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CEDERJ - UFRRJ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO PROFESSOR: Afranio Faustino de Paula Filho AULA 05 - NOTA DE AULA COMPLEMENTAR: FORMAS DE GOVERNO PROPOSTAS POR ARISTÓTELES (INFORMAÇÕES ADICIONAIS SOBRE A DEMAGOGIA) O professor Nagib Slaibi Filho (in “Direito Constitucional”. Rio de Janeiro: Fo- rense, 2004, p.609), sobre o assunto, ensina que: “Aristóteles (na Política) invocou a distinção que, antes dele, Heró- doto e depois Platão (na República) fizeram quanto ao modo de governo: governo de um só (monarquia), de poucos (aristocracia) e de muitos (demo- cracia). Tais formas puras podem ser contrastadas pelas formas impuras, que se manifestam com o desvio da finalidade do exercício do poder (tira- nia, oligarquia e demagogia, a qual, aliás, foi dita por Platão ser a forma de governo de muitos, mas sem se vincular à lei)”. Do exposto pelo prof. Nagib e das considerações por mim feitas no caderno di- dático, podemos concluir que as formas puras, eternizadas por Aristóteles, objetivam a satisfação dos interesses públicos, dos interesses da sociedade, enquanto as formas impuras caracterizam uma atuação do governante buscando a satisfação dos seus pró- prios interesses. As formas puras caracterizam os bons governos; as impuras, os maus governos. Sobre a demagogia, como forma impura que se contrapõe à democracia (termo grego) ou à república (termo latino), explicam os professores José Pedro Galvão de Sousa, Clóvis Lema Garcia e José Fraga Teixeira de Carvalho, no “Dicionário de Política” (São Paulo: Queiroz, 1998, p.156-157) que: A demagogia, “fiel ao sentido etimológico - "condução do povo" -, é um termo que foi empregado durante algum tempo, entre os gregos, para caracterizar a liderança de personagens importantes da política, como Só- lon (640-552 a.C.) e Demóstenes (384-322 a.C.). Esvaziou-se, porém, de sua honorabilidade original, adquirindo caráter pejorativo, quando Cléon, falecido em 422 a.C., e que sucedera a Péricles (499-429 a.c.), no governo de Atenas, ao ser retratado por Tucídides (380-322 a.c.) e especialmente por Aristófanes (445-388 a.C), foi considerado reles demagogo, em razão da vaidade e falácia com que exercia o poder”. Como se sabe, falácia é um termo latino que tem o sentido de trapaça. “Modernamente”, continuam eles, “o termo é usado segundo a deterioração semântica sofrida na Grécia antiga. E assinala a ação política que se desenvolve na linha da lisonja das massas popula- res, a fim de cativá-las, explorando-lhes a credulidade e conquis- tando-lhes a simpatia ou os votos, com vistas à escalada do poder, à permanência neste, ao mero carreirismo político. Expedientes diversos configuram o demagogo: a loquacidade encharcada de promessas de realização fácil do bem-estar geral, a propo- sição de planificações redentoras de todos os males sociais, o pregão de utopias salvacionistas, as soluções oportunistas dos problemas, os arrou- bos ilusionistas arrimados na desinformação intencional, as encenações populistas. Nos regimes de massa, a demagogia depara campo fértil para vice- jar. Por sua mesma natureza, esses regimes deixam o homem à mercê da prestidigitação dos demagogos, que lhe açulam os instintos e, em nossos dias, encontram nos meios de comunicação, especialmente o audiovisual, condições altamente favoráveis ao domínio político”. (grifos meus) Com base nas explicações acima podemos concluir, como fazem vários autores, que hoje em dia o termo demagogia está associado à arte de iludir e de enganar o povo. Acredito que, com estes esclarecimentos, fique mais fácil a compreensão do termo demagogia como forma impura da democracia. Bons estudos! Prof. Afranio Faustino Coordenador de IDPP
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