Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TENDÊNCIAS DIGITAIS EM FINANÇAS W BA 05 88 _v 1. 1 © 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Danielle Leite de Lemos Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Mariana Ricken Barbosa Priscila Pereira Silva Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Kelly Cristiane Iarosz Editorial Alessandra Cristina Fahl Daniella Fernandes Haruze Manta Flávia Mello Magrini Hâmila Samai Franco dos Santos Leonardo Ramos de Oliveira Campanini Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Andrade, Ricardo Selas Vieira de A553t Tendências digitais em finanças/ Ricardo Selas Vieira de Andrade – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2018. 130 p. ISBN 978-85-522-1058-0 1. Administração financeira. 2. Finanças. I. Andrade, Ricardo Selas Vieira de. Título. CDD 300 Thamiris Mantovani CRB-8/9491 2018 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ http://www.kroton.com.br/ TENDÊNCIAS DIGITAIS EM FINANÇAS SUMÁRIO Apresentação da disciplina............................................................................. 4 Tema 1 .............................................................................................................. 6 Finanças no último Século Tema 2 ............................................................................................................ 20 Mobilidade e Cloud Tema 3 ............................................................................................................ 34 Fintechs e um novo espaço no mercado Tema 4 ............................................................................................................ 53 Blockchain como segurança e novo modelo em transações Tema 5 ............................................................................................................ 70 Criptomoedas como moedas virtuais Tema 6 ............................................................................................................ 86 Inteligência artificial aplicada a finanças Tema 7 .......................................................................................................... 102 negócios cognitivos que modelam o mercado Tema 8 .......................................................................................................... 118 Capital humano: o fator não lógico das finanças Tendências Digitais em Finanças 3 Apresentação da disciplina Durante o último século, as evoluções e o desenvolvimento da socieda- de pautaram e estabeleceram o capital como a motriz da sociedade. Nos dias atuais, esse capital, que outrora era apenas tangível, passou a se tor- nar intangível e de extrema mobilidade dado, principalmente, o desenvol- vimento das TICs (tecnologias da informação e comunicação). Tal fator, dentre muitos outros, trarão ainda mais mudanças naquilo que conhece- mos como finanças. Nesta disciplina, abordaremos diversos elementos que têm sido funda- mentais para moldar um novo modelo de mercado, paradigma, relações e interações em finanças. Os dispositivos e recursos digitais, os novos sof- twares com capacidade de coleta e processamento de dados cada vez maiores, a conectividade cada vez em maior escala e velocidade associa- dos ao uso de inteligência artificial aplicadas a finanças estão provocando transformações significativas na forma como as famílias, empresas e os governos realizam suas operações financeiras, controle, desenvolvimento de negócios e regulamentação. Na Bolsa de Valores de São Paulo, por exemplo, há muito tempo o pregão presencial de negociações das ações, títulos e mercadorias (commodities1) não existe mais, sendo substituído por uma nova forma de negociação via internet, o home broker, que é um sistema oferecido por muitas em- presas para conectar seus usuários ao pregão eletrônico no mercado de capitais e no mercado de private equity2, permitindo o envio de ordens de compra e venda. Este é apenas um dos exemplos das tendências digitais em finanças. As áreas de finanças e economia serão abordadas para que possamos entender os efeitos dos ciclos econômicos, de crescimento, recessão e estagnação, na dinâmica das decisões financeiras das famílias, empresas e governos, nas finanças, esses agentes buscam o máximo de benefício Tendências Digitais em Finanças 4 por um esforço menor possível; na economia, os fatores emocionais e psicológicos daqueles que precisam tomar decisões, pelos fatos históri- cos que observaremos, em maior frequência tomam decisões não lógicas, não racionais, muitas vezes por não conhecer cientificamente como as informações disponíveis em grande escala podem contribuir na tomada de decisão, para minimizar os riscos e maximizar os ganhos ou resulta- dos desejados. Podemos denominar estes últimos fatores como fatores não lógicos. Por fim, teremos um vislumbre das novas formas de negócios que emer- gem rapidamente com o avanço da tecnologia, comunicação e do conhe- cimento no século XXI. Tendências Digitais em Finanças 5 TEMA 1 FINANÇAS NO ÚLTIMO SÉCULO Objetivos • Apresentar alguns cenários econômicos do século XX, entender como tais cenários geraram transfor- mações na sociedade, economia e finanças, com a convergência das tecnologias digitais aplicadas aos negócios, principalmente na segunda metade deste mesmo século. Tendências Digitais em Finanças 6 Tendências Digitais em Finanças 7 Introdução Para entender as finanças no século XX, vamos avaliar as causas e os efeitos das maiores crises econômicas ocorridas neste período, a Quinta- Feira Negra (em inglês, Black Thursday), referente ao dia 24 de outubro de 1929, quando ocorreu o crash3 da Bolsa de Valores de Nova York, que desencadeou a mais devastadora crise econômica da história dos Estados Unidos, do ponto de vista da abrangência e da duração dos seus efeitos. Outros crashes4, os choques do petróleo na década de 1970, o fim do regime de câmbio fixo e o rompimento do lastro em ouro pelos Estados Unidos em 1971, a outra década perdida que afetou boa parte da América Latina com grau elevado de endividamento nos anos 1980, a hiperinfla- ção no Brasil entre as décadas de 1980 e 1990, a economia japonesa num longo período de recessão, chamada a década perdida do Japão em 1991, a crise do México, derivada de déficits em conta corrente em 1994, a crise asiática, provocada pelo endividamento acelerado de vários países da- quele continente em 1997, que foi seguida pela crise da dívida russa em 1998 e, por fim, a bolha nas ações de empresas de internet e tecnologia em 2000 (BOTELHO, 2018, p. 3). Esses eventos econômicos geraram uma série de transformações, ruptu- ras na política monetária, na forma de controle e regulação dos bancos centrais, na gestão das instituições financeiras privadas e públicas, bem como nas teorias econômicas que pressupõem que os agentes econô- micos são racionais e que, portanto, tomam decisões que maximizam os resultados, ganhos e/ou benefícios. Provocando um movimento de apro- ximação da ciência econômica com outras áreas dos saberes, como a psi- cologiana busca de um entendimento mais aderente aos eventos obser- vados no século XX e também do futuro. 3 Falência. 4 Choques econômicos. 1. Ciclos econômicos de crise no século XX e seus efeitos financeiros Os ciclos econômicos são períodos de tempo de longo prazo. No Brasil, longo prazo são períodos acima de 12 meses; em economias desenvolvi- das, pode chegar a cinco anos, em que ocorrem flutuações abruptas na atividade econômica. Os ciclos podem ser de crescimento, recessão ou estagnação, por meio dos efeitos no volume de investimentos do gover- no, gastos das famílias, consumo, exportação e importação de serviços e produtos. Essa atividade econômica é medida pelo PIB – Produto Interno Bruto, que é a riqueza gerada por um país em 1 (um) ano. O PIB – Produto Interno Bruto é calculado da seguinte forma: PIB = C + I + G + (X – M) C = Consumo das famílias e empresas privadas I = Investimentos realizados no período G = Gastos do governo X = Volume de exportações M = Volume de importações O conjunto dessas variáveis indica o nível de atividade econômica de um país. Para cada ciclo econômico de crise apresentado abaixo, uma ou mais variáveis que compõem o PIB foram diretamente impactadas nega- tivamente; como todas essas variáveis estão correlacionadas, a partir de uma, o efeito negativo é multiplicador, afetando todas as demais variáveis também, em menor ou maior grau. Retomando, o crash5 da Bolsa de Nova York em 1929, conhecido também como a Quinta-Feira Negra, foi marcado por uma forte desvalorização das ações em mais de 10%, depois de longos períodos de valorização, em 5 Quebra. Tendências Digitais em Finanças 8 virtude dos significativos investimentos no mercado de capitais realizados pelos americanos na década de 1920. O volume de empréstimos tomados pelos americanos para investir no mercado de ações era equivalente a mais da metade do dinheiro em cir- culação nos Estados Unidos naquela época. As empresas públicas e pri- vadas fazem ofertas de ações para captação de recursos, uma forma de captar recursos de terceiros a um custo bem mais baixo do que os tradi- cionais empréstimos bancários. Havia um volume de oferta elevado de ações e poucos demandantes, fazendo com que os preços das ações ca- íssem fortemente. Nesse sentido, os investidores viram o valor de suas ações virarem pó, nada, e o pânico tomou conta das pessoas, instituições bancárias, várias indústrias, levando até ao suicídio de alguns investidores por verem suas economias virarem nada. Bancos quebraram, a indústria demitiu muitas pessoas e reduziu seu nível de atividade quase pela metade. Um dos problemas da indústria era o seu gran- de estoque de mercadorias, pois a indústria aumentava a sua produção, mas o poder aquisitivo da população não crescia no mesmo nível. Mercadoria em estoque parado é capital imobilizado, o grande volume de estoque levou a um problema de liquidez na indústria, que também não estava mais conse- guindo captar recursos no mercado de ações. Com o desemprego, quebra dos bancos e da indústria, houve forte queda no consumo das famílias e empresas, nos investimentos e nos gastos do governo, pela ótica do PIB, re- sultando em uma baixa atividade econômica nos Estados Unidos. ASSIMILE Produto Interno Bruto – PIB, a riqueza gerada em um país no período de um ano, mensurado em moeda corrente do país ou em % de va- riação. Também podemos dizer que esse indicador macroeconômico mede o nível de atividade econômica. Tendências Digitais em Finanças 9 O PIB é constituído pelo consumo das famílias e empresas, investi- mentos realizados no período, gastos do governo, volume de impor- tações e volume de exportações. Sempre que dizemos que o cenário econômico é de crise, significa que essas variáveis estão em trajetó- ria decrescente, levando a um nível de atividade econômica baixo ou negativo. Exemplificando: veja abaixo a equação que representa como o PIB é constituído pela ótica da demanda. Também o efeito de uma variável na outra. PIB = C + I + G + (X – M) C = Consumo das famílias e das empresas I = Investimentos realizados no período G = Gastos do governo X = Volume de exportações M = Volume de importações Quando o volume de exportações (X) é menor que o volume de im- portações (M), denominamos esse resultado como déficit na balança comercial. O déficit na balança comercial gera desemprego e queda na produção interna de um país. A desvalorização do câmbio favorece um maior volume de exportações, mas também gera inflação. Na po- lítica monetária, as medidas que podem gerar desvalorização cambial e inflação, denominamos de situações decisórias de trade-off (conflito de escolha), pois tais medidas podem gerar efeitos positivos e negati- vos na economia. Os valores das ações não refletiam o valor real das empresas, isso é co- nhecido como bolha. Vimos que a crise no mercado financeiro afeta tam- bém o mercado real (bens e serviços). A regulamentação desse mercado foi alterada, tendo como um dos objetivos impedir a especulação sobre os preços das ações, para evitar novas bolhas. Com pouca integração dos Tendências Digitais em Finanças 10 mercados de capitais entre os países, os efeitos dessa crise foi quase que totalmente observado nos Estados Unidos. Os choques do petróleo na década de 1970, durante a crise política no Irã, elevaram os preços do petróleo no mundo, fazendo o barril do petróleo aumentar de US$ 13 para US$ 34. Sendo a principal fonte da matriz ener- gética do mundo, fez os índices de inflação aumentarem significativamen- te nas nações, fazendo cair o nível de consumo das famílias e empresas, além de gerar forte instabilidade no sistema monetário, que também fez as taxas de juros básicos subirem na tentativa de controlar os preços ao custo de uma menor atividade econômica. Outras fontes de energia pas- sam a ser estudadas mais fortemente após essa crise. O fim do regime de câmbio fixo e o rompimento do lastro em ouro pelos Estados Unidos em 1971 fez com que várias nações, inclusive o Brasil, ti- vessem que realizar a desindexação do valor de câmbio ao valor do ouro. O valor do dólar era indexado ao valor do ouro, muitos chamavam de dólar-ouro, e muitos países tinham suas dívidas também indexadas ao va- lor do ouro. Essa mudança criou uma instabilidade monetária em muitos países, que passaram a adotar o crawling peg, que é um regime de flutua- ção cambial, baseado na paridade do poder de compra entres as nações. A desvalorização cambial gera inflação, portanto, nessa crise, instalou-se um problema de instabilidade de preços. No Brasil, os índices de inflação chegaram a 19% ao ano nesse período, gerando problema no nível de consumo das famílias e das empresas e no sistema monetário. Nas outras crises, observamos problemas em virtude dos altos níveis de endividamentos, altos níveis de poupança, no caso do Japão, e de especu- lação nos preços das ações que levaram a crises na economia real (bens e serviços), a década perdida que afetou boa parte da América Latina com grau elevado de endividamento nos anos 1980, a hiperinflação no Brasil entre as décadas de 1980 e 1990, a economia japonesa num longo perío- do de recessão, chamada a década perdida do Japão em 1991, a crise do México, derivada de déficits em conta corrente em 1994, a crise asiática, Tendências Digitais em Finanças 11 provocada pelo endividamento acelerado de vários países daquele conti- nente em 1997, que foi seguida pela crise da dívida russa em 1998 e, por fim, a crise ocasionada por uma bolha nas ações de empresas de internet e tecnologia em 2000. Altos níveis de endividamento significam um nível de emissão de moeda do governo superior à realização dos preços de produtos e serviços, fazen- do a população perder poder de compra. No Japão, por exemplo, ocorreu uma bolha nos preços das ações, as taxas de juros eram próximas de zero, gerando umproblema de liquidez para os bancos, os preços das ações e terras triplicaram e o nível de poupança era elevado. Novamente, o valor das ações não refletia o valor real dos ativos das empresas. No México, na Ásia e Rússia, são os mesmos efeitos já mencionados sobre o consumo, e por fim, novamente em 2000, bolha no mercado de ações. PARA SABER MAIS O objetivo do texto indicado aqui é apontar que as frequentes crises na economia mundial, desde a década de 1970, não são expressões corriqueiras de uma instabilidade capitalista, mas sinal de um colapso da própria formação social burguesa. O sistema econômico capitalista pressupõe em sua essência o individualismo, tendo como efeitos a concentração de renda e desequilíbrios sociais relevantes. Mas dizer que esse sistema econômico é em si mesmo crise não é suficiente para entender a conjuntura econômica cíclica de crise. Para tal funda- mentação e compreensão, foram desenvolvidos teoricamente cinco processos que elucidam a ruptura estrutural que estão gerando as crises econômicas atuais. Disponível em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/maraca- nan/article/view/31274>. Acesso em: 21 mai. 2018. Em todos esses cenários de crise, podemos verificar que os agentes eco- nômicos nem sempre tomam decisões racionais, muitas são de cunho Tendências Digitais em Finanças 12 http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/maracanan/article/view/31274 http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/maracanan/article/view/31274 emocional e/ou psicológico. Boa parte também sem ter o conhecimento científico necessário para tomar a melhor decisão. Na segunda metade do século XX, os computadores, as informações mais integradas, com um nível de integração maior entre os mercados de capi- tais, produtos e serviços entre as nações, em virtude da globalização, fa- zem com que os efeitos das crises de um país gerem impactos negativos em diversas outras nações. Os dados macroeconômicos de outros países, dos resultados das empresas que estão em outros países, passam a ser relevantes para os profissionais de finanças para a tomada de decisão na gestão dos negócios. Principalmente no entendimento das causas e dos efeitos dos eventos econômicos, também dos efeitos emocionais e psico- lógicos das notícias sobre os governos e empresas, que geram instabilida- des nos mercados de capitais. Os dados de desempenho real das empresas e dos governos são mais relevantes que as notícias, mas podemos verificar que as notícias causam especulações e efeitos na economia real. LINK Na primeira metade do século XX, podemos identificar três classes bá- sicas na sociedade: a capitalista, trabalhadora e profissional. Nesse tempo, vemos que os profissionais assumem os empresários na ad- ministração das empresas; a partir da década de 1980 desse mesmo século, os capitalistas rentistas substituem aqueles que detêm o di- reito de propriedade, donos dos ativos imobilizados das empresas. Logo após surge uma nova classe de profissionais jovens que assu- me também o papel de estrategistas dos rentistas, tendo como pre- missa para tal a aplicação de conhecimento científico na gestão dos negócios, os financistas. Disponível em: <http://www.scielo.br/scie- lo.php?pid=S0103-40142018000100017&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 25 mai. 2018 Tendências Digitais em Finanças 13 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142018000100017&script=sci_arttext&tlng=pt http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142018000100017&script=sci_arttext&tlng=pt 1.1 Aversão ao risco Nas decisões de investimentos, cada agente econômico tem um perfil, que podemos denominar como sendo conservador, moderado ou agres- sivo. Em cada um dos perfis o investidor tem um nível diferente de aver- são ao risco. O conservador tende a tomar decisões para investimentos com menor risco possível e que oferecem um ganho um pouco acima da inflação, o moderado tende a assumir um nível de risco maior, na tenta- tiva de obter ganhos bem superiores à inflação e o agressivo tem grande disposição de assumir riscos com o objetivo de obter ganhos extraordi- nários. Estamos aqui no campo das finanças comportamentais, em que a racionalidade, as emoções e a parte psicológica são indissociáveis para a maioria dos agentes econômicos na tomada de decisão. PARA SABER MAIS os estudos de Finanças Comportamentais emergiram como opção ao estudo do universo das decisões econômicas, fir- mando um debate entre psicologia e a economia. Enquanto o lado psicológico busca incessantemente pela alternativa que traga o maior prazer com o mínimo de esforço, a economia se esforça para manter a racionalidade e gerir os recursos escassos e limitados. Fato é que as emoções tendem a des- truir o equilíbrio primordial à tomada de decisões, e o fato de não entenderem de forma científica e clara com o que estão se deparando cria limites ao conhecimento (molduras cogni- tivas). Os estudos recentes sobre Finanças Comportamentais revelaram ainda que as irracionalidades advindas das emo- ções ocorrem também em escolhas de financistas, economis- tas e demais profissionais do mercado financeiro. Baseado no estudo de Kahneman e Tversky (1997) Prospect Theory: An Analysis of Decision under Risk, este trabalho buscou verificar Tendências Digitais em Finanças 14 entre um grupo escolhido aleatoriamente o grau de aver- são às perdas. Disponível em: <http://revistapuca.estacio.br/ index.php/papirussantacatarina/article/viewArticle/4045>. Acesso em: 21 mai. 2018. No mercado, existe ainda uma assimetria de informações, o que signifi- ca que cada agente econômico pode estar tomando decisões de investi- mento com bases diferentes de informações. Somados a isso, nem todos têm o conhecimento científico necessário para tomar a melhor decisão possível. Na crise de 1929, mencionada anteriormente, muitos america- nos passaram a investir todas as suas economias no mercado de ações e também passaram a tomar empréstimos nos bancos para comprar mais ações, que ao longo da década de 1920 tiveram uma valorização expres- siva. Na quebra da Bolsa, esses mesmos agentes econômicos viram suas economias e seus investimos realizados com empréstimos bancários vi- rarem nada. Hipoteticamente, podemos afirmar que parte da decisão desses agentes se baseou em informações assimétricas sobre os valores das ações, e que outra parte não se baseia na racionalidade, mas, muito provavelmente, nas emoções e no efeito psicológico gerado pelas altas valorizações nos preços das ações antes de 1929. A economia comportamental, usada de forma mais ampla que as finan- ças comportamentais, enxerga, contrapondo a visão tradicional, que a re- alidade, uma vez formada por pessoas, além de levar em consideração a teoria aprendida, decide, com base em hábitos, experiências em proble- mas parecidos e história de vida. Kahneman e Tversky (1979) citam que as pessoas, no geral, são imediatistas, aceitam soluções satisfatórias em vez de ótimas, não visualizam o longo prazo e são influenciadas sobre- maneira por fatores emocionais e psicológicos. Assim, os estudiosos do campo comportamental procuram entender como essas manifestações Tendências Digitais em Finanças 15 http://revistapuca.estacio.br/index.php/papirussantacatarina/article/viewArticle/4045 http://revistapuca.estacio.br/index.php/papirussantacatarina/article/viewArticle/4045 [ psicológicas e emocionais, tomadas de forma consciente ou inconsciente, afetam o ser humano em geral (OLIVEIRA; MONTIBELER, 2017). Os conceitos econômicos tradicionais sugerem que os investidores arris- quem quando estão ganhando, fazendo suas posições serem mantidas, e falam que sejam prevenidos, avessos ao risco quando estão em perda, desfazendo assim suas posições. Contrariando essa lógica, pela ótica das Finanças Comportamentais, o investidor é avesso às perdas em momen- tos de prejuízo (OLIVEIRA; MONTIBELER, 2017). Na crise de 1929, vemos claramente que os investidores tentavamvender suas posições para realizar o menor prejuízo possível, demonstrando de fato que os investidores são avessos às perdas em momentos de pre- juízos. Mesmo que a possibilidade de ganho seja proporcional à chan- ce de perda. QUESTÃO PARA REFLEXÃO Qual é o fator não lógico das finanças? 2. Considerações Finais • Você aprendeu que em economia existem ciclos que são períodos de tempo nos quais são observados estágios de crescimento, recessão ou estagnação: no crescimento, a variação da atividade econômi- ca é positiva; na recessão, é negativa; e na estagnação, podemos observar uma variação negativa com os níveis de inflação altos, denominado como estagflação. • Mercado de capitais: títulos que representam parte do valor de uma empresa, que seu preço varia de acordo com o valor da empresa, ou seja, a partir dos resultados financeiros que a empresa apresenta. Esse valor também pode ser especulativo, não refletindo o real valor da empresa, nesse caso, chamamos essa situação de bolha. Tendências Digitais em Finanças 16 • Agentes econômicos: nos cenários de crises econômicas do sécu- lo XX, observamos que nem sempre os agentes econômicos são racionais em suas tomadas de decisão, contraindo algumas teorias econômicas de que os agentes econômicos são racionais e tomam as decisões que maximizam seus ganhos. • Aversão ao risco: cada investidor tem um grau diferente de dispo- sição para assumir riscos de perder, que os investidores, mesmo aqueles que são profissionais, tomam muitas decisões baseadas nas emoções e nos efeitos psicológicos que as informações podem criar. Baseando-se muitas vezes nas notícias a resultados reais das empresas e governos. Glossário • PIB: Produto Interno Bruto. • Trade-off: conflito de escolha. • Finanças comportamentais: decisões com base em hábitos, ex- periências, história de vida e emoções. VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 01 1. O que é private equity? a) Investimentos em participação no capital de giro. b) Investimentos em participação no capital intangível das empresas. c) Investimentos em participação no capital humano das empresas. Tendências Digitais em Finanças 17 d) Investimentos em participação no capital privado das empresas. e) Todas estão corretas. 2. O que é PIB? a) Produto Interno Bruno. b) Produto Internacional Brics. c) Produto Intervenção Brasileiro. d) Produto Interno Brasil. e) Parte Interna Bic. 3. O que é crawling peg? a) É um regime de flutuação cambial baseado no preço do ouro. b) É um regime de flutuação cambial baseado na pari- dade do poder de venda entres as nações. c) É um regime de flutuação cambial baseado no mer- cado de capitais. d) É um regime de flutuação cambial baseado no poder militar das nações. e) É um regime de flutuação cambial baseado na pari- dade do poder de compra entres as nações. Referências Bibliográficas BOTELHO, M. L. Entre as crises e o colapso: cinco notas sobre a falência estrutural do capitalismo. Revista Maracanan, n. 18, 2018. Disponível em: <http://www.e-publi- cacoes.uerj.br/index.php/maracanan/article/view/31274>. Acesso em: 21 mai. 2018. OLIVEIRA, J. N.; MONTIBELER, E. E. Finanças comportamentais: um estudo sobre a aver- são à perda na tomada de decisão. Revista Eletrônica Estácio Papirus, vol. 4, n. 2, 2017. Disponível em: <http://revistapuca.estacio.br/index.php/papirussantacatarina/ Tendências Digitais em Finanças 18 http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/maracanan/article/view/31274 http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/maracanan/article/view/31274 http://revistapuca.estacio.br/index.php/papirussantacatarina/article/viewArticle/4045 article/viewArticle/4045>. Acesso em: 21 mai. 2018. PEREIRA, L. C. B. Capitalismo financeiro-rentista. Disponível em: <http://www. scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142018000100017&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 25 mai. 2018. Gabarito – Tema 01 Questão 1 – Alternativa D: é a compra de parte do capital privado de uma empresa, que permite o direito de participação nas decisões da administração e ganhos de capital baseados nos resultados da empresa. Questão 2 – Alternativa A: é o Produto Interno Bruto, a riqueza ge- rada por uma nação, no período de 12 meses, medida em moeda lo- cal ou em variação percentual. Esse é um indicador macroeconômico de atividade econômica de um país. Questão 3 – Alternativa E: é um regime de flutuação cambial base- ado na paridade do poder de compra entres as nações. Conhecida como PPC, a paridade do poder de compra se mede a partir da razão entre os índices de inflação de duas nações, na mesma base de men- suração, por exemplo, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) dos Estados Unidos/ IPC (Índice de Preços ao Consumidor) do Brasil, o resultado chama-se paridade do poder de compra. Cada índice deste tem uma cesta de produtos e serviços consumido por cada nação. Seria como dizer que, com o valor de uma cesta de produtos e servi- ços do Brasil, posso comprar uma cesta de produtos e serviços dos Estados Unidos, assim o câmbio seria igual a 1,00. Tendências Digitais em Finanças 19 http://revistapuca.estacio.br/index.php/papirussantacatarina/article/viewArticle/4045 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142018000100017&script=sci_arttext&tlng=pt http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142018000100017&script=sci_arttext&tlng=pt TEMA 2 MOBILIDADE E CLOUD Objetivos • Observar as transformações na área de finanças desde a segunda metade do século XX até os dias atuais, como também olhar para o futuro dessa área a partir das convergências de tecnologias digitais já aplicáveis e, também, as emergentes. Essa disrupção digital que possibilita o acesso a um volume de infor- mações sem precedentes, cerca de 2,5 quintilhões de bytes de dados todos os dias1, mas que tem o desafio de estruturar os dados para que possam ser anali- sados, de forma que seja possível a identificação de oportunidades de novos negócios. Verificar como as tecnologias digitais estão gerando mais mobilidade e como a computação em nuvem (Cloud) está gerando uma nova dinâmica de trabalho que exige um novo perfil profissional de finanças, com o uso da ciência de dados. 1 IBM. What is Big Data? Disponível em: <https://www-01. ibm.com/software/data/big- data/what-is- big-data.html>. Acesso em: 7 jun. 2018. Tendências Digitais em Finanças 20 https://ibm.com/software/data/big https://www-01 Tendências Digitais em Finanças 21 Introdução Nas décadas de 1950 e 1960, o uso de mainframe2 dominou a área de tecnologia da informação em grandes corporações. Esses computadores de grande porte são capazes de oferecer serviços de processamento de dados a milhares de usuários por meio de milhares de terminais conec- tados diretamente ou por meio de uma rede. Também foram usados em guerras, para realização de cálculos balísticos. Como o mainframe exigia um grande espaço físico para ser instalado, poucos anos depois, o avanço tecnológico trouxe o PC (do inglês, personal computer), com servidores de menor porte, que começou a substituir es- ses grandes computadores. Atualmente, o mainframe ainda é usado, mas em versões fisicamente menores. Nos anos de 1980 surge a internet, que é um sistema global de redes de computadores interligados. Nesse período, a internet é usada mais pela área acadêmica. Já na década de 1990, passa a ser comercializada de forma ampla. Na segunda metade do século XX e também início do século XXI, os siste- mas de gestão das empresas públicas e privadas ainda continuam sendo legados, ou seja, exigem grandes estruturas de hardware locais, compra do sistema de fornecedores exclusivos para mantê-los funcionando e su- porte de manutenção e desenvolvimento de novas versões que atendem às necessidades do negócio. Em outras palavras, exigem grande volume de investimentosem hardware, software e serviços de suporte presencial e a distância. Nesta primeira metade do século XXI, surge a computação na nuvem (cloud), que são serviços de processamento de dados, sistemas de ges- tão, ofertados por provedores que podem ser privados ou públicos, que permitem o acesso de qualquer lugar, via internet. Esse serviço torna as 2 Computador de grande porte. operações das empresas mais baratas, possibilitando a mobilidade dos profissionais, como, por exemplo, o trabalho home office (escritório em casa), além de armazenamento de grande volume de dados. Esse grande volume de dados e informações disponibilizado diariamente traz um grande desafio aos profissionais de finanças e de tecnologia: es- truturação para análise científica, de modo a gerar novas oportunidades e desenvolvimento de negócios. Antes, novos produtos e serviços lançados tinham vida útil de meses ou anos; atualmente, muitos surgem e acabam em algumas horas. Fatores emocionais e psicológicos dos consumidores são cada vez mais estudados em economia e finanças para geração e es- tabelecimento de negócios perenes. 1. Mobilidade Mobilidade é a característica do que é móvel, que tem a capacidade de se movimentar. Para os objetivos propostos aqui, a mobilidade que será abordada é aquela gerada pela tecnologia e dispositivos digitais com foco na área de finanças. Quando um comerciante sumério registrou pela pri- meira vez a venda de gado em uma tábua de argila, nasceu a primeira tecnologia voltada aos negócios. Hoje, 5 mil anos depois, essa antiga tec- nologia evoluiu para uma nova classe de ferramentas digitais que estão redefinindo quase todos os aspectos do negócio3. As tecnologias disruptivas, como cloud e outras, é uma das tendências digitais que estão mudando o modo como os negócios são feitos, tam- bém o que passa a ser exigido e como os profissionais de diversas áreas devem atuar para manter sua empregabilidade e os negócios perenes. Todos os profissionais de finanças precisam entender que o mundo con- tinuará a se mover com maior velocidade, preparando-se para atender a DELOITTE. Hora decisiva – finanças em um mundo digital. Disponível em: <http://www.deloitte.com.br/pu- blicacoes/2007/CFO-crunch_time-livreto.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2018. Tendências Digitais em Finanças 3 22 http://www.deloitte.com.br/publicacoes/2007/CFO-crunch_time-livreto.pdf http://www.deloitte.com.br/publicacoes/2007/CFO-crunch_time-livreto.pdf demandas de negócios que ainda não existem. Os líderes de outras áre- as podem não entender tudo sobre finanças, contabilidade e economia, mas sabem que precisam gerar caixa, entender os indicadores-chaves do negócio, cumprir metas, etc., e a área financeira precisa estar preparada para atender a essas demandas, com informações e contribuições que possam criar valor para o negócio. Os ativos fixos das empresas no século XX eram considerados uma das principais fontes de valor para os negócios. Já na segunda metade do sé- culo XX, percebe-se que o conhecimento gera valor tangível e valor intan- gível para as organizações. O valor intangível pode ser gerado a partir da proposta de valor (não monetário) para os produtos e serviços ofertados pelas empresas; essa proposta de valor, criada a partir das necessidades dos consumidores, gera, por sua vez, valor real/monetário. As necessi- dades dos clientes precisam ser identificadas por meio de pesquisas, in- clusive empíricas, também de dados históricos, que possam evidenciar padrões de consumo. Para exemplificar, vamos nos lembrar das propagandas dos achocolatados Nescau e Toddy. A proposta de valor do Nescau é “energia que dá gosto”, “muita força para sua energia”, com imagens de um jovem andando de ska- te e fazendo manobras radicais. Para pensar nessa propaganda, mães fo- ram entrevistadas para saber delas o que achavam desse achocolatado, se era a marca preferida e por que, quantas vezes ao dia seus filhos tomavam leite com achocolatado e também entender que esporte pelo qual os jo- vens tinham preferência. O skate foi escolhido, pois acreditava-se que a as- sociação com o produto daria muito certo entre os jovens. Já a propaganda do Toddy era “todo herói sabe o que faz”, Toddy “sabor que alimenta”, com imagens de vacas trazendo a mensagem que tomando o leite da vaca mais um pó mágico, o indivíduo iria crescer. As duas vacas aparecem tomando Toddy e caindo no rock. A mensagem trazia a ideia cool para os jovens. As mães também foram fontes da pesquisa, esta nova propaganda foi criada para trazer o valor de modernidade para o produto. Tendências Digitais em Finanças 23 Mas o Nescau sempre era líder de mercado e a área de publicidade e propa- ganda da Toddy não estava conseguindo identificar o que fazia o Nescau ser o líder, mesmo com preço mais elevado. O Toddy se tornou mais caro, para enviar a mensagem de que também era/é um produto de qualidade. Mas essa estratégia não estava funcionando, nem a propaganda e nem o preço. Com base nas pesquisas com as mães, identificaram que as mães compra- vam o Nescau porque tomaram na infância e repassavam aos filhos que o Nescau era o melhor achocolatado, comprando esse produto mesmo sendo mais caro. Decidiram então avaliar a posição e o volume de Toddy expostos nas gôndolas dos mercados. Perceberam que o Toddy era pouco encontrado nos mercados e demais pontos de vendas dos achocolatados. Passaram, então, a adotar uma nova estratégia de distribuição nas gôn- dolas dos mercados, mantendo um preço mais caro e criaram também uma nova propaganda, pois as vacas para os jovens das grandes cidades era algo distante, o que não criava uma boa associação com o produto, mesmo sendo de boa qualidade. A ideia da distribuição era a de usar a mesma estratégia da exposição de pilhas, que são encontradas em diversos lugares e pontos estratégicos que fazem as pessoas lembrarem da necessidade de compra ou criam a necessidade de compra. Os achocolatados em latas maiores fazem as pessoas consumirem mais rapidamente, assim como o requeijão, pois quando temos bastante, passamos em quantidades maiores sobre as bo- lachas e os pães. Produzir em latas maiores também foi uma das medidas estratégicas para vender um volume maior de achocolatado, com base nesse padrão de consumo. Enfim, com essas mudanças estratégicas, o achocolatado Toddy passou a ser líder de mercado por muito tempo4. Veja como as pesquisas, a estru- turação de dados, a pesquisa empírica e a ciência de dados foram utiliza- dos para que um produto possa se tornar líder de mercado. Executivo da Toddy que trabalhou na área de marketing, contribuiu com essas informações, mas não auto- rizou a divulgação de seu nome. Tendências Digitais em Finanças 4 24 Nesse exemplo, ainda não foi considerada a possibilidade de compras on-line, sem a necessidade de ir ao mercado. O que anula o efeito das gôndolas para quem compra sempre on-line. 2. A inteligência aplicada aos dados e o novo perfil do profissional de finanças A explosão no volume de dados inunda o mundo dos negócios pelas mí- dias sociais, big data e internet, com avaliação de consumidores que antes eram apenas presentes nas gôndolas do mercado, única ocasião em que pedíamos uma opinião para a compra de um produto não consumido an- tes ou não preferido. Os 2,5 quintilhões de bytes de dados todos os dias, em imagens, textos e vídeos, trazem o desafio de estruturação e entendi- mento desses dados para identificar oportunidades de negócios. Um dos modelos estatísticos mais usados para esse fim é o modelo do método de mínimos quadrados ordinários (regressão). Um modelo es- tatístico que, a partir de dados históricos, permite entender o passado e projetar o futuro, podendo ser usado para o fluxo de caixa, padrões de consumo das famílias, etc. Nesse modelo, uma variável dependente é de- finida e algumas variáveis independentes são selecionadastambém para compor os cálculos realizados por esse modelo. A projeção é sempre óti- ma nesse método, ou seja, a que mais se aproxima da realidade. PARA SABER MAIS Neste artigo, explica-se o método de mínimos quadrados ordinários, utilizado amplamente em estudos de econometria e outras áreas do conhecimento. Os médicos foram os principais profissionais que con- tribuíram para o desenvolvimento desse método de análise do passa- do e para construção de projeções de diversos tipos de dados. Tendências Digitais em Finanças 25 É o método que melhor se ajusta aos dados reais, tendo como resul- tados a menor variância ou termo de erro em relação aos dados reais. Quando aplicado para estudos nas áreas de ciências humanas, o grau de acerto em relação ao futuro torna-se desafiador, ou com margens de acerto menores, sendo necessária a integração de outras ciências para melhor entender e projetar os fenômenos ou eventos objetos da pesquisa. Disponível em: <http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ ri/25329>. Acesso em: 8 jun. 2018. ASSIMILE Método de mínimos quadrados ordinários: modelo estatístico que permite avaliar o passado e projetar o futuro, com base em dados ma- croeconômicos, quando aplicado em econometria, permitindo uma projeção ótima, ou seja, a projeção mais próxima da realidade. Usado também em medicina, marketing, publicidade e psicologia. É conheci- do também como regressão. EXEMPLIFICANDO Método de mínimos quadrados ordinários: onde Y é a variável depen- dente, B1, B2 e B3 são as variáveis independentes e e é o termo de erro (diferença entre a projeção e o dado real). As variáveis indepen- dentes explicam a variação da variável dependente Y. O grau de expli- cação do modelo para a variável Y é representado pelo R2. Exemplo: as variáveis B1, B2 e B3 explicam 95% das variações ocorridas em Y. Então o R2 é igual a 95%. Y aqui poderia ser o consumo das famílias e B1 = taxa básica de juros, B2 = renda e B3 = investimentos do governo. Como exemplo, veja o modelo abaixo: Y = B1 + B2 + B3 – e Tendências Digitais em Finanças 26 http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/25329 http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/25329 Y = Consumo das famílias B1 = Taxa básica de juros B2 = Renda B3 = Investimentos do governo e = Termo de erro (diferença entre o dado real e o dado projetado) Para esta análise, é necessária uma amostra mínima de 30 dados de cada variável, pode ser de 30 dias, dados mensais de 2 anos e 6 meses, etc., para que as distribuições dos dados tendam a ter uma distribuição de probabilidade normal, evitando vieses na pesquisa. Neste modelo, a va- riável Y é a variável dependente, e B1, B2 e B3, as variáveis independen- tes modelo. Ou seja, Y depende das variações ocorridas em B1, B2 e B3. Essas variáveis foram selecionadas com base em conhecimento das ciên- cias econômicas. Esse modelo permite entender os padrões de consumo das famílias no passado e projetar o consumo das famílias no futuro, a partir de dados macroeconômicos, que resulta em dados quantitativos. Mas também é possível inserir uma variável binária para captar informações qualitativas, por exemplo, para a pergunta: “Você gosta de azul ou verde?”, no modelo, podemos considerar 0 para azul e 1 para verde. Na pesquisa para a com- pra de carros, pode-se usar essa variável binária. Atualmente, o quanto as equipes de finanças estão preparadas para utili- zar esse tipo de ferramenta, entender e contribuir com as demais áreas da empresa, para projetar o orçamento, fluxo de caixa, vendas, investimen- tos, etc.? Em bancos, isso tem maior concentração nos departamentos de pesquisa macroeconômica. A Ambev é um exemplo considerado outlier, pois, recentemente, criou um departamento para estudo da elasticidade da demanda, que usa o método apresentado acima. Vejam que com a mobilidade criada pelas tecnologias digitais na área de finanças e no mundo dos negócios, um novo perfil profissional de finanças Tendências Digitais em Finanças 27 surge, que exige novas habilidades, uso da ciência de dados e parceria com todas as áreas da empresa. Os treinamentos podem ajudar, mas pode haver a necessidade de recrutar novos talentos. LINK a construção global de estilos de vida que correspondem aos trabalha- dores produziu uma identidade e condições específicas dessa classe social, que podem corresponder ao atual cenário do sistema econômi- co capitalista, resultando em pressupostos de habilidades que geram uma reivindicação ao nomadismo (MAFFESOLI, 2001). Disponível em: <http://revistacomsoc.pt/index.php/cecs_ebooks/arti- cle/view/2878>. Acesso em: 8 jun. 2018. 2.1 Cloud (computação na nuvem) Retomando a discussão acerca da mobilidade, a tecnologia cloud pode ser ofertada por provedores privados ou públicos, são serviços de proces- samento de dados, podendo ser acessado por qualquer dispositivo digi- tal conectado à internet. Deixando de ser necessário uma empresa fazer investimentos em estruturas de hardware e software legados, ou seja, de fornecedores exclusivos, que exigem a compra de licenças e que realizam manutenções, atualizações, suporte e desenvolvimento de novos relató- rios e processos para atender às necessidades do negócio. Com a computação na nuvem, os investimentos são menores e a mobili- dade para o negócio e para os profissionais são viabilizadas. Permitindo, por exemplo, à empresa fazer um manejo desses investimentos em co- nhecimento e treinamento de seus profissionais na busca de geração de valor para o negócio. A familiaridade dos CFOs (executivos de finanças) pesquisados com essa tecno- logia é baixa, apenas 4% dizem utilizar essas tecnologias digitais emergentes5. 5 The CFO program CFO Signals TM Tendências Digitais em Finanças 28 http://revistacomsoc.pt/index.php/cecs_ebooks/article/view/2878 http://revistacomsoc.pt/index.php/cecs_ebooks/article/view/2878 PARA SABER MAIS Neste artigo, são abordados tópicos de segurança na cloud e alguns problemas que podem ser encontrados para sua implementação, com uma pequena introdução ao que é cloud computing, com foco na se- gurança de dados. Ao final, são colocados exemplos de problemas que a cloud pode gerar em uma cadeia de serviços, na migração para essa nova tecnologia. Disponível em: <http://www.dcomp.sor.ufscar.br/verdi/topicosCloud/ Artigo-Seguranca-Cloud.pdf>. Acesso em: 8 jun. 2018. QUESTÃO PARA REFLEXÃO • Como deve ser o novo profissional de finanças? • O que a mobilidade e cloud geram nos negócios? • A ciência de dados nos negócios é importante? Por quê? 3. Considerações Finais • Mobilidade é a característica do que é móvel, que tem a capacidade de se movimentar. O registro contábil em fichas de papel, com as colunas de débito e crédito, foi uma das tecnologias recentes utilizadas que evoluiu para uma nova classe de ferramentas digitais que estão redefi- nindo quase todos os aspectos do negócio, permitindo esses registros de forma automática pelos sistemas de gestão, a partir de cada opera- ção de venda, compra, etc., da empresa. E ainda com possibilidade de realização desses registros por computação em nuvem, pela prestação de serviços de provedores públicos e privados, extinguindo a necessi- dade de vários tipos de negócios terem um local físico para existir. Tendências Digitais em Finanças 29 http://www.dcomp.sor.ufscar.br/verdi/topicosCloud • A tecnologia cloud pode ser ofertada por provedores privados ou públicos, são serviços de processamento de dados, podendo ser acessados por qualquer dispositivo digital conectado à internet. Deixando de ser necessário uma empresa fazer investimentos em estruturas de hardware e software legados, ou seja, de fornece- dores exclusivos, que exigem a compra de licenças e que realizam manutenções, atualizações, suporte e desenvolvimento de novos relatórios e processos para atender às necessidades do negócio.• A ciência de dados, uma competência essencial para os novos pro- fissionais de finanças e negócios, possibilitando aos profissionais a estruturação de dados, análise e identificação de novas oportunida- des para o negócio. O uso da econometria ou método de mínimos quadrados ordinários é um exemplo de ferramenta para esse fim. • As tecnologias digitais, como o cloud (computação na nuvem), permi- te a mobilidade nos negócios para os profissionais e consumidores. A internet das coisas também. Gera a possibilidade de a empresa atuar em uma extensão de mercado muitas vezes maior que os negócios em locais físicos exclusivamente. Com essas tecnologias, vemos sur- girem muitas empresas híbridas que têm um local físico e também realizam os mesmos negócios via web. Até mesmo roupas são vendi- das pela web, o que recentemente não se imaginava que daria certo. Glossário • Mobilidade: característica do que é móvel, que tem a capacidade de se movimentar. Com o uso de dispositivos e recursos digitais. • Cloud: computação em nuvem. • Regressão: modelo estatístico para realizar projeções e avaliar o passado. Exemplo: consumo das famílias. Tendências Digitais em Finanças 30 VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 02 1. O que é a ciência de dados? a) É o conhecimento e a capacidade de estruturar dados dos negócios, analisar e identificar oportunidades de novos negócios. b) É saber o que são dados. c) É a ciência de todos os saberes. d) É analisar o clima organizacional. e) É saber tudo sobre uma empresa. 2. O que é cloud? a) É um computador gigante. b) Tecnologia analógica. c) É um investimento em Bolsa de Valores. d) Computação em nuvem. e) É perenizar um negócio. 3. O que é mobilidade? a) Um lugar físico. b) Um costume. c) Um grupo de coisas úteis. d) Uma espécie de animal. e) Característica do que é móvel, com capacidade de se movimentar. Tendências Digitais em Finanças 31 Referências Bibliográficas DELOITTE. Hora decisiva – finanças em um mundo digital. Disponível em: <http:// www.deloitte.com.br/publicacoes/2007/CFO-crunch_time-livreto.pdf>. Acesso em: 9 mai. 2018. MATOS, P. Nómadas digitais e a era dos sujeitos móveis: questões de mobilidade, comunicação e trabalho num estilo de vida location independent. 2018. In: ARAÚJO, E.;, RIBEIRO, R.; ANDRADE, P.; COSTA, R. (Ed.). Viver em/a mobilidade: rumo a novas culturas de tempo, espaço e distância. Livro de atas (p. 36-48). Braga: CECS. SANTOS, L. A. N. dos. Mínimos quadrados ordinários (MQO) na produção cientí- fica brasileira: a interdisciplinaridade entre a econometria e as metrias da informa- ção (bibliometria, informetria e cientometria). Dissertação (doutorado em Ciência da Informação) – Repositório Institucional da UFBA. 2018. Disponível em: <http://reposi- torio.ufba.br/ri/handle/ri/25329>. Acesso em: 8 jun. 2018. ZANUTO, B. G. Segurança em Cloud Computing. Disponível em: <http://www. dcomp.sor.ufscar.br/verdi/topicosCloud/Artigo-Seguranca-Cloud.pdf>. Acesso em: 8 jun. 2018. Gabarito – Tema 02 Questão 1 – Alternativa A: usar as ferramentas, como o modelo de regressão (estatístico), de forma aplicada aos negócios. Com base no conhecimento científico nas áreas de economia, contabilidade, fi- nanças, marketing, medicina, etc., com o objetivo de identificar novas oportunidades de negócios, no caso da medicina, avaliar a condição respiratória do paciente com a espirometria (regressão); em marke- ting, para análise de viabilidade de novos investimentos nessa área da empresa, etc. Realizando antes pesquisas quantitativas e qualita- tivas para coleta de dados para inserir no modelo de regressão. Questão 2 – Alternativa D: provedores públicos ou privados que, Tendências Digitais em Finanças 32 http://www.deloitte.com.br/publicacoes/2007/CFO-crunch_time-livreto.pdf http://www.deloitte.com.br/publicacoes/2007/CFO-crunch_time-livreto.pdf http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/25329 http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/25329 http://www.dcomp.sor.ufscar.br/verdi/topicosCloud/Artigo-Seguranca-Cloud.pdf http://www.dcomp.sor.ufscar.br/verdi/topicosCloud/Artigo-Seguranca-Cloud.pdf conectados à internet, oferecem serviços de processamento de da- dos a um custo mais baixo para as empresas, eliminando parte dos investimentos em hardware e software. Além de gerar mobilidade para o negócio e ampliar a extensão de mercado que atua, via web. Questão 3 – Alternativa E: mobilidade é a característica do que é mó- vel, que tem a capacidade de se movimentar. Com o uso de dispositivo digital conectado à internet aplicado aos negócios. Em finanças, pode- mos citar o home broker, sistema conectado à internet para a compra e venda de ações. Permite que um investidor no Brasil compre, via web, um título de empresa americana na bolsa de Nova York. Tendências Digitais em Finanças 33 TEMA 3 FINTECHS E UM NOVO ESPAÇO NO MERCADO Objetivos • Entender as transformações que ocorrem na presta- ção dos serviços financeiros, a partir da evolução do setor bancário e financeiro, do comportamento do consumidor e também do avanço tecnológico; obser- var o surgimento das fintechs, a quebra de paradigmas na nova forma de prestação de serviços financeiros e as características dos nativos digitais e geração millen- nials, que não tem mais a percepção acerca do valor de ir a uma agência bancária para demandar servi- ços financeiros; e, por último, discutir um modelo de negócio que possa atender aos desejos dos consumi- dores, com base em pesquisa de comportamento. Tendências Digitais em Finanças 34 Tendências Digitais em Finanças 35 Introdução Com o fim do padrão-ouro, em que o dólar e grande parte das transações financeiras no mundo tinham suas operações indexadas e lastreadas ao preço do ouro e também ao padrão libra-ouro, as operações financeiras no mundo passaram a ser feitas com base em diversas moedas (mas ain- da com a liderança do dólar). Principalmente a partir de 1970, em diversos países, e posteriormente o acordo de Basileia de 1988 – que passou a exigir um capital mínimo para as instituições operarem, o menor grau de regulamentação do mercado financeiro tinha como objetivos diminuir a concentração bancária, equa- lizando a competição entre os bancos e reduzir os riscos de crédito. Mas Allen e Gale (2003) afirmam que os efeitos da regulação da concorrência e na estabilidade financeira é complexo e multifacetado. Não obstante, as barreiras à entrada no mercado financeiro diminuíram em função dos avanços tecnológicos, regulatórios e institucionais. Tais avanços possibilitam o surgimento de fontes alternativas de financiamen- to e liberdade no trânsito de capitais, reduzindo o monopólio da informa- ção e criando novos canais entre credores e devedores. Em contrapartida, o surgimento de grandes conglomerados financeiros pode alterar o nível de competição do setor bancário, dado que os ganhos de escala e esco- po, a representatividade dentro do mercado e sua interdependência com todo o sistema acarretam uma consistente barreira de entrada a novos agentes no mercado (MARTINS, 2011). Entretanto, alguns fatores vêm possibilitando que algumas característi- cas do setor bancário se alterem. O principal deles é a popularização dos smartphones. O dispositivo criou um novo paradigma de pagamento, in- vestimentos, consultas, segurança, etc., e possibilitou a personalização do serviço ao cliente. A vantagem competitiva dos bancos da presença física da rede de agências foi completamente reduzida. As melhores redes de dados móveis possibilitaram ao mercado desen- volver novas plataformas de negócios para seus clientes. As facilidades e vantagens percebidas pelos clientes criaram um processo de desenvolvi- mento acelerado e de concorrência no ambiente de negócios das institui- ções bancárias e financeiras. As novas empresas de tecnologia aplicadasaos serviços financeiros, as fintechs, propõem um novo modelo de negó- cio, com custos operacionais baixos e taxas de serviços mais baratas aos clientes, com o uso de alta tecnologia digital em grande escala. Esse novo modelo de negócio tem como base a tecnologia disponível e iniciativas fundamentadas no comportamento e desejos dos clientes, com foco em uma melhor experiência dos clientes e não em produtos e serviços ofertados pelos bancos. As fintechs têm um papel importante nesse processo de desenvolvimento de um novo modelo de negócio em serviços financeiros, em parceria com os bancos. Os bancos que não implementarem essas mudanças inovadoras estarão com alto risco de perderem participação de mercado para a concorrên- cia. Um dos principais fatores de concorrência nesse mercado é o preço (tarifas e juros), já que a implementação dessas tecnologias permite ope- rações com baixo custo aos clientes e sem a necessidade de agências físi- cas, que também produz o efeito de menores custos e despesas para as instituições financeiras. 1. Fintechs A disrupção gerada pelo avanço das tecnologias digitais está desconstruin- do o modelo tradicional de prestação de serviços financeiros. Nesse mo- mento de transição, é possível ainda observar um modelo híbrido em di- versas instituições financeiras, operando o tradicional com o novo modelo. Vamos entender o que é uma fintech, também como se está desenhan- do esse novo modelo de negócio, com a aplicação de novas tecnologias Tendências Digitais em Finanças 36 digitais aos serviços financeiros. Baseado em desejos e características de uma geração que não acredita em instituições, mas acredita em pessoas, e que são nativos digitais, ou a geração millennials1. Segundo o FintechLab (2016, s/p.) fintechs são definidas como: São iniciativas que aliam tecnologia e serviços financeiros trazendo inova- ções para pessoas e empresas. Isso se reflete em: melhores jornadas de utilização de produtos e serviços que trazem melhores experiências de uso; geração de inteligência a partir de volumes inimagináveis de dados e do conhecimento coletivo para otimizar as decisões; e integração dos diferen- tes elos do mercado de maneira muito mais eficiente, com menos falhas operacionais aumentando a velocidade de transações e reduzindo custos. A associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), em sua definição de fin- techs, considera que empresas, para serem denominadas dessa forma, necessitam ter as seguintes características: base tecnológica intensiva, modelo de negócio altamente escalável e oferecer produtos na área fi- nanceira (BARBOSA, 2018). ASSIMILE Fintechs: uma nova tecnologia aplicada inicialmente para serviços fi- nanceiros, que proporciona uma experiência inovadora para pesso- as e empresas. Além de melhor experiência de consumo, é capaz de estruturar um volume de dados sem precedentes com inteligência artificial que resulta em menores custos de transações e com menos falhas operacionais. Segundo Menat (2017, p.10), “[...] o nascimento e a ascensão das finte- chs estão profundamente enraizados na crise financeira e na erosão da confiança que ela gerou [...]”. E o crescimento dessas empresas é muito expressivo. Segundo a revista britânica The Economist (2015), entre 2013 e 2014, o valor investido em empresas de tecnologia direcionadas ao setor 1 Geração milênio, jovens de 18 a 34 anos. Tendências Digitais em Finanças 37 financeiro aumentou de aproximadamente US$ 4 bilhões para próximo de US$ 12 bilhões no mundo inteiro. O crescimento elevado dos investimentos do fundo de capital de risco nesse novo setor de tecnologia demonstra que uma nova revolução pode estar em curso, assim como ocorreram em outros setores. Algumas em- presas deixaram de ser startups e já estão listadas em bolsa de valores e atingiram valores de mercado superiores a US$ 1 bilhão (BARBOSA, 2018). Esse crescimento exponencial dos investimentos nesse novo setor de tec- nologia indica certamente que é um negócio com projeções de fluxo de caixa positivo e com taxas de retorno atrativas para os investidores. Visto empresas que deixaram de ser startups e passaram a ser listadas em Bolsa de Valores. Também indica que uma das estratégias dos bancos deve ser de implementação dessas novas tecnologias, na direção de construir um novo modelo de negócio ou se aliarem às fintechs para essa implementa- ção e desenvolvimento. O modelo tradicional desse negócio está sendo superado, está em rápida transformação, provavelmente já com seus dias contados. A populariza- ção dos smartphones e o uso crescente dos serviços bancários com o uso de app (application)2 são indicadores dessa tendência, eliminando a ne- cessidade também de agências físicas num futuro breve. Segundo Rosov (2016), há três condições que caracterizam uma ruptura: (1) a entrada em mercado onde os produtos estão saturados ou a en- trada em um segmento não consumidor do mercado; (II) um núcleo tec- nológico que permita ao desafiante melhorar rapidamente a sua oferta para que ele siga uma trajetória relativamente íngreme de melhoria; e (III) assimetria de motivação, em que o desafiante tem mais a ganhar com o ataque do que o desafiado possui de defesa. Conforme o especialista, as três condições são atendidas quando o assunto é a utilização de inte- ligência estatística utilizada por algumas fintechs, realizando o trabalho 2 Aplicativos ou aplicações. Tendências Digitais em Finanças 38 de especialistas em investimentos. Corroborando a ideia de que, sim, as fintechs vão promover a ruptura dos modelos de negócios financeiros tra- dicionais (BARBOSA, 2018, p. 33). A geração millennials, que é composta por consumidores entre 18 a 34 anos, é o principal real consumidor de serviços ofertados pelas fintechs, pois não gosta de ir a agências bancárias, tem grande acesso a ferramen- tas tecnológicas e já está habituada a utilizar diversos serviços com o uso de smartphones, tendo como meio os app e internet. Segundo Gulamhuseinwala, Bull e Lewis (2015), um a cada 5 jovens entre 25 e 34 anos já utilizou pelo menos dois serviços por meio de fintechs. Além do que, em relação à aceitação e adoção dos serviços das fintechs, os autores se debruçaram sobre as razões de não utilização dos serviços e os resultados da pesquisa com algumas pessoas que nunca utilizaram nenhum serviço de fintechs confere que o desconhecimento da existência dos serviços é o principal motivo (com 53,2%), seguido pela falta de neces- sidade (32,3%), preferência por serviços tradicionais (27,7%), ignorância do funcionamento (21,3%) e não confiam nos serviços (11,2%). Ou seja, ainda há uma grande parte da população que desconhece os serviços, o que indica um grande campo de atuação. Os bancos surgiram a partir das necessidades de poupadores e tomado- res, tendo como função principal captar e remunerar o capital dos pou- padores e emprestar aos tomadores ou pessoas e empresas deficitárias, a uma taxa de juros superior ao que será remunerado o capital dos pou- padores. A diferença entre a remuneração do capital dos poupadores e a taxa de juros paga pelos tomadores é o spread bancário, de forma sim- plificada. O spread bancário é composto por impostos diretos, indiretos, custos e despesas operacionais e lucro. No sistema capitalista, a existên- cia dos bancos é fundamental para amenizar os desequilíbrios inerentes a esse sistema econômico, entre poupadores e tomadores de recursos financeiros. Tendências Digitais em Finanças 39 EXEMPLIFICANDO Operação de empréstimo: uma fintech pode conectar um poupador, que pode ser uma pessoa física, com um tomador pessoa física, dis- ponibilizando dados para o poupador avaliar e decidir emprestar seus recursos financeiros ou não. Esses dados podem ser de renda, histó- rico de pagamento, do sistema de proteção ao crédito, dados cadas- trais, etc., do tomador. O tomador também tem acesso à taxa de juros queserá cobrada e prazo para o empréstimo, bem como se é exigida garantia real. Nessa operação, o risco de inadimplência é assumido pelo poupador, a fintech cobrará uma taxa pelo serviço prestado de conectar o poupador ao tomador e pelas informações fornecidas para ambos realizarem o negócio ou não, com uma taxa de serviço menor que os bancos cobram. As fintechs precisam entender bem o modelo tradicional dos bancos para não cometerem os mesmos erros que principalmente os bancos america- nos cometeram na crise imobiliária de 2008. Entender e inovar, fazer di- ferente. Os bancos têm a necessidade de demonstrarem constantemen- te excelentes resultados financeiros para que seus clientes e as agências de classificação de risco possam fazer uma boa avaliação e para que as pessoas sintam segurança em manter seus recursos financeiros nessas instituições, além de remunerar seus acionistas segundo a taxa de retor- no exigida. Além dessa característica necessária, as fintechs podem rapidamente ga- nhar mercado por oferecerem serviços semelhantes, mas com uma expe- riência de consumo diferente, com despesas para os clientes bem mais baixas em relação aos bancos. Com risco de crédito inclusive menor, ao conectar poupadores e tomadores diretamente, em que o credor assume diretamente o risco de inadimplência da operação. Conforme o Fintechlab (2016), dentre essas novas empresas, há pro- postas divididas nas seguintes categorias: pagamentos, gerenciamento Tendências Digitais em Finanças 40 financeiro, empréstimos e negociação de dívidas, investimento, funding, seguros, eficiência financeira, segurança, conectividade e bitcoin/block- chain. Cabe destacar que a literatura relacionada segmenta de diversas formas as fintechs. A segmentação das fintechs, segundo a Finnovista, por exemplo, é dividida em 16 segmentos: 1. pagamento e remessas; 2. criptografia de pagamentos; 3. Performance Management Form (PMF); 4. personal financial management; 5. Loans: Peer-to-Peer (P2P)3; 6. Loans; 7. Weath Management and Investments; 8. Wealth Management: Robo-Advisors; 9. Financial Education & Savings; 10. Enterprise Financial Management; 11. Enterprise Feedback Managment: Collection; 12. Trading & Markets; 13. Scoring, Identy & Fraud; 14. Digital Banking; 15. seguros; 16. crowfunding (financiamento coletivo). Modelo descentralizado em que dois agentes transacionam para comprar ou vender produtos ou serviços diretamente, sem a intermediação de uma terceira parte, ou seja, a transação é realizada diretamente entre o comprador e o vendedor. Tendências Digitais em Finanças 3 41 LINK Este estudo procura analisar, sob o enfoque crítico-reflexivo, o impac- to do surgimento das fintechs e do blockchain no sistema financei- ro, com base em relatórios e na literatura acadêmica. Os resultados desse levantamento bibliográfico revelam que a evolução das fintechs esboça grandes mudanças no cenário financeiro. O desenvolvimento de novas tecnologias, como o blockchain, e consumidores ávidos por melhores serviços impulsionam o crescimento de novas empresas. Ao mesmo tempo que instituições financeiras vislumbram reduções de custos, consumidores alertam que suas insatisfações podem dimi- nuir o ritmo de geração de lucros. Habituados à receita fácil, as insti- tuições financeiras precisam se adequar ao novo cenário em que se encontram, com novos competidores. Da mesma forma, reguladores precisam desenvolver regulações mais flexíveis que proporcionem um ambiente propício para o crescimento das novas empresas, sem pre- judicar a estabilidade do sistema financeiro. Disponível em: <http:// bdm.unb.br/handle/10483/19517>. Acesso em: 19 jun. 2018. Kashyap e Weber (2017) afirmam que o setor de serviços financeiros está em seu estágio inicial de disrupção digital. Todos os serviços financeiros são uma resposta às ações de trocar dinheiro, poupar, investir ou com- prar seguros contra o risco. O papel das novas tecnologias surge para tra- zer conveniência, velocidade e volume dessas transações em um volume nunca imaginado a um preço reduzido. A penetração das empresas orien- tadas para a tecnologia no setor financeiro está direcionada a se apro- fundar, uma vez que a área de finanças está repleta de oportunidades (BARBOSA, 2018, p. 35). O desenvolvimento das plataformas digitais está relacionado a diversos fatores de sucesso. Embora o modelo de banco digital pareça único, é importante identificar o valor agregado pela plataforma digital por cada banco. As características de cada mercado (regulação, comportamento dos clientes, etc.) e de cada banco (base e perfil de clientes, segmentos e Tendências Digitais em Finanças 42 http://bdm.unb.br/handle/10483/19517 http://bdm.unb.br/handle/10483/19517 produtos, etc.) devem ser identificadas para adoção do melhor modelo digital (DELOITTE, 2016). É necessária a constante redefiniçao e testes sobre a experiência do con- sumidor devem ser realizados a fim de identificar problemas e atender a expectativas dos consumidores permanentemente. A criação de estrutu- ras organizacionais que possibilitem a criatividade, flexibilidade e veloci- dade dos processos por meio de equipes especializadas e gestores com larga experiência em projetos de grande escala. Destaca-se a importância da construção de dois modelos operacionais de IT distintos, um deles de- nominado como tradicional (prudente, seguro e estável, direcionado para estrutura interna) e outro direcionado para as soluções do cliente (rápido e flexível) (DELOITTE, 2016). A combinação de iniciativas e novas tecnologias gerou esse fenômeno inovador que são as fintechs em diversos países e está ocorrendo também no Brasil. O sistema financeiro bancário é relevante nas economias capi- talistas e está em um novo estágio de evolução, com o surgimento das fintechs. Direcionadas a oferecer uma nova experiência aos clientes, com alto grau de automatização e baixos custos para as empresas e pessoas, ofertando serviços e produtos semelhantes aos que os bancos já ofertam, com o potencial de não ser mais necessário existir intermediação nas ope- rações – o que depende de alterações significativas na atual regulamenta- ção imposta pelos Bancos Centrais dos países capitalistas principalmente. PARA SABER MAIS O objetivo do artigo é entender como ocorre o processo de inovação em fintechs brasileiras que buscam gerar vantagem competitiva frente aos concorrentes. O estudo é qualitativo e de caso, e foi operaciona- lizado em três empresas: i) Nubank – plataforma digital de cartão de crédito; ii) Warren – plataforma on-line de investimentos; e iii) Tá Pago – plataforma digital de meio de pagamento. A coleta de dados foi feita Tendências Digitais em Finanças 43 mediante entrevistas, e os resultados obtidos sinalizaram que essas empresas decidiram operar no mercado brasileiro pela percepção da carência por serviços customizados no segmento bancário. Em outras palavras, os clientes desejavam um serviço mais dinâmico, com trans- parência e baixo custo. As fintechs proporcionam esse serviço por meio de um capital intelec- tual centrado em desenvolver tecnologias baseadas nos desejos dos clientes, que otimizam processos custosos e burocráticos. As empre- sas possuem um perfil diferente das empresas tradicionais, tanto em relação ao preço do serviço ofertado quanto em características intrín- secas (idade média dos colaboradores é baixa, ausência de vestimen- ta formal, entre outras). Também foi aferido que existem fatores que engessam o processo de inovação (órgãos reguladores, por exemplo), e que ao mesmo tempo funcionam como barreira de entrada a novas empresas. No entanto, a competição foi vista como saudável, pois es- timula o processo de inovação. Disponível em: <http://rit.faculdadefla- mingo.com.br/index.php/publicacoes/article/view/2>. Acesso em: 18 jun. 2018. 1.1 Comportamento doconsumidor O comportamento principalmente da geração millennials e da sociedade em geral tem grande influência no processo de transformação do setor bancário e financeiro. O uso em grande escala dos smartphones no Brasil e no mundo, que podemos denominar como o novo “normal”, e as melho- res redes de dados móveis gerou a possibilidade de criação de platafor- mas novas para a prestação de serviços financeiros. A mobilidade, a velocidade, a conveniência, os menores custos, a expe- riência e percepção que os clientes identificam está gerando um desen- volvimento acelerado e de mais concorrência no setor bancário e finan- ceiro de modo geral. O consumidor está determinando o ritmo dessa Tendências Digitais em Finanças 44 http://rit.faculdadeflamingo.com.br/index.php/publicacoes/article/view/2 http://rit.faculdadeflamingo.com.br/index.php/publicacoes/article/view/2 evolução, a partir de seus desejos e suas exigências para novas experiên- cias de compras. Os nativos digitais têm uma percepção de valor diferente da geração de imigrantes digitais. Os líderes das instituições bancárias financeiras devem pensar e implementar práticas de gestão e de posicionamento no merca- do de modo que possam influenciar todos os clientes. Personalização e experiência de compra dos produtos e serviços são pontos-chave para que os consumidores tenham aderência com a oferta. Os nativos digitais, como dito anteriormente, não percebem mais valor em ir até uma agên- cia bancária. No omni-channel, que é um conceito de atendimento e vendas integrados, seja on-line ou off-line, o cliente pode ter suas demandas atendidas de forma simplificada e rápida. Em virtude da integração, os canais de aten- dimento e venda aos clientes normalmente fazem o cliente ficar satisfeito, por conta da praticidade e rapidez proporcionada por novas plataformas digitais integradas. Em um de seus artigos, a consultoria Accenture Corporation4 aponta que a indústria bancária, historicamente, sempre foi um setor da economia resistente a disrupção tecnológica. Os fatores para essa conclusão orbi- tam em aspectos decorrentes de sua alta robustez, concentração e im- portância. Além disso, o comportamento dos consumidores, no que tan- ge serviços bancários, mostrou-se, via de regra, muito avesso a mudanças rápidas de provedores de serviços. Esses fatores resultam em um setor bancário com ações de ordem econômica defensiva e um modelo de ne- gócios bastante resiliente. Os dados históricos de consumo, as pesquisas sobre o comportamento do consumidor, sobre o funcionamento do cérebro na hora de decidir por uma compra, as emoções, os fatores psicológicos, hábitos e costumes, são elementos cada vez mais importantes para investigação qualitativa 4 MIKLOS et al., 2016. Tendências Digitais em Finanças 45 e quantitativa. Muitas empresas utilizam estes dados para treinar seus times de vendedores, visto que grande parte dos consumidores tomam decisões de consumo que não maximizam sua utilidade. Essa constatação contraria a racionalidade prevista pela teoria econômica, de acordo com diversos estudos da área de neurociência, de como seres humanos são seres completos/inteiros, nas decisões e reações, estão sempre presentes a racionalidade e as emoções, ou seja, ambos são aspectos inerentes ao ser humano e não podem ser dissociados. Na racionalidade existe emo- ção, na emoção existe racionalidade. Gianiodis, Ettlie e Urbina (2014), em estudo sobre inovação em serviços no setor bancário global, evidenciaram as inovações desenvolvidas pelo usuário como parte importante no processo de inovação de serviços ban- cários. Segundo os autores, 55% dos serviços comerciais computadoriza- dos utilizados atualmente foram desenvolvidos e implementados primei- ramente por empresas não bancárias para seu próprio uso e 44% do total de sistemas bancários direcionados para o varejo foram desenvolvidos e implementados inicialmente por usuários individuais em vez de empresas financeiras. Esses dados indicam que os precursores de diversos serviços foram criados pelos próprios usuários para sua própria utilização. Dessa maneira, isso demostra, segundo os autores, uma clara mudança no pro- cesso de inovação no setor bancário e que as empresas capacitadas em gerenciar tais circunstâncias terão mais sucesso. As pesquisas macroeconômicas muito bem realizadas pelos departamen- tos de pesquisas dos bancos são relevantes para o negócio, mas a estru- turação de dados históricos e atuais sobre o comportamento dos consu- midores estão ganhando cada vez mais importância para o desenvolvi- mento e a transformação no setor bancário financeiro. Os investimentos em novas tecnologias e a parceria com as fintechs são ingredientes funda- mentais para a perpetuação dos bancos que ainda estão no modelo tradi- cional. Em um futuro breve, vamos conhecer um modelo de negócio que Tendências Digitais em Finanças 46 ainda não visualizamos e os consumidores terão participação significativa nesse processo, especialmente aqueles entres 18 a 34 anos. No passado recente, o serviço de táxi era um mercado concentrado e cheio de barreiras à entrada, e se manteve assim por pelo menos nos últimos 120 anos. Um novo modelo de negócio, aliado ao uso de app, provocou uma ruptura em um negócio que por décadas era concentrado e muito lucrativo. E rapidamente evoluiu não somente para transporte urbano, mas para entrega de comida, transporte de animais das casas para o pet shop e do pet shop para as casas, etc., com custos mais baixos para os consumidores e ainda criando a percepção nos clientes de que o serviço é de melhor qualidade em relação aos serviços prestados pelo táxi. Esse novo modelo de negócio precisou contar com uma maior flexibilidade re- gulatória governamental para sua implementação e seu êxito. O setor bancário financeiro está em um processo semelhante de ruptu- ra de seu modelo tradicional para a prestação de serviços bancários e financeiros, que também passará pela necessidade de mudanças regu- latórias governamentais por meio dos bancos centrais. A intermediação é uma das partes ameaçadas, pois as novas tecnologias tendem a gerar negócios de pessoa (poupadores) para pessoa (tomadores). A iniciativa das pessoas aliadas ao uso de novas tecnologias criam novos negócios, criaram as fintechs. PARA SABER MAIS as fintechs estão gerando uma disrupção inovadora em modelos de negócios em todo o mundo, seja pela nova tecnologia ou por sua nova concepção de serviços, especialmente para os bancos e demais áreas financeiras. A importância da pesquisa é um dos temas de alta rele- vância dentre aqueles que foram abordados, visto que as instituições financeiras bancárias realizam no atual sistema econômico. Tendências Digitais em Finanças 47 No estudo apresentado, o método utilizado foi qualitativo exploratório a partir de informações secundárias e também por meio de entrevistas, para estudo de viabilidade da implementação de fintechs no mercado. Disponível em: <https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/178364>. Acesso em: 18 jun. 2018. QUESTÃO PARA REFLEXÃO • Qual será o novo papel dos bancos centrais nesse novo modelo de negócio, com as fintechs? • Como serão controladas as operações para garantir um nível aceitável de risco de crédito na economia? • A taxa básica de juros da economia, a Selic, continuará sendo a base para as taxas de juros cobradas pelos poupadores? • O fundo garantidor de crédito continuará existindo? 2. Considerações Finais • Fintechs: uma nova tecnologia que, aliada às iniciativas de pessoas, produz inovações para os serviços financeiros com melhor experi- ência de consumo e operacionalização para as empresas. • Geração milênio: pessoas entre 18 a 34 anos, com acesso a ferra- mentas tecnológicas digitais, com o uso de smartphone, não têm a percepção de valor ao ir a uma agência bancária; são nativos digi- tais, não acreditam em instituições, tendem
Compartilhar