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1 ação de obrigação de fazer - Mauro Lenharo Sobrinho

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO SUPERVISOR DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ASTORGA - ESTADO DO PARANÁ.
MAURO LENHARO SOBRINHO, brasileiro, casado, comerciante, portador da Cédula de Identidade RG sob nº 3.079.384-6 SESP/PR, inscrito no CPF/MF sob nº 366.883.049-53, residente e domiciliado na Av. Central, nº 447, Centro, no Município de Pitangueiras, Comarca de Astorga, Estado do Paraná, por intermédio de seu advogado adiante assinado, que a esta subscreve, vem com o devido e costumeiro respeito perante Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 282 e 461 do Código de Processo Civil c/c os artigos 6º e 18, § 1º, do Código de Defesa do Consumidor e demais disposições legais aplicáveis ao presente caso, promover a presente:
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS COM PEDIDO DE LIMINAR, em face de:
JORGE LUIS MANO, brasileiro, vendedor, inscrito no CPF/MF sob n.° 576.818.729-49, podendo ser encontrado em seu local de trabalho, qual seja, FIPAL – Concessionária Fiet, Av. Dep. Heitor de A. Furtado, n.º 5.680, CEP 86706-000, na cidade de Paranavaí, Estado do Paraná, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:
I.
DOS FATOS:
Em meados do mês de abril do ano de 2017, portanto, há mais de 01 (um) ano, o Requerente adquiriu um veículo de propriedade do Requerido, qual seja: 
	Dados do Veículo no Detran / PR
	Comprador
	MAURO LENHARO SOBRINHO
	Data da Compra
	25/02/2018
	RENAVAM
	00698722221
	Placa
	AHV4513
	Marca / Modelo
	Imp / Ford Mondeo Clx Fd
	Ano Fabricação
	1997
	Tipo / Espécie
	Automovel / Passageiro
	Capac. Passageiros
	5
	Combustível
	Gasolina
	Carroceria
	
	Categoria
	Particular / Sem Complemento
	Licenciamento
	Londrina - Pr
	Faixa
	10831300
	Situação
	Vigente (Em Circulacao)
Bem Excelência, conforme se faz prova o recibo em anexo (seq. 1.7), o Requerente pagou pelo veículo o valor de R$ 7.000,00 (Sete Mil Reais), inexistindo qualquer pendência de pagamento pelo Requerente no tocante ao contrato verbal de compra e venda firmado.
Ademais, restou convencionado que o Requerido iria entregar o Certificado de Registro de Veículo devidamente preenchido ao Requerente para que este pudesse realizar a transferência do veículo ao seu nome, pois, o referido documento estaria na cidade de Londrina/PR.
Ocorre que até a presente data o Requerido não realizou a entrega do documento devidamente preenchido em nome do Requerente para que este pudesse realizar a transferência do veículo ao seu nome.
Cumpre-se mencionar que o Requerido realizou a comunicação de venda do veículo ao nome do Requerente junto ao Detran-PR e, inclusive, em razão da comunicação de venda realizada sem o fornecimento do Certificado de Registro de Veículo para que o Requerente pudesse concretizar a transferência, ocasionou a notificação do Requerente constante do seq. 1.6 dos Autos.
Portanto, tendo em vista a má-fé do Requerido para com o Requerente por não fornecer o documento devidamente preenchido a este, mesmo procurado muitas vezes pelo Requerente, não resta alternativa ao Requerente senão ingressar com à presente demanda para valer de seu direito.
II.
DO DIREITO:
II.1.
DA OBRIGAÇÃO DE FAZER:
Para que se possa apresentar um conceito suficientemente explicativo e satisfatório do que seja "obrigação" no âmbito do Direito Civil, devemos antes definir o que seja "dever jurídico":
 "Dever jurídico" pode ser entendido como "o comando imposto, pelo direito objetivo, a todas as pessoas para observarem certa conduta, sob pena de receberem uma sanção pelo não-cumprimento do comportamento prescrito pela norma jurídica". (Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil - Teoria Geral das Obrigações, 2º vol., São Paulo, Saraiva, 1993, p.27). 
Ademais, vaticina o art. 481, do Código Civil que:
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Sendo assim Excelência, ante os fatos expostos e comprovados até o presente momento, resta claro que o Requerido descumpriu com o seu dever jurídico de realizar a transferência do veículo ao nome do Requerente, caracterizando a má-fé com o ora Requerente.
Neste viés, o artigo 497 e seguintes do Código de Processo Civil estabelecem que:
Art. 497.  Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Parágrafo único.  Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo.
Art. 498.  Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único.  Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.
Art. 499.  A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Art. 500.  A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa fixada periodicamente para compelir o réu ao cumprimento específico da obrigação.
Art. 501.  Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a sentença que julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida.
Acerca da imposição de multa diária, é pacífico o entendimento jurisprudencial, senão vejamos:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – INTERRUPÇÃO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE TELEFONIA – CULPA DE TERCEIRO – SÚMULAS 283/STF E 7/STJ – POSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO DE DANO MORAL DECORRENTE DA INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO – DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CONFIGURADO – FIXAÇÃO DE ASTREINTES POR HORA DE DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO – POSSIBILIDADE – DESCABIMENTO DA REDUÇÃO DAS MULTAS IMPOSTAS NA INSTÂNCIA DE ORIGEM – OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE – 1- Ausente impugnação a fundamento suficiente para manter o acórdão recorrido, não há como ser conhecida tese relativa à ocorrência de culpa de terceiros. 2- Descabe ao STJ emitir juízo de valor sobre controvérsia cuja solução demanda revolvimento do acervo fático-probatório dos autos. 3- Em não havendo divergência na interpretação do direito federal feita entre os acórdãos confrontados no recurso, não há como ser conhecido o especial pela alínea "c" do permissivo constitucional. 4- O § 5º do art. 461 do CPC possibilita ao juiz fixar multa por tempo de atraso, de onde se conclui pela legalidade da multa por hora na interrupção do serviço fixada pelo Tribunal de origem. 5- Tendo a instância a quo atentado para o princípio da proporcionalidade e da razoabilidade na fixação das multas, não há razão para que sejam alterados seus valores. 6- Recurso especial conhecido em parte e nessa parte não provido. (STJ – REsp 1.142.908 – (2009/0104360-0) – 2ª T – Relª Minª Eliana Calmon – DJe 14.04.2010 – p. 335)
PROCESSO CIVIL – ANTECIPAÇÃO DE TUTELA – OBRIGAÇÕES DE FAZER E ENTREGAR COISA – COMINAÇÃO DE MULTA DIÁRIA – CABIMENTO, INCLUSIVE CONTRA A FAZENDA PÚBLICA – 1. É cabível, mesmo contra a Fazenda Pública, a cominação de multa diária (astreintes) como meio executivo para cumprimento de obrigação de fazer (fungível ou infungível) ou entregar coisa. Precedentes: EDcl-Ag 645565/RS (1ª T., Min. José Delgado, DJ 13.06.2005); AgRg-Ag 646240/RS (1ª T., Min. José Delgado, DJ 13.06.2005); REsp 592132/RS (5ª T., Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ 16.05.2005). 2. Recurso especial a que se nega provimento. (STJ – REsp 821.618/RS – (2006/0039248-3) – 1ª T. – Rel. Min. Teori Albino Zavascki – DJU 17.04.2006)
PROCESSUAL CIVIL – FGTS– AGRAVO DE INSTRUMENTO – EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER – ATRASO NO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO – COMPROVADO – MULTA DIÁRIA – CABIMENTO – 1. "A multa diária por descumprimento da obrigação de fazer decorre de Lei e pode ser imposta independentemente de pedido do autor (CPC, art. 461, § 4º). É razoável a fixação do prazo para adimplemento da obrigação em 60 (sessenta) dias, em face das providências burocráticas que terão que ser adotadas" (AC 1999.01.00.070408-0/DF). 2. Decorridos 90 (noventa) dias da intimação, sem que a Caixa Econômica Federal cumprisse a obrigação de recomposição das contas vinculadas do FGTS, razoável a decisão que determina a incidência de multa anteriormente fixada, pelos dias de atraso, contados a partir do término do prazo concedido. 3. Agravo de instrumento improvido. (TRF 1ª R. – AG 200401000483940 – DF – 5ª T. – Rel. Des. Fed. João Batista Moreira – DJU 15.08.2005 – p. 61)
AGRAVO DE INSTRUMENTO – MEDIDA CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS – EXECUÇÃO DA MULTA DIÁRIA FIXADA NA SENTENÇA PARA O CASO DE DESCUMPRIMENTO – EXIGIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO DE FAZER SOMENTE A PARTIR DA CITAÇÃO – RECURSO IMPROVIDO – Consistindo a condenação imposta em uma obrigação de fazer, há necessidade da citação da parte para o respectivo cumprimento no prazo fixado na sentença, porquanto a execução se processa de acordo com o disposto no art. 632 do CPC. (TJPR - AG. Inst. 172.533-5, 9a C. C, Rel. Des. Ruy CUNHA SOBRINHO). (TJPR – AI 0172530-4 – (923) – 9ª C.Cív. – Rel. Des. Miguel Pessoa – DJPR 08.07.2005)
Portanto, necessário se faz que Vossa Excelência a imposição de multa diária para o cumprimento da obrigação do Requerido, ou seja, de fornecer ao Requerente o Certificado de Registro de Veículo devidamente preenchido em nome do Requerente para que este transfira o veículo ao seu nome junto ao Detran-PR.
II.2.
DOS DANOS MATERIAIS:
Excelência, conforme Auto de Notificação que ora se junta (seq. 1.6), em razão do descaso do Requerido o Requerente levou uma multa pelo vencimento do prazo para a realização de transferência do veículo ao seu nome, multa esta no valor de R$ 195,23 (Cento e Noventa e Cinco Reais e Vinte e Três Centavos).
Destarte, resta clara a obrigação do Requerido de reparar os danos materiais causados ao ora Requerente em razão do não cumprimento de sua obrigação que originou a multa pelo Estado ao Requerente, devendo o Requerido ser condenado ao pagamento da mencionada multa.
II.3.
DOS DANOS MORAIS:
Conforme mencionado alhures, em razão do descaso do Requerido o Requerente levou uma multa pelo vencimento do prazo para a realização de transferência do veículo ao seu nome, multa esta no valor de R$ 195,23 (Cento e Noventa e Cinco Reais e Vinte e Três Centavos).
Além do prejuízo material provocado pelo Requerido, pela infração o Requerente perdeu 5 (cinco) pontos em sua CNH.
A Constituição Federal diz em seu artigo 5º, inciso X que "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação".
Desse modo, a nossa Constituição assegura a todo indivíduo o direito à indenização pelo dano material e/ou moral. Savatier em seu “Traité de la Responsabilité Civile”, define dano moral como sendo "qualquer sofrimento humano que não é causado por uma perda pecuniária."
Caio Mário da Silva Pereira, na obra “Responsabilidade Civil”, assim define dano moral:
"aquele que abrange todo atentado à reputação da vítima, à sua autoridade legítima, seu pudor, à sua segurança e tranqüilidade, ao seu amor-próprio estético, à integridade de sua inteligência, a suas afeições etc."
É de se concluir que lado a lado estão os danos materiais e morais.
Assim como o indivíduo é titular de direitos materiais, também é titular de direitos integrantes da sua personalidade, sendo estes também protegidos pela ordem jurídica.
O dano moral aqui requerido é a reparação de dano moral puro, isto é, a reparação do dano em relação à reputação, a vergonha e a honra da pessoa, que uma vez violados, em qualquer circunstância, ferem sentimentos íntimos de caráter subjetivo do indivíduo, provocando dor e sofrimento, sem conexão com dano material.
O que é a dor moral? O que é a vergonha? O que é o constrangimento? Alguns doutrinadores tentaram definir estes sentimentos íntimos que ferem a alma da pessoa humana, senão vejamos:
Considera-se dano moral, segundo ARTUR DEDA " a dor resultante da violação de um bem juridicamente tutelado, sem repercussão patrimonial. Seja a dor física - dor-sensação, como a denomina Carpenter – nascida de uma lesão material; seja a dor moral - dor-sentimento - de causa material."
Outrossim, segundo o ensinamento de Yussef Said Cahali:
"(...) parece mais razoável, assim, caracterizar o dano moral pelos seus próprios elementos; portanto, 'como a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranqüilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos'; e se classificando, assim, em dano que afeta a 'parte social do patrimônio moral' (honra, reputação, etc.) e dano que molesta a 'parte afetiva do patrimônio moral' (dor, tristeza, saudade, etc.); e dano moral que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz deformante, etc.), e dano moral puro (dor, tristeza, etc.)."
Caio Mário da Silva Pereira também ressalta:
"É preciso entender que, a par do patrimônio, como 'complexo de relações jurídicas de uma pessoa, economicamente apreciáveis' (Clóvis Beviláqua, Teoria Geral de Direito Civil, § 29), o indivíduo é titular de direitos integrantes de sua personalidade, o bom conceito de que desfruta na sociedade, os sentimentos que exornam a sua consciência, os valores afetivos, merecedores todos de igual proteção da ordem jurídica"
Como sabemos, a lesão passível de ressarcimento não se esgota na esfera patrimonial, podendo atingir os interesses não patrimoniais da pessoa. Protege-se, desta forma, os direitos da personalidade, que protagonizam valores relevantes, que devem ser preservados.
A frustração do Requerente reside no fato de não poder concretizar a transferência do veículo ao seu nome, embora devidamente pago o veículo, e, ademais, em razão do descaso do Requerido o Requerente levou uma multa pelo vencimento do prazo para a realização de transferência do veículo ao seu nome, diante da comunicação de venda realizada pelo Requerido, multa esta no valor de R$ 195,23 (Cento e Noventa e Cinco Reais e Vinte e Três Centavos) que, além do prejuízo material provocado pelo Requerido, pela infração o Requerente perdeu 5 (cinco) pontos em sua CNH.
Desta feita, enquanto na reparação pelo dano patrimonial visa-se a recompor o patrimônio do lesado, a função da reparação do dano moral é essencialmente compensatória, ou seja, procura-se substituir no espírito da vítima a sensação desagradável, que o dano causou, pelo conforto que o dinheiro pode trazer. Outra faceta da indenização do dano moral diz respeito ao papel da sanção civil que a condenação desempenha, na medida em que atua como desestímulo à prática danosa.
Nesse sentido, veja-se:
APELAÇÕES CÍVEIS - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - ACIDENTE DE TRÂNSITO - RÉU QUE PERDE O CONTROLE NA CURVA FECHADA E COLIDE COM VEÍCULO ESTACIONADO - (...) MÉRITO - IMPRUDÊNCIA E IMPERÍCIA DO RÉU - ATO ILÍCITO VERIFICADO - ALEGAÇÃO DE EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE - CULPA EXCLUSIVA DAS VÍTIMAS - ESTACIONAMENTO IRREGULAR E SEM SINALIZAÇÃO - APLICAÇÃO DA TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA - NÃO HÁ PROVAS DE QUE O COMPORTAMENTO DA VÍTIMA TENHA INFLUÍDO NO ACONTECIMENTO DO SINISTRO - ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL VERIFICADOS - DEVER DE INDENIZAR - DANO MORAL - (...). 1 DESPROVIDO. RECURSO DE APELAÇÃO 2 PARCIALMENTE PROVIDO. (TJPR - 9ª C.Cível - AC - 1113417-3 - Umuarama - Rel.: José Augusto Gomes Aniceto - Unânime - - J. 10.07.2014) (Grifos e destaques nosso).
Por conseguinte, em se tratando de indenização por danos morais, para o arbitramento dovalor indenizatório, o julgador deve se ater a determinados critérios para que a indenização ocorra de forma justa e razoável, bem como de modo a atender ao caráter punitivo e compensatório da indenização.
Nesta esfera, CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA "apud" RUI STOCO ensina que:
"(...) quando se cuida do dano moral, o fulcro do conceito ressarcitório acha-se deslocado para a convergência de duas forças: caráter punitivo, para que o causador do dano, pelo fato da condenação, se veja castigado pela ofensa que praticou; e o caráter compensatório para a vítima, que receberá uma soma que lhe proporcione prazeres como contrapartida do mal sofrido" (RUI STOCO ​ Tratado de Responsabilidade Civil ​ 6. ed. ​ São Paulo ​ Revista dos Tribunais ​ 2001 ​ p. 1.667).
Ainda, CARLOS ROBERTO GONÇALVES sugere alguns critérios para a fixação do dano moral:
 "Pode-se afirmar que os principais fatores a serem considerados são: a) a condição social, educacional, profissional e econômica do lesado; b) a intensidade de seu sofrimento; c) a situação econômica do ofensor eos benefícios que obteve com o ilícito; d) a intensidade do dolo ou grau de culpa; e) a gravidade e a repercussão da ofensa; e f) as peculiaridades e circunstâncias que envolveram o caso, atentando-se para o caráter antissocial da conduta lesiva" (Responsabilidade Civil ​ ed. Saraiva ​ 8ª ed. ​ 2003 ​ pg. 577).
Para SÉRGIO CAVALIERI FILHO:
 "Razoável é aquilo que é sensato, comedido, moderado; que guarda uma certa proporcionalidade. A razoabilidade é critério que permite cotejar meios e fins, causas e consequências, de modo a aferir a lógica da decisão. Para que a decisão seja razoável é necessário que a conclusão nela estabelecida seja adequada aos motivos que a determinaram; que os meios escolhidos sejam compatíveis com os fins visados; que a sanção seja proporcional ao dano. Importa dizer que o juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar uma quantia que, de acordo com o seu prudente arbítrio, seja compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade econômica do causador do dano, as condições sociais do ofendido, e outras circunstâncias mais que se fizerem presentes" (Programa de Responsabilidade Civil. 7ª Ed., São Paulo: Atlas, 2007, p. 77).
A esse respeito, veja-se o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
"(...) III ​ A indenização por danos morais deve ser fixada em termos razoáveis, não se justificando que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento sem causa, com manifestos abusos e exageros, devendo o arbitramento operar-se com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico das partes, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso.
Ademais, deve ela contribuir para desestimular o ofensor a repetir o ato, inibindo sua conduta antijurídica. (...)". (STJ ​ REsp 265133/RJ ​ Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira ​ 4ª Turma ​ DJ 23.10.2000).
Portanto, o desprazer sofrido pelo Requerente não pode passar indene. A responsabilidade do Requerido para com o Requerente deve ser lembrada e punida sempre que ocorram casos similares ao presente, sob pena de se estimular a prática, e, assim, pede-se a condenação do Requerido ao pagamento do valor de R$ 10.000,00 (Dez Mil Reais) ao Requerente.
III.
DOS PEDIDOS:
Ante e exposto, requer digne-se Vossa Excelência em JULGAR TOTALMENTE PROCEDENTES os pedidos, para o fim de: 
a)
LIMINARMENTE, requer-se à Vossa Excelência que determine a expedição de ofício ao Detran-PR para que concretize a transferência do veículo objeto dos Autos ao nome do Requerente; e, caso não seja este o entendimento de Vossa Excelência;
b)
Ao final, que o Requerido cumpra com sua obrigação consistente em fornecer o Certificado de Registro de Veículo devidamente preenchido em nome do Requerente para que este realize a transferência do referido veículo, sob pena de multa diária a ser estabelecida por Vossa Excelência, nos termos da Lei Adjetiva Civil;
c)
Condene o Requerido ao pagamento de indenização por danos materiais no valor de R$ 195,23 (Cento e Noventa e Cinco Reais e Vinte e Três Centavos) e ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00 (Dez Mil Reais).
Para tanto:
Requer a citação do Requerido para, querendo, compareça à audiência conciliatória a ser designada pela Secretaria deste D. Juizado e, de consequência, responderem aos termos da presente ação, sob as penas dos artigos 20 da Lei n.º 9.099/95.
Protesta e requer pela produção de todos os meios de prova em direito admitidas, em especial pela prova documental ora juntada nos Autos e outras que possam ser juntadas, bem como pelo depoimento pessoal do Requerido, que requer desde já, e prova testemunhal.
Dá-se à presente causa, o valor de R$ 10.195,23 (Dez Mil e Cento e Noventa e Cinco Reais e Vinte e Três Centavos).
Termos em que,
Pede deferimento.
Astorga/PR, 18 de Maio de 2018.
Advogado
OAB/PR n.º

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