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IMPRESSO POR: Valdiva Souza <valdiva@terra.com.br>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 04/10/2017http://e.pub/o0j3b3djco0glxmkno0a.vbk/OEBPS/Text/01_cover-print-1507143030.xhtml 4.1 4 PERÍCIA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL CÓDIGO DE 1939 A perícia judicial surge, no âmbito do direito pátrio, de maneira ordenada e com regras básicas válidas para todo o território nacional, a partir do advento do Decreto-lei no 1.608, de 18-9-1939. Na exposição de motivos que acompanhou o projeto à sanção presidencial, consta: “A Constituição de 10 de novembro veio tornar possível, fortalecido o poder central, a realização da unidade processual, e, para dar-lhe maior expressão e coerência, unificou a Justiça.” Para perceber o alcance que se pretendia assegurar à prova pericial, é pertinente ressaltar outro trecho da exposição de motivos, a saber: “Outro característico do sistema processual consubstanciado no projeto e que se pode considerar como corolário da função ativa e autoritária do juiz, é, seguramente, o papel atribuído ao juiz em relação à prova”, na medida em que “no processo concebido como instrumento de distribuição da justiça, as testemunhas e os peritos passam a ser testemunhas e peritos do juízo. O seu dever é o de dizer e de investigar a verdade, sem as restrições que hoje incidem sobre elas.” Referida exposição de motivos, datada de 24-7-1939, foi assinada por Francisco Campos, então Ministro da Justiça. A perícia judicial foi tratada no CPC de 1939, no Título VIII – Das Provas, Capítulo I – Das Provas em Geral, cujo art. 208 assim dispunha: “Art. 208. São admissíveis em juízo todas as espécies de prova reconhecidas nas leis civis e comerciais.” Para perceber o alcance desse dispositivo, é pertinente fazer sua leitura conjugada com o conteúdo do art. 118, cujo teor é: “Na apreciação da prova, o juiz formará livremente o seu convencimento, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não IMPRESSO POR: Valdiva Souza <valdiva@terra.com.br>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 01/04/2018http://e.pub/9oi50uw1ixk9ztt5wy0r.vbk/OEBPS/Text/19_chapter04-print-152263003... alegados pela parte. Mas, quando a lei considerar determinada forma como da substância do ato, o juiz não lhe admitirá a prova por outro meio.” A prova pericial foi disciplinada no Capítulo VII – Dos Exames Periciais, do Título já declinado. A admissão e a realização do exame pericial foram tratadas nos arts. 254 e seguintes. In verbis: “Art. 254. Na perícia, para prova de fato que dependa de conhecimento especial, as partes poderão formular quesitos, nos cinco (5) dias seguintes à nomeação do perito, admitindo-se quesitos suplementares até a realização da diligência.” A admissão do exame pericial, a teor do art. 255, tinha seus limites, visto que poderia ser negada, como se pode ver na redação dada ao mencionado artigo, assim: “Art. 255. O juiz negará a perícia: I – quando o fato depender do testemunho comum e não do juízo especial de técnicos; II – quando desnecessária à vista das provas; III – quando a verificação for impraticável, em razão da natureza transitória do fato.” Por seu lado, a produção da prova pericial poderia realizar-se, de conformidade com o art. 117, cujo teor era: “A requerimento, ou ex-officio, o juiz poderá, em despacho motivado, ordenar as diligências necessárias à instrução do processo e indeferir as inúteis em relação a seu objeto, ou requeridas com propósitos manifestamente protelatórios.” IMPRESSO POR: Valdiva Souza <valdiva@terra.com.br>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 01/04/2018http://e.pub/9oi50uw1ixk9ztt5wy0r.vbk/OEBPS/Text/19_chapter04-print-152263003... Quanto aos procedimentos a serem adotados pelo perito, o art. 256 dispunha: “Para a realização dos exames o perito procederá livremente, podendo ouvir testemunhas e recorrer a outras fontes de informação.” O exame pericial deveria consubstanciar-se em laudo escrito pelo perito, cujo conteúdo foi disciplinado pelo parágrafo único do artigo citado, assim: “Parágrafo único. O perito responderá aos quesitos em laudo fundamentado, no qual mencionará tudo quanto ocorrer na diligência.” O laudo deveria ser entregue pelo perito como disciplinado no artigo seguinte, a saber: “Art. 257. O perito apresentará o laudo em cartório até cinco (5) dias antes da audiência de instrução e julgamento, ou, havendo motivo relevante, até à audiência.” Não cumprindo com a sua obrigação, ou seja, a entrega do laudo a tempo e, não havendo motivo relevante, dizia o § 1o do artigo citado: “§ 1o Se o laudo não for apresentado até a audiência, o juiz substituirá o perito e mandará que se produzam as demais provas.” Destarte, como o MM. Juiz deveria formar livremente seu convencimento (art. 118), poderia o magistrado determinar nova perícia, como disposto no art. 258: “O juiz não ficará adstrito ao laudo e poderá determinar nova perícia.” O Código de 1939 determinava (art. 264) que o perito deveria comparecer à audiência para expor seu laudo e eventualmente oferecer esclarecimentos, como disposto no art. 267: “Aberta a audiência, o perito fará um resumo do laudo, podendo o juiz, ex- officio ou a requerimento, pedir-lhe esclarecimentos.” No Título IX – Do Juiz e dos Auxiliares da Justiça, Capítulo III – Do Perito, foram inseridos diversos dispositivos que tratam de quem poderia realizar os exames periciais e demais posturas relativas à figura do perito judicial e assistentes técnicos das partes. O art. 129 dizia, in verbis: “Os exames periciais serão feitos por um perito, sempre que possível técnico, de livre escolha do juiz.” Todavia, não era uma livre escolha absoluta, pois o nomeado poderia ser recusado, como disposto no parágrafo único do artigo mencionado, como segue: “Parágrafo único. O perito poderá ser recusado pelas mesmas causas que justificam a recusa dos juízes e testemunhas e no caso do art. 131, no II.” Diversas eram as penalidades impostas ao perito. A matéria foi tratada no art. 131, cuja redação dada foi: IMPRESSO POR: Valdiva Souza <valdiva@terra.com.br>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 01/04/2018http://e.pub/9oi50uw1ixk9ztt5wy0r.vbk/OEBPS/Text/19_chapter04-print-152263013... “Art. 131. Salvo prova de força maior, o perito ficará sujeito às seguintes penalidades, que serão impostas pelo juiz: I – multa de […], em benefício da parte prejudicada, e cobrável como custas, se exceder prazos, ou não comparecer à audiência; II – inabilitação para funcionar em outras perícias, no caso de recusa de nomeação anterior, podendo, se nomeado, ser destituído a requerimento de qualquer das partes. § 1o O perito que, por dolo ou culpa grave, prestar informações inverídicas, incorrerá nas penas dos nos I e II, sem prejuízo do disposto na lei penal. § 2o Na última hipótese, o juiz dará ciência ao órgão do Ministério Público.” As partes poderiam valer-se da indicação de assistentes técnicos para acompanhar os trabalhos periciais e, se necessário, oferecer impugnações às conclusões do perito. Nesse sentido, dispunha o art. 132, assim: “A cada uma das partes será lícito indicar, em petição, um assistente técnico, a quem incumbirá acompanhar as diligências do perito, cujas conclusões poderá impugnar. Parágrafo único. Ao assistente serão facultados os mesmos meios de investigação que ao perito.” O desembolso do custo dos trabalhos periciaisfoi disciplinado no Título VII – Das Despesas Judiciais, Capítulo I – Das Custas e Multas, art. 57, do seguinte teor: IMPRESSO POR: Valdiva Souza <valdiva@terra.com.br>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 01/04/2018http://e.pub/9oi50uw1ixk9ztt5wy0r.vbk/OEBPS/Text/19_chapter04-print-152263013... 4.2 “As despesas relativas às perícias judiciais ficarão a cargo da parte que as houver requerido, ou do autor, quando determinadas pelo juiz.” Esse era o quadro legal disciplinador quanto à realização da prova pericial, bem como das diretrizes a serem obedecidas pelo perito e assistentes técnicos, emanadas do CPC de 1939. DECRETO-LEI No 8.570, DE 1946 Tal quadro legal, ao longo de sua vigência, sofreu alterações, em especial aquelas contidas no Decreto-lei no 8.570, de 8-1-1946, que passaremos a abordar, naquilo pertinente à prova pericial e ao perito. Logo no início de 1946, veio à luz o Decreto-lei no 8.570, que alterou, significativamente, a forma da produção da prova pericial, bem como o papel do perito. A partir do advento desse diploma legal, as partes passaram a poder indicar perito único, ou, havendo discordância, cada qual indica seu perito. Se necessário, o magistrado nomeava perito de sua confiança para eventual desempate. Para tanto, veja-se o conteúdo do art. 129, com a nova redação: “Os exames periciais poderão ser feitos por um só louvado, concordando as partes; se não concordarem indicarão de lado a lado o seu perito e o juiz nomeará o terceiro para desempate por um dos laudos dos dois antecedentes, caso não se contente com um destes.” Com efeito, desaparece a figura do assistente técnico, surgindo a do perito indicado pelas partes; surge, também, a possibilidade da presença de perito desempatador, este de nomeação do magistrado. Como veremos, referida forma de produção da prova pericial não se constituiu numa forma ágil e viria a ser modificada pelo CPC de 1973. A oportunidade do requerimento da prova pericial passou a ser disciplinada pelo art. 132, assim: “O pedido de perícia deverá ser feito antes da conclusão para o despacho saneador, indicando as partes o perito único ou cada qual o seu. Parágrafo único. Se requerido por uma só das partes, deverá a outra ser intimada para dentro de 24 horas dizer se concorda com o perito indicado, ou nomear o seu.” Em função da produção plural da prova pericial, houve adaptação do art. 256, que passou a ter a seguinte redação: “Para a realização dos exames os peritos procederão livremente, podendo ouvir testemunhas e recorrer a outras fontes de informação.” Diante ainda da pluralidade de peritos, foi também adaptada a redação do art. 268, que passou a ter o seguinte teor: “Procedida à exposição sobre o laudo, serão tomados, sucessivamente, os depoimentos do autor, do réu e das testemunhas, segundo o disposto no Título VIII, Capítulos IV e V deste Livro, podendo ser admitida discussão sobre o laudo por espaço não excedente a dez minutos para cada perito, se houver mais de um.” IMPRESSO POR: Valdiva Souza <valdiva@terra.com.br>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 01/04/2018http://e.pub/9oi50uw1ixk9ztt5wy0r.vbk/OEBPS/Text/19_chapter04-print-152263017... 4.3 Esses foram os principais aspectos que sofreram modificações. CÓDIGO DE 1973 Foi instituído pela Lei no 5.869, de 11-1-1973. Foi preparado pelo então Ministro da Justiça, Alfredo Buzaid. Na parte que nos interessa, qual seja o campo da prova pericial, o CPC aborda a matéria no Livro I, Título VIII – Do Procedimento Ordinário, Capítulo VI – Das Provas, mais especificamente na Seção VII – Da Prova Pericial, arts. 420 a 439. Antes, porém, é de bom alvitre abordarmos um dispositivo muitas vezes olvidado por quem tem relacionamento com a perícia judicial. Trata-se do art. 145. Referido dispositivo apresenta a seguinte redação: “Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421.” Embora as partes devam especificar as provas que pretendem produzir (art. 282), quando da petição inicial do autor e (art. 300) quando da contestação do réu, é no momento processual denominado saneamento do processo que o magistrado irá decidir sobre a necessidade da prova pericial, como disposto no art. 331. Assim é que, se as provas a serem produzidas dependerem de conhecimento técnico ou científico, o juiz aceitará a realização da prova pericial, nomeando, para tanto, perito de sua confiança e facultando às partes a indicação de seus assistentes técnicos. Note-se que a realização de perícia contábil, como já alertado em momento anterior, poderá ser decidida em audiência. IMPRESSO POR: Valdiva Souza <valdiva@terra.com.br>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 01/04/2018http://e.pub/9oi50uw1ixk9ztt5wy0r.vbk/OEBPS/Text/19_chapter04-print-152263017... 4.4 Nota-se com muita facilidade que o Código de 73 retornou à prática original do Código de 39. Voltou o magistrado ao comando absoluto da produção da prova pericial, por intermédio de seu perito de confiança, cabendo às partes, se quisessem, indicar assistentes técnicos. Em reforço ao que se acaba de afirmar, é importante lembrar que o CPC/1973 determinou papel fundamental ao magistrado, quanto à produção de provas, a teor do art. 130, cuja redação é: “Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias.” O parágrafo único do art. 420 dá as diretrizes para o indeferimento da prova pericial. Referido dispositivo apresenta a seguinte redação: “Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando: I – a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico; II – for desnecessária em vista de outras provas produzidas; III – a verificação for impraticável.” Pode também se valer do comando do art. 334, que tem a seguinte redação: “Art. 334. Não dependem de prova os fatos: I – notórios; II – afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; III – admitidos, no processo, como incontroversos; IV – em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.” Na Seção que trata da prova pericial, o Código, art. 420, começa definindo o que seja prova pericial assim: “Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.” Na fase de Execução de Sentença, surgem outras modalidades de produção de prova pericial: liquidação por arbitramento e liquidação por artigos. Na liquidação de sentença por arbitramento, quando requerida, ou determinada pelas circunstâncias, o magistrado, como previsto no art. 475-A, nomeará perito para apresentar laudo de arbitramento. A liquidação por artigos, art. 475-E, objetiva- se quando, para determinar o valor da condenação, é necessário alegar ou provar algum fato novo. Para a produção da prova pericial, art. 421, o juiz nomeará perito de sua confiança, enquanto as partes poderão indicar assistente técnico. LEI No 8.455, DE 1992 Modificações significativas no desenvolvimento do trabalho pericial vieram à luz com a Lei no 8.455, de 24-8-1992. Antes do advento dessa Lei, o perito e os assistentes técnicos eram intimados para prestar compromisso de “cumprir conscienciosamente o encargo que lhes for cometido”, como dispunha a redação original do art. 422. A nova redação dada a esse artigo retirou a obrigatoriedade do compromisso. Assim: IMPRESSO POR: Valdiva Souza <valdiva@terra.com.br>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhumaparte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 01/04/2018http://e.pub/9oi50uw1ixk9ztt5wy0r.vbk/OEBPS/Text/19_chapter04-print-152263020... “Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição.” Nem o perito, tampouco o assistente técnico são obrigados a assumir o encargo, já que, como disposto no art. 423, podem escusar-se, desde que aleguem motivo legítimo, em função do que consta do art. 146. O perito e os assistentes técnicos, por força também do art. 423, poderiam ser recusados por impedimento ou suspeição. Os motivos de impedimento ou suspeição aplicáveis são aqueles definidos nos arts. 134 e 135. Vejamos. Os impedimentos aplicáveis ao perito e que também se aplicavam aos assistentes técnicos são: “Art. 134. É defeso ao […] exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário: I – de que for parte; II – em que interveio como mandatário da parte, […] funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha; III – omissis; IV – quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau; V – quando cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau.” IMPRESSO POR: Valdiva Souza <valdiva@terra.com.br>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 01/04/2018http://e.pub/9oi50uw1ixk9ztt5wy0r.vbk/OEBPS/Text/19_chapter04-print-152263020... A suspeição vem tratada no art. 135, cuja redação tem o seguinte teor: “Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do […] quando: I – amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; II – alguma das partes for credora ou devedora do […], de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau; III – herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes; IV – receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio; V – interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes. Parágrafo único. Poderá ainda […] declarar-se suspeito por motivo íntimo.” Na transcrição desses artigos, foi colocado um espaço entre colchetes pois, no texto original, consta a palavra juiz, mas aplicável também ao perito por força do art. 138, inciso III. Ressalte-se que também o impedimento e a suspeição eram aplicáveis ao assistente técnico, mas a Lei no 8.455/92 deu nova redação ao inciso III, art. 138, CPC, retirando a expressão e assistentes técnicos, bem como reescreveu o art. 423, in verbis: “Art. 423. O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por impedimento ou suspeição (art. 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito.” Modificou também o inciso II e parágrafo único do art. 424, assim: “Art. 424. O perito pode ser substituído quando: I – omissis; II – sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado. Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo.” Mencionada lei fez surgir, também, a possibilidade da realização de prova pericial em juízo, por ocasião da audiência de instrução e julgamento, mediante oitiva do perito e dos assistentes técnicos sobre questões contábeis que tenham informalmente examinado ou avaliado, reescrevendo o § 2o, art. 421, in verbis: “§ 2o Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado.” É espécie nova de perícia ainda pouco conhecida. Quanto à oitiva, nada de novo, pois já era exigida a presença dos peritos em audiência para esclarecimentos, por força do art. 435, CPC. A novidade envolve a questão de exames ou avaliações informais. Desconhece-se ainda que procedimentos poderão ser entendidos como informais, uma vez que os atos praticados no processo são sempre formais. Os procedimentos que vierem a ser determinados pelo magistrado, no futuro, IMPRESSO POR: Valdiva Souza <valdiva@terra.com.br>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 01/04/2018http://e.pub/9oi50uw1ixk9ztt5wy0r.vbk/OEBPS/Text/19_chapter04-print-152263024... 4.5 irão nortear a questão do que será entendido por informal quanto aos exames ou às avaliações assim realizadas. LEI No 8.952, DE 1994 Acréscimo significativo no que se refere aos honorários do perito quando em função judicial veio a lume com a Lei no 8.952, de 13-12-1994. Trata-se do parágrafo único acrescido ao art. 33, com a redação seguinte: “Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do perito deposite em juízo o valor correspondente a essa remuneração. O numerário, recolhido em depósito bancário à ordem do juízo e com correção monetária, será entregue ao perito após a apresentação do laudo, facultada a sua liberação parcial, quando necessária.” Esse dispositivo tem ensejado ao magistrado, quando do despacho ou decisão de nomeação do perito, determinar a este que ofereça orçamento ou estimativa do custo do trabalho pericial a ser realizado. Essa possibilidade de fixar o custo do trabalho pericial contábil antes da apresentação do laudo é deveras salutar. Liberta o perito de eventuais impugnações à sua remuneração decorrentes do conteúdo do laudo. Amplia sua independência, além do que melhor garante sua remuneração, pois, às vezes, entregue o laudo, a parte responsável não cumpre com o depósito da quantia fixada, causando IMPRESSO POR: Valdiva Souza <valdiva@terra.com.br>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 01/04/2018http://e.pub/9oi50uw1ixk9ztt5wy0r.vbk/OEBPS/Text/19_chapter04-print-152263024... 4.6 prejuízo ao perito, ensejando ter de executar os honorários periciais, arcando com as respectivas despesas. Não se pode olvidar que honorários periciais são essencialmente verba alimentar, de sustento familiar. Por certo, pode até evitar requerimento das partes de prova pericial contábil desnecessária, apenas com intuito procrastinatório; portanto, do ponto de vista processual, é extremamente salutar a aplicação pelo magistrado do parágrafo único do art. 33, CPC. LEI No 10.358, DE 2001 Clarificação significativa quanto ao prazo de entrega do parecer pericial sob a responsabilidade do assistente técnico foi resolvida com a edição da Lei no 10.358, de 27-12-2001, que modificou a redação do parágrafo único, art. 433, CPC, verbis: “Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo.” Data venia, o texto anterior era incompatível com as práticas periciais, agora sanado com a nova redação dada ao dispositivo. O diploma legal acrescentou dois artigos ao Código de Processo Civil, de interesse da perícia. Trata-se dos arts. 431-A e 431-B. O primeiro dispõe sobre o disciplinamento da realização da prova pericial, a saber, verbis:“Art. 431-A. As partes terão ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a produção da prova.” Como já comentado no Capítulo 3, trata-se de um novo dever que, conforme o caso, deverá ser cumprido pelo perito judicial. O segundo acréscimo – art. 431-B – reconhece que a prova pericial, em face da própria complexidade dos fatos jurídicos objeto da lide, poderá envolver mais de uma área de saber; por isso, o dispositivo permite a nomeação e a indicação de mais de um profissional, verbis: “Art. 431-B. Tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e a parte indicar mais de um assistente técnico.” Note-se que é o magistrado que tem a iniciativa, seja por decisão dele próprio, seja provocado pelas partes; de qualquer modo, o dispositivo não é impositivo, já que consta a palavra poderá. A produção de prova técnica é cada vez mais complexa, porque mais complexo é o mundo dos negócios e a vida das pessoas naturais ou jurídicas. A realização de perícias mistas já é uma realidade nos Foros, como, por exemplo, em processos judiciais nos quais é determinada a apuração de haveres, o que, ordinariamente, envolve a avaliação de imóveis – tarefa incumbida a perito engenheiro – que vai instruir a avaliação patrimonial de sociedades para efeito de apuração dos haveres de sócio – tarefa de perito contador; outro exemplo pode ser constatado em processos judiciais que envolvem a comprovação de pirataria, de embalagens similares de produtos de marcas IMPRESSO POR: Valdiva Souza <valdiva@terra.com.br>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 01/04/2018http://e.pub/9oi50uw1ixk9ztt5wy0r.vbk/OEBPS/Text/19_chapter04-print-152263027... 4.7 4.8 diferentes – tarefa de perito engenheiro – e a constatação dos correspondentes danos emergentes e lucros cessantes e sua mensuração monetária – tarefa de perito contador. Esses são apenas alguns exemplos conhecidos; é óbvio que no futuro muitas outras possibilidades surgirão; assim, os profissionais da contabilidade terão que desenvolver e assumir procedimentos éticos e profissionais de convivência com profissionais de outras áreas do conhecimento. LEI No 10.406, DE 2002 Com vigência a partir de meados de janeiro de 2003, o novo Código Civil trouxe consigo uma gama de dispositivos que o expert contábil deverá dominar para bem desempenhar sua função pericial, seja como perito, seja como assistente técnico. Preliminarmente, cabe destacar que, pelo art. 2.045 do novo diploma legal, foi revogada a Parte Primeira do Código Comercial, Lei no 556, de 25-6-1850; nessa parte revogada, estavam disciplinadas, entre outros aspectos, as obrigações do comerciante quanto aos registros contábeis, livros, balanços, exibição judicial dos livros. Essas matérias, no novo Código Civil, estão contidas na Parte Especial, Livro II – Do Direito de Empresa, Título IV – Dos Institutos Complementares, Capítulo IV – Da Escrituração, arts. 1.179 a 1.195. Esse temário, de interesse da perícia contábil, está tratado no Capítulo 5. LEI No 11.232, DE 2005 Esta lei federal, de 22-12-2005, alterou diversos dispositivos do Código de Processo Civil de 1973, especialmente a numeração dos dispositivos relativos à liquidação de sentença, por arbitramento e por artigos. IMPRESSO POR: Valdiva Souza <valdiva@terra.com.br>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 01/04/2018http://e.pub/9oi50uw1ixk9ztt5wy0r.vbk/OEBPS/Text/19_chapter04-print-152263027... 4.9 A liquidação de sentença por arbitramento ficou, então, disciplinada como segue: “Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: I – determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; II – o exigir a natureza do objeto da liquidação. Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a entrega do laudo. Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no prazo de dez dias, juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência.” Por sua vez, a liquidação de sentença por artigos foi disciplinada assim: “Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo. Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum (art. 272).” CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 O CPC vigente foi instituído pela Lei no 13,105, de 16-3-2015, e entrou em vigor em 18-3-2016. Na parte que nos interessa, qual seja o campo da prova pericial, o CPC aborda a matéria na Parte Especial, Livro I – Do Processo de Conhecimento e do Cumprimento de Sentença, Título I – Do Procedimento Comum, Capítulo XII – Das Provas, mais especificamente na Seção X – Da Prova Pericial (arts. 464 a 480). Há interesse pericial também no disposto no Capítulo XIV – Da Liquidação de Sentença (arts. 509 a 512). No Título III – Dos Procedimentos Especiais, têm interesse para a prova pericial contábil os Capítulos que seguem: – Capítulo II – Da Ação de Exigir Contas (arts. 550 a 553); – Capítulo V – Da Ação de Dissolução Parcial de Sociedade (arts. 599 a 609); – Capítulo VI – Do Inventário e da Partilha (arts. 610 a 673); – Capítulo VII – Dos Embargos de Terceiro (arts. 674 a 681); – Capítulo X – Das Ações de Família (arts. 693 a 699); – Capítulo XI – Da Ação Monitória (arts. 700 a 702). E do Livro II – Do Processo de Execução, há interesse no Título III – Dos Embargos à Execução (arts. 914 a 920). Como já ficou evidente nos capítulos anteriores e também será observado nos próximos, o Código de Processo Civil, vigente a partir de março de 2016, é portador de importantes inovações no campo do desenvolvimento da prova pericial e no agir do perito oficial e dos assistentes técnicos. IMPRESSO POR: Valdiva Souza <valdiva@terra.com.br>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 01/04/2018http://e.pub/9oi50uw1ixk9ztt5wy0r.vbk/OEBPS/Text/19_chapter04-print-152263030...
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