Prévia do material em texto
GARGALOS DA LOGÍSTICA NO BRASIL 1 – LOGÍSTICA A Logística é uma área responsável pelo gerenciamento do fluxo de produtos, desde os pontos de fornecimento até os pontos de consumo, visando satisfazer a demanda dos clientes ao menor custo possível, gerando lucro também para a empresa. Assim, a Logística existe em virtude da separação espacial e temporal entre produção e consumo. Se pudéssemos produzir tudo o que quiséssemos no momento e local exato do consumo, não haveria necessidade de transportar e estocar estes produtos. A Logística faz parte da Supply Chain Management (SCM- Gestão da Cadeia de Suprimentos) e dessa forma, está relacionada às atividades ligadas à posse e movimentação dos produtos nas organizações: previsão da demanda, gestão de estoques, transportes, armazenagem, design de redes de distribuição, etc. A Logística tem como missão fazer o que for preciso para entregar os produtos certos, no local adequado, no tempo certo. Para cumprir sua missão de forma eficiente, a Logística utiliza artifícios e técnicas quantitativas, como modelos e algoritmos matemáticos. Esses modelos são capazes de resolver um grande número de problemas envolvendo tomadas de decisão complexas e otimizar os resultados de maneira suficientemente veloz e realista. Isso permite que as empresas reduzam seus cursos e custos e também melhorem a qualidade de seus serviços. Com a globalização e o crescimento do comércio eletrônico, a Logística tem um papel cada vez mais importante para as organizações, tanto na área da produção de bens quanto para os serviços. A Logística é uma fonte de custos importante para muitas empresas: o transporte, a armazenagem e o custo dos estoques representam normalmente mais de 10% do custo de um produto e esta proporção pode chegar facilmente a 30% em alguns setores, como na alimentação. Para os clientes, a Logística faz parte da criação de valor ao tornar os produtos disponíveis no local e momento desejados para o consumo. 2 – BREVE CENÁRIO ECONÔMICO DO BRASIL Apesar dos dois últimos anos no Brasil terem sido marcados por instabilidade política e recessão econômica, o país ainda possui uma posição de destaque no panorama mundial. O Brasil é um dos integrantes do BRIC, grupo que representa os quatro países em desenvolvimento que mais têm potencial e mais têm crescido no mundo: Brasil, Rússia, Índia e China. Os BRIC reúnem, além da economia em ascensão, mais de 40% da população mundial e aproximadamente 25% da área terrestre do planeta. Há muitos anos escutamos que o Brasil é o país do futuro e há pouco tempo atrás as atenções internacionais estiveram voltadas para o nosso país, o que pode ser constatado pelo fato de eventos internacionais como a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos terem sido sediados em território nacional. Apesar do cenário positivo de alguns anos atrás, com a melhora de muitos índices econômicos como aumento do consumo e do PIB do país, o Brasil encontrou muitos entraves, entre eles alguns de infraestrutura, e não foi capaz de explorar boa parte do seu potencial econômico. 3 – GARGALOS DA LOGÍSTICA NO BRASIL A expansão do comércio internacional brasileiro ocorrida no fim do século XX, juntamente com o processo de globalização, trouxe para economia novos fatores que alteraram gradativamente a rotina empresarial das organizações. Os padrões das cadeias de abastecimento sofreram mudanças significativas, bem como as ferramentas logísticas até o momento empregadas, demandando uma rede logística mais ampla, com características tanto físicas quanto de informações bem mais complexas. Entretanto, até os dias atuais, podemos constatar que a deficiência de infraestrutura logística do país vem criando um gargalo que implica na redução do crescimento das organizações e da economia brasileira em si. Ainda apresentamos índices de crescimento econômico abaixo do nosso potencial. A infraestrutura logística insuficiente do país aumenta significativamente nossos custos e dificulta a exportação e escoamento eficiente de nossa produção. Não há crescimento econômico sustentável sem a existência de infraestrutura eficiente e eficaz, que atenda aos objetivos diversos de uma nação: viabilizando o produto potencial, integrando a população à economia nacional, por meio de modais de transportes e sistemas de comunicações eficientes que interliguem, de fato, as regiões do país e minimizem o desperdícios de recursos ao otimizar sua utilização. Gargalos logísticos podem ser entendidos como as deficiências estruturais e legais encontradas no país. A figura 1 mostra exemplos dos principais gargalos logísticos no país. Um dos grandes desafios da logística é selecionar o melhor modal a ser utilizado, para cada tipo de transporte. A escolha entre transporte rodoviário, aéreo, marítimo ou ferroviário depende de fatores determinantes, entre eles a disponibilidade de infraestrutura; contudo a escolha do modal deve ser feita mediante análise profunda de custos. Os custos logísticos – que envolvem os gastos com armazenagem, transporte e despesas portuárias – representam parcela significativa do valor total do produto. E, destes custos, estimam-se que 70% correspondam aos custos de transporte. Dessa forma, a precária infraestrutura de transporte brasileira pode ser considerada como o principal gargalo logístico do país. Figura 1 - Principais gargalos logísticos do Brasil Fonte: IBSolutions As deficiências da infraestrutura logística brasileira permeiam todos os setores de transporte. Rodovias, portos e aeroportos sofrem com a falta de investimento, afetando a demanda e elevando os gastos. Percebe-se que no Brasil predomina o modal rodoviário – uma herança histórica dos modelos de transporte adotados ao longo da história do país – e que opera a um custo mais alto. Apesar de seu potencial ferroviário, já que tem dimensões continentais, o Brasil possui uma pequena rede ferroviária, pouco mais de 29 mil km de trilhos, a menor dentre os países do BRIC, por exemplo. 3.1 – Transporte Rodoviário O sistema rodoviário transporta 80% de nossa produção, o mais utilizado no país, enfrenta situação precária fora dos eixos das grandes capitais. As estradas são precárias e não oferecem segurança ao transporte, com trechos em péssimo estado e trechos quase inexistentes. Em 2008 esse modal de transporte foi responsável por quase 770 bilhões de toneladas por quilômetro útil, movimentadas em nosso país. A grande utilização do modal rodoviário e devido o mesmo ser um dos modais com preço unitário mais elevado, perdendo apenas para o aéreo, faz com que o transporte rodoviário tenha grande impacto nos custos logísticos do Brasil. Apesar de possuir uma das malhas rodoviárias mais extensas do mundo, apenas 13% de nossas rodovias pavimentadas. Podemos observar a defasagem quando comparamos com outras potências mundiais: os EUA possuem características territoriais semelhantes a do Brasil e malha rodoviária pavimentada aproximadamente 20 vezes maior do que a brasileira. A Índia possui território três vezes menor que o Brasil e malha rodoviária pavimentada aproximadamente sete vezes maior do que a do Brasil. O asfalto de má qualidade, falta de conservação, falhas de construção, e o excesso de peso dos caminhões são fatores que afetam diretamente as condições das rodovias. Estudos apontam que 1% de carga acima do limite em um eixo aumenta em 4,32% o desgaste do pavimento. Logo, se a sobrecarga for de 5%, uma rodovia que foi projetada para durar dez anos acaba tendo sua vida útil reduzida para 8,1 anos. O mau estado das rodovias se traduz no aumento no custo operacional do transporte de carga. Os buracos na pista levam os veículos a diminuírem a velocidade, diminuindo também o número de viagens possíveis de se realizar por dia e, consequentemente, aumenta o custo por viagem. Ainda, quanto pior estiver o estado de conservação da rodovia, maior será o desgaste do veículo aumentando invariavelmente os custos variáveis, como peças, lubrificação, combustível,pneus e lavagem. 3.2 – Transporte Ferroviário Diversos são os fatores que comprometem a eficiência do modal ferroviário brasileiro. A malha ferroviária necessita de expansão e modernização. A existência de invasões de faixas de domínio dos trilhos e as passagens de nível forçam a diminuição da velocidade das composições de 40 km/h para 5 km/h e aumentam os riscos de acidente. A redução de velocidade restringe a eficiência do transporte ferroviário, eleva os custos operacionais do modal e o torna menos eficaz. Além disso, a não uniformidade da largura das vias férreas dificulta a integração do sistema, gera custos adicionais, em virtude da conexão entre as malhas e aumenta o tempo da movimentação. Esses fatores inibem os ganhos com economias de escala do transporte ferroviário e reduz os efeitos multiplicadores da provisão de infraestrutura férrea, como o desenvolvimento de regiões e atividades econômicas impactadas pelo transporte. 3.3 – Transporte Aéreo Grande parte dos aeroportos brasileiros apresenta demanda maior do que sua estrutura é capaz de receber, gerando uma defasagem entre procura e capacidade. A falta de infraestrutura logística e a burocracia no transporte fazem com que a liberação das mercadorias demore muito tempo. Devido ao alto custo deste tipo de modal, nos aeroportos normalmente chegam apenas produtos com alto valor agregado (geralmente mercadorias de alto preço e pequenos volumes) e que necessitam ser entregues com urgência, por conta da agilidade e rapidez dos aviões. Entretanto, nos aeroportos brasileiros esta vantagem competitiva acaba se perdendo devido à burocracia. Segundo estudos, o tempo de liberação dos produtos é de aproximadamente 175 horas, uma espera longa quando comparada a cidades da Inglaterra, Estados Unidos e China onde a liberação ocorre em 8, 6 e 4 horas, respectivamente. 3.4 – Portos Os portos apresentam a maior complexidade de problemas entre os modais de transporte brasileiros. Entre esses problemas podemos citar: a burocracia, representada pela grande quantidade de documentos, as diversas exigências legais das agências reguladoras; o tempo de liberação de embarque/desembarque de cargas, devido à verificação da documentação pertinente aos produtos nos portos do País; a saturação das estruturas portuárias, onde se leva horas ou até mesmo dias para embarcar ou desembarcar mercadoria nos portos; a dificuldade de acesso aos portos, com insuficiente número de rodovias de acesso, gerando congestionamentos nas áreas próximas aos portos; os altos custos portuários, se gasta muito dinheiro em atividades como manuseio de carga e deslocamento para o navio. Existem diversas outras questões críticas relacionadas aos portos e que deveriam ser o mais brevemente resolvidas, já que é o lugar de entrada e saída das transações do país. 4 – CONCLUSÃO A logística é um dos entraves para o crescimento da produção brasileira. O investimento realizado em infraestrutura foi insignificante há décadas e não acompanhou o crescimento da produção, gerando gargalos logísticos para seu escoamento. Mesmo que nos últimos anos o Governo tenha tentado investir mais em infraestruturas com iniciativas como o Programa de Aceleração do Crescimento, esse investimento ainda está muito aquém do necessário. A precariedade da infraestrutura eleva o valor dos produtos, fazendo com que os mesmos se tornem menos competitivos no comércio internacional. O país é muito dependente do transporte rodoviário e deveria investir mais no potencial do modal ferroviário, além de melhorar a capacidade e a qualidade dos portos e aeroportos. Dessa forma, o Brasil teria menos um obstáculo na busca do seu desenvolvimento econômico. 5 – BIBLIOGRAFIA · http://www.mercadoseestrategias.com/news/brasil-o-cenario-economico-atual/ · http://www.ibsolutions.com.br/logis-inter/gargalos-logisticos-no-brasil-geradores-de-custos · http://www.logisticadescomplicada.com/logistica-portuaria-brasileira/ · http://portallogistico.com.br/2014/10/13/infraestrutura-logistica-33151/ · http://www.logisticadescomplicada.com/o-que-e-logistica/ · http://www.revistaportuaria.com.br/noticia/16141 · http://www.logisticadescomplicada.com/gargalos-infraestruturais-do-brasil-%E2%80%93-os-nos-que-precisam-ser-desatados-aeroportos-e-ferrovias/ · http://www.guiadotrc.com.br/noticiaid2.asp?id=31660 · WANKE, P.H.; HIJJAR, M.F. Exportadores brasileiros: estudo exploratório das percepções sobre a qualidade da infraestrutura logística. Production, São Paulo, v.19, n.1, 2009.