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ESTRUTURA E LIGAÇÃO ATÔMICA DOS MATERIAIS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I CONTEÚDO Estrutura atômica Ligação atômica Arranjos atômicos BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA Ciência e Engenharia dos Materiais – Uma Introdução Willian D. Callister Jr David G. Rethwisch Editora LTC 8ª Edição Capítulos 2 e 3 ESTRUTURA ATÔMICA ESTRUTURA ATÔMICA • A estrutura de um material pode ser dividida em quatro níveis: Estrutura atômica Arranjo atômico Microestrutura Macroestrutura Nível Atômico Medidas em nm - μm Moléculas e cristais Microscopia eletrônica de varredura ESTRUTURA ATÔMICA • Medidas em nm - mm • Partículas e fases do material • Grande aplicação na pesquisa e desenvolvimento dos materiais de construção. Exemplo: caracterizar a porosidade do material estudado • Microscopia ótica e de varredura e ensaios físicos Microscópico • Medidas em mm e superiores a essa unidade • Analisa-se o material como um todo • Tradicionalmente empregada na construção civil • Exemplo: ensaios mecânicos para determinação da resistência à compressão. Macroscópico ESTRUTURA ATÔMICA Importância do estudo da estrutura atômica e das ligações interatômicas dos materiais • Em alguns casos, o tipo de ligação nos permite explicar as propriedades de um material. • Exemplo: carbono • Existe na forma de grafita e de diamante •Grafita: material relativamente macio e bom condutor de eletricidade. • Diamante: material mais duro que se conhece e mau condutor de eletricidade. • As diferenças nas propriedades são atribuídas diretamente a um tipo de ligação que é encontrada na grafita e não existe no diamante. • Nêutrons • Prótons • Elétrons Estrutura Atômica ESTRUTURA ATÔMICA • Cada átomo consiste em um núcleo muito pequeno composto por prótons e nêutrons, o qual está envolto por elétrons em movimento. • Tanto os elétrons quanto os prótons possuem cargas elétricas, cuja magnitude é de 1,602 x 10-19 C. • A carga dos elétrons possui sinal negativo, enquanto a carga dos prótons possui sinal positivo. Os nêutrons são eletricamente neutros. ESTRUTURA ATÔMICA Massa atômica É a massa representativa de um átomo, considerando o total de prótons e nêutrons O núcleo contém os elementos mais pesados (1,67 x 10-27 kg) A massa do elétron é praticamente desprezível, sendo igual a 9,11 x 10-31kg ESTRUTURA ATÔMICA Número atômico Caracteriza cada elemento químico Indica o número de prótons no seu núcleo ESTRUTURA ATÔMICA Modelos Atômicos • Durante a última parte do século XIX for observado que muitos dos fenômenos que envolviam os elétrons nos sólidos não podiam ser explicados em termos da mecânica clássica. • O que se seguiu foi o estabelecimento de um conjunto de princípios e leis que regem os sistema das entidades atômicas e subatômicas, que veio a ser conhecido como mecânica quântica. ESTRUTURA ATÔMICA Modelo Atômico de Bohr • Um dos primeiros precursores da mecânica quântica • Assume que os elétrons circulam ao redor do núcleo atômico em orbitais discretos e a posição de qualquer elétron partículas está mais ou menos bem definida em termos do seu orbital. ESTRUTURA ATÔMICA Níveis ou estados de energia • Um importante principio quântico-mecânico estipula que as energias dos elétrons são quantizadas, ou seja, aos elétrons só são permitidos valores de energia específicos. • A energia do elétron pode mudar, mas para isso o elétrons deve realizar um salto quântico para um estado de energia permitido mais elevado (com absorção de energia) ou para um estado de energia permitido mais baixo (com emissão de energia). • As energias eletrônicas permitidas estão associadas a níveis ou estados de energia. • Esses estados não variam de uma forma contínua com a energia, ou seja, os estados adjacentes estão separados por quantidades de energia finitas. ESTRUTURA ATÔMICA Níveis ou estados de energia • Na figura: os três primeiros estados de energia eletrônicos para o átomo de hidrogênio de Bohr. • O modelo de Bohr representa uma tentativa precoce de descrever os elétrons nos átomos, em termos de da posição (orbitais eletrônicos) quanto da energia (níveis de energia quantizados). ESTRUTURA ATÔMICA Modelo Mecânico-Ondulatório • O modelo de Bohr foi considerado como tendo limitações significativas devido à incapacidade em explicar vários fenômenos envolvendo elétrons. • Uma solução foi obtida com um modelo mecânico-ondulatório, no qual foi considerado que o elétron possui características tanto de uma onda como de uma partícula. • Nesse modelo, um elétrons não é mais tratado como uma partícula que se move em um orbital discreto. •A posição do elétrons é considerada como a probabilidade de um elétron estar em vários locais ao redor do núcleo. • A posição é descrita por uma distribuição de probabilidades ou uma nuvem eletrônica. ESTRUTURA ATÔMICA Modelo Mecânico-Ondulatório • Na figura: comparação entre os modelos atômicos de (a) Bohr e (b) mecânico-ondulatório em termos da distribuição eletrônica. ESTRUTURA ATÔMICA Números quânticos Usando a mecânica ondulatória, cada elétron em um átomo é caracterizado por quatro parâmetros chamados de números quânticos. O tamanho, a forma e a orientação espacial da densidade de probabilidade de um elétron são especificados por três desses números. • Além disso, os níveis energéticos de Bohr se separam em subcamadas eletrônicas e os números quânticos definem o número de estados em cada subcamada. ESTRUTURA ATÔMICA Números quânticos As camadas são especificadas por um número quântico principal (n) que pode assumir valores inteiros a partir da unidade. Este número está associado à distância de um elétron ao núcleo ou à sua posição. Algumas vezes essas camadas são designadas pelas letras K, L, M, N, O. Esta sequência diz respeito ao sentido crescente dos níveis quânticos também representada pelas letras K (n = 1), L (n = 2), M (n = 3), N (n = 4), O (n = 5), P (n = 6) e Q (n = 7), o que significa também níveis crescentes de energia; ESTRUTURA ATÔMICA Números quânticos O segundo número quântico (l) define a subcamada A subcamada é identifica por uma letra minúscula (s, p, d ou f) Esse número está relacionado à forma da camada eletrônica A quantidade dessas subcamadas está limitada pela magnitude de n O terceiro número quântico (ml) define o número de estados energéticos para cada subcamada Para cada subcamada s existe um único estado energético, enquanto para as camadas p, d e f existem, respectivamente, 3, 5 e 7 estados de energia ESTRUTURA ATÔMICA ESTRUTURA ATÔMICA • Associado a cada elétron há um momento de spin (momento de rotação), que deve estar orientado para cima ou para baixo. • O quarto número quântico (ms) está relacionado a esse momento de spin, para o qual existem dois valores (+1/2 e -1/2), um para cada uma das orientações de spin. Números quânticos ESTRUTURA ATÔMICA • Quanto menor o número quântico principal, menor é o nível energético: p.ex. a energia de um estado 1s é menor que a de um estado 2s. • Dentro de cada camada a energia de uma subcamada aumenta com o valor do número quântico l: p.ex. a energia de um estado 3d é maior que a de um estado 3p. ESTRUTURA ATÔMICA Configuração eletrônica Para determinar a maneira segundo a qual os estados eletrônicos são preenchidos com os elétrons, utiliza-se o principio da exclusão de Pauli. Esse conceito estipula que cada estado eletrônico pode comportar um número máximo de dois elétrons, os quais devem possuir spins opostos. Notação da configuração eletrônica Escreve-se o número quântico principal antes da letra indicativa do subnível, a qual possui expoente que indica o número de elétrons contidos nesse subnível. Exemplo: 3 p5 Significado: Na camada M (número quântico principal = 3), existe o subnível p contendo 5 elétrons ESTRUTURA ATÔMICA Para se dar a configuração eletrônica de um átomo, colocam-seos elétrons, primeiramente, nos subníveis de menor energia Sódio (Na) - elemento de n° atômico 11 Notação da configuração eletrônica ESTRUTURA ATÔMICA ESTRUTURA ATÔMICA Os elétrons de valência são aqueles que ocupam a camada mais externa. São extremamente importantes pois participam da ligação entre os átomos para formar agregados atômicos e moleculares Muitas propriedades físicas e químicas dos sólidos estão baseadas nesses elétrons de valência. Elétron de valência LIGAÇÕES ATÔMICAS LIGAÇÕES ATÔMICAS Uma compreensão de muitas das propriedades físicas dos materiais está baseada em um conhecimento das forças interatômicas que unem os átomos entre si. A grandes distâncias, as interações entre dois átomos isolados são desprezíveis. Na medida que eles se aproximam, cada um exerce força sobre o outro. As forças podem ser atrativa ou repulsiva. A magnitude de cada força é função da separação ou distância interatômica. Forças e energias de ligação LIGAÇÕES ATÔMICAS Ligações primárias ou Ligações químicas Iônica Covalente Metálica Ligações secundárias ou Ligações físicas Moléculas polares Dipolos induzidos Pontes de hidrogênio • As ligações envolvem os elétrons de valência. • Os tipos de ligação se originam da tendência dos átomos em adquirir estruturas eletrônicas estáveis pelo preenchimento completo da camada eletrônica mais externa. • É encontrada sempre nos compostos cuja composição envolve tanto elementos metálicos quanto não metálicos. • Os átomos de um elemento metálico perdem com facilidade seus elétrons de valência para os átomos de elementos não metálicos. • Nesse processo, todos os átomos adquirem configurações estáveis e uma carga elétrica, ou seja, se tornam íons. • As forças de ligação atrativa são de Coulumb, ou seja, os íons positivos e negativos atraem-se uns aos outros. Ligação Iônica LIGAÇÕES ATÔMICAS • As energias de ligação são relativamente grandes, o que se reflete em temperaturas de fusão elevadas. • Os materiais iônicos são caracteristicamente duros e frágeis e, além disso, isolantes elétricos e térmicos. Ligação Iônica LIGAÇÕES ATÔMICAS LIGAÇÕES ATÔMICAS • Dá-se por meio de uma aproximação muito intensa entre dois elementos químicos que vão se ligar, de maneira que alguns elétrons da camada de valência de um dos átomos circundam o núcleo do outro átomo e vice-versa. • Desse modo, os elementos não perdem e nem ganham elétrons, mas sim os compartilham. Ligação Covalente Molécula de metano (CH4) LIGAÇÕES ATÔMICAS • Essas ligações podem ser muito fortes, como no caso do diamante, ou podem ser muito fracas, como ocorre no bismuto. • Os materiais poliméricos possuem esse tipo de ligação. • A estrutura molecular básica dos polímeros é composta por uma longa cadeia de átomos de carbono ligadas entre si por ligações covalentes. Ligação Covalente LIGAÇÕES ATÔMICAS • Encontrada em metais e suas ligas. • Os elétrons de valência não estão ligados a qualquer átomo em particular no sólido e estão mais ou menos livres para se movimentar ao longo de todo o metal. • Eles podem ser considerados como pertencentes ao metal como um todo, ou como se formassem uma nuvem de elétrons. Ligação Metálica LIGAÇÕES ATÔMICAS Influência das ligações no comportamento geral dos materiais • Metais são bons condutores de calor e eletricidade devido aos seus elétrons livre • Materiais ligados iônica e covalentemente são tipicamente isolantes térmicos e elétricos devido à ausência de grande número de elétrons livres • A ductilidade de metais e duas ligas está relacionada às características da ligação metálica • Materiais que apresentam ligações iônicas são intrinsecamente frágeis LIGAÇÕES ATÔMICAS Ligações secundárias As ligações secundárias, de van der Waals, ou físicas são ligações fracas quando comparadas às ligações primárias ou químicas. As energias de ligação são tipicamente da ordem de apenas 0,1 eV/átomo. Existem entre virtualmente todos os átomos ou moléculas mas sua presença pode ficar obscurecida se qualquer um dos três tipos de ligação primária estiver presente. LIGAÇÕES ATÔMICAS Ligações secundárias O princípio das ligações secundárias é similar ao da ligação iônica, ou seja, dá-se pela atração de cargas opostas. A diferença entre elas reside no fato de que nas ligações secundárias não há transferência de elétrons. Surgem a partir de dipolos atômicos ou moleculares. Um dipolo existe sempre que há alguma separação entre as partes positiva e negativa de um átomo ou molécula. A ligação ocorre pela atração da extremidade positiva de um dipolo e a região negativa de um dipolo adjacente. Átomo eletricamente simétrico Dipolo atômico induzido LIGAÇÕES ATÔMICAS • Energia mínima requerida para criar ou para quebrar a ligação. Energia de ligação LIGAÇÕES ATÔMICAS Material Tipo de ligação predominante Informações gerais Metais Metálica Metais apresentam elevadas ductilidade e condutividades elétrica e térmica – os elétrons livres transferem com facilidade carga elétrica e energia térmica. Cerâmico e vidros Iônica (mas às vezes aparece em conjunto com ligações covalentes fortes) Cerâmicas em geral são duras e frágeis, com baixa ductilidade e baixas condutividades elétrica e térmica – não existem elétrons livres e ligações iônicas e covalentes têm alta energia de ligação. LIGAÇÕES ATÔMICAS Material Tipo de ligação predominante Informações gerais Polímeros Covalente (mas às vezes existem ligações secundárias entre cadeias) Polímeros podem ser pouco dúcteis e, em geral, são pobres condutores elétricos. Se existirem ligações secundárias, podem ter sua ductilidade bastante aumentada, com quedas de resistência e do ponto de fusão. Semicondutores Covalente (mas alguns compostos semicondutores têm elevado caráter iônico) Semicondutores em geral têm baixas ductilidade e condutividade elétrica em função das ligações covalentes e iônicas. ARRANJOS ATÔMICOS ARRANJOS ATÔMICOS • Os materiais sólidos podem ser classificados de acordo com a regularidade pela qual seus átomos ou íons estão arranjados em relação aos outros. • Os arranjos atômicos podem ser de três tipos básicos, gerando três classes estruturais principais: Estruturas moleculares Estruturas cristalinas Estruturas amorfas ARRANJOS ATÔMICOS Estrutura Molecular A estrutura molecular pode ser genericamente caracterizada por um agrupamento de átomos; Existem grupos limitados de átomos fortemente ligados entre si, formando moléculas, e essas moléculas se ligam entre si por meio de ligações secundárias; Apresentam forças de atração intramoleculares muito fortes, ao passo que as ligações intermoleculares são do tipo forças de van der Waals. Materiais típicos com estrutura molecular Gases Água Polímeros em geral Materiais betuminosos ARRANJOS ATÔMICOS Estrutura Cristalina A estrutura cristalina é caracterizada quando existe uma organização na disposição espacial dos átomos que constituem determinado arranjo atômico. Há uma regularidade estrutural, com a repetição, nas três dimensões, de uma unidade básica, chamada de célula unitária. O conceito de cristalinidade se aplica à estrutura interna de um material cujo arranjo atômico gera um modelo tridimensional ordenado e repetitivo. ARRANJOS ATÔMICOS Célula unitária • É uma subdivisão do reticulado cristalino, na qual são mantidas as características gerais de todo o reticulado. • Trata-se de um pequeno volume (a unidade básica) que contém todas as características encontradas no cristal como um todo. ARRANJOS ATÔMICOS Sistemas cristalinos • Como existem muitas estruturas cristalinas diferentes possíveis, algumas vezes é conveniente dividi-las em grupos, de acordo com as configurações das células unitárias. • A estrutura cristalina pode ser classificada em sete sistemas cristalinos principais, conforme a geometria do cristal. ARRANJOSATÔMICOS Sistemas e reticulados cristalinos Os 7 diferentes sistemas cristalinos possuem variações de sua configuração básica, de modo que mais 7 possibilidades de configuração atômica se somam às 7 opções básicas, gerando então 14 tipos possíveis de reticulados cristalinos, aos quais se dá o nome de reticulados de Bravais. ARRANJOS ATÔMICOS Polimorfismo Fenômeno no qual um sólido (metálico ou não metálico) pode apresentar mais de uma estrutura cristalina, dependendo da temperatura e da pressão. Exemplo: a sílica (SiO2) como quartzo, cristobalita e tridimita ARRANJOS ATÔMICOS Alotropia Polimorfismo em elementos puros. Exemplos: O diamante e o grafite são constituídos por átomos de carbono arranjados em diferentes estruturas cristalinas; O ferro com as variações de sua estrutura entre o sistema cúbico de corpo centrado (ccc) e cúbico de faces centradas (cfc). ARRANJOS ATÔMICOS Formas Alotrópicas do Ferro Células unitárias cúbica de corpo centrado – ccc (a) e cúbica de faces centradas – cfc (b), representando duas diferentes formas alotrópicas do ferro. As esferas e suas frações designam, respectivamente, os átomos de ferro e suas partes contidas na célula unitária. ARRANJOS ATÔMICOS Materiais típicos de estrutura cristalina O ferro e os aços de construção • São exemplos clássicos de materiais cristalinos, que se alternam entre as formas alotrópicas estruturais cúbicas de corpo centrado (ccc) – em temperatura ambiente – e de face centrada (cfc). A areia natural • Constituída essencialmente de sílica em sua forma cristalina, que é o quartzo de estrutura trigonal (romboédrica), a areia constitui um exemplo de material natural cristalino; ARRANJOS ATÔMICOS Estrutura Amorfa (não cristalina) Materiais de estrutura amorfa ou vítrea, ao nível de seus arranjos atômicos, são aqueles em que os átomos não apresentam qualquer tipo de regularidade ou organização em termos de sua disposição espacial, ou, caso exista algum ordenamento, ele ocorre a curto alcance (em pequenas distâncias). Conceito de “amorfismo”: diz respeito a uma estrutura interna “sem forma”. Se aplicado aos materiais em geral, em suas diversas configurações atômicas, são amorfos: os gases; os líquidos; os sólidos não-cristalinos como o vidro. ARRANJOS ATÔMICOS Diferentes arranjos atômicos de materiais a) gás inerte, sem nenhum ordenamento regular de átomos (estrutura amorfa) b) e c) vapor de água e estrutura do vidro, com ordem em pequenas distâncias (estruturas amorfas) d) metal, com um ordenamento regular de átomos que se estende por todo o material (estrutura cristalina) FIM DA AULA
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