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CURSO DE COMPLEMENTAÇÃO Coordenação Pedagógica – IBRA DISCIPLINA FILOSOFIA POLÍTICA E ÉTICA 2 SUMÁRIO Lista de Abreviaturas, Siglas e Significados ..................................... 03 Apresentação ..................................................................................... 04 1. A Filosofia Política .......................................................................... 05 1.1 Questões da Filosofia Política ....................................................... 06 1.2 O Pensamento Político ................................................................. 06 1.3 Idade Antiga, Moderna e Contemporânea ................................... 09 1.4 Governo e Estados ........................................................................ 13 2. Principais Pensadores da Filosofia Política .................................... 16 2.1 Platão ............................................................................................. 17 2.2 Aristóteles ..................................................................................... 18 2.3 Maquiavel ..................................................................................... 19 2.4 Contratualista .............................................................................. 22 2.5 Iluministas ................................................................................... 24 2.6 Escola De Frankfurt ..................................................................... 25 2.7 Hanna Arendt ............................................................................... 26 3. Filosofia Política e Democracia ...................................................... 28 3.1 Democracia no Brasil ................................................................... 31 3.2 Tipos de Democracia ................................................................... 35 4. Platão e Aristóteles ......................................................................... 37 4.1 Pensamento Político ..................................................................... 38 Anexos e Quadros Comparativos ...................................................... 42 Material Complementar ..................................................................... 44 Referências Bibliográficas .................................................................. 45 3 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SIGNIFICADOS CF – Constituição Federal. CC – Código Civil. CP – Código Penal. Política - S.F. Pode ser conceituada como a ciência ou arte de governar os povos ou nações. Costuma-se dar o nome de política, ou ciência política, ao ramo das ciências sociais que tratam da organização e da vida do Estado. 1 Pólis – Cidades-estados na Grécia antiga. 1 GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]. 4 APRESENTAÇÃO Prezados (as) aluno (as), Na presente disciplina estudaremos sobre a filosofia política, abordando todos os filósofos importantes na construção do conceito da filosofia, como Sócrates, Aristóteles, Max Weber, Karl Marx, entre outros. Abordaremos também a relação entra a filosofia e a política intrinsecamente, trazendo conceitos de governo, democracia, e o estado. Ao final, veremos sobre o pensamento político de Aristóteles e Platão, citando suas semelhanças e diferenças. Havendo alguma dúvida, não deixe de encaminhar as suas perguntas ao setor pedagógico por meio do protocolo ou atendimento aos alunos. Bons estudos! 5 1. A FILOSOFIA POLÍTICA Fonte: Meus dicionários2 A Filosofia Política pode ser conceituada como o campo da filosofia que busca analisar e compreender as questões sócio-políticas do ser humano. A filosofia busca compreender as questões sobre a justificação do poder do governo, a origem e objetivos do mesmo. Podemos dizer que há um problema que permeia a filosofia política, sendo ele a forma que o homem implementa e delimita o poder estatal, com fulcro em manter sua sobrevivência e a da sociedade pela qualidade de vida. O termo aqui estudado tem sua origem remetida à muitos anos atrás, na época em que os gregos mantinham sua organização em cidades-estados denominadas POLIS, a partir deste nome, derivaram as palavras POLITIKE que significa política e POLITIKOS, que representa os cidadãos, os sujeitos. 2 Imagem retirada em: https://www.meusdicionarios.com.br/filosofia/ 6 O termo como conhecemos hoje derivou-se do grego antigo, POLITÉIA, indicando os meios remetidos a POLIS, ou cidade-estado como vimos acima. O termo poderia ainda ser usado para representar sociedades e comunidades que eram relacionadas a vida urbana na época. 1.1 QUESTÕES DA FILOSOFIA POLÍTICA Pode ser uma tarefa difícil conceituarmos as questões que abrangem a filosofia política, visto que seus fundamentos até os dias de hoje são pautados em inúmeros conflitos filosóficos. Todavia, separamos alguns tópicos especiais dentro da história da filosofia, os quais explanaremos a seguir: As relações entre a sociedade, estado e moral é um tópico extenso estudado por Nicolau Maquiavel, Augusto Comte e Antônio Gramsci. Por outro lado, Karl Marx e Max Weber buscam falar sobre as relações entra a economia e política e suas nuances. Benjamim Constant e Hanna Arendt voltam seus olhos para as questões acerca da liberdade do ser humano frente a política. 1.2 O PENSAMENTO POLÍTICO Ao estudar a filosofia política, devemos voltar nossa atenção para analisar com funciona o pensamento político na sociedade, quanto a isso, o doutrinador Leo Strauss, leciona da seguinte maneira: O pensamento político é, enquanto tal, indiferente em relação a distinção entre opinião e conhecimento; mas a filosofia política é o esforço consciente, coerente e incessante de substituir as opiniões sobre os fundamentos da política pelo seu conhecimento. O pensamento político 7 não deve ser mais, e não deve sequer pretender ser mais, que a exposição ou a defesa de uma convicção ou de um mito encorajador; mas é essencial à filosofia política ser posta em movimento, e ser mantida em movimento, pela consciência inquietante da diferença fundamental entre a convicção, ou a crença, e o conhecimento. (STRAUSS, 2016). Devemos saber diferenciar a filosofia política de outras demais formas de análise/reflexão sobre o que é “público”, sendo essas reflexões a filosofia social e a ciência política. Pois bem, a filosofia social de certa forma apresenta o mesmo objeto de estudo da filosofia política, mas ela o enxerga por outro viés, buscando entender a associação política como algo maior, ou seja, a sociedade. A ciência política tem seu conceito de ser “autossuficiente” e sendo assim, acaba sendo incompatível com a filosofia política, pois a ciência analisa apenas os conhecimentos obtidos de forma empírica sem buscar possíveis especulações a respeito de temas como formas de governo, poder do estado, entre outros. Conhecer as coisas políticas é o objetivo principal da filosofia política, e isso a difere da simples opinião política mesmo que ela esteja diante de outras opiniões. Sendo assim, podemos ver que faz parte da essência política estar sendo guiada e redirecionada por um misto de verdades empíricas e opiniões sociais a respeito da mesma. Frente ao seu dinamismo social e contemporâneo, o viés político não vem a ser adquirido da mesma forma que foi concebido. Se faz crucialmente necessário que os cientistas busquem organizar seu conhecimento sobre os bens e garantias públicas frente ao seu próprio tempo de pesquisasocial, pois o que move o pensamento filosófico deverá ser o impulso moral e a verdade acima de tudo. Sabemos que da mesma forma que age o cientista, o filósofo irá nortear suas buscas a partir do momento atual, de toda forma ele 8 só irá transcender a partir do momento em que encontrar seu real pensamento filosófico. Todo conhecimento das coisas políticas implica suposições a respeito da natureza das coisas políticas; isto é, suposições que dizem respeito não somente à situação política dada, mas à vida política ou à vida humana enquanto tal. (STRAUSS, 2016). Podemos conceituar o positivismo como a ideia de que o conhecimento que é obtido por intermédio da ciência será sempre superior hierarquicamente à outras formas do “conhecer” inclusive ao pensamento filosófico. Isso leva então à depreciação do conhecimento obtido anteriormente à ciência atual. A ciência social não é apenas suplantada pelos estudos históricos; a própria ciência social mostra ser “histórica”. A reflexão sobre a ciência social como um fenômeno histórico leva à relativização da ciência social e, em última instancia, da ciência moderna em geral. Em consequência, a ciência moderna vem a ser encarada como um modo historicamente relativo de entender as coisas que, em princípio não é superior a maneiras alternativas de compreensão. (STRAUSS, 2016). Conforme ensina Strauss, “todos os pensamentos e crenças humanas são históricos e, portanto, destinados merecidamente a perecer” (STRAUSS, 2014). Sendo assim, vemos que o direito natural não existe frente ao argumento historicista. MENDES (2014) ensina que: Este argumento inviabiliza completamente qualquer possibilidade da filosofia política como forma de se pensar qual é, por natureza, a melhor política, o melhor regime ou a melhor sociedade. De fato, se todos os pensamentos são históricos, isto é, dependentes de uma dada sociedade em um determinado tempo, não há como se estabelecer valores universais, de modo que o bem e o mal, o certo e o errado 9 seriam submetidos ao profundo relativismo presente no mundo da história. Sendo assim, na visão de Strauss o relativismo dos valores sob a forma do historicismo se mostra como o inimigo mais forte da filosofia política por negar, sobretudo, o direito natural. (MENDES, 2016, p. 38). Vemos então que o argumento trazido buscava de certa forma inviabilizar quaisquer meios onde a filosofia política poderia ter de pensar sobre a melhor forma de política frente aos parâmetros sociais. Na visão do autor, o relativismo se mostrava como inimigo aos conceitos filosóficos. 1.3 IDADE ANTIGA, MODERNA E CONTEMPORÂNEA No campo da filosofia política na idade antiga, os escritos deixados por Platão e Aristóteles podem ser amplamente usados para estar orientando o estudo da noção de virtude na política, pois foram temas estudados por anos pelos referidos filósofos. Na idade moderna foram estabelecidas as temáticas norteadoras que ainda são estudadas atualmente. Contrapondo propostas anteriores, os filósofos do período moderno buscavam falar sobre a criação de um contrato social para buscar a harmonia e melhor convivência social. Sobre o contrato social, Matthew Simpson elenca o seguinte conceito trazido por Rousseau: Rousseau concebe uma sociedade igualitária, legislada pela soberania popular, que garantiria a dignidade moral de todos e a observância da vontade geral do grupo. Não se trata de um trabalho de intervenção direta na realidade, mas do desenvolvimento de uma situação ideal, cuja análise permitiria compreender e questionar as formas de governo existentes. (SIMPSON, 2009) 10 Rousseau pode ser considerado um grande filósofo e jurista, sendo responsável pelo expoente do iluminismo.3 Thomas Hobbes sempre fez críticas sobre a sociabilidade natural do homem, acreditando que a situação que antecedia a sociedade era instável, sendo assim, o filósofo pregava que somente um poder absolutista poderia trazer a segurança que o homem precisa para ter seu bem estar social. Para isso, o preço a se pagar é a liberdade de cada indivíduo, essa deveria ser diminuída para que um tempo de paz pudesse ter início. “A transferência mútua de direitos é aquilo a que se chama contrato”. (HOBBES, 1988 – p. 80) Se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo em que é impossível ela ser gozada por ambos, eles tornam- se inimigos. E no caminho para seu fim (que é principalmente sua própria conservação, e às vezes apenas seu deleite) esforçam-se por se destruir ou subjugar um ao outro. (HOBBES, 1988) Em contraponto, John Locke apresentava uma visão mais liberal acerca do Estado, trazendo conceitos democráticos aplicáveis. Locke filosofava sobre assegurar os direitos naturais do homem, principalmente o direito à propriedade, sendo assim, o cidadão deve prestar submissão ao estado na medida que seus direitos privados estão sendo respeitados pelo mesmo. A filosofia política contemporânea trouxe muitas características que vieram com a revolução industrial e os movimentos sociais pela independência, como a revolução francesa. Estes movimentos acabaram por mudar todo o cenário político no século XIX e alimentaram a discussão sobre conceitos democráticos, poder do 3 Iluminismo é um movimento cultural que se desenvolveu na Inglaterra, Holanda e França, nos séculos XVII e XVIII. Nessa época, o desenvolvimento intelectual, que vinha ocorrendo desde o Renascimento, deu origem a ideias de liberdade política e econômica, defendidas pela burguesia. 11 estado e direitos individuais do ser humano. No que se refere o totalitarismo, Hanna Arendt4 (filósofa alemã) aborda sobre sua visão acerca da banalidade do mal e as demais iniciativas de revolução. Em contraponto ao pensamento de Rousseau, PITZ usa o pensamento da filósofa citada acima para dizer que: Segundo Hannah Arendt, o erro cometido por Rousseau foi o de ter derivado sua ideia de liberdade a partir do princípio da vontade humana, sustentada no valor da consciência. Consequentemente, derivam também, na essência, suas ideias políticas não de um princípio identificado essencialmente com a ação humana externa, e sim, de um ideal que só pode ser considerado em sua significação substancial como sendo acionado e sustentado por uma causa motivadora interna. (PITZ, 2004) John Rawls é um dos maiores filósofos da metade do século XX no que diz respeito a filosofia política, fazendo uma crítica sobre a interpretação da justiça e trazendo o conceito de equidade. Fonte: Ideias Radicais5 4 Hannah Arendt foi uma filósofa política alemã de origem judaica, uma das mais influentes do século XX. 5 Imagem retirada em: https://ideiasradicais.com.br/john-rawls/ 12 Na visão do filósofo John Rawls, para que exista o conceito de justiça, ela precisa ser considera justa por meio de vários aspectos de equidade6. Em sua teoria são apresentados dois pontos principais, sendo eles a liberdade e a igualdade. O primeiro ponto – a liberdade – abarca sobre o fato das pessoas terem acesso as liberdades básicas, e a igualdade se refere a diminuição das desigualdades sociais da sociedade, organizando as posições e cargos para que esses sejam acessíveis à todos de acordo com suas diferenças e oportunidades. Para o filósofo supracitado, a liberdade merece ponto de destaque, pois ao avançarmos nas condições econômicas, a liberdade se torna ainda mais importante. A ideia de equidade se manifesta desde os primórdios, e se manteve firme até a contemporaneidade ao se encontrar com a visão de Rawls, o qual vem propor uma forma de aplicar os valores sociais buscando dizimar as diferenças econômicas e sociais.Entretanto, para que isso aconteça, o filósofo diz que é necessário que os homens estejam num estado único de igualde e cobertos pelo véu da ignorância. Sendo assim, as pessoas não iriam pregar os valores de justiça para alguém em detrimento de outro, visto que a partir do momento em que estiverem sob o véu, a escolha dos valores sociais iria determinar um estágio onde todos poderiam ter acesso ao bem-estar. Para entender e visualizarmos melhor o que Rawls quer dizer, devemos nos colocar na seguinte situação: Devemos pressupor uma condição onde não teremos conhecimento de qual é a nossa situação social e nosso poder aquisitivo, assim teríamos mais cuidado ao determinar os preceitos que norteias nossa vida pois não saberíamos 6 Equidade consiste na adaptação da regra existente à situação concreta, observando-se os critérios de justiça. 13 a qual classe fazemos parte, nossa religião ou cultura. Com isso, deveremos fazer escolhas que visem o bem comum e não apenas às nossas convicções pessoais. Sobre o véu da ignorância, Rawls diz que: Uma vez que todos estão numa situação semelhante e ninguém pode designar princípios para favorecer sua condição particular, os princípios da justiça são o resultado de um consenso ou ajuste equitativo. A essa maneira de considerar os princípios da justiça eu chamarei de justiça como equidade. (RAWLS, 1981) Sendo assim, essa situação hipotética coloca todos os homens em uma situação do não conhecimento sobre si mesmo, de forma que será necessário pensar na comunidade como um todo ao tomar as decisões para o bem estar social, esse seria o primeiro passo ao se pensar em equidade. Rawls sempre deu muita ênfase no liberalismo, e isso acabou por gerar muitas críticas em sua obra A Teoria da Justiça, todavia a mesma é uma das maiores obras da contemporaneidade e exerce muita influência sobre a filosofia política. As ideias apresentadas tem ajudado a fomentar discussões sobre uma possível reestruturação do sistema político moderno e nos leva a buscar um bem estar social baseado na democracia. 1.4 GOVERNO E ESTADOS É crucial compreendermos as questões de governo e estado ao estudarmos a filosofia política para que possamos ter um pensamento crítico formado por uma base técnica e teórica de qualidade. Os estudos da filosofia política são abarcados por Platão e Aristóteles, e há um consenso quanto a estes conceitos. 14 O Estado pode ser definido como o as ferramentas da máquina pública, as formas que agrupam os órgãos políticos e limitam aquilo que pertence ao povo (coletividade) e o que é referente a propriedade privada. São Tomás de Aquino e a doutrina de Santo Agostinho, vem nos dizer que o estado foi criado por Deus, sendo assim ele não tem origem no homem, mas sim de um ser divino, assim como todas as outras coisas. Entretanto, em contraponto a este entendimento sobre a formação estatal, Hobbes diz que o ser humano viveria de forma desorganizada e em situação de colapso em seu estado de natureza. Para evitar a guerra e o conflito, cria-se a figura do estado para controlar o homem, sendo essa a única forma de trazer paz social, como dito anteriormente. Sendo assim, o homem seria supervisionado pelo Estado devido a um contrato social. Sobre o contrato social Rousseau ensina que: Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associação de qualquer força comum, e pela qual, cada um, unindo-se a todos, não obedeça, portanto, senão a si mesmo, ficando assim tão livre como dantes. (ROSSEAU, 1762) O estado tem como objetivo buscar o bem comum de todos com forma igualitária, visando sempre o bem estar social, nesta seara Immanuel Kant elenca seus ensinamentos com as seguintes palavras: O ato pela qual um povo se constitui num Estado é o contrato original. A se expressar rigorosamente, o contrato original é somente a ideia desse ato, com referência ao qual exclusivamente podemos pensar na legitimidade de um Estado. De acordo com o contrato original, todos no seio de um povo renunciam à sua liberdade externa para reassumi- la imediatamente como membros de uma coisa pública, ou 15 seja, de um povo considerado como um Estado. E não se pode dizer: o ser humano num Estado sacrificou uma parte de sua liberdade externa inata a favor de um fim, mas, ao contrário, que ele renunciou inteiramente à sua liberdade selvagem e sem lei para se ver com sua liberdade toda não reduzida numa dependência às leis, ou seja, numa condição jurídica, uma vez que essa dependência surge de sua própria vontade legisladora. (KANT, 1781) O conceito de estado pode ser visto e conceituado com base em diversas doutrinas (como os autores apresentados) e podem haver algumas modificações em seus conceitos a depender do filósofo analisado, todavia, o ponto em comum sempre é mantido. Este ponto se trata de que a criação do Estado tem por objetivo deter autoridade e poder a fim de organizar e manter o bem público. No século XX, Kelsen descreve sua perspectiva do Estado sobre uma ordem jurídica, analisando-o sob o aspecto da conduta humana ao que entendemos por ordem jurídica. Em suas palavras, o filosofo diz que: O Estado é aquela ordem da conduta humana que chamamos de ordem jurídica, a ordem à qual se ajustam as ações humanas, a ideia à qual os indivíduos adaptam sua conduta. Existe apenas um conceito jurídico de Estado: o Estado como ordem jurídica, centralizada. (KELSEN, 1998) O Estado é fixo, já o governo tem seu caráter transitório. Em uma sociedade democrática, a transição do governo tende a acontecer de forma constante, já em uma sociedade pautada por princípios autoritaristas a mudança de governo tende a demorar para acontecer. Ou seja, de qualquer forma entendemos que em um governo as mudanças podem acontecer repentinamente e que cada líder de governo usará de seus princípios para movimentar e gerir a máquina pública. 16 2. PRINCIPAIS PENSADORES DA FILOSOFIA POLÍTICA Fonte: NETMUNDI.ORG7 A filosofia possui uma variedade de pensadores sobre diferentes assuntos políticos entre os mais diversos temas, sendo assim, com o decorrer dos anos de pensamento teórico, houveram muitos pensamentos sobre o estado, a política, a sociedade e como o homem deve se comportar ao buscar o bem estar social. A seguir, iremos expor as ideias dos principais filósofos da filosofia política, para entendermos a ideia principal de cada um e como seu pensamento pode ser aplicado nos dias atuais. 7 Imagem retirada em: https://www.netmundi.org/filosofia/2017/aristoteles-cientista-da-antiguidade/ 17 2.1 PLATÃO Fonte: Educa Filosofia8 Platão (428/427 a.C. - 348/347 a.C.), foi autor da primeira utopia política, denominada A República. Este filósofo estabeleceu uma organização política bastante complexa para criar o conceito de uma cidade sem problemas, com características de um mundo perfeito. Em sua república idealizada, a educação seria algo totalmente a encargo do Estado, e cada um receberia educação de acordo com suas qualidades e aptidões intrínsecas. Sendo assim, as crianças que demonstrassem um maior desenvolvimento intelectual, seria considera apta para estar em cargos de governo da cidade ideal. Platão os considera como futuros reis filosóficos. Esses jovens dotados de maior intelecto receberiam então uma educação especial, um pouco mais formal que os demais, sendo norteados pelos princípios filosóficos e políticos, a fim de moldar um carácter ideal aos preceitos estabelecidos. Platão partia do pressuposto que o ideal seria uma aristocracia mantida pelo melhor rei filosófico, este usaria de seus atributos intelectuaispara governar a cidade perfeita. 8 Imagem retirada em: https://beduka.com/blog/materias/filosofia/principais-ideias-platao/ 18 2.2 ARISTÓTELES Fonte: Revista Educação9 Aristóteles foi um importante filósofo grego que teve por função sistematizar o conhecimento filosófico, para isso, separou os campos de atuação da filosofia em três, sendo eles: técnica, teorética e prática. Para Aristóteles, a política é intrínseca a moral, pois a finalidade do estado é a formação moral e ética do cidadão. Dito isto, o filosofo entende que o Estado é um grande sistema que visa trazer condições para a atividade contemplativa do homem buscando o bem estar social. Entretanto, a política é diferente da moral, pois a primeira tem como primazia o indivíduo, e a segunda visa a coletividade. Sendo assim, a ética vem a ser a doutrinadora para nortear a moral de cada um. De acordo com Aristóteles, o Estado é superior hierarquicamente ao cidadão e o bem da coletividade deve vir antes do bem individual. Sendo assim, o Estado irá buscar satisfazer a todos ao mesmo tempo suprindo todas as necessidades da coletividade. Em sua obra Ética a Nicomaco10, Aristóteles diz que o conceito de uma justiça distributiva é considerar uma forma de dividir a 9 Imagem retirada em: https://revistaeducacao.com.br/2012/12/03/a-arte-na-educacao-a-partir-de- aristoteles/ 10 A ÉTICA A NICÔMACO é a principal obra de Aristóteles sobre Ética. 19 igualdade de forma proporcional, para isso deve-se basear no mérito de cada um, contrapondo à justiça corretiva, essa última estabelece a igualdade absoluta para todos os indivíduos. Sobre a igualdade proporcional, Silveira ensina que: A conjunção do primeiro termo de uma proporção com o terceiro, e do segundo com o quarto, e o justo nesta acepção é o meio-termo entre dois extremos desproporcionais, já que o proporcional é um meio termo, e o justo é o proporcional. (SILVEIRA, 2001) 2.3 MAQUIAVEL Fonte: Filosofia na Escola11 Nicolau Maquiavel foi um importante filósofo renascentista, e um dos pensadores políticos mais importantes de todos os tempos. Mesmo com sua conduta considerada ríspida por muitos, é uma referência a ser estudada academicamente nos dias de hoje. Maquiavel tem uma forma diferente de separar ética de política, em sua obra O Príncipe, o filósofo diz que o governante/líder deve ter condutas populistas e estratégicas, de forma a sempre adquirir apoio de outros políticos e governantes. Em sua principal obra, escrita em meados de 1.512, as ideias são claras e o autor diz que as ideias de um 11 Imagem retirada em: https://filosofianaescola.com/filosofos/maquiavel/ 20 governante tem como fundamento os fatos em que estão inseridas, e não devem ser analisados valores de outros âmbitos. Nicolau Maquiavel não era um filósofo imoral, entretanto sua obra foi proibida pelos conservadores da época. O autor tem a ideia de colocar a ação política em primazia, de forma independente. Com isso, se tem a desconexão da política com a moral social, pois não se deve limitar a governança à ideia de virtude como valor social. Um príncipe não deve, portanto, importar-se por ser considerado cruel se isso for necessário para manter os seus súditos unidos e com fé. Com raras exceções, um príncipe tido como cruel é mais piedoso do que os que por muita clemência deixam acontecer desordens que podem resultar em assassinatos e rapinagem, porque essas consequências prejudicam todo um povo, ao passo que as execuções que provêm desse príncipe ofendem apenas alguns indivíduos. (MAQUIAVEL, 2002) Sendo assim, vemos que a ideia de Maquiavel consiste em dizer que a soberania de um príncipe/governante está aliada ao seu discernimento em saber separar a conduta social e a política. O autor define o homem como um ser cruel pela própria natureza, e que a maldade é uma característica que se mantém com frequência. Ao falar sobre a natureza do ser humano, Maquiavel diz que ela é estritamente cruel e tende a não pensar nos outros indivíduos com compaixão, e o traço mais latente no homem é o exercício da maldade. Naturalmente o homem não pode ser bom, pois tende a ser ingrato, simulador e covarde. Independente da época ou local, a maldade do ser humano é previsível. (MAQUIAVEL, 2013) Sendo assim, apesar do autor descrever com veemência sobre a natureza do homem, diz também que a bondade é algo que deve ser ensinada e devidamente aprendida, as pessoas devem ser ensinadas e 21 instruídas a fazer o bem, pois se tiverem a necessidade irão agir com perversidade. A maldade presente no ser humano e a falta da vontade de exercer bons atos por vontade própria, faz com que pelo passar do tempo, os homens se voltem uns contra os outros, causando conflitos e gerando o que nós chamamos de conflito social. Este problema gera uma instabilidade na comunidade e consequentemente interfere diretamente na política. É com essa natureza humana que os governantes terão de lidar, não podendo esquecer jamais a incômoda situação em que estão inseridos, rodeados de homens ávidos por trair. Essa situação levará Maquiavel a defender claramente a ideia de que ao príncipe é melhor ser temido do que ser amado, pois se o temor dos súditos é capaz de desestimular eventuais traições, o mesmo não acontecerá com o amor a eles devotado. Sua espada, portanto, deve estar sempre pronta a ser usada em seu principado para protege-lo em um mundo, em regra, hostil”. (FERREIRA, 2008, p.37) Na passagem acima, Ferreira descreve que a natureza do homem é algo que deve ser bem administrada, sendo necessário o uso de discernimento para que possamos agir da melhor maneira, pois o homem tem a necessidade/natureza em agir de forma ávida e impetuosa. Sendo assim, tudo isso leva Maquiavel a dizer que o Governante deve ser temido, pois o temor por um líder causa receio, e com isso evita traições, evitando assim o agir natural do homem. “Não ignoro ser crença antiga e atual que a fortuna e Deus governam as coisas deste mundo, e de que nada pode contra isso a sabedoria dos homens (…), todavia para que não se anule o nosso livre arbítrio, eu, admitindo embora que a fortuna seja dona de metade das nossas ações, creio que, ela nos deixa senhores de outra metade ou pouco menos. Comparo a fortuna a um daqueles rios, que quando se enfurecem, inundam as planícies, derrubam casas e 22 árvores, arrastam terra de um ponto para pô-la em outro: diante deles não há quem não fuja, quem não ceda ao seu ímpeto, sem meio algum para se obstar. Mas, apesar de ser isso imprevisível, nada impediria que os homens, nas épocas tranquilas, construíssem diques e canais, de modo que as águas ao transbordarem do seu leito, corressem por estes canais, ou ao menos, viessem com fúria atenuada, produzindo menores estragos. Fato análogo sucede com a fortuna, a qual demonstra todo o seu poderio quando não encontra ânimo preparado para resistir-lhe e, portanto, volve os seus ímpetos para os pontos onde não foram feitos diques para contê-la”. (MAQUIAVEL, 2013) 2.4 CONTRATUALISTAS Thomas Hobbes – Fonte: Instituto Claro.12 Os filósofos contratualistas se baseiam na existência dos direitos naturais e do jusnaturalismo. Para eles, essa lei natural tem por objetivo estabelecer as garantias que devem ser observadas em qualquer forma de governo. Estes pensadores acreditavam também que a lei da natureza é quem pode reger todo o sistema do estado anteriormente a convivência do homem em uma sociedade civil. O contrato social é o que estabelece a garantia do cumprimento dos direitos fundamentais e garante a soluçãodas questões acerca do direito natural. 12 Imagem retirada em: https://www.institutoclaro.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de- aula/thomas-hobbes-a-condicao-humana-e-o-estado-absoluto/ 23 Thomas Hobbes, John Locke e Jean Jacques Rousseau foram alguns dos filósofos contratualistas. O contratualismo vem a ser a alavanca do direito nos termos modernos, pois há que se dizer que a existência da ciência política se fundamenta no homem pactuar regras delimitadoras em suas condutas sociais. A partir do momento em que concebemos o ser humano em convivência social, surge a possibilidade de contrato. Dessa possibilidade é gerado um fato contratual e uma norma a ser respeitada. Para o filósofo Hobbes, o homem tem a necessidade de ser guiado por um Estado, visto que a ausência de um poder estatal gera conflitos internos em uma nação. O ser humano tende a ser egoísta, e a partir do momento em que se torna submisso de um poder maior, consegue viver em harmonia para com os outros, usufruindo do bem estar social. Ainda de acordo com o filósofo supracitado, o Estado tem a obrigação de eximir os conflitos sociais, prezando pela segurança pública e privada, assim, somente o governante com notável força e autoridade poderá garantir a harmonia. Em seu livro O Leviatã, Hobbes afirma: Que um homem concorde, quando outros também o façam, e na medida em que tal considere necessário para a paz e para a defesa de si mesmo, em renunciar a seu direito a todas as coisas, contentando-se, em relação aos outros homens, com a mesma liberdade que aos outros homens permite em relação a si mesmo. (HOBBES, 2003) John Locke afirma que o homem tem o dever de se manifestar nas decisões políticas de sua sociedade, manifestando a democracia seja ela direta ou indiretamente de forma a delegar para um superior a responsabilidade de zelo com a liberdade e a vida. 24 2.5 ILUMINISTAS François-Marie, mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire – Fonte: BBC Brasil.13 A filosofia política foi muito influenciada pelos modernos filósofos do iluminismo, no geral, estes se colocaram contra a monarquia absolutista como forma de governo e buscavam o estabelecimento de direitos fundamentais que não poderiam ser alienados pelo Estado. Os direitos dos seres humanos se consistem nas liberdades individuais (sendo elas: liberdade religiosa, de expressão, entre outras), o direito de propriedade e o de associação política. Os iluministas buscaram a dicotomia entre o estado e a igreja, pois quanto maior o avanço intelectual do povo, mais evoluído ele será moralmente. Sendo assim, os filósofos iluministas ergueram a bandeira da popularização do conhecimento e a busca por levar um ensino pautado na laicidade14 para a sociedade de forma universal e gratuita com respaldo do Estado. Os ideais do iluminismo fomentaram a Revolução Francesa, alguns nomes importante que podemos citar são: Montesquieu, Voltaire e Diderot. 13 Imagem retirada em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-42481081 14 Doutrina ou sistema que preconiza a exclusão das Igrejas do exercício do poder político e/ou administrativo. 25 O movimento criticava os seguintes pontos sobre o antigo regime: • O mercantilismo; • O absolutismo monárquico; • O poder da igreja. Sendo assim, vemos que o iluminismo buscava a liberdade econômica sem influência do governo na economia, como também o avanço da ciência, do pensamento crítico e da lógica. As ideias citadas tiveram ampla disseminação na sociedade, de forma que alguns reis absolutistas começaram a aceitá-las com receio de perder seu governo. 2.6 ESCOLA DE FRANKFURT Os filósofos e pensadores da Escola de Frankfurt foram aqueles que aderiram as ideias políticas e econômicas de Karl Marx como um exemplo a ser seguido na sociedade. Os frankfurtianos criticaram alguns pontos do iluminismo como o fato de que o avanço moral dependeria do avanço da razão e do pensamento lógico. Sendo assim, usaram do totalitarismo (séc. XX) para fundamentar suas teorias contra o iluminismo, dizendo que o avanço do conhecimento tecnológico não foi responsável por alavancar as ideias morais da sociedade, visto que a ciência avançada fora usada para a morte de muitos nos campos de concentração. Os principais nomes entre os filósofos frankfurtianos são: • Max Horkheimer; • Theodor Adorno; • Herbert Marcuse; • Friedrich Pollock. 26 A teoria crítica foi quem unificou os pensadores da escola de Frankfurt, fazendo surgir uma interpretação nova do marxismo frente a sociologia e a filosofia política no século XX. 2.7 HANNA ARENDT Fonte: Universo Racionalista. 15 Hannah Arendt é um dos grandes nomes na filosofia política. Alemã e de descendência judia, Arendt foi uma das grandes pensadoras sobre a política moderna. Em sua obra As Origens do Totalitarismo foram empreendidos importantes estudos sobre o totalitarismo na época. Hanna assim descreve: O estabelecimento de um regime totalitário requer a apresentação do terror como instrumento necessário para a realização de uma ideologia específica, e essa ideologia deve obter a adesão de muitos, até mesmo da maioria, antes que o terror possa ser estabelecido. (ARENDT, 2012) Hanna teve destaque por conseguir desenvolver formas diferentes de uma reflexão política, desafiando conceitos tidos como 15 Imagem retirada em: https://universoracionalista.org/a-sociedade-carece-do-pensamento-de-hannah- arendt/ 27 tradicionais e não passíveis de mudanças, como por exemplo a existência de uma esquerda e direita política, analisando muitos elementos sociais que explicam como a sociedade alemã aceitou tudo que o estado autoritário fez e suas atrocidades. Destacou-se também por analisar as origens da sociedade moderna e as atribuições e características que o homem dá a política, contribuindo para a formação da filosofia política como conhecemos hoje. 28 3. FILOSOFIA POLÍTICA E DEMOCRACIA Fonte: Estudo Prático16 A democracia tem origem grega e pode ser definida como o ‘governo do povo’. Assim, podemos enxergá-la como um sistema de governo onde os cidadãos são os responsáveis pelas decisões no âmbito político. Em resumo, a democracia pode ser dividia em: Direta – Os cidadãos participam de forma direta e abertamente nas questões políticas do Estado. Indireta – As decisões são tomadas por meio de representantes escolhidos para tal função. Semidireta – Há a combinação de conceitos entre a democracia representativa e a democracia direta. Em síntese, o governo pode ser tido como democrático pela sua oposição à monarquia (nesse sistema, todo o poder estatal está 16 Imagem retirada em: https://www.estudopratico.com.br/filosofia-da-religiao/ 29 absolutamente centralizado na mão de apenas uma pessoa denominada monarca). Tal definição pode ser encontrada na obra Política de Aristóteles. A democracia teve seu começo na Grécia Antiga em Atenas, sendo formada por uma organização entre cidades estados na Grécia. A ideia de um estado democrático não fora aceita no mundo heleno17. Na cidade de Atenas devemos observar a imagem de CLÍSTENES18, este foi um reformador que teve como função ampliar o poder do povo por meio da assembleia, dando início a isonomia (a igualdade pela lei) e ao direito igual de fala entre todos da sociedade, sendo considerado um dos pais do estado democrático pela filosofia política. Sobre a democracia, LINCOLN (1863) diz: é “o governo do povo, pelo povo e para o povo”.Essa é uma das melhores passagens para analisarmos o conceito democrático, pois está estritamente próxima ao conceito original grego da palavra. Com o início do século XX, alguns filósofos políticos abordaram sobre indagações acerca da possibilidade de colocarmos em prática um sistema democrático de forma liberal, onde o governo teria máxima participação da população. (PATEMAN, 1992) Podemos indicar três fatores básicos sobre os quais um projeto de democracia pode ter sua concretização difícil em uma sociedade contemporânea, sendo eles: A especialidade, a burocracia e a lentidão deste processo. (BOBBIO, 2000) No que se refere às dificuldades citadas acima, abordaremos cada uma especificamente na citação de Norberto Bobbio abaixo: 17 São uma nação e um grupo étnico que tem habitado a Grécia desde o século XVII a.C. Atualmente eles são principalmente encontrados na península grega do sudeste da Europa, nas ilhas gregas e em Chipre. 18 CLÍSTENES foi um político grego antigo, que levou adiante a obra de Sólon e, como este último, é considerado um dos pais da democracia. 30 O primeiro obstáculo diz respeito ao aumento da necessidade de competências técnicas que exigem especialistas para a solução de problemas públicos, com o desenvolvimento de uma economia regulada e planificada. A necessidade do especialista impossibilita que a solução possa vir a ser encontrada pelo cidadão comum. Não se aplica mais a hipótese democrática de que todos podem decidir a respeito de tudo. O segundo obstáculo refere-se ao crescimento da burocracia, um aparato de poder ordenado hierarquicamente de cima para baixo, em direção, portanto, completamente oposta ao sistema de poder democrático. Apesar de terem características contraditórias, o desenvolvimento da burocracia é, em parte, decorrente do desenvolvimento da democracia. O terceiro obstáculo traduz uma tensão intrínseca à própria democracia. À medida que o processo de democratização evoluiu promovendo a emancipação da sociedade civil, aumentou a quantidade de demandas dirigidas ao Estado gerando a necessidade de fazer opções que resultam em descontentamento pelo não-atendimento ou pelo atendimento não-satisfatório. Existe, como agravante, o fato de que os procedimentos de resposta do sistema político são lentos relativamente à rapidez com que novas demandas são dirigidas ao governo. (BOBBIO, 2000 apud NASSUNO, 2006 – Grifo nosso) Em nosso país, passamos por momentos de um governo republicano com aspectos democráticos e também por um período de governo ditatorial. A atual democracia que vivemos sucede de um tempo obscuro pelo golpe militar de 64. Sobre o período que antecede a promulgação da CF/88, Fernandes vem nos dizer que: O período que antecedeu a promulgação da Constituição Federal de 1988 deixou marcas profundas no seio da sociedade brasileira, isto se deu em razão de prevalecer no regime ditatorial então vigente, um total cerceamento ao exercício dos direitos de cidadania política. Esse quadro começou a ser mudado a partir da Assemblei Nacional Constituinte, que reconhecendo a importância da 31 participação popular na elaboração do texto Constitucional, proporcionou a oportunidade da concretização dos anseios da população brasileira (FONSECA, 2009, p. 14). 3.1 DEMOCRACIA NO BRASIL No Brasil foi necessária muita luta para que a nação conseguisse conquistar a posição de um Estado Democrático, foram necessários que muitos conflitos fossem travados entre povo e estado, neste capítulo iremos discorrer sobre as lutas pela busca da democracia. Muitas vidas foram perdidas para conquistarmos direitos civis e políticos que hoje são assegurados à sociedade brasileira. Fazendo uma análise sobre a promulgação, vemos que ela não aconteceu necessariamente por uma comoção do povo frente a um governo que olhasse para suas necessidades sociais. (PATTO, 1999) A Proclamação da República foi o resultado do entendimento provisório dos oficiais do Exército e dos cafeicultores do oeste de São Paulo, em uma época de agudas transformações sociais, marcada pelo fim da escravidão e o aumento do número de assalariados (ALVES, 2000, p. 61). Sendo assim, o movimento que clamava pelo fim da monarquia estava ativo para que seu objetivo fosse alcançado. Por um lado, o exército dizia que salvaria a pátria da corrupção, e de outro os fazendeiros buscavam por uma maior participação na política de forma para alcançar uma situação de maior crescimento nas capitais sem as limitações impostas pelo Estado. Nos anos subsequentes o Brasil pode presenciar alguns momentos históricos marcados por um governo ditatorial. Getúlio Vargas assumiu a presidência no final de 1930 e estava atento as demandas do povo. 32 Sendo assim, buscou por acabar com os resíduos das oligarquias cafeeiras, de forma a substituir governadores por interventores, que eram apontados pela confiabilidade. (ALVES, 2000) A democracia em nosso país foi fortemente reprimida em todo o período ditatorial, com os direitos civis negados à população. Não havia o direito de se expressar, de poder opinar em que o governo fazia e muita coisa era considera uma afronta nacional e aquele que o fizesse era visto como criminoso, sendo torturado e exilado. É difícil analisarmos esses momentos que o Brasil passou, pois os fatos aqui narrados eram comuns e o que reinava era a ditadura e não as vontades do povo. A diferença entre a ditadura e a democracia é que essa tem um cuidado pelo povo, pelas vontades sociais e pelo crescimento da nação, enquanto aquela acaba por atacar a dignidade humana, focada em oprimir o povo, excluindo suas garantias fundamentais. Com o fim da ditadura militar e todos seus transtornos deixados, a CF/88 (constituição cidadã) teve como objetivo garantir aqueles direitos que por anos foram reprimidos. A promulgação teve como princípio visar a dignidade da pessoa humana para que essa fosse respeitada em sua integralidade. A constituição vigente é bastante ampla e aborda aspectos que ainda não são idealizados na realidade, como o pleno direito a educação saúde e lazer, pois sabemos que uma grande parte da população está longe de ter todos os direitos citados na carta magna. É necessária a criação de política públicas que voltem seus olhos para a garantia desses direitos sociais. Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e 33 à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988) O atual serviço de saúde pública em nosso país vive uma situação de emergência, nem sempre há atendimento especializado e os recursos são escassos em muitos pontos do país, seja em material ou profissionais, além de diversos outros problemas que vem a dificultar a garantia a saúde prevista constitucionalmente. Vivemos em um país democrático de direito onde todos são iguais perante a lei, todavia, o Poder Judiciário vem a demorar muitos anos para julgar uma simples causa e muitos cidadãos que recorrem a defensoria pública não conseguem garantir seus direitos pela falta de defensores. Vemos que há um extenso caminho a ser seguido para que os direitos fundamentais venham a integralizar completamente a vida do brasileiro. No Brasil, aqueles que tem condições financeiras de arcar com um bom advogado, com os altos preços dos planos de saúde e até mesmo uma escola de ensino da rede particular, logo tem acesso a uma melhor qualidade de vida, porém tudo por meio do setor privado. Já aquele que recebe um salário mínimo tem dificuldade em suprir todas suas necessidades básicas, o que nosleva a crer que o artigo 5º da Constituição não está sendo colocado em prática. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988) O contexto de cidadania é bem recorrente na constituição, e sabemos que com a obtenção de direitos, também temos deveres a 34 serem cumpridos. Por exemplo, temos o direito a escolhermos nossos representantes políticos, todavia há a obrigação de votar. O ato do voto é muito além de escolher um número e confirmar, devemos observar atentamente os candidatos, suas propostas e pretensões para possamos votar da melhor maneira, garantindo assim um futuro melhor para a nação. É importante ter discernimento no momento do voto, pois vemos que há muita corrupção no Brasil, e se isso ocorre é porque a sociedade não está fazendo as melhores escolhas em seu ato de sufrágio19. É crucial que o povo cobre por atitudes corretas destes que estão no poder executivo, visando o bem estar social e não apenas o conforto próprio. Apenas exercendo o dever de votar de forma consciente teremos acesso à uma democracia e uma política de governo previstas constitucionalmente. Estado e sociedade formam, numa democracia, um todo indivisível. O Estado, cuja competência e limites de atuação estão definidos precipuamente na Constituição, deriva seu poder de legislar e de tributar a população, da legitimidade que lhe outorga a cidadania, via processo eleitoral. A sociedade, por seu turno, manifesta seus anseios e demandas por canais formais ou informais de contato com as autoridades constituídas. É pelo diálogo democrático entre o Estado e a sociedade que se definem as prioridades a que o Governo deve ater-se para a construção de um país mais próspero e justo. (PEREIRA, 1995) 19 processo de escolha por votação; eleição. 35 3.2 TIPOS DE DEMOCRACIA Fonte: Prof. Ricardo Torques.20 Democracia tem um significado bastante extenso, chega a ser complicado esgotarmos todos eles, podendo ser aplicada em diferentes formas de um desenvolvimento. Entretanto, podemos citar as três formas básicas de democracia, como vimos de forma breve anteriormente. A democracia direta está praticamente extinta em nossa modernidade, pois essa era exercida em Atenas, Grécia. O povo se reunia no Ágora21 e ali mesmo eram apresentadas as propostas políticas e eram escolhidas por meio do voto popular, tal concepção se fazia possível vista a cidadania popular que contemplava somente os homens atenienses e maiores de 21 anos. A democracia representativa vem a ser aquela que é exercida de forma indireta, ou seja, por meio do voto do povo. Dessa forma, 20 Imagem retirada em: https://www.eleitoralparaconcurso/photos/?tab=album&album_id=796431070461469 21 Ágora é um termo grego que significa a reunião de qualquer natureza, geralmente empregada por Homero como uma reunião geral de pessoas 36 escolhemos os líderes que irão ter a função de atuar nos pleitos executivos para governar e reger o país e em tese terão como objetivo cuidar do povo e do bem estar social. Este tipo de democracia é a vigente e mais utilizada em nossa sociedade moderna, pois parte de um pressuposto lógico de representatividade onde os políticos são escolhidos em massa pelo povo, o que tende a garantir uma contextualização do conceito de cidadania. A democracia participativa pode ser vista também como um sistema semidireto, pois se situa entre conceitos de ambos os tipos citados acima. Nessa modalidade, os cidadãos elegem seus representantes, mas também são ativos nas assembleias políticas para tomada das decisões. 37 4. PLATÃO E ARISTÓTELES Fonte: Brasil Escola22 O pensador Platão (Atenas, 348/347 a.C.) politicamente acreditava nas ideias do INATISMO, dizendo que o ser humano ao ser concebido já tem suas ideias racionais inatas23 e intrínsecas. Ao nascermos, Platão diz que já temos as ideias em nossa vida e é necessário procurá-las através do mundo inteligível. De acordo com o filósofo, há alguns meios de se alcançar o conhecimento, sendo eles: • A crença; • A opinião; 22 Imagem retirada em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-estetica-na-filosofia-platao- aristoteles.htm 23 que pertence ao ser desde o seu nascimento; inerente, natural, congênito. 38 • O raciocínio; • E a indução. Para Platão, a crença e a opinião não podem ser usadas para a busca filosófica e apenas o raciocínio e a indução tem conceitos concretos, a fim de buscar a verdade e a razão. Tudo é justificável frente a matemática e é por ela que podemos chegar a verdadeira realidade. De acordo com Platão, o conhecimento pela crença é apenas uma de muitas realidades, como visto na Alegoria da Caverna, o conhecimento pela razão consegue ir além, alcançando as essência das ideias. Aristóteles (Atenas, 322 a.C.) buscava conceituar o empirismo, dizendo que as ideias são concebidas por meio de experiências vivenciadas pela realidade. Todavia, as ideias empíricas não eram vigentes em sua época e os conceitos principais foram propostos justamente por Aristóteles, pois este dava maior relevância para o mundo exterior como forma de alcançar o conhecimento e o perfeito intelecto. 4.1 PENSAMENTO POLÍTICO A ética e a política são consideradas ciências pela excelência pelas visões de Platão e Aristóteles. As outras estão apenas subordinadas a elas. Como primazia, a ética busca doutrinar e moral do ser humano enquanto parte da sociedade e a política visa nortear a moral social. Conforme escritos da Grécia Antiga, o ser humano não deve ser visto como ser isolado e sim como parte de um todo. Somente como cidadão (ser social) o homem tem a capacidade de estar ativamente participativo das decisões políticas e governamentais, colocando suas necessidades a vista para que 39 possam ser supridas pelo poder estatal. Platão ainda afirma que a razão do ser humano se fundamenta na capacidade de participar das atividades políticas e sociais de onde vive e ainda diz que todos se consideram aptos para o exercício político. Entretanto, essa afirmação é considera equivocada por alguns, pois a política é algo para poucos e nem todos estão avidamente adequados para administração do bem comum em prol do bem estar de modo geral. A injustiça é mera consequência de uma má administração política, o que leva a incorreta ação dos representantes que buscam pensar em si mesmo e esquecem de seu compromisso para com o povo. Platão afirma que a justiça é a harmonia que deve acontecer por quatro grandes virtudes, são elas: • A moderação; • A coragem; • A sabedoria; • E a justiça. A moderação social coloca em ordem as vontades do homem e o poder para exercer a administração política, fazendo com que o governante evite agir de forma imprudente para com o povo. O indivíduo deve agir de forma harmônica em seu convívio, evitando a fraqueza frente a situações que o coloquem em condições difíceis. Cada ser humano tem uma função para ser exercida, e essa deve ser feita com excelência, buscando a justiça. (REALE, 2005) A partir do momento em que cada cidadão realiza sua função da melhor forma possível, temos o objetivo de harmonia alcançado e o bem comum é colocado em prática. (HELFERIC, 2006) Platão considera que um governo pode ser realizado de cinco formas distintas, sendo elas: 40 • Aristocracia; • Timocracia; • Oligarquia; • Tirania;• Democracia. Para Platão, a forma mais eficaz de exercer um bom governo é por meio da aristocracia24, o chamado “governo dos privilegiados”. Aristóteles, em contraponto a Platão, buscava voltar seus olhos para o mundo real, tentando ver a política na prática. (HELFERICH, 2006). De acordo com os ensinamentos de Aristóteles, o homem não é autossuficiente, e para viver bem é necessário ter uma ampla relação com sua família, amigos e vizinhos. Sendo assim, o homem está condicionado a viver no meio social, sendo político em sua natureza ao buscar seu bem estar pela vida. Essa concepção de Aristóteles foi bastante eficaz ao analisar que o homem precisa viver em sociedade, segundo o filósofo, aquele que não vive em grupo é um deus ou uma fera. (REALE, 2005) O homem, quando perfeito, é o melhor dos animais, mas é também o pior de todos quando afastado da lei e da justiça, pois a injustiça é mais perniciosa quando armada, e o homem nasce dotado de armas para serem bem usadas pela inteligência e pelo talento, mas podem sê-lo em sentido inteiramente oposto. Logo, quando destituído de qualidades morais, o homem é o mais impiedoso e selvagem dos animais. (ARISTÓTELES, 2001) Em sua obra Política, Aristóteles vê a criação do Estado com base na formação das famílias, essas geram pequenas aldeias e os conjuntos de aldeias se transformam na PÓLIS (cidade). 24 A palavra aristocracia originou-se do vocábulo grego ARISTOKRATÍA, que significa, literalmente, o governo dos melhores. 41 Assim, vemos o surgimento natural do Estado, que existe pela necessidade de trazer organização para o povo, visando a felicidade e respaldo do bem particular e público. Em analogia, não podemos imaginar um membro em funcionamento fora do corpo, e também não podemos conceber a ideia de um indivíduo sem o Estado. 42 ANEXOS E QUADROS COMPARATIVOS A seguir apresentaremos quadro comparativos sobre os conceitos da filosofia política afim de fixar melhor o conhecimento adquirido na presente apostila. Fonte: Gestão Educacional.25 Acima podemos distinguir visualmente as diferenças principais entre a ética e a moral, enquanto uma é guiada pela cultura de um povo, a outra é seguida pela consciência. 25 Imagem retirada em: https://www.gestaoeducacional.com.br/moral-o-que-e/ 43 Fonte: Quadro comparativo idealizado pelas ideias e conhecimentos adquiridos na apostila e nas referências já apresentadas bibliograficamente. Fonte: MEDIUM.COM26 26 Imagem retirada em: https://medium.com/@lucasbg/formas-de-estado-sistema-forma-e-regime-de- governo-d332aa34349d 44 Como podemos analisar, enquanto a república é formada por um governo unitário e presencial, a monarquia é tida por conceitos de um estado composto e um governo parlamentar, seu regime político é baseado no totalitarismo. MATERIAL COMPLEMENTAR Elencaremos abaixo alguns links gratuitos para estudo complementar acerca do tema Filosofia Política. Filosofia Política em Tempos de Pandemia Fonte: EDU CAPES Política, Filosofia Política e Sociedade. Uma leitura a partir do pensamento filosófico de Lima Vaz Fonte: FAJE.EDU Filosofia Política e Direito - Tomo Teoria Geral e Filosofia do Direito, Edição 1, Maio de 2017 Fonte: Enciclopédia Jurídica https://educapes.capes.gov.br/handle/capes/569783 https://faje.edu.br/periodicos/index.php/annales/article/download/3809/3863/ https://faje.edu.br/periodicos/index.php/annales/article/download/3809/3863/ https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/136/edicao-1/filosofia-politica-e-direito https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/136/edicao-1/filosofia-politica-e-direito 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARENDT. H. As Origens do totalitarismo: Antissemitismo, Imperialismo, Totalitarismo. Tradução de Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das letras, 2012. BOTTOMORE, T. Dicionário Do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2001. BÖCKENFÖRDE, Ernst-Wolfgang. 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