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DA FALSIDADE DOCUMENTAL

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Capítulo III- DA FALSIDADE DOCUMENTAL
Os principais crimes deste Capítulo são a falsidade material e a ideológica. Em ambos o objeto material é um documento.
Conceito de documento
É todo escrito devido a um autor determinado, contendo exposição de fatos ou declaração de vontade, dotado de significação ou relevância jurídica e que pode, por si só, fazer prova de seu conteúdo.
Requisitos para que um papel seja considerado documento
a) Forma escrita, sobre coisa móvel, transportável e transmissível (papel, perga- minho etc.). 
Não configuram documento um quadro, uma fotografia, uma pichação, escritos em porta de veículos etc. 
Assim, quem faz montagem em uma fotografia isolada não comete falsidade documental, podendo responder por crime contra a honra (ex.: colocar o rosto de certa moça no corpo de mulher nua e divulgar pela internet). 
Já a troca de fotografia em uma carteira de identidade constitui falsidade material porque, nesse caso, a fotografia é apenas uma das partes que compõe a carteira de identidade, que é escrita. 
Neste sentido: “Falsificação de documento público. Art. 297 do Código Penal. Substituição de fotografia em documento de identidade. Configuração. Sendo a alteração de documento público verdadeiro uma das condutas típicas do crime de falsificação de documento público (art. 297 do Código Pe­ nal), a substituição da fotografia em documento de identidade dessa natureza caracteriza a alteração dele, que não se cinge apenas ao seu teor escrito, mas que alcança essa modalidade de modificação que, indiscutivelmente, compromete a materialidade e a individualização desse documento verdadeiro, até porque a fotografia constitui parte juridicamente relevante dele” (STF — 1ª Turma — HC 75.690-5/SP — Rel. Min. Moreira Alves — DJU 03.04.1998, p. 4).
b)Que tenha autor certo, identificável por assinatura, nome ou, quando a lei
não faz essa exigência, pelo próprio conteúdo.
A autoria certa que se exige para que algo seja considerado documento é daquele de quem o documento deveria ter emanado, e não do autor da falsidade. 
c)O conteúdo deve ter relevância jurídica. O documento deve, portanto, expressar uma manifestação de vontade ou a exposição de um fato relevante (ex.: um testamento, um contrato de compra e venda, a qualificação de alguém etc.). 
Assim, a assinatura em um papel em branco não constitui documento, uma vez que não há qualquer conteúdo. Poderá se transformar em documento, contudo, após ser preenchido, desde que o conteúdo inserido tenha relevância jurídica. Assim, se for preenchido com uma simples receita de bolo de chocolate, ainda que assinado, não é considerado documento.
d)Valor probatório. Para que seja considerado documento, o escrito deve ter o potencial de gerar consequências no plano jurídico, ou, em outras palavras, deve ter valor probatório por si só. Esse valor probatório decorre de leis, decretos, resoluções etc. O Código Civil, por exemplo, confere valor probatório aos contratos, que, por- tanto, são considerados documentos.
O escrito a lápis não tem valor probatório em razão da facilidade em ser altera- do, razão pela qual não constitui documento.
Ex: copia se não estiver autenticada não tem valor probatório, pois não tem autenticação que lhe confere fé pública.
Falsificação de documento público
Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena — reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Objetividade jurídica
Tutela-se a fé pública nos documentos públicos.
A falsificação de documento é também chamada de falsidade material.
Objeto material
A conduta recai sobre Documento público, é aquele elaborado por funcionário público, de acordo com as formalidades legais, no desempenho de suas funções. 
Exs.: carteira de identidade, CPF, Carteira de Habilitação, Carteira Funcional, Certificado de Reservista, Título de Eleitor, escritura pública etc.
Um particular pode cometer crime de falsidade de documento público, desde que falsifique documento que deveria ter sido feito por funcionário público ou altere documento efetivamente já tinha sido elaborado por este. 
Não se trata, portanto, de crime próprio, podendo ser cometido por funcionário público ou por particular. Portanto trata-se de crime comum.
Na hipótese de a falsificação ter sido feita por funcionário, prevalecendo-se de seu cargo, a pena sofrerá aumento de um sexto, nos termos do art. 297, § 1º.
- Espécies de documento público
a) Formal e substancialmente público. É aquele elaborado por funcionário público, com conteúdo e relevância jurídica de direito público (atos legislativos, exe- cutivos e judiciários, licitações).
b) Formalmente público e substancialmente privado. É o elaborado por fun- cionário público, mas com conteúdo de interesse privado. Ex.: escritura pública de compra e venda de bem particular.
OBS: A adulteração de chassi de veículo ou de qualquer de seus elementos identificadores (tais como numeração das placas, do motor, do câmbio) caracteriza-se crime específico previsto no art. 311 do Código Penal (com a redação dada pela Lei n. 9.426/96, trata-se de crime intitulado Adulteração de sinal identificador de veículo automotor, pois não é papel). 
Se, entretanto, o agente altera o número do chassi ou da placa no seu próprio documento do veículo (certificado de propriedade), caracteriza-se o crime de falsidade de documento público.
Documentos públicos por equiparação
O art. 297, em seu § 2º, equipara alguns documentos particulares a documento público, permitindo, assim, a punição de quem os falsifica como incursos em crime mais grave. 
Os documentos públicos por equiparação são os seguintes:
a) os emanados de entidade paraestatal (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações instituídas pelo Poder Público);
b) o título ao portador ou transmissível por endosso (cheque, nota promissória etc.);
c) as ações das sociedades mercantis: sociedades anônimas ou em comandita por ações;
d) os livros mercantis: utilizados pelos comerciantes para registro dos atos de comércio (livro diário, livro caixa por exemplo). 
Veja-se, porém, que a falsificação do livro de registro de duplicatas caracteriza crime específico, previsto no art. 172, parágrafo único, do Código Penal.
e) o testamento particular : aquele escrito pessoalmente pelo testador.
Condutas típicas
1)Falsificar. Significa criar materialmente, formar um documento falso. É chamada, também, de contrafação.
A falsificação pode ser:
a)Total(criar): quando o documento é integralmente forjado. Ex.: agente que compra uma gráfica e passa a fazer imitações de espelhos de Carteiras de Habilitação, para vendê-los a pessoas que não se submeteram aos exames para dirigir veículo.
b)Parcial: quando uma parte do documento é verdadeira quanto à forma e parte é falsa. Ex.: alguém furta um espelho verdadeiro em branco e o preenche, inserindo carimbos, assinaturas ou fotografias falsas.
2) Alterar. Significa modificar um documento verdadeiro já existente. Ex.: uma pessoa troca a fotografia em um documento de identidade, ou altera a categoria para a qual é habilitado em sua CNH, ou troca o número de seu cadastro no CPF, etc.
Comprovação
A falsidade material é infração que deixa vestígios, de modo que é indispensável o exame pericial para a prova da materialidade (art. 158 do Código de Processo Penal). Esse exame pericial, feito com a finalidade de verificar a autenticidade do documento, chama-se exame documentoscópico.
Elemento subjetivo
Somente admite conduta dolosa. Não há previsão culposa.
Sujeito ativo
Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
Se o delito for cometido por funcionário público, que, para tanto, se prevaleça das suas funções, a pena sofrerá um acréscimo de um sexto (art. 297, § 1º).
Sujeito passivo
O Estado e, eventualmente, a pessoa lesada pelo falso.
Consumação
Com a falsificação ou alteração, independentemente do uso ou de qualquer outra consequência posterior. Basta a editio falsi. 
Na modalidade falsificar(criar), a consumação se dá quando o documentofalso fica pronto. 
Na modalidade alterar, quando a modificação se concretiza.
A falsificação é crime de perigo, que se aperfeiçoa independentemente do uso.
Tentativa
É cabível pois, apesar de ser crime formal, é possível que o agente seja surpreendido no momento em que está iniciando a falsificação. EX: Quando alguém já produziu espelhos falsos em uma gráfica clandestina a fim de preenchê-los fraudulentamente, mas é flagrado antes de os dizeres serem preenchidos ou da inserção da assinatura falsa, o documento ainda está em formação e o responsável responde por tentativa.
Ação penal
É pública incondicionada.
Se o documento foi ou devia ter sido emitido por autoridade federal, a competência é da Justiça Federal. Ex.: passaporte. 
Se, porém, foi ou devia ter sido emitido por funcionário público estadual ou municipal, a competência é da Justiça Estadual. Ex: A falsificação de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) é de competência da Justiça Estadual, pois, embora seja válida em todo o território nacional, é emitida por autoridade estadual (DETRAN).
OBS: Na falsificação de Carteira de Trabalho (CTPS), a competência depende da finalidade da falsificação. Se for para fraudar a previdência social, a competência será da Justiça Federal; se for para fins particulares, da Justiça Estadual (Súmula n. 62 do STJ).
Súmula 62/STJ - 12/07/2016. Competência. Crime. Falsa anotação na carteira do trabalho. Julgamento pela Justiça Estadual Comum. CF/88, art. 109, IV.
“Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à empresa privada.”
Falsificação de documento particular
Art. 298. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar docu- mento particular verdadeiro:
Pena — reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Objetividade jurídica
Tutela-se a fé pública nos documentos particulares.
Tipo objetivo
Documento particular é aquele que não é público em si mesmo ou por equiparação. Os requisitos do documento particular são os mesmos do documento público (forma escrita, autor certo, conteúdo com relevância jurídica e valor probatório), sendo que, entretanto, não são elaborados por funcionário público, mas sim por particulares. Ex.: contratos de compra e venda, de locação, notas fiscais, carteira de sócio de clube etc.
O documento particular registrado em cartório não tem sua natureza alterada, continua a ser um documento particular. O registro é apenas para dar publicidade ao documento, no sentido de ficar registrada a sua existência em determinada data, mas não altera seu caráter particular. Assim, quando alguém registra um compromisso de compra e venda, a finalidade é demonstrar que tal contrato já havia sido celebrado em certa data, de modo que uma venda posterior a outra pessoa não tenha valor.
A cópia autenticada de documento particular continua sendo documento
particular.
OBS: equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito.(posição do jurista Nucci)
Sujeito ativo
Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo
O Estado e eventualmente as pessoas prejudicadas pelo documento falso.
Elemento Subjetivo do tipo
É o dolo. Não há previsão culposa.
Consumação
Consuma-se com a falsificação ou alteração, independentemente do uso ou de qualquer outra consequência posterior. Basta a editio falsi.
A falsificação é crime de perigo, que se aperfeiçoa independentemente do uso.
Tentativa
É cabível pois, apesar de ser crime formal, é possível que o agente seja surpreendido no momento em que está iniciando a falsificação e não a consume.
Ação penal
É pública incondicionada. De competência da justiça comum.
Falsidade ideológica
Art. 299. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena — reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclu- são, de um a três anos, e multa, se o documento é particular.
A falsidade ideológica também é conhecida por falsidade intelectual, ideal ou moral. Nela, o documento é autêntico em seus requisitos extrínsecos (forma, papel) e emana realmente da pessoa que nele figura como seu autor.
Assim, apenas o seu conteúdo das informações é falso. Conforme menciona o tipo penal, trata-se de falsidade nas declarações contidas no documento.
Objetividade jurídica
A Fé Pública.
Condutas típicas
Estão elencadas no art. 299 três condutas típicas:
1) Omitir declaração que devia constar do documento. Nessa modalidade, a conduta é omissiva pois se refere a uma declaração que deixou de constar. O agente elabora um documento deixando, dolosamente, de inserir alguma informação que era obrigatória. Exs.: não inserir cláusula contratual que havia sido combinada; confeccionar Carteira de Habilitação na qual não consta a necessidade do uso de lentes corretivas etc.
2) Inserir declaração falsa ou diversa da que devia constar. Aqui o próprio agente confecciona o documento inserindo informação inverídica ou diversa da que devia constar. Trata-se de conduta comissiva. Exs.: delegado que elabora Carteira de Habilitação declarando que determinada pessoa é habilitada quando ela, em verdade, foi reprovada no exame (declaração falsa); ou declarando que a pessoa é habilitada em categoria diversa da qual ela foi efetivamente aprovada (declaração diversa da que deveria constar).
3)Fazer alguém (inserir) declaração falsa ou diversa da que devia constar. O agente fornece informação falsa a terceira pessoa, responsável pela elaboração do documento, e esta, sem ter ciência da falsidade, o confecciona. Ex.: alguém declara que é solteiro ao Tabelião durante a lavratura de uma escritura para prejudicar os direitos de sua esposa de quem está se separando.
Nas duas primeiras hipóteses (omitir e inserir) existe a chamada falsidade imediata, pois é a própria pessoa que confecciona o documento quem comete o falso ideológico. 
Na última modalidade (fazer inserir) a lei não pune quem confecciona o documento, mas quem lhe passa a informação falsa (falsidade mediata), pois, neste caso, quem o elabora está de boa-fé, desconhece a falsidade da declaração. 
Se tal pessoa conhecesse a falsidade da declaração e, ainda assim, elaborasse o documento, seria autor do crime na modalidade inserir declaração falsa, ao passo que a pessoa que lhe pediu para desse modo agir seria partícipe de tal crime.
Objeto material
As condutas podem recair sobre documento público ou particular, sendo que, na primeira hipótese, a pena é de reclusão, de 01 (um) a 05 (cinco) anos, e multa, e, na segunda, reclusão, de 01 (um) a 03 (três) anos, e multa.
Elemento subjetivo
DOLO. Para que exista falsidade ideológica, é necessário que o agente queira prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Ausentes tais finalidades, o fato será atípico.
Sujeito ativo
Qualquer pessoa. Em se tratando de crime praticado por funcionário público prevalecendo-se do cargo, a pena será aumentada de um sexto, nos termos do art. 299, parágrafo único, do Código Penal.
Sujeito passivo
O Estado primeiramente, eventualmente, alguém que sofra prejuízo em razão do documento falso.
Consumação
Quando o documento fica pronto com a efetiva omissão ou inserção de declaração, de forma a tornar falso o seu conteúdo, mesmo que o agente não atinja a sua finalidade de prejudicar direito de terceiros, criar obrigação etc. Trata-se de crime formal.
Tentativa
Só é possível nas formas comissivas.(inserir ou fazer inserir)
Ação penal
É pública incondicionada.
*OBS: Comprovação
A falsidade ideológica é crime que não pode ser comprovado pericialmente, pois o documento é verdadeiro em seu aspecto formal, sendo falso apenas o seu conteúdo. Assim, não se exige o exame pericial. 
O juiz é quem deve avaliar no caso concreto se o conteúdo é verdadeiro ou falso.
 A propósito vejamosa Jurisprudência:
 “Afigura-se prescindível o exame de corpo de delito para a configuração do crime de falsidade ideológica, mormente em havendo a confissão do acusado sobre os fatos que lhe foram imputados. O exame de corpo de delito é indispensável somente em se tratando do falso material, apresentando-se a perícia até mesmo inócua para demonstrar a existência do falso ideológico, que admite outros meios de prova. Recurso provido” (STJ — 6ª Turma — Resp. 421.828-PR — Rel. Min. Paulo Medina — j. 02.09.2003 — v.u. — DJU 22.09.2003, p. 398).
*OBS 2: Falsidade ideológica em documento fiscal:
A inserção de dados falsos em documentos, livros ou declarações exigidas pelas leis fiscais caracteriza crime contra a ordem tributária (art. 1º da Lei n. 8.137/90). O crime de sonegação fiscal (contra a ordem tributária) absorve o delito de falsidade ideológica. 
Aliás, o pagamento do tributo antes do recebimento da denúncia extingue a punibilidade da sonegação fiscal, não subsistindo também o delito de falsidade ideológica. 
Nesse sentido é a Jurisprudência:
 “A sonegação fiscal absorve a falsidade, quando esta é o meio fraudulento empregado para a prática do delito tributário. A extinção da punibilidade do réu, no tocante ao crime de sonegação fiscal, porque efetuado o pagamento do tributo, é decisão que motiva o trancamento da ação penal por falta de justa causa, relativamente aos corréus que se utilizavam do crime de falso para realização do delito tributário”. (STJ — 6ª Turma — HC 4340/RJ — Rel. Min. Anselmo Santiago —DJU 10.03.1997, p. 5.996).
OBS 3: Falso conteúdo em petições judiciais
Declarações falsas em requerimentos ou petições judiciais, ainda que sirvam de fundamento para um pedido, não caracterizam o delito porque não têm valor probatório. Assim, se um advogado pede a libertação de seu cliente dizendo que ele é primário, mas fica provado que se trata de pessoa reincidente, o advogado não responde por falsidade ideológica, porque o juiz tem sempre obrigação de conferir a veracidade da informação — verificar se o réu é mesmo primário. Ademais o advogado apenas representa seu cliente, narrando a verdade de seu cliente, que não presta compromisso com a verdade como presta por exemplo a testemunha. (que esta sim poderia responder pelo falso testemunho artigo 342 CP)
Artigo 299, §Ú - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
Falsidade em assento de registro civil
A pena da falsidade ideológica será aumentada de um sexto se a falsificação ou alteração for de assentamento de registro civil (Ex: certidão de nascimento, casamento, óbito, emancipação, interdição etc.), ou seja, se o agente insere ou faz inserir declaração falsa no próprio livro onde os atos são registrados no Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais.
O legislador entendeu ser mais grave a conduta nesse caso, pois, sendo falsificado o próprio assento, todas as certidões dali extraídas posteriormente conterão as impropriedades decorrentes das falsas informações.(efeito dominó)
Veja-se, entretanto, que, dependendo da espécie de falsificação, o fato poderá caracterizar crime autônomo:
a) quem promove a inscrição em registro civil de nascimento inexistente(pessoa não nascida) comete o crime do art. 241 do Código Penal;
Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente:   Pena - reclusão, de dois a seis anos.
b) quem registra como seu o filho de outrem responde pelo crime do art. 242, segunda figura, do Código Penal. Nesse caso, temos a chamada “adoção à brasileira”, em que os interessados na adoção de um recém-nascido, visando evitar as delongas de um processo de adoção, comparecem ao cartório e registram o filho de outrem como próprio.
Art. 242 – (...) registrar como seu o filho de outrem; (...) Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
Exceto essas duas hipóteses especiais, qualquer outra falsificação feita no assentamento de nascimento caracteriza o crime de falsidade ideológica, com a pena majorada (art. 299, parágrafo único). Ex.: alterar data ou local do nascimento. 
Além disso, caso não se trate de registro de nascimento, mas de qualquer outro tipo de registro civil (casamento, óbito etc.), o delito será sempre o de falsidade ideológica com a pena agravada.
Em todos os casos de falso em assento de registro civil, a prescrição só passa a correr da data em que o fato se torna conhecido (art. 111, IV, do CP).
	10.3.3.9. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
	Crime Simples 
 quanto
	Comum e de
	De ação livre
	Formal e
	Doloso quanto
	 à objetividade
	Concurso 
eventual
	e comissivo ou
	instantâneo
	ao elemento
	Jurídica
(Fé Publica)
	
quanto ao 
sujeito
	omissivo quanto
	quanto ao
	subjetivo
	
	ativo
	aos meios de
	momento
	
	
	
	execução
	consumativo
	
 Diferenças entre crimes
Não se pode confundir o crime de  “falsidade ideológica” descrito no artigo 299 do CP, com o crime do artigo 307 do CP qual seja a “falsa identidade.
No primeiro crime, o autor pretende inserir informações falsas para prejudicar direito de terceiros em documentos. EX: comete crime de falsidade ideológica aquele que escreve em um documento que é menor de idade para se eximir de eventual responsabilidade; aquele que omite ser casado para evitar a necessidade da outorga uxoria ou marital; aquele que, no cartório, ao registrar o imóvel, alega que o mesmo é de uma terceira pessoa e não do Município, para usucapir posteriormente etc. 
Já no segundo crime, o agente se faz passar por terceiro, com o fim de obter algum direito que não lhe pertença, ou eximir-se de sua obrigação.
EX: Irmão gêmeo criminoso que se passa pelo outro para cometer fraudes.

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