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Sustentabilidade em arquitetura e urbanismo Aula 9: Estratégias urbanas para sustentabilidade INTRODUÇÃO Segundo Romero (2007), cidade sustentável é o assentamento humano constituído por uma sociedade com consciência de seu papel de agente transformador dos espaços e cuja relação não se dá pela razão natureza-objeto e sim por uma ação sinérgica entre prudência ecológica, e�ciência energética e equidade socioespacial. Nesta aula, estudaremos as estratégias urbanas para sustentabilidade. OBJETIVOS Reconhecer diretrizes projetuais para a o planejamento de bairros e cidades e�cientes. Analisar casos de cidades consideradas como sustentáveis. A SUSTENTABILIDADE NO PROJETO Um urbanismo sustentável prima pela diversidade de usos e funções sobrepostos em um tecido denso e compacto, porém, que respeite as condicionantes geográ�cas e ambientais, locais e regionais, bem como as escalas de apropriação do espaço. O lugar, o particular, a identidade cultural, as especi�cidades, são estes os atributos que devem estar presentes na urbe do futuro, esta que reconhece o sentido de comunidade, o ambiente e a otimização energética. Veja, na imagem, o projeto do Green Dunes, que será um Parque Sustentável em Pequim. O Green Dunes segue alguns dos princípios fundamentais do urbanismo sustentável como; prioridade ao pedestre, densidade equilibrada, uso misto, conectividade e integração. Essa integração foi o foco do projeto, que liga estradas principais, estações de metro e trem e possui escritórios, hotéis, torres residenciais, comércio, espaços para eventos, jardins, Soho (Small O�ce-Home- O�ce). Fonte: SustentArqui (glossário). A percepção de índices e indicadores podem ser ferramentas importantes na interpretação urbana, porém, devem ponderar os diversos atores sobre o urbano e suas escalas de atuação na sustentabilidade local, regional e nacional. SISTEMAS URBANOS Escalas Contextos Subcontextos Macrosistemas Internacional x Nacional Nós,Social*,Econômico*,Ambiental*,Político,CulturalMesosistemas Estadual x Regional Microsistemas Urbano x Local Organograma representativo dos Sistemas Urbanos a partir das escalas de análise, os contextos e subcontextos interligados na promoção da sustentabilidade urbana. Fonte: ROMERO, 2007. *Tripé da sustentabilidade / triple botton line (Elkington, 1999) A cidade sustentável é democrática, volta-se ao regional, compreende a morfologia a partir da lógica evolutiva e estruturada para o crescimento orgânico. Os projetos urbanos sustentáveis obedecem à percepção das escalas, sustentando as funções vitais, restabelecendo o sentido e a orientação no tempo-espaço, face à necessária adequação aos habitantes, seus usos e equipamentos. São elementos de equidade e integração social nesse novo modelo de cidade: A acessibilidade https://sustentarqui.com.br/urbanismo-paisagismo/green-dunes-parque-sustentavel-em-pequim/ O controle (grau de acesso às atividades dos habitantes) A eficácia (otimização do custo-benefício e manutenção do projeto pela sociedade) A justiça socioespacial (distribuição de custos e benefícios) Atenção , A cidade sustentável propõe uma nova forma de coesão social, na qual é privilegiado o acesso irrestrito do cidadão ao seu lugar, de forma igualitária e imparcial. A infraestrutura urbana compõe-se pelos sistemas de transporte, coleta, abastecimento e disponibilidade de serviços públicos. As estratégias de implantação do edifício devem ser adequadas a essa infraestrutura urbana disponível, buscando otimizá-la e suprindo as questões de�citárias presentes. A con�guração da infraestrutura urbana também é uma condicionante para as de�nições de implantação do empreendimento no que diz respeito às questões de acessibilidade, garantindo a integração do empreendimento aos sistemas viários e de transporte coletivo. Fonte: Portal de Meio Ambiente da UFRN (glossário). Quando se trata de desenvolvimento urbano sustentável, um dos desa�os é o de formular uma estratégia ampla no que se refere à rede�nição da relação homem-ambiente e tê-la como base no caso das intervenções imobiliárias. Fonte: Vale destacar que o ideal de um desenvolvimento urbano não se determina somente sob a esfera do meio ambiente, mas demanda uma re�exão em torno de valores sociais e culturais. As condições gerais de vida dos futuros moradores e usuários de novos empreendimentos e sua qualidade de vida urbana precisam ser analisadas. Cabe veri�car e discutir a dimensão urbana do produto imobiliário, sua urbanidade e os impactos provocados na cidade. Uma cidade é um organismo vivo passível de transformações http://www.meioambiente.ufrn.br/ Fonte: AsBEA, 2012. Se a cidade é um organismo vivo, passível de transformações, um empreendimento ao ser inserido, em determinada região, pode in�uenciar positivamente seu entorno se fomentar o exercício da cidadania e da igualdade. Relações sociais equilibradas criam o sentimento de pertencer, promovem expectativas de desenvolvimento e novas formas de interação com o entorno. A participação da comunidade, com ênfase na integração e organização espacial, torna-se fundamental para a criação de um espaço urbano sustentável, que depende desde o início, por exemplo, da conscientização para o uso racional de recursos, compreendido como missão de todos. O foco do desenvolvimento urbano sustentável é a busca de melhores condições de vida perdidas ou prejudicadas pelo crescimento urbano desordenado. Nesse sentido, qualquer projeto que pretenda promover grande transformação positiva na cidade deve fomentar parcerias com o poder público. Todos os atores do planejamento territorial (glossário) devem ser mobilizados no sentido de que os empreendimentos realizados sejam integrados a seus territórios, com impactos os mais controlados possíveis sobre o meio ambiente e a sociedade, focando no desenvolvimento econômico e social. Estratégias urbanas trabalhadas na quadra ou até em bairros podem se tornar viáveis em virtude de sua escala. Soluções com base em energia renovável, por exemplo, se viabilizam quando dimensionadas para uma grande demanda, ou, ainda, sistemas de coleta de resíduos mais e�cientes podem ser implantados caso sua operação seja dimensionada para um bairro. Apresenta-se a seguir um conjunto de diretrizes pertinentes ao projeto do empreendimento e à sua integração com o entorno. Ações / Aspectos Urbanos • Avaliar a capacidade local de abastecimento, a partir do comércio e dos serviços locais existentes e previstos; • Integrar o empreendimento aos equipamentos de saúde e educação existentes (acessos, vias); • Integrar o empreendimento aos equipamentos de esporte, lazer e cultura existentes (acessos, vias); • Privilegiar os espaços de convívio; • Valorizar situações urbanas positivas (vistas agradáveis, presença de edifícios com valor arquitetônico etc.); • Prever o efeito de sombreamento causado pela implantação do empreendimento sobre os edifícios vizinhos, buscando garantir o acesso da vizinhança à iluminação natural e a eventuais vistas agradáveis; • Considerar o efeito de sombreamento causado pelas edi�cações vizinhas ao empreendimento; • Considerar os impactos do empreendimento nos ventos dominantes, a �m de assegurar à vizinhança o direito à ventilação natural; • Limitar os efeitos incômodos dos ventos ao entorno e suas edi�cações; • Melhorar a qualidade do ar da cidade, eliminando eventuais fontes de poluição do empreendimento ou reduzindo seus efeitos; • Prever soluções que atendam à evolução dos serviços de coleta e destinação de resíduos. Ações / Paisagem Urbana • Incentivar a criação de áreas verdes e áreas permeáveis; • Privilegiar a implantação da vegetação nos passeios junto a muros, canteiros centrais, rotatórias, áreas permeáveis, áreas de preservação permanentes, praças e parques; • Preservar e, quando possível, favorecer e estimular o desenvolvimento dos ecossistemas e da biodiversidade existentes; • Utilizar vegetação para preservar a fauna e a própria �ora nativa; • Usar a vegetaçãopara melhorar a umidade relativa do ar e a ventilação; • Usar os aspectos estéticos da vegetação — formas, texturas e cores — para incrementar a paisagem existente. Ações / Mobilidade • Equalizar a demanda do empreendimento ao sistema viário existente e futuro, propondo melhorias em parceria com o setor público; • Integrar vias e acessos públicos ao empreendimento; • Explorar racionalmente as redes de transporte coletivo disponíveis e futuras, integrando os acessos do edifício a essas redes; • Privilegiar o �uxo de pedestres; • Privilegiar o uso de transportes pouco ou não poluentes e fornecer condições adequadas ao seu uso, prevendo bicicletário e vestiários aos moradores e usuários, por exemplo; • Garantir que o uso da vegetação, no meio urbano, não atrapalhe o �uxo e a visibilidade necessários para a mobilidade, principalmente dos veículos. EXERCÍCIOS “A paisagem urbana é a arte de tornar coerente e organizado, visualmente, o emaranhado de edifícios, ruas e espaços que constituem o ambiente urbano” (CULLEN, 1983). Cite três estratégias projetuais envolvendo a paisagem da cidade sustentável: Resposta Correta O foco do desenvolvimento urbano sustentável é a busca de melhores condições de vida perdidas ou prejudicadas pelo crescimento urbano desordenado. Nesse sentido, qualquer projeto que pretenda promover grande transformação positiva na cidade deve fomentar parcerias com o poder público. Qual a importância desse tipo de parceria? Resposta Correta BOAS PRÁTICAS Veja algumas boas práticas de algumas cidades: galeria/aula9/img/img6.png Iniciativas urbanas para a e�ciência energética na cidade de Lille, França O Plano Territorial de Clima e Energia da cidade de Lille envolve: política de habitação sustentável; planejamento urbano; mobilidade; áreas verdes; educação; cooperação descentralizada; resíduos; e iluminação pública. Em relação aos resíduos, o governo da cidade fortaleceu a coleta seletiva de resíduos biodegradáveis e ampliou a utilização de materiais orgânicos para a geração de energia (biogás) e a produção de compostos para a agricultura. Concluído em 2007, o Centro de Valorização Orgânica (CVO) foi colocado em operação gradualmente. Para orientar a política de resíduos e de reciclagem, existe um ônibus movido a biogás, conhecido como INFO TRI, que circula pela cidade. galeria/aula9/img/img7.png Sistema de gestão para o uso de recursos naturais em Heidelberg, na Alemanha Chamado de Criação de um Quadro de Gestão Integrada de Recursos, o projeto realizado em Heidelberg, na Alemanha, conta com um sistema de gestão para o uso de recursos naturais que complementa o orçamento �nanceiro e a gestão de recursos humanos. Ele aplica processos orçamentários periódicos, mecanismos e rotinas para gerir recursos naturais, de forma que os gestores municipais dediquem a mesma atenção e preocupação para esses recursos e para a qualidade ambiental. Aborda, assim, diversas áreas de atuação, como urbanismo, cooperação e desenvolvimento regional, emprego, habitação, meio ambiente, mobilidade, problemas sociais, cultura e mudanças demográ�cas. A cidade de Heidelberg tem sido líder em gestão ambiental e desenvolvimento sustentável. galeria/aula9/img/img8.png Plano Integrado de Recursos para Resíduos Sólidos em Los Angeles, nos Estados Unidos O projeto teve início em maio de 2007 e traz as diretrizes da cidade para que haja a conservação dos recursos naturais, reciclagem, reutilização de materiais, saúde pública e proteção ambiental. Todas as diretrizes estão inseridas dentro do planejamento da gestão de resíduos sólidos, que tem como objetivo converter Los Angeles em líder mundial de reciclagem e reaproveitamento até o ano de 2030 e também de transformá-la em uma cidade de “resíduos zero”. Alcançar esta meta exigirá uma mudança extrema e modi�cará toda a estrutura da cidade em três áreas: • criação do produto (fabricação e envase), • uso do produto (energias sustentáveis, produtos reciclados e recicláveis) e • a eliminação do produto (recuperação de recursos ou descarte em aterros sanitários). Outras ações que podem ser destacadas é a locomoção inteligente e as árvores solares. galeria/aula9/img/img9.png Cooperativa de catadores em Santana de Parnaíba, SP Em Santana de Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo, uma organização formada por ex-catadores de materiais recicláveis recebeu o nome de Avemare — Cooperativa de Catadores. A associação tem sua origem no aterro sanitário do município, de onde foram retirados seus cooperados. Com apoio de diversos parceiros, a Avemare criou o projeto Programa Lixo da Gente — Reciclando Cidadania, visando à coleta seletiva por meio de conscientização da população sobre a importância da reciclagem para a preservação ambiental, assim como a inclusão e o desenvolvimento social. Atua em três frentes: • empresas e indústrias; • • escolas; e • residência e comércio. A meta é realizar 100% de coleta seletiva em Santana de Parnaíba. galeria/aula9/img/img10.png Projeto Biossistema Integrado, realizado em Petrópolis, no Rio de Janeiro O Biossistema Integrado, realizado em Petrópolis (RJ), trata-se de um esquema de saneamento ambiental envolvendo o tratamento biológico de dejetos humanos a partir da reciclagem de nutrientes e da produção de biogás. Em 1994, houve a implementação do primeiro biossistema completo na comunidade Sertão do Carangola, em parceria com o SEOP (Serviço de Educação e Organização Popular) e com a associação de moradores local. Os biossistemas integrados representam uma mudança no processo produtivo, alterando a concepção linear de produção para uma estrutura cíclica, onde os resíduos são transformados e reaproveitados como recursos para um novo ciclo de produção, como nos ciclos naturais. galeria/aula9/img/img11.png Projeto Dados Abertos Governamentais na cidade de Vancouver, no Canadá No ano de 2009, o governo da cidade de Vancouver, no Canadá, lançou um programa a �m de compartilhar livremente com cidadãos, empresas e outras jurisdições, a maior quantidade de dados possível. Esse conjunto de dados, publicados online, está agregado a programações, em uma ampla variedade de formatos. Esse procedimento segue a lógica do que atualmente é de�nido como Dados Abertos Governamentais: “publicação e disseminação das informações do setor público na web, compartilhadas em formato bruto e aberto, compreensíveis logicamente, de modo a permitir sua reutilização em aplicações digitais desenvolvidas pela sociedade”. Desde então, diversas bases de dados públicos têm sido disponibilizadas, de forma a promover seu uso para o planejamento e a gestão. galeria/aula9/img/img12.png O projeto uma Cidade sem Carros e Ambientalmente Amigável em Freiburg, na Alemanha O projeto visou criar um novo distrito onde o planejamento fosse baseado na sustentabilidade. Foi dada ênfase à participação da comunidade, à interação social, à mobilidade, à e�cácia energética e às construções ambientalmente sustentáveis. Um dos principais objetivos foi manter o centro da cidade com o trânsito livre e um número reduzido de carros particulares. Isto foi conseguido com a criação de um bom número de possibilidades de transporte público. Além disso, o município criou um sistema de compartilhamento de carro, estabeleceu 500km de ciclovias e acrescentou 5.000 lugares de estacionamento para bicicletas. Saiba mais , Leia o artigo Bairro de cidade alemã gera 20% da energia consumida com luz solar (https://goo.gl/i8TwfF), sobre o bairro de Vauban, em Freiburg, na Alemanha, considerado um exemplo do que se chama “viver com sustentabilidade”. EXERCÍCIOS Re�ita sobre o assunto e responda: existe cidades 100% sustentáveis? Resposta Correta Com relação às cidades sustentáveis, está correto o que se a�rma em: I. A cidade sustentável é democrática, volta-se ao regional, compreende a morfologia a partir da lógica evolutiva e estruturada para o crescimento orgânico. II. Os projetos urbanos sustentáveis obedecem à percepção das escalas,sustentando as funções vitais, restabelecendo o sentido e a orientação no tempo-espaço, face à necessária adequação aos habitantes, seus usos e equipamentos. III. A acessibilidade, o controle (grau de acesso às atividades dos habitantes), a e�cácia (otimização do custo-benefício e manutenção do projeto pela sociedade), e a justiça socioespacial (distribuição de custos e benefícios), são elementos de equidade e integração social nesse novo modelo de cidade. Somente a I. I e II. I e III. II e III. https://goo.gl/i8TwfF I, II e III. Justi�cativa A mobilidade urbana refere-se às condições de deslocamento da população no espaço geográ�co das cidades. Cite três ações/estratégias projetuais que possam contribuir para a mobilidade urbana sustentável: Resposta Correta Glossário ATORES DO PLANEJAMENTO TERRITORIAL Os atores envolvidos no planejamento territorial são: • administradores públicos; • responsáveis por tomadas de decisão; • planejadores; • projetistas; • incorporadores; • moradores. CENTRO DE VALORIZAÇÃO ORGÂNICA (CVO) A logística do CVO inclui coleta porta a porta de resíduos orgânicos domésticos e de sobras de cantinas, feiras, restaurantes e de outras instituições públicas. Posteriormente, o material é encaminhado ao centro de reciclagem de resíduos verdes e depósitos municipais. O biogás substitui a injeção de gás natural fóssil. CENTRO DE VALORIZAÇÃO ORGÂNICA (CVO) O veículo é utilizado para responder a perguntas da população sobre: • coleta de materiais, • resíduos volumosos, • reutilização e • reciclagem. O objetivo é fazer com que o público mude seu comportamento em relação aos resíduos que produz. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Como parte do plano de desenvolvimento global da cidade, o orçamento ambiental mostra o sucesso que a combinação dessas iniciativas tem na preservação dos recursos naturais – a curto e a longo prazos – e a relação desses benefícios ambientais com o desenvolvimento sustentável. LOCOMOÇÃO INTELIGENTE Para reduzir a poluição e o congestionamento, foi implantado um sistema de recompensas para quem deixar o carro na garagem e ir trabalhar a pé ou de ônibus, tal qual ocorre na capital sul-coreana Seul. A diferença é que a iniciativa, promovida por uma empresa privada, é sistematizada através de um aplicativo para iPhone (re.route) capaz de mensurar e pontuar os deslocamentos por meios alternativos de cada pessoa. Os condutores que seguem uma das vias alternativas sugeridas pelo aplicativo ganha pontos de recompensa a serem resgatados como descontos em lojas e cinemas conveniados. ÁRVORES SOLARES Foram instaladas pela cidade, as “árvores solares” – postes em formato de árvores equipados com células fotovoltaicas que transformam a luz do sol em eletricidade. A "árvore solar" é feita por folhas com painéis solares e galhos de LED que acendem automaticamente quando escurece. Sem dúvida, um espetáculo à parte.
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