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Ações sustentáveis para loteamento de habitação de interesse social no norte do Estado do RS

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Ações sustentáveis para loteamento de habitação de interesse social no 
norte do Estado do RS 
Marcele Salles Martins (1) Anicoli Romanini (2) Denize Fabiani (3) 
Guilherme Dal Maso (4) 
(1) Núcleo de Estudo e Pesquisa em Edificações Sustentáveis - NEPES, IMED, Brasil.E-mail: 
marcelemartins@imed.edu.br 
(2) Núcleo de Estudo e Pesquisa em Edificações Sustentáveis - NEPES, IMED,Brasil. E-mail: 
anicoli@imed.edu.br 
(3) Núcleo de Estudo e Pesquisa em Edificações Sustentáveis - NEPES, IMED,Brasil. E-mail: 
denizefabiani@yahoo.com.br 
(4) Núcleo de Estudo e Pesquisa em Edificações Sustentáveis - NEPES, IMED,Brasil. E-mail: 
gui_godm@hotmail.com 
 
Resumo: Um loteamento sustentável dispõe de infraestrutura capaz de suportar as crescentes 
necessidades de sua população, sejam elas econômicas, sociais, culturais ou políticas. Soma-se a esses 
fatores, atualmente, a preocupação com o meio ambiente, que também determina a saúde e a 
sustentabilidade de um bairro. O planejamento de um bairro sustentável pode levar a empreendimentos 
econômicos bem sucedidos para uma comunidade, enquanto gera ambiente de vida com qualidade para a 
população residente, além de minimizar ou amenizar os impactos negativos que são gerados, procurando 
preservar o meio ambiente. Dentro desta proposta, o objetivo deste trabalho é apresentar uma 
implantação de loteamento que está inserido na malha urbana do município de Passo Fundo, RS, 
denominado Loteamento Canaã, que receberá a ocupação de 210 habitações de interesse social. As 
propostas apresentadas estão consolidadas em uma pesquisa bibliográfica sobre os temas relacionados, 
bem como diretrizes projetuais adequadas ao tema proposto. O projeto do loteamento apresentado 
possibilita o acesso aos serviços básicos de fornecimento de água, esgoto e energia. Possui uma 
implantação integrada ao entorno e foi guiado pelo conceito de sustentabilidade procurando atender à 
necessidade de preservação do meio ambiente e garantindo qualidade de vida de seus moradores 
inserindo-os na sociedade. 
Palavras-chave: Implantação de Loteamento; Bairro Sustentável; Habitação de Interesse Social. 
Abstract: A sustainable housing development has infrastructure capable of supporting the growing needs 
of its population, be they economic, social, cultural or political. Added to these factors, today, concern 
with the environment, which also determines the health and sustainability of a neighborhood. The 
planning of a neighborhood can lead to sustainable economic enterprises to a successful community, 
while generating high quality living environment for residents, and minimize or mitigate the negative 
impacts that are generated, trying to preserve the environment. Within this proposal, the objective of this 
paper is to present an implementation of subdivision that is inserted into the urban fabric of the city of 
Passo Fundo, called Allotment Canaan, who receive the occupancy of 210 social housing. The proposals 
are consolidated on a literature search on related subjects, as well as the appropriate guidelines 
projetuais theme. The design of the subdivision presented provides access to basic water supply, sewage 
and energy. It features an integrated roll around and was guided by the concept of sustainability striving 
to meet the need of preserving the environment and ensuring quality of life of its residents by inserting 
them into society. 
Keywords: Implementation of Allotment; Sustainable Neighborhood; Social Housing. 
 
 
 
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1. INTRODUÇÃO 
O acelerado processo de urbanização tem como agravante os problemas urbanos associados à favelização 
e ao ímpeto da incorporação de novas áreas nas periferias, constituindo em importante desafio para o 
poder público. Essa situação se agrava pela insuficiência e inadequação dos instrumentos de planejamento 
e gestão do uso do solo, que não conseguem acompanhar as transformações da realidade urbana. 
O planejamento destes espaços pode levar a empreendimentos econômicos bem sucedidos para uma 
comunidade, enquanto gera ambiente de vida com qualidade para a população residente, inserindo-a na 
sociedade, além de minimizar ou amenizar os impactos negativos que são gerados, procurando preservar 
o meio ambiente. 
Um loteamento sustentável dispõe de infraestrutura capaz de suportar as crescentes necessidades de sua 
população, sejam elas econômicas, sociais, culturais ou políticas. Soma-se a esses fatores, atualmente, a 
preocupação com o meio ambiente, que também determina a saúde e a sustentabilidade de um bairro. 
De acordo com Wall e Waterman (2012), um bairro é o que define a dimensão física de uma comunidade. 
Compreende uma área com equipamentos urbanos e identidade própria. 
O bom desenho urbano permite mudanças graduais e flexibilidade de uso nas estruturas de um bairro, 
tornando-o saudável e sustentável, e permitindo mudanças. 
A sustentabilidade de um bairro deve contemplar a viabilidade econômica, garantindo a qualidade das 
tecnologias a serem empregadas, permitindo a realização da gestão dos recursos necessários para a 
manutenção e operação de suas atividades, garantindo sua qualidade de vida, conservando o meio 
ambiente e os recursos físicos e naturais. 
Com relação ao loteamento de habitação popular, a adequação do projeto deve ser flexível. A forma como 
as populações modificam seus bairros e suas casas ao longo do tempo pode fornecer um indício claro de 
como se alcançar um nível adequado de flexibilidade no projeto, sem propor soluções inadequadas ao 
contexto retratado. A análise dos espaços criados pelos usuários permite recriá-los com maior eficiência, 
sempre preservando a qualidade e a estabilidade do conjunto construtivo. 
O objetivo geral do presente trabalho é apresentar ações sustentáveis para implantar na execução do 
loteamento que está inserido na malha urbana do município de Passo Fundo, RS, denominado 
Loteamento Canaã, que receberá a ocupação de 210 habitações de interesse social. 
2. METODOLOGIA 
A metodologia empregada está estruturada na realização de uma pesquisa bibliográfica existente sobre o 
tema, bem como diretrizes projetuais adequadas ao tema proposto. 
A área de intervenção será selecionada segundo os seguintes parâmetros: localização dentro da malha 
urbana consolidada, proximidade de equipamentos urbanos, loteamento com implantação destinada à 
habitação de interesse social. O projeto das habitações seguirá os princípios da Arquitetura Sustentável e 
do Desenho Universal, o qual tem por premissa pensar o espaço quanto a sua acessibilidade, não 
excluindo nenhum tipo de limitação do ser humano. Contemplará diretrizes gráficas de concepção de 
projetos de Habitação de Interesse Social (HIS) evolutiva, a partir de estudos de caso, que favoreçam a 
geração de projetos que visem a ampliação futura de forma otimizada, contribuindo para a manutenção e 
continuidade da sustentabilidade econômica e ambiental da obra, assim como na qualificação do processo 
de projeto. 
3. RESULTADOS 
O loteamento de habitação de interesse social localiza-se na região norte do Estado do Rio Grande do Sul, 
no município de Passo Fundo (Figura 1). 
 
 
 
 
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Figura 1: Localização do município de Passo Fundo no Estado do Rio Grande do Sul. 
Fonte: Autores, 2012. 
 
O loteamento proposto insere-se na malha urbana do município de Passo Fundo, localizado em uma área 
com aproximadamente 94 mil metros quadrados e situado a 5,00 Km do centro urbano da cidade, região 
nordeste da cidade, conforme Figura 2. 
 
 
Figura 2: Localização do loteamento no município de Passo Fundo, RS. 
Fonte: Autores, 2012. 
 
Este novo loteamento, denominado Canaã possui uma área de 49.000m², demarcada no Plano Diretor de 
Desenvolvimento Integrado como Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) (Figura 3). Destina-se a 
habitação de interesse social, contemplando famílias com renda de três a cinco salários mínimos. 
 
 
 
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Figura 3: Vista área da futura implantação do LoteamentoCanaã. 
Fonte: Autores, 2012. 
 
A implantação conta com 210 lotes, de tamanhos diferenciados na grande maioria 10m x 20m de forma 
regular (Figura 4), que do ponto de vista econômico, os lotes devem ter a maior profundidade possível, 
para diminuir seu custo de urbanização (MASCARÓ, p. 58, 2005) e do ponto de vista tipológico, os lotes 
com testada de 10m possibilitam múltiplas inserções da edificação no lote, como no centro do terreno, 
deixar um lado só, em fita contínua (CASTELLO, p. 106, 2008). 
Segundo o autor, as tipologias dos traçados urbanos que possuem menor custo são os traçados ortogonais, 
todos os traçados não ortogonais têm custos maiores e apresentam taxas de aproveitamento menores 
porque formam glebas irregulares, significando uma dupla deseconomia (MASCARÓ, 2005). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4: Implantação do Loteamento Canaã. 
Fonte: Autores, 2012. 
 
 
 
 
 
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Com relação à infraestrutura urbana, o projeto prevê na rede viária, a hierarquização das vias expressa em 
via local, coletora e arterial secundária (SANTOS, 1988). As vias locais com baixo tráfego de veículos 
foram denominadas de vias arborizadas, pois há a previsão de arborização urbana dos dois lados da via, a 
qual gera uma ambiência agradável com relação ao conforto ambiental e incentiva o convívio dos 
moradores. 
De acordo com Mascaró e Mascaró (1999), algumas espécies de árvores são sugeridas para vias públicas 
por possuírem um bom desempenho ambiental, além de corresponder às características necessárias para a 
utilização nesse meio. Para as vias arborizadas propostas na implantação do loteamento sugere-se a 
plantação de árvores de médio porte com período de floração, pois, considera-se que as flores e suas cores 
garantam ao ambiente vitalidade e colorido duradouros durante um período do ano, como por exemplo, o 
Ipê roxo ou amarelo. Além da ambiência agradável, também auxilia no escoamento das águas pluviais 
devido à utilização de pavimentação intercalada com grama na faixa destinada a colocação de árvores, 
rampas, iluminação, lixeiras, telefones e sinalização de trânsito, como demonstra a imagem ilustrativa da 
Figura 5. 
 
 
Figura 5: Via arborizada. 
Fonte: http://poloservicos.files.wordpress.com/2009/02/concept-sidewalk.jpg, 2012. 
 
 
Quanto à rede de drenagem pluvial, será feita através de sarjetas retangulares e rasas que permitam o 
escoamento sem interferência com a circulação normal da via. 
Quanto à rede de água, o abastecimento será fornecido pela concessionária e atenderá todas as 
residências. A rede de esgoto sanitário adotará um sistema de tratamento disposto individualizado no 
próprio lote, composto de fossa séptica e filtro anaeróbio, após o tratamento lançando os efluentes na rede 
pública de esgoto, sendo encaminhada para a estação de tratamento municipal. 
 
 
 
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Com relação à rede elétrica, a proposta visa a utilização de dois tipos de iluminação de acordo com o uso 
a que se propõe. Nas áreas verdes são utilizadas luminárias que potencializem os encontros, viabilizando 
o uso noturno. Nas vias contempla-se uma iluminação para os veículos e outra para os pedestres. 
Segundo Arfelli (2004): 
 
[...] enquanto que os equipamentos urbanos integram a infra-estrutura básica à expansão 
da cidade, destinados portanto, a dar suporte ao seu crescimento e a proporcionar 
condições dignas de habitabilidade, os equipamentos comunitários são aqueles dos quais 
se valerá o Poder Público para servir a comunidade, que ocupará lotes criados pelo 
parcelamento urbano, nas áreas de educação, saúde, assistência social, esportes, cultura, 
lazer, etc. 
 
 
A proposta apresenta então áreas destinadas à implantação de equipamentos comunitários que formam 
áreas institucionais; áreas verdes e área residencial composta por residências térreas unifamiliares. 
Romanini (2012, p.2) cita que: 
 
 
as áreas comunitárias de uso comum do povo proporcionam qualidade de vida não só a 
população local, mas também aos moradores dos bairros vizinhos, sobretudo à 
comunidade carente, que têm suas necessidades básicas supridas através dos 
equipamentos comunitários localizados próximos as suas residências, além de praticar seu 
lazer nas áreas públicas da mesma, como as praças, parques, áreas verdes e espaços afins. 
 
 
O programa da residência contempla sala, cozinha, dois dormitórios e banheiro, distribuídos em 39,27m². 
A partir do projeto arquitetônico serão desenvolvidas adequações no projeto, contemplando as premissas 
da arquitetura sustentável, do desenho universal, visando ampliação futura, além de contribuir com 
soluções ecoeficientes no processo construtivo (Figura 6). 
 
 
Figura 6: Residência unifamiliar. 
Fonte: Autores, 2012. 
 
 
 
 
 
 
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
As ações apresentadas para a implantação de loteamento possibilita o acesso aos serviços de fornecimento 
básico de água, esgoto e energia. Possui uma implantação integrada ao entorno e foi guiado pelo conceito 
de sustentabilidade. 
Com relação à habitação de interesse social a adequação dos projetos prevê a ampliação futura de forma 
otimizada, contribuindo para a manutenção e continuidade da sustentabilidade econômica e ambiental da 
obra, assim como na qualificação do processo de projeto possibilita uma alternativa para se alcançar um 
maior índice de satisfação das famílias e também garantir a estabilidade inicial do projeto. 
A sustentabilidade também deve contemplar a viabilidade econômica do projeto, garantindo a qualidade 
das tecnologias a serem empregadas. Permitindo a realização da gestão dos recursos necessários para a 
manutenção e operação de suas atividades, garantindo sua qualidade de vida, conservando o meio 
ambiente e os recursos físicos e naturais. 
O loteamento sustentável deve, portanto, ter como objetivo final a qualidade de vida e o bem estar da 
população, procurando reduzir e eliminar as desigualdades, em busca de uma cidadania plena, bem como 
a preservação ambiental, garantida para o presente e para as gerações futuras. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ARFELLI, Amauri Chaves. Áreas verdes e de lazer: considerações para sua compreensão e definição 
na atividade urbanística de parcelamento do solo. Revista de Direito Ambiental. São Paulo, v. 9, n. 33, p. 
45, jan/mar 2004. 
 
CASTELLO, I. R. Bairros, Loteamentos e Condomínios. Elementos para o Projeto de Novos Territórios 
Habitacionais. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008. 
 
FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA. Dados. Disponível em:< http://www.fee.tche.br>. 
Acesso em: 04 out. 2011. 
 
JÁUREGUI, J. M. Mobiliário Urbano. Revista Cidades do Brasil. Curitiba, PR: ANATEC, ed. 62, 
junho/2005. 
 
MASCARÓ, J.; MASCARÓ, L. Vegetação Urbana. Porto Alegre, 1999. 
 
MASCARÓ, J. L. Loteamentos Urbanos. Porto Alegre: J.Mascaró, 2005. 
 
ROMANINI, Anicoli. Análise espacial e gestão de equipamentos públicos de educação, segurança e 
lazer. In: 9º NUTAU - Seminário Internacional BRICS e a Habitação Coletiva Sustentável, 2012, 
São Paulo - SP. 9º NUTAU. São Paulo: FAUUSP, 2012. 
 
SANTOS, C. N. dos. A cidade como um jogo de cartas. São Paulo: EDUFF, 1988. 
 
SANTOS, N. R. Z.; TEIXEIRA, I. F. Arborização de Vias Públicas: ambiente x vegetação. Porto Alegre 
– RS: Instituto Souza Cruz, 2001. 
 
WALL, Ed; WATERMAN, Tim. Desenho Urbano. Porto Alegre: Bookman, 2012.

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