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Jéssica N. Monte Turma 106 Semiologia DEFEITOS OROVALVARES INSUFICIÊNCIA AÓRTICA: CONCEITO: Refluxo de sangue para o ventrículo esquerdo durante a diástole. POR QUÊ? Incapacidade do fechamento das sigmoides aórticas. PRINCIPAIS CAUSAS: Doença reumática, aterosclerose, endocardite infecciosa, degeneração senil e dissecção aórtica com comprometimento do aparelho valvar. SOPRO: Diastólico (protodiástole, mesodiástole ou holodiástole). Logo após B2. Localização: área aórtica ou aórtica acessória. Irradiação: ponta do coração – área tricúspide ou área mitral. Frequência: alta. Intensidade: decrescente. Caráter: aspirativo. Mais audível: posição sentada e apneia expiratória. Casos mais graves: sopro sistólico de ejeção devido ao hiperfluxo de sangue pela valva aórtica. B2 costuma estar aumentada em intensidade. Sopro de Austin-Flint: quando a insuficiência aórtica é grave, pode haver um sopro de regurgitação por hiperfluxo na valva aórtica, semelhante ao sopro da estenose mitral, no entanto, sem estalido de abertura. Manobra de handgrip: aumento do sopro. SINTOMAS: Dispneia. Sinais de insuficiência ventricular esquerda. Efeito Venturini – “roubo” do fluxo coronariano provocado pela rápida passagem do sangue da aorta para o ventrículo esquerdo durante a diástole. Causa angina de peito. SINAIS PERIFÉRICOS: Pulso de amplitude aumentada (magnus celere) ou em martelo d’água. Pulsações visíveis das carótidas: dança arterial. Pulso digital e pulso capilar. Sinal de Musset: oscilações da cabeça acompanhando os batimentos cardíacos. Sinal de Muller: pulsações da úvula. Sinal de Minervini: pulsação na base da língua. Sinal de Duroziez: duplo sopro auscultado à compressão da artéria femoral. Sinal de Traube: sons sistólicos e diastólicos audíveis sobre a artéria femoral. Sinal de Becker: pulsações visíveis nos vasos da retina. Pressão diferencial aumentada: aumento da pressão sistólica (por maior volume de sangue ejetado) ou diminuição da pressão diastólica (por lesão da valva) – valores em torno de 160/60 e 150/40. SINAIS A NÍVEL DO CORAÇÃO: Ictus deslocado para baixo e para a esquerda, musculoso e amplo, devido à dilatação e hipertrofia do ventrículo esquerdo. ESTENOSE AÓRTICA: CONCEITO: Dificuldade de esvaziamento do ventrículo esquerdo para a aorta. POR QUÊ? Redução do orifício da valva aórtica. PRINCIPAIS CAUSAS: malformação congênita (valva bicúspide, espessa, fibrótica e calcificada – a valva mitral também costuma estar comprometida), doença reumática (espessamento dos folhetos da valva e fusão das comissuras) e degeneração senil com deposição de cálcio (mais frequente em pacientes com mais de 60 anos). SOPRO: Sistólico de ejeção. Localização: área aórtica com maior intensidade. Irradiação: face lateral direita do pescoço. Intensidade: variável. Caráter: rude ou granular. Mais audível: posição sentada. B2 costuma estar diminuída em foco aórtico. Frêmito sistólico mais perceptível no 2º espaço intercostal esquerdo, com o paciente inclinado para frente e em expiração profunda. Estenose aórtica leve – clique sistólico antecede o sopro (devido à abertura forçada da valva). Estenose aórtica grave – desdobramento patológico invertido de B2. Manobra de handgrip: redução do sopro. SINTOMAS: Sinais de insuficiência ventricular esquerda. Sintomas de insuficiência coronariana – angina de peito e síncope pós esforço (indicam estenose grave). Ocorrem devido à vasodilatação periférica que “rouba” sangue da circulação cerebral pela impossibilidade de Jéssica N. Monte Turma 106 Semiologia aumento do débito cardíaco durante o esforço físico. SINAIS PERIFÉRICOS: Pulso parvus et tardus: pequena amplitude e anacrótico (duração de cada pulsação aumentada) – estenose moderada à intensa. SINAIS A NÍVEL DO CORAÇÃO: Ictus intenso e pouco deslocado para baixo e para a esquerda. Não se observa aumento do ventrículo esquerdo. INSUFICIÊNCIA MITRAL: CONCEITO: Refluxo de sangue para o átrio esquerdo durante a sístole ventricular. POR QUÊ? Fechamento incompleto da valva mitral. PRINCIPAIS CAUSAS: Insuficiência mitral orgânica – doença reumática, prolapso mitral e endocardite infecciosa. Insuficiência mitral funcional – cardiomiopatias, miocardites e infarto agudo do miocárdio. IAM e endocardite infecciosa: regurgitação de sangue para um átrio de tamanho normal, sem tempo para se adaptar ao maior volume sanguíneo, em razão de disfunção ou ruptura do músculo papilar. Provoca aumento da pressão interatrial que é transmitida e causa congestão pulmonar, gerando dispneia intensa e, nos casos mais graves, hipertensão pulmonar e edema agudo de pulmão. Doença reumática: por ser uma doença gradativa e de evolução crônica, permite que o átrio esquerdo se dilate progressivamente. Há pequena elevação da pressão interatrial e pouco alteração da pressão pulmonar. Sinais de congestão pulmonar e dispneia só aparecem muitos anos depois. SOPRO: Sistólico de regurgitação que mascara B1. Localização: foco mitral. Irradiação: axila. Percebe-se B3. Pode-se ouvir um sopro diastólico, curto, de enchimento ventricular. Ritmo irregular devido à fibrilação atrial. Não sofre alteração ou diminui de intensidade no foco tricúspide durante a inspiração na manobra de Rivero-Carvallo. Manobra de handgrip: aumento do sopro. Fenômeno de Gallavardin: insuficiência mitral simulada pelo sopro da estenose aórtica irradiada para área mitral. Sopro de Carey Coombs: sopro protomesodiastólico precedido de B3. Ocorre na insuficiência mitral causada por doença reumática. SINAIS A NÍVEL DO CORAÇÃO: IAM e endocardite infecciosa – ventrículo esquerdo hipercinético, sem sinais de dilatação, ictus não deslocado, mas mais intenso, B4 originada pela contração vigorosa do átrio esquerdo. Doença reumática – ventrículo esquerdo dilatado. Cardiomiopatias com grande aumento do coração – dilatação do anel da valva mitral e dilatação do ventrículo esquerdo. ESTENOSE MITRAL: CONCEITO: Dificuldade de esvaziamento do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo durante a diástole. POR QUÊ? Estreitamento do orifício mitral (atrioventricular esquerdo). PRINCIPAL CAUSA: Doença reumática. SOPRO: Mesodiastólico com reforço pré-sistólico audível apenas na área mitral. Ocorre devido ao aumento do fluxo sanguíneo pela contração atrial. Frequência: baixa. Timbre e tonalidade: “ruflar” (bater de asas). Mais audível: com a campânula na área mitral e em decúbito lateral esquerdo – decúbito de Pachón. Intensificado pelo exercício. B1 hiperfonética em foco mitral, com tonalidade metálica e seca. B2 hiperfonética em foco pulmonar, devido à hipertensão pulmonar. Estalido de abertura da valva mitral: ruído agudo no início da diástole, logo após B2. SINTOMAS: Estenose mitral leve (> 2,5 cm²): assintomática, mesmo aos esforços. Estenose mitral moderada (1,5 cm²): dispneia e palpitações aos esforços. Traduzem congestão pulmonar. Estenose mitral grave (< 1 cm²): dispneia intensa, aos mínimos esforços e em decúbito. Dispneia paroxística noturna, tosse seca e hemoptise. Jéssica N. Monte Turma 106 Semiologia INSUFICIÊNCIA TRICÚSPIDE: CONCEITO: Refluxo de sangue do ventrículo direito para o átrio direito durante a sístole ventricular. POR QUÊ? Incompleto fechamento da valva tricúspide. PRINCIPAIS CAUSAS: Insuficiência tricúspide orgânica (associada à doença reumática e estenose tricúspide) ou funcional (secundária à dilatação de ventrículo direito devido à hipertensão pulmonar). SOPRO: Sistólico de regurgitação (holossistólico). Localização: área tricúspide. Irradiação: área mitral, em raio de roda. Aumenta de intensidade na inspiração da manobra de Rivero-Carvallo. Frequência: alta. Características: suave, rude, em jato de vapor, piante ou musical. SINAIS PERIFÉRICOS: Quando grave pode ocorrer pulsação hepática sistólica. SINAIS AO NÍVEL DO CORAÇÃO: Hipertrofiado ventrículo direito. Sintomas de insuficiência ventricular direita. Fibrilação atrial ocorre frequentemente. ESTENOSE TRICÚSPIDE: CONCEITO: Dificuldade de esvaziamento do átrio direito para o ventrículo direito. POR QUÊ? Estreitamento do orifício tricúspide. PRINCIPAIS CAUSAS: origem congênita e doença reumática. SOPRO: Mesodiastólico. Hiperfonese de B2. Estalido de abertura da valva audível na borda do apêndice xifoide. Aumenta com a manobra de Rivero-Carallo e com a manobra de Harvey (paciente sentado com o tórax inclinado para frente). SINTOMAS: Desconforto no pescoço, cansaço aos esforços e aumento de volume abdominal por ascite. INSUFICIÊNCIA PULMONAR: CONCEITO: Refluxo de sangue da artéria pulmonar para o ventrículo direito. POR QUÊ? Fechamento incompleto da valva pulmonar. PRINCIPAIS CAUSAS: hipertensão na artéria pulmonar e síndrome de Marfan. SOPRO: Diastólico. Posterior à B2. Característica: jato de vapor, rude. Localização: área pulmonar e borda esternal esquerda. Irradiação: área tricúspide. Intensificado com a manobra de Rivero- Carvallo. ESTENOSE PULMONAR: CONCEITO: Impossibilidade de abertura normal da valva devido a valvas semilunares malformadas, em aspecto de cúpula, com orifício central. POR QUÊ? Defeito congênito. SOPRO: Sistólico de ejeção. Localização: área pulmonar. Irradiação: direção da região inflaclavicular esquerda. SOPRO NA ESTENOSE PULMONAR LEVE: Intensidade: pequena ou média. Cliques de ejeção precoce, mais intenso à expiração. Desdobramento de B2, mais intenso à inspiração. Componente pulmonar igual ao componente aórtico. SOPRO NA ESTENOSE PULMONAR MODERADA: Mais intenso Presença de frêmito. Raramente se percebe o clique. Desdobramento de B2 mais amplo. Componente pulmonar menos intenso que o componente aórtico. SOPRO NA ESTENOSE PULMONAR GRAVE: Grande intensidade. Presença de frêmito. Em crescendo e tardio. Não há clique. Componente pulmonar de B2 inaudível. Ritmo de galope atrial. SINAIS PERIFÉRICOS: Pulso radial de amplitude diminuída. Jéssica N. Monte Turma 106 Semiologia COMUNICAÇÃO INTERATRIAL: CONCEITO: Desvio de sangue do átrio esquerdo para o átrio direito. POR QUÊ? Defeito congênito. PRINCIPAL CAUSA: ostium secundum – orifício na fossa oval. SOPRO: Sistólico de ejeção. Localização: área pulmonar. Irradiação: em sentido do ombro esquerdo. Baixa intensidade. Não acompanha frêmito. Causa: estenose pulmonar relativa em razão do hiperfluxo de sangue pela valva pulmonar. Não é causado pela passagem do sangue pelo orifício de comunicação entre as câmaras. Desdobramento patológico constante e fixo de B2. SINAIS A NÍVEL DO CORAÇÃO: Dilatação do átrio e do ventrículo direito. Pulsação ventricular direita perceptível à inspeção e à palpação. SINTOMAS: Geralmente aparecem após a terceira década de vida. Quando é muito ampla, com grande desvio de sangue, a criança apresenta sintomas como dispneia de esforço e bronquites de repetição logo após o nascimento. COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR: CONCEITO: Desvio de sangue do ventrículo esquerdo para o ventrículo direito durante a sístole ventricular. POR QUÊ? Defeito congênito. PRINCIPAL CAUSA: Não fechamento espontâneo da comunicação interventricular no decorrer do primeiro ano de vida (2/3 dos casos de CIV). SOPRO: Sistólico de regurgitação (holossístole). Mais intenso no 4º e 5º espaços intercostais, entre os focos mitral e tricúspide. Irradiação: direção do hemitórax direito. Qualidade: jato de vapor. No foco mitral pode ser ouvido um sopro mesodiastólico que precede B3 devido ao hiperfluxo pela valva mitral. Hiperfonese de B2 no foco pulmonar, indicando hipertensão pulmonar. Frêmito sistólico mais intenso na região mesocárdica. SINAIS A NÍVEL DO CORAÇÃO: Aumento da circulação pulmonar e crescimento dos ventrículos. Impulsão ventricular direita e esquerda, simultâneas, perceptíveis à inspeção e à palpação. SINTOMAS: Orifício pequeno: assintomático, sem atraso do desenvolvimento físico. Orifício mediano: dispneia ao mamar e maior propensão a contrair infecções respiratórias. Orifício grande: criança gravemente doente logo após o nascimento, com desenvolvimento precoce de insuficiência cardíaca. PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL: CONCEITO: Desvio de sangue da aorta para a artéria pulmonar. POR QUÊ? Defeito congênito. PRINCIPAL CAUSA: não fechamento do canal arterial (que conecta aorta e artéria pulmonar na vida fetal) nas primeiras 24 horas de vida. SOPRO: Contínuo. Audível no 1º e 2º espaços intercostais esquerdos. Componente sistólico mais intenso e componente diastólico mais fraco. Qualidade: “em maquinaria”. Acentua-se em B2. Diminui à inspiração. Pode-se ouvir um sopro mesodiastólico no foco mitral. Presença de B3. SINAIS PERIFÉRICOS: Pulso célere. Pulsações arteriais amplas no pescoço. Aumento da pressão diferencial, assim como na insuficiência aórtica. SINAIS AO NÍVEL DO CORAÇÃO: Dilatação do átrio e do ventrículo esquerdo. Abaulamento da artéria pulmonar. Aumento da circulação pulmonar. Sinais de sobrecarga ventricular esquerda.
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