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Declaração Universal dos Direitos Humanos
Autores: Caroline Izidoro Marim (org.); José Dimas d’Avila Maciel Monteiro; Fernanda Frizzo Bragato.[footnoteRef:1] [1: Publicado em: Unisulvirtual, Livro didático: Direitos Humanos e Cidadania - cap. 5 – seção 3.
] 
A terceira etapa na história de afirmação dos direitos humanos foi marcada pela universalização, que teve seu ponto de partida na Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU, de 1948, e que
signifi cou a transposição de sua proteção, do plano interno, para o plano internacional, alçando o indivíduo à qualidade de sujeito de direito
internacional, com a possibilidade de reclamar, contra o próprio Estado, perante uma instância superior.
Embora o ideal contido na Declaração não seja novo, eis que remonta às primeiras declarações dos Estados Unidos da América (1776) e da França (1789), nas quais se percebe inúmeras similitudes, novo é, no entanto, o âmbito de validade de suas disposições, ao estabelecer uma proteção de “segundo grau”, a partir do momento em que o Estado apresenta-se falho em suas obrigações constitucionais com os sujeitos.
A elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 foi precedida pela organização de consultas, encomendadas pela Comissão de Direitos do Homem das Nações Unidas, em 1947, a uma série de pensadores e escritores de nações membros da UNESCO, que sormaram a Comissão da UNESCO para as Bases Filosóficas dos Direitos do Homem. Os textos recolhidos expressavam a opinião pessoal de seus autores, representando diversas correntes de pensamento filosófi co e político em torno da fundamentação dos direitos humanos. O resultado do trabalho dessa Comissão foi publicado, pela UNESCO, sob o título “As bases de uma Declaração Internacional dos Direitos do Homem”. 
Segundo Jacques Maritain, que redigiu a Introdução à coletânea de textos, que redundou na conclusão dos trabalhos da Comissão, as diversas opiniões expressadas puderam ser divididas em dois grupos: os que aceitavam e os que rejeitavam a “lei natural” como o fundamento dos direitos humanos. Para os primeiros, o homem, em razão de sua essência ou natureza, possui certos direitos fundamentais e inalienáveis, anteriores e superiores à sociedade. Para os segundos, o homem, em razão da evolução histórica da sociedade, reveste-se de direitos de caráter variável e sujeitos às variações impostas pela história.
Na votação global da Declaração dos Direitos do Homem, obteve-se
48 votos a favor, nenhum contra e 8 abstenções (União Soviética,
Ucrânia, Rússia Branca, Polônia, Tchecoslováquia, Iugoslávia, União
Sul-africana e Arábia Saudita). A declaração dos direitos abrange um
preâmbulo e 30 artigos, divididos em normas gerais e três grupos de direitos individuais. As normas gerais contêm as noções fundamentais de caráter filosófico que constituem o cerne dos direitos do homem na cultura ocidental, cunhadas nas expressões “direitos inalienáveis” e “dignidade inerente” ao homem, as quais sugerem a tese de que o direito está vinculado às garantias das liberdades individuais. O conteúdo
aí expresso esclarece a orientação fi losófi ca e jurídico-política que a norteou: os ideais de dignidade da pessoa humana, de fraternidade universal, de liberdade e igualdade de todos os homens. Tal proclamação, em âmbito internacional, significa, realmente, um grande passo para frente, marcando época na história dos direitos humanos.
Os três grupos de direitos e liberdades individuais, que seguem a clássica tripartição dos direitos humanos em direitos individuais
ou civis, direitos políticos e direitos econômicos e sociais, são a
parte central da Declaração.
direitos_
A pretensão do primeiro grupo é proteger a pessoa individual e sua liberdade contra os possíveis excessos do Estado, tratando dos direitos à vida, à liberdade e segurança, igualdade perante a lei com as necessárias decorrências desses direitos.
Como segundo grupo de direitos fundamentais, os direitos políticos aparecem no artigo 21 afi rmando-se como direito de todos a participar do governo do seu
respectivo Estado, de acesso aos cargos públicos igual para todos e que a vontade do povo deve ser a base da autoridade do governo, expressando-se essa vontade em
eleições livres e periódicas com voto universal e secreto. Quanto ao terceiro grupo de direitos, constituído pelos direitos econômicos e sociais, o tom da Declaração é moderado, em nada inovando em relação àqueles já integrantes da constituição da maioria dos Estados: direito ao trabalho, à livre escolha do emprego, ao salário justo, à
proteção contra o desemprego.
Como a Declaração trata-se de um documento emergente de vários Estados-nação, apenas foram contemplados os principais direitos, que já eram praticamente patrimônio comum ou, ao menos, admitidos pela maioria. A diversidade do conteúdo dos direitos, contudo, revelou a oposição entre Ocidente e Oriente. Para esse, os direitos sociais constituíam a verdadeira base de todos os direitos em razão de que a coletividade precede ao indivíduo e os direitos deste surgem no meio da coletividade. Na concepção ocidental, em contrapartida, elevava-se a proeminência do valor do indivíduo, da dignidade da pessoa humana, perante o todo social.
O texto da Declaração não responde à questão do valor jurídico deste documento, devendo-se recorrer a princípios de interpretação aplicáveis a documentos internacionais deste gênero para se chegar a uma conclusão satisfatória. Em que pese a posição da maioria dos internacionalistas, que entende não se constituir em um documento jurídico no sentido técnico da expressão, não se pode afirmar que a Declaração esteja fora do direito das gentes (internacional). Ela não estabelece normas de direito internacional público positivo, nem sequer no âmbito mais estrito das Nações Unidas, mas se constitui numa “profissão de normas”, isto é, diretrizes gerais para o comportamento
dos Membros das Nações Unidas, tanto que normas jurídicas explícitas e obrigatórias, tomaram corpo, em breve, na forma de uma Convenção Internacional de Direitos do Homem, vazada nos moldes de outras convenções de caráter internacional com pleno valor jurídico.

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