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1540981517883_31 - Direito Penal - Falsificação de documento público

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Aula sobre falsidade documental (art. 297 do CP): 
 
Considerações iniciais: Tutela-se a fé pública no que tange à 
autenticidade dos documentos emanados da Administração Pública, 
bem como àqueles que lhes são equiparados. 
 
Sujeitos do crime: 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa (se funcionário público, e, 
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se em 1/6) 
Sujeito Passivo: O Estado, e, secundariamente o terceiro prejudicado. 
 
Conduta (dolosa, vontade livre e consciente de praticar a conduta 
típica): 
Pune-se quem falsificar (contrafazer) documento público, ou alterar 
(modificar) documento público verdadeiro. 
A falsificação pode ser total, hipótese em que o documento é 
inteiramente criado, ou parcial, adicionando-se, nos espaços em branco 
da peça escrita, novos (e relevantes) elementos. 
Já a conduta alterar, o agente modifica documento público existente (e 
verdadeiro), substituindo ou alterando dizeres inerentes à própria 
essência do documento. 
 
O objeto material do crime é o documento, e, é preciso que seja público. 
A doutrina o classifica de duas formas: 
 
a.) documento formal e substancialmente público: emanado de agente 
público no exercício de suas funções e seu conteúdo diz respeito a 
questões inerentes ao interessa público (atos legislativos, executivos e 
judiciários). 
 
b.) documento formalmente público, mas substancialmente privado: 
aqui, o interesse é de natureza privada, mas o documento é emanado de 
entes públicos (atos praticados por escrivães, tabeliães etc). 
 
Bitencourt, apesar de reconhecer doutrina sem sentido contrário, 
entende que, para fins penais, não são documentos as cópias 
reprográficas, sejam ou não autenticadas. Ensina que as cópias não 
possuem a natureza jurídica de documentos, sendo meras reproduções. 
Rogério Sanches discorda, salientando quando autenticadas por oficial 
público ou conferidas em cartório, com os respectivos originais, 
assumem a condição de documento, podendo provar determinada 
situação jurídica (nesse sentido: art. 425, III, do Novo CPC). 
 
A prova da aptidão ilusória do documento se extrai da necessária perícia 
técnica. 
 
O § 2º do art. 297 dispõe que, para efeitos penais, equiparam-se a 
documento público: 
 
a.) o emanado de entidade paraestatal: Entes paraestatais são “pessoas 
jurídicas de Direito Privado” dispostas paralelamente ao Estado, ao lado 
do Estado, para executar cometimentos de interesse do Estado, mas não 
privativos do Estado. 
 
b.) o título ao portador ou transmissível por endosso: é o cheque, a nota 
promissória, a letra de câmbio etc. Podem ser objetos de crime tanto o 
título emitido ao portador quanto os passíveis de transmissão por 
endosso. Assim, se perder essa característica, como no caso do cheque 
após o prazo de apresentação, o agente falsificador não incorrerá nas 
penas do art. 297, mas do delito do art. 298 do CP. 
 
c.) ações de sociedade comercial: considera-se equiparada qualquer 
espécie de ação proveniente de sociedades anônimas e sociedades em 
comandita por ações (preferenciais ou não); 
 
d.) livros mercantis: são os utilizados para a escrituração das atividades 
comerciais, não importando se obrigatórios ou facultativos. 
 
e.) o testamento particular: a lei o equipara a documento público em 
razão da relevância jurídica que contém, já que se destina ao mesmo 
objetivo do testamento público, ou seja, a disposição de bens. 
 
# a substituição de fotografia em documento público configura o crime 
do art. 297 do CP? 
 
Consumação e tentativa: 
A consumação ocorre no momento em que é pratica uma das ações 
nucleares previstas no tipo (falsificar ou alterar), potencialmente lesiva. 
 
Desse modo, é irrelevante que o agente faça uso do documento que 
produziu ou alterou. Se o fizer, tal conduta (art. 304 do CP), será 
considerada post factum impunível. 
 
Tratando-se de crime plurissubsistente, em que o iter criminis pode ser 
fracionado, a tentativa é admissível. 
 
Majorante de penas e formas equiparadas: 
Majorante: o § 1.º traz uma causa de aumento de pena se o crime é 
cometido por funcionário público, desde que se prevaleça do cargo que 
ocupa. 
 
Formas equiparadas: 
§ 3° - falsificação de documento público previdenciário 
§ 4º - prevê punição para o agente que omite, nos documentos elencados 
no § 3º, o nome do segurado e seus dados pessoais, bem como a 
remuneração e a vigência do contrato de trabalho ou prestação de 
serviços. Trata-se de falso ideológico, que somente será praticado na 
forma omissiva (não admitindo tentativa). 
 
Ação Penal será pública incondicionada. 
 
OBS: 
 
Falsidade Material Falsidade Ideológica 
Documento falso, pode estar 
armazenando ideia verdadeira 
 
art. 297/298 do CP 
 
Documento é verdadeiro – 
porém, armazena ideia falsa 
 
Art. 299 do CP 
 
 
Referências: 
 
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 8. 
ed. rev., ampl. e atual. – Salvador: JusPodivm, 2016. 
 
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado: 
parte especial – 6. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016 – (Coleção 
esquematizado / coordenação Pedro Lenza).

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