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Produção do conhecimento e Pesquisa Aplicada MARIA ESTHER DE ARAÚJO OLIVEIRA ANTONIO FERNANDO VIEIRA NEY 1ª Edição Brasília/DF - 2018 Autores Maria Esther de Araújo Oliveira Antonio Fernando Vieira Ney Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4 Introdução ............................................................................................................................................................................. 6 Capítulo 1 Ciência e Produção do conhecimento ................................................................................................................... 7 Capítulo 2 Tipos de Pesquisas ....................................................................................................................................................21 Capítulo 3 Projeto ............................................................................................................................................................................28 Capítulo 4 Instrumentos de Coleta de Dados ........................................................................................................................45 Capítulo 5 O Estudo de Caso ........................................................................................................................................................56 Capítulo 6 Ética na vida profissional .........................................................................................................................................83 Referências Bibliográficas .............................................................................................................................................92 4 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 5 OrgAnIzAçãO DO LIvrO DIDáTICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução Este Livro Didático tem o objetivo de abordar as questões envolvidas na Produção do Conhecimento e da Pesquisa Aplicada. A intenção é facilitar o aluno/à aluna nos estudos com relação aos trabalhos de pesquisas profissionais e de soluções de problemas. A disciplina Produção de Conhecimento e Pesquisa Aplicada é eminentemente prática e tem que estimular os alunos/alunas para que busquem encontrar respostas os desafios do mercado de trabalho. Não aborda simples conteúdos a serem decorados pelo corpo discente e verificados em um dia de prova; trata-se de fornecer aos alunos/às alunas um instrumental indispensável para o estudo e a pesquisa; trata-se de aprender fazendo. O Livro Didático foi dividido nos seguintes assuntos: A ciência e a produção do conhecimento; Tipos de pesquisa; O Projeto; Os Instrumentos de coleta de dados; o Estudo de Caso (case) e a relatoria de apresentação de relatórios; e, por fim, a Ética na Vida Profissional. Nesse sentido, esta disciplina tem uma importância fundamental na formação do profissional. Destaca-se que a procura dos alunos/alunas pela academia tem o foco na busca do saber e é preciso compreender que a Produção do Conhecimento nada mais é do que a essência para uma formação do profissional de qualidade por meio do estudo dos caminhos para obter o “saber”. Objetivos gerais » Compreender a produção do conhecimento. » Entender quais são os caminhos genéricos para se fazer ciência. » Despertar a necessidade do rigor metodológico. » Uniformizar as formas de apresentação de trabalhos científicos. » Adotar metodologias mais adequadas à natureza dos problemas de investigação. » Desenvolver, projetar e apresentar trabalhos em conformidade com as normas da ABNT. 7 Apresentação Neste primeiro capítulo serão apresentados dois temas básicos: a Ciência e o Conhecimento. No mundo inteiro, as universidades carregam consigo dois princípios fundamentais: a produção de conhecimentos e o ensino. De fato, na maioria dos países, a produção do conhecimento científico ocorre principalmente nas universidades. São elas que detêm grande concentração de pesquisadores responsáveis pela realização de pesquisas científicas e avanço do conhecimento. O ensino de ciências é defendido como uma das estratégias para a melhoria da qualidade da educação no Brasil. Defendido como essencial para habilitar os estudantes a aprenderem a solucionar os problemas atuais e a tratar das necessidades das organizações, utilizando as mais variadas formas de conhecimento científico e tecnológico. Em uma abordagem interdisciplinar, o ensino das ciências amplia e aguça a observação necessária à formação e atuação humana. Nesse sentido, a construção do conhecimento direciona-se a atender às necessidades sociais crescentes, sendo necessária uma formação educacional voltada para o natural e para o social. Objetivos » Compreender a pesquisa científica e suas implicações. » Entender quais são os caminhos para se fazer ciência. » Compreender o uso e aplicabilidade dos dados, da informação e conhecimento no desenvolvimento da inteligência, competitividade e do espírito empreendedor. 1 CAPÍTULO CIÊnCIA E PrODUçãO DO COnHECIMEnTO 8 CAPÍTULO 1 • CIÊnCIA E PrODUçãO DO COnHECIMEnTO A Ciência e a Produção do Conhecimento Ao longo da história constata-se que a evolução humana está diretamente ligada ao desenvolvimento de sua inteligência. Nessa constatação, é possível destacar três grandes momentos que serviram de propulsores para a evolução humana e, como consequência, o desenvolvimento de sua inteligência dependente de sexo, religião, raça ou nível de renda. 1o momento: O MEDO Na pré-história, por não compreender os fenômenos da natureza, os seres humanos apresentavam uma reação absolutamente natural e ainda experimentada: o medo. Por não compreender fenômenos como tempestades, terremotos, erupções vulcânicas,entre outros, suas reações eram sempre regidas pelo medo do desconhecido. Como não conseguiam compreender o que se passava diante de seus olhos, não lhes restava alternativa a não ser a fuga, movida pelo medo e pelo espanto diante do que presenciavam. Na tentativa de buscar explicações para os fenômenos naturais e para o que ocorria em seu próprio corpo, a inteligência humana evoluiu do medo para as crenças e superstições. Por meio do pensamento mágico, da crença e das superstições, o ser humano buscava superar seus temores e suas dúvidas. Ainda que precariamente, buscava explicar o que via e vivia. Assim, as tempestades podiam ser fruto de uma ira divina, a boa colheita da benevolência dos deuses, as desgraças ou as fortunas eram explicadas como bênçãos ou maldições, pela troca do humano com o divino; com o mágico. Pode-se, portanto, considerar um enorme passo no desenvolvimento de sua inteligência, do inexplicável para o aceitável. 2o momento: O MISTICISMO Como as manifestações místicas e mágicas não explicavam verdadeiramente ou, de forma satisfatória, os fatos e fenômenos, os seres humanos buscaram uma resposta por caminhos que pudessem ser comprovados. Na tentativa de compreender o que acontecia ao seu redor, os seres humanos finalmente evoluíram na sua inteligência e na busca pela ciência. Dessa forma nasceu a ciência metódica (sistematizada), que procura, com base na lógica, respostas que comprovem as causas e as consequências de fatos e fenômenos diversos; de respostas que lhe façam compreender o que anteriormente era inexplicável; a superação do medo debilmente controlado pela aceitação do divino, do místico, do mágico. 9 CIÊnCIA E PrODUçãO DO COnHECIMEnTO • CAPÍTULO 1 3o momento: A CIÊnCIA Por possuir a capacidade de pensar e refletir sobre fatos e fenômenos, movido pela curiosidade natural, o ser humano conduz seus caminhos a novas descobertas e a formas de transmiti-las a seus descendentes. Dessa forma, o desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente ligado à sua característica de viver em grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é transmitido a outro, que, por sua vez, aproveita-se desse saber para somar outros, perpetuando e alimentando novos saberes. Do exposto, pode-se resumir o desenvolvimento do conhecimento com a evolução da Ciência, entretanto, mesmo ao longo da História, o conhecimento existiu nos três momentos: medo, místico e ciência. Segundo Silva (2000), o conhecimento pode ser definido como o entendimento das coisas, sendo o corpo de coisas que deve saber o indivíduo segundo sua idade e seu grau de educação atingido. Há correlação com o termo saber, pois é um conjunto de saberes adquiridos mediante a instrução e a educação. Assim, é fácil concluir que não existe conhecimento sem experiência, bem como que a experiência se torna condutora de novos conhecimentos, que podem ser classificados em uma série de níveis/designações/categorias: » Conhecimento empírico/vulgar/popular: sua base é o cotidiano. É a forma de conhecimento tradicional (hereditário), da cultura, do senso comum, o acúmulo de vivências e experiências, resultantes da vivência dos indivíduos ou transmitidas por terceiros. Não tem compromisso com uma apuração ou análise metodológica. Não pressupõe reflexão, é uma forma de apreensão passiva, acrítica e que, além de subjetiva, é superficial. Portanto, é adquirido pela observação sensível e casual da realidade cotidiana e circunstancial, sem método ou verificação sistemática, por meio de processos de tentativas e erros. » Conhecimento filosófico: lógico, ligado à construção de ideias e conceitos. Adquirido por meio da capacidade humana de reflexão mental. Procura interpretar a realidade tendo como tema central o homem e suas relações com o universo. Busca as verdades do mundo por meio da indagação e do debate, do filosofar, tendo como único e exclusivo instrumento o raciocínio lógico. Portanto, de certo modo, assemelha-se ao conhecimento científico – por valer-se de uma metodologia experimental –, mas dele se distancia por tratar de questões imensuráveis, metafísicas. A partir da razão do homem, o conhecimento filosófico prioriza seu olhar sobre a condição humana. 10 CAPÍTULO 1 • CIÊnCIA E PrODUçãO DO COnHECIMEnTO » Conhecimento teológico: religioso, místico, embasado preponderantemente na fé humana. Adquirido pela crença na existência de entidades divinas e superiores que controlam a vida e o universo. Conhecimento adquirido a partir da fé teológica é fruto da revelação da divindade. A finalidade do teólogo é provar a existência de Deus e que os textos bíblicos foram escritos mediante inspiração divina, devendo, por isso, ser realmente aceitos como verdades absolutas e incontestáveis. A fé não é cega, baseia-se em experiências espirituais, históricas, arqueológicas e coletivas que lhes dá sustentação. Resulta, portanto, da acumulação de revelações transmitidas oralmente ou por textos sagrados, procurando dar respostas às questões que não sejam acessíveis aos outros níveis de conhecimento. » Conhecimento científico: metódico, preza pela apuração e constatação. Busca por leis e sistemas, no intuito de explicar de modo racional aquilo que se está observando. Volta-se para as causas, consequências e constituições dos fenômenos. Buscando analisar, explicar, justificar; induzir ou aplicar leis e teorias; predizer, com a máxima segurança possível, eventos futuros. Sua realidade só é estabelecida após comprovação, com base nas demonstrações ou experimentações. Por isso, é mais restrito que os demais níveis de conhecimento, dada a necessidade de comprovação. Não se contenta com explicações sem provas concretas; seus alicerces estão na metodologia e na racionalidade. Análises são fundamentais no processo de construção e síntese que o permeia, isso aliado às suas demais características faz do conhecimento científico quase uma antítese do empírico. O Conhecimento Científico é... › certo, porque é passível de comprovação; › geral, porque deve ser real ou factual e universal, válido para todos os casos da mesma espécie; › sistemático, porque é elaborado por meio do conhecimento das leis e princípios. Assim, a Ciência fundamenta-se no Conhecimento Científico. Segundo Barreto (2003), um sistema composto por proposições que são rigorosamente demonstradas com base em fatos e na realidade corresponde a uma ciência, ou seja, o conhecimento alcançado pela demonstração e experimentação. 11 CIÊnCIA E PrODUçãO DO COnHECIMEnTO • CAPÍTULO 1 Portanto... » Tudo aquilo que compõe a natureza é objeto de observação e experimentação para se obter novos conhecimentos. » Toda a matéria em qualquer forma e composição molecular pode ser objeto de estudo. » Todos os fenômenos relacionados à natureza social, biológica e tecnológica são objetos da ciência. A classificação do conhecimento pode ser estruturada de acordo com o quadro 1. Quadro 1. Classificação do conhecimento. Conhecimento Origem ou fruto Empírico Experiência Filosófico razão religioso Crença Científico Comprovação (verificação) Fonte: os autores. A Evolução da Ciência Para Trujillo (1974), entre todos os animais, o ser humano é o único capaz de criar e transformar o conhecimento; e, também, criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar suas próprias experiências e passar para outros seres humanos. A criação de um sistema de símbolos permitiu à humanidade o registro de sua existência e experiências e, por consequência, a ordenação e a previsão dos fenômenos que os cercava. Sabe-se que os egípcios possuíam um saber técnico evoluído, com destaque nas áreas de Matemática, Geometria e na Medicina, mas os gregos foram os primeiros a buscar o saber que não tivesse, necessariamente, uma relação com atividade de utilização prática. A preocupação dos precursores da filosofia [filo = amigo + sofia (sóphos) = saber (amigo do saber)] era buscar conhecer o porquê e o para que detudo o que se pudesse pensar. A crença em algum poder além do mundo que habitamos é tão antiga quanto a raça humana, antecedendo o surgimento da ciência como explicação dos fenômenos observados. Dessa crença surgiu o reino obscuro do mito e das lendas. Narrativas de homens de passados remotos, de heróis terrenos, de palavras mágicas e histórias folclóricas transmitidas de geração a geração, povoam o imaginário humano. É o mundo da imaginação, criando, como que por encanto, símbolos para representar as verdades fundamentais e os mistérios da vida, apaziguando, assim, a angústia e o medo do ser humano frente ao desconhecido. 12 CAPÍTULO 1 • CIÊnCIA E PrODUçãO DO COnHECIMEnTO Contudo, a visão mítica é substituída, gradualmente, por uma visão cientificista. Vários foram os motivos condutores dessa mudança, entre eles o ressurgimento da escrita, o surgimento da moeda, o calendário, as navegações e a formulação das leis escritas. Essa visão científica que era tanto empírica como racional, perdurou até o fim da Idade Antiga, quando foi substituída no mundo ocidental, com o domínio do catolicismo e da Igreja Católica, por um conjunto de conhecimentos baseado no princípio da autoridade religiosa, em que a Bíblia era o texto sagrado, de onde todas as verdades deveriam ser retiradas, e em que o Papa era o supremo contato com Deus, representante deste na Terra. Na Idade Média, a Igreja Católica serviu de marco referencial para praticamente todas as ideias discutidas na época. O saber era retido por trás de seus muros, já que os documentos para consulta estavam presos nos mosteiros das ordens religiosas. Dessa forma, a população não participava da construção e acesso a esse saber. Esse foi um período em que o conhecimento científico, como hoje conhecemos, foi devidamente esmagado pelo poder da Igreja, já que qualquer novo conhecimento que divergisse das Sagradas Escrituras era considerado heresia e levava à pronta punição. Ainda assim, nada disso impediu que a ciência continuasse sua evolução. No final da Idade Média, tentou-se conciliar a fé com a razão grega, principalmente com os ensinamentos de Aristóteles, com o auxílio de São Tomás de Aquino. Antes dele, a razão era considerada um auxiliar para a fé, jamais podendo opor-se a esta, sendo o dogma a verdade revelada que não podia moldar-se aos princípios da razão. Após Tomás de Aquino, concluiu-se que era possível descobrir a verdade tanto por meio da razão quanto por meio da fé, sendo as mesmas complementares, não antagônicas (o que criou uma crise teológica). O poder de Deus foi limitado, sendo incapaz de contrariar as leis da lógica, assim como a razão, por sua vez, era incapaz de explicar os milagres, que só poderiam ser explicados pela fé. Esse momento crítico preparava o ambiente intelectual que contribuiu para a ascensão do humanismo e das ideias renascentistas, que trariam de volta a Ciência e a Filosofia como representantes maiores da produção do conhecimento. Os teólogos passaram a debater apenas as verdades ditas religiosas, separando-se dos filósofos e cientistas, que tentam compreender o nosso mundo físico, baseando-se na lógica em sua procura de conhecimento e certeza. Foi no período do Renascimento, aproximadamente entre os séculos XV e XVI (anos 1400 e 1500) que, segundo alguns historiadores, os seres humanos retomaram o prazer de pensar e produzir o conhecimento por meio das ideias. Nesse período, as artes, de forma geral, tomaram um impulso significativo. Nos séculos XVII e XVIII (anos de 1600 e 1700), a burguesia assumiu uma característica própria de pensamento, tendendo para um processo que tivesse imediata utilização prática. Com isso, surgiu o Iluminismo, corrente filosófica que propôs “a luz da razão sobre as trevas dos dogmas 13 CIÊnCIA E PrODUçãO DO COnHECIMEnTO • CAPÍTULO 1 religiosos”. O pensador René Descartes mostrou ser a razão a essência dos seres humanos, surgindo a frase “penso, logo existo”. Se a Igreja trazia, até o fim da Idade Média, a hegemonia dos estudos e da explicação dos fenômenos relacionados à vida, a ciência tomou a frente desse processo, fazendo da Igreja e do pensamento religioso razão de ser dos estudos científicos. O Método Científico surgiu como uma tentativa de organizar o pensamento para se chegar ao meio mais adequado de conhecer e controlar a natureza. No século XIX (ano 1800), a Ciência passou a ter uma importância fundamental. Parecia que tudo só tinha explicação por meio da Ciência. Como se o que não fosse científico não correspondesse à verdade. Se Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Giordano Bruno, entre outros, foram perseguidos pela Igreja, em função de suas ideias sobre as coisas do mundo, o século XIX serviu como referência de desenvolvimento do conhecimento científico em todas as áreas: » Na Sociologia: Augusto Comte desenvolveu sua explicação de sociedade, criando o Positivismo, seguido por outros pensadores; » Na Economia: Karl Marx procurou explicar as relações sociais por meio das questões econômicas, resultando no Materialismo Dialético; » Na Antropologia: Charles Darwin revolucionou a Antropologia com a Teoria da Hereditariedade das Espécies ou Teoria da Evolução, ferindo os dogmas sacralizados pela religião. A Ciência passou a assumir uma posição quase que religiosa diante das explicações dos fenômenos sociais, biológicos, antropológicos, físicos e naturais. Historicamente, a Ciência desenvolveu-se sob o prisma de três concepções diversas: » o racionalismo, cujo modelo de racionalidade é a Matemática; » o empirismo, baseado na observação e experimentação dos fatos; » o construtivismo, que vê a razão como construto de um conhecimento aproximativo. A concepção racionalista estende-se desde os gregos até o século XVII. Afirma que a Ciência é um conhecimento racional dedutivo e demonstrativo como Matemática, capaz de provar, portanto, a verdade universal e necessária de seus resultados, sem deixar qualquer dúvida possível. Dessa forma, as experiências científicas são realizadas apenas para verificar e confirmar as demonstrações teóricas e não para produzir conhecimento do objeto, pois este é conhecido somente pelo pensamento. 14 CAPÍTULO 1 • CIÊnCIA E PrODUçãO DO COnHECIMEnTO A concepção racionalista é hipotético-dedutiva, isto é, define o objeto e as suas leis, e disso deduz propriedades, efeitos posteriores, previsões, ou seja, vai do geral para o particular. Na concepção empirista, que vai desde a Medicina grega e Aristóteles até o século XIX, a ciência é uma interpretação dos fatos baseada em observações e experimentos que permitem estabelecer induções e que, ao serem completadas, oferecem a definição do objeto, suas propriedades e leis de funcionamento. Nesse caso, a teoria deriva da experiência. A concepção empirista é hipotético-indutiva; apresenta suposições sobre o objeto, realizando experimentos e chega, assim, às suas propriedades e formula leis, efeitos posteriores e previsões, ou seja, vai do particular para o geral. Essas duas concepções possuem o mesmo pressuposto: ambas consideram a teoria como uma explicação verdadeira da realidade, tal como esta é em si mesma, sendo a ciência a alma da realidade. No século XX, vivenciamos o início da concepção construtivista, que considera a ciência como uma construção de modelos explicativos da realidade e não uma representação da própria realidade. A concepção construtivista mistura elementos das duas concepções anteriores: a racionalista e a empirista. » Da racionalista: exige que o método lhe permita estabelecer verdades, definições e deduções sobre o objeto científico. » Da empirista: exige que a experimentação guie e modifique verdades, demonstrações e definições. No entanto, como considera o objeto científico uma construção lógico-intelectual e uma construção experimental, o cientista não espera que seu trabalho apresente a realidade em si mesma, mas ofereça estruturas e modelos de funcionamentoda realidade, que possibilitem a explicação dos fenômenos observados. Dessa forma, não espera apresentar uma verdade absoluta e, sim, uma verdade relativa e aproximada, que possa ser corrigida, modificada e/ou abandonada por outra mais adequada. O progresso e os triunfos das civilizações modernas são, em grande parte, devidos ao desenvolvimento da ciência objetiva e da aplicação do método científico ao processo de descoberta e criação do conhecimento. Boaventura Sousa Santos (1990, p. 37) defende a existência “do paradigma de um conhecimento prudente para uma vida decente”. Como o próprio autor explica, essa noção não se circunscreve, simplesmente, a uma mudança científica, mas implica, também, uma revolução social. 15 CIÊnCIA E PrODUçãO DO COnHECIMEnTO • CAPÍTULO 1 Quadro 2. Evolução da ciência e sociedade Etapa 1 Surgimento Etapa 2 Valorização Etapa 3 Identificação Etapa 4 Consolidação Etapa 5 Revisão Grécia Antiga Idade Média Renascença Século XVIII Século XX A produção do conhecimento, nos dias atuais, exige que a educação seja um meio eficaz e eficiente para a formação de cientistas, mas também dos profissionais que o mundo do trabalho espera. Esta formação profissional tem que ser desenvolvida nas três esferas do mundo do trabalho: superior, médio e operacional. O desenvolvimento rápido das tecnologias acaba afastando o profissional do seu mundo e exigindo a contínua ampliação da sua qualificação para conseguir se manter. Uma qualificação na época atual não pode ser apenas como era na Antiguidade, na qual um mestre experiente da profissão ensinava o seu aluno com base apenas em relação à sua habilidade. Na Era do Conhecimento, é imprescindível que o aluno não só aprenda habilidades de sua profissão, mas também tenha escolaridade capaz de continuamente se manter no mercado de trabalho. EMPREGABILIDADE representa a sua capacidade de se inserir (ter acesso) e se manter no mundo do trabalho. Não pense que basta o diploma para se garantir profissionalmente. O mais importante é o seu conhecimento. PERFIL PROFISSIONAL representa as competências exigidas do mundo do trabalho. O perfil profissional é composto por conhecimentos, habilidades e atitudes. Incorpore a empregabilidade a sua vida, pois as exigências de atualização do perfil profissional se tornaram e são imprescindíveis para a sobrevivência no mercado de trabalho. A busca pela qualidade da Educação Básica no Brasil tem sido foco de inúmeras propostas políticas. Nessa busca, várias estratégias são defendidas como, por exemplo, aprimorar a formação dos docentes, implantar o turno integral, utilizar as novas tecnologias da comunicação e da informação nas escolas e equipar os estabelecimentos de ensino. Todas são válidas e, certamente, se colocadas em prática, colaborarão para melhorar a educação. Contudo, existe uma alternativa de grande impacto que é pouco lembrada: o ensino de ciências desde os primeiros anos do Ensino Fundamental. Trata-se de uma alternativa plausível e relevante, pois habilita os estudantes a aprenderem a solucionar problemas atuais e a tratar Atenção Antes de continuar, é importante colocar uma reflexão: » Qual a sua visão do mundo e do seu futuro? » Aonde você quer chegar? » Como se manter no trabalho? 16 CAPÍTULO 1 • CIÊnCIA E PrODUçãO DO COnHECIMEnTO das necessidades da sociedade, utilizando as mais variadas formas de conhecimento científico e tecnológico. Em uma abordagem interdisciplinar, o ensino das ciências é capaz de conduzir a uma observação mais aguçada, estimulando a criatividade, inovação e crescimento. Segundo Santos (1999), é fundamental que o pesquisador tenha o seu direcionamento para as coisas simples e para a capacidade de formular perguntas simples, semelhantes aquelas feitas por uma criança, mas que após elaboradas tais perguntas permitem trazer uma nova luz à nossa perplexidade. Barreto (op. cit) acrescenta que Einstein também defende a simplicidade para a resolução de problema. Dados, Informação e Conhecimento A curiosidade e a necessidade humanas foram e ainda são os principais condutores do conhecimento científico. Traçando uma linha do tempo, é possível verificar que o conhecimento científico acompanha as grandes mudanças sociais. Tabela 1: Linha do Tempo Mudanças Ano Observação Agricultura 1750 Terra/Feudalismo Artesanato 1860 Watt – 1764 Smith – 1776 Trabalho/propriedade privada Industrial 1980 Taylor – 1911 Ford – 1914 Capital/burocracia Computacional – Era do Conhecimento Atual Público/cliente Produto/marketing Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) Fonte: os autores Na atualidade, passamos por um “Período Computacional” até a “Era da Informação/ Conhecimento”. Pensadores diversos, desde a Antiguidade, procuraram organizar teorias e conceitos que fundamentassem o entendimento do que seria o conhecimento e de como o alcançamos. A história da Filosofia, desde a Grécia Antiga, é permeada pela busca da resposta do que seria o conhecimento. Embora muitos ainda utilizem os termos informação e conhecimento como sinônimos, já há certo consenso sobre a diferenciação entre os significados de cada termo. 17 CIÊnCIA E PrODUçãO DO COnHECIMEnTO • CAPÍTULO 1 Normalmente, define-se informação como um conjunto de dados estruturados, carregados de sentido. Seguindo este raciocínio, pode-se definir informação como um agrupamento de dados organizados e dotados de sentido e capaz de reduzir incerteza. Outra boa definição, respaldada por Silva e Ribeiro (2002), conduz à compreensão de informação como um conjunto estruturado de representações mentais (símbolos significantes), presentes em um contexto social, possíveis de serem registradas e comunicadas. Tal abordagem ressalta o aspecto social para a determinação de informação, ou seja, informação somente faz sentido como tal se inserida em um sistema sociocultural. Diferenciando-se do conceito de informação, o conhecimento é identificado com a crença produzida (ou sustentada) pela informação, ou seja, a informação é um produto capaz de gerar conhecimento. Esse processo ocorre, já que a informação conduz a reflexões, análises e sínteses de determinado contexto. Aprendemos com as informações, conhecemos pela informação. Diferenças entre dados, informação e conhecimento Davenport (1998, p. 18) estruturou características das três primeiras categorias de informação (Quadro 2): Quadro 2. Dados, informação e conhecimento DADOS INFORMAÇÃO CONHECIMENTO Simples observações sobre o estado do mundo. » Facilmente estruturado. » Facilmente obtido por máquinas. » Frequentemente quantificado. » Facilmente transferível. Dados dotados de relevância e propósito. » requer unidade de análise. » Exige consenso em relação ao significado. » Exige necessariamente a mediação humana. Informação valiosa da mente humana. » Inclui reflexão, síntese, contexto. » De difícil estruturação. » De difícil captura em máquinas. » Frequentemente tácito (implícito). » De difícil transferência. Fonte: Davenport (1998). Dados, embora relevantes, são estruturas sem significado, compreendem a categoria mais baixa de informação. São pequenas partes de informação, sinais não processados e carentes de sentido, e podem ser entendidos como elementos para a produção de informação. A Informação, por conseguinte, é criada a partir do agrupamento de dados, que depois de processados e analisados podem, dependendo da estrutura cognitiva do receptor, adquirir significado e representar alguma realidade. A produção de informação depende necessariamente de mediação humana, visto que o processo de atribuição de sentido a determinado agrupamento de dados está intrinsecamente relacionado à estrutura cognitiva do sujeito. O fato de ser facilmente 18 CAPÍTULO 1 • CIÊnCIA E PrODUçãO DO COnHECIMEnTO estruturada e comunicada representa um atributo substancial da informação, tornando-a passível de transmissão. O nível seguinte, o Conhecimento, representaa classe de “informação mais apurada”, o principal elemento da estrutura cognitiva do indivíduo. Dessa maneira, a informação está para o conhecimento da mesma maneira que o dado está para a informação, ou seja, a informação é matéria-prima para a construção do conhecimento. Analisando isoladamente o atual Período Informacional, pode-se observar que a ciência evolui para um momento em que a competitividade e o empreendedorismo tendem a nos levar a um vasto horizonte. Dados ou informes Dados ou informes são registros sobre uma realidade. Exemplo: » o nível de desemprego aumentou; » o dólar está em baixa; » a Faculdade Unyleya oferece cursos de graduação a distância. Informação Os dados ou informes só se transformam em informação quando são capazes de gerar uma ação: Exemplo: » O nível de desemprego aumentou. Vou adiar a tentativa de trocar de emprego. » O dólar está em alta. Vou vender meus dólares. » A Faculdade Unyleya oferece cursos de graduação a distância. Vou ligar para saber sobre o curso. Conhecimento Conhecimento é alcançado ao conseguirmos agrupar e analisar as informações, dentro de um contexto, durante um período de tempo. 19 CIÊnCIA E PrODUçãO DO COnHECIMEnTO • CAPÍTULO 1 Exemplos.: » O nível de desemprego aumentou. Esta é uma tendência mundial; vou me preparar para tornar-me um empreendedor. » O dólar está em alta. Vou vendê-los devido às grandes oscilações de mercado que vêm ocorrendo e não quero correr riscos. » A Faculdade Unyleya oferece cursos de graduação a distância. Vou logo me matricular, pois preciso de uma boa formação superior sem comprometer o horário do meu emprego. Inteligência A Inteligência é alcançada quando conseguimos utilizar o Conhecimento de forma diferenciada na obtenção de resultados. Exemplos: » O nível de desemprego aumentou. Vou abrir meu negócio em Turismo, pois tenho experiência e é uma área promissora no estado. » O dólar está em alta. Vou procurar o gerente de minha agência bancária que sempre me orienta bem em meus negócios. » A Faculdade Unyleya oferece cursos de graduação a distância. Vou fazer um curso a distância porque é uma excelente opção para quem precisa estudar em uma instituição que ofereça uma boa proposta de Educação a Distância, já que meus horários de trabalho são instáveis. O conhecimento forma-se por fases e a quantidade de informação transforma-se em qualidade do conhecimento. (GALLIANO, 1986, p. 53). 20 CAPÍTULO 1 • CIÊnCIA E PrODUçãO DO COnHECIMEnTO Sintetizando Vimos até agora que: » A evolução humana está diretamente ligada ao desenvolvimento de sua inteligência, passando do medo ao misticismo até transformar-se em ciência. » O conhecimento pode ser classificado pelo tipo, destacando-se o conhecimento empírico (fruto da experiência), o teológico (fruto da crença), o filosófico (fruto da razão) e o científico (fruto da comprovação). » A evolução da ciência está diretamente ligada à necessidade da sociedade, portanto, o progresso e os triunfos das civilizações modernas são, em grande parte, devidos ao desenvolvimento da ciência objetiva e da aplicação do método científico ao processo de descoberta e criação do Conhecimento. » Estamos na do “Era da Informação” ou na “Era do Conhecimento”. » Estudamos as diferenças no conceito de dados, informações e conhecimento. » Os dados ou informes são registros sobre uma realidade e estes só se transformam em informação quando são capazes de gerar uma ação. » O conhecimento é alcançado ao conseguirmos agrupar e analisar as informações, dentro de um contexto, durante um período de tempo. A inteligência só é alcançada quando conseguimos utilizar o conhecimento de forma diferenciada na obtenção de resultados, produzindo uma competitividade saudável e empreendedora. 21 Apresentação Neste segundo capítulo serão apresentados os diversos tipos de pesquisa e sua aplicabilidade na formação/atuação profissional. A pesquisa é apresentada como uma atividade racional e sistemática que tem como objetivo responder às questões/problemas. Os critérios para a classificação dos tipos de pesquisa variam, e a divisão obedece a interesses, condições, campos, metodologia, situações, objetivos, objetos de estudo. Buscando facilitar a compreensão, bem como seu exercício e aplicabilidade, a pesquisa é classificada quanto ao tipo, à coleta de dados/ informações e o método utilizado, ou seja, quanto aos objetivos, os procedimentos, o objeto e a forma de abordagem Objetivos » Compreender os diversos tipos de pesquisa. » Destacar a aplicabilidade da pesquisa na formação profissional. 2CAPÍTULOTIPOS DE PESQUISAS 22 CAPÍTULO 2 • TIPOS DE PESQUISAS O que é uma Pesquisa? A pesquisa tem por finalidade tentar conhecer e explicar os fenômenos que ocorrem no mundo existencial, isto é, a forma como se processam as suas estruturas e funções, as mudanças que provocam, e até que ponto podem ser controlados e orientados. Por isso é que, de início, a pesquisa começa com interrogações. A finalidade da pesquisa não é só a acumulação de fatos, mas a sua compreensão, o que se obtém desenvolvendo e lançando hipóteses precisas, que se manifestam sob a forma de questões ou de enunciados. (FERRARI, 1974, p. 171). Quando procuramos termos que possam ser associados ao ato de pesquisar, alguns são rapidamente referidos como “buscar” e “procurar”. Pesquisar, portanto, é buscar ou procurar resposta ou solução para algo ou alguma coisa. Quando associamos o termo pesquisar à ciência, entendemos que pesquisar é buscar solução para alguma questão de estudo ou problema, utilizando diferentes instrumentos para se chegar a uma resposta precisa. Pesquisar é o caminho para se chegar ao conhecimento. O instrumento de pesquisa ideal deverá ser compatível com os resultados esperados, ou seja, o pesquisador ou profissional ou investigador definirá o instrumento ideal de acordo com os resultados que se pretende atingir. Sendo assim, é preciso definir o tipo de pesquisa antes de se escolher o instrumental a ser utilizado. A tesoura não é o instrumento ideal para cortar um bolo, da mesma forma que a faca não seria recomendada para cortar um tecido. Tipos de Pesquisa Inicialmente, na tentativa de descomplicar, definiremos as pesquisas quanto: Tipo/objetivo A pesquisa pode ser definida de acordo com os tipos e objetivos: » Pesquisa Experimental: é toda pesquisa que envolve algum tipo de experimento. Ex.: Mudar determinada estratégia de ação para observar o resultado. » Pesquisa Exploratória: é toda pesquisa que busca constatar algo num fenômeno ou organismo. Ex.: Saber como o organismo reage ao vírus da dengue. 23 TIPOS DE PESQUISAS • CAPÍTULO 2 » Pesquisa Social: é toda pesquisa que busca respostas de um grupo social. Ex.: Saber quais os hábitos de consumo de uma comunidade específica. » Pesquisa Histórica: é toda pesquisa que estuda o passado. Ex.: Saber como surgiu a Organização Internacional do Trabalho (OIT). » Pesquisa teórica: é toda pesquisa que analisa determinada teoria. Ex.: Saber o que é a Neutralidade Científica. Procedimentos/objetos pesquisados A pesquisa pode ser subdividida ou classificada de acordo com os procedimentos/objetos pesquisados: » Pesquisa direta a sua principal característica é a busca de dados diretamente da fonte de origem. Nesse caso, o pesquisador investiga o fato ou fenômeno, utilizando métodos e instrumentos cientificamente comprovados para coleta de dados. A pesquisa direta subdivide-se, ainda, em: › Pesquisa de campo: sua principal característica é a observação de fatos e fenômenos, que pode ser seguida de coleta de dados ou registro do fato e fenômeno observado, sua análise e interpretação. A pesquisa de campo deve ter como base uma fundamentação teórica consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado. É uma pesquisa muito utilizada na área de Ciências Sociais e Saúde, para o estudo de indivíduos, grupos, comunidades,instituições, tendo como objetivo compreender os mais diferentes aspectos de determinada realidade. Exemplos: • No caso de pesquisa no âmbito da saúde, os testes de percepção sonora, como os testes de localização sonora em campo livre, sofrem interferência do ruído externo competitivo, capazes de interferir na resposta ao estímulo utilizado para avaliação. • No caso da pesquisa no âmbito social, na pesquisa de opinião/preferência, a escolha da roupa ou calçado pode sofrer influência do meio/contexto. › Pesquisa de laboratório. é uma pesquisa que tem como maior característica o fato de ocorrer em situações controladas, valendo-se de instrumental específico e preciso. Ressalta-se que, embora sejam realizadas em situações controladas, podem ser em recintos fechados ou ao ar livre, em ambientes artificiais ou reais, desde que 24 CAPÍTULO 2 • TIPOS DE PESQUISAS seja adequado ao estudo a ser realizado. Embora seja utilizada na Ciência Social, principalmente na Psicologia Social e na Sociologia, é importante ressaltar que os aspectos fundamentais do comportamento humano nem sempre podem, por questões de ética, ser estudados e/ou reproduzidos no ambiente controlado do laboratório. Exemplos: • No caso de pesquisas no âmbito da saúde, estudos que analisam a acuidade auditiva em relação à inteligibilidade da fala, utilizando-se cabine acústica tratada e audiômetro adequadamente aferido. • No caso de pesquisas no âmbito social, estudo que identifique comportamento social de crianças de 24 a 48 meses, em sala previamente preparada. Com relação à pesquisa de campo ou de laboratório, de acordo com suas características, pode-se optar por diferentes métodos de pesquisa. Os tipos mais utilizados são o descritivo e o experimental. » Pesquisa indireta: caracteriza-se pela utilização de informações, conhecimentos e dados que já foram coletados por outras pessoas, em pesquisas anteriores, demonstrados em forma de documentos, leis, projetos, desenhos, livros, artigos, revistas, jornais etc. Esse tipo de pesquisa pode ser dividido em documental ou bibliográfico. São muito utilizados em pesquisas históricas e em estudos que abordam as divergências teóricas de autores, consultando a bibliografia existente sobre o assunto. Além disso, existem incubadoras de Empresas Culturais, de Design, entre outros. É o caso do Instituto Genesis da PUC- Rio que possui incubadoras nos segmentos de design de joias, cultural, social e tecnológica; ou do Projeto Incubadora Rio Criativo da Secretaria de Estado de Cultura do Estado do Rio de Métodos Os métodos podem ser de pois tipos: Método Descritivo Tem como características a observação, o registro, a análise, a descrição e a correlação com o fato e o fenômeno selecionado, sem manipulação ou intervenção do pesquisador, procurando descobrir com precisão a frequência em que o fenômeno ocorre e sua relação com outros fatores. A pesquisa descritiva pode assumir algumas formas relacionadas com o enfoque que o pesquisador deseja dar para seu estudo. 25 TIPOS DE PESQUISAS • CAPÍTULO 2 Cervo e Bervian (2002) classificam essas formas do método descrito da seguinte maneira: » Estudo exploratório: busca uma familiarização com o fenômeno com o propósito de ampliar ou obter uma nova percepção a respeito do fenômeno, identificando novas possibilidades ou hipóteses em relação ao objeto de estudo. » Estudo descritivo: descreve as características, propriedades ou relações existentes no grupo ou da realidade em que foi realizada a pesquisa. » Pesquisa survey: utiliza-se principalmente do questionário ou entrevista como instrumento de coleta de dados, buscando descrever procedimentos, descobrir tendências e reconhecer interesses e outros comportamentos. Esses estudos podem ser feitos diretamente (frente a frente), por telefone ou pelo correio. Pode ser definida ainda como levantamento, sondagem, estudo de pesquisa de mercado (market research), que formula perguntas a fim de receber informação sobre atitudes, motivos e opiniões. Procura determinar práticas existentes ou opiniões de determinada população. » Estudo de caso (case): estuda determinado indivíduo, família ou grupo com o propósito de investigação de aspectos variados ou pontos específicos da amostra. Um único caso é estudado com profundidade para alcançar uma maior compreensão sobre outros casos similares. Método Experimental Caracteriza-se pela utilização direta das variáveis relacionadas com o objeto de estudo, proporcionando uma relação de causa e efeito e mostrando de que modo o fenômeno é produzido. Esse tipo de pesquisa utiliza testagem, questionários e medidas para verificar as relações existentes entre as variáveis envolvidas na pesquisa. O exemplo a seguir permite compreender melhor esse tipo de pesquisa. Exemplo: Problema: Quais as condições ambientais adequadas para uma sala de atendimento/telemarketing? Objetivo: Identificar aspectos ambientais e ergonômicos capazes de interferir na saúde e/ou qualidade de vida/atendimento dos profissionais/usuários do serviço de telemarketing. » Pesquisa documental: investiga fontes primárias, que se constituem de dados que não foram codificados, organizados e elaborados para os estudos científicos, como documentos, arquivos, plantas, desenhos, fotografias, gravações, estatísticas e leis. Seu propósito é descrever e analisar situações, fatos e acontecimentos anteriores comparando- os com dados da realidade presente. 26 CAPÍTULO 2 • TIPOS DE PESQUISAS Muitas pessoas relacionam a pesquisa documental somente com estudos históricos, porém, nesse último, a finalidade é estudar e resgatar fatos que ocorreram no passado, por meio de documentos e registros; entretanto, observa-se que a extensão da pesquisa documental é mais ampla, como se constata no exemplo. Exemplo.: Problema: Quais são as diferenças, em relação às condições de trabalho e saúde, na década de 1930, com as atuais baseadas nas Normas Regulamentadoras (NR)? Objetivos do Estudo: Analisar e comparar as condições de trabalho da década de 1930, com as atuais propostas pelas Normas Regulamentadoras (NR). » Pesquisa Bibliográfica: trata-se do primeiro passo de qualquer pesquisa científica, abrangendo a leitura, a análise e a interpretação de livros, periódicos, textos legais, documentos mimeografados ou xerocopiados, mapas, fotos, manuscritos, entre outros. Normalmente é a mais utilizada em trabalhos de conclusão de curso de Graduação e Pós-graduação lato sensu (monografia), por recolher e selecionar conhecimentos prévios e informações acerca de um problema ou hipótese, já organizados e trabalhados por outro autor (ANDRADE, 2003; GIL, 1999). Deve ser feita uma leitura atenta e sistemática, acompanhada de anotações e fichamentos que poderão servir à fundamentação teórica do estudo, colocando o pesquisador em contato com materiais e informações que já foram escritos anteriormente sobre o assunto determinado. É uma pesquisa que dá suporte às demais, uma vez que auxilia na definição do problema, na determinação dos objetivos, na construção de hipóteses, na fundamentação da justificativa da escolha do tema e na elaboração do relatório final. Deve ser uma rotina tanto na vida profissional de professores e pesquisadores quanto na dos estudantes. Isso porque a pesquisa bibliográfica tem por objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre determinado tema. Exemplo:: Problema: Há relação entre hábitos de consumo e cultura? Objetivos do Estudo: Avaliar se os valores culturais interferem nos hábitos de consumo. Em uma investigação científica, as etapas precisam ser bem planejadas, de forma a se obter êxito e alcançar os objetivos, desde a escolha do tema à divulgação dos resultados finais. Para isso, o pesquisador deve ser um bom planejador e capaz de iniciar, conduzir e concluir a pesquisa. 27 TIPOS DE PESQUISAS • CAPÍTULO 2 Tem que ser o responsável pelo levantamento dos dados e informações, buscandoo conhecimento já produzido sobre o tema na literatura científica, direcionando os tópicos de pesquisa, ciente de que o trabalho científico é um conjunto de processos de estudos, de pesquisa e de reflexão, pois a pesquisa científica deve ser planejada, antes de ser executada. Possivelmente, uma das maiores dificuldades de quem se inicia como pesquisador seja a de acreditar que um bom roteiro é capaz de garantir o sucesso da pesquisa. Na verdade, o roteiro existe e são as diversas fases do método, porém, por si só não garante que a pesquisa será concluída com sucesso, já que não se trata de um simples resultado automático de normas cumpridas ou roteiro seguido. São necessárias a criatividade e a intuição do pesquisador para que sua pesquisa seja realmente original, tanto no empreendimento quanto na comunicação. Ainda que a criatividade tenha seu valor, vale lembrar que a pesquisa científica não é resultado exclusivo da intuição do pesquisador, sendo necessária uma boa definição e submissão tanto aos procedimentos dos métodos como aos recursos da técnica. O método é o caminho a ser percorrido, do começo ao fim da pesquisa Sintetizando Vimos até agora que: » Pesquisar é o mesmo que buscar ou procurar resposta ou solução para algo ou alguma coisa. Pesquisar é o caminho para se chegar à ciência, ao conhecimento. » A escolha do tipo de pesquisa e de instrumentos de pesquisa deverá ser compatível com os resultados esperados. » É preciso definir o tipo de pesquisa antes de se escolher o instrumental a ser utilizado. » Existem diversos tipos de pesquisa para objetivos e problemas diversos. » O domínio das técnicas e dos procedimentos de elaboração e apresentação dos resultados de estudos e pesquisas garante a qualidade dos resultados e o sucesso do pesquisador. » O sucesso profissional está totalmente vinculado a uma boa formação acadêmica e em pesquisa. 28 Apresentação Neste capítulo será abordada a pesquisa aplicada e projeto. A elaboração de trabalhos e relatórios são habilidades a ser desenvolvidas e aprimoradas durante a formação do futuro profissional. O domínio das técnicas e dos procedimentos de elaboração, além de sua apresentação, garante a qualidade formal do trabalho produzido. Neste capítulo pretende-se, a partir de algumas diretrizes operacionais, desenvolver um instrumental de apoio às atividades científicas do profissional, buscando desenvolver competências específicas durante sua formação. Sabe-se que a questão da competência supõe não apenas o domínio de conteúdos e técnicas próprios à especificidade da atividade profissional como, também, o domínio de aspectos relacionados à forma e à sistematização do próprio pensar. Embora o planejamento não assegure, por si só, o sucesso do trabalho, com certeza, é um bom começo para se ter qualidade. Qualquer atividade deve ser planejada antes de ser executada. Isso se faz por meio de uma elaboração que se denomina “projeto de pesquisa”. Portanto, o projeto de pesquisa é um documento que descreve os planos, fases e procedimentos de um processo de investigação a ser realizado. Objetivos » Conhecer o que é uma pesquisa aplicada. » Compreender como pode ser trabalhado um projeto. » Aplicar as metodologias mais adequadas à natureza dos problemas em investigação. » Compreender o desenvolvimento, a elaboração e a apresentação dos relatórios acadêmicos em conformidade com as normas da ABNT. 3CAPÍTULOPrOJETO 29 PrOJETO • CAPÍTULO 3 Pesquisa e desenvolvimento A atividade científica se inicia pela Pesquisa Básica ou Fundamental e pela Pesquisa Aplicada de um processo integrado no sistema científico e tecnológico na busca da invenção, novos produtos e processos. Esta fase é criativa e, em parte, aleatória. A segunda fase, caracterizada pelo desenvolvimento tecnológico (planejado e produtivo), é aquela em que os objetivos na fase anterior são incorporados ao processo produtivo. Destaca- se o surgimento da inovação tecnológica (primeiras aplicações do invento). A seguir, a difusão tecnológica promoverá a absorção e a adoção das novas técnicas no sistema produtivo, implicando a redução dos custos de produção sob forma de poupança dos meios de produção e da mão de obra. Na realidade, a segunda fase se caracteriza pela inovação e difusão tecnológica. Vamos passar para o entendimento da descrição das etapas mencionadas acima. A Pesquisa Básica ou Fundamental é aquela em que se busca compreender cientificamente os fenômenos naturais, humanos ou sociais, são aquelas que efetivamente permitem obter conhecimentos novos. A Pesquisa Aplicada é a pesquisa em que de posse do conhecimento alcançado na Pesquisa Básica se procura a aplicação à realidade. O Desenvolvimento se refere ao conjunto de estudos específicos para tornar as invenções aplicáveis ao mercado, ou seja, são estudos que objetivam a inovação e a adaptação aos processos de produção ou produtos. Figura 1: resumo das fases de Pesquisa e Desenvolvimento Pesquisa e Desenvolvimento Fases Pesquisa Básica ou Fundamental Pesquisa Aplicada Desenvolvimento Fonte: os autores. Não existem limites claros e definidos para separar o que é pesquisa básica, pesquisa aplicada ou desenvolvimento. 30 CAPÍTULO 3 • PrOJETO A Pesquisa Básica ou Fundamental é realizada, na maioria dos casos, pelas universidades com recursos e gastos por conta do Estado. A Pesquisa Aplicada que trata da transformação do conhecimento em propriedade privada e em instrumento de monopólio, geralmente, é da incumbência das empresas, embora financiada pelos fundos públicos. É importante deixar clara a diferença entre invenção e inovação. A invenção é um produto essencialmente intelectual, pois ela procura as mudanças tecnológicas, afetando o processo produtivo ou alterando equipamentos, produtos ou a organização produtiva. A inovação é um fenômeno econômico e aparece no momento em que uma empresa incorpora uma invenção à produção. Baumgartem (apud CATTANI; HOLZMANN, 2006, p.260) define tecnologia como: atividade socialmente organizada, baseada em planos e de caráter essencialmente prática. A autora acrescenta que existe a articulação entre a tecnologia e a inovação. e complementa a sua concepção quando afirma: “Tecnologia é, pois, o conhecimento científico transformado em técnica, que, por sua vez, irá ampliar a possibilidade de produção de novos conhecimentos científicos”. Em resumo, vemos que as inovações estão articuladas com as tecnologias, enquanto as tecnologias são conhecimentos científicos transformados em técnica. Pergunta-se: Quais são as relações que vamos encontrar entre as inovações tecnológicas e o trabalho? A resposta que pode ser dada corresponde ao fato que a tecnologia é imprescindível ao processo organizacional e estrutural das organizações e do trabalho. Assim, a pesquisa aplicada se torna elemento para a contínua busca das inovações e soluções de problemas não só na esfera estratégica das organizações, mas também do cotidiano. Os princípios da pesquisa aplicada devem ser seguidos por um bom profissional Projeto O Projeto compreende propostas de serviço ou intervenção contextualizada em uma dada realidade institucional, acompanhada pela ação adequada ao atendimento das demandas verificadas. O produto a ser alcançado pode ser um serviço, um produto ou uma tecnologia aplicada ao contexto analisado. Não se pode confundir um projeto com as atividades de rotina de uma empresa. Para facilitar veja o quadro abaixo onde registramos as diferenças entre rotinas operacionais e projetos: 31 PrOJETO • CAPÍTULO 3 Quadro 3: Diferenças entre rotinas operacionais e Projetos Rotinas operacionais Projetos Executa e mantém padrões Altera e cria novos padrões Duração indetermina Duração definida Produtos previsíveis Incerteza sobre resultados Atividade repetitiva Atividade inovadora Baixo risco Alto risco Domínio ao executar tarefas Tarefas complexas Elevado nível de automação Baixo nível de automação Planejamentofixo Planejamento dinâmico Problemas previsíveis Problemas imprevisíveis Aprende antes de executar Aprende durante a execução visão completa do processo visão incompleta do processo Desempenho conhecido Desempenho variável Processos estáveis Criação de novos processos Conhecimento específico Conhecimento multidisciplinar Tarefas muito detalhadas Atividades com pouco detalhes Fraca reação as mudanças Forte reação à mudanças Técnicas de controle simples Técnicas de controle complexas Equipe permanente várias equipes. Fonte: Moura e Barbosa, 2006, p.26 Constata-se que o projeto não é para atividades rotineiras, tem prazo definido, é complexo e visa criar, inovar, mudar, mudanças etc., ou seja, em resumo o projeto tem o objetivo de reunir esforços para atingir objetivos predeterminados com qualidade, prazo e custo. Repare que em engenharia, por exemplo, a mudança está intimamente ligada a projeto. Não se constrói nada sem projeto, principalmente quando sabemos que os mercados globalizados, a evolução tecnológica e a informação difundida têm provocado mudanças significativas e velozes, gerando consequências que impacta o “status quo”. As zonas de conforto de empresas, industrias, comércio, serviços, lojas, profissionais etc são continuamente testadas com relação à própria sobrevivência. Não há como ficar parado e não se arriscar na busca de novos conhecimentos, mercados e produtos. Os ganhos são gerados com o aumento da produtividade e o medo do risco pelo “novo” (criatividade), pela inovação e pela invenção tem que ser vencido, mas também não adianta empreender sem possuir um projeto consistente de forma a planejar e controlar a busca por esse novo conhecimento. 32 CAPÍTULO 3 • PrOJETO O Projeto Não adianta ser empreendedor se a pessoa não tem a competência para conceber um bom negócio. Do mesmo modo, o gestor, deve possuir a competência para projetar um negócio ou as suas funções no sentido de onde que chegar e crescer na organização. O projeto, em todos os sentidos, permite se alcançar metas e objetivos. Não só no campo individual, mas também profissional, alinhado com os interesses das organizações. O Projeto do Negócio deve ser pensado e conter o planejamento com os seguintes itens: » Mercado, marca e clientes. » “Benchmarking” (observação das empresas de excelência buscando as boas práticas). » Estratégia competitiva. » Parceiras. » Logística e produção. » Franquias. » Gestão e equilíbrio econômico-financeiro. Como exemplo, imagine que será lançado uma nova bTV no mercado. Para que isto aconteça é imprescindível um projeto que contemple: a. Uma pesquisa de mercado para responder se o produto tem mercado, qual o seu público- alvo, preços, requisitos de mercado etc. b. O Projeto do Produto, ou seja como é a sua estrutura, o seu design, o seu desenho de concepção, as suas especificações técnicas etc. c. O Projeto de Fabricação, ou seja, como cada componente será fabricado ou comprado, os desenhos de fabricação etc. d. A Organização para marketing e venda. e. As Provas e testes finais com relação ao desempenho esperado. A seguir são desenvolvidas as questões sobre projeto de pesquisa que tem aplicação no cotidiano profissional. Adote como metodologia para seus projetos, Cassarotto Filho et all (2006) apontam os seguintes itens para um Plano Sumário de Projeto: » Escopo. » Objetivos (técnicos, financeiros, outros). 33 PrOJETO • CAPÍTULO 3 » Métodos (técnicos e administrativos). » Requisitos contratuais. » Especificsções finais Tarefas programadas. » Recursos necessários. » Principais colaboradores. » Limitações financeiras e possíveis problemas. » Áreas de risco (técnicos, financeiros, penalidades). O Projeto de Pesquisa O projeto de pesquisa é o instrumento pelo qual o profissional vai viabilizar a solução de um problema identificado. É o planejamento de uma pesquisa, ou seja, a definição dos caminhos para abordar certa realidade. A figura a seguir apresenta um resumo que envolve processo de planejamento. Para a realização de qualquer projeto é imprescindível que haja um planejamento para detalhar as atividades do projeto com os seus recursos e um cronograma para a sua realização. Figura 2: Processo de Planejamento PrOJETOPLAnEJAMEnTO PrOCESSO PrODUTO Fonte: os autores O planejamento do projeto deve atender a uma fórmula inglesa simples: 5W2H e deve ser construído de maneira clara e resumida, planejando cada atividade: What - O que pesquisar? (Tema/Problema). Why - Por que pesquisar? (Justificativa). Para que pesquisar? (Objetivos). Who – Quem são os responsáveis e envolvidos? 34 CAPÍTULO 3 • PrOJETO When - Quando pesquisar? (Cronograma de todas as atividades). Where – Onde obter dados e informações? (Locais). How - Como pesquisar? (Metodologia). How much – Quanto irá custar? Então, o projeto de pesquisa é o plano de trabalho do trabalho a ser realizado, visando à definição dos caminhos a serem adotados de acordo com o propósito e natureza específica da futura pesquisa, de modo a facilitar sua execução. O planejamento de um trabalho é a previsão racional do evento, atividade, comportamento ou objeto que se pretende realizar a partir da perspectiva científica do pesquisador. Como previsão, deve buscar antecipar as ações necessárias atendendo a uma racionalidade informada pela perspectiva teórico-metodológica da relação entre o sujeito e o objeto. Deve, ainda, prever as rotinas de pesquisa que tornem possível atingir os objetivos definidos, de tal forma que se consigam os melhores resultados com menor custo (BARRETO; HONORATO, 1998, p. 59). Os elementos básicos para a elaboração desses projetos são: » Título. » Justificativa. » Problema. » Formulação de hipóteses. » Objetivos. » Revisão da literatura. » Metodologia. » Cronograma. » Resultados esperados, » Orçamento. » Referências. Atenção Embora o texto esteja utilizando e abordando a expressão PESQUISA, isto não significa que no cotidiano de trabalho, ao receber uma missão ou executar um trabalho complexo, você não possa usar o que está aqui apresentado. Em qualquer trabalho funcional se busca um novo conhecimento e resultados. 35 PrOJETO • CAPÍTULO 3 Escolha do tema A definição do tema pode surgir de observações no trabalho, de determinações de chefes, de leituras ou mesmo de conversas. Na escolha do tema devem ser levados em consideração sua atualidade e relevância, o conhecimento, bem como aspectos práticos (tempo disponível, recursos existentes, facilidade de acesso a material ou bibliografia). O tema deve ter relação direta com uma área de conhecimento do profissional, pois é preciso ter um conhecimento prévio sobre o tema a ser abordado. Sendo assim, o profissional partirá de alguma leitura específica sobre o tema, aprofundando os conhecimentos que, de alguma forma, serão vinculados à sua carreira profissional – planejando para um futuro. O título parte do tema é o “cartão de apresentação” do projeto. Ele expressa a delimitação e a abrangência temporal e espacial do que se pretende resolver. O tema de pesquisa é, na verdade, uma área de interesse a ser abordada. É uma primeira delimitação, ainda ampla. Essa escolha deve representar a delimitação de um campo de estudo no interior de uma grande área de conhecimento, sobre o qual se pretende aprofundar construindo um objeto de pesquisa, ou seja, selecionando uma fração da realidade a partir do referencial teórico-metodológico escolhido. Exemplo: Tema: Cultura Organizacional Existem dois fatores principais que interferem no trabalho e que devem ser levados em consideração nesta escolha: fatores internos e externos. Fatores Internos (relacionados ao profissional). a. Afetividade ou interesse pessoal. Para se trabalhar uma investigação é preciso ter um mínimo de prazer nessa atividade, ou seja, trabalhar um assunto que não seja do seu agrado tornará a pesquisa num exercício de tortura e sofrimento.b. Tempo disponível para a realização do trabalho. Na definição do trabalho, é preciso levar em consideração o tempo disponível para a investigação e a quantidade de atividades que teremos de cumprir para executar o trabalho. Portanto, programe-se lembrando do tempo destinado ao estudo, ao trabalho e ao lazer. Saiba mais Delimitar é indicar a abrangência do estudo, estabelecendo os limites do tema. Seguindo um princípio lógico, a delimitação evita que um tema seja abordado de forma superficial, salientando-se que, quanto maior a extensão conceitual, menor a sua compreensão e, inversamente, quanto menor a extensão conceitual, maior a sua conceitual. A delimitação temática possibilita uma abordagem detalhada dentro de uma área de conhecimento / tema / objeto / contextoT 36 CAPÍTULO 3 • PrOJETO Exemplo: você recebe a determinação para elaborar um orçamento para um serviço tendo em vista que a sua empresa, para competir em uma concorrência, tem até uma data determinada para entregar a proposta. Não adianta terminar a proposta orçamentária após a data fixada, por melhor que tenha ficado seu trabalho, pois o prazo está perdido. c. O limite das capacidades do profissional em relação ao tema pretendido. É preciso que o profissional tenha consciência de sua limitação de conhecimentos para desenvolver determinadas atividades e não entrar num assunto fora de sua área. Uma das virtudes do profissional de qualquer área é a humildade. Reconheça suas limitações, propondo desenvolvimento do trabalho em tempo hábil e dentro da sua capacidade intelectual. Fatores Externos (relacionados à sua aplicabilidade e às condições de oferta). a. A significação do tema escolhido, sua novidade, sua oportunidade e seus valores. O valor e interesse social devem ser considerados no planejamento de uma pesquisa. Se o trabalho será feito, que ele seja importante para a sociedade em geral. Ao executar um trabalho é preciso estar atento para não propor algo que não interessará a ninguém e que não o determinado pelo chefe. b. O limite de tempo disponível para a conclusão do trabalho. Quando a instituição determina um prazo para a entrega do relatório final, não é possível enveredar por assuntos que não nos permitirão cumprir esse prazo. Associe sua disponibilidade de tempo com os prazos designados pela instituição. Lembre-se de que você terá que cumprir prazos! c. Material de consulta e dados necessários. Muitas vezes, o tema é pouco trabalhado por outros autores e não existem fontes secundárias para consulta. A falta dessas fontes obriga o profissional a buscar fontes primárias e isso acarretará um trabalho maior, gerando a necessidade de um tempo maior para a realização dele. Atenção para a disponibilidade de material para consulta. Exemplo: Tema: Cultura Organizacional. 37 PrOJETO • CAPÍTULO 3 › Delimitação do estudo: o estudo pretende abordar relação entre o fator cultural, o poder e o desenvolvimento organizacional. Para tanto, será estudada uma amostra previamente definida do corpo funcional da empresa. › Levantamento ou Revisão da Documentação: o levantamento da documentação é a localização e obtenção de documentos para avaliar a disponibilidade de material que subsidiará o trabalho. É a verificação do que existe sobre o trabalho a ser abordado. Nessa etapa, como o próprio nome indica, analisam-se as obras e documentos disponíveis que tratem do assunto ou que deem embasamento teórico e metodológico para o desenvolvimento do trabalho. É aqui, também, que são explicitados os principais conceitos, definições e termos técnicos a serem utilizados na pesquisa. Portanto, a revisão da literatura visa apresentar os estudos sobre o tema ou especificamente sobre o problema, já realizados por outros autores e pela organização. O referencial teórico (marco teórico) visa também: » permitir maior clareza na formulação do problema de pesquisa; » facilitar a formulação de hipóteses ou de suposições; » sinalizar para o método mais adequado à solução do problema; » identificar qual o procedimento mais adequado para a pesquisa de campo; » referência para interpretação de dados que foram coletados e tratados. Sugestões para o Levantamento de Literatura: a. Determine com antecedência que bibliotecas, agências governamentais ou particulares, instituições, indivíduos ou acervos deverão ser procurados. Selecione os locais de coletas: esteja preparado para copiar os documentos, seja por meio de reproduções, fotografias ou outro meio qualquer. b. Faça o registro de documentos. c. Separe os documentos recolhidos de acordo com os critérios de sua pesquisa. d. Organize a revisão de literatura, pois esta difere de uma coletânea de resumos ou de uma “colcha de retalhos” de citações. 38 CAPÍTULO 3 • PrOJETO Problema O problema é a mola propulsora de qualquer trabalho. Depois de definido o tema, levanta-se a principal questão a ser respondida por meio de hipótese, que será confirmada ou negada pelo trabalho. Sendo assim, a formulação mais frequente de um problema ocorre, de maneira geral, em forma de uma questão ou interrogação, ou seja, o problema, geralmente, é feito sob a forma de pergunta(s). Aconselha-se a não fazer muitas perguntas, para não incorrer no erro de não serem apresentadas as devidas respostas. Sem problema não há trabalho. Problema é uma interrogação que o pesquisador faz à realidade. Exemplo: Tema: Cultura Organizacional Problema: Qual a influência das relações de poder no desenvolvimento organizacional da Empresa “X”? Sendo assim, pode-se definir “Problema” como questão não resolvida e objeto de discussão. Hipótese Tal como o problema, a formulação de hipóteses prioriza a clareza e a distinção da pesquisa. As hipóteses são possíveis respostas ao problema da pesquisa e orientam a busca de outras informações. A hipótese pode, também, ser entendida como possível solução para o problema. O trabalho pode confirmar ou refutar a(s) hipótese(s) levantada(s). Saiba mais Hipótese é sinônimo de suposição. Nesse sentido, hipótese é uma afirmação categórica (uma suposição) que tenta responder ao problema levantado no tema escolhido para pesquisa. O trabalho de pesquisa, então, irá confirmar ou negar a hipótese (ou suposição) levantada. É preciso não confundir hipótese com pressuposto, com evidência prévia. Hipótese é o que se pretende demonstrar e não o que já se tem demonstrado evidente, desde o ponto de partida. [...] nesses casos não há mais nada a demonstrar, e não se chegará a nenhuma conquista e o conhecimento não avança. (SEVERINO, 2000, p. 161) Em uma pesquisa exploratória, alguns autores utilizam a “questões norteadoras” em vez de hipóteses. 39 PrOJETO • CAPÍTULO 3 Exemplo: Assunto Relações humanas Tema Cultura Organizacional Delimitação do tema e título provisório A influência das relações de poder nas organizações Problema Qual a influência das relações de poder no desenvolvimento organizacional da Empresa “X”? Hipótese(s) O componente cultural “poder” influenciar de forma significativa o desenvolvimento de uma organização, ao passo que representa as formas de interações entre as pessoas, as quais respondem, quando eficazes, pela produtividade e, portanto, desempenho operacional. Justificativa: É um item fundamental de qualquer trabalho. Como o próprio nome indica, é nessa etapa que você convence o leitor (demais interessados no assunto) de que seu projeto deve ser feito. Para isso, é importante lembrar que o tema escolhido pelo pesquisador e a hipótese levantada devem ser de suma importância (científica, social, econômica, financeira). Para tanto, ela deve abordar os seguintes elementos: » a delimitação; » a relevância e » a viabilidade. Delimitação: como é impossível abranger em um único trabalho todo o conhecimento de uma área, é estratégica a definição de recortes a fim de focalizar o tema, ou seja, selecionar uma parte num todo. Relevância: deve ser evidenciadaa contribuição do trabalho para o conhecimento e para a sociedade. Viabilidade: a justificativa deve demonstrar a viabilidade financeira, material (equipamentos) e temporal, ou seja, o pesquisador mostra a possibilidade de o projeto ser executado com os recursos disponíveis. Deve-se tomar o cuidado, na elaboração da justificativa, de não se tentar justificar a hipótese levantada, ou seja, tentar responder ou concluir o que vai ser buscado no trabalho de pesquisa. Lembre-se de que a justificativa é a parte mais importante de um trabalho já que é nessa parte que se formularão todas as intenções do profissional, exaltando a importância do tema a ser estudado, ou justifica a necessidade imperiosa de se levar a efeito tal empreendimento. Estabelece o “porquê” da escolha do assunto e da realização do trabalho, mostrando sua relevância dentro do campo da ciência principalmente. 40 CAPÍTULO 3 • PrOJETO A justificativa é o convencimento de que o trabalho de pesquisa é fundamental e deve ser executado. Exemplo: Problema: Qual a influência das relações de poder no desenvolvimento organizacional da Empresa “X”? Justificativa: a qualidade total representa uma nova forma de se gerenciar eficazmente uma organização frente ao desafio da acirrada concorrência no mercado. Os conflitos nas relações humanas dentro de uma organização podem ser um entrave ao alcance das metas e da qualidade organizacional. Detectar as barreiras que impedem a implementação de sistemas da qualidade representa o primeiro e mais importante passo para o sucesso do modelo. Por isso, esse estudo assume relevância ao fornecer os mecanismos que auxiliam nessa etapa difícil do processo e essencial para o seu bom desempenho. Objetivos: Nessa parte, o profissional formula as suas pretensões com o trabalho. Ele define, esclarece e revela os focos de interesse do trabalho. A definição dos objetivos determina o que se quer atingir com a realização do trabalho. Objetivo é sinônimo de meta, fim. Os objetivos dividem-se em geral e específicos. Objetivo Geral: relaciona-se diretamente ao problema. Ele esclarece e direciona o foco central do trabalho de maneira ampla, utilizando frase com verbo no infinitivo. O verbo deve indicar os resultados pretendidos (ex.: identificar, levantar, descrever, analisar, avaliar, compreender, explicar...). Objetivos Específicos: definem os diferentes pontos a serem abordados, visando confirmar as hipóteses e concretizar o objetivo geral. Assim como o objetivo geral, os verbos devem ser utilizados no infinitivo. Os verbos devem indicar as metas/etapas que levarão à realização do objetivo geral (ex.: classificar, aplicar, distinguir, enumerar, exemplificar, selecionar...). Os objetivos devem sintetizar o que se pretende realizar com o trabalho, o “para quê”. Exemplo: Tema: Cultura Organizacional Problema: Qual a influência das relações de poder no desenvolvimento organizacional da Empresa “X”? 41 PrOJETO • CAPÍTULO 3 Objetivo Geral: Compreender o impacto do aspecto cultural “Poder”, de forma a prover uma metodologia gerencial que propicie, senão contribua, para o desenvolvimento organizacional. Objetivos Específicos: » Enumerar aspectos motivacionais. » Distinguir as diferenças conceituais de cultura organizacional. Metodologia Como já foi dito, a palavra método deriva do grego e quer dizer “modo de proceder ao longo de um caminho”. Método, então, no nosso caso, é a ordenação de um conjunto de etapas a serem cumpridas na busca de uma verdade ou para se chegar a determinado fim (GALLIANO, 1986). A metodologia deve indicar a amostragem (população a ser pesquisada), o local, os elementos relevantes, o planejamento do experimento, os materiais a serem utilizados, a análise dos dados, enfim, tudo aquilo que detalhe o caminho que você trilhará para concretizar o seu trabalho – O Universo e Amostra. Trata-se da definição da população e da amostra a ser estudada. Saiba mais As expressões abaixo, podem e devem ser revistas no material de ESTATÍSTICA. População é o conjunto de elementos que possuem as características que serão objeto de estudo. Amostra é a parte representativa da população que será estudada. Tratamento dos dados: trata-se da descrição de como serão tratados os dados coletados, justificando por que tal tratamento é adequado aos propósitos do projeto. Os dados podem ser tratados das seguintes formas Forma quantitativa: por meio de procedimentos estatísticos; Forma qualitativa: por meio de apresentação, codificação, interpretação e análise estruturada dos dados coletados; Ambas (quantitativa e qualitativa): por meio, por exemplo, do uso da estatística descritiva para apoiar interpretações e/ou conclusões firmadas a respeito da análise dos dados coletados. A importância da utilização da ESTATÍSTICA é constatada nesse momento. Em suma: “Método: caminho para se chegar a um determinado fim.” “Técnica: como percorrer o caminho indicado pelo método.” Saiba mais Metodologia é o conjunto de métodos e técnicas utilizados para a realização de uma pesquisa; é o estudo dos caminhos a serem seguidos dentro de um ramo do saber ou da ciência. Neste item, devem ser definidos o tipo de pesquisa, os procedimentos, a população e sua amostragem, os instrumentos de coleta de dados e a forma como os dados serão tabulados e analisados. 42 CAPÍTULO 3 • PrOJETO A metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ação desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa. É a explicação do tipo de pesquisa, do instrumental utilizado (questionário, entrevista), do tempo previsto, da equipe de pesquisadores e da divisão do trabalho, das formas de tabulação e tratamento dos dados: enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa. Cronograma: Refere-se à discriminação e prazos das etapas do trabalho. No cronograma você dimensiona cada uma das etapas do desenvolvimento da pesquisa, no tempo disponível para sua execução. O cronograma é a previsão de tempo que será gasto na realização do trabalho, de acordo com as atividades a serem cumpridas. As atividades e os períodos serão definidos a partir das características de cada pesquisa e dos critérios determinados pelo autor do trabalho. Os períodos podem estar divididos em dias, semanas, quinzenas, meses, bimestres, trimestres... estes serão determinados a partir dos critérios de tempo adotados pelo pesquisador. Cuidado! Só estabeleça etapas que possam ser executadas no prazo disponível. recursos: Serão incluídos quando o projeto exigir apresentação para a sua execução ou obtenção de financiamento. Os recursos financeiros podem estar divididos em Material Permanente, Material de Consumo e Pessoal, sendo que essa divisão vai ser definida a partir dos critérios de organização de cada um ou das exigências da instituição em que está sendo apresentado o projeto. Material Permanente: é aquele material que tem durabilidade prolongada. Normalmente, é definido como bem durável que não é consumido durante a realização da pesquisa. Podem ser: geladeiras, ar refrigerado, computadores, impressoras etc. Material de Consumo: é aquele material que não tem durabilidade prolongada. Normalmente, é definido como bem que é consumido durante a realização da pesquisa. Podem ser: papel, tinta para impressora, gasolina, material de limpeza, caneta etc. Pessoal: é a relação de pagamento com pessoal, incluindo despesas com impostos. 43 PrOJETO • CAPÍTULO 3 Anexos ou apêndices: Este item também só é incluído caso haja necessidade de juntar ao projeto algum documento que venha dar algum tipo de esclarecimento ao texto. A inclusão, ou não, fica a critério do autor da pesquisa. referências: Utilizadas para a elaboração do projeto e devem ser indicadas em ordem alfabética e de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). As referências dos documentos consultados para a elaboração do projeto é um item obrigatório.
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