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Aula sobre falsidade documental (art. 297 do CP): Considerações iniciais: Tutela-se a fé pública no que tange à autenticidade dos documentos emanados da Administração Pública, bem como àqueles que lhes são equiparados. Sujeitos do crime: Sujeito ativo: Qualquer pessoa (se funcionário público, e, prevalecendo-se do cargo, aumenta-se em 1/6) Sujeito Passivo: O Estado, e, secundariamente o terceiro prejudicado. Conduta (dolosa, vontade livre e consciente de praticar a conduta típica): Pune-se quem falsificar (contrafazer) documento público, ou alterar (modificar) documento público verdadeiro. A falsificação pode ser total, hipótese em que o documento é inteiramente criado, ou parcial, adicionando-se, nos espaços em branco da peça escrita, novos (e relevantes) elementos. Já a conduta alterar, o agente modifica documento público existente (e verdadeiro), substituindo ou alterando dizeres inerentes à própria essência do documento. O objeto material do crime é o documento, e, é preciso que seja público. A doutrina o classifica de duas formas: a.) documento formal e substancialmente público: emanado de agente público no exercício de suas funções e seu conteúdo diz respeito a questões inerentes ao interessa público (atos legislativos, executivos e judiciários). b.) documento formalmente público, mas substancialmente privado: aqui, o interesse é de natureza privada, mas o documento é emanado de entes públicos (atos praticados por escrivães, tabeliães etc). Bitencourt, apesar de reconhecer doutrina sem sentido contrário, entende que, para fins penais, não são documentos as cópias reprográficas, sejam ou não autenticadas. Ensina que as cópias não possuem a natureza jurídica de documentos, sendo meras reproduções. Rogério Sanches discorda, salientando quando autenticadas por oficial público ou conferidas em cartório, com os respectivos originais, assumem a condição de documento, podendo provar determinada situação jurídica (nesse sentido: art. 425, III, do Novo CPC). A prova da aptidão ilusória do documento se extrai da necessária perícia técnica. O § 2º do art. 297 dispõe que, para efeitos penais, equiparam-se a documento público: a.) o emanado de entidade paraestatal: Entes paraestatais são “pessoas jurídicas de Direito Privado” dispostas paralelamente ao Estado, ao lado do Estado, para executar cometimentos de interesse do Estado, mas não privativos do Estado. b.) o título ao portador ou transmissível por endosso: é o cheque, a nota promissória, a letra de câmbio etc. Podem ser objetos de crime tanto o título emitido ao portador quanto os passíveis de transmissão por endosso. Assim, se perder essa característica, como no caso do cheque após o prazo de apresentação, o agente falsificador não incorrerá nas penas do art. 297, mas do delito do art. 298 do CP. c.) ações de sociedade comercial: considera-se equiparada qualquer espécie de ação proveniente de sociedades anônimas e sociedades em comandita por ações (preferenciais ou não); d.) livros mercantis: são os utilizados para a escrituração das atividades comerciais, não importando se obrigatórios ou facultativos. e.) o testamento particular: a lei o equipara a documento público em razão da relevância jurídica que contém, já que se destina ao mesmo objetivo do testamento público, ou seja, a disposição de bens. # a substituição de fotografia em documento público configura o crime do art. 297 do CP? Consumação e tentativa: A consumação ocorre no momento em que é pratica uma das ações nucleares previstas no tipo (falsificar ou alterar), potencialmente lesiva. Desse modo, é irrelevante que o agente faça uso do documento que produziu ou alterou. Se o fizer, tal conduta (art. 304 do CP), será considerada post factum impunível. Tratando-se de crime plurissubsistente, em que o iter criminis pode ser fracionado, a tentativa é admissível. Majorante de penas e formas equiparadas: Majorante: o § 1.º traz uma causa de aumento de pena se o crime é cometido por funcionário público, desde que se prevaleça do cargo que ocupa. Formas equiparadas: § 3° - falsificação de documento público previdenciário § 4º - prevê punição para o agente que omite, nos documentos elencados no § 3º, o nome do segurado e seus dados pessoais, bem como a remuneração e a vigência do contrato de trabalho ou prestação de serviços. Trata-se de falso ideológico, que somente será praticado na forma omissiva (não admitindo tentativa). Ação Penal será pública incondicionada. OBS: Falsidade Material Falsidade Ideológica Documento falso, pode estar armazenando ideia verdadeira art. 297/298 do CP Documento é verdadeiro – porém, armazena ideia falsa Art. 299 do CP Referências: CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 8. ed. rev., ampl. e atual. – Salvador: JusPodivm, 2016. GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado: parte especial – 6. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016 – (Coleção esquematizado / coordenação Pedro Lenza).
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