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CS CRIMES DE TRÂNSITO 2019

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CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 1 
 
CRIMES DE TRÂNSITO 
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 3 
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ................................................................................................... 4 
 DENOMINAÇÕES IMPORTANTES .................................................................................. 4 
 BEM JURÍDICO ................................................................................................................ 5 
 CRIMES DE DANO VS CRIMES DE PERIGO .................................................................. 6 
2. DISPOSIÇÕES GERAIS .......................................................................................................... 6 
 ARTIGO 291 DO CTB ....................................................................................................... 6 
2.1.1. Exemplo de aplicação do CP ..................................................................................... 6 
2.1.2. Exemplo de aplicação do CPP ................................................................................... 7 
2.1.3. Exemplo de aplicação da Lei nº 9.099/95 .................................................................. 7 
 EXCEÇÕES AOS INSTITUTOS DESPENALIZADORES PREVISTOS NO ARTIGO 291 
DO CTB....................................................................................................................................... 7 
 SUSPENSÃO OU PROIBIÇÃO: PERMISSÃO OU HABILITAÇÃO (COMO PENA) .......... 8 
2.3.1. Duração e comprimento das penas de Suspensão e Proibição ................................. 9 
2.3.2. Suspensão ou Proibição como Medida Cautelar ...................................................... 10 
2.3.3. Eficácia da Medida Cautelar na tutela da ordem pública .......................................... 11 
 EFEITO EXTRAPENAL E AUTOMÁTICO DA CONDENAÇÃO ...................................... 11 
 MULTA REPARATÓRIA ................................................................................................. 11 
2.5.1. Natureza jurídica ...................................................................................................... 12 
2.5.2. Necessidade do pedido expresso da Multa Reparatória .......................................... 12 
2.5.3. Multa Reparatória: 3ª via do Direito Penal ............................................................... 13 
2.5.4. Multa Reparatória e os prejuízos imateriais ............................................................. 13 
2.5.5. Valor da Multa Reparatória ...................................................................................... 14 
2.5.6. Procedimento de Execução da Multa Reparatória ................................................... 14 
3. AGRAVANTES DOS CRIMES DE TRÂNSITO ...................................................................... 15 
4. PERDÁO JUDICIAL ............................................................................................................... 17 
5. IMUNIDADE AO FLAGRANTE .............................................................................................. 18 
 CABIMENTO DE PRISÃO TEMPORÁRIA ...................................................................... 18 
 CABIMENTO DE PRISÃO PREVENTIVA EM CRIME CULPOSO .................................. 18 
6. HOMICÍDIO CULPOSO DE TRÂNSITO ................................................................................ 19 
 ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO (CLÉBER MASSON) ........................................... 20 
 VIAS TERRESTRES....................................................................................................... 20 
6.2.1. Denominação .......................................................................................................... 21 
6.2.2. Ampliação legislativa ............................................................................................... 21 
6.2.3. Locais dos crimes .................................................................................................... 21 
6.2.4. Observações ........................................................................................................... 21 
 ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................... 22 
 CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ................................................................................ 22 
6.4.1. Confusão legislativa ................................................................................................. 24 
6.4.2. Procedimento adotado para comprovar o estado de embriaguez do autor do 
Homicídio Culposo Qualificado .............................................................................................. 26 
7. LESÃO CORPORAL CULPOSA DE TRÂNSITO ................................................................... 27 
 OBSERVAÇÕES SOBRE O ARTIGO 303, CAPUT ........................................................ 27 
8. OMISSÃO DE SOCORRO ..................................................................................................... 28 
 ATIPICIDADE ................................................................................................................. 29 
 SUJEITO ATIVO ............................................................................................................. 29 
 CONSUMAÇÃO .............................................................................................................. 29 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 2 
 
9. CRIME DO ARTIGO 305 DO CTB: ........................................................................................ 29 
 CRÍTICAS ....................................................................................................................... 30 
10. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE ............................................................................................ 30 
 FORMAS DE CONSTATAÇÃO ...................................................................................... 31 
 IMPORTÂNCIA DO DIREITO À CONTRAPROVA .......................................................... 31 
11. CRIME DO ARTIGO 307 DO CTB ..................................................................................... 31 
12. RACHA .............................................................................................................................. 32 
 FORMAS QUALIFICADAS ............................................................................................. 33 
13. DIREÇÃO PERIGOSA ....................................................................................................... 34 
14. CRIME DE PESSOA QUE NÃO ESTÁ NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR ......... 35 
15. CRIME DO ARTIGO 311 DO CTB ..................................................................................... 35 
16. FORMA ESPECIAL DE FRAUDE PROCESSUAL ............................................................. 36 
17. ALTERAÇÃO DO CTB PELA LEI Nº 13.281/2016 ............................................................. 36 
18. JURISPRUDÊNCIA EM TESE ........................................................................................... 37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 3 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Olá! 
Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja 
útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de 
estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. 
O Caderno Legislação Penal Especial – Crimes de Trânsito possui como base as aulas do 
professor Vinícius Marçal, do Curso G7 Jurídico. 
Dois livros foram utilizadospara complementar nosso CS de Legislação Penal Especial: a) 
Legislação Criminal para Concursos (Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar), 
ano 2017 e b) Legislação Criminal Comentada (Renato Brasileiro), ano 2018, ambos da Editora 
Juspodivm. 
Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito 
(www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de 
Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito), bem 
como com a Jurisprudência em Tese do STJ. Destacamos: é importante você se manter atualizado 
com os informativos, reserve um dia da semana para ler no site do Dizer o Direito. 
Ademais, no Caderno constam os principais artigos de lei, mas, ressaltamos, que é 
necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. 
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina 
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você 
faça uma boa prova. 
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito 
importante!! As bancas costumam repetir certos temas. 
Vamos juntos!! Bons estudos!! 
Equipe Cadernos Sistematizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 4 
 
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
A maioria esmagadora dos crimes previstos no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é 
praticada através de veículo automotor. 
A definição de veículo automotor, conforme prevê art. 4º do CTB, encontra-se no Anexo I do 
Código. 
Art. 4º Os conceitos e definições estabelecidos para os efeitos deste Código 
são os constantes do Anexo I 
 
De acordo com o conceito extraído do Anexo, veículo automotor é “todo veículo a motor de 
propulsão que circule por seus próprios meios, e que serve normalmente para transporte viário de 
pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e 
coisas. O termo compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre 
trilhos (ônibus elétrico).” 
Portanto: 
ABRANGE NÃO ABRANGE 
Automóveis 
Caminhões 
Caminhonetes 
Tratores 
Vans 
Motocicletas 
Ônibus 
Ônibus elétricos 
Veículos de propulsão humana (bicicleta) 
Veículos de tração animal (carroças) 
 DENOMINAÇÕES IMPORTANTES 
Crime em trânsito: “São aqueles em que somente uma parte da conduta ocorre em um 
país, sem lesionar ou expor a situação de perigo bens jurídicos de pessoas que nele vivem.” (Cléber 
Masson) 
Exemplo: “A”, da Argentina, envia para os Estados Unidos uma missiva com ofensas a “B”, 
e essa carta passa pelo território brasileiro. 
ATENÇÃO: “Crimes em trânsito” em nada têm relação com os crimes de trânsito. 
Crime de circulação: “É o praticado com o emprego de veículo automotor, a título de dolo 
ou de culpa, com a incidência do Código Penal (CP) ou do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).” 
(Cléber Masson) 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 5 
 
“Crime de circulação” é gênero que abrange os delitos praticados com dolo e com culpa, 
ambos no emprego de direito automotor. 
O CTB cuidará, tão somente, dos crimes de trânsito praticados com culpa. 
Crime de trânsito: São os delitos cometidos na direção de veículos automotores, sejam de 
perigo – abstrato ou concreto – ou dano, desde que o elemento subjetivo constitua culpa. Ou seja, 
“não se admite a nomenclatura de crime de trânsito para o crime de dano, cometido com dolo. 
Portanto, aquele que utiliza seu veículo para, propositalmente, atropelar e matar seu inimigo comete 
homicídio – e não simples crime de trânsito.” (Guilherme de Souza Nucci) 
 BEM JURÍDICO 
Não há um único bem jurídico protegido pelo CTB. 
O artigo 302 do CTB, por exemplo, tutela a vida: 
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se 
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena 
é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: 
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; 
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; 
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à 
vítima do acidente; 
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de 
transporte de passageiros. 
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de 
qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: 
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito 
de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
Já o artigo 303 do CTB protege a integridade física: 
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de 
se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
§ 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das 
hipóteses do § 1o do art. 302. 
§ 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem 
prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo 
com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de 
outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime 
resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. 
 
Contudo, há um bem jurídico comum previsto para todos os tipos do CTB que é a proteção 
da segurança viária, conforme preveem os arts. 1º, §2º do CTB e art. 28 do CTB: 
Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território 
nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 6 
 
§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos 
órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes 
cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas 
destinadas a assegurar esse direito. 
 
Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, 
dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito. 
 CRIMES DE DANO VS CRIMES DE PERIGO 
Para a maioria da doutrina somente existem dois crimes de dano descritos no CTB: o art. 
302 do CTB (homicídio culposo de trânsito) e art. 303 do CTB (lesão corporal culposa de trânsito). 
A maioria dos tipos previstos no CTB é constituída por delitos de perigo (que podem ser de 
perigo abstrato ou de perigo concreto). 
Os delitos de perigo abstrato consumam-se com a prática da conduta, automaticamente. 
Não se exige a comprovação da produção da situação de perigo. Há presunção absoluta de que 
determinadas condutas acarretam perigo a bens jurídicos. 
Exemplos: entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada (art. 310 do 
CTB) e embriaguez ao volante (art. 306 do CTB). 
Os delitos de perigo concreto consumam-se com a efetiva comprovação, no caso concreto, 
da ocorrência da situação de perigo. 
Exemplo: dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida permissão para dirigir ou 
habilitação, gerando perigo de dano (art. 309 do CTB). 
2. DISPOSIÇÕES GERAIS 
 ARTIGO 291 DO CTB 
 Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, 
previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do 
Código de Processo Penal, se este Capítulo nãodispuser de modo diverso, 
bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. 
 
O referido dispositivo prevê a aplicação subsidiária do Diploma Penal, do Código de 
Processo Penal e da Lei nº 9.099/95, ao CTB no que for compatível. 
2.1.1. Exemplo de aplicação do CP 
- Reincidência: apesar de citada pelo CTB, não foi, por ele, conceituada. Assim, vale aqui a 
definição trazida pelo CP. 
- Fixação da pena base – o legislador, através da Lei nº 13.546/17 (que acrescentou o §4º 
ao art. 291 do CTB), determinou que o juiz, ao fixar a pena base, observe não apenas o disposto 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 7 
 
no art. 59 do CP, mas que também dê especial atenção a três das circunstâncias judiciais, quais 
sejam: culpabilidade do agente, circunstâncias e consequência do crime. 
§ 4º O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes previstas no art. 59 do 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), dando 
especial atenção à culpabilidade do agente e às circunstâncias e 
consequências do crime. 
2.1.2. Exemplo de aplicação do CPP 
- Processamento do RESE 
2.1.3. Exemplo de aplicação da Lei nº 9.099/95 
- Vide §1º do artigo 291 do CTB: 
 § 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto 
nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se 
o agente estiver: 
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que 
determine dependência; 
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição 
automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de 
veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; 
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 
km/h (cinquenta quilômetros por hora). 
 
O texto legal, propositalmente, não cita o art. 89 da Lei 9.099/95 (suspensão condicional do 
processo), porque a suspensão condicional do processo se aplica a todos os crimes de menor e 
médio potencial ofensivo. 
O que é importante para sua incidência é a pena mínima prevista, portanto, preenchidas as 
condições, também será adotado no CTB. 
 EXCEÇÕES AOS INSTITUTOS DESPENALIZADORES PREVISTOS NO ARTIGO 291 
DO CTB 
São três casos: 
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que 
determine dependência; 
 
Tanto é assim que foi acrescido o §2º ao art. 303 do CTB: 
“§ 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem 
prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo 
com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de 
outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime 
resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima 
 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 8 
 
Dois são os motivos que justificam a não aplicação do presente instituto despenalizador na 
Lesão Corporal Culposa: um é que, no caso do §2º, a infração não será mais de menor potencial 
ofensivo; outro é que basta que o delito seja cometido sob influência de álcool ou substâncias 
psicoativas. 
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição 
automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de 
veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; 
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 
km/h (cinquenta quilômetros por hora). 
 
ATENÇÂO: Nessas hipóteses, ainda que de menor potencial ofensivo, deverá ser, 
obrigatoriamente, instaurado Inquérito Policial para apuração das infrações. 
 SUSPENSÃO OU PROIBIÇÃO: PERMISSÃO OU HABILITAÇÃO (COMO PENA) 
Art. 292 do CTB: 
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação 
para dirigir veículo automotor pode ser imposta isolada ou cumulativamente 
com outras penalidades 
 
A Permissão é o documento inicial, com validade de um ano, que antecede a Carteira 
Nacional de Habilitação (CNH). 
A Habilitação (CNH) é concedida ao final desse prazo. 
A Suspensão é a penalidade imposta àquele que algum dia já possuiu a Permissão ou a 
Habilitação. 
A Proibição, pelo contrário, é destinada àquele que nunca obteve nem Permissão, tampouco 
Habilitação. 
Para alguns doutrinadores, a Proibição de se obter Permissão ou Habilitação configura a sui 
generis espécie de “pena privativa de direito”. 
Em alguns casos, o próprio CTB prevê de forma expressa as referidas penas conjuntamente 
com a pena privativa de liberdade e/ou pena de multa. 
Exemplos: artigos 302, 303, 306, 307 e 308. 
Assim, tem-se que o artigo 292 do CTB somente será aplicado aos demais crimes, que não 
estabelecem previsão específica da pena de Suspensão ou Proibição de obter a Permissão ou 
Habilitação. 
Para mais, apesar da redação do art. 292, não se vislumbra a hipótese de aplicação isolada 
das penas nele previstas (não se podem desconsiderar os preceitos secundários de cada tipo 
penal). 
Ainda analisando o texto legal, nota-se a expressão “pode”, que remete à opção facultativa 
de aplicação de pena. No entanto, se houver reincidência, a adoção da pena de Suspensão 
(somente ela) será obrigatória. Vide art. 296 do CTB: 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 9 
 
Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, 
o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para 
dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis 
 
ATENÇÃO: O art. 296 do CTB não cita as hipóteses de penalidade de Proibição. Portanto, havendo 
reincidência, somente será obrigatória a imposição da pena de Suspensão. 
 
*(CESPE – PC-ES – 2011) No caso de réu reincidente em crime de trânsito, é obrigatório que o magistrado, 
ao julgar a nova infração, fixe a pena prevista no tipo, associada à suspensão da permissão ou habilitação de 
dirigir veículo automotor. 
2.3.1. Duração e comprimento das penas de Suspensão e Proibição 
Artigo 293 do CTB: 
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão 
ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração de dois meses 
a cinco anos. 
§ 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a 
entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para 
Dirigir ou a Carteira de Habilitação. 
 
Uma vez imposta a pena, cabe ao Poder Judiciário intimar o condenado para entregar em 
48 horas a Permissão ou Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e comunicar os órgãos de trânsito 
competentes. 
Se não atendida à intimação, o condenado incorrerá no crime previsto no art. 307, §único 
do CTB, como aconteceu no exemplo abaixo colacionado: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Denúncia exibida por Vinícius Marçal durante a aula) 
 
Se o réu intimado a entregar sua CNH estiver preso, a penalidade não será iniciada, 
conforme prevê o art. 293, §2º do CTB: 
§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou 
a habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 10 
 
sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido a 
estabelecimento prisional. 
 
Art. 295 do CTB: 
Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição de se obter 
a permissão ou a habilitação será sempre comunicada pela autoridade 
judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de 
trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente 
 
A comunicação aos órgãos de trânsito competente é necessáriapor duas razões: a primeira 
é oportunizar a fiscalização pelos órgãos administrativos da medida imposta ao condenado; a 
segunda é evitar a má-fé. 
Exemplo de má-fé: Sujeito que é intimado para entregar CHN ao Poder Judiciário e que, 
depois de concedida, solicita 2ª via do documento em Departamento de Trânsito. 
2.3.2. Suspensão ou Proibição como Medida Cautelar 
Art. 294 do CTB: 
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo 
necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, como medida 
cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante 
representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a 
suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou 
a proibição de sua obtenção. 
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, 
ou da que indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em 
sentido estrito, sem efeito suspensivo. 
 
Conforme extraído do artigo supra, a Suspensão ou Proibição poderá ser aplicada em 
qualquer fase da investigação ou da ação penal, inclusive, de maneira cautelar. 
Fundamento: o art. 312 do CPP prevê quatro fundamentos para a Prisão Preventiva. Nada 
obstante, apenas um deles será invocado para a aplicação da Proibição ou Suspensão como 
Medida Cautelar, qual seja: a garantia da ordem pública. 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem 
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para 
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do 
crime e indício suficiente de autoria. 
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso 
de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras 
medidas cautelares (art. 282, § 4o). 
 
*(FCC – DPE-AP – 2018) Nos crimes de trânsito previstos na Lei nº 9.503/1997, em qualquer fase da 
investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, como 
medida cautelar, ainda que de ofício, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da 
habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção 
Cabimento de recurso - Art. 294, §único do CTB: 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 11 
 
Art. 294 (...) 
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, 
ou da que indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em 
sentido estrito, sem efeito suspensivo. 
 
Da decisão que decretar ou indeferir a Medida Cautelar caberá Recurso em Sentido Estrito 
(RESE) sem efeito suspensivo. 
2.3.3. Eficácia da Medida Cautelar na tutela da ordem pública 
Na jurisprudência, tem se entendido que a Medida Cautelar será cabível contra investigados 
com histórico criminal ruim nos delitos de trânsito. 
“Possuindo o investigado precedente envolvendo delitos de trânsito, 
necessária a imposição da medida cautelar de suspensão da habilitação para 
dirigir veículo automotor, a fim de garantir a ordem pública.” (TJMG RESE 
1.0395.15.001862-4/001, publ. 03/03/2017) 
 
“É imperiosa a suspensão cautelar da CNH daquele que já foi anteriormente 
flagrado na direção de veículo automotor com sinais de embriaguez.” (TJMG, 
RESE 1.0481.15.003483-5/001, publ. 22/07/2016). 
 
ATENÇÃO: Após a reforma do CPP, dada pela Lei nº 12.403/2011, tem-se que a Cautelar na fase 
da Ação Penal pode ser efeutada pelo juiz ex officio. Já na fase de Investigação, o magistrado 
poderá fazê-la somente por provocação. 
 EFEITO EXTRAPENAL E AUTOMÁTICO DA CONDENAÇÃO 
Art. 160 do CTB: 
Art. 160. O condutor condenado por delito de trânsito deverá ser submetido a 
novos exames para que possa voltar a dirigir, de acordo com as normas 
estabelecidas pelo CONTRAN, independentemente do reconhecimento da 
prescrição, em face da pena concretizada na sentença. 
§ 1º Em caso de acidente grave, o condutor nele envolvido poderá ser 
submetido aos exames exigidos neste artigo, a juízo da autoridade executiva 
estadual de trânsito, assegurada ampla defesa ao condutor. 
§ 2º No caso do parágrafo anterior, a autoridade executiva estadual de 
trânsito poderá apreender o documento de habilitação do condutor até a sua 
aprovação nos exames realizados. 
 
O efeito extrapenal e automático da condenação consiste na determinação de que ainda que 
sobrevenha a prescrição da pretensão executória, novos exames deverão ser feitos para que o 
condenado volte a dirigir. 
 MULTA REPARATÓRIA 
Art. 297 do CTB: 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 12 
 
 Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, mediante 
depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia calculada 
com base no disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que houver 
prejuízo material resultante do crime. 
§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo 
demonstrado no processo. 
§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52 do Código 
Penal. 
§ 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será 
descontado. 
2.5.1. Natureza jurídica 
A classificação da natureza jurídica da Multa Reparatória sempre deu margem para polêmica 
na doutrina. Atualmente, assevera-se que por guardar semelhanças com a fixação do quantum 
indenizatório mínimo do CPP, tem natureza jurídica de efeito da sentença. 
Vide art. 63, §único, do CPP: 
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-
lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, 
seu representante legal ou seus herdeiros. 
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a 
execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV 
do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração 
do dano efetivamente sofrido. 
2.5.2. Necessidade do pedido expresso da Multa Reparatória 
Renato Brasileiro de Lima e Andrey Borges de Mendonça têm entendido que não é 
necessário pedido expresso da Multa Reparatória. Para eles, a Multa Reparatória tem efeito 
automático. 
Esse entendimento, todavia, não convenceu a jurisprudência dos Tribunais Superiores. STJ 
e STF preconizam que o pedido expresso para que o juiz fixe o valor devido é fundamental, sob 
pena de eventual decisão extra petita. 
“4. Entre diversas outras inovações introduzidas no Código de Processo 
Penal com a reforma de 2008, nomeadamente com a Lei nº 11.719/2008, 
destaca-se a inclusão do inciso IV ao artigo 387, que, consoante pacífica 
jurisprudência desta Corte Superior, contempla a viabilidade de indenização 
para as duas espécies de dano – o material e o moral -, desde que tenha 
havido a dedução de seu pedido na denúncia ou na queixa.” (REsp 
1675874/MS, 3ª Seção/STJ, DJe 08/03/2018) 
 
Em conformidade com o julgamento, constata-se também que, para o STJ, o quantum 
indenizatório se aplica tanto ao dano material, quanto ao moral e demanda pedido expresso. 
Dada a similitude dos institutos previstos nos artigos 297 do CTB e 63, §único, com incurso 
no artigo 387, inciso IV, ambos do CPP, pode-se concluir que, para a multa reparatória, também se 
faz de rigor expresso pedido. 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 13 
 
2.5.3. Multa Reparatória: 3ª via do Direito Penal 
Sistema de Dupla Via 
Segundo Cléber Masson, o Sistema de Dupla Via admite as penas (1ª via) e as medidas de 
segurança (2ª via) como respostas estatais aos violadores das suas regras. 
O Direito Penal de Dupla Via é o Sistema Penal Clássico 
Rogério Greco, por seu turno, defende que “a introduçãoda relação autor-vítima-reparação 
no sistema de sanções penais nos conduz a um modelo de três vias, onde a reparação surge como 
uma terceira função da pena conjuntamente com a retribuição e a prevenção.” 
A instituição da Multa Reparatória (e a fixação do quanto indenizatório mínimo do artigo 387, 
inciso IV, do CPP) revela traços desse modelo de três vias (Justiça Restaurativa), ao viabilizar uma 
nova forma de composição das consequências do delito. 
ATENÇÃO: note que Multa Reparatória não se confunde com os institutos da Multa Penal e/ou da 
Prestação Pecuniária. 
EM SUMA: 
Multa Penal Multa Reparatória Prestação Pecuniária 
Art. 49. A pena de multa consiste 
no pagamento ao fundo 
penitenciário da quantia fixada 
na sentença e calculada em dias-
multa (...). 
Art. 297. A penalidade de multa 
reparatória consiste no 
pagamento mediante depósito 
judicial em favor da vítima, ou 
seus sucessores, (...) sempre 
que houver prejuízo material 
resultante do crime. 
 
≠≠≠ 
 
STJ: “A pena de prestação 
pecuniária, espécie de pena 
restritiva de direitos não se 
confunde com a multa 
reparatória do artigo 297 do 
CTB.” (REsp 772721) & “Não há 
qualquer incompatibilidade na 
aplicação cumulativa.” (REsp 
736784) 
Art. 43. As penas restritivas de 
direitos são: I. prestação 
pecuniária; 
 
Art. 45, §1º. A prestação 
pecuniária consiste no 
pagamento em dinheiro à vítima, 
a seus dependentes ou a 
entidade pública privada ou com 
destinação social, de 
importância fixada pelo juiz (...). 
§2º. No caso do parágrafo 
anterior, se houver aceitação do 
beneficiário, a prestação 
pecuniária pode consistir em 
prestação de outra natureza. 
Art. 44, §4º. A pena restritiva de 
direitos converte-se em privativa 
de liberdade quando ocorrer o 
descumprimento injustificado. 
(...) 
2.5.4. Multa Reparatória e os prejuízos imateriais 
O quantum indenizatório mínimo pode abarcar, tranquilamente, os danos morais e os danos 
materiais. 
“TESE: Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito 
doméstico e familiar, é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a 
título de dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 14 
 
parte ofendida, ainda que não especificada a quantia e independentemente 
de instrução probatória.” (Resp 1675874/MS, 3ª Seção/STJ, Dje 08/03/2018) 
 
No entanto, o CTB foi expresso ao citar que a penalidade de Multa Reparatória seria aplicada 
apenas os prejuízos MATERIAIS: 
Vide artigo 297, caput, do CTB: 
Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, mediante 
depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia calculada 
com base no disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que houver 
prejuízo material resultante do crime. 
 
Nada obstante, nada impede a fixação de dano moral (quantum indenizatório) ao CTB por 
força do artigo 387, inciso IV, do CPP, em obediência à determinação de aplicação subsidiária do 
Direito Processual Penal ao CTB. 
2.5.5. Valor da Multa Reparatória 
A propósito, Guilherme de Souza Nucci afirma que “a referência feita ao art. 49, §1º, do CP, 
é equivocada. Não se pode imaginar a fixação de uma reparação civil de dano com base em 1/30 
do salário mínimo até o máximo de 5 salários. Seria, nitidamente, insuficiente em várias situações. 
Logo, o correto é interpretar ser cabível a fixação da multa reparatória nos termos do art. 49, caput 
e §1º do CP. O magistrado escolhe um montante de 10 a 360 dias-multa. Após, estabelece o valor 
do dia-multa.” 
Artigo 297, §1º do CTB: 
Art. 297. (...) 
§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo 
demonstrado no processo. 
 
Artigo 297, §3º do CTB: 
Art. 297. (...) 
§ 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será 
descontado. 
 
O dispositivo acima reforça o cunho indenizatório da Multa Reparatória. 
2.5.6. Procedimento de Execução da Multa Reparatória 
Artigo 297, §2º do CTB: 
Art. 297. (...) 
§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52 do Código 
Penal. 
 
Conforme se extrai dos artigos 50 a 52 do CP, tem-se que o pagamento da Multa Reparatória 
será realizado dentro 10 dias depois de transitada a sentença, bem como que será admitido o seu 
parcelamento. 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 15 
 
Contudo, o artigo 51 do CP merece zelo. 
ATENÇÃO: O legitimado do artigo 51 do CP não será aplicado ao CTB. 
Vejamos: 
 Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será 
considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação 
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às 
causas interruptivas e suspensivas da prescrição 
 
A ação, no CTB, é movida pela própria vítima ou sucessor, e não pela Procuradoria da 
Fazenda. Não teria sentido retirar a legitimidade do ofendido, já que essa multa, ao contrário da 
penal, tem nítido caráter indenizatório e somente interessa à vítima ou seus sucessores. 
3. AGRAVANTES DOS CRIMES DE TRÂNSITO 
Artigo 298 do CTB: 
Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes 
de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração: 
 
O legislador equivocou-se ao prever a expressão “sempre”. Deve-se interpretar o texto 
conforme a luz do artigo 61 do CP, ou seja, as circunstâncias agravarão as penalidades, quando 
não constituírem ou qualificarem o crime. 
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de 
grave dano patrimonial a terceiros; 
 
Esse inciso é criticado porque, nos crimes de dano (homicídio culposo ou lesão corporal 
culposa de trânsito), se o autor comete o crime contra mais de uma pessoa, será aplicada a regra 
do artigo 70 do CP (concurso formal). 
Diferentemente, o autor de homicídio culposo que imprudentemente mata um motociclista e 
“tira um fino” de três pessoas próximas, compreenderá, na sua pena, a presente agravante. 
 Em relação aos crimes de perigo, o inciso é polêmico. Dois são os posicionamentos 
doutrinários: 
1ª corrente: defende que a ora agravante é aplicada também aos crimes de perigo. 
2ª corrente: a agravante não é aplicada aos crimes de perigo, pois o dano potencial a 
pessoas ou o risco de grave dano patrimonial a terceiros configura bis in idem, haja vista que o 
perigo já serviu para a tipificação da infração penal. 
II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas; 
 
Atenção: se for o próprio condutor do veículo que falsificou as placas, responderá ele em concurso 
material com o artigo 311 do CP, sem, contudo, a presença da agravante para não configurar bis in 
idem. 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 16 
 
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; 
 
Em algumas situações, não incidirá. Especialmente, a dos artigos 302 e 303 do CTB. Nesses 
crimes, a circunstância já funciona como causa de aumento de pena: 
Art. 302, § 1o “No homicídio culposo cometido na direção de veículo 
automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: 
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação”. 
 
Não será aplicada também ao crime do artigo 309 do CTB, pois já constitui elementar do 
delito (Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação 
ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano). 
Igualmente, não será aplicada ao artigo 310 do CTB (Permitir, confiar ou entregar a direção 
de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassadaou com o direito de dirigir 
suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não 
esteja em condições de conduzi-lo com segurança). 
Incidirá nos demais casos, como, por exemplo, embriaguez ao volante (artigo 306 do CTB) 
e crime de racha (artigo 308). 
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria 
diferente da do veículo; 
 
Vide artigo 143 do CTB. 
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o 
transporte de passageiros ou de carga; 
 
A primeira parte do inciso “quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais 
com o transporte de passageiros” não será aplicada aos delitos dos artigos 302, §1º, inciso IV do 
CTB e artigo 303, §único da Lei nº 9.503/97. 
No caso do homicídio culposo (artigo 302 do CTB), já funciona como causa de aumento de 
pena. Assim, incidirá a agravante apenas se a profissão exigir cuidados especiais cm o transporte 
de carga. 
Incidirá nos demais casos. 
Exemplo: artigo 306 do CTB cometido por motorista de ônibus. 
Pouco importa se o veículo está vazio (ou não), se existem passageiros (ou não), se existe 
carga (ou não), o que é relevante é o fato de o veículo ser destinado ao transporte de passageiros 
ou de cargas (José Almeida Sobrinho e STJ). 
VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou 
características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de 
acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do 
fabricante; 
 
O “envenenamento” do veículo gera um maior perigo à segurança viária. 
Típico exemplo de incremento do risco: motor “tunado”. 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 17 
 
Como é crime que deixa vestígios, exige perícia. 
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a 
pedestres. 
 
Faixas de trânsito temporárias são aquelas utilizadas em situações especiais ou 
emergenciais, com o escopo de proteger pedestres, trabalhadores etc. 
Essas faixas visam aumentar a segurança dos pedestres nos locais especificamente a eles 
destinados. 
Não incide nos crimes dos artigos 302, §1º, inciso II, do CTB e artigo 303, §único da Lei nº 
9.503/97, pois já é considerada causa de aumento de pena, que não se restringi às faixas 
temporárias ou permanentes, como alcança também as calçadas. 
Vide artigo 302, §1º, II do CTB: 
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se 
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena 
é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: 
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; 
4. PERDÁO JUDICIAL 
Artigo 300 do CTB (VETADO): 
Art. 300. Nas hipóteses de homicídio culposo e lesão corporal culposa, o juiz 
poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem, 
exclusivamente, o cônjuge ou companheiro, ascendente, descendente, irmão 
ou afim em linha reta, do condutor do veículo. 
 
Questiona-se: o veto presencial significa rejeição à possibilidade de aplicação de perdão 
judicial aos artigos 302 e 303 do CTB? 
Na época do veto, a questão foi objeto de inúmeras discussões doutrinárias. 
1ª corrente (TACRIM-SP): “É inadmissível a concessão do perdão judicial ao agente 
condenado pelo delito do art. 302 da Lei 9.503/97 (...), uma vez que inexiste tal previsão no Código 
de Trânsito Brasileiro para os crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa, sendo certo 
que o referido benefício constitui causa extintiva da punibilidade de aplicação restrita aos caos 
legais, recaindo sobre as infrações especificamente indicas na lei, conforme dispõe o inciso IX do 
art. 107 do CP.” (Ap. 1252261-2, 2ª C., rel. Osni de Souza, 28.06.2001, v.u.). 
Essa corrente é demonstrada, tão somente, com finalidade histórica, já que não mais 
adotada por absolutamente ninguém. 
2ª corrente: É admissível a aplicação do Perdão Judicial, seja por analogia, seja pela 
previsão artigo 291 do CTB ou pelas razões do veto. 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 18 
 
O veto presidencial NÃO significa rejeição à possibilidade de aplicação de perdão judicial 
aos artigos 302 e 303 do CTB. É imperativa a aplicação analógica do §5º do artigo 121 e do §8º do 
artigo 129, ambos do CP, que são normas de caráter geral (CP, artigo 12). 
Prevê o artigo 291 do CTB: “Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, 
previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do CP e do CPP, se este Capítulo não dispuser 
de modo diverso, (...).” 
Foram razões do veto: “O artigo trata do perdão judicial, já consagrado pelo Direito Penal. 
Deve ser vetado, porém, porque as hipóteses previstas no §5º do art. 121 e §8º do art. 129 do 
Código Penal disciplinam o instituto de forma mais abrangente”. 
Atualmente, inexistem dúvidas de que incide o Perdão Judicial aos delitos de trânsito. 
5. IMUNIDADE AO FLAGRANTE 
Artigo 301 do CTB: 
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que 
resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se 
prestar pronto e integral socorro àquela. 
 
Excetuada a ocorrência do presente tipo, nos demais casos de acidentes culposos que 
resultem vítimas, a omissão constitui causa de aumento de pena tanto do Homicídio Culposo quanto 
da Lesão Corporal Culposa. 
 CABIMENTO DE PRISÃO TEMPORÁRIA 
Não será cabível a Prisão Temporária nos crimes de trânsito, pois o rol que prevê suas 
possibilidades é restrito (artigo 1º, inciso III da Lei nº 7.960/89) e não traz em seu bojo qualquer 
possibilidade no contexto dos crimes do CTB. 
 CABIMENTO DE PRISÃO PREVENTIVA EM CRIME CULPOSO 
Em relação à Prisão Preventiva, a priori, não há falar em sua decretação em crime culposo. 
Vide artigo 313 do CPP: 
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação 
da prisão preventiva: 
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima 
superior a 4 (quatro) anos; 
(...) 
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver 
dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer 
elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado 
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese 
recomendar a manutenção da medida. 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 19 
 
 
Excepcionalmente, segundo Andrey Borges de Mendonça, pode ser que caiba quando 
houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes 
para esclarecê-la ou mesmo no caso de descumprimento da medida cautelar de Suspensão ou 
Proibição para dirigir e reiteração do comportamento imprudente. 
Eugênio Pacceli e Domingos Barroso da Costa assim o defendem “(...) é de se dizer que 
não restam dúvidas quanto à existência de possíveis exceções, a justificar tratamento mais rigoroso 
em relação às infrações penais culposas, como ocorre, por exemplo, em delitos de trânsito, com ou 
sem embriaguez, mas com comprovada reiteração de comportamento imprudente. Quantas vidas 
foram e poderão ser ceifadas pela contumaz inobservância das regras exigidas para um tráfego 
seguro, sobretudo em casos em que o agente é pilhado, repetidas vezes, em velocidade superior 
àquela permitida no local, ou, com mesmo grau de risco, em estado de embriaguez ao volante?” 
A maior parte da doutrina, no entanto, não concorda com a possibilidade de Prisão 
Preventiva em crimes culposos. 
6. HOMICÍDIO CULPOSO DE TRÂNSITOArtigo 302 do CTB: 
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se 
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena 
é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: 
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; 
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; 
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à 
vítima do acidente; 
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de 
transporte de passageiros. 
V - (Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008) 
§ 2o 
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de 
qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: 
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito 
de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
Antes do CTB, a provocação da morte culposa por condução de veículo era abarcada pelo 
CP, em seu artigo 121, §3º. Não havia um diploma específico a respeito do assunto. 
Na época antecedente à edição do CTB, verificou-se alto índice de mortes no trânsito que 
colocou o Brasil como recordista mundial. Assim, o legislador atendeu a um apelo social a respeito 
do tema e criminalizou de forma mais grave e especial o Homicídio Culposo no Trânsito dentro do 
CTB. 
Atualmente, portanto, existem dois Homicídios Culposos: um descrito no CTB e outro no CP. 
Em qualquer das hipóteses, deve-se examinar o que prevê artigo 18, inciso II, do CP: 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 20 
 
 Art. 18 - Diz-se o crime 
 II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, 
negligência ou imperícia 
 
 ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO (CLÉBER MASSON) 
 
 VIAS TERRESTRES 
Artigo 1º do CTB: 
Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território 
nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código 
 § 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e 
animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, 
parada, estacionamento e operação de carga ou descarga. 
§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos 
órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes 
cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas 
destinadas a assegurar esse direito. 
§ 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito 
respondem, no âmbito das respectivas competências, objetivamente, por 
danos causados aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na 
execução e manutenção de programas, projetos e serviços que garantam o 
exercício do direito do trânsito seguro. 
§ 4º (VETADO) 
§ 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de 
Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a 
preservação da saúde e do meio-ambiente. 
 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 21 
 
Os fatos praticados na condução de veículos motorizados não terrestres (lanchas, jet-skis, 
aeronaves) não rendem ensejo ao artigo 302 do CTB, podendo incorrer o autor, conforme o caso, 
no CP: artigos 121, §3º ou 261 (agravado pela morte culposa: artigo 258), que trata do crime 
denominado “atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo”. 
6.2.1. Denominação 
Artigo 2º do CTB: 
Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os 
logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias, que 
terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre 
elas, de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais 
6.2.2. Ampliação legislativa 
Em 2015, o legislador esclarecendo o conceito de “vias terrestres”, acrescentou o §2º ao 
artigo 2º do CTB: 
Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são consideradas vias 
terrestres as praias abertas à circulação pública, as vias internas 
pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas e as 
vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos privados de uso coletivo 
6.2.3. Locais dos crimes 
O crime do artigo 302 do CTB, conforme aponta o caput, não ocorrerá somente em via 
públicas. 
No Homicídio Culposo de Trânsito, o legislador não restringiu o local da ocorrência. Pode 
ser, pois, em qualquer lugar. 
Exemplo: crime cometido no ato de tirar o veículo da garagem. 
Ao contrário, os crimes inscritos nos artigos 308 e 309 apenas serão consumados se 
praticados em via pública. 
6.2.4. Observações 
Questiona-se: É possível haver morte culposa no trânsito sem a incidência do artigo 302 do 
CTB? É possível. 
Para que ocorra o delito descrito no artigo 302 do CTB, o agente deve estar dirigindo veículo 
automotor. 
Assim, não será tipificado nas seguintes hipóteses: 
a) Ciclista que atravessa a pista de rolamento em momento e local inadequados 
(imprudência no trânsito por quem não estava na condução de veículo automotor), 
causando a queda e a morte de um motociclista. 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 22 
 
b) “Caroneiro” que, por imprudência, balança a motocicleta e provoca a queda e morte do 
condutor. 
c) Pessoa que: 
• Abre a porte de um carro sem olhar para trás e causa a morte de um motociclista; 
• Empurra um carro desligado, perde o seu controle e atropela alguém. 
 ELEMENTO SUBJETIVO 
Sempre será a culpa. 
Tanto é que se, na direção de veículo automotor, Fulano acelerar seu carro para atropelar e 
matar seu desafeto tem-se o crime de Homicídio Doloso (CP). 
Note que a embriaguez + direção que ocasiona morte não rende ensejo necessariamente 
ao dolo eventual. 
Por outro lado, a embriaguez + direção que gerou morte, somada a outros elementos, pode, 
eventualmente, caracterizar o dolo eventual. 
Vejamos: 
CULPA CONSCIENTE DOLO EVENTUAL 
“O Superior Tribunal de Justiça já se 
manifestou no sentido de que a embriaguez 
por si só, sem outros elementos do caso 
concreto, não pode induzir à presunção, pura 
e simples, de que houve intenção de matar.” 
(AgRg no Resp 1594185/RS, Dje 02/03/2018) 
 
“Homicídio na condução de veículo automotor. 
Embriaguez ao volante. (...) Sendo os crimes 
de trânsito, em regra, culposos, impõe-se a 
indicação de elementos concretos que 
evidenciem a assunção do risco de produzir o 
resultado, o dolo eventual. (...) o contexto 
fático evidenciaria a culpa consciente, por se 
tratar de motorista profissional que confiara em 
suas habilidades para impedir o resultado.” 
(AgRg no Resp 1041830, DJ e 03/11/2015) 
“A embriaguez não foi a única circunstância 
externa configuradora do dolo eventual. 
Assim, na espécie, a Corte de origem 
entendeu, com base nas provas dos autos, 
que o ‘recorrente não está sendo processado 
em razão de uma simples embriaguez ao 
volante da qual resultou em uma morte, mas 
sim de dirigir em velocidade incompatível com 
o local, à noite, na contramão de direção em 
rodovia’. Tais circunstâncias indicam, em tese, 
terem sido os crimes praticados com dolo 
eventual.” (JC 303872, Dje 02/02/2017) 
 
“(...) o fato de o réu dirigir embriago veículo 
automotor em via pública, fazendo zigue-
zague na pista e, ao atingir a vítima, não 
prestar socorro, são circunstâncias que 
indicam que o paciente agiu com dolo 
eventual.” (HC 226.338, Dje 28/04/2016) 
 
AgInt no AREsp 1144049/GO, Dje 19/12/2017. 
 
 CAUSAS DEAUMENTO DE PENA 
Artigo 302, §1º, do CTB: 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 23 
 
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena 
é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: 
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; 
 
Não responderá pelo artigo 309 do CTB, que fica absorvido pelo artigo 302 do CTB (HC 
128.921, STF, 2015). 
*CESPE: Cláudia, penalmente responsável, ao dirigir veículo automotor sem habilitação, em via pública, 
atropelou e matou um pedestre. Nessa situação hipotética, Cláudia responderá por homicídio culposo em 
concurso material com o delito de falta de habilitação – FALSO!!! 
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; 
 
A conduta é mais grave nesse caso, uma vez que a vítima é atingida justamente em local 
destinado a lhe dar segurança. 
Crime praticado em faixa de pedestre: sai a agravante do artigo 298 do CTB e entra a 
presente causa de aumento de pena. 
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à 
vítima do acidente; 
 
Requisitos para a causa de aumento de pena: 
a) deixar de prestar socorro o causador do acidente. 
b) sem risco pessoal para o condutor (ameaça de linchamento etc.) 
Não incide a causa de aumento de pena: 
a) a condutor culpado gravemente ferido, sem condições de agir; 
b) socorro imediatamente prestado por terceiros (não há omissão); 
c) socorro absolutamente inviável (morte evidente ≠ morte instantânea). 
“Irrelevante o fato de a vítima ter falecido imediatamente, tendo em vista que 
não cAbe ao condutor do veículo, no instante do acidente, supor que a 
gravidade das lesões resultou na morte para deixar de prestar o devido 
socorro” (AgRg no Ag 1140929/MG, Min. Laurita Vaz, 5ª T.STJ, Dje 
08/09/2009 & AgRg no Ag 1371062/SC, Min. Og Fernandes, 6ª T.STJ, Dje 
03/11/2011). 
 
Nos precedentes acima, o STJ considerou que, no instante do acidente, o condutor não 
poderia “supor” que as lesões causadas na vítima foram de tal monta que redundaram sua morte. 
Note-se: esses casos não se tratam de morte evidente! 
“No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa de 
aumento de pena prevista no art. 121, 4º, do CP – deixar de prestar imediato 
socorro à vítima –, a não ser que o óbito seja evidente, isto é, perceptível por 
qualquer pessoa. Com efeito, o aumento imposto à pena decorre do total 
desinteresse pela sorte da vítima. Isso é evidenciado por estar a majorante 
inserida no §4º do art. 121 do CP, cujo móvel é a observância do dever de 
solidariedade que deve reger as relações na sociedade brasileira (art. 3º, I, 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 24 
 
da CF). Em suma, o que pretende a regra em destaque é realçar a 
importância da alteridade. Assim, o interesse pela integridade da vítima deve 
ser demonstrado, a despeito da possibilidade de êxito, ou não, do socorro 
que possa vir a ser prestado. (...) Cumpre destacar, ainda, que o dever 
imposto ao autor do homicídio remanesce, a não ser que seja evidente a 
morte instantânea, perceptível por qualquer pessoa. Em outras palavras, 
havendo dúvida sobre a ocorrência do óbito imediato, compete ao autor da 
conduta imprimir os esforços necessários para minimizar as consequências 
do fato. Isso porque ‘ao agressor, não cabe, no momento do fato, presumir 
as condições físicas da vítima, medindo a gravidade das lesões que causou 
e as consequências de sua conduta. Tal responsabilidade é do especialista 
médico, autoridade científica e legalmente habilitada para, em tais 
circunstâncias, estabelecer o momento e causa da morte’ (...)”. 
 
EM SUMA: 
ART. 302, §1º , INCISO III, DO CTB ART. 304 DO CTB 
- A causa de aumento de pena se aplica ao 
condutor do veículo que age de forma culposa 
e se omite. 
 
- O condutor do veículo que omitiu socorro, é 
culpado (imprudência, negligência ou 
imperícia) pelo acidente. 
- O art. 304 incide quando o condutor, que não 
age com culpa (imprudência, negligência ou 
imperícia), deixa de prestar socorro à vítima. 
 
- O condutor do veículo, que omitiu socorro, 
não é culpado pelo acidente. 
 
- Ele deve prestar o socorro mesmo cabendo 
a culpa do sinistro à vítima ou a terceiro. Se 
não o fizer: art. 304 do CTB. 
 
*(PCDF – 2005 – Delegado de Polícia) Quando conduzia veículo automotor, sem culpa, Fulano atropela um 
pedestre, deixando de prestar-lhe socorro, constituindo tal conduta, em tese, a prática de OMISSÃO DE 
SOCORRO, prevista no artigo 304 do CTB. 
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de 
transporte de passageiros. 
 
Não é necessário que o condutor esteja conduzindo alguém. Basta que o veículo seja 
destinado ao transporte de passageiros. 
“A majorante do art. 302, parágrafo único, inciso IV, do CTB, exige que se 
trate de motorista profissional, que esteja no exercício de seu mister e 
conduzindo veículo de transporte de passageiros, mas não refere à 
necessidade de estar transportando clientes no momento da colisão e não 
distingue entre veículos de grande ou pequeno porte.” (AgRg no REsp 
1255562/RS, STJ, Dje 17/03/2014). 
6.4.1. Confusão legislativa 
O inciso V do artigo 302 do CTB foi revogado. 
Previa como causa de aumento de pena o fato de o autor estar sob a influência de álcool ou 
substância tóxica ou entorpecente de efeitos análogos. 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 25 
 
O propósito da revogação foi permitir o concurso entre crime do artigo 302 e artigo 306, 
ambos do CTB. No entanto, a ideia não se desenrolou na prática. 
Para muitos, é incogitável o concurso do crime de perigo com o crime de dano. 
Segundo Guilherme de Souza Nucci: “Eliminou-se a causa de aumento com o objetivo de 
permitir a aplicação cumulativa de dois crimes: homicídio culposo em concurso formal com a 
embriaguez ao volante. Entretanto, não se admite que, concorrendo o crime de perigo (embriaguez 
ao volante) com o crime de dano (homicídio culposo), haja aplicação cumulativa dos dois tipos 
penais. Afinal, o delito de dano sempre absorve o de perigo. Diante disso, a eliminação da causa 
de aumento prejudicou o contexto do maior rigor exigível de quem dirige alcoolizado, causando 
dano à coletividade. Para consertar o equívoco legislativo,(...) editou-se a Lei 12.971/2014, 
acrescentando essa circunstância como qualificadora no §2º deste artigo 
ART. 302, §2º DO CTB ART. 308, §2º DO CTB 
“Se o agente conduz veículo automotor com a 
capacidade psicomotora alterada em razão da 
influência de álcool ou de outra substância 
psicoativa que determine dependência 
OU 
Participa, em via, de corrida, disputada ou 
competição automobilística ou ainda de 
exibição ou demonstração de perícia em 
manobra de veículo automotor, não autorizada 
pela autoridade competente: 
Penas. Reclusão, de 2 a 4 anos, e suspensão 
ou proibição de se obter a permissão ou 
habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
➢ Redação dada pela Lei nº 
12.971/2014 
➢ Revogada pela Lei nº 13.281/2016 
§ 2o Se da prática do crime previsto 
no caput resultar morte, e as circunstâncias 
demonstrarem que o agente não quis o 
resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a 
pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 
(cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das 
outras penas previstas neste artigo. 
 
➢ Redação dada pela Lei nº 
12.971/2014 
 
Antes da Lei 13.281/2016, havia uma 
duplicidade de condutas típicas, pois a parte 
final do §2º do art. 302 e o art. 308 previam o 
mesmo comportamento com diferentes 
sanções. 
 
PORTANTO,a morte culposa decorrente de racha configura o crime do artigo 308, §2º do 
CTB. 
Sobre a 1ª parte do extinto §2º do artigo 302 (se o agente conduz veículo automotor com a 
capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa 
que determine dependência), a revogação abriu a discussão sobre a possibilidade de concurso 
entre os delitos do artigo 302 e 306 do CTB: 
1ª corrente: O concurso é possível. A Lei 11.705/08 revogou a causa de aumento de pena 
do artigo 302, §1º, inciso V, do CTB, a fim de permitir o concurso. Logo, não há falar em absorção 
do crime de embriaguez pelo de homicídio culposo, “pois aquele delito, de perigo abstrato, já estava 
consumado quando do acidente” (TJSP, Ap. 830.821.3/5, 30.03.2006). 
2ª corrente: O concurso é inviável, porquanto o crime de dano (302) absorve o crime de 
perigo (306). 
A divergência, no entanto, não tem mais razão de ser, eis porque fora acrescentado o §3º 
ao artigo 302 do CTB: 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 26 
 
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de 
qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: 
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito 
de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
Esse §3º é mal escrito, pois dá a (falsa) impressão de que está a punir a embriaguez ao 
volante. 
O legislador buscou vedar a possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por 
restritiva de direitos, ao estipular pena mínima superior a 4 anos (ultrapassando o limite imposto 
pelo artigo 44, inciso I, do CP). 
No entanto, esqueceu-se de que a substituição é destinada também abrange os crimes 
culposos. Vejamos: 
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as 
privativas de liberdade, quando 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime 
não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que 
seja a pena aplicada, se o crime for culposo 
 
Nada obstante, segundo Cléber Masson “é difícil imaginar a suficiência da substituição na 
situação em que o autor do crime, de forma irresponsável e leviana, embriaga-se, dirige e tira a vida 
alheia.” 
6.4.2. Procedimento adotado para comprovar o estado de embriaguez do autor do 
Homicídio Culposo Qualificado 
Artigo 277 do CTB: 
Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito 
ou que for alvo de fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, 
exame clínico, perícia ou outro procedimento que, por meios técnicos ou 
científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita certificar influência de 
álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência. 
§ 1o (Revogado). 
§ 2o A infração prevista no art. 165 também poderá ser caracterizada 
mediante imagem, vídeo, constatação de sinais que indiquem, na forma 
disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora ou produção 
de quaisquer outras provas em direito admitidas. 
§ 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas 
estabelecidas no art. 165-A deste Código ao condutor que se recusar a se 
submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste artigo. 
 
A Resolução 432/13 do CONTRAN prevê como meios técnicos para comprovação do estado 
de embriaguez: 
- Etilômetro (vulgo “bafômetro”); 
- Exame de sangue; 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 27 
 
- Verificação dos sinais que indiquem a alteração da capacidade psicomotora do condutor 
(exame clínico por perito ou constatação pelo agente de trânsito); 
- Também poderão ser utilizados prova testemunhal, imagem, vídeo ou qualquer outro meio 
de prova em direito admitido. 
7. LESÃO CORPORAL CULPOSA DE TRÂNSITO 
Artigo 303 do CTB: 
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de 
se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
§ 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das 
hipóteses do § 1o do art. 302. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 
13.546, de 2017) (Vigência) 
§ 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem 
prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo 
com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de 
outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime 
resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. 
 OBSERVAÇÕES SOBRE O ARTIGO 303, CAPUT 
Trata-se de infração de menor potencial ofensivo compatível, pois, com transação penal. 
Igualmente, caberá a suspensão condicional do processo. 
Será processado por Ação Penal Pública Condicionada à Representação. 
A figura majorada do §1º do artigo 303, do CTB, ao contrário, não é infração de menor 
potencial ofensivo. Acolá, não caberá composição civil e transação penal. Porém, continua sendo 
válida a suspensão condicional do processo e será apurado por Ação Penal Condicionada à 
Representação, por força do artigo 88 da Lei 9.099/95: 
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, 
dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões 
corporais leves e lesões culposas 
 
ATENÇÃO: não perder de vista a previsão do artigo 291, §1º do CTB, hipóteses em que o fato, 
apesar de crime de menor potencial ofensivo, será investigado por Inquérito Policial: 
 Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, 
previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do 
Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, 
bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. 
§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto 
nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se 
o agente estiver: 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 28 
 
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que 
determine dependência; 
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição 
automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de 
veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; 
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 
km/h (cinqüenta quilômetros por hora). 
§ 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado 
inquérito policial para a investigação da infração penal 
 
Artigo 303, §2º do CTB: 
Art. 303. (...) 
§ 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem 
prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo 
com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de 
outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime 
resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. 
 
Somente incidirá o §2º se o crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. 
Como o CTB não conceitua no que consistem as referidas lesões, atenta-se às previsões 
dos artigos 129, §1º e §2º, do CP: 
Lesão corporal de natureza grave 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incuravel;III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
8. OMISSÃO DE SOCORRO 
Artigo 304 do CTB: 
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar 
imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa 
causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública: 
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir 
elemento de crime mais grave. 
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do 
veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate 
de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves. 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 29 
 
 
Não existe opção do condutor. 
Somente considera-se a segunda forma (deixar de solicitar auxílio da autoridade pública) se, 
por justa causa, a pessoa não puder prestar o socorro. 
 ATIPICIDADE 
Haverá atipicidade na hipótese de inviabilidade de socorro direto e de pedido de auxílio à 
autoridade pública. 
Exemplo: condutor também gravemente lesionado. 
 SUJEITO ATIVO 
O sujeito ativo será o condutor de veículo envolvido, sem culpa, no acidente. 
Se houver culpa: haverá tipificação do artigo 302 ou artigo 303, ambos do CTB. 
ATENÇÃO: O artigo 135 do CP (Omissão de Socorro do Código Penal) incidirá para aqueles que 
não foram envolvidos no acidente, tais como: outros condutores e pessoas que passaram pelo 
acidente e não prestaram socorro. 
 CONSUMAÇÃO 
Artigo 304, §único, do CTB: 
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do 
veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate 
de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves. 
 
Só há tipificação em caso de omissão suprida por terceiro. Não haverá crime se o terceiro 
foi mais ágil ou mais gabaritado (médico, por exemplo) pois, nesses casos, não há omissão. 
No caso de morte evidente também não há crime. 
Conforme afirma Guilherme de Souza Nucci: “Se a vítima morrer instantaneamente, situação 
nítida e clara, torna-se ilógico exigir que o condutor do veículo preste socorro. (...) Haveria condições 
de punir o condutor se o ofendido (morto instantaneamente) deixar de ser socorrido, mas não houver 
certeza acerca da sua morte.” 
9. CRIME DO ARTIGO 305 DO CTB: 
Artigo 305 do CTB: 
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à 
responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída: 
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 30 
 
 
O presente dispositivo é alvo de muitas críticas. 
 CRÍTICAS 
→ Segundo a doutrina, a fuga destinada a evitar a responsabilização penal já configura 
causa de aumento de pena (artigos 302 e 303 do CTB) ou crime autônomo (artigo 304 do CTB). 
→ A fuga com o intuito de evitar a responsabilização civil afronta o artigo 5º, inciso LXVII, da 
CF/88 (prisão por dívida). 
→ Não se pode obrigar o sujeito a se auto incriminar, permanecendo no local do crime para 
sofrer as consequências de sua conduta. 
→ Não há dispositivo semelhante em relação à prática de outros crimes (o ladrão que foge 
não é responsabilizado por crime autônomo por ter se evadido). 
→ Tanto é que vários TJ’s e TRF’s têm decidido pela inconstitucionalidade incidental do 
artigo 305 do CTB. 
O STF, no julgamento do RE 971.959, com repercussão geral, entendeu que o art. 305 do 
CTB é constitucional, firmando a seguinte tese: 
STF - A regra que prevê o crime do artigo 305 do CTB é constitucional posto 
não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito ao silêncio e 
as hipóteses de exclusão de tipicidade e de antijuridicidade. 
10. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE 
Artigo 306 do CTB: 
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada 
em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que 
determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) 
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição 
de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: 
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue 
ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou 
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da 
capacidade psicomotora. 
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste 
de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova 
testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o 
direito à contraprova. 
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de 
alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado 
neste artigo. 
 
São previstas três penas. 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 31 
 
As redações anteriores exigiam o cometimento do delito em via pública. Atualmente, isso 
não mais persiste. Entende-se que o crime pode ser cometido até mesmo no pátio de uma 
concessionária ou no interior de uma fazenda. 
 FORMAS DE CONSTATAÇÃO 
Artigo 306, §1º do CTB 
Art. 306. (...) 
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: 
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue 
ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou 
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da 
capacidade psicomotora 
 
Artigo 306, §2º do CTB: 
Art. 306. (...) 
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste 
de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova 
testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o 
direito à contraprova. 
 IMPORTÂNCIA DO DIREITO À CONTRAPROVA 
Exemplo: condutor recusa o bafômetro e não cede material para exame de sangue. Mesmo 
assim, foi preso em flagrante por apresentar sinais de que há alteração na capacidade psicomotora 
em razão da influência do álcool, o que se fez baseado em vídeo e no testemunho de policiais. 
O preso poderá então solicitar a contraprova, que se dará exatamente pela realização dos 
exames anteriores (de sangue ou bafômetro). Se tais exames resultarem negativos, a prisão deverá 
ser relaxada. 
É pacífico na jurisprudência que o crime é de perigo abstrato. 
STF: “A jurisprudência é pacífica no sentido de reconhecer a aplicabilidade 
do art. 306 do CTB, não prosperando a alegação de que o mencionado 
dispositivo, por se referir a crime de perigo abstrato, não é aceito pelo 
ordenamento jurídico brasileiro” (ARE 985532 AgR Dje-214 de 6.10.2016) 
 
STJ: “O delito previsto no art. 306 do CTB é de perigo abstrato, sendo que 
suficiente para a sua caracterização que o condutor do veículo esteja com a 
capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou outra 
substância entorpecente, dispensada a demonstração da potencialidade 
lesiva da conduta. (HC 342.422, Dje 09/03/2016) 
“(...) o delito de perigo abstrato (CTB, art. 306) dispensa a demonstração de 
direção anormal do veículo.” (AgInt no REsp 1675592/RO, Dje 06/11/2017) 
11. CRIME DO ARTIGO 307 DO CTB 
 
 
CS – CRIMES DE TRÂNSITO – 2019.1 32 
 
Artigo 307 do CTB: 
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste 
Código: 
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com

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