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Análise e releitura da Lei das XII Tábuas e o atual Código Civil Brasileiro

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Análise e releitura da Lei das XII Tábuas e o atual Código Civil Brasileiro
Segundo a tradição, a Lex Duodecimum Tabularum (Lei das XII Tábuas) surgiu como um dos objetivos dos plebeus de acabarem com a incerteza do direito por meio da elaboração de um código, o que viria refrear o arbítrio dos magistrados patrícios contra a plebe, tendo-se em vista que as leis eram aplicadas na República Romana pelos pontífices e representantes da classe dos patrícios que as guardavam em segredo. Em especial, eram majoritariamente aplicadas contra os plebeus. 
Esse novo código proibiu as penas capitais sem prévia aprovação dos comícios centuriados – espécie de assembleias populares romanas, retirando assim dos magistrados o poder de dispor da vida de seus semelhantes. Esse era um preceito revolucionário para a época levando-se em conta que a plebe se encontrava à mercê do patriciado e as condenações à morte eram rápidas e fáceis.
Dona de uma legislação de caráter predominantemente consuetudinário, as XII Tábuas excederam a simples consagração escrita do que já era regra tradicional, porque assentaram a fusão dos distintos costumes das duas classes que se entrechocavam em Roma, e assim deram o passo inicial à abertura da igualdade entre patrícios e plebeus. Dela decorrem o direito privado, o direito civil romano, normas sobre propriedade, obrigações, sucessões e família, os direitos de vizinhança, a tutela e a curatela, os testamentos, os preceitos creditórios, os contratos. 
Se colocarmos lado a lado a Lei das XII Tábuas e o Código Civil Brasileiro do exercício de 2002, é possível enxergar várias semelhanças como as já citadas no parágrafo anterior, que apenas se aprimoraram ao longo do tempo, mas que em tese possuem o mesmo teor jurídico. O que diferencia algumas destas regras é apenas a sociedade nas quais elas se aplicam.
A lei editada em Roma, primeiramente com 10 e em seguida com 12 tábuas, os nossos modernos artigos ainda permeiam a nossas leis atuais. Como já explicitado anteriormente, podemos encontrar nas Tábuas Quarta e Quinta, – Do Pátrio Poder e do Casamento e Das heranças e Tutelas consecutivamente, o que hoje se refere ao Livro IV do Código Civil Brasileiro – Do Direito de Família. A Tábua sexta – Do direito da propriedade e da posse, pode ser vislumbrado no nosso código atual.
Além das muitas semelhanças, é importante salientar também algumas particularidades encontradas no decorrer do percurso pela lei romana. São regras um tanto inusitadas, mas que permeiam de modernidade um código escrito antes da era Cristã. Entre todos cito: Tábua Segunda – Dos julgamentos e furtos: Se alguém, sem razão, cortar árvores de outrem, que seja, condenando a indenizar a razão de 25 asses por árvore cortada. Trazendo para a nossa realidade, encontramos prefeitos sendo cassados por cortarem árvores, tendo-se em vista que as mesmas faziam parte do patrimônio público e não no privado, mas que caracteriza algo já existente. Tábua Terceira – Dos direitos de Crédito: Se alguém colocar o seu dinheiro a juros superiores a um por cento ao ano, que seja condenado a devolver o quádruplo. Nos tempos atuais, agiotagem é crime. Tábua Sétima – Dos delitos: Se alguém difamar outrem com palavras ou cânticos, que seja fustigado. Hoje calunia e difamação também configuram crimes.
Não apenas as já citadas regras, mas como boa parte das duas leis sob análise apenas corroboram a ideia de herança que vem perpassando os tempos. A Lei das Doze Tábuas diz muito sobre a sociedade e os métodos judiciais dos romanos, mas sua implicância vai muito, além disso. Os tabletes representaram o primeiro documento legal a oficializar o Direito Romano, de onde se estruturam todos os corpos jurídicos do Ocidente.

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