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01 História da Educação no Brasil

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
1 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
História da Educação no Brasil 
A história da Educação no Brasil: uma longa jornada rumo à universalização 
Uma educação focada exclusivamente na catequização. Foi assim que nasceu o embrião do ensino 
no Brasil, em 1549, quando os primeiros jesuítas desembarcaram na Bahia. A educação pensada 
pela Igreja Católica - que mantinha uma relação estreita com o governo português - tinha como 
objetivo converter a alma do índio brasileiro à fé cristã. Havia uma divisão clara de ensino: as aulas 
lecionadas para os índios ocorriam em escolas improvisadas, construídas pelos próprios indígenas, 
nas chamadas missões; já os filhos dos colonos recebiam o conhecimento nos colégios, locais mais 
estruturados por conta do investimento mais pesado. 
Nunca foi tão importante estar bem informado. Sua assinatura financia o bom jornalismo. 
 “Os índios são papel em branco”, escreveu, certa vez, o líder jesuíta no Brasil, o padre Manuel de 
Nóbrega, em carta enviada à corte portuguesa. A educação dos índios, em especial da tribo curumim, 
era uma tarefa encampada pelo padre José de Anchieta, homem considerado um dos mais atuantes 
pedagogos da Companhia de Jesus. Para educar os indígenas, Anchieta lançava mão de recursos 
ainda atuais em algumas escolas brasileiras, como o teatro, a música e a poesia. Por causa de sua 
obra preservada, especialmente as cartas em que documentava as rotinas escolares, Anchieta pode 
ser apontado como um dos nomes de maior destaque da história da educação brasileira. 
Em outra ponta da educação, com um atendimento diferenciado, estavam os filhos de portugueses. 
Os descendentes de europeus também frequentavam as aulas dos jesuítas, mas recebiam um 
ensinamento mais aprofundado, inclusive de outras matérias. O conhecimento repassado aos alunos 
não se restringia à propagação do ensino religioso, e envolvia mais conteúdo voltado às letras. A 
diferenciação do ensino para este público privilegiado era um pedido que vinha de cima, feito pela 
própria elite colonial que morava no Brasil. 
De acordo com os registros históricos, a hierarquia familiar dos portugueses funcionava da seguinte 
maneira: o primogênito teria direito sobre todas as propriedades da família; o segundo filho era 
enviado aos colégios e, possivelmente, completaria seus estudos superiores na Europa; já o terceiro 
seria entregue à Igreja para seguir a vida religiosa. A educação letrada no Brasil colonial era 
direcionada somente aos homens. As mulheres não tinham acesso aos colégios e eram educadas 
somente para a vida doméstica e religiosa. 
Ainda que houvesse uma segregação clara entre os ensinamentos repassados aos índios e aos filhos 
dos colonos, a educação jesuítica seguia (ou tentava seguir) um documento curricular: o Ratio 
Studiorum. Elaborado em 1599, a diretriz curricular era a base do conteúdo pensada pela Igreja. No 
Ratio, constava o ensino da gramática média, da gramática superior, das humanidades, da retórica, 
da filosofia e da teologia. A partir do ensino das letras, começava a se formar no país uma 
organização da sociedade hierarquizada pelo acesso à alfabetização. Isto é: teria mais chances de 
prosperar na colônia aquele que aprendesse a ler e escrever. Nos locais de ensino da Companhia de 
Jesus, os comportamentos exemplares eram bastante cobrados pelos padres. Os alunos que 
desrespeitassem os princípios morais cristãos eram punidos com castigos. 
 
Ratio Studiorum, de 1599: conteúdo elaborado pela Igreja 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
2 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
Ao todo, até ser expulsa do Brasil, a Companhia de Jesus criou 25 residências, 36 missões e 17 
colégios e seminários. “Talvez a Companhia tenha sido a mais importante, mas tivemos outras ordens 
religiosas operando no ensino brasileiro”, lembra Rosa Fátima de Souza, professora da Universidade 
Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara. 
Em 1750, ano da assinatura do Tratado de Madrid entre Portugal e Espanha, a até então confortável 
situação da Companhia de Jesus no Brasil começou a se deteriorar. Nove anos depois, ocorreu a 
expulsão desta ordem religiosa das terras brasileiras. A educação jesuítica guarda poucas 
semelhanças com o que vemos hoje em dia nas escolas. O legado deixado pelos soldados de Cristo, 
porém, ainda é muito debatido na academia. Afinal, eles foram os predadores ou construtores da 
cultura? 
Um Ensaio da Educação Pública 
A expulsão dos jesuítas, comandada pelo então primeiro-ministro de Portugal, Marquês do Pombal, 
significou uma remodelação total do sistema de ensino brasileiro. Por ordem do Estado, os jesuítas 
tiveram seus livros e manuscritos destruídos pelos portugueses, e a religião foi deixada de lado nos 
currículos. Tratava-se de uma tentativa de introduzir matérias mais práticas no dia a dia escolar. Entre 
a expulsão dos jesuítas e a organização de um novo modelo no Brasil, no entanto, o país amargou 
um hiato de cerca de dez anos sem uma escola estruturada. 
Influenciado pelos ideais iluministas, Pombal tinha convicção de que era preciso modificar a 
educação no Brasil. E isso ocorre formalmente em 1772, com a chamada reforma pombalina. Após a 
instauração dessas mudanças, o Brasil dá seus primeiros passos na criação de um ensino público. A 
desestruturação da escola jesuíta, porém, fez com que os índios perdessem espaço no sistema de 
ensino. Por outro lado, a reorganização tornou o professor uma figura central do processo 
educacional. Neste período, foram criadas as aulas régias, ministradas por docentes concursados, 
que eram funcionários do Estado. “Portugal foi pioneiro na Europa em criar um ensino público. Era a 
própria monarquia que pagava o professor. Foram criadas poucas escolas, mas temos nessa época o 
nascimento dessa semente”, explica Rosa Fátima. 
Curiosamente, as aulas régias eram realizadas nas casas dos próprios professores. Essa 
pulverização dos locais de ensino foi uma das principais dificuldades enfrentadas pelo governo 
português, que, além de não conseguir dar conta da formação de professores - uma carência 
histórica no país -, deixou vários jovens sem acesso às aulas. Não havia, também, uma 
sistematização da idade escolar. Eram atendidas crianças a partir dos sete anos, mas não existia um 
limite estabelecido para o tempo de estudo. Ainda há muito o que se pesquisar sobre este período, 
mas o que se tem de documentação histórica mostra que o alcance do ensino após as reformas 
pombalinas foi menor do que as práticas estruturadas pela Companhia de Jesus, cujo trabalho se 
espalhou por quase todo o país. 
Educação Vira Lei 
Um dos momentos mais importantes da história da educação no Brasil ocorre com a chegada da 
família real ao Brasil, em 1808, fugida da Europa por conta da invasão napoleônica a Portugal. Em 
um dos navios vindos da Europa, desembarcaram no Rio de Janeiro cerca de 60 mil livros que, mais 
tarde, dariam origem à Biblioteca Nacional, na própria capital carioca. A presença da coroa 
portuguesa impulsionou alguns investimentos na área da educação, aportes que culminaram na 
criação das primeiras escolas de ensino superior. Estes locais tinham como foco, exclusivamente, 
preparar academicamente os filhos da nobreza portuguesa e da aristocracia brasileira. 
 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
3 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
Material didático de Português, utilizado em 1915 
De acordo com a historiadora Maria de Lourdes de Fávaro, esses locais tiveram duas características 
marcantes: o ensino profissionalizante e a preparação para o trabalho no serviço público - ou seja, 
para exercer diferentes funções na corte portuguesa. Na Bahia, os primeiros cursos criados foram 
nas áreas de Medicina e Economia. Em 1818, em Salvador, também foi criado o curso de Desenho 
Industrial. No Rio de Janeiro, além do curso de Medicina, foram abertos locais onde eram ensinadas 
práticas de agricultura e química. Inicialmente, apenas nesses dois estados as escolas de ensino 
superiorforam instaladas. 
Apesar de o país ter se tornado independente em 1822, a educação, durante o período Imperial, não 
contabilizou muitos avanços práticos. A gratuidade do ensino, estabelecida por determinação da corte 
portuguesa, não representou, de fato, investimentos em construção de escolas com espaços físicos 
adequados, muito menos contratação de professores bem formados e uso de métodos e materiais 
didáticos aprofundados. A falta de prioridade do investimento em educação prejudicou de forma mais 
significativa as classes populares do país. Os filhos das famílias mais ricas, por outro lado, tinham 
acesso facilitado ao colégio, e poderiam cursar universidades em Portugal. 
Em 1827, foi sancionada a primeira lei brasileira que tratava exclusivamente da educação. O texto, 
em seu artigo 1º, afirmava que “Em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos, haverão as 
escolas de primeiras letras que forem necessárias”. A nova regra também foi um marco para as 
garotas, que passaram a se misturar aos meninos nas escolas de letras do Estado. Não havia, ainda, 
uma duração de tempo definida para o ensino primário, mas a lei foi o início de uma nova forma de 
organizar o ensino brasileiro. 
No artigo 6º, a lei versava sobre as matérias que os professores deveriam ensinar em sala de aula. 
Constava do texto da lei o ensino da leitura, da escrita e da matemática, além princípios de moral 
cristã da religião católica e da história do Brasil. No mesmo texto, estranhamente, havia a previsão de 
que os professores considerados pouco qualificados para lecionar deveriam complementar a sua 
formação de forma individual - o Estado não bancaria a capacitação do docente. Neste ponto, o 
governo se isentou de investir e direcionar a capacitação dos profissionais de ensino - sendo que 
ainda predominavam os professores régios no país, decorrentes da reforma pombalina do século 18. 
Só depois de alguns anos que a preocupação com a formação do professor voltou a se tornar uma 
prioridade. Os concursos para contratação de professores públicos avaliavam, como critério mais 
importante do que a formação formal, o nível de conhecimento sobre os assuntos de sala de aula. Em 
1834, o governo monárquico inaugurou a primeira escola de formação de professores, a Escola 
Normal de Niterói. Durante os primeiros 50 anos de funcionamento, as escolas normais eram 
frequentadas quase que exclusivamente por homens. 
Durante o período regencial, ocorreu uma reforma na Constituição que dura até hoje. No chamado 
Ato Adicional, instituído pelo governo, foi definido que o ensino elementar, o secundário e a formação 
de professores seriam de responsabilidade das províncias, e o ensino superior ficaria sob o guarda-
chuva do poder central. Com isso, foi fortalecida a descentralização do ensino, com consequências 
negativas para a organização da educação no país. 
Efervescência de Pensamento 
Após a proclamação da República, algumas reformas pontuais foram realizadas. A primeira delas foi 
do ministro da Instrução, Benjamin Constant, realizada em 1890, com foco no ensino superior. As 
escolas de base, no entanto, não entraram nas prioridades dos primeiros governos republicanos. 
Uma das heranças do período imperial brasileiro na Constituição Republicana de 1891 foi a 
manutenção da dualidade do sistema escolar: boas e poucas escolas para as elites e escolas de 
qualidade duvidosa para os demais. Basicamente, as escolas mantidas pelo governo federal eram 
destinadas aos mais ricos. Sobravam para as camadas mais pobres os colégios do sistema estadual, 
que, mesmo com um investimento maior após a lei republicana, eram locais com estrutura carente e 
composto por professores de baixa qualificação. 
A tentativa de mudar essa realidade teve maior impulso a partir da década de 1920. O movimento da 
Escola Nova ganhou força no ambiente educacional, que sofreu reformas estaduais inspiradas nas 
ideais escolanovistas. Nomes como o do educador Anísio Teixeira despontaram como lideranças do 
movimento. A Escola Nova, no Brasil, ficou marcada pela tentativa de tornar a educação mais 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
4 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
inclusiva e adotar um modelo mais moderno de ensino, voltado para uma educação prática da vida, 
tendo como base as ideias do filósofo americano John Dewey. 
O modelo de escolas parque, por exemplo, implantado na Bahia e no Distrito Federal, embora tenha 
fracassado, foi um produto das ideias da Escola Nova. “Alguns estados conseguem se desenvolver 
mais, como Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, mas em toda parte vemos 
esse esforço”, diz Rosa Fátima. Neste período, mesmo que com caráter privado, inicia-se uma 
preocupação com a educação infantil. 
Ainda na década de 1920, é fundada a Associação Brasileira de Educação (ABE), criada por Heitor 
Lira. A entidade tinha a função era promover os primeiros grandes debates sobre a educação em 
nosso país. Apesar dos esforços para tentar avançar na implantação de um sistema educacional 
consistente, o analfabetismo entre jovens e adultos, um problema de âmbito nacional, continua 
assolando a sociedade. De acordo com o IBGE, a taxa de analfalbetismo na década de 1920, para 
pessoas a partir dos 15 anos, era de 65%. O percentual só foi baixar da metade da população na 
década de 1940, quando caiu para 40%, o que representava cerca de 15 milhões de pessoas. 
Escolas Profissionalizantes e a LDB 
Com o golpe de 1930, alguns nomes de projeção na educação da década anterior ocuparam 
posições de destaque no cenário educacional. É no governo ditatorial de Getúlio Vargas que, apesar 
do controle ideológico que havia nas salas de aula, inicia-se um movimento em direção à criação de 
um sistema organizado de ensino. Uma das primeiras iniciativas do governo foi a criação do 
Ministério da Educação - ocupado primeiramente por Francisco Campos - e das secretarias estaduais 
de Educação. 
A Constituição de 1934 foi a primeira a incluir em seu texto um capítulo inteiro sobre a educação. 
Fruto da forte centralização nacional que marcou o período varguista, o sistema educacional seguia 
as orientações e determinações do governo federal. A autonomia dos Estados era bastante limitada e 
regulada. Em 1942, foi regulamentado o ensino industrial. No mesmo ano, surgem as escolas do 
SENAI, direcionadas, especialmente, às camadas mais pobres da população. 
Mas foi só após o governo varguista que a educação apareceu na Constituição como “um direito de 
todos”. No fim da década de 1940, as escolas secundárias têm forte expansão e, aos poucos, vão 
perdendo seu caráter elitista, embora o acesso ainda não fosse de todos. Segundo dados do Serviço 
de Estatística do Ministério da Educação e Cultura, em 1940, eram 155 mil frequentadores dessa 
etapa escolar. Dez anos depois, o número sobre para 365 mil. No ensino profissionalizante, também, 
a quantidade de alunos mais que dobra. É nesta época, inclusive, que as ideia do pedagogo 
pernambucano Paulo Freire ganham repercussão nacional, em especial seus métodos de 
alfabetização e de educação da população carente. 
 
Capa de livro de História usado pelo Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, em 1945 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
5 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
Em 1961, é promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Histórico, o 
documento institui um núcleo de disciplinas comuns a todos os ramos. Mas é na segunda versão da 
LDB, porém, que se torna possível enxergar um sistema de ensino mais parecido com o atual. “Outra 
questão é que, neste período, cresce a participação das mulheres no ensino público; a divisão entre 
os sexos fica quase metade a metade”, compara a professora. Neste documento, de 1971, fica 
obrigatória a conclusão do primário, fixado em oito anos, e passam a ser utilizados os termos 1º grau 
e 2º grau - nesta segunda fase escolar, procura-se imprimir um caráter mais técnico, por preferência 
dos militares que comandavam o país. Essa ideiaprevalece até 1982. 
Essa estrutura permanece até LDB de 1996, quando entra em vigor a denominação de Ensino 
Fundamental e Ensino Médio. A mudança ocorrida naquele ano incluiu ambos os períodos como 
etapas da educação básica, e integrou, oficialmente, a educação infantil, que ganhou mais relevância 
no cenário nacional. 
Apesar da construção educacional brasileira ter uma trajetória de quase 500 anos, o país ainda 
enfrenta gargalos na área. E o analfabetismo é um deles. O Plano Nacional de Educação (PNE), por 
exemplo, estabelece que o problema deve ser erradicado até 2025. Números do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE), porém, são desanimadores. Em 2017, foram computados 12 milhões 
de analfabetos, o que representa 7,2% da população adulta - o mesmo PNE, inclusive, estabeleceu 
uma meta de 6,5% até 2015. 
Embora o Ensino Fundamental esteja praticamente universalizado no Brasil, o acesso à educação 
para crianças entre 4 e 5, que se tornou obrigatório, é de 90%. O dado é ainda pior nas faixas entre 
15 e 17 anos, cuja taxa de escolarização é de 87,2%. “A valorização do magistério e as condições de 
estrutura das escolas são exemplos de coisas que avançamos pouco. Temos escolas ótimas, mas 
em várias regiões do país há uma precariedade absurda. A valorização do professor é um problema 
secular no Brasil, o que faz da qualidade do ensino, desde a educação infantil, nosso maior gargalo”, 
pondera Rosa Fátima. 
História da Educação no Brasil 
A história da educação no Brasil começou com a colonização e a vinda dos portugueses para o 
país. O processo educacional do Brasil teve início com a Companhia de Jesus, que ensinava os 
índios. 
 
Na exploração inicial do território brasileiro, os padres focavam esforços na educação dos 
indígenas por meio da catequese. O objetivo dos missionários jesuítas era difundir o catolicism o 
entre os nativos. O padre Manuel da Nóbrega foi uma das figuras mais importantes nessa missão 
cristã. 
 
Apenas em 1759, o Brasil passou a ter um ensino laico e público. A educação foi estabelecida 
pelas Cartas Régias, em 1772, data da criação oficial do ensino público no Brasil. 
 
Durante quase 300 anos, a educação no Brasil foi um privilégio das classes mais 
favorecidas. Os negros ficavam marginalizados, enquanto os brancos de famílias tradicionais 
viajavam para estudar na Europa. 
 
A implantação de um sistema educacional no país foi um processo lento. D. João VI foi quem abriu 
no Brasil as primeiras faculdades, como as Academias Militares e as Escolas de Direito e Medicina. 
Ele também implantou a Biblioteca Real, o Jardim Botânico e a Imprensa Régia. 
 
Depois da Proclamação da República, a educação brasileira continuou estagnada. A evolução e 
consolidação de um modelo educacional só aconteceu a partir do século XIX. Durante muito tempo, 
o Brasil foi um país massivamente analfabeto e de ensino precário. 
 
Em 1826, um decreto criou 4 graus de instrução no Brasil: Pedagogias, Liceus, Ginásios e 
Academias. Só depois de 1930, o Brasil passou a ter grandes educadores, como Anísio Teixeira e 
Almeida Júnior. Ainda em 1930 foi criado o Ministério da Educação. 
 
Em 1934 nasceu a Universidade de São Paulo (USP), considerada até hoje a melhor universidade 
do Brasil. Em 1962, o país criou seu Plano Nacional de Educação. 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
6 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
A partir de 1964, a educação viveu um momento de tensão com a Ditadura Militar e a perseguição 
de muitos professores e estudiosos. Entre 1986 e 2006, a educação brasileira avançou bastante, e 
contou com a criação do Enem – Exame Nacional do Ensino Médio. 
 
Atualmente, o nível da educação vem melhorando em todas as etapas do aprendizado, seja na pré -
escola, no Ensino Primário, Ensino Fundamental, Ensino Médio e no Nível Superior. As políticas 
públicas vêm ampliando o acesso à educação e reduzindo consideravelmente as taxas de 
analfabetismo e evasão escolar. 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
A História da Educação Brasileira não é uma História difícil de ser estudada e compreendida. Ela 
evolui em rupturas marcantes e fáceis de serem observadas. 
A primeira grande ruptura travou-se com a chegada mesmo dos portugueses ao território do Novo 
Mundo. Não podemos deixar de reconhecer que os portugueses trouxeram um padrão de educação 
próprio da Europa, o que não quer dizer que as populações que por aqui viviam já não possuíam 
características próprias de se fazer educação. E convém ressaltar que a educação que se praticava 
entre as populações indígenas não tinha as marcas repressivas do modelo educacional europeu. 
Num programa de entrevista na televisão o indigenísta Orlando Villas Boas contou um fato observado 
por ele numa aldeia Xavante que retrata bem a característica educacional entre os índios: Orlando 
observava uma mulher que fazia alguns potes de barro. Assim que a mulher terminava um pote seu 
filho, que estava ao lado dela, pegava o pote pronto e o jogava ao chão quebrando. Imediatamente 
ela iniciava outro e, novamente, assim que estava pronto, seu filho repetia o mesmo ato e o jogava no 
chão. Esta cena se repetiu por sete potes até que Orlando não se conteve e se aproximou da mulher 
Xavante e perguntou por que ela deixava o menino quebrar o trabalho que ela havia acabado de 
terminar. No que a mulher índia respondeu: "- Porque ele quer." 
Podemos também obter algumas noções de como era feita a educação entre os índios na série 
Xingu, produzida pela extinta Rede Manchete de Televisão. Neste seriado podemos ver crianças 
indígenas subindo nas estruturas de madeira das construções das ocas, numa altura 
inconcebivelmente alta. 
Quando os jesuítas chegaram por aqui eles não trouxeram somente a moral, os costumes e a 
religiosidade européia; trouxeram também os métodos pedagógicos. 
Este método funcionou absoluto durante 210 anos, de 1549 a 1759, quando uma nova ruptura marca 
a História da Educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas por Marquês de Pombal. Se existia alguma 
coisa muito bem estruturada em termos de educação o que se viu a seguir foi o mais absoluto caos. 
Tentou-se as aulas régias, o subsídio literário, mas o caos continuou até que a Família Real, fugindo 
de Napoleão na Europa, resolve transferir o Reino para o Novo Mundo. 
Na verdade, não se conseguiu implantar um sistema educacional nas terras brasileiras, mas a vinda 
da Família Real permitiu uma nova ruptura com a situação anterior. Para preparar terreno para sua 
estadia no Brasil D. João VI abriu Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca 
Real, o Jardim Botânico e, sua iniciativa mais marcante em termos de mudança, a Imprensa Régia. 
Segundo alguns autores o Brasil foi finalmente "descoberto" e a nossa História passou a ter uma 
complexidade maior. 
A educação, no entanto, continuou a ter uma importância secundária. Basta ver que enquanto nas 
colônias espanholas já existiam muitas universidades, sendo que em 1538 já existia a Universidade 
de São Domingos e em 1551 a do México e a de Lima, a nossa primeira Universidade só surgiu em 
1934, em São Paulo. 
Por todo o Império, incluindo D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II, pouco se fez pela educação 
brasileira e muitos reclamavam de sua qualidade ruim. Com a Proclamação da República tentou-se 
várias reformas que pudessem dar uma nova guinada, mas se observarmos bem, a educação 
brasileira não sofreu um processo de evolução que pudesse ser considerado marcante ou 
significativo em termos de modelo. 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
7 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
Até os dias de hoje muito tem se mexido no planejamento educacional, mas a educação continua a 
ter as mesmas características impostas em todos os países do mundo, que é a de manter o "status 
quo" para aqueles que freqüentam os bancos escolares. 
Concluindo podemos dizer que a Educação Brasileira tem um princípio, meio e fim bem demarcado e 
facilmente observável. Cada página representa um período da educação brasileiracuja divisão foi 
baseada nos períodos que podem ser considerados como os mais marcantes e os que sofreram as 
rupturas mais concretas na nossa educação. Está dividida em texto e cronologia, sendo que o texto 
refere-se ao mesmo período da Cronologia. A cronologia é baseada na Linha da Vida ou Faixa do 
Tempo montessoriana. Neste método é feita uma relação de fatos históricos em diferentes visões. No 
nosso caso realçamos fatos da História da Educação no Brasil, fatos da própria História do Brasil, que 
não dizem respeito direto à educação, fatos ocorridos na educação mundial e fatos ocorridos na 
História do Mundo como um todo. 
Estes períodos foram divididos a partir das concepções do autor em termos de importância histórica. 
Se considerarmos a História como um processo em eterna evolução não podemos considerar este 
trabalho como terminado. 
Novas rupturas estão acontecendo no exato momento em que esse texto está sendo lido. A 
educação brasileira evolui em saltos desordenados, em diversas direções. 
A RECONSTRUÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL - AO POVO E AO GOVERNO 
 Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da 
educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar a primazia nos planos de 
reconstrução nacional. Pois, se a evolução orgânica do sistema cultural de um país depende de suas 
condições econômicas, é impossível desenvolver as forças econômicas ou de produção, sem o 
preparo intensivo das forças culturais e o desenvolvimento das aptidões à invenção e à iniciativa que 
são os fatores fundamentais do acréscimo de riqueza de uma sociedade. 
No entanto, se depois de 43 anos de regime republicano, se der um balanço ao estado atual da 
educação pública, no Brasil, se verificará que, dissociadas sempre as reformas econômicas e 
educacionais, que era indispensável entrelaçar e encadear, dirigindo-as no mesmo sentido, todos os 
nossos esforços, sem unidade de plano e sem espírito de continuidade, não lograram ainda criar um 
sistema de organização escolar, à altura das necessidades modernas e das necessidades do país. 
Tudo fragmentário e desarticulado. 
A situação atual, criada pela sucessão periódica de reformas parciais e freqüentemente arbitrárias, 
lançadas sem solidez econômica e sem uma visão global do problema, em todos os seus aspectos, 
nos deixa antes a impressão desoladora de construções isoladas, algumas já em ruína, outras 
abandonadas em seus alicerces, e as melhores, ainda não em termos de serem despojadas de seus 
andaimes... 
Onde se tem de procurar a causa principal desse estado antes de inorganização do que de 
desorganização do aparelho escolar, é na falta, em quase todos os planos e iniciativas, da 
determinação dos fins de educação (aspecto filosófico e social) e da aplicação (aspecto técnico) dos 
métodos científicos aos problemas de educação. Ou, em poucas palavras, na falta de espírito 
filosófico e científico, na resolução dos problemas da administração escolar. Esse empirismo 
grosseiro, que tem presidido ao estudo dos problemas pedagógicos, postos e discutidos numa 
atmosfera de horizontes estreitos, tem as suas origens na ausência total de uma cultura universitária 
e na formação meramente literária de nossa cultura. 
Nunca chegamos a possuir uma "cultura própria", nem mesmo uma "cultura geral" que nos 
convencesse da "existência de um problema sobre objetivos e fins da educação". Não se podia 
encontrar, por isto, unidade e continuidade de pensamento em planos de reformas, nos quais as 
instituições escolares, esparsas, não traziam, para atraí-las e orientá-las para uma direção, o pólo 
magnético de uma concepção da vida, nem se submetiam, na sua organização e no seu 
funcionamento, a medidas objetivas com que o tratamento científico dos problemas da administração 
escolar nos ajuda a descobrir, à luz dos fins estabelecidos, os processos mais eficazes para a 
realização da obra educacional. 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
8 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
Certo, um educador pode bem ser um filósofo e deve ter a sua filosofia de educação; mas, 
trabalhando cientificamente nesse terreno, ele deve estar tão interessado na determinação dos fins 
de educação, quanto também dos meios de realizá-los. O físico e o químico não terão necessidade 
de saber o que está e se passa além da janela do seu laboratório. Mas o educador, como o 
sociólogo, tem necessidade de uma cultura múltipla e bem diversa; as alturas e as profundidades da 
vida humana e da vida social não devem estender-se além do seu raio visual; ele deve ter o 
conhecimento dos homens e da sociedade em cada uma de suas fases, para perceber, além do 
aparente e do efêmero, "o jogo poderoso das grandes leis que dominam a evolução social", e a 
posição que tem a escola, e a função que representa, na diversidade e pluralidade das forças sociais 
que cooperam na obra da civilização. 
Se têm essa cultura geral, que lhe permite organizar uma doutrina de vida e ampliar o seu horizonte 
mental, poderá ver o problema educacional em conjunto, de um ponto de vista mais largo, para 
subordinar o problema pedagógico ou dos métodos ao problema filosófico ou dos fins da educação; 
se tem um espírito científico, empregará os métodos comuns a todo gênero de investigação científica, 
podendo recorrer a técnicas mais ou menos elaboradas e dominar a situação, realizando 
experiências e medindo os resultados de toda e qualquer modificação nos processos e nas técnicas, 
que se desenvolveram sob o impulso dos trabalhos científicos na administração dos serviços 
escolares. 
PERÍODO DO REGIME MILITAR (1964 - 1985) 
Alguma coisa acontecia na educação brasileira. Pensava-se em erradicar definitivamente o 
analfabetismo através de um programa nacional, levando-se em conta as diferenças sociais, 
econômicas e culturais de cada região. 
A criação da Universidade de Brasília, em 1961, permitiu vislumbrar uma nova proposta universitária, 
com o planejamento, inclusive, do fim do exame vestibular, valendo, para o ingresso na Universidade, 
o rendimento do aluno durante o curso de 2o grau. (ex-Colegial e atual Ensino Médio). 
O período anterior, de 1946 ao princípio do ano de 1964, talvez tenha sido o mais fértil da história da 
educação brasileira. Neste período atuaram educadores que deixaram seus nomes na história da 
educação por suas realizações. Neste período atuaram educadores do porte de Anísio Teixeira, 
Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Carneiro Leão, Armando Hildebrand, Pachoal Leme, Paulo 
Freire, Lauro de Oliveira Lima, Durmeval Trigueiro, entre outros. 
Depois do golpe militar de 1964 muito educadores passaram a ser perseguidos em função de 
posicionamentos ideológicos. Muito foram calados para sempre, alguns outros se exilaram, outros se 
recolheram a vida privada e outros, demitidos, trocaram de função. 
 O Regime Militar espelhou na educação o caráter anti-democrático de sua proposta ideológica de 
governo: professores foram presos e demitidos; universidades foram invadidas; estudantes foram 
presos, feridos, nos confronto com a polícia, e alguns foram mortos; os estudantes foram calados e a 
União Nacional dos Estudantes proibida de funcionar; o Decreto-Lei 477 calou a boca de alunos e 
professores; o Ministro da Justiça declarou que "estudantes tem que estudar" e "não podem fazer 
baderna". Esta era a prática do Regime. 
Neste período deu-se a grande expansão das universidades no Brasil. E, para acabar com os 
"excedentes" (aqueles que tiravam notas suficientes para serem aprovados, mas não conseguiam 
vaga para estudar), foi criado o vestibular classificatório. 
Para erradicar o analfabetismo foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização - MOBRAL. 
Aproveitando-se, em sua didática, no expurgado Método Paulo Freire, o MOBRAL propunha erradicar 
o analfabetismo no Brasil... não conseguiu. E entre denúncias de corrupção... foi extinto. 
É no período mais cruel da ditadura militar, onde qualquer expressão popular contrária aos interessesdo governo era abafada, muitas vezes pela violência física, que é instituída a Lei 5.692, a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1971. A característica mais marcante desta Lei era 
tentar dar a formação educacional um cunho profissionalizante. Dentro do espírito dos "slogans" 
propostos pelo governo, como "Brasil grande", "ame-o ou deixe-o", "milagre econômico", etc., 
planejava-se fazer com que a educação contribuísse, de forma decisiva, para o aumento da produção 
brasileira. 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
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A ditadura militar se desfez por si só. Tamanha era a pressão popular, de vários setores da 
sociedade, que o processo de abertura política tornou-se inevitável. Mesmo assim, os militares 
deixaram o governo através de uma eleição indireta, mesmo que concorressem somente dois civis 
(Paulo Maluf e Tancredo Neves). 
MOVIMENTO BRASILEIRO DE ALFABETIZAÇÃO 
MOBRAL 
O Movimento Brasileiro de Alfabetização - o MOBRAL surgiu como um prosseguimento das 
campanhas de alfabetização de adultos iniciadas com Lourenço Filho. Só que com um cunho 
ideológico totalmente diferenciado do que vinha sendo feito até então. Apesar dos textos oficiais 
negarem, sabemos que a primordial preocupação do MOBRAL era tão somente fazer com que os 
seus alunos aprendessem a ler e a escrever, sem uma preocupação maior com a formação do 
homem. 
 Foi criado pela Lei número 5.379, de 15 de dezembro de 1967, propondo a alfabetização funcional 
de jovens e adultos, visando "conduzir a pessoa humana (sic) a adquirir técnicas de leitura, 
escrita e cálculo como meio de integrá-la a sua comunidade, permitindo melhores condições 
de vida" Apesar da ênfase na pessoa, ressaltando-a, numa redundância, como humana (como se a 
pessoa pudesse não ser humana!), vemos que o objetivo do MOBRAL relaciona a ascensão escolar 
a uma condição melhor de vida, deixando à margem a análise das contradições sociais inerentes ao 
sistema capitalista. Ou seja, basta aprender a ler, escrever e contar e estará apto a melhorar de vida. 
Estrutura 
 A estrutura do MOBRAL era uma árvore de siglas, propiciando o empreguismo característico das 
repartições públicas. A estrutura administrativa propunha-se a ser descentralizada e subdividida em 
quatro níveis: a secretaria executiva (SEXEC), as coordenações regionais (COREG), as 
coordenações estaduais (COEST) e as comissões municipais (COMUN). A estrutura organizacional 
dividia-se em gerências pedagógicas (GEPED), mobilização comunitária (GEMOB), financeira 
(GERAF), atividades de apoio (GERAP) e em assessoria de organização e métodos (ASSOM) e 
assessoria de supervisão e planejamento (ASSUP). Essa estrutura foi alterada por três vezes entre 
os anos de 1970 e 1978, sempre criando mais cargos. 
 Em 1973, só no MOBRAL central estavam alocados 61 técnicos de formação acadêmica (Quadro 3). 
Neste corpo consta inclusive cinco técnicos de formação militar "para uma salutar visão 
multidisciplinar do problema" (CORRÊA, 1979, p. 126). 
 O MOBRAL foi se modificando aos poucos e cada vez mais buscando novas saídas para garantir 
sua continuidade. Assim, depois do começo com a campanha de alfabetização de adultos, descobriu 
que a Lei de sua implantação referia-se a "educação continuada de adolescentes e adultos " (grifo 
meu) e criou o Plano de Educação Continuada para Adolescentes e Adultos. E daí o Programa de 
Educação Integrada, o Programa Cultural e o Programa de Profissionalização. Vindo depois o 
Programa de Diversificação Comunitária, o Programa de Educação Comunitária para a Saúde e o 
Programa de Esporte. E na área da educação geral é lançado o Programa de Autodidatismo. 
O corpo técnico do MOBRAL fez de tudo para que a instituição permanecesse na sua dinâmica da 
coisa nenhuma. E fez tanto, que em 1975, teve que enfrentar uma Comissão Parlamentar de 
Inquérito - CPI, instaurada pelo Senado Federal, após discursos dos Senadores João Calmon, Luiz 
Viana, Jarbas Passarinho e Eurico Rezende, em função da denúncia de atendimento a crianças de 
nove a quatorze anos. Na época dizíamos que era o "MOBRALZINHO". 
Metodologia do MOBRAL 
Programa de Alfabetização Funcional 
O Programa de Alfabetização Funcional apresentava seis objetivos: 
1. desenvolver nos alunos as habilidades de leitura, escrita e contagem; 
2. desenvolver um vocabulário que permita o enriquecimento de seus alunos; 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
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3. desenvolver o raciocínio, visando facilitar a resolução de seus problemas e os de sua comunidade; 
4. formar hábitos e atitudes positivas, em relação ao trabalho; 
5. desenvolver a criatividade, a fim de melhorar as condições de vida, aproveitando os recursos 
disponíveis; 
6. levar os alunos: 
- a conhecerem seus direitos e deveres e as melhores formas de participação comunitária; 
 - a se empenharem na conservação da saúde e melhoria das condições de higiene pessoal, familiar 
e da comunidade; 
 - a se certificarem da responsabilidade de cada um, na manutenção e melhoria dos serviços públicos 
de sua comunidade e na conservação dos bens e instituições; 
 - a participarem do desenvolvimento da comunidade, tendo em vista o bem-estar das pessoas 
(CORRÊA, 1979, p. 152). 
 Como podemos notar a preocupação implícita nos objetivos específicos é a de fazer constante 
relação do indivíduo com o seu meio próximo, numa tentativa de repasse de responsabilidades e 
enquadramento do indivíduo numa verdade que não faz parte de seus interesses imediatos. Não há 
referências quanto a melhorias salariais e melhores condições de trabalho, mas refere-se a "formar 
hábitos e atitudes positivas, em relação ao trabalho"; não há referências aos direitos e deveres do 
estado para com o cidadão, mas diz que os alunos devem "conhecer seus direitos e deveres e as 
melhores formas de participação comunitária"; não fala dos objetivos e das obrigações dos serviços 
públicos, mas fala da "responsabilidade de cada um (...) na conservação das (...) instituições" e não 
faz a menor referência quanto a responsabilidade do estado no que diz respeito ao atendimento de 
saúde e das condições de higiene básicas das comunidades, mas diz que o cidadão deve se 
"empenhar na conservação da saúde e melhoria das condições de higiene pessoal, familiar e da 
comunidade". A característica básica da educação oferecida era uma espécie de "culto de obediência 
às leis" (FREITAG, 1986, p. 90). 
 Os técnicos do MOBRAL afirmavam que o método empregado era fundamentado no aproveitamento 
das experiências significativas da clientela. E, assim como no método de Paulo Freire (expurgado 
pela mesma ditadura que implantou o MOBRAL), faz uso de palavras geradoras (Quadro 2). Sugeria 
o Programa de Alfabetização Funcional obedecer uma série de procedimentos para o processo de 
alfabetização: 
1. apresentação e exploração do cartaz gerador; 
2. estudo da palavra geradora, depreendida do cartaz; 
3. decomposição silábica da palavra geradora; 
4. estudo das famílias silábicas, com base nas palavras geradoras; 
5. formação e estudos de palavras novas; 
6. formação e estudos de frases e textos (CORRÊA, 1979, p. 153). 
Programa de Educação Integrada 
 Este Programa foi implantado em 1971, tendo seu período de expansão entre os anos de 1972 e 
1976 e, segundo os técnicos do MOBRAL, revitalizou-se em 1977. 
Foi criado para dar continuidade ao Programa de Alfabetização Funcional, imbuídos do sentimento 
de educação permanente. Ou seja, o aluno considerado alfabetizado recebia uma espécie de 
promoção passando para uma fase onde teria continuidade e progressividade das condições 
educativas. 
Para este Programa foram criados os seguintes objetivos gerais: 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
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1 - propiciar o desenvolvimento da autoconfiança, da valorização da individualidade, da liberdade, do 
respeito ao próximo, da solidariedade e da responsabilidade individual e social; 
 2 - possibilitar aconscientização dos direitos e deveres em relação à família, ao trabalho e a 
comunidade; 
 3 - possibilitar a ampliação da comunicação social, através do aprimoramento da linguagem oral e 
escrita; 
 4 - desenvolver a capacidade de transferência de aprendizagem, aplicando os conhecimentos 
adquiridos em situações de vida prática; 
 5 - propiciar o conhecimento, utilização e transformação da natureza pelo homem, como fator de 
desenvolvimento pessoal e da comunidade; 
 6 - estimular as formas de expressão criativa; 
 7 - propiciar condições de integração na realidade sócio-econômica do país (CORRÊA, 1979, p. 177-
178). 
 E para complementar instituiu os seguintes objetivos específicos: 
1 - proporcionar conhecimentos básicos relativos aos conteúdos das diferentes áreas, 
correspondente ao núcleo comum das quatro primeiras séries do ensino do primeiro grau, 
observando as características de funcionalidade e aceleração e, 
 2 - fornecer informações para o trabalho, visando o desempenho em ocupações que requeiram 
conhecimentos a nível das quatro primeiras séries do primeiro grau, proporcionando condições de 
maior produtividade, aos já integrados na força de trabalho, e permitindo o acesso a níveis 
ocupacionais da maior complexidade (CORRÊA, 1979, p. 178). 
 Para se atingir estes objetivos foi criado um material didático constituído de livro de texto, livro 
glossário, livros de exercício de matemática, livro do professor e conjunto de cartazes. Este material 
foi modificado em 1977 e passou a ser chamado de Conjunto Didático Básico. 
 A metodologia deste programa não se diferenciava substancialmente da empregada no Programa 
de Alfabetização Funcional. Note-se apenas que sai do aspecto puro e simples da alfabetização e 
propõe atividades relacionadas as quatro primeiras séries do primeiro grau, começando a assumir 
aspectos de um grande sistema paralelo de educação. 
 Um outro aspecto que deve ser notado é a preocupação com a formação de mão-de-obra e 
colocação no mercado de trabalho. O que, aliás, mais tarde passaram a ser adotados como 
Programas do MOBRAL, como será visto adiante. 
 Programa MOBRAL Cultural 
 Este Programa foi lançado em 1973 e, segundo seus técnicos, como complementação da ação 
pedagógica. Seu objetivo era o de: "concorrer de maneira informal e dinâmica para difundir a cultura 
do povo brasileiro e para a ampliação do universo cultural do mobralense e da comunidade a que ele 
pertence" (CORRÊA, 1979, p. 243). 
Como o Programa Cultural também tinha o interesse de reforçar sua ação nos aspectos de 
alfabetização, levava em conta que deveria: 
a. contribuir para atenuar ou impedir a regressão do analfabetismo; 
b. reduzir a deserção dos alunos de Alfabetização funcional; 
c. diminuir o número de reprovações; 
d. agir como fator de mobilização; incentivar o espírito associativo e comunitário e, 
e. divulgar a filosofia do MOBRAL em atividades dirigidas ao lazer e das quais participaria o 
mobralense, em especial, e a comunidade em geral (CORRÊA, 1979, p. 243). 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
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 Mais uma vez a atividade era imposta pelos planejadores, onde as atividades culturais eram 
oferecidas aos mobralenses como forma de sensibilização para o trabalho exercido. 
 Até mesmo os princípios que norteavam a ação para "despertar a consciência crítica do mundo 
histórico-cultural", baseavam-se em teorias discutíveis quanto a democratização, se bem que 
afirmavam o contrário, já que pretendiam: 
a. democratização da cultura 
b. dinamização da criatividade e intercâmbio cultural; 
c. valorização do homem e da cultura local e, 
d. preservação da cultura (CORRÊA, 1979, p. 244). 
 Sabemos que cultura é algo dinâmico colocada sempre em confrontação com outras culturas. A 
proposta do MOBRAL era justamente de preservar valores culturais apesar de fazer referências a 
democratização da cultura. 
Programa de Profissionalização 
Este Programa surgiu no ano de 1973 e buscou convênios com entidades como o Programa Intensivo 
de Preparação de Mão-de-Obra - PIPMO. 
 Algumas empresas também colaboraram com o MOBRAL, sendo que as Casas Sendas, uma rede 
de supermercados do Estado do Rio de Janeiro, colaborou com o treinamento de empregadas 
domésticas. Lógico que para atender a burguesia residente na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. 
 No ano de 1976 um outro acordo com a Massey-Ferguson, fabricante de tratores, permitiu o 
treinamento de 40.000 tratoristas em um ano. Esta foi a fase onde a palavra de ordem da ditadura 
militar, já em fase de pleno desgaste, era "plante que o João garante". João Batista de Figueiredo foi 
o último dos militares no poder. 
A metodologia empregada, também chamada de Treinamento por Famílias Ocupacionais, era assim 
definida: 
1. atendimento em larga escala - a metodologia deveria permitir, por meio de pequenas adaptações, 
sua aplicação em todo o país, permitindo, assim, uma certa economia de escala; 
2. atendimento a nível de semiqualificação - dentro do princípio de que às entidades de treinamento 
caberia o papel de formar homens 'treináveis' e às empresas, a sua especialização; 
3. mobilidade no mercado de trabalho - deveriam ser dados conteúdos comuns relativos a várias 
ocupações agrupadas por semelhança de tarefas e/ou operações, material/ferramental utilizado ou 
mesma base teórica de conhecimentos. Assim, tendo conhecimentos relativos a um grupo de 
ocupações - Família Ocupacional - o aluno poderia mais facilmente acompanhar as mudanças e 
transformações do mercado de trabalho; 
4. adequação à realidade da clientela mobralense - dentro desse princípio, os cursos deveriam ser 
rápidos, com baixa exigência de escolaridade e em horários compatíveis com as necessidades de 
uma clientela adulta (CORRÊA, 1979, p. 301-302). 
 Observa-se ainda a preocupação para a formação de mão-de-obra, prevendo inclusive o treinamento 
já na própria empresa, onde o MOBRAL teria a incumbência de preparar o indivíduo para ser 
treinado numa atividade específica. 
Programa de Educação Comunitária para a Saúde 
 Este Programa pretendia extrapolar o nível de atendimento ao aluno, atingindo também sua 
comunidade no que diz respeito à saúde. Previa-se a participação da comunidade nesta questão e 
para isso foi feita uma espécie de cartilha, chamada de Documento sobre o Conteúdo Básico de 
Educação Sanitária para o MOBRAL, que contou com a colaboração da Divisão Nacional de 
Educação Sanitária do Ministério da Saúde. 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
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O Programa tinha o seguinte objetivo geral: 
Propiciar a melhoria das condições de saúde das populações residentes na área de atuação do 
Programa, principalmente as mais carenciadas, através de trabalho de natureza educacional. 
 E os seguintes objetivos específicos: 
1. motivar e possibilitar mudanças de atitudes em relação à saúde; 
2. estimular e orientar a comunidade para o desenvolvimento de ações que visem a melhoria das 
condições higiênicas e alimentares e dos padrões de saúde, a partir das necessidades sentidas; 
 3. desenvolver uma infra-estrutura de recursos humanos, pertencentes às comunidades a serem 
atingidas pelo Programa, para atuação no campo da educação para a saúde; 
 4. integrar esforços aos de entidades que atuam na área de saúde e outras, a fim de maximizar 
recursos para uma efetiva melhoria das condições de saúde, saneamento e alimentação (CORRÊA, 
1979, p. 314). 
 Este programa assumia como estratégia uma ação típica de quem assume a incompetência dos 
serviços públicos no atendimento à população. Assim, propunha como exercício que a própria 
comunidade resolvesse seus problemas de saneamento básico, o que caberia a administração 
pública. 
 Eis o que determinava como estratégia: 
1. levantamento, na comunidade, dos seus principais problemas de saúde; 
2. discussão, com os participantes, destes problemas e procura de soluções simples e viáveis; 
3 transmissão deinformações simples sobre temas de saúde, visando um conhecimento de 
alternativas para solução de problemas levantados; 
4. motivação dos participantes para a realização de algumas experiências a nível individual e familiar 
que representem uma nova atitude, mais adequada, com relação à preservação da saúde; 
5. motivação dos participantes e seus familiares para que transmitam, para vizinhos e conhecidos, 
essas novas atitudes; 
6. motivação dos participantes para que se organizem em grupo para a execução de obras e 
campanhas sanitárias de caráter comunitário 
7. motivação da comunidade, entidades e autoridades locais para que integrem esforços na melhoria 
das condições de saúde e saneamento (CORRÊA, 1979, p. 317). 
Programa Diversificado de Ação Comunitária 
 Este Programa era subdividido em outros subprogramas: 
 1. Educação; 
 2. Saúde e saneamento; 
 3. Promoção profissional; 
 4. Nutrição; 
 5. Habitação; 
 6. Atividades de produção; 
 7. Conservação da natureza; 
 8. Esportes; 
 9. Pesquisa. 
O Programa era desenvolvido em três etapas: mobilização, organização de grupos e manutenção do 
trabalho. 
 Mobilizar a população consistia em chamar a "população para a participação em uma atividade onde 
a própria comunidade planeja o que irá executar, após levantar as prioridades em relação às suas 
necessidades e interesses" (CORRÊA, 1979, p. 340). 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
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A organização de grupos dizia respeito a formação de grupos que iriam trabalhar baseados no 
diagnóstico realizado e a manutenção do programa fazia com que, periodicamente, os grupos se 
reunissem "para discutir estratégias, dividir tarefas, responsabilidades, avaliar e, se necessário, fazer 
reformulações no plano" (CORRÊA, 1979, p. 342). 
O processo de implantação do Programa Diversificado de Ação Comunitária - PRODAC, obteve 
boa receptividade nas prefeituras do interior. Os técnicos que foram a campo percebiam que não 
havia muita receptividade nas capitais dos Estados ao contrário das prefeituras. Evidente que 
qualquer Projeto que seja implantado numa prefeitura de interior renderá frutos políticos para o 
ocupante do cargo de Prefeito. Mas os técnicos do MOBRAL preferem achar que os Prefeitos 
recebiam de bom grado o PRODAC como "meio de consulta permanente à vontade do povo" 
(CORRÊA, 1979, p. 345). 
Programa de Autodidatismo 
Como insinua seu próprio nome este Programa foi criado para propiciar aos indivíduos condições que 
os fizessem agentes de sua própria educação. Era dirigido a ex-alunos e a toda a comunidade. 
Os objetivos gerais deste Programa eram: 
1. proporcionar alternativa educacional, através de atendimento numa linha de autoditaxia, às 
camadas menos favorecidas da população; 
 2. ampliar a atuação do Posto Cultural, imprimindo-lhe características de uma agência de educação 
permanente, com programas voltados para um aperfeiçoamento constante da população (CORRÊA, 
1979, p. 358). 
 Enquanto seus objetivos específicos eram: 
1. possibilitar a aquisição/ampliação de conhecimentos, tomando-se como base o Programa de 
Educação Integrada e o reingresso no sistema regular de ensino; 
 2. colocar ao alcance da clientela materiais que despertem e favoreçam o desenvolvimento de 
mecanismos necessários a uma educação permanente, proporcionando ao alfabetizador, já atuante, 
aprimoramento profissional (CORRÊA, 1979, p. 358). 
Finalidade de Educar 
O MOBRAL assume a educação como investimento, qualificação de mão-de-obra para o 
desenvolvimento econômico. A atividade de pensar proposta é direcionada para motivar e preparar o 
indivíduo para o desenvolvimento, segundo o Modelo Brasileiro em vigor no período estudado de 
1970 a 1975. Sendo assim, não pode visar a reflexão radical da realidade existencial do alfabetizando 
porque é por em perigo seus objetivos. 
Método 
 O método do MOBRAL não parte do diálogo, pois concebe a educação como investimento, visando 
a formação de mão-de-obra com uma ação pedagógica pré-determinada. Isso faz impedir a 
horizontalidade elite e povo, colocando a discussão só nos melhores meios para atingir objetivos 
previamente estabelecidos pela equipe central. 
 O momento pedagógico proposto é autoritário, porque ele (MOBRAL) acredita que sabe o que é 
melhor para o povo, trazendo com isso a descrença, a falta de fé na historicidade do povo na sua 
possibilidade de construir um mundo junto com a elite. 
Técnicas de Preparação de Material de Alfabetização 
Codificações, palavras geradoras, cartazes com as famílias fonêmicas, quadros ou fichas de 
descoberta e material complementar está presente na sua pedagogia, o que vem a ser o modelo de 
Paulo Freire. 
 Mas na pedagogia de Paulo Freire há uma equipe de profissionais e elementos da comunidade que 
se vai alfabetizar, para preparação do material, obedecendo os seguintes passos: 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
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 a. levantar o pensamento-linguagem a partir da realidade concreta; 
 b. elaborar codificações específicas para cada comunidade, a fim de perceber aquela realidade e, 
 c. dessa realidade destaca-se e escolhe as palavras geradoras. 
 Todo material trabalhado é síntese das visões de mundo educadores/educando. 
 No MOBRAL não se executa essa primeira etapa. As codificações elaboradas são para todo o 
Brasil, tanto quanto as palavras geradoras. Trata-se fundamentalmente de ensinar a ler, escrever, 
contar e não a busca da síntese das visões de realidade elite/povo. 
 Aqui a visão de mundo apresentada é a da equipe central, uniforme para as várias regiões do país. 
Síntese 
 A metodologia de alfabetização do MOBRAL não se diferenciava sobremaneira do método proposto 
por Paulo Freire. Parece mesmo que os planejadores do MOBRAL copiaram uma série de 
procedimentos do educador nordestino perseguido pelo sistema imposto. A diferença estava, e muito 
nítida, na visão do homem. Paulo Freire idealizou a palavra geradora como marco inicial de seu 
processo de alfabetização e o MOBRAL também. 
 Só que existia uma pequena, sutil e marcante diferença: no método de Paulo Freire, a palavra 
geradora era subtraída do universo vivencial do alfabetizando, enquanto no MOBRAL esta palavra 
era imposta pelos tecnocratas a partir de "um estudo preliminar das necessidades humanas 
básicas". Em Paulo Freire a educação é conscientização. É reflexão rigorosa e conjunta sobre a 
realidade em que se vive, de onde surgirá o projeto de ação. A palavra geradora de Paulo Freire era 
pesquisada com os alunos. Assim, para o camponês, as palavras geradoras poderiam ser enxada, 
terra, colheita, etc.; para o operário poderia ser tijolo, cimento, obra, etc.; para o mecânico poderia ser 
outras e assim por diante. 
 Já no MOBRAL esta palavra era imposta a partir da definição dos tecnocratas de zona sul do Rio de 
Janeiro (Quadro 2). Assim, podemos afirmar que o método de Paulo Freire foi "refuncionalizado 
como prática, não de liberdade, mas de integração ao 'Modelo Brasileiro' ao nível das três 
instâncias: infra-estrutura, sociedade política e sociedade civil" (FREITAG, 1986, p. 93). 
 Mas não foi só de Paulo Freire que o MOBRAL tirou inspiração para criar seus programas. Também 
do extinto programa do MEB, quando conveniou-se com o Projeto Minerva, desenvolvido pelo 
Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação e Cultura. Conveniou-se inclusive com 
o próprio MEB, que passou a se servir das cartilhas do MOBRAL, já que as suas (do MEB) eram 
subversivas, para continuar realizando seu trabalho de alfabetização. 
Conclusão 
A própria descrição dos fatos já falaria por si mesmo. Mas o que fica de marcante é que, 
aproveitando-se do já dito por Pierre Furter, "a alfabetização e a educação de massa tanto podem 
ser fatores de libertação como de dominação" (FURTER, 1975, p. 59). Metodologicamente as 
diferenças entre o método proposto por Paulo Freire e pelo MOBRAL não tem diferenças 
substanciais. 
 A diferençaé marcada pelo referencial ideológico contido numa prática e noutra. Enquanto Paulo 
Freire propunha a "educação como prática da liberdade", o projeto pedagógico do MOBRAL 
propunha intrinsecamente o condicionamento do indivíduo ao status quo. 
 O projeto MOBRAL permite compreender bem esta fase ditatorial por que passou o país. A proposta 
de educação era toda baseada aos interesses políticos vigentes na época. Por ter de repassar o 
sentimento de bom comportamento para o povo e justificar os atos da ditadura, esta instituição 
estendeu seus braços a uma boa parte das populações carentes, através de seus diversos 
Programas. 
 Em 1978 o MOBRAL atendeu "quase 2 milhões de pessoas, atingindo um total de 2.251 
municípios em todo o país" (CORRÊA, 1979, p. 459). Todo esse esforço provavelmente era para 
cumprir o verdadeiro objetivo de seu Presidente que desejava "uma organização já estruturada e 
com significativa experiência a serviço da política social do governo e voltada para a efetiva 
promoção do homem brasileiro" (CORRÊA, 1979, p. 471). 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
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No ano de 1977 a sua receita foi de Cr$ 853.320.142,00 para atender a 342.877 mil pessoas, o que 
permite saber que o custo per capita foi de Cr$ 2.488,00. Os custos financeiros do MOBRAL eram 
muito altos. Para financiar esta superestrutura o MOBRAL recebia recursos da União, do Fundo 
Nacional de Desenvolvimento da Educação, 2% do Imposto de Renda e ainda um percentual da 
Loteria Esportiva. 
O MOBRAL pode ser considerado como uma instituição criada para dar suporte ao sistema de 
governo vigente. Como Aparelho Ideológico de Estado, como nos ensina Althusser, o MOBRAL teve 
uma atuação perfeita. Esteve onde deveria estar para conter qualquer ato de rebeldia de uma 
população que, mesmo no tempo do milagre econômico, vivia na mais absoluta miséria. 
 Mas a recessão econômica a partir dos anos 80 veio inviabilizar o MOBRAL que sugava da nação 
altos recursos para se manter ativa. Seus Programas foram incorporados pela Fundação Educar. 
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