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Pratica de Direito Administrativo - OAB segunda fase

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PRÁTICA DE 
DIREITO 
ADMINISTRATIVO 
2 
 
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Atenção para as Peças mais cobradas no Exame da OAB na 2ª Fase em Direito 
Administrativo desde a sua origem: 
 
. Parecer jurídico; 
. Mandado de segurança; 
. Ação indenizatória por danos materiais e morais; 
. Ação de conhecimento (ordinária); 
. Ação popular; 
. Ação Civil Pública; 
. Habeas Data; 
. Contestação; 
. Apelação; 
- Agravo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
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SUMÁRIO 
 
 
1. Apelação....................................................................................................................... 4 
 
2. Agravo de Instrumento................................................................................................. 19 
3. Mandado de Segurança.........................................................................………….…....30 
4. Peça Contestatória...................................................................................................…...35 
5. Ação de anulação de ato.................................................................................................43 
6. Ação Civil Pública......................................................................................................... 51 
7. Ação Ordinária..........................................................................................................….. 55 
8. Execução Civil Pública..............................................................................................….. 63 
9. Ação popular..............................................................................................................….. 65 
10. Parecer Jurídico........................................................................................................….. 81 
11. Ação de Indenização................................................................................................….. 84 
12. Habeas Data..............................................................................................................….. 88 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
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1. Ação Civil Pública 
 
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA DE ....., 
ESTADO DO ..... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE ............, por seu órgão de 
execução perante a PROMOTORIA ESPECIALIZADA DE FUNDAÇÕES desta comarca, 
vem perante Vossa Excelência propor 
 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DECISÃO DE 
ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA DE FUNDAÇÃO COM PEDIDO DE 
TUTELA ANTECIPADA c/c INTERVENÇÃO JUDICIAL EM FUNDAÇÃO 
 
em face de 
 
FUNDAÇÃO....., pessoa jurídica de direito privado, com sede à rua ..., ..., bairro ..., 
.................., inscrita no CNPJ sob o número ..., com atos constitutivos arquivados no 
Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas de .............................. sob o nº de registro nº 
... do livro ... em .../.../... (doc. 1), conforme escritura pública de instituição datada de 
.../.../.../ (doc. 2), representada por seu Presidente, (A), brasileiro, casado, médico, residente e 
domiciliado à rua ..., ..., bairro ..., ................. e contra (A), brasileiro, casado, médico, 
residente à rua ..., ..., bairro ..., (B), brasileiro, casado, médico, residente e domiciliado à rua 
..., ..., ..., .................; (C), brasileiro, casado, médico, residente e domiciliado à rua ..., ..., ..., 
.................; (D), brasileiro, casado, médico, residente e domiciliado à rua ..., ..., ..., 
.................; (E), brasileiro, casado, residente e domiciliado à rua ..., ..., ..., .................. e (F), 
5 
 
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brasileira, casada, residente e domiciliada à rua ..., ..., bairro ..., ......................., passando a 
expor, para ao final requerer o seguinte 
 
 
I - PRELIMINARMENTE 
 
DA LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
Conforme é cediço uma fundação não contém um patrimônio, mas é um patrimônio 
personalizado indisponível a serviço de um escopo. São elas pessoas jurídicas patrimoniais, 
definidas por Pontes de Miranda como: "uma universalidade de bens personalizada, em 
atenção ao fim que lhe dá unidade." 
 
A fundação é instituto jurídico cujo patrimônio é constituído por bens destinados pelo 
instituidor em benefício público. Esse interesse benemérito é a essência da entidade 
fundacional, motivo condutor de velação pelo Ministério Público, nos termos do que dispõe 
o art. 66 do Novo Código Civil, in verbis: 
 
"Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público, onde situadas". 
 
Consoante o artigo 127 da Constituição Federal, o Ministério Público é instituição 
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem 
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. 
 
Ainda nos termos do que dispõe a Carta Magna, é função do Ministério Público, dentre 
outras, promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio 
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos (art. 129, III). 
 
Sobre tal disposição explanou o Des. COSTA DE OLIVEIRA: 
 
"A regra jurídica do art. 129, III da CF de 1988, dá ao Ministério Público legitimidade para 
ajuizar ação civil pública para a proteção não apenas do patrimônio público ( = Estatal, ou 
do Povo) mas também do patrimônio social. Temos de entender por patrimônio social o que, 
não sendo público, mas ao contrário, privado, tem destinação social, comunitária. Eis o 
sentido de social, mormente em face das regras gerais (= princípios) consagradas no Prólogo 
6 
 
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da Constituição e nos seus arts. 1º - 3º, em que é dada ênfase ao contrário de social." 
(EDSON JOSÉ RAFAEL. Fundações e Direito - 3º Setor. São Paulo: Companhia 
Melhoramentos, 1997, p. 289 - grifo nosso). 
 
ANTÔNIO CLÁUDIO DA COSTA MACHADO, em comentários à atribuição do 
Ministério Público, conclui (Obs: doutrina com base no Código Civil de 1916): 
 
"só se viabiliza um controle administrativo se a lei entregar ao órgão fiscalizador, 
concomitantemente, os remédios processuais adequados à realização judicial de suas 
pretensões, o que , in casu, é feito pelo próprio art. 26 da lei civil (...) A legitimação ativa ad 
causam, portanto, resulta diretamente desta regra genérica do art. 26 do Código Civil que, do 
contrário, não teria nenhuma eficácia concreta. Destarte, no poder-fim de velar pelas 
fundações encontra-se implícito, logicamente, o poder-meio de promover todas as medidas 
judiciais cabíveis a bem da administração e dos escopos fundacionais... o velar pelas 
fundações é sinônimo de atribuição administrativa, de legitimação ativa ad causam e de 
legitimação interventiva". (A Intervenção do Ministério Público. 1ª ed., SP: Saraiva, p. 
273/4 - grifo nosso). 
 
A lei, especialmente no já mencionado artigo 26 do Código Civil Brasileiro, incumbiu o 
Ministério Público do poder/dever de velar pelas fundações, o que implica, necessariamente, 
em verificar, também, se a destinação dada ao patrimônio das referidas entidades está de 
acordo com o ordenamento jurídico. 
 
CLÓVIS BEVILÁQUA, ensinando sobre a atuaçãoministerial decorrente da imposição do 
artigo 26 do Código Civil, disse que o caráter fiscalizatório consiste fundamentalmente: 
 
"... na aprovação dos estatutos e das suas reformas; em velar para que os bens não sejam 
malbaratados por administrações ruinosas, ou desviados dos destinos a que os aplicou o 
instituidor..." (Código Civil Comentado, v. 1, p. 234 - grifo nosso). 
 
Na mesma linha de raciocínio, entendimento do E. STF: 
 
"Ministério Público - Fundação - Fiscalização das Fundações - Afastamento de diretores - 
Medida preventiva - Legitimidade ativa - Procedimento adequado. Velar significa estar 
atento, estar alerta, estar de sentinela, cuidar, interessar-se grandemente, proteger, 
7 
 
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patrocinar, o que inclui promover ação, evidentemente entre os atos fiscais, tem o Ministério 
Público a faculdade de pleitear as medidas mais convenientes para corrigir os erros de uma 
administração danosa e malversação do patrimônio, culminando com o afastamento dos 
diretores, até que medida definitiva seja instaurada" (STF, 2ª Turma, 1976, rel. Min. Moreira 
Alves - Jurisprudência Brasileira, 52/50-4 - grifo nosso). 
 
 
II- DO MÉRITO 
 
A FUNDAÇÃO (X) foi instituída pelos Drs. (A), (C), (H), (E), (D) e (B), com a devida 
aprovação do Ministério Público, por esta Promotoria Especializada de Fundações, nos idos 
de 1987. 
 
Seus objetivos encontram-se descritos no artigo 2º de seu Estatuto, nos seguintes termos: 
 
"Art. 2º - Tem a Fundação por objeto promover a manter, em caráter beneficiente, serviços 
assistenciais, culturais e científicos do Hospital Prontocor, sediado nesta Capital, na rua 
Sergipe, 1.456, tais como: 
 
a) prestar assistência médica gratuita, dentro das disponibilidades técnicas, a pessoas 
carentes de recursos financeiros; 
 
b) incentivar estudos e pesquisas médico-científicas, bem como promover aperfeiçoamento 
cultural e profissional do corpo clínico e de enfermagem do Hospital; 
 
c) promover congressos, reuniões e conferências científicas; 
 
d) manter, dentro das possibilidades, bolsas de estudo para estudantes de medicina; 
 
e) promover campanhas de saúde pública. (doc. 3 - original sem grifos). 
 
Conforme guias de importação em anexo (doc. 4), dentre os bens que constituem o 
patrimônio da Fundação encontra-se um EQUIPAMENTO DE RESSONÂNCIA 
MAGNÉTICA SUPERCONDUTIVA MODELO SMT 100, IMPORTADO, composto de: 
Gamtry (com magneto de autoproteção), cama de pacientes, unidade de força, amplificador 
8 
 
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de força RF, unidade de controle e medida, console para exame, console diagnóstico de 
imagem, refrigerador e unidade de força, material de proteção RF, recipiente para gás hélio - 
2.000 litros, camêra multiformato modelo MI-20HR e ACESSÓRIOS: 8 (oito) bobinas de 
detecção (corpo inteiro, cabeça, pescoço flexível, circular, circular flexível, coluna, joelho e 
órbita, eletrocardiograma, jogo de instrumentos de regulagem do paciente, jogo de monitor 
de respiração, cartucho de disco óptico, disco floppy, jogo de acessórios para transferir gás e 
espectro de ajuste. 
 
Referidos bens foram avaliados recentemente pela própria diretoria da Fundação em US$ 
...................................................................., equivalentes a aproximadamente R$ .................. 
milhões de reais (doc. 5). 
 
Pois bem. 
 
Recentemente, a Fundação protocolou nesta Promotoria Especializada de Fundações 
requerimento de visto em ata da 13ª Reunião Extraordinária da Assembléia Geral da 
Fundação em questão (doc. 6). 
 
Analisando o teor da citada ata, esta Promotoria Especializada de Fundações tomou 
conhecimento que, em ......................, os membros da diretoria e do Conselho Curador da 
Fundação, por unanimidade, aprovaram proposta de dar-se em garantia nos seguintes 
processos de execução movidos por ............................. (em regime de liquidação 
extrajudicial) contra as pessoas físicas que ocupam cargos de direção na Fundação e ........... 
- pessoa estranha à Fundação e presumivelmente esposa do presidente da Fundação o bem 
pertencente à Fundação, anteriormente discriminado e avaliado em aproximadamente R$ 
....................................: 
 
Nº da Execução,Pessoas Físicas Executadas, Valor da Execução, Vara onde tramita a 
Execução.................. 
 
1. (F) (devedora) 
 
2. (A) (avalista) R$ .......... ... V. Cível .. 
 
............ 1. (C) (devedor) 
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2. (B) (avalista) 
 
3. (A) (avalista) R$ ......... 18ª V. ....... 
 
............ 1. (G) (devedor) 
 
2. (C) (avalista) 
 
3. (A) (avalista) R$ ............ ... Cível ...... 
 
............ 1. (A) (devedor) 
 
2. (D) (avalista) 
 
3. (E) (avalista) R$ ......... .. V. Cível . 
 
Restou consignado, mais, na citada ata a "relevância da garantia de bens da Fundação para 
penhora nos processos acima contra seus sócios fundadores, uma vez que, sendo esta 
Fundação sem fins lucrativos, os mesmos sócios contraíram, em seus nomes estas dívidas 
para adquirirem bens em prol da própria Fundação, uma vez que esta não tem cadastro 
suficiente para contrair empréstimos bancários." (sic - original sem grifos). 
 
Cumpre salientar que referidos bens foram efetivamente nomeados à penhora, conforme 
petições atravessadas nos autos das execuções em questão (doc. 7). 
 
Necessário acrescentar que o próprio exequente, ciente da temeridade e ilegalidade da 
referida nomeação, como se verá mais adiante em tópico próprio, cuidou de recusar referida 
nomeação em todas as execuções, nos seguintes termos: "3. Mais além. Impossível aceitar-
se que uma fundação, mesmo que privada, ofereça bens seus para garantir débitos de seu 
diretor presidente. 4. Sabendo-se que o patrimônio de uma fundação, pública ou privada, 
tem natureza pública, sendo velado por órgão específico do Ministério Público - Curadoria 
de Fundações, impossível querer dele dispor qualquer dos membros de sua diretoria ou de 
seu conselho, em benefício de qualquer um deles, ou mesmo terceiros. 5. Isto coloca em 
risco o próprio objeto da fundação, ou seja, a consecução de um fim, amparada por seu 
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patrimônio a lhe dar respaldo financeiro. 6. Outro problema inseparável estaria na evidente 
evasão fiscal que se pretende perpetrar. Como as fundações possuem isenções tributárias 
diversas e não podem distribuir lucros entre os diretores ou conselheiros, a garantia de 
dívidas destes pelo patrimônio daquela poderá representar, ao final, transgressão da norma 
tributária, transferindo-se indevidamente patrimônio obtido por receitas isentas de tributação 
às pessoas de seus diretores ou conselheiros.." (sic - doc. 8). 
 
 
III- DO DIREITO 
 
1- DA DESVINCULAÇÃO DOS BENS/PATRIMÔNIO DA FUNDAÇÃO DO 
PATRIMÔNIO DE SEUS INSTITUIDORES 
 
Quando um patrimônio vem a constituir uma fundação - a dotação inicial, ele se desvincula 
do instituidor, adquire personalidade jurídica própria, deixando de ter qualquer atribuição ou 
vínculo com aquele. 
 
Significa que, uma vez registrados o estatuto e a escritura de instituição da fundação no 
Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, o patrimônio, ou dotação, deixa de pertencer 
aos instituidores. Será então administrado por órgãos componentes da fundação, que deverão 
cumprir a vontade descrita no ato de instituição. 
 
Nesse sentido, nos ensina VICENTE RÁO: 
 
"... quando a lei fala em dotação de bens livres, não se refere, apenas, a bens corpóreos 
móveis ou imóveis, em sentido estrito, mas a todosos valores patrimoniais, inclusive aos 
direitos desta natureza que no sentido genérico da expressão 'bens' se compreendem... os 
bens das fundações, por afetados a um destino certo, são, de sua natureza, inalienáveis. Sua 
inalienabilidade é, sem dúvida, relativa e comporta a substituição por outros bens, mediante 
sub-rogação processada em juízo e fiscalização do Ministério Público. (TOMÁZ DE 
AQUINO RESENDE. Novo Manual de Fundações, Ed. Inédita, BH, 1997, p.33 - grifo 
nosso). 
 
O mesmo se diz em relação aos bens posteriormente adquiridos ou incorporados ao 
patrimônio de uma fundação por doação ou qualquer outra forma de aquisição. 
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2 - DA IMPOSSIBILIDADE LEGAL DE ALIENAÇÃO DE BENS DA FUNDAÇÃO 
OU DE SUA NOMEAÇÃO À PENHORA PARA RESPONDER PORDÍVIDAS 
PARTICULARES CONTRAÍDAS POR SEUS DIRETORES OU CONSELHEIROS 
 
Inexiste nas leis brasileiras qualquer dispositivo que determine a inalienabilidade de bens 
pertencentes a fundações. Todavia, vale salientar que todos os bens que compõem o 
patrimônio vinculado ao escopo da fundação, a partir do registro desta, são relativamente 
indisponíveis e estão vinculados aos objetivos desejados pelo instituidor. 
 
Segundo ensinamento de CLÓVIS BEVILÁQUA, citada inalienabilidade pode ser absoluta 
ou relativa: 
 
"Absolutamente inalienáveis são as coisas que não podem ser objeto de apropriação 
individual, tais como o ar, a luz. 
Relativamente inalienáveis são as coisas que, embora suscetíveis de apropriação, por 
considerações diversas de defesa social e proteção à pessoa a lei proíbe de alienar." (Ob. 
cit., p. 35). 
 
Portanto, a inalienabilidade dos bens pertencentes a fundações decorre da destinação certa e 
determinada daqueles bens a um fim. 
 
No caso sub judice, a inalienabilidade dos bens em questão decorre de sua destinação, 
constante do estatuto da Fundação - prestação de assistência médica gratuita pessoas 
carentes (art. 2º, a, do estatuto, alhures transcrito). 
 
A propósito, o seguinte excerto jurisprudencial: 
 
"A fundação é uma entidade cuja natureza não consiste na coletividade dos seus membros, 
mas na disposição de coisas em vista de certos e determinados fins. Os bens que constituem 
o patrimônio das fundações são inalienáveis; e o são porque as pessoas que os administram 
não são seus proprietários e ainda porque a fundação é patrimônio personificado pela 
finalidade a que é destinado." (excerto de ac. da 3ª Câm. do Tribunal de Apelação de São 
Paulo, Ap. nº 413, São Paulo, j. em 22/11/1938, rel. Des. João Marcelino Gonzaga, original 
sem grifo). 
 
12 
 
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Neste mesmo sentido, arguta observação do Em. Procurador de Justiça do Rio Grande do 
Sul, Dr. Luiz Carlos Ziomkowski: 
 
"Além disso, observa-se que, uma vez instituída a Fundação, seus bens tornam-se 
inalienáveis, independente de qualquer manifestação expressa de seu instituidor. 
 
Com efeito, o art. 69, do Código Civil, dispõe que 'São coisas fora do comércio as 
insusceptíveis de apropriação e as legalmente inalienáveis'. As primeiras (...). As segundas, 
por seu turno, são as que o direito subtrai de circulação ou, no dizer de Clóvis, as que 'por 
considerações diversas de ordem social e proteção às pessoas, a lei proíbe de alienar', como: 
os bens dotais (art. 293 do CC), o bem de família (art. 72 do CC), as inalienáveis por 
imposição do testador ou doador (art. 1.676 CC) e, por fim, as coisas inalienáveis em razão 
de seu destino, como nas fundações, o que, embora não expresso em nenhum texto de lei, 
decorre, na lição de Vicente Ráo: ' ... lógica e juridicamente, da permissão legal de vincular 
bens a um destino certo e determinado' (RT 138/18-21). (...). Quanto à inalienabilidade, 
ainda, Washinton Monteiro de Barros preleciona que: ' ... normalmente, esses bens são 
inalienáveis, porque sua existência é que assegura a concretização dos fins visados pelo 
instituidor (RT 52/661), Não podem eles, portanto, ser desviados de seu destino." (Das 
fundações e dos seus bens, Fundações 5/17-18). 
 
Assim, patente a nulidade do citado ato dos Diretores da Fundação, corroborado por seu 
Conselho Curador. 
 
 
3 - DA TEMERIDADE DO ATO PRATICADO PELOS ATUAIS DIRETORES DA 
FUNDAÇÃO, IMPLICANDO EM INEQUÍVOCA DEMONSTRAÇÃO DE GESTÃO 
DISSOCIADA DOS INTERESSES DA FUNDAÇÃO E EM RISCO AO 
PATRIMÔNIO E, AFINAL, À PRÓPIRA EXISTÊNCIA DA FUNDAÇÃO. 
 
Segundo entendimento jurisprudencial corrente, 
 
"Os simples administradores da fundação não têm a faculdade de livre alienação de bens que 
lhes foram confiados para a realização de finalidades determinadas." (excerto de ac. do 
TJSP, ap. nº 30.095, 12/06/47, rel. Des. Clóvis de Moraes Barros, RT 169/127). 
 
13 
 
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Pois bem. 
 
Ao convocarem Assembléia Geral Extraordinária da Fundação para deliberar sobre 
autorização para nomeação de bens de seu ativo permanente à penhora em execuções em 
que figuravam os réus - pessoas físicas -como executados (doc. 09) e/ou concordarem 
tácita ou expressamente com referida convocação de AGE (posteriormente ratificando tal 
concordância, na medida em que votaram favoravelmente à referida nomeação de bens da 
Fundação à penhora), os réus, administradores da Fundação, praticaram, além de ato ilegal 
em função da indisponibilidade de tais bens - conforme anteriormente salientado, inequívoco 
ato de gestão temerária e desvinculada dos interesses da Fundação, visando apenas e tão 
somente o seu interesse particular. 
 
Isto porque referidas execuções contra as pessoas físicas dos réus, inclusive contra pessoa 
estranha aos quadros administrativos da Fundação - presumivelmente esposa de seu 
Presidente, repita-se, têm como supedâneo contratos de abertura de crédito entre os 
réus/executados e exequente, firmados em .......... (doc. 10). 
 
Nem mesmo a singela desculpa de que referidos empréstimos teriam sido contratados para a 
compra de equipamentos para a Fundação se presta a minimizar a gravidade e temeridade do 
questionado ato, na medida em que: 
 
1. referidos contratos foram firmados em .......... e a compra do aparelho da Fundação dado 
bem garantia nas execuções data de anos antes, conforme Guia de Importação do referido 
aparelho, datada de .......... (doc. 04). 
 
2. do cotejo de todas as atas de reuniões de Assembléias Gerais da Fundação, desde sua 
criação, não se faz menção, em momento algum, à tomada de qualquer empréstimo da 
Fundação e muito menos de pessoas físicas diretoras da Fundação para a aquisição de 
qualquer bem em nome da Fundação (doc. 11). 
 
Praticaram os réus ato nocivo aos interesses da Fundação e capaz de inviabilizar seu futuro, 
na medida em que o bem em questão é o principal e mais caro bem que compõe seu 
patrimônio, conforme se infere de prestação de contas da Fundação anteriormente entregue 
ao Ministério Público (doc. 12). 
 
14 
 
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Percebe-se claramente, in vero, que o ato em questão teve como motivação única os 
inconfessáveis interesses particulares dos réus. 
 
A propósito de tal fato, a análise da questão trazida aos autos das execuções pelo exequente: 
 
4. Sabendo-se que o patrimônio de uma fundação, pública ou privada, tem natureza pública, 
sendo velado por órgão específico do Ministério Público - Curadoria de Fundações, 
impossível querer dele dispor qualquer dos membros de sua diretoria ou de seu conselho, em 
benefício de qualquer um deles, ou mesmo terceiros. 5. Isto coloca em risco o próprio 
objeto da fundação, ou seja, a consecução de um fim, amparada por seu patrimônio a lhe darrespaldo financeiro. 6. Outro problema inseparável estaria na evidente evasão fiscal que se 
pretende perpetrar. Como as fundações possuem isenções tributárias diversas e não podem 
distribuir lucros entre os diretores ou conselheiros, a garantia de dívidas destes pelo 
patrimônio daquela poderá representar, ao final, transgressão da norma tributária, 
transferindo-se indevidamente patrimônio obtido por receitas isentas de tributação às 
pessoas de seus diretores ou conselheiros.. (original sem grifo). 
 
 
4 - DA COMPROVAÇÃO DE PLANO DA VEROSSIMILHANÇA DAS 
ALEGAÇÕES FEITAS - FUMUS BONI IURIS E DO PERICULUM IN MORA 
EM RELAÇÃO À PROVIDÊNCIA MAIS ADIANTE SOLICITADA 
 
É sabido que entre a interposição da demanda e a providência satisfativa do direito de ação 
(sentença ou ato executivo) medeia necessariamente um certo espaço de tempo, que pode ser 
maior ou menor conforme a natureza do procedimento e a complexidade do caso concreto. 
 
É indubitável, portanto, que o transcurso do tempo exigido pela tramitação processual pode 
acarretar ou ensejar variações irremediáveis não só nas coisas como nas pessoas e relações 
jurídicas. 
 
Daí, então, surge a possibilidade da tutela cautelar que, segundo HUMBERTO 
THEODORO JÚNIOR: 
 
"Consiste no direito de provocar, o interessado, o órgão judicial a tomar providências que 
conservem e assegurem os elementos do processo (pessoas, provas e bens), eliminando a 
15 
 
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ameaça de perigo ou prejuízo iminente e irreparável ao interesse tutelado no processo 
principal; vale dizer: a ação cautelar consiste no direito de assegurar que o processo possa 
conseguir um resultado útil' (Enrico Tulio Liebman. Manuale di Diritto Processuale Civile. 
Ed. 1968, v. I, n. 36, p. 92)". (Curso de Direito Processual Civil. Vol. II, RJ: Forense, 16ª 
ed., 1996, p. 362 - grifo nosso). 
 
Comprovado documentalmente que: 1) o bem dado em garantia às execuções ajuizadas 
contra os réus pertence ao patrimônio da Fundação (X); 2) referido bem é inalienável por 
destinação que lhe foi dada, prestando-se à garantia de serviço de grande abrangência social 
prestado pela Fundação; 3) o ato de dar tais bens em garantia implica em inequívoca 
administração temerária e desvinculada aos interesses da Fundação, levando em conta 
apenas os interesses pessoais de seus administradores. 
 
Assim, encontra-se presente a fumaça do bom direito invocado, traduzida na 
verossimilhança das alegações colocadas e provadas de plano, junto à inicial. 
 
Por seu turno, o perigo na demora da obtenção da medida judicial ora postulada é concreto e 
real. Decorre ele da possibilidade de que tal nomeação seja aceita pelo exequente e/ou em 
função de decisão judicial em 1ª ou 2ª Instâncias nas execuções mencionadas, com a 
enorme possibilidade de prejuízo material em caso de serem improcedentes os embargos a 
execução a serem aviados pelos réus/executados, suportando a Fundação prejuízo material 
de grande monta que inviabilizaria em parte, não mensurável, a consecução de seus 
objetivos estatutários. 
 
 
5 - DA NECESSIDADE DE DEFERIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA, NOS 
TERMOS DO ART. 273, DO CPC 
 
O Código de Processo Civil, em seu art. 273, dispõe: 
 
"Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos 
da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da 
verossimilhança da alegação e: 
 
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou 
16 
 
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II - fique caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do 
réu." 
 
Em relação à antecipação da tutela sem a oitiva do réu, doutrina ,E1>NELSON NERY 
JÚNIOR: 
 
"Quando a citação do réu puder tornar ineficaz a medida, ou, também, quando a urgência 
indicar a necessidade de concessão imediata da tutela, o juiz poderá fazê-lo inaudita altera 
pars, que não constitui ofensa, mas sim limitação imanente do contraditório, que fica 
diferido para momento posterior do procedimento." (Código de Processo Civil Comentado, 
RT, SP, 3ª ed., 1997, p. 545, original sem grifos). 
 
No que pertine à liminar pleiteada, além da inegável presença dos pressupostos para a 
concessão da medida cautelar, quais sejam a verossimilhança das alegações - fumus boni 
iuris e a irreparabilidade do prejuízo - periculum in mora, há de ser considerada a 
possibilidade de que o simples decurso do prazo, objetivamente considerado, será, por si 
mesmo, suficientemente capaz de tornar prejudicado ou inócuo o resultado da lide. Percebe-
se, portanto, que um dos aspectos fundamentais dessa tutela cautelar initio litis reside num 
fator temporal objetivo, pois caso não seja concedida a tutela cautelar antecipadamente, 
poderá ocorrer a penhora do bem dado em garantia nas execuções em função de decisão da 
instância originária ou recursal. 
 
Segundo recomendação de FREDERICO MARQUES: 
 
"Para conceder liminarmente a medida cautelar inaudita altera pars deve o juiz proceder com 
prudência e cuidado; todavia não lhe é dado esquecer que da antecipação e rapidez depende 
quase sempre o resultado eficaz da medida cautelar" (Manual de Direito Processual Civil, 
Saraiva, 1976, 4ª ed., p. 369 - grifo nosso). 
 
Em brilhante artigo publicado, nos ensina o i. Prof. DARCI GUIMARÃES RIBEIRO: 
 
"Um processo para ser justo, instrumental, não deve ser encerrado num único procedimento, 
pois ao nivelar os direitos ele se refugia em uma resposta globalmente injusta. É este o 
sentido do ressuscitado artigo 75 do Código Civil, que diz que a cada direito corresponde 
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uma ação que o assegura. Nota-se que a lei fala em assegurar, não satisfazer, declarar. (A 
Instrumentalidade do Processo. RJ nº 206. Dez/94., p. 05)." (JURIS nº 14 - grifo nosso). 
 
Mais uma vez nos ensina o eminente jurista HUMBERTO THEODORO JÚNIOR: 
 
"Haverá, contudo, sempre situações de fronteira, que ensejarão dificuldades de ordem 
prática para joeirar com precisão uma e outra espécie de tutela. Não deve o juiz, na dúvida, 
adotar posição de intransigência. Ao contrário, deverá agir sempre com maior flexibilidade, 
dando maior atenção à função máxima do processo, a qual se liga à meta da 
instrumentalidade e da maior e mais ampla efetividade da tutela jurisdicional. É preferível 
transigir com a pureza dos institutos do que sonegar a prestação justa a que o Estado se 
obrigou perante todos aqueles que dependem do Poder Judiciário para defender seus direitos 
e interesses envolvidos em litígio... (Tutela Antecipada. RJ 232. Fev/97, p. 05)". (JURIS nº 
14 - grifo nosso). 
 
 
IV- DOS PEDIDOS 
 
Ante o exposto, requer o Ministério Público, por seu Curador de Fundações: 
 
1. Seja deferido, LIMINARMENTE e inaudita altera pars, tutela antecipada declarando nula 
a decisão dos órgãos de administração e deliberação da Fundação (X) que deliberaram sobre 
a nomeação à penhora de bens da Fundação em garantia de execuções ajuizadas contra seus 
Diretores/réus, com imediata comunicação aos r. Juízos desta comarca onde tramitam os 
processos de execução anteriormente mencionados; 
 
2. A citação dos réus para eventuais considerações de suas partes; 
 
3. A confirmação posterior e definitiva da tutela antecipada pleiteada; 
 
4. Após regular trâmite processual, o afastamento dos réus/Diretores da Fundação em face 
da prática de ato inequívoco de gestão temerária e descompromissada com os interesses 
maiores da Fundação, com a conseqüente nomeação de pessoas idôneas para o exercício de 
tais cargos.18 
 
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Dá-se à causa o valor de R$ ..... 
 
Nesses Termos, 
Pede Deferimento. 
 
[Local], [dia] de [mês] de [ano]. 
 
[Assinatura] 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
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2. Agravo de Instrumento 
 
EXMO SR. DR. JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO 
ESTADO DO ..... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O ESPÓLIO DE ......, representado por ....., brasileiro (a), (estado civil), 
profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e 
domiciliado (a) na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de seu 
(sua) advogado(a) e bastante procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório 
profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe 
notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO 
 
em face de 
 
não se conformando com a respeitável decisão de fls. ....... a .........., publicada no Diário da 
Justiça de ..... de ........... do corrente ano, com fundamento nos art. 522 e seguintes do 
Código de Processo Civil e demais dispositivos legais aplicáveis à espécie, requerendo o seu 
processamento e julgamento por esse egrégio TRIBUNAL DE JUSTIÇA, através de sua 
Colenda Câmara Cível, a quem couber por distribuição, cujas razões inclusas ficam fazendo 
parte integrante da presente. 
 
Em cumprimento ao disposto no art. 525, I e II do Código de Processo Civil, instrui o 
presente recurso com cópia devidamente autenticada das peças obrigatórias do processo. 
 
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Em cumprimento ao disposto no art. 524, III, do Código de Processo Civil, informam que o 
advogado do Agravante é o Dr. ......., Inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do 
..............., sob nº ..........., com endereço nesta .........................., à Av. ............. Nº ......., conj. 
..........., sendo que os procuradores do Agravado são os Drs. .................. e ................, 
respectivamente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do ..............., sob os nºs 
................. e ................, conforme instrumento de mandado de fls. ........ . 
 
Por fim, juntam, em anexo, conforme determina o art. 525, § 1º, do Código de Processo 
Civil, o comprovante do pagamento das respectivas custas. 
 
 
 
RAZÕES 
 
COLENDA TURMA DISTRIBUENDA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO 
DO ........ 
 
 
I- DOS FATOS 
 
A presente ação de desapropriação foi julgada procedente, tendo a r. Sentença de primeiro 
grau adotado o laudo pericial para o cálculo da indenização, conforme se infere da decisão 
de fls. .... e seguintes. 
 
A citada decisão sofreu parcial reforma em grau de recurso da apelação, tendo os v. Acórdão 
de fls. ...... e seguintes e fls. ..... e seguintes transitado em julgado, nos termos da certidão de 
fls. ....... v. (Carimbo de numeração TJ). 
 
Pela r. Decisão de fls. ....... v., foi homologado o cálculo de fls. ...../......, de R$ ............ em 
....... de ........., que considerou o valor do saldo devedor remanescente. 
 
Efetuado o pagamento, o Agravante requereu o prosseguimento da execução de título 
judicial, nos termos da petição de fls. ....... e seguintes, uma vez que os pagamentos que 
haviam sido realizados anteriormente estavam incompletos, sobretudo porque a conta 
homologada deixou de computar os índices de IPC de ............ e ............ de .............., .......... 
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e ............ de .........., nos percentuais respectivos de ...........%, ............% ..............% e 
...........%, bem como os juros moratórios. 
 
Levando-se em consideração tais índices, a execução requerida pelo Agravante chegou ao 
montante de R$ ...................., em ................ de ........ . A pretensão foi impugnada pela 
Agravada (fls. ......./........, mas foi devidamente acatada pela decisão de fls. ......., que 
determinou a inclusão do IPC de ........ e ............ de ......... e ......... e ......... de ........., 
determinando ainda a remessa dos autos ao Contador Judicial. 
 
Desta forma, o Contador Judicial apontou como saldo remanescente o valor de R$ 
..................., conforme cálculo de fls. ....... e ......, sendo que as fls. ...... e seguintes a 
Agravada manifestou-se contrária ao período de aplicação do juros moratórios. O juízo 
singular, baseando-se inclusive em outra conta elaborada pela Procuradoria Geral de Justiça, 
considerou correto o cálculo e determinou a citação da Agravada para pagamento em 24 
horas (decisão de fls. ....). 
 
Às fls. ......., citada para pagamento, a Agravada simplesmente informou não dispor de bens 
livres para oferecer à penhora, pois seu patrimônio é todo ele pertencente ao seu entre 
controlador, o Município de ............... Por sua vez, devidamente citado, o Município 
concordou com o pagamento da dívida, requerendo, no entanto, sua citação de acordo com o 
art. 730, do Código de Processo Civil, nos termos da manifestação de fls. ...... . 
 
A pedido do Agravante, foi penhorado numerário (insuficiente para garantir a dívida) em 
contas correntes da Agravada, tendo então sido opostos embargos à execução, os quais até o 
presente momento não tiveram regular prosseguimento, justamente em razão da não garantia 
do quantum exequendo, o que ensejou determinação judicial para complementaçào do 
depósito. 
 
Ocorre que, mesmo após a oposição de seus embargos à execução, a Agravada formulou 
pedido de exceção de pré - executividade, tendo às fls. ..... e seguintes, aduzido e requerido, 
em resenha, o seguinte: 
 
a) Nulidade processual, por falta de publicação da decisão de fls. ....., que determinou a 
aplicação dos índices do IPC e remessa dos autos ao contador; 
 
22 
 
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b) Preclusão e coisa julgada sobre a matéria, pelo fato de outras contas terem sido 
homologadas anteriormente, as quais não previram o cômputo dos IPCs e, 
 
c) Extinção da execução, pelos dois motivos citados acima. 
 
Após a manifestação do Agravante, consubstanciado na petição de fls. ....... e seguintes, 
sobreveio a decisão recorrida, lançada nos seguintes termos: 
 
P2>"(...) 5. A objeção de pré - executividade sob comento (fls. ......./........) merece acolhida 
parcial. Senão vejamos. 
6. Primeiramente, é de se dizer que da decisão de fls. ......, o Executado não foi intimado, 
razão pela qual os atos processuais que se lhe seguiram e que foram desencadeados em razão 
da mesma, devem ser reputados nulos, conforme já anotou o Ministério Público (fls. .......), 
amparado na lição de HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, "há cominação expressa de 
nulidade para esses atos quando feitos sem observância das prescrições legais." 
7. Ademais, assiste razão ao Executado quando afirma que, diante da homologação da conta 
realizada anteriormente à decisão de fls. ...... ( a qual não foi impugnada pelo Exequente no 
prazo legal, através do competente recurso ), operou-se a preclusão, não havendo mais a 
possibilidade de se falar na incidência do IPC. 
... 
9. Encaminhe-se ao Contador a fim de que informe se ainda existe saldo remanescente, 
observando-se que o cálculo não deve incluir o IPC, conforme já anotado acima." 
 
Enfim, esta é a decisão agravada, que em suma acatou a exceção de pré - executividade,a 
qual, data venia, não deve prosperar. 
 
Senão vejamos 
 
 
II- DO DIREITO 
 
Conforme já se destacou, a tese da Agravada reside basicamente em dois fundamento, à 
saber; (I) falta de intimação da decisão de fls. ........ e (II) preclusão e coisa julgada das 
decisões homologatórias proferidas anteriormente. 
 
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Ambos os apontamentos, à despeito de terem sido integralmente acatados pelo douto juízo 
agravado, que o fez sem qualquer apreciação das razões apresentadas oportunamente pelo 
Agravado, são improcedentes. 
 
Comecemos pela suposta nulidade processual. 
 
A decisão de fls. ......, proferida após a provocação do Agravante contida em sua petição de 
fls. ..... e seguintes, se não foi efetivamente publicada (pois não se tem prova disto nos autos) 
já era de pleno conhecimento da Agravada, de sorte que a suposta ausência de intimação 
não lhe gerou nenhum prejuízo, podendo-se até mesmo falar em preclusão para sua 
impugnação. 
 
Isto porquê, 
 
Do cálculo fls. ..../......., que foi realizado em decorrência, frise-se, do despacho de fls. ......., 
a Agravada foi formalmente intimada e definitivamente apresentou sua manifestação 
(petição de fls. ......./.......), na qual não teceu nenhum comentário acerca daquela decisão. 
Não a impugnou e nem com ela expressamente concordou; resumindo-se entretanto, a se 
inconformar com a conta. 
 
Assim, admitindo-se apenas por hipótese que a decisão de fls. ........ não restou publicada, é 
certo que a Agravada deixou de apresentar sua manifestação, ou quiçá inconformismo, na 
primeira oportunidade que lhe surgiu para falar nos autos, tal como preceitua nosso Código 
de Processo Civil, em seu: 
 
"Art. 245: A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber a 
parte falar nos autos, sob pena de preclusão." 
 
A Agravada, no entanto, deixou de fazê-lo na primeira oportunidade, pois, como já se viu, 
apresentou apenas sua impugnação com relação ao cálculo (fls. .......), que foi elaborado 
justamente em atendimento a decisão de fls. ......., sendo certo ainda que até a apresentação 
de sua exceção de pré - executividade diversas foram as vezes em que a Executada falou nos 
autos, sem nunca ter levantado qualquer sorte de nulidade: 
 
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- Fls. ........, requerimento da Agravada, fazendo breve relatório do processo, e concluindo 
com a impugnação do cálculo de fls. ......., notadamente com relação ao período de aplicação 
dos juros moratórios; 
- Fls. ......, pedido da Agravada para substituição nas intimações de seu procurador; 
- Fls. ......, pretensão da Agravada no sentido de transferir a obrigação de pagamento para o 
Município de .............; 
- Fls. ......, certidão dando conta que os autos estavam carga ao procurador da Agravada 
desde a data de ..../..../......., tendo somente sido devolvido após intimação de cobrança ( 
mandado de fls. .......) e, 
- Fls. ....., novo pedido da Agravada para substituição nas intimações de seu procurador. 
 
Veja-se, que em todas essas manifestações, a Agravada mesmo tendo feito carga dos autos, 
tanto que foi intimada a devolvê-los (fls. .....), jamais levantou a existência de alguma 
nulidade. Teve oportunidade para fazê-lo, não o fez, daí porque a matéria está preclusa, ex vi 
do dispositivo processual supra citado. 
 
O colendo Superior Tribunal de Justiça já teve oportunidade de emitir seu posicionamento 
sobre este tema, tendo assentado que a alegação de nulidade deve ser feita oportunamente, 
sob pena de preclusão, valendo destacar neste sentido o julgamento do RESP nº 325.211/ 
TO, em cujo feito foi relator o Min. José Delgado, de cujo V. Acórdão, publicado no DJ de 
03.09.2001, extrai-se a seguinte ementa: 
 
"PROCESSUAL CIVIL. JUNTADA DE DOCUMENTOS (LAUDOS AVALIATÓRIOS). 
MANIFESTAÇÃO NOS AUTOS, POR TRÊS VEZES, ANTERIOR À SENTENÇA. 
AUSÊNCIA DE INTERVENÇÃO SOBRE FALTA DE INTIMAÇÃO PARA FALAR DA 
JUNTADA. PRECLUSÃO. PRECEDENTES. 
 
1. Recurso Especial interposto contra v. Acórdão que entendeu que "não há cerceamento de 
defesa a ensejar a nulidade da sentença, quando, após a juntada dos laudos de avaliações, 
houve a intervenção da apelante nos autos e esta nada alegou". 
2. O art. 162, em seu § 4º, do CPC, dispõe que "os atos meramente ordinários, como a 
juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo 
servidor e revistos pelo juiz quando necessários"(de acordo com a Lei nº 8.952/94). 
3. Os documentos (laudos avaliatórios dos imóveis) que ensejaram o pedido de nulidade são 
os constantes das fls. 82/85. 
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4. Após a juntada, a recorrente teve três oportunidades para alegar a nulidade da falta de 
intimação para se manifestar sobre os documentos (na petição de fls. 108/109; na audiência 
de Instrução e julgamento, às fls. 111/116; e quando da apresentação do memorial às fls. 
125/128). Em todos estes momentos processuais o patrono da recorrente não formalizou 
qualquer protesto acerca dos laudos juntados aos autos. 
5. Tais fatos assinalaram a não ocorrência do aduzido cerceamento de defesa, pois não 
existiu, no momento oportuno, alegação para tanto. 
6. Inexiste nulidade do acórdão a quo e da r. Sentença pelo fato de não ter sido aberto vista à 
recorrente sobre os documentos juntados aos autos, se ela, no decorrer das intervenções, não 
se manifestou contra o ato, nem mesmo quando tomou ciência do mesmo. 
7. Precedentes desta Corte Superior. 
8. Recurso improvido.- 
 
E nossa mais balizada doutrina conjuga do mesmo entendimento, tal como se observa da 
lição de Fábio Gomes, in "Comentário ao Código de Processo Civil", ed. RT. Vol. 3.2000, 
pag. 44 e 45: 
 
"(...) Aliás, quanto à percussão importa que se ressalve não se operar apenas pelo decurso do 
prazo. Poderá ocorrer também a chamada preclusão lógica, ou seja, pela prática de um outro 
ato incompatível com o primeiro, e bem assim preclusão consumativa, decorrente esta do 
fato de haver sido exercido o direito de praticar o ato, mas de forma defeituosa ou 
incompleta, com o que restará inviabilizada a sua repetição ou completamente, mesmo que o 
prazo não tenha fluido por inteiro (...)" 
 
E mais adiante, conclui o mesmo autor, agora citando Antonio Janyr Dall'Agnol Júnior, que: 
 
"A perda do direito à prática dos atos processuais em decorrência da preclusão coaduna-se à 
dinâmica do processo, na medida em que é integrado por um conjunto de atos tendentes a 
um determinado objetivo que é a prestação jurisdicional. O procedimento desdobra-se em 
etapas que vão se fechando às partes." 
 
Por outro lado, não se admite a declaração de nulidade de um ato processual, quando não se 
vislumbra prejuízo à parte, não havendo prova nos autos de que a Agravada tenha se 
submetido a algum prejuízo. 
 
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Como se viu, a Agravada teve assegurado seu direito a ampla defesa e somente não usou de 
forma completa por opção própria, estando comprovado que não alegou a suposta nulidade 
na primeira oportunidade que lhe cabia falar nos autos. 
 
Mas também sob outro enfoque não se encontra o necessário prejuízo. É que o pagamento da 
dívida em favor do Agravante não será realizado pela Agravada, mas pelo seu ente 
controlador, vale dizer, pelo Município de ............, que já expressamente concordou com a 
assunção do débito, tanto assim que não formulou impugnação, seja através de embargos à 
execução, seja por meio da exceção de pré - executividade. Daí porque pode-se aproveitar o 
entendimento de que a parte devedemonstrar legitimidade e interesse para figurar no 
processo, cujos requisitos não se acham presentes no caso em tela, pois imaginando-se que a 
decisão agravada seja reformada, o que se espera, resta a indagação: A que sorte de prejuízo 
estará a Agravada vulnerável? Nenhum, pois como já se ressaltou, o pagamento será feito 
pela Municipalidade, através de precatório requisitório. 
 
Sobre a necessidade do prejuízo para o pronunciamento da nulidade, a jurisprudência é 
iterativa, conforme se observa dos seguintes arestos: 
 
"NULIDADE. Prejuízo inexistente. Requerimento feito pela parte que lhe deu causa. 
Decretação. Inadmissibilidade. Aplicação dos art. 243 e 249.§ 1º, do CPC. Não é se 
pronunciar a nulidade quando não houver prejuízo e quando requerida pela parte que lhe deu 
causa, sob pena de se conferir proveito próprio a quem deu margem à irregularidade." - (2º 
TASP, 1ª Câm. Cível, rel. Juiz Franklin Neiva, Apelação Cível nº 221.854). 
E 
"CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ALEGAÇÕES FINAIS. FALTA DE OPORTUNIDADE. 
NULIDADE NÃO ALEGADA NA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO NEM O PRAZO DE 
AGRAVO NESTA SURGIDO. PERCUSSÃO. AUSÊNCIA DE INSTRUÇÃO NEM NO 
PRAZO DE AGRAVO NESTA SURGIDO. PRECLUSÃO. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. 
NULIDADE NÃO DECLARADA. CONTRATO ESCRITO. DESFAZIMENTO POR 
ACORDO TÁCITO. EXISTÊNCIA DESTE NÃO AFIRMADA PELAS INSTÂNCIAS 
ORDINÁRIAS. REEXAME INVIÁVEL NA INSTÂNCIA ESPECIAL. ENUNCIADO Nº 
7 DA SÚMULA / STJ. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO CARACTERIZADA. 
RECURSO DESACOLHIDO. 
 
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I - Em princípio, a regra do art. 454, CPC adota a oralidade como regra na instrução e 
julgamento, sucedendo à instrução a faculdade de as partes sustentarem, oralmente e na 
mesma audiência, suas razões finais antes do julgamento. A substituição dessa fase oral por 
memoriais vincula-se às "questões complexas de fato ou de direito" mencionadas no 
dispositivo, traduzindo-se assim, em exceção à regra. 
II - Ainda a admitir-se a possibilidade de suscitar-se a falta de oportunidade para as 
alegações finais, por memoriais, meses após a audiência, apelação, certo é que a decretação 
de nulidade, no sistema processual brasileiro, deve atender à demonstração de prejuízo, o 
que não ocorreu, na espécie. Trata-se na verdade, da relação ente a forma a ser dada aos atos 
do processo e a finalidade a que visam. 
III - A lei, prelecionava o grande Amilcar de Castro, embora nunca ao arrepio do sistema 
jurídico, deve ser impetrada em termos hábeis e úteis. Com os olhos voltados, aduza-se com 
Recasens Siches, para a lógica do razoável. 
... 
(RESP. 167.383, 4ª turma, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo, j. 08/05/2001, DJ: 15/10/2001, 
pg. 265) 
 
Diante do exposto, ;é de rigor concluir que não há nenhuma irregularidade a ser sanada, 
estando portando afastada a hipótese de nulidade processual, primeiro, porquanto houve a 
preclusão, gerada pela inércia da Agravada e, segundo, porque não se comprovou a 
ocorrência de prejuízo em desfavor da recorrida. 
 
O segundo argumento lançado pela Agravada para desconsiderar a r. Decisão de fls. ....... foi 
a preclusão e coisa julgada com relação as decisões anteriores, que já haviam homologado o 
cálculo do saldo devedor. 
 
Mas ao contrário do que decidiu o douto juízo ad quo, é possível sim a inclusão dos índices 
do IPC, dos meses de ............ e ................ de .............. e ............. e ............. de .........., 
mesmo após já ter sido proferida a decisão homologando a conta do saldo devedor, sem que 
isso possa-se falar em ofensa os institutos da preclusão e coisa julgada. 
 
Em verdade, a confirmação da decisão de fls. ....., que foi revogada pela decisão ora 
agravada, ainda que sem a interposição de recurso, valendo dizer, sem a intervenção do 
segundo grau de jurisdição, está ligada ao princípio constitucional da justa indenização na 
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desapropriação, cujo entendimento autoriza a aplicação dos citados índices, pois que 
importarão na majoração do valor final. 
 
O precedente citado na decisão agravada , data venia, não se aplica ao caso em tela, de vez 
que naquele julgado o Colendo Superior Tribunal de Justiça estava de frente com uma 
situação em que se pretendia a aplicação de índices menores, ou seja, que redundariam na 
redução do valor da indenização, mais especificamente, com a alteração do índice de .......% 
para ...........%. 
 
À época em que a decisão de fls. ...... foi proferida, no mês de .............. de ........., estava 
pacificado o entendimento de que o índice que melhor refletia a realidade econômica era o 
IPC, para os meses de ........... de .......... e ................ e .............. de .........., tendo o juízo 
singular assim se manifestado: 
 
"Em fiel observância ao preceito constitucional da justa indenização na desapropriação, 
entendo cabível a incidência do IPC como fator de correção monetária para os meses de 
................. de .........., ............. e ............ de ........., nas taxas de .......%, ......% e .......%, 
respectivamente, conforme entendimento pacífico jurisprudencial." 
 
A decisão acima citada, que determinou a inclusão do IPC nos percentuais apontados, não 
implicou em ofensa a coisa julgada ou preclusão, sendo este o entendimento predominante 
no Colendo Superior Tribunal de Justiça, conforme aresto abaixo citado, proferido no RESP 
85.826/ DF, citado Theotonio Negrão, in "Código de Processo Civil e legislação processual 
em vigor", ed. Saraiva, 33ª edição, pg. 1797, motivo pelo qual deve a mesma ser 
restabelecida: 
 
"A Corte Especial decidiu que as diferenças de correção monetária, não incluídas em conta 
de liquidação homologada por sentença, podem ser postuladas posteriormente sem ofensa a 
coisa julgada." 
 
Aí está. A corte máxima de justiça, em matéria infra constitucional, alberga totalmente a 
pretensão do Agravante, servindo o precedente supra citado como uma luva para o caso dos 
autos. 
 
 
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III- DOS PEDIDOS 
 
EX - POSITIS: 
 
Reportando-se aos demais pronunciamentos juntos por cópia no presente agravo de 
instrumento, espera e requerer o Agravante que seja dado provimento a este recurso, a fim 
de que reste reformada a decisão agravada e julgada improcedente a exceção de pré - 
executividade oposta pela Agrada, confirmando-se a decisão da fls. ...... e determinando-se o 
regular prosseguimento da execução, tudo por ser de direito e JUSTIÇA. 
 
Nesses Termos, 
Pede Deferimento. 
 
[Local], [dia] de [mês] de [ano]. 
 
[Assinatura do Advogado] 
[Número de Inscrição na OAB] 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. Mandado de Segurança 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .... VARA DA 
FAZENDA PÚBLICA, FALÊNCIAS E CONCORDATAS DE .... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FULANO DE TAL, brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., 
portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º 
....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante 
procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº 
....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui 
respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor 
 
MANDADO DE SEGURANÇA 
 
em face de 
 
DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO ....... - DETRAN - pessoa jurídica de Direito 
Público, com sede e foro na Rua.... nº ...., Bairro ...., nesta ...., com fulcro nos artigos 282 e 
283 do Código de Processo Civil, artigo 5º da Constituição Federal, Lei 5.172/66, Lei 
1.533/51 e demais dispositivos aplicáveis à espécie, especialmente o Código Nacional de 
Trânsito, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. 
 
 
 
 
 
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I- DOS FATOS 
 
O impetrante, em .../.../..., adquiriu de ...., um automóvel de marca ...., modelo ...., ano ...., 
de cor ...., placa ...., Chassis nº ...., conforme documento em anexo. 
 
Para sua surpresa, ao tentar efetuar a transferência do veículo para o seu nome, o impetrante 
deparou-se com uma extensa listagem de infrações anteriormente cometidas e supostamente 
notificadas, que vieram obstar o direito líquido e certo do impetrante de regularizar tal 
situação bem como realizar o emplacamento do referido veículo em virtude da incidência 
das multas aplicadas. 
 
Quando da alienação do veículo, em nome do impetrante, a Sra. .... alegou desconhecer 
qualquer infração, notificação ou qualquer irregularidade relativa ao veículo que estava 
vendendo, como também afirmou o proprietário anterior à Sra. ...., que desconhece tais 
infrações, sendo que não recebeu nenhum tipo de notificação de alguma multa por ele 
cometida quando era proprietário do veículo em questão. 
 
A listagem fornecida pelo DETRAN descreve .... infrações por estacionar o veículo em 
desacordo com a regulamentação, cometidas no período compreendido entre .../.../... e 
.../.../..., quando tal veículo se encontrava na propriedade do Sr. ...., sendo que constam como 
notificadas e vencidas. (listagem do DETRAN/.... em anexo). 
 
Diante de tal situação, o Diretor do órgão impetrado se manifestou no sentido da quitação de 
todas as multas como requisito indispensável para o emplacamento e transferência do 
veículo citado. 
 
 
II- DO DIREITO 
 
O impetrante se vê na obrigação de insurgir-se contra a forma abusiva utilizada pelo Diretor 
do DETRAN para suprir seus cofres, pois não pode nem deve pagar infrações que não 
cometeu, e que, de acordo com o proprietário anterior, nem foram notificadas. 
 
Ora, Eminente Julgador, o impetrante desconhece por inteiro a natureza de tais infrações 
nem tampouco teve qualquer tipo de notificação quando da compra do carro. Ademais, não 
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possui o impetrante condições financeiras para quitar estas multas, uma vez que somadas 
ultrapassam o valor do próprio veículo. 
 
Causa surpresa o fato do órgão impetrado não haver reclamado o pagamento de tais 
pendências, quando da transferência da propriedade do veículo, de .... para .... Pois tal 
procedimento foi realizado após a ocorrência das multas, sem qualquer manifestação por 
parte do DETRAN no sentido de que estas fossem quitadas. 
 
O Decreto-Lei nº 237, de 28 de fevereiro de 1967, que modificou o código Nacional de 
Trânsito, em seu artigo 112, condiciona que a penalidade da multa decorre de julgamento, 
após a notificação do autuado: 
 
"As Autuações por infração previstas neste Código serão julgadas pela autoridade 
competente para a aplicação da penalidade nelas inscritas." 
 
Vale ressaltar o entendimento de nossos tribunais: 
 
"Omitida a formalidade na notificação, viciado estará o processo de autuação" (Ap. Cível 
53/77-TJPR). 
 
Acresce revelar a norma disciplinar do Conselho Nacional do Trânsito - CONTRAN, que 
versa sobre a cobrança de multa extraída à revelia do condutor: 
 
"Uma via do auto de infração lavrado sem a presença do condutor. 
... 
Será remetida ao respectivo proprietário, diretamente ou por via postal, para que fique ciente 
do ocorrido e identifique o faltoso" (resolução nº 437/74.) 
 
Com efeito, nota-se a arbitrariedade do ato impugnado, bem como a coatividade na cobrança 
de tais multas, uma vez que nem o impetrante, nem o antigo proprietário do carro, receberam 
qualquer notificação pessoal ou via postal, sendo que só souberam da existência destas 
infrações quando da tentativa da regularização do veículo. 
 
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Ora, Excelência, a não notificação das multas não se justifica, pois o órgão impetrado detém 
o endereço conhecido de todos os proprietários de veículos do Estado, sendo que não há de 
se falar em aplicabilidade, já que sequer oportunidade de defesa lhe foi concedida. 
 
No tocante à apresentação da defesa, violou ainda o órgão impetrado a Lex Magna, que em 
artigo 5º, inc. LV, preceitua: 
 
"Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes." 
 
Nestas condições, visto que a autoridade impetrada violou e omitiu a formalidade necessária 
à validade do ato jurídico, tornou nulas de pleno direito, e de nenhum efeito, as infrações 
que, via de conseqüência, apresentam-se abusivas e coativas na cobrança exigida. 
 
A Constituição Federal, em seu artigo 5º, LXIX, ampara o pedido do impetrante, posto que o 
seu direito de emplacar e transferir o veículo está obstado pela incidência das multas, que 
além de haverem sido aplicadas a pessoas diversas do impetrante, não foram devidamente 
notificadas, tornando-as inexistentes. 
 
Conseqüentemente, possui o impetrante direito líquido e certo em insurgir-se contra ato 
administrativo do diretor do DETRAN/...., por estar amparado pela Lei e Direito. 
 
 
III- DOS PEDIDOS 
 
Face ao exposto, e tendo em vista o procedimento coercivo e abusivo pelo diretor do órgão 
impetrado, e para assegurar o seu direito líquido e certo, impetra o presente MANDADO DE 
SEGURANÇA e requer: 
 
- Se digne o Eminente Julgador, em conceder, "in limine", a segurança requerida, 
suspendendo a exigência do diretor do órgão impetrado, necessário à regularização do 
licenciamento do veículo do impetrante, bem como que se abstenha o órgão aludido de 
proceder quaisquer atos tendenciosos ao lançamento de novas autuações e/ou apreensão de 
veículo, de relevante interesse para evitar lesão de difícil e incerta reparação. 
 
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- Concedida a liminar, determine o MM. Juiz, a notificação da autoridade coatora para, 
querendo, prestar as informações que julgar necessárias. 
- Requer, afinal, a concessão da segurança, e, como corolário, declara a inexigibilidade das 
multas irregularmente impostas ao impetrante, com a condenação do órgão impetrado ao 
pagamento dos honorários advocatícios e custas processuais. 
 
Dá-se à causa o valor de R$ ...... 
 
Nesses Termos, 
Pede Deferimento. 
 
[Local], [dia] de [mês] de [ano]. 
 
[Assinatura do Advogado] 
[Número de Inscrição na OAB] 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. Peça Contestatória 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...... A VARA DA 
FAZENDA PÚBLICA DE NATAL/RN. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ação ordinária n. ..... 
Autores: ...... e outros 
 
ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, pessoa jurídica de direito público 
interno, ente da federação, vem perante Vossa Excelência, por seu Procurador 
Constitucional(art. 132 da CF), apresentar 
 
CONTESTAÇÃO 
 
ao pedido deduzido pelos autores, na forma do Código de Processo Civil em vigor, aduzindo 
em seu prol e ao final requerendo o seguinte: 
 
 
I – OS FATOS SOB A ÓTICA DOS AUTORES 
 
 
Entendem os demandantes que o Estado doRio Grande do Norte deve pagar-lhes o salário 
mínimo como vencimento, a fim de que, a partir do mesmo, sejam calculadas toda a sua 
remuneração (vencimento e vantagens sobre ele incidentes). 
 
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Segundo alegam, o Estado pagava como vencimento valor inferior ao salário mínimo, 
complementando-o com abono, o que era inconstitucional e ilegal. 
 
 
II – PRELIMINARMENTE: FALTA DE INTERESSE DE AGIR 
 
É inegável que o pedido poderia muito bem ter sido aviado na seara administrativa, e não o 
foi. 
 
Desta forma, e considerando-se que os demandantes têm a possibilidade legal, assegurada 
pela Lei Complementar Estadual 122/94, de protocolizarem os seus pedidos administrativos, 
pergunta-se onde presente o binômio necessidade-utilidade que dá suporte ao seu interesse 
de agir, acionando a via jurisdicional? 
 
Já imaginaram os demandantes a hipótese de todos os pedidos administrativos serem 
ajuizados diretamente perante o Poder Judiciário (?), ao qual, não bastasse a sua função 
precípua, teria também que “administrar”, embora por via transversa? 
 
Ou seja, o binômio acima citado, que deve ter preenchido os seus requisitos 
concomitantemente, não terá sido arranhado? Há realmente necessidade de o Judiciário 
intervir, se o pedido poderia ter sido fácil e efetivamente atendido na seara Administrativa? 
Não dependeria, por exemplo, de trânsito em julgado, precatório etc. 
 
Assim, ausente o interesse de agir, incide a previsão do inciso VI do art. 267 do Código de 
Processo Civil, devendo o processo, no particular enfocado, ser extinto sem julgamento do 
mérito, o que de logo se requer. 
 
 
III – PRESCRIÇÃO TOTAL – FUNDO DE DIREITO 
 
 
É sabido que as ações contra a Fazenda Pública prescrevem em 5 (cinco anos), contados da 
data do ato ou do fato. 
 
O artigo 1º. do Decreto nº. 20.910/32 estabelece claramente, verbis: 
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“Art. 1º. As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e 
qualquer direito ou ação contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, seja qual for a 
sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou do fato do qual se 
originarem.” 
 
A matéria, inclusive, já se encontra sumulada pelo e. Pretório Infraconstitucional. Diz a 
Súmula nº. 85 do Superior Tribunal de Justiça: 
 
“Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a fazenda pública figure como devedora, 
quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as 
prestações vencidas antes do quinquênio anterior a propositura da ação.” 
 
Ocorre, além de a Administração negar o direito pretendido, conforme se verá adiante, essa 
mesma súmula, vem sendo revista pelo próprio STJ, o qual, abrandando sua tese, aplica, 
agora, a prescrição TOTAL, do FUNDO DE DIREITO, conforme estampado no seguinte 
julgado: 
 
“EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA – ATO ADMINISTRATIVO – REVISÃO DE 
ENQUADRAMENTO – LEI 7.293/84 – PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO – 
SÚMULA 85 DO STJ – INAPLICABILIDADE 
 
1- Esta Seção tem entendido que em se tratando de ação ordinária que objetiva a revisão de 
enquadramento funcional, determinado pela Lei n. 7.293/84, do servidor do IPASE como 
Fiscal de Constituições Previdenciárias do INSS não se aplica a súmula 85/STJ. 
2- Outrossim, ocorre a prescrição do próprio fundo de direito. 
3- Precedentes da Eg. Terceira Seção: (EREsp. 117.614/SP, Rel. Min. Felix Fischer, DJ 
23.11.98; EREsp 150.286/PB, Rel. Min. Vicente Leal, DJU 02.08.99; EREsp 180.769, Rel. 
Min. Gilson Dipp, DJ 04.10.99). 
4- Embargos conhecidos e acolhidos para afastar a aplicação da Súmula 85/STJ e determinar 
a prescrição do próprio fundo de direito. 
(ERESP 209464/PB, Min. JORGE SCATERZZINI, j. 14.06.2000, DJU de 07.08.2000).” 
 
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O pagamento pelo Estado do vencimento com base no salário mínimo, além de ter previsão 
em lei, a Lei que estabelece o orçamento do Rio Grande do Norte, vem sendo efetuado há 
mais de quinze (15) anos[1] . 
 
Portanto, como o fato originador da presente ação se deu muito além de cinco anos atrás, 
dúvida não há de que o direito de ação está prescrito, posto que decorrido o qüinqüênio 
anterior à propositura da ação, uma vez que os autores somente procuraram a tutela 
jurisdicional do Estado em 30 de dezembro de 2002. 
 
Por esse fundamento, requer a Vossa Excelência se digne decretar a prescrição total da 
presente ação, extinguindo o processo com julgamento de mérito (art. 269, IV, CPC). 
 
 
IV – DE MERITIS 
 
Inicia-se dizendo que devem ser atendidas, e obedecidas, as premissas constitucionais. 
 
O Estado do Rio Grande do Norte é pobre, e tem autonomia administrativo-financeira que 
serve a atender às suas peculiaridades (art. 18 da Constituição Federal[2] ), bem como pode 
adotar a Constituição e as leis que se lhe permitirem (art. 25 da Constituição Federal[3] ), 
acorde as suas idiossincrasias, o que é o caso presente, tratando-se de normas dirigidas a 
servidor público estadual. 
 
Pois bem, além dos aspectos constitucionais alinhados atrás, há ainda o preceito 
constitucional segundo o qual a ninguém é dado fazer ou deixar de fazer algo senão por 
preceito de lei, consoante a dicção do inciso II do art. 5o da mesma Carta Federal. Conforme 
se demonstrará, não há lei que autorize o pedido dos demandantes, mormente lei estadual, 
que seria o caso, Estatuto dos Servidores ou Lei de Orçamento. 
 
Ademais, o pedido deveria observar à limitação do art. 169 da Constituição Federal, segundo 
o qual: 
 
"A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, 
empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem coma admissão ou 
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contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou 
indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: 
 
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de 
pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; 
 
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as 
empresas públicas e as sociedades de economia mista”. 
 
 
O vencimento com base no salário mínimo, além de não ter previsão em qualquer 
dispositivo de lei estadual, tem como óbice à apreciação judicial o entendimento cristalizado 
pelo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL segundo o qual ao Poder Judiciário, que não tem 
função legislativa, não é dado conceder aumento a título de tratamento isonômico (Súmula 
339). 
 
O que regula o vencimento (ou básico, no popular) dos autores é o Regime Jurídico Único 
do Estado do Rio Grande do Norte, a Lei Complementar Estadual 122/94, de 30.06.94, que 
através de seus arts. 53 e 54, prescrevem: 
 
“Art. 53. Vencimento é o valor certo, fixado em lei, como retribuição pelo exercício de 
cargo público. 
 
Art. 54. É vedado pagar a servidor público remuneração inferior ao salário mínimo, 
excluídas as vantagens previstas na parte final do artigo 43[4] . 
 
Parágrafo único. Ressalvado o disposto neste artigo, não é lícito sujeitar o vencimento a piso 
preestabelecido ou a fator de indexação, de que possa resultar a elevação automática do seu 
valor.” 
 
Ora, a remuneração dos autores é bem superior ao salário mínimo (cerca de R$ 400,00 em 
média), e entenda-se aqui o termo como abrangente do vencimento e todos os outros 
penduricalhos vencimentais, como bem sustentado e colocado na peça proemial. Logo, não 
há ofensa nenhuma à Lei Estadual.40 
 
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No que diz respeito ao vencimento, especificamente, dos demandantes, deve o mesmo 
obedecer ao que preconiza o parágrafo único do art. 54 do RJU/RN, acima transcrito. Ou 
seja, não pode vincular-se ao salário mínimo, porquanto unidade mínima que afetaria 
substancialmente tanto as finanças do Estado, como sua própria autonomia. É inegável que 
tal parcela sofre reajustes periódicos e automáticos, conferidos pelo Governo Federal, no que 
se teria ofensa à realidade orçamentária do Rio Grande do Norte[5] , fosse o mesmo ter que 
obedecer à política “salarial” da União. 
 
A lei não contém palavras inúteis. 
 
É interessante notar que a vedação da vinculação do salário mínimo é expressa na 
Constituição Federal (parte final do inciso IV do art. 7o da Constituição Federal). 
 
O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL já atirou uma pá de cal no debate, ao se pronunciar, 
PELO SEU PLENÁRIO, em mais de uma vez, no sentido de que o vencimento (básico) do 
servidor público não pode vincular-se ao salário mínimo, bastando citar o que ficou 
assentado nos seguintes Recursos Extraordinários: 
 
“EMENTA: - Recurso extraordinário. Servidor público. Piso de vencimento. Salário 
mínimo. 
- O Plenário desta Corte, ao julgar os RREE 197.071 e 199.098, que trataram de hipótese 
análoga à presente, firmou o entendimento de que o artigo 27, I, da Constituição do Estado 
de Santa Catarina, para compatibilizar-se com os artigos 7o, IV, e 39, § 2o, da Carta Magna 
Federal, só pode ser entendido no sentido de que se refere ele à remuneração total recebida 
pelo servidor e não apenas ao vencimento-base. (RE 247208/SC, Relator: Ministro 
MOREIRA ALVES).” – salientado. 
 
“EMENTA: - Recurso extraordinário. Piso de vencimento. Salário mínimo. 
- O plenário desta Corte, ao julgar os RREE 197.071 e 199.098, que trataram de hipótese 
análoga à presente, firmou o entendimento de que o artigo 7o, IV, combinado com o artigo 
39, § 2o, ambos da Constituição, se refere à remuneração total recebida pelo servidor e não 
apenas ao vencimento-base. Recurso extraordinário não conhecido. (RE 299075/SP, Rel.: 
Ministro MOREIRA ALVES, DJU de 01.06.2001).” 
 
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Importa lembrar que anteriormente a 30.06.94, advento do Regime Jurídico Único, a Lei 
Complementar Estadual 122/94 todos os demandantes eram celetistas, e portanto seu pedido, 
anteriormente a tal período, não pode ser apreciado por esse M.M. Juízo, o que de logo se 
requer, uma vez existente o óbice de competência do art.114 da Constituição Federal, 
conforme ficou decidido pelo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, no bojo da ADIn 492-
DF. 
 
Os pedidos acessórios (diferenças em férias e 13o salários, bem como os repiques 
vencimentais pedidos), seguem o principal. 
 
No que toca aos juros, em caso de condenação, são devidos ao porcentual de 0,5% ao mês, 
desde a citação válida (Código Civil e CPC). 
 
Já os honorários revelam-se além do comumente admitido em casos tais (20%), mormente 
ao se considerar a complexidade da causa e que versam os autos sobre Assistência Judiciária 
Gratuita, além do que ocupa o pólo passivo da demanda Ente da Federação, sendo que em 
casos tais a Lei 1.060/50 somente prevê o máximo de 15% (quinze por cento) do valor 
líquido (excluídos os descontos fiscais) a receber[6] . 
 
 
III - PEDIDO 
 
Ante o exposto, requer o contestante o acolhimento da preliminar suscitada, extinguindo o 
processo, no particular nela enfocado, sem julgamento de mérito. 
 
Requer, ainda, o acatamento da prescrição do fundo de direito ou dos créditos porventura 
devidos a cinco anos da citação válida do réu, para o fim de que seja julgado improcedente o 
pedido, ou, sucessivamente, postula pela improcedência da demanda. 
 
Pugna pela condenação dos autores nos ônus sucumbenciais, mormente custas e despesas, 
mais honorários advocatícios arbitrados na forma dos arts. 20 e 21 do CPC, de acordo com a 
complexidade do caso. 
 
Requer o pronunciamento do Ministério Público no caso em apreço. 
 
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Termos em que, 
 
Espera deferimento. 
 
 
............, em 24 de ......... de 20...... 
 
 
................................. 
Procurador do Estado – Matr. ...... 
OAB/ ...... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5. Ação de anulação de ato 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .... VARA DA 
FAZENDA PÚBLICA, FALÊNCIAS E CONCORDATAS DA COMARCA DE .... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FULANO DE TAL, brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., 
portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º 
....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante 
procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº 
....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui 
respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor 
 
ORDINÁRIA DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE ATO JURÍDICO, C/C 
REINTEGRAÇÃO EM CARGO PÚBLICO E INDENIZAÇÃO 
 
em face de 
 
ESTADO DO...., pessoa jurídica de direito público interno, o qual deverá ser citado na 
pessoa do Excelentíssimo Senhor Procurador Geral do Estado, pelos motivos de fato e de 
direito a seguir aduzidos. 
 
 
 
 
 
 
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I- DOS FATOS 
 
O Requerente, pertenceu às fileiras da Corporação da Polícia Militar do Estado ...., para a 
qual ingressou em data de ...., após haver preenchido todas as formalidades legais, prestando 
normalmente seus serviços ao Requerido. 
 
Em data de ...., foi excluído, a bem da disciplina, sob a acusação de estar o mesmo na má 
conduta por cometer faltas de natureza grave, não obstante haver sido, por várias vezes, 
advertido a melhorar o seu comportamento. 
 
Que, para tanto, foi submetido a Comissão de Sindicância, na qual consta que deveria ser-
lhe assegurado ampla defesa. 
 
Para tanto, o Comando do ....º BPM procedeu a designação de oficiais para procederem 
Sindicância, em comissão, tendo o Presidente da referida comissão prestado o compromisso 
legal, de examinar com imparcialidade os fatos que lhe fossem submetidos e opinar sobre 
eles, com justiça e disciplina. Os demais membros também prestaram compromisso. 
 
O Sindicado, ora Requerente, compareceu perante a comissão para ser sindicado, tendo sido 
inquirido pelos membros, conforme consta da Ata da 1ª Sessão que se encontravam 
presentes todos os membros da Comissão de Sindicância, Sindicado e seu Defensor. 
 
Do termo de Inquirição não consta presença do Sindicato, nem de seu defensor. O 
Requerido, por seus prepostos, cometeu irregularidades processuais administrativas, por 
ocasião da feitura do procedimento que culminou com a exclusão das fileiras da Corporação, 
do Requerente, e tamanhas são tais irregularidades havidas, que primárias, senão infantis, 
diante da arbitrariedade cometida. 
 
Que, o Requerente foi um policial que ingressou na Corporação da Polícia Militar do Estado 
...., após haver sido aprovado no Curso de Formação de Soldado, fato este que caso não 
obtivesse aprovação tal, não teria sido admitido no serviço público estadual, tendo inclusive 
passado o estágio probatório e prestando normalmente serviços para os quais fora admitido. 
 
Que, as testemunhas arroladas

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