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Influenza Aviária O ano de 2020 começou com alertas a respeito de focos de Influenza Aviária em países da Europa. Então continue lendo e acompanhe neste texto do que se trata a doença, qual seu agente etiológico, as espécies acometidas, a forma de transmissão e muito mais! Casos recentes Desde o início deste ano de 2020, a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) recebeu algumas notificações a respeito de focos de Influenza Aviária. Até agora já foram reportados focos de Influenza Aviária na Europa, na China, na Índia, na África Ocidental e na África do Sul. O vírus mais identificado foi o H5N8, que é considerado pelos organismos de saúde como sendo altamente patogênico. Embora alguns vírus da gripe aviária tenham infectado aves e pessoas, a cepa H5N8 nunca foi relatada em humanos. Atualmente o Brasil ainda é considerado livre desse vírus, mas existe a possibilidade crescente de também serem registrados casos de gripe aviária por aqui, o que provoca preocupação nas autoridades públicas nacionais e agentes do setor privado, já que o País é grande produtor e exportador de frangos. https://www.oie.int/ Figura 1: focos de Influenza Aviária altamente patogênica notificados no período de 01/01/20 a 23/01/20. Fonte: https://www.oie.int/wahis_2/public/wahid.php/Diseaseinformation/Diseaseoutbreakmaps/index/newla ng/es?header_disease_type_hidden=0&header_dis Influenza Aviária – o que é A influenza aviária, também conhecida como gripe aviária, é considerada uma doença infecciosa aguda altamente contagiosa causada pelo vírus da influenza tipo A. Inclui uma amplitude de síndromes que se manifestam como: - Infecção subclínica - Doença suave respiratória das vias superiores - Doença fatal generalizada O agente etiológico desta doença é um RNA vírus pertencente à família Orthomyxoviridae que possui vários subtipos, caracterizados antigenicamente pelas duas glicoproteínas de superfície, a hemaglutinina (H - 16 tipos) e a neuraminidase (N - 9 tipos). Entretanto, apenas os subtipos H5 e H7 são conhecidos por causar a forma altamente patogênica da doença. Espécies acometidas Os vírus da influenza tipo A apresentam alta capacidade de mutação (drift e shift antigênico) e, consequentemente, de adaptação a novos hospedeiros. As espécies mais acometidas pela gripe aviária são as aves domésticas e silvestres, e menos frequentemente, mamíferos (com maior relevância em suínos e seres humanos). É, portanto, caracterizada como uma doença de caráter zoonótico. Impactos Nos últimos anos, casos de Influenza Aviária têm chamado a atenção nos noticiários de todo o mundo por conta das vítimas humanas, algumas fatais, porém, o grande impacto é o socioeconômico, já que a ocorrência da doença afeta os produtores, empresários e famílias rurais por seus efeitos desfavoráveis sobre a produção (morte e abate sanitário dos animais). Também prejudica a abertura comercial aos produtos de origem animal devido às barreiras sanitárias impostas pelo mercado internacional e sobrecarrega os custos públicos e privados, pelos investimentos necessários para sua prevenção, controle e erradicação. Transmissão As aves silvestres, principalmente as aquáticas, como por exemplo patos e marrecos, podem atuar como reservatórios, assim, com a migração, o contato entre as aves tem sido a origem de muitos surtos epidêmicos. As aves excretam o vírus pelas secreções nasais e oculares, fezes e sangue e a contaminação se dá pelo contato com este material, sendo que não existe evidências da difusão do vírus pela carne. O vírus também pode ser transmitido por meio de fômites, como alimentos, água, veículos, equipamentos, ração, gaiolas, roupas e utensílios contaminados. O período de incubação é de em média 3 dias, quando então inicia o pico de excreção viral e sua disseminação. O vírus da influenza aviária é capaz de sobreviver no meio ambiente, na água e em matéria orgânica, contudo, sabe-se que o calor é capaz de inativá-lo, portanto, o cozimento dos alimentos é uma boa forma de prevenção para os seres humanos. Sintomatologia Nas aves: problemas respiratórios (tosse, espirros, corrimento nasal); fraqueza e complicações, como pneumonia. Nos casos mais graves, os animais apresentam dificuldade de locomoção, edema da crista e barbela, edema nas articulações e nas pernas, hemorragia nos músculos, resultando em mortalidade. Em alguns casos, as aves podem morrer repentinamente, antes de apresentarem os sinais da doença. Nesses casos, a letalidade pode ocorrer em 50 a 80%. Nas galinhas de postura também são observadas a diminuição na produção de ovos e alterações na casca (cascas mais finas). Nos seres humanos: as pessoas podem apresentar sintomas semelhantes aos da gripe (febre, tosse, dor de garganta e dores musculares), grande dificuldade para respirar, conjuntivite ou pneumonia. Em pessoas com sintomas graves, a taxa de mortalidade pela influenza aviária é alta. Diagnóstico Como se trata de uma doença de notificação obrigatória à OIE, os médicos- veterinários, técnicos, proprietários, produtores, prestadores de serviço, pesquisadores e demais envolvidos com a criação de aves domésticas devem notificar imediatamente os casos suspeitos de influenza aviária ao Serviço Veterinário Oficial. O diagnóstico em aves deve seguir as normas previstas pela OIE, e o laboratório de referência no Brasil é o LARA (Laboratório de Referência Animal) em Campinas, São Paulo. Uma vez que os sinais clínicos e lesões são muito variáveis, o diagnóstico depende do isolamento e identificação do vírus, que possibilitam a caracterização do subtipo viral e a determinação do seu grau de patogenicidade. Nos seres humanos, realiza-se análise de amostras coletadas do nariz ou da garganta. Tratamento, prevenção e controle http://www.agricultura.gov.br/noticias/novo-laboratorio-tem-o-maior-nivel-de-biosseguranca-para-patogenos-agricolas-e-animais Nos humanos o tratamento é de suporte. Podem ser utilizados medicamentos antivirais (oseltamivir ou zanamivir), que geralmente melhoram a sobrevida do paciente. Não se realiza o tratamento nos animais, portanto, é importante investir em profilaxia e vigilância epidemiológica. As principais medidas que devem ser tomadas são: - Aplicação de medidas de biosseguridade nos estabelecimentos avícolas, visando limitar a exposição de aves domésticas a aves silvestres; - Investigação imediata de qualquer caso suspeito; - Sacrifício de todas as aves contaminadas, descarte das carcaças e de todos os produtos animais; - Desinfecção das instalações, equipamentos, roupas, veículos, etc. com um desinfetante comprovadamente viricida; - Adoção de medidas de quarentena e vazio sanitário; - Vigilância no abate de aves, nos estabelecimentos avícolas, na importação de aves, em locais de aves migratórias; - Inquéritos e estudos epidemiológicos. Figura 2: profilaxia da gripe aviária PNSA O Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) do MAPA foi instituído pela Portaria nº 193, de 19 de setembro de 1994 e estabelece normas para: - Prevenir e controlar as enfermidades de interesse em avicultura e saúde pública - Definir ações que possibilitem a certificação sanitária do plantel avícola nacional http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/saude-animal/programas-de-saude-animal/sanidade-avicola#section-3 http://www.adepara.pa.gov.br/sites/default/files/PORTARIA%20N%C2%BA%20193%2C%20DE%2019%20DE%20SETEMBRO%20DE%201994_0.pdf - Favorecer a elaboração de produtos avícolas saudáveis para o mercado interno e externo Assim, as principais doenças de controle oficial pelo PNSA são: - Influenza aviária – Exótica no Brasil (nunca identificada) - Doença de Newcastle – Últimas ocorrências em 2006 (aves de subsistência) - Salmoneloses (Salmonella Gallinarum, SalmonellaPullorum, Salmonella Enteritidis, Salmonella Typhimurium) - Micoplasmoses (Mycoplasma gallisepticum, Mycoplasma synoviae e Mycoplasma melleagridis). Oportunidades e desafios para o Brasil Embora a Influenza Aviária continue sendo uma doença exótica no Brasil, em sanidade não existe risco zero. Portanto, as estratégias de vigilância e de biosseguridade precisam estar atualizadas e serem seguidas por todo o setor avícola. Dessa forma, se conseguir continuar a ser o único grande produtor mundial sem episódios dessa doença, o País poderá conquistar ainda mais novos clientes. Por outro lado, caso um surto chegue a ser verificado no território nacional, corremos o risco de ver o mercado mundial fechado por vários meses, o que causaria perdas bilionárias para o setor.
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