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TECNOLOGIAS APLICADAS AO ENSINO DA MÚSICA DANIEL LEMOS CERQUEIRA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA NÚCLEO DE TECNOLOGIAS PARA EDUCAÇÃO - UEMAnet UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL - UAB CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA TECNOLOGIAS APLICADAS AO ENSINO DA MÚSICA Daniel Lemos Cerqueira Cerqueira, Daniel Lemos Tecnologias aplicadas ao ensino da música [e-Book]. Daniel Lemos Cerqueira. – São Luís: UEMA; UEMAnet, 2019. 59 p. ISBN: 1. Tecnologias. 2. Manipulação sonora. 3. Sons. 4. Música no computador. 5. Partituras. I. Título. CDU: 78:004 Os materiais produzidos para os cursos ofertados pelo UEMAnet/UEMA para o Sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB são licenciados nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhada, podendo a obra ser remixada, adaptada e servir para criação de obras derivadas, desde que com fins não comerciais, que seja atribuído crédito ao autor e que as obras derivadas sejam licenciadas sob a mesma licença. Reitor Gustavo Pereira da Costa Vice-Reitor Walter Canales Sant´ana Pró-Reitora de Graduação Zafira da Silva de Almeida Núcleo de Tecnologias para Educação Ilka Márcia Ribeiro S. Serra - Coordenadora Geral Sistema Universidade Aberta do Brasil Ilka Márcia R. S. Serra - Coord. Geral Lourdes Maria P. Mota - Coord. Adjunta | Coord. de Curso Coordenação do Setor Design Educacional Cristiane Peixoto - Coord. Administrativa Maria das Graças Neri Ferreira - Coord. Pedagógica Professor Conteudista Daniel Lemos Cerqueira Revisão de Linguagem Jonas Magno Lopes Amorim Designer de Linguagem Clécia Assunção Silva Designer Pedagógico Paulo Henrique Oliveira Cunha Projeto Gráfico e Diagramação Tonho Lemos Martins Capa Rômulo Coêlho UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO 4Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Quando o assunto é tecnologia, os escritos sobre o tema ficam rapidamente desatualizados frente à rapidez com que novas ferramentas estão sendo desenvolvidas na atualidade. Tal fato levou à elaboração deste e-Book, pois nosso livro de 2013 já estava ultrapassado – principalmente por não abordar aplicativos para smartphones, cujo usufruto pela população superou o de computadores pessoais no Brasil, com base em pesquisa do DataFolha de 2018. Assim como antes, privilegiamos os programas livres por acreditarmos em seu potencial de desenvolvimento e acesso irrestrito ao conhecimento. Entretanto, temos de ficar atentos para que as “maravilhas” da tecnologia não nos ofusquem, levando-nos a viver somente no futuro. Precisamos sempre olhar para o passado e compreender a tecnologia como um meio, e não como um fim. Todas as novas ferramentas provêm de conhecimentos consolidados há tempos, e de maneira geral, as inovações tecnológicas apenas facilitam nossas tarefas diárias, trazendo conforto – e com ele, a perigosa conformidade. Se hoje podemos ouvir música a todo instante, bastando ter apenas um fone de ouvido e uma playlist, é porque houve um extenso processo que envolveu computação, registro dos sons, composição musical, processo de captação e edição com ensaios exaustivos dos músicos, a indústria da música, o direito autoral e o embate entre produção artística e mercado. O fato de um teclado eletrônico fazer a transposição automática da tonalidade não exime o tecladista de saber transpor na prática. Aqui temos uma clara situação do perigo que envolve a tecnologia: ela não pode nos tornar menos humanos. Pense nisso! Daniel Lemos Pianista APRESENTAÇÃO 5Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música SUMÁRIO UNIDADE 1 – Tecnologias de manipulação sonora............... 6 1.1 Introdução........................................................................... 6 1.2 Documentação e registro de ondas sonoras....................... 7 1.3 Síntese de sons................................................................... 15 Referências......................................................................... 19 UNIDADE 2 – Sons e música no computador........................ 20 2.1 Conceitos elementares........................................................ 20 2.2 O registro sonoro no computador........................................ 23 2.3 Programas para manipulação sonora................................. 27 2.4 Outros programas de áudio................................................. 35 Referências.......................................................................... 44 UNIDADE 3 – Edição e manipulação de ondas sonoras....... 45 3.1 Preparação.......................................................................... 45 3.2 Obtendo o áudio.................................................................. 46 3.3 Operações básicas.............................................................. 48 Referências......................................................................... 52 UNIDADE 4 – Editoração de partituras................................... 53 4.1 Apresentação...................................................................... 53 4.2 Iniciando a editoração musical............................................ 54 4.3 Digitalização de melodias.................................................... 54 Referências......................................................................... 59 SUMÁRIO 6Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música U N ID A D E TECNOLOGIAS DE MANIPULAÇÃO SONORA 1 OBJETIVOS • Estudar os meios de registro e manipulação dos sons; • Revelar os equipamentos eletroacústicos desenvolvidos desde o século XIX. 1.1 Introdução Quando tratamos da palavra “tecnologia”, sempre nos vem à mente os produtos mais recentes que interferem em nosso dia a dia, como a televisão, internet, celulares com recursos cada vez mais sofisticados, drones, impressoras 3D e, inclusive, a possibilidade de fazer um curso superior de música a distância – algo impensável décadas atrás. No entanto, precisamos recorrer à historicidade para compreender mais profundamente o sentido da tecnologia – termo derivado do grego techné, que se refere aos conhecimentos e habilidades do ser humano para realizar determinadas tarefas cotidianas. Nesse sentido, a tecnologia é um meio para a realização de uma atividade. Esse entendimento se relaciona ao conceito de “técnica” proposto por Oliveira: A técnica é tão antiga quanto o homem, da mesma forma que a ‘sabedoria’. Ela aparece com a fabricação de instrumentos, o que nos faz concluir que surge com o aparecimento do homem na face da Terra. A fabricação da pedra lascada corresponderia a um saber fazer, a uma técnica. Esta fabricação e o aparecimento do homem são considerados fatos simultâneos. Seguindo esse raciocínio, a técnica é originalmente um saber fazer que caracteriza a presença de uma cultura humana (OLIVEIRA, 2008, p. 3). Aqui, podemos estabelecer uma relação com os instrumentos musicais, que são os meios mais antigos de tecnologia voltada ao fazer musical. A voz e o corpo são os elementos básicos que o ser humano dispõe para a produção sonora, dos quais provêm os instrumentos musicais: sopros, cordas, teclas, percussão 7Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música e, mais recentemente, os eletroacústicos. A priori, todos eles têm em comum a relação com o corpo humano – dando origem à técnica instrumental, que trata dos saberes e habilidades necessários para o fazer musical por meio de um determinado instrumento. Mais uma vez, entendemos a técnica como um meio, e não como um fim – essa última concepção serviu de alicerce para boa parte dos referenciais didáticos de Música durante o século XIX, nos quais se considerava o domínio técnico do instrumento como o objetivo final do aprendizado, em vez do fazer musical em si. Felizmente, essa problemática já foi superada nas escolas de música e conservatórios de hoje. 1.2 Documentação e registro de ondas sonoras Retomando a discussão sobre tecnologia,temos como característica recorrente as mudanças cada vez maiores que elas proporcionam em nosso dia a dia. Em especial, uma delas modificou em definitivo a relação do ser humano com o fazer musical: a possibilidade de registrar e reproduzir ondas sonoras. Até então, a única maneira de ter contato com a produção musical era indo a eventos com música ao vivo ou aprendendo a cantar ou tocar um instrumento – evidenciando, assim, a música como um tipo de prática cultural. Segundo Holmes (2008, p. 6), as primeiras tentativas de desenvolver o registro sonoro datam do século XIX, paralelamente à invenção do telégrafo e do telefone. O autor oferece destaque às experiências com instrumentos eletroacústicos, capazes de gerar sons artificiais a partir de ondas sonoras simples – os primeiros sintetizadores. Sobre a possibilidade de gravar sons, os meios de registro que obtiveram sucesso de repercussão na época foram, segundo Sá: O primeiro deles é o fonógrafo de Thomas Edison, desenvolvido em 1877, que se utilizava de cilindros para gravação elétrica e reprodução sonora (ainda que não fizesse cópias). E o segundo é o gramofone (Figura 2) que, desenvolvido por Berliner em 1888, avançou em relação ao seu contemporâneo ao possibilitar a reprodução e a cópia através de discos feitos de goma-laca (shellac) reproduzidos numa matriz de cobre, permitindo a gravação de um só lado (SÁ, 2009, p. 57). 8Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Conforme podemos observar na Figura 1, o fonógrafo é composto por uma alavanca que gira um cilindro no qual estão registradas as ondas sonoras na forma de sulcos. Estes últimos servem de caminho para uma agulha que, no giro do cilindro, também vibra, estando ligada a um amplificador acústico natural – semelhante a um cano – que aumenta a intensidade das ondas, reproduzindo-as. Figura 1 - Primeiro fonógrafo, construído em 1877 por Thomas Edison Fonte: Museu de Inovação e Ciência de Schenectady, Nova York (KELLNER, 2018) 9Tecnologia Aplicada ao Ensino da Música O gramofone, assim como os modernos toca-discos de goma-laca (78 rotações por minuto), vinil (45 rpm) e long-play (LP, de 33,3 rpm), baseia-se no mesmo mecanismo do fonógrafo, no qual a agulha acompanha o desenho das ondas sonoras registradas em um disco. Em ambos, é preciso haver um amplificador acústico, sendo nesse caso uma espécie de campana, semelhante a um instrumento do naipe de metais (Figura 2): Figura 2 - Primeiro gramofone, exibido em 1888 por Emil Berliner Fonte: (SARNOFF, 2019) 10Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Devido à possibilidade de gravar e não apenas reproduzir o som, o gramofone obteve ampla difusão comercial, favorecendo o estabelecimento de uma indústria ligada ao registro e comercialização de fonogramas – termo referente a qualquer tipo de suporte voltado ao armazenamento de sons. Segundo nos dizem Carvalho e Rios (2009, p. 75), a próxima inovação no suporte sonoro ocorreu somente na década de 1970 com as fitas cassete (K7), cujo registro das ondas ocorre por meio de magnetismo – um cabeçote induzido por corrente elétrica grava ou reproduz as informações em uma fita magnética ligada a dois rolos (Figura 3). Figura 3 - Exemplo de fita cassete Fonte: Acervo do Autor, em 2019 11Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Na década de 1980, surgiu outro tipo de suporte fonográfico: o compact disc (CD), também conhecido como disco a laser (Figura 4). Sua diferença em relação aos fonogramas mais comercializados de até então é a natureza digital do armazenamento de dados – em oposição ao registro analógico. No CD, as informações são registradas na superfície do disco através de furos que podem ser brilhantes (refletem a luz) ou escuros, sendo a leitura feita através de um feixe de laser. Trata-se de um sistema digital binário que, a grosso modo, armazena dois tipos de informação: zero (sem reflexão do feixe de laser) ou um (com o feixe refletido). Em Ciências da Computação, esse valor binário é denominado bit – abreviatura de Binary Digit (dígito binário). Figura 4 - Exemplo de discos a laser (CD e mini CD) Fonte: Acervo do Autor, em 2019 12Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música O destaque do CD, e demais sistemas digitais de armazenamento, é a qualidade da reprodução, que não possui perdas de dados. No entanto, o registro consiste em uma aproximação do formato natural da onda sonora – em oposição aos sistemas analógicos, que armazenam sua forma original. A seguir uma aproximação de uma onda analógica ao ser convertida em sua equivalente digital (Figura 5): Figura 5 - Ilustração de uma onda analógica convertida em sinal digital Fonte: Elaborada pelo Autor (2019) Assista ao vídeo Qual a diferença entre sinal analógico e digital?, do canal Nerdologia. Disponível em: <https://youtu. be/p3IQU-PmJGU>. 13Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Elencamos os principais desdobramentos histórico-culturais do período de criação do suporte físico de registro sonoro até o final da década de 1980: a) Registro da produção sonora e/ou musical de culturas diversas do mundo para fins de pesquisa, especialmente na atual subárea de Etnomusicologia; b) Documentação de diferentes apresentações públicas (performances) e tomadas de decisões interpretativas de músicos no repertório ao longo do tempo; c) Criação musical (Composição) a partir de sonoridades – objetos sonoros – e não mais restrita aos elementos da música tradicional (melodia, harmonia, orquestração, uso de instrumentos musicais e/ou sons naturais, entre outros); d) Difusão da música acusmática – composta exclusivamente para audição através de mecanismos de reprodução sonora (alto-falantes, amplificadores, etc.), envolvendo a espacialização do som – percepção de distância, movimento e efeito surround, entre outros. e) Acesso da população à produção musical por intermédio de equipamentos e não mais por músicos ou coletivos musicais; f) Estabelecimento de uma “indústria da música”1 através da difusão de gravações nos meios de comunicação em massa; g) Embate entre os responsáveis pelo processo criativo (músicos) e os detentores dos meios de divulgação e circulação da produção musical (gravadoras, emissoras, etc.), principalmente na questão de direito autoral. Assista Curara II de Rodolfo Caesar, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um dos principais compositores brasileiros da música acusmática. Disponível em: <https:// youtu.be/PumhWKNfjos>. Ouça com os fones de ouvido para perceber a espacialização do som! _________________ 1 Termo utilizado em estudos sobre música pertencentes à área de Comunicação Social. 14Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Há uma vasta literatura sobre a produção musical e o mercado durante o século XX, com discussões acerca da interferência estética das convenções mercadológicas no processo criativo2, a adaptação de repertório e da interpretação à duração dos programas de rádio e à capacidade dos tipos de suporte (os discos de goma-laca registram entre 2 e 3 minutos cada lado, discos a laser gravam até 70 minutos e fitas cassete têm versões para 30, 60 e 90 minutos, por exemplo), a relevância do álbum musical na indústria fonográfica da época, e questões do direito autoral e de royalties artísticos – dividendos de comercialização e circulação das gravações. Aqui, a tecnologia está diretamente inserida, especialmente nos tipos produção musical ligados ao mercado fonográfico – como, por exemplo, a música de concerto e a música popular urbana massiva. Para quem deseja se aprofundar no tema, recomendamos os livros de Perpétuo e Silveira (2009) e Bennett (2010). Na década de 1990, dois fatores levaram a outra mudança sensível nas relações da sociedade com a produção musical: a) O custo cada vez mais barato dos recursos tecnológicos voltados à produção musical, permitindo o estabelecimento de estúdios independentes – home studios; b) O sensível aumento da difusão e circulaçãoda música, inicialmente com a gravação de discos a laser e, depois, a partir do intercâmbio de arquivos digitais pela internet – principalmente no formato MP3. Naturalmente, as corporações estabelecidas na indústria da música, que até então controlavam a difusão e comercialização do repertório, foram abaladas por esse novo cenário, passando por uma necessária reconfiguração. Plataformas de streaming de áudio – método que consiste na reprodução de arquivos sonoros através da internet3 – como Deezer e Spotify, entre outras, assumiram o papel de intermediar a produção musical e o público. Nesse contexto, o ouvinte4 pode escolher apenas as faixas que deseja ouvir – motivo que levou à abolição do álbum musical. Há, ainda, a volta do investimento em apresentações públicas ao vivo – retomando um contexto semelhante ao que vigorou até o século XIX. Destacamos o cenário favorável à produção musical independente, que pode promover a criação e a difusão sem ficar à mercê dos interesses comerciais corporativistas. Entretanto, esses últimos continuam dominando uma parcela significativa da indústria da música. _________________ 2 Um conhecido estudioso do tema é o filósofo alemão Theodor Adorno. Indicamos o livro “Indústria Cultural e Sociedade” para aprofundamento (ADORNO, 2009). 3 Essa técnica de difusão é semelhante ao broadcasting das emissoras de rádio durante a primeira metade do século XX, que contratavam músicos para as transmissões ao vivo. Depois que as rádios começaram a ter bibliotecas de gravações, não houve mais contratações. 4 Nas pesquisas de Comunicação Social sobre música, é corrente o uso do termo “consumidor” – palavra que ainda nos gera muito incômodo, pois ignora o lado simbólico da apreciação musical. 15Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música 1.3 Síntese de sons Em paralelo ao desenvolvimento dos mecanismos de registro e reprodução sonora, havia o desejo de tornar possível a criação de sons não existentes na natureza. E para esse fim, foram desenvolvidos os sintetizadores, equipamentos capazes de criar – sintetizar – ondas sonoras. Segundo Holmes (2008, p. 6-8), o físico alemão Hermann von Helmholtz (1821- 1894) elaborou os primeiros estudos relevantes sobre ondas magnéticas, acústica e seus efeitos na percepção auditiva. Na década de 1890, o então estudante de música Thaddeus Cahill (1867-1934) se interessou pelo tema, e com base nos princípios para geração de ondas sonoras por meios elétricos, construiu em 1897 o Telarmônio. Esse é um dos primeiros sintetizadores fabricados, capaz de produzir frequências fixas – que soam como notas musicais – a partir de um teclado sensitivo. No entanto, devido às limitações tecnológicas da época, o sistema de circuitos do Telarmônio era enorme e pesava cerca de 180 toneladas, fazendo com que ocupasse um quarteirão inteiro. A primeira imagem adiante mostra a localização do teclado (Figura 6), enquanto a seguinte apresenta parte do seu sistema de circuitos (Figura 7): Assista Como funciona o mercado da música?, do canal Starge Music. Disponível em: <https://youtu.be/4ed3DGWw5V0>. Fi gu ra 6 - Lo ca l o nd e fic av a o te cl ad o do T el ar m ôn io Fo nt e: (C R AB , 2 01 9) 16Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Figura 7 - Parte do sistema de circuitos do Telarmônio Fonte: (CRAB, 2019) Os primeiros sintetizadores se baseiam na síntese de ondas sonoras simples, a exemplo da senóide. Exemplos dessa última são as frequências geradas pelo telefone. Apresentamos os quatro tipos elementares de ondas sintetizadas (Figura 8): Figura 8 - Os quatro tipos elementares de ondas sintetizadas Fonte: (WIKIPEDIA COMMONS, 2019), com alterações do Autor 17Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música O equipamento que gera tais tipos de onda sonora se chama oscilador, sendo um componente básico dos sintetizadores. Esses últimos, por sua vez, podem gerar tipos variados de ondas através da combinação de osciladores, sendo um método de síntese sonora. Alguns deles são: a) Síntese aditiva: quando osciladores com frequências, intensidades e formas de onda distintas são combinados para formar uma onda sonora mais complexa; b) Síntese subtrativa: possui como fonte sonora ondas complexas, aplicando filtros – componentes que alteram altura, duração, intensidade e forma de onda (os elementos sonoros) – para remover ou silenciar determinados aspectos do som; c) Modulação de frequência (Frequency Modulation – FM): parte de uma onda como base para modificar a frequência de outra onda, gerando um som com múltiplas frequências. É um método recorrentemente utilizado em ondas de rádio; d) Tabela de ondas (Wavetable): utiliza como fonte sonora uma lista com várias formas de onda pré-definidas em que há apenas o registro de seu primeiro período, sendo a manipulação sonora feita através de filtros. Somente no final da década de 1960 a tecnologia foi desenvolvida a ponto de tornar possível a fabricação de sintetizadores – que eram analógicos – em larga escala para fins comerciais. A partir da década seguinte, novos métodos de síntese foram sendo desenvolvidos, a exemplo da tabela de ondas (Wavetable). Com o aumento da memória dos sintetizadores, tornou-se possível gravar ondas sonoras completas através de um mecanismo semelhante ao Wavetable, dando origem ao sampler5 – equipamento que combina o registro de ondas sonoras naturais com a manipulação de elementos do som. A seguir, um modelo genérico desses equipamentos – sintetizadores e samplers (Figura 9): Assista Tipos de onda e osciladores, do projeto 4i20. Disponível em: <https://youtu.be/pCn3MPugny8>. _________________ 5 Termo proveniente do anglicanismo sample, melhor traduzido como “amostra sonora” ou simplesmente “som”. 18Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Figura 9 - Modelo genérico para instrumentos musicais eletroacústicos Fonte: Elaborada pelo Autor ATIVIDADE 1 Você conhece músicas que fazem uso apenas de instrumentos eletroacústicos? E de instrumentos acústicos? Procure na internet duas gravações de músicas que fazem uso somente de meios eletroacústicos, e duas que contemplam formações instrumentais acústicas. Resumo Esta Unidade abordou uma breve discussão sobre as relações da tecnologia com as práticas musicais, direcionando o tema para os processos de registro sonoro e síntese artificial do som. Posteriormente, foram apresentados os elementos básicos dos instrumentos musicais eletroacústicos voltados à manipulação sonora. 19Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Referências ADORNO, T. Indústria Cultural e Sociedade. 5. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009. BENNETT, D. E. La Música Clásica como Profesión: Pasado, presente y estrategias para el futuro. Barcelona: Editorial Graó, 2010. CARVALHO, A. T.; RIOS, R. O MP3 e o fim da ditadura do álbum comercial. In: PERPETUO, S. A. S.; MARINHO, I. F. O futuro da música depois da morte do CD. São Paulo: Momento Editorial, 2009. p. 75-90. CRAB, S. 120 Years of Electroacoustic Music: The ‘Telharmonium’ or ‘Dynamophone’ Thaddeus Cahill, USA 1897. Disponível em: <http://120years. net/the-telharmonium-thaddeus-cahill-usa-1897>. Acesso em: 13 set. 2019. HOLMES, T. Electronic and Experimental Music: Technology, Music, Culture. 3. ed. Londres: Routledge, 2008. KELLNER, T. Before The Grammys: How Thomas Edison Invented the Music Industry. Disponível em: <https://www.ge.com/reports/before-the-grammys-how- thomas-edison-started-the-music-industry>. Acesso em: 28 jan. 2018. OLIVEIRA, E. A. A técnica, a techné e a tecnologia. Itinerarius Reflectionis, v. 2, n. 5, p. 1-13, jul/dez-2008. PERPETUO, S. A. S.; MARINHO, I. F. O futuro da música depois da morte do CD. São Paulo: Momento Editorial, 2009. SÁ, S. P. O CD Morreu? Viva o vinil! In: PERPETUO, S. A. S.; MARINHO, I. F. O futuro da música depois da morte do CD. São Paulo: Momento Editorial, 2009. p. 49-74. SARNOFF, D. The Victor Talking Machine Company: chapter three – EmileBerliner. Disponível em: <http://www.davidsarnoff.org/vtm-chapter3.html>. Acesso em: 10 set. 2019. WIKIPEDIA COMMONS. File: Waveforms.png. Disponível em: <https://commons. wikimedia.org/wiki/File:Waveforms.png>. Acesso em: 13 set. 2019. 20Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música U N ID A D E SONS E MÚSICA NO COMPUTADOR 2 OBJETIVOS • Compreender os conceitos elementares do processamento de sons em computadores; • Conhecer programas de computador voltados a práticas sonoras e musicais. 2.1 Conceitos elementares Antes dos computadores pessoais, as atividades de registro, manipulação e produção de sons eram árduas, restritas a profissionais especializados em estúdios com equipamentos complexos e caros. No entanto, eles são responsáveis por desenvolver os conceitos básicos que utilizamos até hoje em softwares (programas) de áudio. A partir da segunda metade do século XX, houve um sensível movimento na música eletroacústica – aquela produzida por meios elétricos e/ou eletrônicos. Dentre os principais nomes, temos o francês Pierre Schaeffer (1910-1995), que propôs o “solfejo do objeto sonoro” – uma tentativa de analisar todos os aspectos físico-acústicos de um som – em parceria com o filósofo e teórico Abraham Moles (1922-1999). Os quatros elementos do solfejo do objeto sonoro são: a) altura; b) duração; c) intensidade; d) timbre (SCHAEFFER, 2007, p. 16; HOLMES, 2008, p. 45- 46). Como técnica composicional, Schaeffer propôs três planos para o processo criativo: 1) Plano Espectral6: desenvolvimento do timbre nas frequências percebidas pelo ouvido humano ao longo do tempo; 2) Plano Dinâmico: condução das intensidades dos sons em função do tempo; 3) Plano Melódico: organização de alturas (frequências) ao longo do tempo. _________________ 6 Optamos pelo termo “espectral” por melhor representar as propriedades desse plano – ao invés de “timbrístico”, que seria a tradução mais adequada. 21Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Moles apresentou esses conceitos em um gráfico tridimensional (Figura 10): Figura 10 - Visualização tridimensional de um objeto sonoro por Abraham Moles Fonte: (HOLMES, 2008, p. 46), adaptada pelo Autor Vamos agora entender essa imagem complexa. O primeiro conceito, visível no Plano Dinâmico (intensidade x tempo), é o envelope ADSR ou simplesmente envelope, que delimita os quatro momentos de intensidade para as ondas sonoras. Ao tocarmos a tecla de um piano, por exemplo, temos no momento inicial o ataque (attack), caracterizado por uma rápida ascensão da intensidade do som; em seguida, ocorre o decaimento (decay) da dinâmica; se mantivermos a tecla pressionada, haverá a sustentação (sustain) do som; por fim, à medida que as cordas cessam de vibrar, ocorre o repouso (release). No Plano Melódico (altura7 x tempo), temos a sucessão de alturas/frequências ao longo do tempo, indicando tanto o caráter melódico (horizontal) quanto harmônico (vertical) da sequência de sons. Eis um exemplo de gráfico nas dimensões frequência x tempo (Figura 11): _________________ 7 Na área de Física, “altura” ou “amplitude” se referem ao que na Música entendemos por “dinâmica” ou “intensidade”. 22Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Figura 11 - Notação musical tradicional como gráfico de frequência x tempo Fonte: Elaborada pelo Autor Já no Plano Espectral (altura x intensidade), temos a curva de audibilidade, indicando que alturas/frequências são captadas pelo ouvido humano. O gráfico a seguir ilustra com maiores detalhes esse conceito (Figura 12): Figura 12 - Curva de audibilidade Fonte: (MACHADO, 2019), adaptada pelo Autor O ouvido humano é especializado em captar frequências na região da voz humana, isto é: entre 1 e 3 KHz. Sons com intensidade a partir de 120 dB, no geral, causam dor; se a exposição for prolongada, podem haver danos permanentes de audição. 23Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música O ouvido humano é especializado em captar frequências na região da voz humana, isto é: entre 1 e 3 KHz. Sons com intensidade a partir de 120 dB, no geral, causam dor; se a exposição for prolongada, podem haver danos permanentes de audição. 2.2 O registro sonoro no computador Os primeiros computadores desenvolvidos no século XX eram restritos a empresas e laboratórios de pesquisa devido tanto a seu tamanho quanto ao alto custo. Foi apenas na década de 1980 que modelos voltados ao público em geral começaram a ser produzidos em larga escala, sob o nome de personal computer (PC). Como a capacidade de armazenamento e processamento era relativamente limitada, não havia possibilidade de registrar digitalmente as ondas sonoras. Logo, o primeiro formato de áudio para PC baseou-se no registro de informações dos quatro elementos descritos no solfejo do objeto sonoro de Schaeffer, sendo conhecido por Protocolo MIDI ou apenas MIDI – sigla para “Musical Instrumental Digital Interface”. Resumidamente, os dados de um arquivo MIDI contêm as informações de altura (nota musical), duração, intensidade (volume), timbre (número do instrumento de 0 a 127) e canal (máximo de 16 canais). Ele é, portanto, semelhante à partitura: baseia-se em instruções – indicações – para gerar sons. Esses últimos, por sua vez, precisam ser sintetizados, ou seja: um sintetizador interno do computador lê as informações do arquivo e as transforma em sonoridades. Os 128 instrumentos MIDI obedecem a uma ordem padrão estabelecida internacionalmente em 1991, chamada de General MIDI e presente em todos os equipamentos produzidos No Maranhão, a cultura das radiolas e do som automotivo gera recorrentemente exposições prolongadas e danosas à audição, chegando a ser uma questão de saúde pública que, infelizmente, passa despercebida pela população. Portanto, nossos educadores musicais também têm a importante missão de conscientizar os estudantes sobre esse problema! 24Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música desde então. O quadro adiante oferece a numeração dos instrumentos disposta no referido padrão (Quadro 1): Quadro 1 - Definições de instrumentação/timbres do padrão General MIDI Numeração Instrumentação 1 a 8 Piano (de cauda, vertical, elétrico, cravo...) 9 a 16 Percussão cromática (celesta, vibrafone, marimba, dulcimer...) 17 a 24 Órgão (de tubos, acordeon, harmônica...) 25 a 32 Violão (de nylon, de aço, elétrico, distorcido, harmônicos...) 33 a 40 Contrabaixo dedilhado (acústico, elétrico, slap, sintetizado...) 41 a 48 Cordas, harpa e tímpano (violino, viola, violoncelo, naipe em tutti...) 49 a 56 Grupos de câmara (cordas, coro, voz, orquestra...) 57 a 64 Metais (trompete, trombone, tuba, trompa, naipe em tutti...) 65 a 72 Madeiras com palheta (saxofone, oboé, fagote, clarineta...) 73 a 80 Sopros de tubos (pícolo, flauta transversal, flauta doce, ocarina...) 81 a 88 Sintetizadores melódicos (synth lead) 89 a 96 Sintetizadores para acompanhamento harmônico (synth pad) 97 a 104 Efeitos sintetizados (chuva, cristal, atmosfera, goblins...) 105 a 112 Instrumentos étnicos (cítara, banjo, koto, kalimba...) 113 a 120 Percussão (agogô, claves, prato...) 121 a 128 Efeitos sonoros (respiração, marés, pássaros, helicóptero, aplausos...) Fonte: Elaborado pelo Autor À medida que a tecnologia computacional foi sendo aprimorada, aliada a um menor custo do hardware (dispositivos físicos e equipamentos do computador), o armazenamento das ondas sonoras reais se tornou acessível ao público em geral. O primeiro formato de arquivo com maior repercussão foi o Wave, da empresa Microsoft, e o AIFF da Macintosh. Ambos se baseiam no registro aproximado da onda sonora através da conversão das ondas analógicas, captadas por microfones, para o sinal digital. Posteriormente, formatos que envolvem métodos para compactação de dados se tornaram mais recorrentes, entre eles o FLAC (Free Audio Losless Codec) – o qual não gera perda de dados – o OGG (Ogg Vorbis) e o famoso MP3 (MPEG-1/2 Audio Layer 3), capaz de reduzir em cerca de 90% o tamanho do arquivo eque proporcionou uma revolução no compartilhamento musical através da internet. Além da compressão dos dados, o tamanho dos arquivos varia conforme a precisão do armazenamento com base nos seguintes parâmetros: 25Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música a) Resolução horizontal da onda – velocidade de reprodução dos dados medida em frequência, chamada de Taxa de Amostragem, sendo as mais comuns 11.025 Hz, 22.050 Hz e 44.100 Hz; b) Resolução vertical da onda – medida como taxa de bits, sendo 8, 16 e 24 os valores mais recorrentes; c) Quantidade de canais – em arquivos monofônicos (ou simplesmente mono), há apenas uma faixa de dados. Os estereofônicos (estéreo) possuem duas faixas, sendo uma para o canal esquerdo e o outro para o direito – chamados de binaural em referência a nossos dois canais auditivos. Arquivos com mais canais são chamados multitrilha, a exemplo dos sistemas de home theater denominados 5.1 por terem 6 canais – esquerdas frontal e traseira, direitas frontal e traseira, centrais normal e subwoofer; d) Taxa de bits – utilizada em formatos com compactação de dados onde definimos uma quantidade de bits por segundo, indicada geralmente em kbps (kilobits por segundo). Na prática, esse parâmetro está ligado à resolução horizontal da onda. Por exemplo: um arquivo com 44,1 KHz e 16 bits gera uma taxa de 705,6 kbps (44.100 bytes por segundo x 16, pois 1 byte corresponde a 8 bits). Para fins de comparação, a taxa de bits padrão para arquivos MP3 é de 128 kbps – cerca de 18% menor que um arquivo WAV com a mesma resolução. A seguir, uma ilustração de como cada um desses parâmetros influencia o sinal armazenado (Figura 13): Figura 13 - Parâmetros para o armazenamento digital de ondas sonoras Fonte: Elaborada pelo Autor 26Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Com a facilidade do armazenamento das ondas sonoras em computadores mais recentes, o protocolo MIDI passou a focar em outra de suas funções: a comunicação entre dispositivos e interfaces de áudio. Através de redes MIDI, podemos registrar apenas os ataques dos instrumentos musicais, sendo mais fácil modificá-los em caso de erros em comparação às edições feitas diretamente nas ondas sonoras. O MIDI também é utilizado em casos de performances ao vivo, pois a baixa quantidade de dados do seu protocolo permite um rápido intercâmbio das informações. Além disso, um novo tipo de arquivo surgiu em substituição aos sintetizadores nativos dos computadores para a reprodução MIDI que, em geral, não dispunham de uma qualidade sonora desejável: os Soundfonts (“fontes sonoras” em tradução literal), cujos formatos mais conhecidos são SFZ e SF2. Esses arquivos trazem ondas sonoras pré-gravadas para cada instrumento, e durante a leitura dos arquivos MIDI, tais sons são reproduzidos com base nos parâmetros do ataque – transpostos para a altura da nota e amplificados ou reduzidos conforme a intensidade indicada. Trata-se, portanto, de um mecanismo semelhante à tabela de ondas (Wavetable) – vista na Unidade 1. Outro tipo de arquivo baseado nesse mesmo princípio são os módulos, que podem possuir a extensão MOD, STM ou S3M (para o programa Scream Tracker), IT (para Impulse Tracker), RNS ou XRNS (para Renoise). A edição desses arquivos é feita nos chamados trackers, um tipo de sequenciador – programas voltados à edição de áudio semelhante ao protocolo MIDI. Estudaremos com mais detalhes os trackers na seção a seguir, que aborda os programas para manipulação de áudio para computadores. Assista a esta breve comparação sonora entre gravações em 8, 16, 32 e 48 KHz. Disponível em: <https://youtu.be/RBG-- ZuwOkA>. 27Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música 2.3 Programas para manipulação sonora Apesar da grande diversidade de interfaces de usuário – apresentação visual dos programas – dos aplicativos de áudio, todos eles se baseiam na manipulação dos mesmos elementos sonoros que estudamos até aqui. Cabe, então, descobrirmos como cada programa disponibiliza suas ferramentas. Como o formato MIDI foi o primeiro tipo de registro sonoro a ser implementado em computadores pessoais, começaremos pelos editores voltados a esse tipo de arquivo: os sequenciadores. Eles possuem essa denominação por serem baseados na inserção de informações para a produção ou interrupção do som – em contraponto aos editores de ondas sonoras gravadas, que são lineares. A interface mais comum dos sequenciadores é chamada de piano roll – melhor traduzida como “piano vertical” – que possui um teclado à esquerda da tela (Figura 14): Figura 14 - Interface elementar dos sequenciadores, baseada no MIDI Editor Fonte: Elaborada pelo Autor 28Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Aqui, nessa peça que possui uma melodia com acordes, podemos perceber que as alturas são posicionadas verticalmente conforme o teclado de piano, as durações são representadas pela extensão dos retângulos e as cores destes últimos dizem respeito ao instrumento. Na parte inferior da tela, os gráficos representam a intensidade de cada som registrado. Esses são, portanto, os elementos visuais básicos dos sequenciadores. Uma variação interessante da interface de sequenciadores é voltada para a criação de loops – estruturas musicais que se repetem com frequência, a exemplo da rítmica dos gêneros da música popular urbana, música eletrônica e do minimalismo8. De maneira intuitiva, essa interface apresenta faixas correspondentes a cada instrumento, com controles para “ativá-las” nos tempos desejados conforme a passagem do leitor. Ao final do trecho – limitado a poucos compassos, o leitor retorna ao início, gerando o loop (Figura 15): Figura 15 - Exemplo de programa para criação de loops de bateria Fonte: Santos, 2019 Atualmente, essa interface está presente em diversos programas de áudio, seja por meio de plug-ins (recursos/ferramentas que devem ser adicionadas a um programa) ou nos aplicativos conhecidos como Digital Audio Workstation (DAW), que agregam funcionalidades comuns a todos os tipos de interface e recursos de manipulação sonora. _________________ 8 O minimalismo é um movimento estético-musical em que elementos musicais são repetidos com alterações imediatas mínimas, deixando o ouvinte sem a sensação de mudanças. Só é possível perceber as variações entre grandes seções da peça. 29Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Destacamos que os programas para edição e editoração9 também consistem em um tipo de sequenciador. No entanto, fazem uso da notação musical tradicional como forma de representar os elementos musicais em sua interface. Os aplicativos desse tipo mais conhecidos são Finale, Sibelius e o antigo Encore, todos proprietários – ou seja: é necessário comprar uma licença para utilizá-los. Já o MuseScore, cuja versão 3 foi lançada em dezembro de 2018, é o principal programa livre de notação musical de hoje, e em setembro de 2019 sua comunidade virtual contava com 3.153 pessoas. Seu destaque evidente em relação ao LilyPond – outro conhecido programa livre de notação musical que faz uso de uma linguagem codificada para criar partituras – é possuir uma interface amigável, com ferramentas e comandos exibidos com clareza (Figura 16): Figura 16 - Interface do MuseScore, versão 3.1.0 Fonte: Acervo do Autor Utilizamos uma imagem do programa livre MIDI Editor, versão 3.3.0. para Windows e Linux. Disponível em: <https://www. midieditor.org>. _________________ 9 Alguns autores utilizam o termo “editoração” de maneira distinta à “edição” para se referir ao uso de programas de computador no processo editorial. 30Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Na parte de cima, temos os comandos de arquivo e reprodução da partitura, sucedidos daqueles voltados à entrada de notas, ritmos, acidentes e vozes. No menu à esquerda, encontram-se os demais símbolos da notação – claves, armaduras, andamento, dinâmica, linhas de crescendo e diminuendo, texto e opções de espaçamento, entre outros. Há também a possibilidadede exportar as partituras para o Music XML, formato de arquivo familiar entre vários programas de notação musical – inclusive o LilyPond. Abordaremos o MuseScore com mais detalhes na Unidade 4. Outros tipos de programas para sequenciamento, baseado no mencionado formato de módulo – MOD, S3M, IT, RNS, entre outros – são os trackers, melhor traduzidos como “sequenciadores em trilhas”. Esses programas não se baseiam em síntese sonora, e sim na importação de sons gravados (samples) para a criação de instrumentos. Sua interface consiste na leitura vertical das informações, separadas por canais (Figura 17): Figura 17 - Interface elementar dos trackers, com base no Schism Tracker Fonte: Elaborada pelo Autor O MuseScore está disponível em <https://musescore.org>. www 31Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Cada entrada contém os seguintes dados: 1) nota musical na nomenclatura norte-americana (A, A#, B, C, etc.); 2) região/oitava; 3) som ou instrumento utilizado; 4) intensidade, de 00 a 80; 5) efeito disponível na lista de presets – efeitos e filtros pré-definidos – do programa. Apesar da interface diferenciada, os sequenciadores em trilha não são utilizados com frequência. O formato de módulos teve considerável uso durante a década de 1990, principalmente na produção de trilhas sonoras para games (jogos de computador) por apresentarem melhor qualidade que os sintetizadores MIDI na época. Existem inúmeros programas para gravação e manipulação de ondas sonoras, com opções bem variadas de efeitos, filtros, ferramentas e sistemas operacionais – o programa central de gerenciamento do computador, sendo mais comuns o Windows, o Macintosh OS, e o Linux e suas variações. Com relação aos programas livres, há opções que dispõem de recursos interessantes. O Wavosaur, apesar de antigo, é simples e fácil de usar: possui suporte multitrilha (vários canais), gráficos para análise sonora – em especial um espectrograma. Nas ondas luminosas, a luz branca pode ser decomposta nas demais cores que a compõem, efeito que podemos ver em um arco-íris ou através de um prisma, gerando assim o espectro da onda (Figura 18): O mesmo ocorre com as ondas sonoras, que podem ser decompostas em suas parciais, observadas em um espectrograma. As notas musicais (frequências fixas), por sua vez, têm uma frequência fundamental que é sucedida pelos harmônicos – ondas com frequências múltiplas da fundamental (Figura 19): Figura 18 - Espectro da luz branca gerado através de um prisma Fonte: Acervo do autor Figura 19 - Espectrograma de um ataque do Dó central de um piano no Wavosaur Fonte: Acervo do autor 32Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Recursos de análise sonora, a exemplo do sonograma (ou espectrograma), são úteis para a realização de estudos acadêmicos que abordam as propriedades do som. Em termos de efeitos e filtros, o Wavosaur apresenta poucas opções. Contudo, ele é compatível com plug-ins Virtual Studio Technology (VST), permitindo expandir consideravelmente as ferramentas disponíveis. Caso você deseje utilizar um programa capaz de decompor a onda e editar suas parciais, recomendamos o Spear, disponível em: <http://www.klingbeil.com/spear>. www Desenvolvida pela empresa alemã Steinberg Media Technologies GmbH no final da década de 1990, a Virtual Studio Technology (tradução: Tecnologia de Estúdio Virtual) consiste na simulação de equipamentos de estúdio por meio de extensões de aplicativo (plug-ins), permitindo aos programas compatíveis com essa tecnologia acrescentar funcionalidades. Há inúmeros tipos de extensões VST: geradores de efeitos (eco, reverberação, surround, equalizadores, etc.), metrônomos, pedaleiras de guitarra e baixo elétrico, sintetizadores e samplers – referenciados pela sigla VSTi – ferramentas para análise de ondas, comunicadores MIDI, reprodutores de Soundfonts e simuladores de mesas de som e/ou interfaces de áudio externas, entre as diversas possibilidades. As extensões VST são instaladas em uma pasta comum no computador. Para acrescentá-las, basta configurar o programa desejado para ter acesso a essa pasta e ele fará a leitura automática dos plug-ins disponíveis. 33Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Acrescentamos, ainda, que o Wavosaur pode ler vários dos principais tipos de arquivo sonoro da atualidade: WAV, VOC, AIFF, MP3 e OGG. E para concluir, ele é compatível com o ASIO – sigla inglesa para Audio Stream Input-Output. Também criado pelo Steinberg GmbH, trata-se de um controlador de áudio que permite a comunicação do programa diretamente com a placa de som, sem intermédio dos controladores nativos do sistema operacional. Essa tecnologia permite reduzir consideravelmente a latência – o tempo de resposta do computador/equipamento ao comando – sendo muito útil nos casos de apresentações ao vivo. Apresentamos um modelo simples para explicar essa tecnologia (Figura 20): Figura 20 - Percurso dos dados de áudio em computadores Fonte: Elaborada pelo Autor Outro editor livre com interface límpida e intuitiva (Figura 21) é o ocenaudio, criado pelo LINSE, grupo de pesquisa vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Assim como o Wavosaur, ele possui gravação multitrilha, espectrograma e suporte a extensões VST, além de já contar com efeitos e filtros. Entretanto, seu ponto forte é a edição não-destrutiva, ou seja: a manipulação do áudio, ao invés de ser gravada a cada alteração, é simulada em tempo real, tornando a edição mais rápida10. Esse recurso é particularmente útil em programas para edição de vídeo, devido ao grande tamanho dos arquivos. _________________ 10 Outro editor de áudio livre com essa característica é o WaveShop, que também possui uma interface límpida e intuitiva. Disponível em: <http://waveshop.sourceforge.net>. 34Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Figura 21 - Interface do ocenaudio Fonte: Elaborada pelo Autor Um interessante editor de áudio livre é o Hya-Wave, que funciona em nuvem, através do navegador. Ele possui as principais ferramentas de edição – recortar, colar, misturar/agregar (paste mix), silenciar e manter o áudio selecionado (crop) – além de diversos filtros e efeitos. O ocenaudio está disponível para baixar gratuitamente em <https://www.ocenaudio.com>. www 35Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Por fim, vamos ao programa livre para manipulação de áudio mais conhecido da atualidade: o Audacity. Apesar de possuir uma interface não muito familiar, ele é bastante estável, possuindo suporte multitrilha e gravação segura – fragmentando arquivos para não haver perda de dados. No entanto, ele não é compatível com extensões VST e ASIO, pois as licenças de uso dessas tecnologias não são compatíveis com a licença pública do Audacity (GNU/GPL)11. 2.4 Outros programas de áudio Existem inúmeros aplicativos de áudio além daqueles voltados à manipulação sonora, para diversos fins. Alguns deles são: reprodução de gravações com biblioteca digital – as conhecidas playlists; reprodução via streaming; instrução e aprendizagem musical; jogos musicais; digitalização de partituras através de OCR (sigla para Optical Character Recognition – reconhecimento ótico de caracteres12); medição de intensidade sonora (semelhante ao decibilímetro13); criação automática de acompanhamentos musicais; conversão e edição em lote de arquivos sonoros e análise de temperamentos, entre outros. Com a ascensão dos smartphones – celulares com capacidade semelhante à de computadores – as opções disponíveis aumentaram consideravelmente. Em seguida, apresentaremos uma relação de programas que julgamos interessantes. • GNU Solfege Programa livre para treinamento auditivo, solfejo, ditado rítmico e análise musical compatível com Windows, Linux e Macintosh OS. Possui tradução para o português. Há, ainda, a possibilidade de o usuário criar suas próprias lições. Os arquivos podem ser salvos tanto no computador quanto na nuvem, estandoo programa disponível em <https://wav.hya.io>. www _________________ 11 Sigla inglesa correspondente a “General Public License”. GNU se refere ao projeto homônimo criado em 1983 por Richard Stallman contra o fato da grande maioria dos programas da época pertencerem a proprietários que evitavam colaboração entre usuários. 12 É comum encontrar a sigla OMR (Optical Music Recognition) em referência à detecção de caracteres da notação musical. 13 Equipamento para medição da potência sonora que faz uso do decibel (db) como unidade de medida. 36Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música • Synthesia Jogo virtual para instrumentos de teclado, semelhante ao popular Guitar Hero, mas que funciona perfeitamente para o aprendizado musical. Baseia-se em seguir as notas musicais que “caem” no tempo, sendo recomendado o uso de um controlador MIDI ou teclado eletrônico que disponha de saída MIDI. O programa já conta com um considerável repertório adaptado, desde peças didáticas a sonatas do período clássico, e recursos para o estudo de mãos separadas. Há uma versão livre e outra paga, com maiores recursos. • Instrument Tuner Aplicativo de afinação cromática para Android, com opções de instrumento a ser afinado, tipo de temperamento e definição de comas. Além de ser livre, não possui anúncios, ofertas ou quaisquer solicitações de informações pessoais – um problema recorrente em aplicativos para o Android. O GNU Solfege está disponível em: <http://www.gnu.org/ software/solfege>. www O Synthesia está disponível em língua inglesa para Windows, Macintosh OS, Linux e Android14 em: <https://synthesiagame.com>. www River flows on you, composição do sul-coreano Yiruma que ficou conhecida na série de televisão O Crepúsculo, convertida para o Synthesia. Disponível em: <https://youtu.be/8imco3WgeTk>. _________________ 14 Android é o sistema operacional utilizado na maioria dos smartphones. 37Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música • Master Ear Training Voltado para o treinamento de ouvido absoluto e/ou relativo, melódico e harmônico, em inglês para Android. Permite criar novos exercícios. • Solfege Chords Programa para treinamento do ouvido harmônico – reconhecimento de intervalos e acordes, em inglês, para Android. • Soundbrenner Metrônomo personalizável com opção de sincronizar até cinco celulares – para ensaio de bandas e demais grupos musicais. Inclui também um afinador. O Instrument Tuner está disponível, somente para a língua inglesa, em: <https://apkpure.com/br/instrument-tuner/ instrument.tuner>. O programa está disponível em: <https://apkpure.com/br/ master-ear-training/com.computing.mastermind.eartraining>. O programa está disponível em: <https://apkpure.com/ solfege-chords/com.devjockeys.solfegechords>. O programa está disponível em: <https://apkpure.com/br/the- metronome-by-soundbrenner/com.soundbrenner.pulse>. www www www www 38Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música • Auphonic Edit Apesar das diversas opções de editores de áudio para Android, esse é o único aplicativo que encontramos sem quaisquer anúncios, ofertas ou compras. É capaz de realizar gravações e possui recursos elementares para edição, no entanto, não oferece efeitos ou filtros. • WaveSurfer Editor de áudio livre voltado para análise de ondas sonoras, especialmente no campo da fonética acústica. É capaz de produzir espectrogramas, gráficos de pressão sonora e alteração de frequência, entre outros. Possui recursos básicos de edição, mas não oferece efeitos e filtros. • Levelator Programa livre em inglês para equilibrar a intensidade do áudio gravado em eventos, palestras ou comunicações orais, entre outras situações. O programa está disponível na língua inglesa em: <https://apk pure.com/auphonic-edit/com.auphonic.auphonicrecorder>. O programa está disponível em: <http://www.speech.kth. se/wavesurfer>. O programa está disponível em: <http://www.conversation snetwork.org/levelator>. www www www 39Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música • fre:ac Conversor de áudio em lote. Muito útil para quem trabalha com bibliotecas sonoras, nas situações onde é necessário converter centenas ou até milhares de arquivos com um comando apenas. • Linux MultiMedia Studio (LMMS) Principal Estação de Trabalho Digital – Digital Audio Workstation (DAW) – em código aberto (livre) disponível na atualidade. Este tipo de programa agrega os principais recursos, interfaces e extensões de diversos aplicativos de áudio, desde sequenciadores, editores de partituras, manipuladores de ondas sonoras, sintetizadores, samplers até pedaleiras virtuais. Situa-se, portanto, na mesma categoria de programas como Fruit Loops Studio, Studio One, Sonar, Ableton Live, Reason, Pro Tools, Cubase, Logic e REAPER. O programa está disponível em: <https://www.freac.org>. O programa está disponível em: <https://lmms.io>, na língua portuguesa. www www Breve tutorial introdutório sobre o LMMS. Disponível em: <https://youtu.be/P4J8p3eyjOw>. 40Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música • Mixxx Programa livre de discotecagem para Disc-Jóqueis (DJs), com detecção automática de andamento ou BPM (batidas/pulsações por minuto), tonalidade, geração imediata de efeitos, controle virtual de vinil e suporte para pick-ups USB. • Audiveris Programa voltado à digitalização de partituras com detecção ótica de caracteres musicais (OMR), desenvolvido na linguagem de programação Java – e, por isso mesmo, compatível com diversos sistemas operacionais. O programa está disponível em: <https://www.mixxx.org>. O programa está disponível em língua inglesa no GitHub, repositório de programas livres, em: <https://github.com/ Audiveris/audiveris>. www www Breve explicação sobre alguns recursos do Mixxx. Disponível em <https://youtu.be/1DCjl0kuJCU>. 41Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música • ToneLib GFX Simulador virtual de pedaleiras de efeitos e distorção para violão e/ou guitarra elétrica. Pode ser instalado como um programa (standalone) ou na forma de uma extensão VST. • ToneLib JAM Programa de autoaprendizagem para guitarra elétrica. Possui instruções para estudo e aprendizado de partituras, tablaturas e posições no instrumento. • Tuhu Musical Aplicativo gratuito para Android e iOS15 com quatro jogos musicais (ensaio, concerto, memória musical e pentagrama) para crianças, com repertório de música brasileira. Desenvolvido através do programa Brasil de Tuhu, com apoio da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro e do antigo Ministério da Cultura. O programa está disponível em: <https://tonelib.net>. O programa está disponível em: <https://tonelib.net>. O programa está disponível em: <https://apkpure.com/br/ tuhu-musical/com.weway.tuhu>. www www www _________________ 15 iOS é o sistema operacional da Apple (mesma empresa que mantém o Macintosh OS) para os smartphones de sua linha – o iPhone. 42Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música • Jogo da Memória Musical Disponível na internet por um portal especializado em jogos, é um ditado melódico no qual devemos digitar a sequência das notas musicais ouvidas. • Qual é a Música Jogo para Android no qual temos de ouvir trechos de peças da música popular urbana brasileira e indicar seu título – trata-se, portanto, de conteúdos de história da música brasileira. • Música Jogos Online Portal com cerca de 80 jogos musicais para treinamento auditivo, solfejo, ditado, história da música, composição e prática instrumental em Flash para acesso pelo navegador, na língua portuguesa, mantido por Serge Mikhailov. O programa está disponível em: <https://rachacuca.com.br/ jogos/memoria-musical>. O programa está disponível em:<https://qual-e-a-musica. br.aptoide.com>. O programa está disponível em: <http://flashmusicgames. com/pt>. www www www Demonstração do Programa Brasil de Tuhu. Disponível em <https://youtu.be/1sldu3TmZXY>. 43Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música • Sheep Beats Jogo baseado nainterface de sequenciador para criação de loops na linguagem Flash11, pode ser acessado do navegador. Veber e Rosa (2012, p. 94-97) oferecem ideias interessantes sobre como utilizá-lo para o ensino musical nas escolas por meio de um projetor e uma caixa de som, realizando atividades em grupo com improvisação e arranjo. • Jogos Musicais Blog com diversos jogos virtuais de música para uso educacional ou diversão, mantidos pela Prof.ª Dr.ª Andréia Veber e com desenvolvimento do Prof. Dr. Tiago Brizolara da Rosa. Há também relatos sobre a aplicação de determinados jogos em aulas de música para crianças. Caso você queira conhecer mais programas, recomendamos a leitura do livro Informática Musical Livre (CERQUEIRA, 2013), que pode ser encontrado para acesso em uma breve pesquisa na Internet. O programa está disponível em: <https://www.jogos360. com.br/sheep_beats.html>. O blog está disponível em: <http://jogosmusicais.blogspot.com>. www www _________________ 16 O Flash é um reprodutor multimídia para navegadores que funciona como uma extensão. 44Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música ATIVIDADE 2 Qual tipo de programa de áudio lhe interessou mais? Faça uma busca na internet por aplicativos semelhantes aos de seu interesse. Em seguida, elabore uma pequena lista com um breve resumo de cerca de três linhas sobre cada programa que você localizou, juntamente com o endereço (link) de acesso. Resumo Nesta Unidade, foram abordados os princípios do armazenamento sonoro em computadores pessoais. Posteriormente, foram indicados vários tipos de programas de áudio em código aberto (open source) voltados à edição, manipulação, notação, afinação e instrução musical, entre outras finalidades. Referências CERQUEIRA, D. L. Informática Musical Livre. São Luís: EDUFMA, 2013. MACHADO, N. Aulas de Física e Química: espectro e nível sonoro. Disponível em: <http://www.aulas-fisica-quimica.com/8f_07.html>. Acesso em: 10 set. 2019. SANTOS, João. Drumbit: online drum machine. Disponível em <https://drumbit. app>. Acesso em 14 set. 2019. SCHAEFFER, P. Solfejo do Objecto Sonoro. Tradução de António de Sousa Dias. Paris: Groupe de Recherches Musicales, 2007. VEBER, A.; ROSA, T. B. Jogos digitais online e ensino de música: propostas para a prática musical em grupo. MÚSICA na educação básica, v. 4, n. 4, p. 86-99, 2012. 45Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música U N ID A D E EDIÇÃO E MANIPULAÇÃO DE ONDAS SONORAS 3 OBJETIVOS • Familiarizar-se com os procedimentos de edição e manipulação de sons; • Iniciar o manuseio do programa ocenaudio. 3.1 Preparação Para não ficarmos restritos somente à teoria, teremos experiências práticas de edição e manipulação de áudio, iniciando a partir do registro de ondas sonoras. Para esse fim, o Audacity tem sido o mais utilizado mundialmente, figurando entre os principais programas em código aberto da atualidade (ELLIS; TURNER, 2019). Contudo, conforme informamos anteriormente, ele apresenta algumas questões superadas por outros aplicativos da mesma categoria como, por exemplo: a) interface mais simples e amigável; b) possuir compatibilidade com as tecnologias VST e ASIO; c) ausência de recursos elementares para edição, como a ferramenta paste mix17; d) o meio de salvamento dos arquivos e projetos, feito a partir de diretórios específicos que só podem ser lidos pelo próprio Audacity18– reduzindo a compatibilidade geral. Assim, optamos em fazer uso do ocenaudio. Apesar de ainda estar em fases iniciais de desenvolvimento, trata-se de um programa livre promissor, especialmente pela interface simples e o fácil acesso aos comandos. _________________ 17 Para realizar essa tarefa no Audacity, é necessário criar uma faixa/trilha extra, demandando um trabalho árduo. Surpreende o fato de seus desenvolvedores não terem criado uma função mais simples. 18 Há diversos manuais e tutoriais direcionados ao Audacity na internet, rapidamente encontrados através de uma busca simples. Caso você se interesse em utilizar esse programa, indicamos o trabalho de Araújo (2010). O manual oficial do Audacity está disponível em <https://manual.audacityteam.org>, somente na língua inglesa. Caso você prefira, é possível assistir aos tutoriais sobre o uso do ocenaudio presentes na Internet. Como exemplo, indicamos o canal Vartroy Tecnologia, disponível em: <https://youtu.be/mawJucQnlfk>. 46Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música 3.2 Obtendo o áudio Para começar, será necessário abrir um arquivo de som que você deseje editar ou gravar um breve áudio para o experimento. Caso você deseje abrir um arquivo, basta clicar no item “Arquivo” no menu principal acima, clicando depois em “Abrir” para localizar o arquivo de som a ser editado. Se você preferir gravar, basta clicar no botão de gravação na barra de ferramentas que a janela com as configurações de captação será aberta, com base nos parâmetros que estudamos na Unidade anterior (Figura 20): Figura 22 - Botão e janela de gravação Fonte: Elaborada pelo Autor Geralmente, os dispositivos para entrada (microfone embutido, conector de entrada) e saída (alto-falantes internos, fone de ouvido, conector de saída) de áudio são pré-configurados pelo sistema operacional. Caso você tenha uma interface de áudio USB e/ou deseje alterar os dispositivos utilizados, acesse o item “Editar” do menu, clicando depois em “Preferências”. Na janela que aparecerá, três elementos principais serão mostrados: 47Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música a) Mixer Backend: é o controlador principal que o programa irá utilizar. Podemos escolher entre os controladores nativos do sistema operacional ou o driver ASIO, conforme estudamos na Unidade anterior; b) Dispositivo e Opções de Reprodução: permite trocar a saída de som/áudio do computador, exibindo os dispositivos detectados; c) Dispositivo e Opções de Gravação: modifica a entrada de som/áudio do computador, listando os dispositivos disponíveis. Um aspecto fundamental antes de iniciar a gravação é atentar para os níveis de captação, configurando os controles – ou mixer – de áudio do computador, conforme o sistema operacional em uso. A seguir, uma imagem de como ajustar o nível de captação no Windows 10: Figura 23 - Janelas de controle da captação no Windows 10 Fonte: Elaborada pelo Autor Conforme as indicações na Figura 23, clique primeiro com o botão direito do mouse no ícone de som da Barra de Tarefas, clicando depois em “Dispositivo de Gravação”. Na janela que abrir, clique com o botão direito no dispositivo de entrada operante, e depois vá em “Propriedades”. Outra janela será aberta, na qual você deve clicar na aba “Níveis”, que mostrará os reguladores de captação do seu dispositivo de entrada. Procure ajustar o nível de captação para o áudio 48Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música não “estourar” – isto é, para que a intensidade do som não ultrapasse o nível máximo de registro no computador. Você pode, eventualmente, fazer gravações para testar se o áudio está estourando, abrindo o arquivo para verificar o sinal (Figura 24): Figura 24 - “Estouro” do sinal em relação à onda sonora captada Fonte: Elaborada pelo Autor É possível visualizar no gráfico da onda os locais em que a intensidade do som foi superior ao registro, gerando o “estouro”. Tal fato gera uma distorção não desejada no sinal – salvo os casos em que o editor está ciente e deseja justamente esse resultado. 3.3 Operações básicas Com o arquivo sonoro de prontidão, ilustraremos adiante os comandos básicos de manipulação no ocenaudio pelo teclado do computador, inicialmente para apenas um canal (Quadro 2): 49Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Quadro 2 - Teclas de atalho padrão para os comandos básicos do ocenaudio Fonte: Elaborada pelo Autor Comando Tecla(s) Movimento curto da barra de navegação Movimento longo da barra de navegação Mover a barra de navegação para o início ou fim Aumentar visualização/zoom Reduzir visualização/zoomReproduzir (apenas o trecho visualizado) Selecionar um trecho curto Selecionar um trecho longo Selecionar tudo Copiar (seleção) Recortar (seleção) Colar (na seleção ou após a barra de navegação) Colar Especial (incluindo sobrepor/paste mix) → ← → ← Ctrl End Home = Shift Ctrl - Shift Ctrl Espaço → ← Shift → ← Shift Ctrl A Ctrl C Ctrl X Ctrl V Ctrl V Shift Ctrl 50Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música A seguir, encontraremos explanações sobre os efeitos elementares de manipulação sonora do ocenaudio, acessíveis no item “Efeitos” do menu principal (Quadro 3): Abaixo, temos os efeitos e filtros avançados do ocenaudio, também disponíveis no item “Efeitos” do menu principal: a) Amplitude: amplificar/aumentar ou diminuir a intensidade do som, com fade in (crescendo) e fade out (diminuendo) que podem ser personalizados19. Há também opções de especificar uma intensidade máxima para a normalização e de remover a diferença de intensidade gerada por ruído da corrente elétrica (DC Offset); b) Filtros: equalizadores passa-baixa (remove sons agudos, deixando os graves), passa-alta (o oposto), passa-faixa (personalizado) e rejeita-faixa (remove os sons na frequência/altura especificada); c) Equalização: filtro de frequências com maior customização, com opções de 11 ou 31 faixas/bandas; d) Atraso (delay): efeitos baseados na repetição do sinal após certo período de tempo. Se este último for curto, podemos ter uma reverberação (reverb); caso seja mais longo, teremos um eco (echo); se houver pequenas variações na frequência com repetições curtas, teremos um flanger; e se nesse mesmo Efeito Explanação Tecla(s) Silêncio Silencia o trecho selecionado ou todo o arquivo (caso não haja seleção) Reverter Faz uma retrogradação (de trás para frente) da seleção ou de todo o arquivo Inverter Inverte a polaridade (formato da onda) na seleção ou em todo o arquivo Suavizar Reduz os extremos de frequência na seleção ou em todo o arquivo Remover DC Remove o ruído da corrente elétrica, caso exista, na seleção ou em todo o arquivo Normalizar Amplifica a seleção ou todo o arquivo com base no pico de intensidade do sinal S T Alt R T Alt I T Alt S T Alt D T Alt N T Alt _________________ 19 No Audacity, os efeitos de fade foram traduzidos como “suavização”. 51Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música caso o intervalo dos sinais repetidos for longo, haverá um coro (chorus). Recomendamos testar cada efeito e ouvir o resultado sonoro, pois para os músicos é mais interessante conhecer a sonoridade gerada; e) Processamento de dinâmica: efeitos para alterar a intensidade/amplitude do som. O compressor mantém o sinal sob um limite restrito de intensidade (os níveis mínimo e máximo da onda se aproximam), enquanto o expansor faz o contrário. O limitador (limiter) reduz os trechos de intensidade máxima do sinal, porém, preservando a forma da onda – sendo mais eficiente em termos estéticos do que a normalização. Já o noise gate remove todo o sinal que estiver abaixo de uma determinada intensidade; f) Time and pitch (tempo e altura): quando mudamos a duração de uma onda sonora, ela também tem sua frequência/altura modificada. Basta observarmos a equação das ondas, na qual v é a velocidade (taxa de amostragem), f a frequência (altura) e t o tempo: V = f t Qualquer alteração na altura (frequência) irá gerar, necessariamente, uma mudança na duração, na mesma proporção. Logo, é preciso alterar a taxa de amostragem para que seja possível alterar somente a altura ou apenas a duração. E esta é a função do efeito em pauta; g) Redução de ruído: esse filtro permite atenuar ou eliminar interferências indesejadas no sinal, com base na seleção de um trecho da onda que contém somente o ruído que se pretende excluir. Ele também oferece diferentes níveis de remoção, para ajustarmos o trabalho de áudio, caso algum som que se desejava manter tenha sido excluído. h) Especiais: por fim, o ocenaudio oferece os efeitos de quantização – gera mudanças na resolução horizontal da onda, em bits – e geração de ruídos. O ruído branco é um sinal composto por todas as frequências passíveis de registro (de 0 a 22.050 Hz nos arquivos com taxa de amostragem de 44,1 KHz), ocupando todas as linhas verticais de um espectrograma. Já o ruído rosa consiste em adaptar o ruído branco para a curva de audibilidade (conceito que vimos na Unidade anterior) para melhor percepção pelo ouvido humano. O ruído marrom, por sua vez, baseia-se nas frequências mais graves do espectro auditivo. 52Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música ATIVIDADE 3 Como foi sua experiência na edição e manipulação de sons? Compartilhe seu arquivo com os colegas através do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), indicando os procedimentos e efeitos que você utilizou. Resumo Nesta Unidade, apresentamos o programa livre ocenaudio para edição e manipulação de ondas sonoras. Os principais comandos, efeitos elementares e avançados disponíveis no aplicativo em questão foram explanados. Referências ARAÚJO, M. Introdução ao Audacity: Criação de Podcasts. Montemor-o-Velho: Associação Ensino Livre/Open Lab ESEV, 2010. ELLIS, C.; TURNER, B. Best open source software of 2019. Disponível em <https:// www.techradar.com/best/best-open-source-software>. Acesso em <03 jul. 2019>. No link a seguir, você verá exemplos práticos do som produzido por alguns efeitos de áudio, em inglês. Ordem dos efeitos demonstrados: EQ (equalizador), reverb (reverberação) nos tipos dry (seco) e wet (molhado), delay (atraso) nos tipos short (curto) e long (longo), gates (o que explicamos como noise gate), distortion (distorção de timbre – diferente daquela que ocorre por problemas de captação), tremolo (vibrato), flangers (um tipo de atraso) e limiters (limitadores). Disponível no canal Music Sequencing, em: <https:// youtu.be/LrzPMKg4dyU>. 53Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música U N ID A D E EDITORAÇÃO DE PARTITURAS 4 OBJETIVOS • Utilizar um programa voltado à editoração de partituras; • Apresentar as principais funções e recursos do MuseScore. 4.1 Apresentação Os aplicativos voltados à notação musical mais conhecidos são o Finale e o Sibelius. O primeiro, lançado em 1988, possui versões lançadas com periodicidade praticamente anual, e em 2019, chegou à versão 26. É utilizado por marcas conhecidas, como a Alfred Publishing Company, Hal Leonard Corporation, G. Henle Verlag (todas são editoras de música), New England Conservatory, Juilliard School e Berklee College of Music (instituições de ensino musical). Tem como destaque a extensão Garritan Orchestra, que visa melhorar a qualidade do sequenciamento MIDI – a exemplo dos Soundfonts (WIKIPÉDIA, 2019a). O Sibelius, criado em 1993, é o programa de editoração musical mais vendido da atualidade, possuindo diversas extensões (plug-ins) e símbolos para a notação da música contemporânea. Em 2012, após a aquisição da empresa e do programa pela Avid, produtora do Pro Tools, esta última fechou o escritório de produção onde o programa era produzido, fato que gerou muitos protestos na Internet. No entanto, a Avid retomou sua produção, que em 2018 chegou à versão 8. Outro de seus destaques é uma extensão para visualizar e reproduzir partituras em navegadores (WIKIPÉDIA, 2019b). Conforme mencionamos anteriormente, o MuseScore é atualmente o programa de editoração musical em código aberto mais utilizado e com desenvolvimento em plena atividade. A novidade da versão 3, em relação à anterior, é o alinhamento automático dos elementos da partitura, facilitando bastante a editoração. Esse será, portanto, o programa que estudaremos nesta Unidade. 54Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música 4.2 Iniciando a editoração musical Conforme vimos na Unidade 2, a interface do MuseScore é límpida e bastante intuitiva. Sendo assim, vamos diretamente aos elementos básicos paraa edição de uma partitura. Ao iniciar o programa ou clicar no item “Arquivo” no menu principal e depois em “Novo”, surge a janela para criação de um novo documento. As informações a serem inseridas são as seguintes: a) título, subtítulo, compositor, letrista e direitos autorais; b) instrumentação – bastando selecionar as vozes e instrumentos que constarão na partitura; c) armadura de clave; e d) fórmula de compasso, quantidade dos mesmos e anacruse – se necessário. Para iniciar, sugerimos que você escolha uma melodia simples para digitá- la no MuseScore. Aconselhamos que sua opção seja preferencialmente por uma música de compositores locais e/ou que circule apenas em sua região, preocupando-se em documentar a produção musical de sua localidade. Após ter em mãos, ou na memória, a melodia, vamos à digitação. 4.3 Digitação de melodias O MuseScore possui dois modos principais: 1) o Modo Normal; 2) o Modo Digitação (note input). Apresentamos adiante os demais comandos com suas respectivas teclas (Quadro 4): Quadro 4 - Alguns comandos para inserção de melodias do MuseScore Tecla(s) Comando Tecla(s) Comando Liga ou desliga o Modo Digitação Volta para o Modo Normal Lá Semifusa Si Fusa Dó Semicolcheia Ré Colcheia Mi Semínima Fá Mínima Sol Semibreve Pausa Insere um ponto de aumento Apaga a nota/pausa anterior Repete a nota e insere uma ligadura de tempo Sobe a nota um semitom (♯) Vai para a nota/pausa anterior Desce a nota um semitom (♭) Vai para a nota/pausa posterior Troca a nota por outra enarmônica Inverte a direção da haste Sobe a nota uma oitava Insere uma ligadura de expressão na nota Desce a nota uma oitava Move a ligadura de expressão à direita Torna o elemento visível ou invisível Move a ligadura de expressão à esquerda Insere uma acicatura 20 Insere um staccato Insere um acento Insere um tenuto Adiciona um compasso antes do selecionado Exclui o compasso selecionado Adiciona um compasso ao final da partitura Diminui os espaços do compasso Apaga o(s) elemento(s) selecionado(s) Aumenta os espaços do compasso N Esc A 1 B 2 C 3 D 4 E 5 F 6 G 7 0 . Backspace + ↑ ← ↓ → J X ↑ Ctrl S ↓ Ctrl → Shift V ← Shift / S Shift V Shift N Shift Ins De Ctrl B Ctrl [ Shift De ] Shift 55Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Tecla(s) Comando Tecla(s) Comando Liga ou desliga o Modo Digitação Volta para o Modo Normal Lá Semifusa Si Fusa Dó Semicolcheia Ré Colcheia Mi Semínima Fá Mínima Sol Semibreve Pausa Insere um ponto de aumento Apaga a nota/pausa anterior Repete a nota e insere uma ligadura de tempo Sobe a nota um semitom (♯) Vai para a nota/pausa anterior Desce a nota um semitom (♭) Vai para a nota/pausa posterior Troca a nota por outra enarmônica Inverte a direção da haste Sobe a nota uma oitava Insere uma ligadura de expressão na nota Desce a nota uma oitava Move a ligadura de expressão à direita Torna o elemento visível ou invisível Move a ligadura de expressão à esquerda Insere uma acicatura 20 Insere um staccato Insere um acento Insere um tenuto Adiciona um compasso antes do selecionado Exclui o compasso selecionado Adiciona um compasso ao final da partitura Diminui os espaços do compasso Apaga o(s) elemento(s) selecionado(s) Aumenta os espaços do compasso N Esc A 1 B 2 C 3 D 4 E 5 F 6 G 7 0 . Backspace + ↑ ← ↓ → J X ↑ Ctrl S ↓ Ctrl → Shift V ← Shift / S Shift V Shift N Shift Ins De Ctrl B Ctrl [ Shift De ] Shift _________________ 20 A acicatura é uma apojatura rápida, indicada por um traço que corta a bandeirola da figura rítmica. Fonte: Elaborado pelo Autor 56Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Você também pode fazer uso de um controlador MIDI para inserir as notas no MuseScore, desde que o tenha conectado antes de iniciar o programa. Lembre- se ainda que as notas são inseridas conforme a figura rítmica selecionada, portanto, escolha esta última antes de inserir a nota. Além disso, o MuseScore dispõe de um piano/teclado virtual onde podemos clicar na tecla correspondente à nota desejada. Ele fica disponível ao pressionarmos a tecla “P”. Para inserir os demais elementos da notação – andamento, dinâmica, marcas de expressão, agógica, articulações, mudanças de clave e/ou armadura, entre outros – é preciso ter em mente que o MuseScore sempre alinha essas indicações a uma nota, pausa ou ponto no pentagrama como forma de orientar o posicionamento. Podemos selecionar os elementos desejados através das paletas, disponíveis na lateral da tela. Há dois grupos de paletas: a) Básico, que traz as indicações mais comuns; b) Avançado, que contém todos os elementos disponíveis no programa. A seguir, um exemplo de como utilizar a aba de paletas para adicionar um elemento na partitura: Figura 25 - Adição de um elemento da Paleta no MuseScore Fonte: Elaborada pelo Autor 57Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Na imagem anterior, selecionamos primeiro o elemento a ser referência para a indicação de mezzoforte – no caso, uma nota (1). Depois, fomos à aba das paletas e escolhemos “Dinâmicas”, clicando duas vezes no elemento desejado (2). O mesmo procedimento pode ser feito para as demais indicações. No caso de indicações para compassos, devemos selecionar o compasso desejado (Figura 26): Figura 26 - Adição de um ritornelo no MuseScore Fonte: Elaborada pelo Autor 58Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música Por fim, destacamos que a organização espacial da partitura é coordenada pelos elementos da paleta “Quebras e Espaçamentos”, havendo opções também na paleta “Molduras e Compassos” do grupo Avançado. São eles (Quadro 5): Quadro 5 - Elementos e seus significados Fonte: Elaborado pelo Autor Outras opções de espaçamento estão disponíveis no item “Formatar” do menu principal, em “Configurações de Página”. Elemento(s) Significado Quebra de sistema (linha): faz o próximo compasso ir para o sistema posterior Quebra de página: faz o próximo compasso ir para a página seguinte Quebra de seção: faz com que o próximo compasso inicie uma nova seção na peça como, por exemplo, um novo movimento Espaçamento inferior e superior do sistema/linha Distância entre sistemas/linhas Insere um espaço vertical entre sistemas/linhas Insere um espaço horizontal entre compassos Caso você deseje maiores esclarecimentos sobre a editoração no MuseScore, recomendamos a leitura do manual do programa, mantido pela comunidade colaborativa e disponível na língua portuguesa em: <https://musescore.org/pt-br/handbook>. 59Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Música ATIVIDADE 4 O que você achou do processo de editoração de partituras? O programa utilizado atendeu a todas as suas necessidades de indicações e símbolos? Compartilhe a peça que você transcreveu no AVA para que seus colegas tenham acesso. Veja se você passou por questões semelhantes durante a editoração. Resumo A Unidade atual abordou a editoração de partituras através do MuseScore. Foram apresentadas informações sobre os comandos básicos do programa e a inserção de indicações na partitura, com vistas à digitalização de uma melodia. Questões sobre organização dos elementos e espaçamento também foram abordadas. Referências WIKIPÉDIA. Finale (software). In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Wikimedia, 2019a. WIKIPÉDIA. Sibelius (scorewriter). In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Wikimedia, 2019b.
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