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FILOSOFIA-POLÍTICA-E-ÉTICA-APOSTILA

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CURSO DE COMPLEMENTAÇÃO 
Coordenação Pedagógica – IBRA 
 
 
 
DISCIPLINA 
 
FILOSOFIA POLÍTICA E ÉTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Lista de Abreviaturas, Siglas e Significados ..................................... 03 
Apresentação ..................................................................................... 04 
1. A Filosofia Política .......................................................................... 05 
1.1 Questões da Filosofia Política ....................................................... 06 
1.2 O Pensamento Político ................................................................. 06 
1.3 Idade Antiga, Moderna e Contemporânea ................................... 09 
1.4 Governo e Estados ........................................................................ 13 
2. Principais Pensadores da Filosofia Política .................................... 16 
2.1 Platão ............................................................................................. 17 
2.2 Aristóteles ..................................................................................... 18 
2.3 Maquiavel ..................................................................................... 19 
2.4 Contratualista .............................................................................. 22 
2.5 Iluministas ................................................................................... 24 
2.6 Escola De Frankfurt ..................................................................... 25 
2.7 Hanna Arendt ............................................................................... 26 
3. Filosofia Política e Democracia ...................................................... 28 
3.1 Democracia no Brasil ................................................................... 31 
3.2 Tipos de Democracia ................................................................... 35 
4. Platão e Aristóteles ......................................................................... 37 
4.1 Pensamento Político ..................................................................... 38 
Anexos e Quadros Comparativos ...................................................... 42 
Material Complementar ..................................................................... 44 
Referências Bibliográficas .................................................................. 45 
 
 
 
3 
 
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SIGNIFICADOS 
 
CF – Constituição Federal. 
CC – Código Civil. 
CP – Código Penal. 
Política - S.F. Pode ser conceituada como a ciência ou arte de governar 
os povos ou nações. Costuma-se dar o nome de política, ou ciência 
política, ao ramo das ciências sociais que tratam da organização e da 
vida do Estado. 1 
Pólis – Cidades-estados na Grécia antiga. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. 
p.]. 
4 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Prezados (as) aluno (as), 
Na presente disciplina estudaremos sobre a filosofia política, 
abordando todos os filósofos importantes na construção do conceito 
da filosofia, como Sócrates, Aristóteles, Max Weber, Karl Marx, entre 
outros. 
Abordaremos também a relação entra a filosofia e a política 
intrinsecamente, trazendo conceitos de governo, democracia, e o 
estado. Ao final, veremos sobre o pensamento político de Aristóteles 
e Platão, citando suas semelhanças e diferenças. 
Havendo alguma dúvida, não deixe de encaminhar as suas 
perguntas ao setor pedagógico por meio do protocolo ou atendimento 
aos alunos. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1. A FILOSOFIA POLÍTICA 
 
 
Fonte: Meus dicionários2 
 
A Filosofia Política pode ser conceituada como o campo da 
filosofia que busca analisar e compreender as questões sócio-políticas 
do ser humano. A filosofia busca compreender as questões sobre a 
justificação do poder do governo, a origem e objetivos do mesmo. 
Podemos dizer que há um problema que permeia a filosofia 
política, sendo ele a forma que o homem implementa e delimita o 
poder estatal, com fulcro em manter sua sobrevivência e a da 
sociedade pela qualidade de vida. 
O termo aqui estudado tem sua origem remetida à muitos anos 
atrás, na época em que os gregos mantinham sua organização em 
cidades-estados denominadas POLIS, a partir deste nome, derivaram 
as palavras POLITIKE que significa política e POLITIKOS, que 
representa os cidadãos, os sujeitos. 
 
2 Imagem retirada em: https://www.meusdicionarios.com.br/filosofia/ 
6 
 
O termo como conhecemos hoje derivou-se do grego antigo, 
POLITÉIA, indicando os meios remetidos a POLIS, ou cidade-estado 
como vimos acima. O termo poderia ainda ser usado para representar 
sociedades e comunidades que eram relacionadas a vida urbana na 
época. 
 
1.1 QUESTÕES DA FILOSOFIA POLÍTICA 
 
 Pode ser uma tarefa difícil conceituarmos as questões que 
abrangem a filosofia política, visto que seus fundamentos até os dias 
de hoje são pautados em inúmeros conflitos filosóficos. Todavia, 
separamos alguns tópicos especiais dentro da história da filosofia, os 
quais explanaremos a seguir: 
 As relações entre a sociedade, estado e moral é um tópico 
extenso estudado por Nicolau Maquiavel, Augusto Comte e Antônio 
Gramsci. Por outro lado, Karl Marx e Max Weber buscam falar sobre 
as relações entra a economia e política e suas nuances. Benjamim 
Constant e Hanna Arendt voltam seus olhos para as questões acerca 
da liberdade do ser humano frente a política. 
 
1.2 O PENSAMENTO POLÍTICO 
 
 Ao estudar a filosofia política, devemos voltar nossa atenção 
para analisar com funciona o pensamento político na sociedade, 
quanto a isso, o doutrinador Leo Strauss, leciona da seguinte maneira: 
 
O pensamento político é, enquanto tal, indiferente em 
relação a distinção entre opinião e conhecimento; mas a 
filosofia política é o esforço consciente, coerente e 
incessante de substituir as opiniões sobre os fundamentos 
da política pelo seu conhecimento. O pensamento político 
7 
 
não deve ser mais, e não deve sequer pretender ser mais, 
que a exposição ou a defesa de uma convicção ou de um 
mito encorajador; mas é essencial à filosofia política ser 
posta em movimento, e ser mantida em movimento, pela 
consciência inquietante da diferença fundamental entre a 
convicção, ou a crença, e o conhecimento. (STRAUSS, 
2016). 
 
 Devemos saber diferenciar a filosofia política de outras demais 
formas de análise/reflexão sobre o que é “público”, sendo essas 
reflexões a filosofia social e a ciência política. Pois bem, a filosofia 
social de certa forma apresenta o mesmo objeto de estudo da filosofia 
política, mas ela o enxerga por outro viés, buscando entender a 
associação política como algo maior, ou seja, a sociedade. 
 A ciência política tem seu conceito de ser “autossuficiente” e 
sendo assim, acaba sendo incompatível com a filosofia política, pois a 
ciência analisa apenas os conhecimentos obtidos de forma empírica 
sem buscar possíveis especulações a respeito de temas como formas 
de governo, poder do estado, entre outros. 
 Conhecer as coisas políticas é o objetivo principal da filosofia 
política, e isso a difere da simples opinião política mesmo que ela 
esteja diante de outras opiniões. Sendo assim, podemos ver que faz 
parte da essência política estar sendo guiada e redirecionada por um 
misto de verdades empíricas e opiniões sociais a respeito da mesma. 
Frente ao seu dinamismo social e contemporâneo, o viés político não 
vem a ser adquirido da mesma forma que foi concebido. 
 Se faz crucialmente necessário que os cientistas busquem 
organizar seu conhecimento sobre os bens e garantias públicas frente 
ao seu próprio tempo de pesquisasocial, pois o que move o 
pensamento filosófico deverá ser o impulso moral e a verdade acima 
de tudo. Sabemos que da mesma forma que age o cientista, o filósofo 
irá nortear suas buscas a partir do momento atual, de toda forma ele 
8 
 
só irá transcender a partir do momento em que encontrar seu real 
pensamento filosófico. 
 
Todo conhecimento das coisas políticas implica suposições 
a respeito da natureza das coisas políticas; isto é, suposições 
que dizem respeito não somente à situação política dada, 
mas à vida política ou à vida humana enquanto tal. 
(STRAUSS, 2016). 
 
 Podemos conceituar o positivismo como a ideia de que o 
conhecimento que é obtido por intermédio da ciência será sempre 
superior hierarquicamente à outras formas do “conhecer” inclusive ao 
pensamento filosófico. Isso leva então à depreciação do conhecimento 
obtido anteriormente à ciência atual. 
 
A ciência social não é apenas suplantada pelos estudos 
históricos; a própria ciência social mostra ser “histórica”. A 
reflexão sobre a ciência social como um fenômeno histórico 
leva à relativização da ciência social e, em última instancia, 
da ciência moderna em geral. Em consequência, a ciência 
moderna vem a ser encarada como um modo 
historicamente relativo de entender as coisas que, em 
princípio não é superior a maneiras alternativas de 
compreensão. (STRAUSS, 2016). 
 
 Conforme ensina Strauss, “todos os pensamentos e crenças 
humanas são históricos e, portanto, destinados merecidamente a 
perecer” (STRAUSS, 2014). Sendo assim, vemos que o direito natural 
não existe frente ao argumento historicista. 
 MENDES (2014) ensina que: 
 
Este argumento inviabiliza completamente qualquer 
possibilidade da filosofia política como forma de se pensar 
qual é, por natureza, a melhor política, o melhor regime ou 
a melhor sociedade. De fato, se todos os pensamentos são 
históricos, isto é, dependentes de uma dada sociedade em 
um determinado tempo, não há como se estabelecer valores 
universais, de modo que o bem e o mal, o certo e o errado 
9 
 
seriam submetidos ao profundo relativismo presente no 
mundo da história. Sendo assim, na visão de Strauss o 
relativismo dos valores sob a forma do historicismo se 
mostra como o inimigo mais forte da filosofia política por 
negar, sobretudo, o direito natural. (MENDES, 2016, p. 38). 
 
 Vemos então que o argumento trazido buscava de certa forma 
inviabilizar quaisquer meios onde a filosofia política poderia ter de 
pensar sobre a melhor forma de política frente aos parâmetros sociais. 
Na visão do autor, o relativismo se mostrava como inimigo aos 
conceitos filosóficos. 
 
1.3 IDADE ANTIGA, MODERNA E CONTEMPORÂNEA 
 
 No campo da filosofia política na idade antiga, os escritos 
deixados por Platão e Aristóteles podem ser amplamente usados para 
estar orientando o estudo da noção de virtude na política, pois foram 
temas estudados por anos pelos referidos filósofos. 
 Na idade moderna foram estabelecidas as temáticas 
norteadoras que ainda são estudadas atualmente. Contrapondo 
propostas anteriores, os filósofos do período moderno buscavam falar 
sobre a criação de um contrato social para buscar a harmonia e 
melhor convivência social. 
 Sobre o contrato social, Matthew Simpson elenca o seguinte 
conceito trazido por Rousseau: 
 
Rousseau concebe uma sociedade igualitária, legislada pela 
soberania popular, que garantiria a dignidade moral de 
todos e a observância da vontade geral do grupo. Não se 
trata de um trabalho de intervenção direta na realidade, 
mas do desenvolvimento de uma situação ideal, cuja análise 
permitiria compreender e questionar as formas de governo 
existentes. (SIMPSON, 2009) 
 
10 
 
 Rousseau pode ser considerado um grande filósofo e jurista, 
sendo responsável pelo expoente do iluminismo.3 
 Thomas Hobbes sempre fez críticas sobre a sociabilidade 
natural do homem, acreditando que a situação que antecedia a 
sociedade era instável, sendo assim, o filósofo pregava que somente 
um poder absolutista poderia trazer a segurança que o homem precisa 
para ter seu bem estar social. Para isso, o preço a se pagar é a liberdade 
de cada indivíduo, essa deveria ser diminuída para que um tempo de 
paz pudesse ter início. “A transferência mútua de direitos é aquilo a 
que se chama contrato”. (HOBBES, 1988 – p. 80) 
 
Se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo 
em que é impossível ela ser gozada por ambos, eles tornam-
se inimigos. E no caminho para seu fim (que é 
principalmente sua própria conservação, e às vezes apenas 
seu deleite) esforçam-se por se destruir ou subjugar um ao 
outro. (HOBBES, 1988) 
 
 Em contraponto, John Locke apresentava uma visão mais 
liberal acerca do Estado, trazendo conceitos democráticos aplicáveis. 
Locke filosofava sobre assegurar os direitos naturais do homem, 
principalmente o direito à propriedade, sendo assim, o cidadão deve 
prestar submissão ao estado na medida que seus direitos privados 
estão sendo respeitados pelo mesmo. 
A filosofia política contemporânea trouxe muitas características 
que vieram com a revolução industrial e os movimentos sociais pela 
independência, como a revolução francesa. Estes movimentos 
acabaram por mudar todo o cenário político no século XIX e 
alimentaram a discussão sobre conceitos democráticos, poder do 
 
3 Iluminismo é um movimento cultural que se desenvolveu na Inglaterra, Holanda e França, nos séculos 
XVII e XVIII. Nessa época, o desenvolvimento intelectual, que vinha ocorrendo desde o Renascimento, deu 
origem a ideias de liberdade política e econômica, defendidas pela burguesia. 
11 
 
estado e direitos individuais do ser humano. 
No que se refere o totalitarismo, Hanna Arendt4 (filósofa alemã) 
aborda sobre sua visão acerca da banalidade do mal e as demais 
iniciativas de revolução. 
Em contraponto ao pensamento de Rousseau, PITZ usa o 
pensamento da filósofa citada acima para dizer que: 
 
Segundo Hannah Arendt, o erro cometido por Rousseau foi 
o de ter derivado sua ideia de liberdade a partir do princípio 
da vontade humana, sustentada no valor da consciência. 
Consequentemente, derivam também, na essência, suas 
ideias políticas não de um princípio identificado 
essencialmente com a ação humana externa, e sim, de um 
ideal que só pode ser considerado em sua significação 
substancial como sendo acionado e sustentado por uma 
causa motivadora interna. (PITZ, 2004) 
 
 John Rawls é um dos maiores filósofos da metade do século XX 
no que diz respeito a filosofia política, fazendo uma crítica sobre a 
interpretação da justiça e trazendo o conceito de equidade. 
 
 
Fonte: Ideias Radicais5 
 
4 Hannah Arendt foi uma filósofa política alemã de origem judaica, uma das mais influentes do século XX. 
5 Imagem retirada em: https://ideiasradicais.com.br/john-rawls/ 
12 
 
 Na visão do filósofo John Rawls, para que exista o conceito de 
justiça, ela precisa ser considera justa por meio de vários aspectos de 
equidade6. Em sua teoria são apresentados dois pontos principais, 
sendo eles a liberdade e a igualdade. 
 O primeiro ponto – a liberdade – abarca sobre o fato das 
pessoas terem acesso as liberdades básicas, e a igualdade se refere a 
diminuição das desigualdades sociais da sociedade, organizando as 
posições e cargos para que esses sejam acessíveis à todos de acordo 
com suas diferenças e oportunidades. Para o filósofo supracitado, a 
liberdade merece ponto de destaque, pois ao avançarmos nas 
condições econômicas, a liberdade se torna ainda mais importante. 
 A ideia de equidade se manifesta desde os primórdios, e se 
manteve firme até a contemporaneidade ao se encontrar com a visão 
de Rawls, o qual vem propor uma forma de aplicar os valores sociais 
buscando dizimar as diferenças econômicas e sociais.Entretanto, para que isso aconteça, o filósofo diz que é 
necessário que os homens estejam num estado único de igualde e 
cobertos pelo véu da ignorância. Sendo assim, as pessoas não iriam 
pregar os valores de justiça para alguém em detrimento de outro, visto 
que a partir do momento em que estiverem sob o véu, a escolha dos 
valores sociais iria determinar um estágio onde todos poderiam ter 
acesso ao bem-estar. 
Para entender e visualizarmos melhor o que Rawls quer dizer, 
devemos nos colocar na seguinte situação: Devemos pressupor uma 
condição onde não teremos conhecimento de qual é a nossa situação 
social e nosso poder aquisitivo, assim teríamos mais cuidado ao 
determinar os preceitos que norteias nossa vida pois não saberíamos 
 
6 Equidade consiste na adaptação da regra existente à situação concreta, observando-se os critérios de 
justiça. 
13 
 
a qual classe fazemos parte, nossa religião ou cultura. Com isso, 
deveremos fazer escolhas que visem o bem comum e não apenas às 
nossas convicções pessoais. 
Sobre o véu da ignorância, Rawls diz que: 
 
Uma vez que todos estão numa situação semelhante e 
ninguém pode designar princípios para favorecer sua 
condição particular, os princípios da justiça são o resultado 
de um consenso ou ajuste equitativo. A essa maneira de 
considerar os princípios da justiça eu chamarei de justiça 
como equidade. (RAWLS, 1981) 
 
 Sendo assim, essa situação hipotética coloca todos os homens 
em uma situação do não conhecimento sobre si mesmo, de forma que 
será necessário pensar na comunidade como um todo ao tomar as 
decisões para o bem estar social, esse seria o primeiro passo ao se 
pensar em equidade. 
 Rawls sempre deu muita ênfase no liberalismo, e isso acabou 
por gerar muitas críticas em sua obra A Teoria da Justiça, todavia a 
mesma é uma das maiores obras da contemporaneidade e exerce 
muita influência sobre a filosofia política. As ideias apresentadas tem 
ajudado a fomentar discussões sobre uma possível reestruturação do 
sistema político moderno e nos leva a buscar um bem estar social 
baseado na democracia. 
 
1.4 GOVERNO E ESTADOS 
 
 É crucial compreendermos as questões de governo e estado ao 
estudarmos a filosofia política para que possamos ter um pensamento 
crítico formado por uma base técnica e teórica de qualidade. Os 
estudos da filosofia política são abarcados por Platão e Aristóteles, e 
há um consenso quanto a estes conceitos. 
14 
 
 O Estado pode ser definido como o as ferramentas da máquina 
pública, as formas que agrupam os órgãos políticos e limitam aquilo 
que pertence ao povo (coletividade) e o que é referente a propriedade 
privada. 
 São Tomás de Aquino e a doutrina de Santo Agostinho, vem nos 
dizer que o estado foi criado por Deus, sendo assim ele não tem 
origem no homem, mas sim de um ser divino, assim como todas as 
outras coisas. 
 Entretanto, em contraponto a este entendimento sobre a 
formação estatal, Hobbes diz que o ser humano viveria de forma 
desorganizada e em situação de colapso em seu estado de natureza. 
Para evitar a guerra e o conflito, cria-se a figura do estado para 
controlar o homem, sendo essa a única forma de trazer paz social, 
como dito anteriormente. Sendo assim, o homem seria 
supervisionado pelo Estado devido a um contrato social. 
 Sobre o contrato social Rousseau ensina que: 
 
Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja 
a pessoa e os bens de cada associação de qualquer força 
comum, e pela qual, cada um, unindo-se a todos, não 
obedeça, portanto, senão a si mesmo, ficando assim tão 
livre como dantes. (ROSSEAU, 1762) 
 
 O estado tem como objetivo buscar o bem comum de todos com 
forma igualitária, visando sempre o bem estar social, nesta seara 
Immanuel Kant elenca seus ensinamentos com as seguintes palavras: 
 
O ato pela qual um povo se constitui num Estado é o 
contrato original. A se expressar rigorosamente, o contrato 
original é somente a ideia desse ato, com referência ao qual 
exclusivamente podemos pensar na legitimidade de um 
Estado. De acordo com o contrato original, todos no seio de 
um povo renunciam à sua liberdade externa para reassumi-
la imediatamente como membros de uma coisa pública, ou 
15 
 
seja, de um povo considerado como um Estado. E não se 
pode dizer: o ser humano num Estado sacrificou uma parte 
de sua liberdade externa inata a favor de um fim, mas, ao 
contrário, que ele renunciou inteiramente à sua liberdade 
selvagem e sem lei para se ver com sua liberdade toda não 
reduzida numa dependência às leis, ou seja, numa condição 
jurídica, uma vez que essa dependência surge de sua 
própria vontade legisladora. (KANT, 1781) 
 
 O conceito de estado pode ser visto e conceituado com base em 
diversas doutrinas (como os autores apresentados) e podem haver 
algumas modificações em seus conceitos a depender do filósofo 
analisado, todavia, o ponto em comum sempre é mantido. Este ponto 
se trata de que a criação do Estado tem por objetivo deter autoridade 
e poder a fim de organizar e manter o bem público. 
 No século XX, Kelsen descreve sua perspectiva do Estado sobre 
uma ordem jurídica, analisando-o sob o aspecto da conduta humana 
ao que entendemos por ordem jurídica. Em suas palavras, o filosofo 
diz que: 
 
O Estado é aquela ordem da conduta humana que 
chamamos de ordem jurídica, a ordem à qual se ajustam as 
ações humanas, a ideia à qual os indivíduos adaptam sua 
conduta. Existe apenas um conceito jurídico de Estado: o 
Estado como ordem jurídica, centralizada. (KELSEN, 1998) 
 
 O Estado é fixo, já o governo tem seu caráter transitório. Em 
uma sociedade democrática, a transição do governo tende a acontecer 
de forma constante, já em uma sociedade pautada por princípios 
autoritaristas a mudança de governo tende a demorar para acontecer. 
Ou seja, de qualquer forma entendemos que em um governo as 
mudanças podem acontecer repentinamente e que cada líder de 
governo usará de seus princípios para movimentar e gerir a máquina 
pública. 
 
16 
 
2. PRINCIPAIS PENSADORES DA FILOSOFIA POLÍTICA 
 
 
Fonte: NETMUNDI.ORG7 
 
 A filosofia possui uma variedade de pensadores sobre diferentes 
assuntos políticos entre os mais diversos temas, sendo assim, com o 
decorrer dos anos de pensamento teórico, houveram muitos 
pensamentos sobre o estado, a política, a sociedade e como o homem 
deve se comportar ao buscar o bem estar social. A seguir, iremos expor 
as ideias dos principais filósofos da filosofia política, para 
entendermos a ideia principal de cada um e como seu pensamento 
pode ser aplicado nos dias atuais. 
 
7 Imagem retirada em: https://www.netmundi.org/filosofia/2017/aristoteles-cientista-da-antiguidade/ 
17 
 
2.1 PLATÃO 
 
 
Fonte: Educa Filosofia8 
 
 Platão (428/427 a.C. - 348/347 a.C.), foi autor da primeira 
utopia política, denominada A República. Este filósofo estabeleceu 
uma organização política bastante complexa para criar o conceito de 
uma cidade sem problemas, com características de um mundo 
perfeito. 
 Em sua república idealizada, a educação seria algo totalmente a 
encargo do Estado, e cada um receberia educação de acordo com suas 
qualidades e aptidões intrínsecas. Sendo assim, as crianças que 
demonstrassem um maior desenvolvimento intelectual, seria 
considera apta para estar em cargos de governo da cidade ideal. Platão 
os considera como futuros reis filosóficos. Esses jovens dotados de 
maior intelecto receberiam então uma educação especial, um pouco 
mais formal que os demais, sendo norteados pelos princípios 
filosóficos e políticos, a fim de moldar um carácter ideal aos preceitos 
estabelecidos. 
 Platão partia do pressuposto que o ideal seria uma aristocracia 
mantida pelo melhor rei filosófico, este usaria de seus atributos 
intelectuaispara governar a cidade perfeita. 
 
8 Imagem retirada em: https://beduka.com/blog/materias/filosofia/principais-ideias-platao/ 
18 
 
2.2 ARISTÓTELES 
 
 
Fonte: Revista Educação9 
 
 Aristóteles foi um importante filósofo grego que teve por função 
sistematizar o conhecimento filosófico, para isso, separou os campos 
de atuação da filosofia em três, sendo eles: técnica, teorética e prática. 
 Para Aristóteles, a política é intrínseca a moral, pois a finalidade 
do estado é a formação moral e ética do cidadão. Dito isto, o filosofo 
entende que o Estado é um grande sistema que visa trazer condições 
para a atividade contemplativa do homem buscando o bem estar 
social. Entretanto, a política é diferente da moral, pois a primeira tem 
como primazia o indivíduo, e a segunda visa a coletividade. Sendo 
assim, a ética vem a ser a doutrinadora para nortear a moral de cada 
um. 
 De acordo com Aristóteles, o Estado é superior 
hierarquicamente ao cidadão e o bem da coletividade deve vir antes 
do bem individual. Sendo assim, o Estado irá buscar satisfazer a todos 
ao mesmo tempo suprindo todas as necessidades da coletividade. 
 Em sua obra Ética a Nicomaco10, Aristóteles diz que o conceito 
de uma justiça distributiva é considerar uma forma de dividir a 
 
9 Imagem retirada em: https://revistaeducacao.com.br/2012/12/03/a-arte-na-educacao-a-partir-de-
aristoteles/ 
10 A ÉTICA A NICÔMACO é a principal obra de Aristóteles sobre Ética. 
19 
 
igualdade de forma proporcional, para isso deve-se basear no mérito 
de cada um, contrapondo à justiça corretiva, essa última estabelece a 
igualdade absoluta para todos os indivíduos. Sobre a igualdade 
proporcional, Silveira ensina que: 
 
A conjunção do primeiro termo de uma proporção com o 
terceiro, e do segundo com o quarto, e o justo nesta acepção 
é o meio-termo entre dois extremos desproporcionais, já 
que o proporcional é um meio termo, e o justo é o 
proporcional. (SILVEIRA, 2001) 
 
2.3 MAQUIAVEL 
 
 
Fonte: Filosofia na Escola11 
 
 Nicolau Maquiavel foi um importante filósofo renascentista, e 
um dos pensadores políticos mais importantes de todos os tempos. 
Mesmo com sua conduta considerada ríspida por muitos, é uma 
referência a ser estudada academicamente nos dias de hoje. 
 Maquiavel tem uma forma diferente de separar ética de política, 
em sua obra O Príncipe, o filósofo diz que o governante/líder deve ter 
condutas populistas e estratégicas, de forma a sempre adquirir apoio 
de outros políticos e governantes. Em sua principal obra, escrita em 
meados de 1.512, as ideias são claras e o autor diz que as ideias de um 
 
11 Imagem retirada em: https://filosofianaescola.com/filosofos/maquiavel/ 
20 
 
governante tem como fundamento os fatos em que estão inseridas, e 
não devem ser analisados valores de outros âmbitos. 
 Nicolau Maquiavel não era um filósofo imoral, entretanto sua 
obra foi proibida pelos conservadores da época. O autor tem a ideia 
de colocar a ação política em primazia, de forma independente. Com 
isso, se tem a desconexão da política com a moral social, pois não se 
deve limitar a governança à ideia de virtude como valor social. 
 
Um príncipe não deve, portanto, importar-se por ser 
considerado cruel se isso for necessário para manter os seus 
súditos unidos e com fé. Com raras exceções, um príncipe 
tido como cruel é mais piedoso do que os que por muita 
clemência deixam acontecer desordens que podem resultar 
em assassinatos e rapinagem, porque essas consequências 
prejudicam todo um povo, ao passo que as execuções que 
provêm desse príncipe ofendem apenas alguns indivíduos. 
(MAQUIAVEL, 2002) 
 
 Sendo assim, vemos que a ideia de Maquiavel consiste em dizer 
que a soberania de um príncipe/governante está aliada ao seu 
discernimento em saber separar a conduta social e a política. 
 O autor define o homem como um ser cruel pela própria 
natureza, e que a maldade é uma característica que se mantém com 
frequência. 
 Ao falar sobre a natureza do ser humano, Maquiavel diz que ela 
é estritamente cruel e tende a não pensar nos outros indivíduos com 
compaixão, e o traço mais latente no homem é o exercício da maldade. 
Naturalmente o homem não pode ser bom, pois tende a ser ingrato, 
simulador e covarde. Independente da época ou local, a maldade do 
ser humano é previsível. (MAQUIAVEL, 2013) 
 Sendo assim, apesar do autor descrever com veemência sobre a 
natureza do homem, diz também que a bondade é algo que deve ser 
ensinada e devidamente aprendida, as pessoas devem ser ensinadas e 
21 
 
instruídas a fazer o bem, pois se tiverem a necessidade irão agir com 
perversidade. 
 A maldade presente no ser humano e a falta da vontade de 
exercer bons atos por vontade própria, faz com que pelo passar do 
tempo, os homens se voltem uns contra os outros, causando conflitos 
e gerando o que nós chamamos de conflito social. Este problema gera 
uma instabilidade na comunidade e consequentemente interfere 
diretamente na política. 
 
É com essa natureza humana que os governantes terão de 
lidar, não podendo esquecer jamais a incômoda situação em 
que estão inseridos, rodeados de homens ávidos por trair. 
Essa situação levará Maquiavel a defender claramente a 
ideia de que ao príncipe é melhor ser temido do que ser 
amado, pois se o temor dos súditos é capaz de desestimular 
eventuais traições, o mesmo não acontecerá com o amor a 
eles devotado. Sua espada, portanto, deve estar sempre 
pronta a ser usada em seu principado para protege-lo em 
um mundo, em regra, hostil”. (FERREIRA, 2008, p.37) 
 
 Na passagem acima, Ferreira descreve que a natureza do 
homem é algo que deve ser bem administrada, sendo necessário o uso 
de discernimento para que possamos agir da melhor maneira, pois o 
homem tem a necessidade/natureza em agir de forma ávida e 
impetuosa. Sendo assim, tudo isso leva Maquiavel a dizer que o 
Governante deve ser temido, pois o temor por um líder causa receio, 
e com isso evita traições, evitando assim o agir natural do homem. 
 
“Não ignoro ser crença antiga e atual que a fortuna e Deus 
governam as coisas deste mundo, e de que nada pode contra 
isso a sabedoria dos homens (…), todavia para que não se 
anule o nosso livre arbítrio, eu, admitindo embora que a 
fortuna seja dona de metade das nossas ações, creio que, ela 
nos deixa senhores de outra metade ou pouco menos. 
Comparo a fortuna a um daqueles rios, que quando se 
enfurecem, inundam as planícies, derrubam casas e 
22 
 
árvores, arrastam terra de um ponto para pô-la em outro: 
diante deles não há quem não fuja, quem não ceda ao seu 
ímpeto, sem meio algum para se obstar. Mas, apesar de ser 
isso imprevisível, nada impediria que os homens, nas 
épocas tranquilas, construíssem diques e canais, de modo 
que as águas ao transbordarem do seu leito, corressem por 
estes canais, ou ao menos, viessem com fúria atenuada, 
produzindo menores estragos. Fato análogo sucede com a 
fortuna, a qual demonstra todo o seu poderio quando não 
encontra ânimo preparado para resistir-lhe e, portanto, 
volve os seus ímpetos para os pontos onde não foram feitos 
diques para contê-la”. (MAQUIAVEL, 2013) 
 
2.4 CONTRATUALISTAS 
 
 
Thomas Hobbes – Fonte: Instituto Claro.12 
 
Os filósofos contratualistas se baseiam na existência dos 
direitos naturais e do jusnaturalismo. Para eles, essa lei natural tem 
por objetivo estabelecer as garantias que devem ser observadas em 
qualquer forma de governo. Estes pensadores acreditavam também 
que a lei da natureza é quem pode reger todo o sistema do estado 
anteriormente a convivência do homem em uma sociedade civil. O 
contrato social é o que estabelece a garantia do cumprimento dos 
direitos fundamentais e garante a soluçãodas questões acerca do 
direito natural. 
 
12 Imagem retirada em: https://www.institutoclaro.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-
aula/thomas-hobbes-a-condicao-humana-e-o-estado-absoluto/ 
23 
 
Thomas Hobbes, John Locke e Jean Jacques Rousseau foram 
alguns dos filósofos contratualistas. O contratualismo vem a ser a 
alavanca do direito nos termos modernos, pois há que se dizer que a 
existência da ciência política se fundamenta no homem pactuar regras 
delimitadoras em suas condutas sociais. A partir do momento em que 
concebemos o ser humano em convivência social, surge a 
possibilidade de contrato. Dessa possibilidade é gerado um fato 
contratual e uma norma a ser respeitada. 
Para o filósofo Hobbes, o homem tem a necessidade de ser 
guiado por um Estado, visto que a ausência de um poder estatal gera 
conflitos internos em uma nação. O ser humano tende a ser egoísta, e 
a partir do momento em que se torna submisso de um poder maior, 
consegue viver em harmonia para com os outros, usufruindo do bem 
estar social. 
Ainda de acordo com o filósofo supracitado, o Estado tem a 
obrigação de eximir os conflitos sociais, prezando pela segurança 
pública e privada, assim, somente o governante com notável força e 
autoridade poderá garantir a harmonia. 
Em seu livro O Leviatã, Hobbes afirma: 
 
Que um homem concorde, quando outros também o façam, 
e na medida em que tal considere necessário para a paz e 
para a defesa de si mesmo, em renunciar a seu direito a 
todas as coisas, contentando-se, em relação aos outros 
homens, com a mesma liberdade que aos outros homens 
permite em relação a si mesmo. (HOBBES, 2003) 
 
John Locke afirma que o homem tem o dever de se manifestar 
nas decisões políticas de sua sociedade, manifestando a democracia 
seja ela direta ou indiretamente de forma a delegar para um superior 
a responsabilidade de zelo com a liberdade e a vida. 
 
24 
 
2.5 ILUMINISTAS 
 
 
François-Marie, mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire – Fonte: 
BBC Brasil.13 
 
 A filosofia política foi muito influenciada pelos modernos 
filósofos do iluminismo, no geral, estes se colocaram contra a 
monarquia absolutista como forma de governo e buscavam o 
estabelecimento de direitos fundamentais que não poderiam ser 
alienados pelo Estado. Os direitos dos seres humanos se consistem 
nas liberdades individuais (sendo elas: liberdade religiosa, de 
expressão, entre outras), o direito de propriedade e o de associação 
política. Os iluministas buscaram a dicotomia entre o estado e a igreja, 
pois quanto maior o avanço intelectual do povo, mais evoluído ele será 
moralmente. 
 Sendo assim, os filósofos iluministas ergueram a bandeira da 
popularização do conhecimento e a busca por levar um ensino 
pautado na laicidade14 para a sociedade de forma universal e gratuita 
com respaldo do Estado. Os ideais do iluminismo fomentaram a 
Revolução Francesa, alguns nomes importante que podemos citar 
são: Montesquieu, Voltaire e Diderot. 
 
13 Imagem retirada em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-42481081 
14 Doutrina ou sistema que preconiza a exclusão das Igrejas do exercício do poder político e/ou 
administrativo. 
25 
 
 O movimento criticava os seguintes pontos sobre o antigo 
regime: 
• O mercantilismo; 
• O absolutismo monárquico; 
• O poder da igreja. 
 Sendo assim, vemos que o iluminismo buscava a liberdade 
econômica sem influência do governo na economia, como também o 
avanço da ciência, do pensamento crítico e da lógica. As ideias citadas 
tiveram ampla disseminação na sociedade, de forma que alguns reis 
absolutistas começaram a aceitá-las com receio de perder seu 
governo. 
 
2.6 ESCOLA DE FRANKFURT 
 
 Os filósofos e pensadores da Escola de Frankfurt foram aqueles 
que aderiram as ideias políticas e econômicas de Karl Marx como um 
exemplo a ser seguido na sociedade. Os frankfurtianos criticaram 
alguns pontos do iluminismo como o fato de que o avanço moral 
dependeria do avanço da razão e do pensamento lógico. 
 Sendo assim, usaram do totalitarismo (séc. XX) para 
fundamentar suas teorias contra o iluminismo, dizendo que o avanço 
do conhecimento tecnológico não foi responsável por alavancar as 
ideias morais da sociedade, visto que a ciência avançada fora usada 
para a morte de muitos nos campos de concentração. 
 Os principais nomes entre os filósofos frankfurtianos são: 
• Max Horkheimer; 
• Theodor Adorno; 
• Herbert Marcuse; 
• Friedrich Pollock. 
26 
 
 A teoria crítica foi quem unificou os pensadores da escola de 
Frankfurt, fazendo surgir uma interpretação nova do marxismo frente 
a sociologia e a filosofia política no século XX. 
 
2.7 HANNA ARENDT 
 
 
Fonte: Universo Racionalista. 15 
 
 Hannah Arendt é um dos grandes nomes na filosofia política. 
Alemã e de descendência judia, Arendt foi uma das grandes 
pensadoras sobre a política moderna. Em sua obra As Origens do 
Totalitarismo foram empreendidos importantes estudos sobre o 
totalitarismo na época. 
 Hanna assim descreve: 
 
O estabelecimento de um regime totalitário requer a 
apresentação do terror como instrumento necessário para a 
realização de uma ideologia específica, e essa ideologia deve 
obter a adesão de muitos, até mesmo da maioria, antes que 
o terror possa ser estabelecido. (ARENDT, 2012) 
 
 Hanna teve destaque por conseguir desenvolver formas 
diferentes de uma reflexão política, desafiando conceitos tidos como 
 
15 Imagem retirada em: https://universoracionalista.org/a-sociedade-carece-do-pensamento-de-hannah-
arendt/ 
27 
 
tradicionais e não passíveis de mudanças, como por exemplo a 
existência de uma esquerda e direita política, analisando muitos 
elementos sociais que explicam como a sociedade alemã aceitou tudo 
que o estado autoritário fez e suas atrocidades. Destacou-se também 
por analisar as origens da sociedade moderna e as atribuições e 
características que o homem dá a política, contribuindo para a 
formação da filosofia política como conhecemos hoje. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
3. FILOSOFIA POLÍTICA E DEMOCRACIA 
 
 
Fonte: Estudo Prático16 
 
A democracia tem origem grega e pode ser definida como o 
‘governo do povo’. Assim, podemos enxergá-la como um sistema de 
governo onde os cidadãos são os responsáveis pelas decisões no 
âmbito político. Em resumo, a democracia pode ser dividia em: 
Direta – Os cidadãos participam de forma direta e abertamente 
nas questões políticas do Estado. 
Indireta – As decisões são tomadas por meio de representantes 
escolhidos para tal função. 
Semidireta – Há a combinação de conceitos entre a democracia 
representativa e a democracia direta. 
Em síntese, o governo pode ser tido como democrático pela sua 
oposição à monarquia (nesse sistema, todo o poder estatal está 
 
16 Imagem retirada em: https://www.estudopratico.com.br/filosofia-da-religiao/ 
29 
 
absolutamente centralizado na mão de apenas uma pessoa 
denominada monarca). Tal definição pode ser encontrada na obra 
Política de Aristóteles. 
A democracia teve seu começo na Grécia Antiga em Atenas, 
sendo formada por uma organização entre cidades estados na Grécia. 
A ideia de um estado democrático não fora aceita no mundo heleno17. 
Na cidade de Atenas devemos observar a imagem de 
CLÍSTENES18, este foi um reformador que teve como função ampliar 
o poder do povo por meio da assembleia, dando início a isonomia (a 
igualdade pela lei) e ao direito igual de fala entre todos da sociedade, 
sendo considerado um dos pais do estado democrático pela filosofia 
política. 
 Sobre a democracia, LINCOLN (1863) diz: é “o governo do povo, 
pelo povo e para o povo”.Essa é uma das melhores passagens para 
analisarmos o conceito democrático, pois está estritamente próxima 
ao conceito original grego da palavra. 
 Com o início do século XX, alguns filósofos políticos abordaram 
sobre indagações acerca da possibilidade de colocarmos em prática 
um sistema democrático de forma liberal, onde o governo teria 
máxima participação da população. (PATEMAN, 1992) 
 Podemos indicar três fatores básicos sobre os quais um projeto 
de democracia pode ter sua concretização difícil em uma sociedade 
contemporânea, sendo eles: A especialidade, a burocracia e a lentidão 
deste processo. (BOBBIO, 2000) 
 No que se refere às dificuldades citadas acima, abordaremos 
cada uma especificamente na citação de Norberto Bobbio abaixo: 
 
 
17 São uma nação e um grupo étnico que tem habitado a Grécia desde o século XVII a.C. Atualmente eles 
são principalmente encontrados na península grega do sudeste da Europa, nas ilhas gregas e em Chipre. 
18 CLÍSTENES foi um político grego antigo, que levou adiante a obra de Sólon e, como este último, é 
considerado um dos pais da democracia. 
30 
 
O primeiro obstáculo diz respeito ao aumento da 
necessidade de competências técnicas que exigem 
especialistas para a solução de problemas públicos, com o 
desenvolvimento de uma economia regulada e planificada. 
A necessidade do especialista impossibilita que a solução 
possa vir a ser encontrada pelo cidadão comum. Não se 
aplica mais a hipótese democrática de que todos podem 
decidir a respeito de tudo. 
O segundo obstáculo refere-se ao crescimento da 
burocracia, um aparato de poder ordenado 
hierarquicamente de cima para baixo, em direção, portanto, 
completamente oposta ao sistema de poder democrático. 
Apesar de terem características contraditórias, o 
desenvolvimento da burocracia é, em parte, decorrente do 
desenvolvimento da democracia. 
O terceiro obstáculo traduz uma tensão intrínseca à 
própria democracia. À medida que o processo de 
democratização evoluiu promovendo a emancipação da 
sociedade civil, aumentou a quantidade de demandas 
dirigidas ao Estado gerando a necessidade de fazer opções 
que resultam em descontentamento pelo não-atendimento 
ou pelo atendimento não-satisfatório. Existe, como 
agravante, o fato de que os procedimentos de resposta do 
sistema político são lentos relativamente à rapidez com que 
novas demandas são dirigidas ao governo. (BOBBIO, 2000 
apud NASSUNO, 2006 – Grifo nosso) 
 
Em nosso país, passamos por momentos de um governo 
republicano com aspectos democráticos e também por um período de 
governo ditatorial. A atual democracia que vivemos sucede de um 
tempo obscuro pelo golpe militar de 64. 
Sobre o período que antecede a promulgação da CF/88, 
Fernandes vem nos dizer que: 
 
O período que antecedeu a promulgação da Constituição 
Federal de 1988 deixou marcas profundas no seio da 
sociedade brasileira, isto se deu em razão de prevalecer no 
regime ditatorial então vigente, um total cerceamento ao 
exercício dos direitos de cidadania política. Esse quadro 
começou a ser mudado a partir da Assemblei Nacional 
Constituinte, que reconhecendo a importância da 
31 
 
participação popular na elaboração do texto Constitucional, 
proporcionou a oportunidade da concretização dos anseios 
da população brasileira (FONSECA, 2009, p. 14). 
 
3.1 DEMOCRACIA NO BRASIL 
 
No Brasil foi necessária muita luta para que a nação conseguisse 
conquistar a posição de um Estado Democrático, foram necessários 
que muitos conflitos fossem travados entre povo e estado, neste 
capítulo iremos discorrer sobre as lutas pela busca da democracia. 
Muitas vidas foram perdidas para conquistarmos direitos civis e 
políticos que hoje são assegurados à sociedade brasileira. 
Fazendo uma análise sobre a promulgação, vemos que ela não 
aconteceu necessariamente por uma comoção do povo frente a um 
governo que olhasse para suas necessidades sociais. (PATTO, 1999) 
 
A Proclamação da República foi o resultado do 
entendimento provisório dos oficiais do Exército e dos 
cafeicultores do oeste de São Paulo, em uma época de 
agudas transformações sociais, marcada pelo fim da 
escravidão e o aumento do número de assalariados (ALVES, 
2000, p. 61). 
 
Sendo assim, o movimento que clamava pelo fim da monarquia 
estava ativo para que seu objetivo fosse alcançado. Por um lado, o 
exército dizia que salvaria a pátria da corrupção, e de outro os 
fazendeiros buscavam por uma maior participação na política de 
forma para alcançar uma situação de maior crescimento nas capitais 
sem as limitações impostas pelo Estado. 
Nos anos subsequentes o Brasil pode presenciar alguns 
momentos históricos marcados por um governo ditatorial. Getúlio 
Vargas assumiu a presidência no final de 1930 e estava atento as 
demandas do povo. 
32 
 
Sendo assim, buscou por acabar com os resíduos das oligarquias 
cafeeiras, de forma a substituir governadores por interventores, que 
eram apontados pela confiabilidade. (ALVES, 2000) 
A democracia em nosso país foi fortemente reprimida em todo 
o período ditatorial, com os direitos civis negados à população. Não 
havia o direito de se expressar, de poder opinar em que o governo 
fazia e muita coisa era considera uma afronta nacional e aquele que o 
fizesse era visto como criminoso, sendo torturado e exilado. É difícil 
analisarmos esses momentos que o Brasil passou, pois os fatos aqui 
narrados eram comuns e o que reinava era a ditadura e não as 
vontades do povo. 
A diferença entre a ditadura e a democracia é que essa tem um 
cuidado pelo povo, pelas vontades sociais e pelo crescimento da 
nação, enquanto aquela acaba por atacar a dignidade humana, focada 
em oprimir o povo, excluindo suas garantias fundamentais. 
Com o fim da ditadura militar e todos seus transtornos 
deixados, a CF/88 (constituição cidadã) teve como objetivo garantir 
aqueles direitos que por anos foram reprimidos. A promulgação teve 
como princípio visar a dignidade da pessoa humana para que essa 
fosse respeitada em sua integralidade. 
A constituição vigente é bastante ampla e aborda aspectos que 
ainda não são idealizados na realidade, como o pleno direito a 
educação saúde e lazer, pois sabemos que uma grande parte da 
população está longe de ter todos os direitos citados na carta magna. 
É necessária a criação de política públicas que voltem seus olhos para 
a garantia desses direitos sociais. 
 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a 
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e 
33 
 
à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta 
Constituição. (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 
FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988) 
 
 O atual serviço de saúde pública em nosso país vive uma 
situação de emergência, nem sempre há atendimento especializado e 
os recursos são escassos em muitos pontos do país, seja em material 
ou profissionais, além de diversos outros problemas que vem a 
dificultar a garantia a saúde prevista constitucionalmente. 
 Vivemos em um país democrático de direito onde todos são 
iguais perante a lei, todavia, o Poder Judiciário vem a demorar muitos 
anos para julgar uma simples causa e muitos cidadãos que recorrem 
a defensoria pública não conseguem garantir seus direitos pela falta 
de defensores. Vemos que há um extenso caminho a ser seguido para 
que os direitos fundamentais venham a integralizar completamente a 
vida do brasileiro. 
 No Brasil, aqueles que tem condições financeiras de arcar com 
um bom advogado, com os altos preços dos planos de saúde e até 
mesmo uma escola de ensino da rede particular, logo tem acesso a 
uma melhor qualidade de vida, porém tudo por meio do setor privado. 
Já aquele que recebe um salário mínimo tem dificuldade em suprir 
todas suas necessidades básicas, o que nosleva a crer que o artigo 5º 
da Constituição não está sendo colocado em prática. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988) 
 
 O contexto de cidadania é bem recorrente na constituição, e 
sabemos que com a obtenção de direitos, também temos deveres a 
34 
 
serem cumpridos. Por exemplo, temos o direito a escolhermos nossos 
representantes políticos, todavia há a obrigação de votar. O ato do 
voto é muito além de escolher um número e confirmar, devemos 
observar atentamente os candidatos, suas propostas e pretensões 
para possamos votar da melhor maneira, garantindo assim um futuro 
melhor para a nação. 
 É importante ter discernimento no momento do voto, pois 
vemos que há muita corrupção no Brasil, e se isso ocorre é porque a 
sociedade não está fazendo as melhores escolhas em seu ato de 
sufrágio19. É crucial que o povo cobre por atitudes corretas destes que 
estão no poder executivo, visando o bem estar social e não apenas o 
conforto próprio. Apenas exercendo o dever de votar de forma 
consciente teremos acesso à uma democracia e uma política de 
governo previstas constitucionalmente. 
 
Estado e sociedade formam, numa democracia, um todo 
indivisível. O Estado, cuja competência e limites de atuação 
estão definidos precipuamente na Constituição, deriva seu 
poder de legislar e de tributar a população, da legitimidade 
que lhe outorga a cidadania, via processo eleitoral. A 
sociedade, por seu turno, manifesta seus anseios e 
demandas por canais formais ou informais de contato com 
as autoridades constituídas. É pelo diálogo democrático 
entre o Estado e a sociedade que se definem as prioridades 
a que o Governo deve ater-se para a construção de um país 
mais próspero e justo. (PEREIRA, 1995) 
 
 
 
 
 
 
 
19 processo de escolha por votação; eleição. 
35 
 
3.2 TIPOS DE DEMOCRACIA 
 
 
Fonte: Prof. Ricardo Torques.20 
 
Democracia tem um significado bastante extenso, chega a ser 
complicado esgotarmos todos eles, podendo ser aplicada em 
diferentes formas de um desenvolvimento. Entretanto, podemos citar 
as três formas básicas de democracia, como vimos de forma breve 
anteriormente. 
A democracia direta está praticamente extinta em nossa 
modernidade, pois essa era exercida em Atenas, Grécia. O povo se 
reunia no Ágora21 e ali mesmo eram apresentadas as propostas 
políticas e eram escolhidas por meio do voto popular, tal concepção 
se fazia possível vista a cidadania popular que contemplava somente 
os homens atenienses e maiores de 21 anos. 
A democracia representativa vem a ser aquela que é exercida de 
forma indireta, ou seja, por meio do voto do povo. Dessa forma, 
 
20 Imagem retirada em: 
https://www.eleitoralparaconcurso/photos/?tab=album&album_id=796431070461469 
21 Ágora é um termo grego que significa a reunião de qualquer natureza, geralmente empregada por 
Homero como uma reunião geral de pessoas 
36 
 
escolhemos os líderes que irão ter a função de atuar nos pleitos 
executivos para governar e reger o país e em tese terão como objetivo 
cuidar do povo e do bem estar social. 
Este tipo de democracia é a vigente e mais utilizada em nossa 
sociedade moderna, pois parte de um pressuposto lógico de 
representatividade onde os políticos são escolhidos em massa pelo 
povo, o que tende a garantir uma contextualização do conceito de 
cidadania. 
A democracia participativa pode ser vista também como um 
sistema semidireto, pois se situa entre conceitos de ambos os tipos 
citados acima. Nessa modalidade, os cidadãos elegem seus 
representantes, mas também são ativos nas assembleias políticas para 
tomada das decisões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
4. PLATÃO E ARISTÓTELES 
 
 
Fonte: Brasil Escola22 
 
 O pensador Platão (Atenas, 348/347 a.C.) politicamente 
acreditava nas ideias do INATISMO, dizendo que o ser humano ao ser 
concebido já tem suas ideias racionais inatas23 e intrínsecas. 
Ao nascermos, Platão diz que já temos as ideias em nossa vida e 
é necessário procurá-las através do mundo inteligível. De acordo com 
o filósofo, há alguns meios de se alcançar o conhecimento, sendo eles: 
• A crença; 
• A opinião; 
 
22 Imagem retirada em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-estetica-na-filosofia-platao-
aristoteles.htm 
23 que pertence ao ser desde o seu nascimento; inerente, natural, congênito. 
38 
 
• O raciocínio; 
• E a indução. 
 Para Platão, a crença e a opinião não podem ser usadas para a 
busca filosófica e apenas o raciocínio e a indução tem conceitos 
concretos, a fim de buscar a verdade e a razão. 
 Tudo é justificável frente a matemática e é por ela que podemos 
chegar a verdadeira realidade. De acordo com Platão, o conhecimento 
pela crença é apenas uma de muitas realidades, como visto na 
Alegoria da Caverna, o conhecimento pela razão consegue ir além, 
alcançando as essência das ideias. 
 Aristóteles (Atenas, 322 a.C.) buscava conceituar o empirismo, 
dizendo que as ideias são concebidas por meio de experiências 
vivenciadas pela realidade. Todavia, as ideias empíricas não eram 
vigentes em sua época e os conceitos principais foram propostos 
justamente por Aristóteles, pois este dava maior relevância para o 
mundo exterior como forma de alcançar o conhecimento e o perfeito 
intelecto. 
 
4.1 PENSAMENTO POLÍTICO 
 
 A ética e a política são consideradas ciências pela excelência 
pelas visões de Platão e Aristóteles. As outras estão apenas 
subordinadas a elas. Como primazia, a ética busca doutrinar e moral 
do ser humano enquanto parte da sociedade e a política visa nortear 
a moral social. Conforme escritos da Grécia Antiga, o ser humano não 
deve ser visto como ser isolado e sim como parte de um todo. 
 Somente como cidadão (ser social) o homem tem a capacidade 
de estar ativamente participativo das decisões políticas e 
governamentais, colocando suas necessidades a vista para que 
39 
 
possam ser supridas pelo poder estatal. Platão ainda afirma que a 
razão do ser humano se fundamenta na capacidade de participar das 
atividades políticas e sociais de onde vive e ainda diz que todos se 
consideram aptos para o exercício político. Entretanto, essa 
afirmação é considera equivocada por alguns, pois a política é algo 
para poucos e nem todos estão avidamente adequados para 
administração do bem comum em prol do bem estar de modo geral. 
 A injustiça é mera consequência de uma má administração 
política, o que leva a incorreta ação dos representantes que buscam 
pensar em si mesmo e esquecem de seu compromisso para com o 
povo. 
 Platão afirma que a justiça é a harmonia que deve acontecer por 
quatro grandes virtudes, são elas: 
• A moderação; 
• A coragem; 
• A sabedoria; 
• E a justiça. 
 A moderação social coloca em ordem as vontades do homem e 
o poder para exercer a administração política, fazendo com que o 
governante evite agir de forma imprudente para com o povo. O 
indivíduo deve agir de forma harmônica em seu convívio, evitando a 
fraqueza frente a situações que o coloquem em condições difíceis. 
 Cada ser humano tem uma função para ser exercida, e essa deve 
ser feita com excelência, buscando a justiça. (REALE, 2005) 
 A partir do momento em que cada cidadão realiza sua função da 
melhor forma possível, temos o objetivo de harmonia alcançado e o 
bem comum é colocado em prática. (HELFERIC, 2006) 
 Platão considera que um governo pode ser realizado de cinco 
formas distintas, sendo elas: 
40 
 
• Aristocracia; 
• Timocracia; 
• Oligarquia; 
• Tirania;• Democracia. 
 Para Platão, a forma mais eficaz de exercer um bom governo é 
por meio da aristocracia24, o chamado “governo dos privilegiados”. 
Aristóteles, em contraponto a Platão, buscava voltar seus olhos para 
o mundo real, tentando ver a política na prática. (HELFERICH, 
2006). 
 De acordo com os ensinamentos de Aristóteles, o homem não é 
autossuficiente, e para viver bem é necessário ter uma ampla relação 
com sua família, amigos e vizinhos. Sendo assim, o homem está 
condicionado a viver no meio social, sendo político em sua natureza 
ao buscar seu bem estar pela vida. Essa concepção de Aristóteles foi 
bastante eficaz ao analisar que o homem precisa viver em sociedade, 
segundo o filósofo, aquele que não vive em grupo é um deus ou uma 
fera. (REALE, 2005) 
 
O homem, quando perfeito, é o melhor dos animais, mas é 
também o pior de todos quando afastado da lei e da justiça, 
pois a injustiça é mais perniciosa quando armada, e o 
homem nasce dotado de armas para serem bem usadas pela 
inteligência e pelo talento, mas podem sê-lo em sentido 
inteiramente oposto. Logo, quando destituído de 
qualidades morais, o homem é o mais impiedoso e selvagem 
dos animais. (ARISTÓTELES, 2001) 
 
 Em sua obra Política, Aristóteles vê a criação do Estado com 
base na formação das famílias, essas geram pequenas aldeias e os 
conjuntos de aldeias se transformam na PÓLIS (cidade). 
 
24 A palavra aristocracia originou-se do vocábulo grego ARISTOKRATÍA, que significa, literalmente, o 
governo dos melhores. 
41 
 
 Assim, vemos o surgimento natural do Estado, que existe pela 
necessidade de trazer organização para o povo, visando a felicidade e 
respaldo do bem particular e público. Em analogia, não podemos 
imaginar um membro em funcionamento fora do corpo, e também 
não podemos conceber a ideia de um indivíduo sem o Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
ANEXOS E QUADROS COMPARATIVOS 
 
 A seguir apresentaremos quadro comparativos sobre os 
conceitos da filosofia política afim de fixar melhor o conhecimento 
adquirido na presente apostila. 
 
 
Fonte: Gestão Educacional.25 
 
 Acima podemos distinguir visualmente as diferenças principais 
entre a ética e a moral, enquanto uma é guiada pela cultura de um 
povo, a outra é seguida pela consciência. 
 
25 Imagem retirada em: https://www.gestaoeducacional.com.br/moral-o-que-e/ 
43 
 
 
Fonte: Quadro comparativo idealizado pelas ideias e conhecimentos 
adquiridos na apostila e nas referências já apresentadas 
bibliograficamente. 
 
 
Fonte: MEDIUM.COM26 
 
26 Imagem retirada em: https://medium.com/@lucasbg/formas-de-estado-sistema-forma-e-regime-de-
governo-d332aa34349d 
44 
 
 Como podemos analisar, enquanto a república é formada por 
um governo unitário e presencial, a monarquia é tida por conceitos de 
um estado composto e um governo parlamentar, seu regime político 
é baseado no totalitarismo. 
 
MATERIAL COMPLEMENTAR 
 
 Elencaremos abaixo alguns links gratuitos para estudo 
complementar acerca do tema Filosofia Política. 
 
Filosofia Política em Tempos de Pandemia 
Fonte: EDU CAPES 
 
Política, Filosofia Política e Sociedade. Uma leitura a partir do 
pensamento filosófico de Lima Vaz 
Fonte: FAJE.EDU 
 
Filosofia Política e Direito - Tomo Teoria Geral e Filosofia do Direito, 
Edição 1, Maio de 2017 
Fonte: Enciclopédia Jurídica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://educapes.capes.gov.br/handle/capes/569783
https://faje.edu.br/periodicos/index.php/annales/article/download/3809/3863/
https://faje.edu.br/periodicos/index.php/annales/article/download/3809/3863/
https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/136/edicao-1/filosofia-politica-e-direito
https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/136/edicao-1/filosofia-politica-e-direito
45 
 
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<http://www.bresserpereira.org.br/papers/1999/662- 
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http://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/colunistas/democracia
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