estrutura comunicacional é o que garante a organização do pensamento estratégico para que sejam alcançados os objetivos pré-determinados das organizações. Utilizando a metodologia dialética, aquela que analisa o contexto de acordo com sua história, e o tipo de pesquisa sendo o estudo de caso buscou-se desmistificar a comunicação comunitária sendo trabalhada separadamente da comunicação integrada, que inclui em si a comunicação interna e institucional, comumente vistas apenas em organizações do segundo setor. Como síntese do trabalho foi possível concluir que a comunicação integrada deve ser o primeiro passo rumo à criação da identidade organizacional para sua identificação perante os públicos. Palavras-chave: Comunicação Comunitária; Comunicação Integrada; Organização pública. ABSTRACT The communication is important not only for private organizations, but also for public organizations. The communicational structure is what guarantees the organization of the strategical thought so the pre-determined objectives of the organizations can be reached. Utilizing the dialetic methodology, which analizes the context according to its story, and the type of research being the study of the case, it was aimed to demystify the communitary communication being worked separately from the integrated communication, that includes in itself the internal and institutional communication, commonly seem only in organizations of the second sector. As synthesis of work it was possible to conclude that the integrated communication must be the first step onwards the creation of the organizational identify for its identification before the public. Keywords: Communitary Communication; Integrated Communication; Public Organization. 1 Graduandas em Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas pela Universidade Estadual de Londrina, Londrina - PR 2 INTRODUÇÃO A sociedade passa hoje por transformações que influenciam não só o primeiro e o segundo setor, mas também, o terceiro. As organizações sociais, a valorização de parcerias, as iniciativas civis, entre outras, acabam estabelecendo uma relação entre as organizações e seus públicos por uma exigência social de modificação e diminuição das diferenças entre classes. Aqui podemos ver um dos objetivos da atuação do profissional de Relações Públicas: a organização onde atua e suas ações sejam aceitas pelos públicos de interesse. Graças a essa relação, o tratamento organização-sociedade tem deixado o âmbito econômico e adentrado o campo das relações humanas, onde o desenvolvimento social é visto de forma diferente. A formação das comunidades em uma época de ‘isolamento social’ é cada vez mais raro. Apesar da contigüidade física, cada um deles tem um objetivo particular, sem conseguir enxergar o objetivo comum do grupo. As organizações sociais vêm para sanar essa falha. Elas surgem como ponto de encontro dos diversos objetivos individuais em torno de um objetivo maior, coletivo. A organização social surge a partir do pressuposto de que aqueles que percebem a necessidade de desenvolver cidadania, já são cidadãos, e buscam por isso, a ampliação desse sentimento nos outros indivíduos. Trabalhando-se com a Casa de Cultura da UEL, órgão suplementar, ou seja, que complementa as ações da instituição, vinculada academicamente ao CECA (Centro de Educação, Comunicação e Artes) e administrativamente à Reitoria, notou-se o desejo organizacional de aumentar sua divulgação e participação dentro da própria universidade, por meio do aumento no número de estudantes participantes e colaboradores da Casa. Entretanto, houve a necessidade de que o trabalho se voltasse para dentro da organização, sendo realizada uma pesquisa institucional que analisasse a percepção dos líderes sobre a organização e seus objetivos. Frente os resultados obtidos foi possível analisar que a Casa de Cultura não possui uma estrutura comunicacional interna que favoreça a um planejamento de comunicação externa. 3 COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA PARA O SETOR PÚBLICO Tendo em vista que a Casa de Cultura é uma organização sem fins lucrativos, identifica-se um tipo específico de comunicação a ser trabalhada com ela: a comunicação comunitária, aquela que, segundo Kunsch: [...] diz respeito, com prioridade, apenas ao trabalho realizado diretamente [grifo nosso] com a comunidade, dentro dela [grifo nosso] e em função dela por profissionais que se integram nos grupos ou por profissionais orgânicos surgidos nos próprios grupos (KUNSCH, M. apud KUNSCH, W. 2007 p. 112). Por sua origem popular, a comunicação comunitária é tratada muitas vezes informalmente, contudo, organizações Públicas/Comunitárias precisam trabalhar a comunicação de forma diferente de organizações privadas. Nessas organizações, a comunicação estratégica deve ser utilizada com objetivos maiores que a consecução de patrocínios e a realização da assessoria de imprensa, ela pode e deve ser utilizada como forma de mobilização social. As Relações Públicas, atuando junto a essas instituições, assumem um papel diferente para Cicília Peruzzo (1986): As Relações Públicas quando a serviço da classe dominante são, na verdade, como ato pedagógico também um ato político, não crítico libertador. [...] Enquanto as Relações Públicas a serviço da classe dominada se inserem na concepção ‘libertadora’ da educação. Esta problematiza, desmistifica a realidade desocultando-a. ‘Em lugar do homem-coisa, adaptável, luta pelo homem-pessoa, transformador do mundo’ (PERUZZO, 1986, p. 124-125). A comunicação como formadora de opinião e ativa educadora da sociedade deve ter trânsito livre para trabalhar dentro da organização como auditora e identificadora de potencialidades. Ela deve trabalhar junto à comunidade de forma a permitir e aumentar a disposição desta para a participação voluntária nas decisões, desenvolvimento e programações de cada manifestação cultural. Ressalta-se aqui que a necessidade de ajuda 4 voluntária surge como maior oportunidade de envolvimento da comunidade na organização. As organizações sociais precisam, além de voluntários, também de profissionais capacitados para desenvolver bem o trabalho ao qual se propõem: Ou as organizações tomam a estrada rumo à profissionalização, adotando modelos eficientes de gestão e contratando pessoal capacitado para executar a missão a que se propõe, ou seguem um caminho mais utópico (de dependência do trabalho voluntário, e ações impulsivas e da falta de estratégias definidas) que pode levá-las à extinção (SINA; SOUZA, 1999, p. 102). Dentro disso é possível analisar o trabalho das Relações Públicas como o do diplomata nas relações humanas e o estrategista no direcionamento a ser dado para o alcance dos objetivos organizacionais. O exercício das Relações Públicas se faz mais importante quando pensa-se que as organizações sociais devem se comunicar com todos os públicos de forma ainda mais transparente, visto que seu diferencial frente às organizações de primeiro e segundo setor É a defesa de causas sociais, ambientais ou ideológicas se sobrepor à finalidade de lucro ou de interesses políticos. Esse pressuposto exige uma qualidade maior do nível de comunicação, pois as ‘trocas’ envolvidas nesse contexto são extremamente simbólicas, o que aumenta a complexidade do processo no terceiro setor (UTSUNOMIYA, 2007, p. 311). A justificativa de um bom trabalho de comunicação em organizações sociais é justamente o fato de que O beneficiáriodesse processo de comunicação [...], no entanto, será o indivíduo, o cidadão que, inserto no contexto de uma comunidade atuante, deixando a condição de mero espectador, torna-se sujeito no desenvolvimento do processo histórico que estará vivenciando (UTSUNOMIYA, 2007, p. 313, grifo nosso). Trazendo a informação generalista para o caso em estudo, a importância de se trabalhar a comunicação dentro da Casa de Cultura é proporcionar aos estudantes a vivência e a atuação em movimentos que 5 modificam a Universidade. É formá-los integralmente para o mundo, plantando neles a semente do reconhecimento da importância de manifestações culturais para a evolução humana. A Casa de Cultura, como órgão suplementar da UEL deve ter voz ativa dentro desta comunidade para que se torne um órgão também representativo. Conforme Utsunomiya, As organizações existem como atores sociais e sua “fala” e “atuação” podem ser relacionadas à “Comunicação institucional” e à atuação efetiva na transformação da realidade social [grifo nosso]. [...] Nesse contexto, o silêncio também comunica e pode significar discordância, não-participação, desqualificação (UTSUNOMIYA, 2007, p. 315). Essa atuação efetiva acontecerá dentro da Casa de Cultura quando as partes se mobilizarem, ou seja, quando as Divisões trabalharem não só por suas áreas de atuação, mas pela Casa de Cultura como um todo. Assim, a comunicação terá campo fértil para desenvolver suas idéias e atrair cada vez mais parceiros para a Casa, por um discurso condizente com a cultura e o trabalho deste órgão. As organizações sociais também devem usar a comunicação organizacional para aperfeiçoar seus processos e conseguir maior efetividade em seus programas e projetos. Esta comunicação deve ser levada “em conta, pois a presença nos espaços midiáticos depende, antes de mais nada [sic], de estratégias muito bem delineadas no âmbito das ações e políticas internas” (KUNSCH, M., 2007 p. 296). Neste contexto, a Casa de Cultura busca a transformação social através da arte, assim como a comunicação comunitária busca a transformação social através da participação da comunidade nas decisões da sociedade. As Relações Públicas como ferramenta na articulação comunitária deve contemplar a mobilização e conscientização para a ação coletiva. Não deve trabalhar de forma a sustentar um movimento, mas como provedora de idéias, soluções e conhecimentos para que a comunidade, ou o movimento social possa enfim, ‘caminhar com as próprias pernas’, tendo o conhecimento sobre si mesmo e seu papel na sociedade em que se insere. 6 Entretanto, não é possível a uma organização trabalhar pela transformação social, se dentro dela não há ainda o trabalho em torno de um objetivo comum a todos: o reconhecimento da organização, ou seja, seus colaboradores devem tornar-se público estratégico para a formação da identidade organizacional. Para isso, é fundamental que haja uma estrutura de comunicação integrada. PROCESSO DE RELAÇÕES PÚBLICAS NA COMUNICAÇÃO INTEGRADA O papel do profissional de Relações Públicas é administrar estrategicamente a comunicação, promovendo o relacionamento entre os públicos de interesse, para que a organização onde se está trabalhando alcance os objetivos que foram definidos em um plano de comunicação, atuando harmonicamente em todos os campos comunicacionais, se posicionando e se estabelecendo diante a sociedade na qual está inserida. Para que haja este relacionamento é imprescindível o uso da comunicação e de seus meios disponíveis, sejam eles massivos ou dirigidos. A partir daí será possível estabelecer o que Margarida Kunsch chamou de “diálogo”, para exemplificar a comunicação bidirecional (2003, p. 106). Isto acontece na função mediadora da atividade de Relações Públicas, onde a informação não é simplesmente apresentada. Ou seja, neste caso existe a comunhão dos públicos, onde as relações são de fato estabelecidas e acontece a troca de informações. Assim, dentro do levantamento de questões sobre controvérsias, onde mais tarde, por meio de discussões racionais se estabelecerão consensos, será trabalhada a opinião pública. Andrade (1989) apresenta o desenvolvimento da opinião pública em quatro fases: na primeira, há uma questão em pauta, que causa desconforto em uma parcela da comunidade, onde cada indivíduo cria sua opinião a partir do momento em que toma conhecimento de determinado fato, que acarreta na segunda fase do processo onde este desconforto abre espaço para a formação de uma controvérsia, ou seja, as opiniões são diferentes, de acordo com a cultura e o ponto de vista de cada um. Esta controvérsia precisa 7 ser exposta da maneira mais parcial possível, de forma clara e bastante objetiva, iniciando debates que obrigam os indivíduos a criarem uma lógica de raciocínio, onde o público foca sua atenção, entrando na terceira fase, onde começarão as tentativas de se obter a solução mais plausível ao caso. Finalmente, ao entrar em um consenso, temos a quarta fase, onde mesclam-se todas as opiniões em uma só, que resultará numa ação em conjunto. As necessidades e reações de seus públicos serão medidas e analisadas por meio de planejamento, pesquisa e avaliação, podendo assim ser estudado quão efetivo está sendo o processo de Relações Públicas aplicado. A importância da utilização destes métodos está na necessidade de se compreender exatamente com o que o público deseja. Os instrumentos trabalhados no planejamento serão utilizados pelo profissional, a fim de saber qual é a melhor maneira de trabalhar o comportamento e os conflitos encontrados. Na Comunicação Integrada temos a atuação simultânea de diversas áreas da comunicação, formando então a comunicação organizacional, que deverá ocorrer de forma harmoniosa com uma base global, onde as metas e estratégias já estão definidas. Desta forma não há conflitos entre as áreas, mas benefícios mútuos, pois somam-se os benefícios e há o auxílio recíproco. Esta ação conjunta, como explica Kunsch, é uma necessidade das organizações que se relacionam com seus públicos e com a sociedade em geral. Assim as modalidades da comunicação - Comunicação Interna, Comunicação Administrativa, Comunicação Mercadológica e Comunicação Institucional - não devem ser tratadas isoladamente. Isto porque, diante das mudanças causadas pela globalização, faz-se necessária a constante reformulação da arquitetura organizacional, para que as evoluções tecnológicas e comportamentais sejam acompanhadas. As freqüentes mudanças nas ações da organização tornam-se desafios para que seu posicionamento na sociedade não seja muito abalado, e sua estabilidade seja mantida. Independentemente da terminologia básica que se adote, existem diversas formas de as organizações se manifestarem por meio de sua comunicação, de seu comportamento 8 institucional. Sua arquitetura, por exemplo, também é uma forma de comunicação (KUNSCH, M., 2003, p. 152). Para Lee O. Tyler (apud KUNSCH, M., 2003, p. 69), a comunicação é elemento fundamental nos processos administrativos, pois define as condições e o direcionamento da organização. Por isso, dependem dos processos de comunicação, as ações que serão tomadas a partir de um profundo estudo sobre os públicos envolvidos. O resultado desta análise possibilitará a viabilização dos processos que deverão ser implementados para o posicionamento e sobrevivência da organização, pois sem este processo, estará fadada ao fracasso, devido ao desconhecimento sobre os anseios de seus públicos, o que impossibilita qualquer meio de trabalhá-los, pois nenhuma instituição é auto-suficiente. Sempre haverá a necessidade de relacionamento e equilíbrio, resultantes de constante alimentação por meio da comunicação, que deve ser sempre atualizada e processada de forma cuidadosa, para que se houver barreiras, estassejam prontamente identificadas e eliminadas. COMUNICAÇÃO INTERNA E INSTITUCIONAL NO COMPOSTO DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA: ANTES DE TUDO, A CASA DEVE ESTAR ARRUMADA Ao iniciar os estudos de Relações Públicas na Casa de Cultura da UEL, a primeira ação foi aplicar uma Pesquisa Institucional com os Diretores das Divisões e a Diretora Geral para conhecer suas percepções sobre questões administrativas, comunicacionais, de relacionamento e do desempenho da organização. O objetivo da pesquisa foi visualizar o panorama interno para saber quais eram as características dos públicos e quais os objetivos da instituição. Após observar os relatos, percebeu-se que, internamente, a Casa de Cultura não tem uma estrutura de comunicação organizada que a identifique como um órgão provedor de atividades culturais e braço da Universidade para a disseminação de arte, cultura e cidadania. 9 Pôde-se observar que não há programas de comunicação interna e institucional eficazes dentro da Casa de Cultura, pois não existe um departamento ou profissional de Relações Públicas. Apesar do objetivo inicial não ser uma análise de comunicação integrada e sim uma análise dos objetivos da Casa de Cultura para saber quais eram as perspectivas para a aproximação com a comunidade acadêmica, esses foram os pontos que mais se destacaram na Pesquisa Institucional. A comunicação interna acontece de forma precária e muitas vezes falha, nas palavras da Diretora da Casa de Cultura, Janete El Haouli. Um dos principais apoios para a divulgação das informações para os colaboradores é o mural, onde são colocadas convocações para reuniões, divulgação de ofícios oriundos da UEL e eventos realizados pela Casa de Cultura e outros órgãos. Porém, este mural não tem caráter estratégico baseado em planejamento de aprendizagem organizacional para os colaboradores, tem apenas a função de difundir informações. Os e-mails são pouco utilizados como ferramenta de comunicação interna. Assim como também não há outras ferramentas específicas para o público interno da Casa de Cultura como: Jornal Mural, reuniões periódicas e planejadas, jornal online, jornal impresso, boletim, intranet e etc. Desta forma, a comunicação interna perde seu caráter estratégico de geradora de conhecimento que fará com que os colaboradores sejam formadores de opinião para a Casa de Cultura. Ter um programa de comunicação interna é importante, pois “é um área estratégica, incorporada no conjunto de definições e políticas e objetivos funcionais da organização” (KUNSCH,M., 2003, p.156). Se a organização não tem uma estrutura interna estabelecida, fica inviável um planejamento que atenda de maneira eficaz o público externo. De acordo com Fortes (2002), “se a organização, em virtude das suas pendências internas, não contempla as exigências dos públicos tornam-se praticamente inócuas as programações de Relações Públicas”. Para a Diretora Geral, há a necessidade de um planejamento de comunicação que englobe todos os setores, evite os ruídos e transforme os colaboradores em públicos legítimos. 10 Corroborando a teoria de Fortes, Margarida Kunsch (2003) afirma que “de nada adiantarão programas maravilhosos de comunicação se os empregados não forem respeitados nos seus direitos de cidadãos e nem considerados público número um, no conjunto de públicos da organização”. Não há um organograma atualizado instituído na Casa de Cultura e o que existe está defasado e não retrata fielmente a realidade da organização. A divisão de Artes Plásticas é a única que chega perto da atual configuração do organograma. Apesar de não haver um documento oficializado, nas entrevistas da Pesquisa Institucional não houve problema com a identificação dos líderes. No caso da Diretoria Geral, os Diretores das divisões sempre apontavam a Diretora como sendo uma líder participativa e democrática, que é de suma importância para que haja comunicação interna, uma vez que ela reside, sobretudo, na possibilidade de oferecer “estímulo ao diálogo e à troca de informações entre a gestão executiva e a base operacional na busca da qualidade total dos produtos ou serviços e do cumprimento da missão de qualquer organização” (KUNSCH, M., 2003, p. 160). A falta de proximidade entre as divisões, de objetivos comuns, de diálogo e comunicação impossibilita uma atuação conjunta de projetos que visem à aproximação do público externo. Outro ponto analisado foi a ausência da função social da Casa de Cultura. A função social de uma instituição é o que as empresas chamam de missão, a razão pela qual a organização existe. Não foram identificados procedimentos de comunicação institucional que possibilitem construir uma imagem e identidade para a Casa de Cultura, logo, os colaboradores não estabelecem um vínculo com a Casa capaz de despertar o sentimento de pertencimento e de busca dos objetivos que os públicos de relacionamento, neste caso o interno, têm ou deveriam ter com a instituição. A comunicação institucional está ligada intrinsecamente aos aspectos corporativos institucionais que explicitam o lado público da organização e tem como proposta básica a influência político-social na sociedade onde está inserta e enfatiza os aspectos relacionados com a missão, visão, os valores e a filosofia organizacional para construir uma imagem 11 e identidade fortes e positivas da organização (KUNSCH, M., 2003, p. 165). Um dos exemplos citados pela Diretora Geral, Janete El Haouli, sobre a ausência de instrumentos de comunicação institucional, foi a falta de uma logomarca que identifique visualmente a Casa de Cultura. A Diretora deixa claro que considera a identidade visual indispensável para a cultura organizacional, uma vez que enxerga a falta desta como um dos motivos pelos quais o público desconhece as ações oferecidas pela Casa de Cultura. No modelo de comunicação integrada proposto por Kunsch (2003, p. 154), “a comunicação interna pode utilizar como ferramenta as diferentes modalidades comunicacionais (institucional, administrativa) para viabilizar a interação entre os colaboradores e a organização”. Porém, se não há um planejamento de comunicação integrada, a comunicação interna não pode atuar de forma eficaz. Analisando de forma global, a ausência de programas de comunicação interna e institucional que promovam conhecimento, desenvolvimento e mudanças de comportamentos, estruturas e o diálogo, impossibilita que a Casa de Cultura crie uma imagem, uma identidade na qual seu público interno identifique-se e tenha comprometimento para tornar a Casa de Cultura em um órgão referência na disseminação de cultura e cidadania. 12 Conclusão Com este estudo, percebeu-se a relevância de trabalhar uma organização de dentro para fora. Pode-se afirmar que não é apenas importante, mas primordial que o trabalho se desenvolva internamente para que os resultados sejam satisfatórios. Foi interessante observar que as organizações sociais precisam de uma linguagem formal da comunicação. A comunicação comunitária pode e deve ser trabalhada de forma estratégica e profissional em parceria com as outras modalidades comunicacionais. Cabe aos profissionais de Relações Públicas desenvolverem e aprimorarem técnicas e conhecimentos que privilegiem também as classes dominadas, de forma a diminuir o abismo existente dentro da sociedade atual. E ainda, deve trabalhar juntamente com as Relações Públicas a fim de criarem políticas e estratégias que favoreçam o surgimento de públicos legítimos, a reputação da organização e, assim, tornarem-se também promotores de cultura que organizem e planejem suas ações de forma estratégica e não apenas pontual. 13 REFERÊNCIAS ANDRADE, Cândido Teobaldo de Souza. Psicossociologia das Relações Públicas.São Paulo: Loyola, 1989. FORTES, Waldyr Gutierrez. Você Sabe que dia é hoje? datas comemorativas para eventos e programações de relações públicas e calendário promocional em Marketing. Londrina: Eduel, 2002. KUNSCH, Margarida M. Krohling. Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada. São Paulo: Summus, 2003. KUNSCH, Waldemar Luiz. Resgate histórico das relações públicas comunitárias no Brasil. In: KUNSCH, Waldemar Luiz (Org). Relações Públicas Comunitárias: a comunicação em uma perspectiva dialógica e transformadora. São Paulo: Summus, 2007. p. 107–123. PERUZZO, Cicília Maria Krohling. Relações Públicas no modo de produção capitalista. São Paulo: Summus, 1986. SINA, Amália; SOUZA Paulo de. Marketing Social. São Paulo: Crescente Editorial, 1999. UTSUNOMIYA, Fred Izumi. Relações públicas na gestão da comunicação institucional no terceiro setor. In: KUNSCH, Waldemar Luiz (Org). Relações Públicas Comunitárias: a comunicação em uma perspectiva dialógica e transformadora. São Paulo: Summus, 2007. p. 310-324.
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