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MIDIA E TRIBUNAL DO JÚRI Autor 11 Carlos Eduardo Walter da Silva Autor 22 Cleiton cezar Garcia Junior Autor 33 João Vitor De lima Lanci Orientador4 Alexander Rodrigues de Castro Resumo: O presente artigo demonstra como mídia por parte da impressa e também nas redes sociais retratam casos no Brasil que irão ser julgados perante o Tribunal do Júri, como toda essa divulgação interfere no julgamento dos jurados e quais as consequências que essa divulgação e exposição do caso excessiva acarretará para um prejuízo para o réu. Palavras-Chave: Mídia. Tribunal do Júri. Princípio da Presunção de Inocência. Abstract: This article demonstrates how media in the press and also in social networks portray cases in Brazil that will be tried before the Jury Court, how all this disclosure interferes with the judges' judgment and what consequences this 1 Aluno do curso de graduação em Direito da UNIFATECIE. Endereço eletrônico: carlinhojiujitsu@hotmail.com 2 Aluno do curso de graduação em Direito da UNIFATECIE. Endereço eletrônico: carlosnavasconi11@hotmail.com 3 Aluno do curso de graduação em Direito da UNIFATECIE. Endereço eletrônico: Lima.lanci@hotmail.com 4 Professor do curso de graduação em Direito da UNIFATECIE. Doutor pela Universidade de Florença (Itália), e Pós-Doutorado pela Universidade de Münster (Alemanha). Professor. Orientadora. Endereço eletrônico: alex.de.castro@hotmail.com disclosure and exposure of the Excessive failure will result in damage to the defendant. Keywords: Media. Jury Court. Principle of Presumption of Innocence. INTRODUÇÃO Em se tratando do sistema penal, a mídia sempre exerceu relevante papel, os casos abrangidos pela mídia muitas vezes sofrem enorme repercussão, que na maioria das vezes podem influenciar na decisão de um jurado ou até mesmo de um juiz. Os altos índices de criminalidade no Brasil ajudam para que a imprensa divulgue notas, imagens e matérias, mexendo com o emocional do publica que muitas vezes não são verdades. Mas quando a justiça passa a ser exercida pelo povo como é o caso do tribunal do júri, há grandes chances de surgir injustiças devido ao fato que o cidadão influenciado pela mídia, leva seu ódio, medos e sede de vingança para dentro do tribunal. JUSTIFICATIVA O tema é de suma importância, pois há um claro conflito entre a liberdade de imprensa e o princípio da presunção de inocência. OBJETIVO Demonstrar como a cobertura da mídia perante os casos que são julgados pelo tribunal do júri afeta de maneira expressiva o princípio da presunção de inocência do réu. METODOLOGIA DESENVOLVIMENTO O juri é composto por pessoas de varias classes da sociedade, podendo ser escolhido membros de vários grupos da sociedade, seja eles negros ou pobres, e muitas da das vezes sendo pessoas sem nenhum conhecimento jurídico. Hoje em dia a mídia atinge a todos rapidamente, pelo fato de que os meios de comunicação, serem eficazes e rápidos e com isso as noticias chegam a todos em muito pouco tempo, sendo que muitas delas são falsas fazendo com que a população acredite,causando uma grande comoção popular. O exercício da liberdade de imprensa encontra, hoje, largo espectro de manifestação e alcance, sobremaneira pela especialização dos meios de comunicação. Convive-se, atualmente, com a denominada “Era digital”, em que redes sociais, propagadas pelo ambiente da web, alcançam uma diversidade de destinatários dos mais diferentes segmentos sociais, profissionais e culturais, de diversos continentes e países. (Germano, 2012, p. 36). Dessa maneira a mídia consegue convencer a população que os índices de violência são grandes e que as leis no brasil não são eficazes, fazendo com que a população crie esse desejo de fazer as próprias leis, e por muitas das vezes agindo pela emoção. O tribunal do juri é um dos sistemas mais democráticos dentro do mundo jurídico, onde os jurados levam seus costumes e seu modo de pensar para dentro do tribunal,porém com a alta repercussão que mídia traz, os jurados na maioria das vezes são influenciados pela mídia e pela própria população que exigem justiça, o mais rápido possível e sendo assim o acusado já entra no tribunal sentenciado. Grande parte da população brasileira, tem o costume de sempre ficar atento a noticias de crimes, por meios de jornais internet, televisão entre outros meios comunicativos, e com a repercussão que a mídia traz sobre esses casos acabam fazendo com que os doutrinadores tenham receio, de ir contra a comoção popular e com isso acabam julgando pela emoção e não pela razão. Em alguns casos, a repercussão da mídia brasileira é tão ampla que abrange territórios internacionais, como foi o caso da vereadora Marielle franco assassinada no dia 14 de março de 2018, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Na época quando aconteceu esse assassinato a mídia rapidamente já proporcionou uma grande repercussão, indicando que os possíveis assassinos de Marielle eram milicianos que atuavam no rio de janeiro, porém não havia provas que realmente eles eram os autores do assassinato. “O apelo popular nos crimes contra a vida é tão forte que foi criado um novo formato de programas televisivo com teor policial em diversas emissoras, espetacularizando o cárcere e fomentando um ódio cego ao crime e ao criminoso, e tendo por consequência uma sede por uma suposta justiça, que só se satisfaz através de uma vingança selvagem. Nesse mesmo contexto, o Promotor de Justiça Paulo Freitas disciplina: A mídia, como visto, exerce um papel preponderante na dinamização do sistema penal pós-moderno. E parte desse papel consiste justamente em disseminar a insegurança, explorando o fenômeno crime de forma a incutir na crença popular um medo do crime que não necessariamente corresponde à realidade da violência. A mídia reforça e dramatiza a experiência pública do crime, colocando o fenômeno criminal na ordem do dia de qualquer cidadão.” 1 Diante dos fatos Gomes (2009) explica quando a emoção fala mais alto que a razão: Quais são os fatores mais recorrentes na formação da opinião pública? A cor, o status, o nível de escolaridade e a feiura ou beleza do réu; de outro lado, a fragilidade, a cor da pele e dos olhos da vítima. Quanto mais frágil a vítima (criança indefesa, por exemplo), mais empatia ela conquista da opinião pública. Outro fator fundamental na atualidade como enfatizou: a existência de um familiar da vítima que tenha boa presença midiática (que fale em justiça, segurança, que critique os juízes, a morosidade do judiciário, que peça penas duras, endurecimento do sistema penal etc.) (GOMES, 2009). O crime, desde os tempos mais remotos, onde predominavam as execuções públicas que se constituíam em verdadeiros espetáculos de horror, fascinava a população e era notícia. A mídia sabedora desse fascínio e atração do público pelos acontecimentos violentos, desde então, explora o assunto. (MELLO, 2010, p. 113, apud, Leite, Bruna Eitelwein, 2011, p. 13). Segundo o doutrinador,a mídia explora esses assuntos sabendo do clamor 1 (FREITAS, 2016, p.150). popular. Um exemplo que pode ser citado é o caso da isabella nardoni brutalmente assassinada, que teve grande repercussão na mídia brasileira e entrangeira. Ná época esse crime abalou a população brasileira e até a estrangeira, como podemos ver a reportagem a baixo: Durante os cinco dias de julgamento do caso Isabella Nardoni , algumas cenas se repetiram em frente ao Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo. Populares com cartazes de protesto. Gente dormindo na rua. Vaias, fila de espera e agressão. Manifestantes que pediam justiça protagonizaram cenas de violência e intolerância . Muitas pessoas se aglomeraram no lugar em queAlexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram julgados - e condenados - pela morte da menina de cinco anos. Houve quem enfrentasse horas de viagem, ou noites sem dormir para acompanhar o júri. Gente sem qualquer ligação com os envolvidos no crime. É o caso da manicure Neli Fernandes, de 60 anos. Ela passou a noite na calçada porque queria ver o casal de perto. "Quero ver a cara deles depois da monstruosidade que fizeram", afirmou e, categórica, completou: "Para mim, eles foram culpados. Se fosse preciso, passaria mais uma noite aqui para vê-los". (Castro, iG São Paulo, 2010, on-line). Este caso, como vários outros casos que foram expostos na mídia, abalou a sociedade e com isso a comoção popular extremamente grande, acabou que mesmo antes de serem julgados eles já estavam condenados pela enorme pressão que a população influenciada pela mídia fizeram. A força que os meios de comunicação produzem e projetam ao noticiarem um crime é possível de influenciar até mesmo o juiz, no momento adequado de decidir. Muitas vezes, pelo temor de gerar nos cidadãos a sensação de insegurança jurídica, juízes decidem de maneira como espera a mídia e toda a sociedade por ela influenciada [...]. (MELLO, 2010, p. 118, apud, Leite, Bruna Eitelwein, 2011, p. 17). A influencia da mídia afeta diretamente a presunção da inocência do acusado,já que ele não deve ser tratado como condenados antes dos processos legais eo fim do transito em julgado. O princípio da presunção de inocência teve origem na Declaração dos Direitos dos Homens e dos Cidadãos, em 1971, disposto no artigo 11: “Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não se prova sua culpabilidade, de acordo com a lei e em processo público no qual se assegurem todas as garantias necessárias para sua defesa”. Na Constituição Federal de 1988, está previsto no rol de garantias fundamentais, em seu artigo 5º, LVII, que dispõe: Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Como já dito, trata-se de uma garantia constitucional prevista inicialmente na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. O Princípio da presunção da inocência passou a ganhar forma a partir das críticas dos pensadores iluministas acerca dos sistemas penais e também das em relação a discussão sobre o poder punitivo do estado e da liberdade individual com o direito natural e inviolável da presunção da inocência, resultando assim na inserção na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. Consagra o princípio da presunção de inocência, que o ônus da prova cabe à acusação e não a defesa. Dessa forma, Nucci (2005, p.74) relata: “As pessoas nascem inocentes, sendo esse o mesmo estado natural, razão pela qual, torna-se indispensável que o estado evidencie com provas suficientes a culpa do réu”. O princípio da presunção de inocência consubstancia-se, portanto, no direito de não ser declarado culpado senão mediante sentença judicial com trânsito em julgado, ao término do devido processo legal (due processo of law), em que o acusado pôde utilizar-se de todos os meios de prova pertinentes para sua defesa (ampla defesa) e para a destruição da credibilidade das provas apresentadas pelo acusado (contraditório). (MORAES, 2003, p. 386, apud, Leite, Bruna Eitelwein, 2011, p. 6). CONCLUSÃO Quando a imprensa se utiliza de fatos sensacionalistas e imparciais que exponham o acusado e de certa maneira o condenem, estão ferindo o princípio da presunção da inocência, ocorrendo o choque entre a liberdade de imprensa e a presunção de inocência. Porém o que acontece é realmente ao contrario, quando a mídia exerce seu poder sobre assuntos jurídicos, incessantemente no noticiário, sendo assim por sua vez acontecendo um prejulgamento da sociedade, sem o direito da ampla defesa, sem contraditória, sem defesa técnica, oque não esta de acordo com a constituição federal. Uma soluçao para resolução de tal conflito entre a liberdade de imprensa e o claro prejuiízo que tal exposição causa ao principio da presunção de inocência seria tais casos ocorrem em segredo de justiça como já acontece em todos os casos da Vara de Familia do Estado do Paraná e também em outros casos cujo a finalidade é de preservar a identidade da vitima ou para não atrapalhar a investigação do caso. Visto que desta maneira não seria obstruido a liberdade de imprensa, pois ela poderia fazer toda cobertura apenas durante o julgamento, uma vez que os jurados tem que ficar incomuniveis durante esse período e não teria acesso a cobertura midiatíca o que não afetaria em sua decisão, de tal maneira eles iram ao plenário do júri sem um pré julgamento estabelecido em sua mente por conta de toda divulgação e o réu não teria assim o seu princípio da presunção de inocência afetado. REFERÊNCIAS GERMANO, Luiz Paulo Rosek. O juiz e a mídia, reflexos no processo, São Leopoldo-RS, 2012. GOMES, Luiz Flávio. Mídia e caso Nardoni: haverá julgamento objetivo e independente? Disponível em http://www.lfg.com.br. 10 de maio de 2009. Acesso em 23 de Novembro de 2019. MELLO, 2010, p. 113, apud, Leite, Bruna Eitelwein, 2011, p. 13. CASTRO, Mariana. Julgamento do caso Nardoni mobiliza população e exerce fascínio. Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/casoisabellanardoni/julgamento- do-caso-nardoni-mobiliza-populacao-e-exerce-fascinio/n1237588304430.html> acesso em: 23 de novembro 2019. LEITE, Bruna Eitelwein. A influência da mídia no princípio da presunção de inocência e o Tribunal do Júri. Disponivel em: <http://www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/direito/graduacao/tcc/tcc2/trabalhos20 11_1/bruna_leite.pdf> acesso em: 23 de novembro 2019. BRASIL, Constituição Federal, 1988. MELLO, 2010, p. 118, apud, Leite, Bruna Eitelwein, 2011, p. 17 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo e Execução Penal. 2 ed. São Paulo, RT 2005. MORAES, 2003, p. 386, apud, Leite, Bruna Eitelwein, 2011, p. 06.