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Territorio do Estado

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TERRITÓRIO DO ESTADO
A noção de território, como componente necessário do Estado, só apareceu com o
Estado Moderno, embora, à semelhança do que ocorreu com a soberania, isso não queria
dizer que os Estados anteriores não tivessem território
Durante a Idade Média, com a multiplicação dos conflitos entre ordens e
autoridades, tornou-se indispensável essa definição, e ela foi conseguida através de duas
noções: a de soberania, que indicava o poder mais alto, e a de território, que indicava
onde esse poder seria efetivamente o mais alto.
Conceito de Território
Alguns autores o definem como simplesmente o espaço dentro do qual o Estado
exercita seu poder de império (soberania).
São partes do território a terra firme, com as águas aí compreendidas, o mar
territorial, o subsolo e a plataforma continental, bem como o espaço aéreo.
O problema do mar territorial e a posição do Brasil
No domínio das relações internacionais figura como um dos problemas mais
delicados e complexos a delimitação das águas territoriais, em razão de revisão que
muitos Estados têm feito. Na América Latina se estaria formando uma doutrina para
aumentar a extensão do mar territorial para 200 milhas o limite, inclusive o Brasil aderiu
em 1970.
Compreende-se por mar territorial aquela faixa variável de águas que banham as
Costas de um Estado e sobre as quais ele direitos de soberania. Várias teorias existiram
para determinar a extensão do mar territorial, mas o Brasil e outros países da América
Latina adotaram a distância acima citada, mesmo com a oposição de potências, como os
Estados Unidos e União Soviética. Pesaram também na adoção da medida considerações
da seguinte ordem: a) segurança nacional; b) repressão ao contrabando; c) controle de
navegação para evitar a poluição das águas, etc.
O Brasil consagra presentemente o limite de 200 milhas de mar territorial. Tomou
essa posição através de ato presidencial de 25 de março de 1970. O decreto que dispôs
acerca do novo limite ressalvou o direito a passagem inocente para os navios de todas as
nacionalidades.
Subsolo e plataforma continental
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Em 1945 o Presidente dos Estados Unidos afirmou direitos sobre a plataforma
continental para fins pacíficos e limitados, considerando “os recursos naturais do subsolo
e do fundo do mar da plataforma continental, abaixo do alto-mar próximo as costas dos
Estados Unidos como pertencentes a estes e submetidos à sua jurisdição e controle”.
As ressalvas feitas ao exercício da soberania entendiam com o reconhecimento do
“caráter de alto-mar das águas superjacentes à plataforma continental e o direito à sua
navegação, livre e desembaraçado”. Na declaração americana afirma-se que “a
plataforma continental pode ser considerada como uma extensão da massa terrestre do
país ribeirinho e como formando parte dela naturalmente”.
A ONU e a plataforma continental
Em 1953, a Comissão de Direito Internacional definiu desta vez a plataforma
continental como “leito do mar e o subsolo das regiões marinhas contíguas às costas,
mas situadas fora da zona do mar territorial, até uma profundidade de 200 metros”.
O espaço aéreo
A questão continua em debate, visto que “nem os limites superiores do espaço
aéreo, nem os limites inferiores do espaço extra-atmosférico foram objeto de uma
definição geral”. Conforme ressalta Taubenfeld. Com efeito, opina este que a extensão da
soberania territorial se limita no espaço a aproximadamente cem milhas “no máximo”.
O espaço cósmico
Tantos os encontros internacionais de juristas, quanto das manifestações da
Assembléia-Geral da ONU e dos acordos celebrados entre Estados Unidos e União
Soviética resultou o reconhecimento da inapropriabilidade do espaço cósmico, bem como
outros postulados do maior interesse com assegurar a presença livre de todos os Estados
na exploração espacial.
Exceções ao poder de império do Estado
Admitem-se duas exceções ao poder de império do Estado sobre o território sobre
o território: a extraterritorialidade e a imunidade dos agentes diplomáticos.
Extraterritorialidade: se um navio de guerra estiver de um Estado situado no
território de outro, ainda sim o navio é considerado território nacional do primeiro. Os
agentes diplomáticos estão sob a jurisdição de seu país, mesmo estando no território de
outro Estado, neste, eles são imunes.
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Concepção jurídica do território
As principais teorias que intentam determinar a natureza jurídica do território são: a
teoria do território-patrimônio, a teoria território-objeto, a teoria do território-espaço e a
teoria território competência.
A teoria do território-patrimônio
Chegou essa teoria patrimonial até os tempos modernos e derivou precisamente da
concepção que se tinha do território como propriedade dos senhores feudais e da
concepção de seus habitantes como coisas.
A teoria do território-objeto
É o território posto na sua exterioridade, sobretudo na sua acepção corporal, como
coisa, como objeto frente ao Estado, que seria o titular, a pessoa do qual aquele estava
desmembrado, mas a cuja vontade ficava sujeito.
A teoria do território-espaço
Segundo Fricker, o território do Estado nada mais significava que “a extensão
espacial da soberania do Estado”.
A teoria do território-competência
A teoria do território-competência, ardentemente patrocinada por Kelsen, chama
logo a atenção do estudioso, como adverte Giese, por admitir de modo especial um
conceito jurídico de competência e de modo geral um conceito de validade do direito.
Considerações sobre território
Não existe Estado sem território. No momento mesmo de sua constituição o Estado
integra num conjunto indissociável, entre outros elementos, um território, de que não pode
ser privado sob pena de não ser mais Estado. A perda temporária do território, entretanto
não desnatura o Estado, que continua a existir enquanto não se tornar definitiva a
impossibilidade de se reintegrar o território com os demais elementos. O mesmo se dá
com as perdas parciais de território, não havendo qualquer regra quanto ao mínimo de
extensão territorial.
O território estabelece a delimitação da ação soberana do Estado. Dentro dos
limites territoriais a ordem jurídica do Estado é a mais eficaz, por ser a única dotada de
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soberania, dependendo dela admitir a aplicação, dentro do âmbito territorial, de normas
jurídicas provindas do exterior. Por outro lado, há casos em que certas normas jurídicas
do Estado, visando à situação pessoal dos indivíduos, atuam além dos limites territoriais,
embora sem a possibilidade de concretizar qualquer providência externa sem a permissão
de outra soberania.
Além de ser elemento constitutivo necessário, o território, sendo o âmbito de ação
soberana do Estado, é objeto de direitos deste, considerado no seu conjunto. Assim é
que, caso haja interesse do povo, o Estado pode alienar uma parte do território, como
pode também, em circunstâncias especiais, usar o território sem qualquer limitação, até
em prejuízo dos direitos de particulares sobre porções determinadas.
Bibliografia:
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 12 ed. São Paulo: Malheiros, 2007.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 28 ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.

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