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Metodologia de Pesquisa Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Ana Barbara Ap. Pederiva Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Ap. Cesarin Epistemologia • Natureza, os Limites e os Problemas do Conhecimento Científico • A “Verdade” em Ciência: Objetividade e Subjetividade • Critérios de Cientificidade • Espírito Científico: a Função da Curiosidade Ao final desta Unidade. o aluno será capaz de: · Identificar a natureza, os limites e os problemas do conhecimen- to científico; · Diferenciar os variados tipos de conhecimento: senso comum, filosófico, teológico e científico; · Conceituar “verdade” em Ciência dentro dos critérios de objetividade e subjetividade; · Compreender os critérios de cientificidade, espírito científico: a função da curiosidade dentro da metodologia científica; · Compreender o processo de evolução e divisão das ciências; · Compreender a visão moderna da ciência sob as análises sistêmica ou holística. OBJETIVO DE APRENDIZADO Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante, também, respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. ORIENTAÇÕES Epistemologia UNIDADE Epistemologia Introdução Como a Epistemologia busca analisar a origem e o papel da Ciência e, ainda, os aspectos filosóficos quanto à origem e à natureza do conhecimento, proponho a seguinte questão para sua reflexão: O conhecimento existe somente no mundo acadêmico, nas universidades e nos centros de pesquisa? Figura 1 Fonte: iStock/Getty Images 6 7 Natureza, os Limites e os Problemas do Conhecimento Científi co É próprio do homem produzir conhecimento. Este conhecimento constitui o patrimônio histórico-cultural da Humanidade, resultante de um processo cumulativo, decorrente de toda a História da vida humana. De fato, o homem vem, incessantemente, construindo conhecimento, produzindo Arte, Ciência e tecnologia, organizando o espaço físico e social. O domínio do conhecimento possibilita ao homem não só conhecer o mundo, mas também compreender, explicar e transformar sua própria realidade. Todavia, para que a sociedade possa caminhar e se desenvolver, é imprescindível que todos tenham acesso a esse conhecimento, cuja apropriação pode dar-se de diversas maneiras. O conhecimento possui dois elementos básicos: um sujeito e um objeto. O sujei- to é o homem, o ser racional e cognoscente; o objeto é a realidade na qual ele vive. Existe relação estreita entre o sujeito e objeto; o homem só é sujeito quando está co- nhecendo o objeto, e a realidade só se torna objeto quando é conhecida pelo sujeito. Cognoscente é o homem em processo de construção do conhecimento (SILVA, 1998, p.29). Ex pl or Tipos de conhecimento: senso comum, teológico (religioso), filosófico e científico Entre os conhecimentos que o homem produz na tentativa de explicar e compreender o mundo e dar sentido para as coisas, destacam-se: • o senso comum; • o teológico (religioso); • o conhecimento filosófico; e • o conhecimento científico. Senso comum: é o modo espontâneo e pré-crítico de conhecer. Todo homem, no percurso de sua existência, acumula conhecimentos e experiências daquilo que viveu, viu e ouviu de outras pessoas, interiorizando as tradições da sociedade. Assim, o senso comum refere-se a opiniões individuais e subjetivas das pessoas sobre as coisas e os acontecimentos, como resultado de suas próprias experiências. É um conhecimento que se adquire independentemente de estudos ou pesquisas, entendido como sendo aquele que aborda os fatos sem lhes investigar as causas, sem recorrer à fundamentação técnica, sistemática ou objetiva. 7 UNIDADE Epistemologia Também chamado de “vulgar”, “popular” e “empírico” é o conhecimento do dia a dia, do cotidiano, da vida das pessoas (...) Faz parte da tradição de uma comunidade e resulta de simples transmissão de uma geração a outra (BARBOSA, 2006, p. 45). Tais características, entretanto, não devem fazer supor que este tipo de conhecimento seja desprezível ou desprovido de significação. O senso comum: [...] é a primeira compreensão do mundo resultante da herança fecunda de um grupo social e das experiências atuais que continuam sendo efetuadas. Pelo senso comum, fazemos julgamentos, estabelecemos projetos de vida adquirimos convicções e confiança para agir (ARANHA; MARTINS, 1992, p.56). Apesar de o senso comum não poder ser desprezado, pois é a partir dele que o indivíduo acumula conhecimento e experiências de vida, ele é muito subjetivo e pessoal. Uma opinião pessoal não pode ser considerada verdade, a menos que seja demonstrada cientificamente. Já os conhecimentos teológico (religioso) e filosófico são inexperimentáveis, pois dependem do exercício do pensamento e advém da necessidade de transcendência que o homem possui; é um exercício de pensar os acontecimentos além de suas aparências. · Conhecimento Teológico (religioso): é a crença em divindades, forças superiores, manifestações divinas. Esse tipo de conhecimento não admite questionamentos, não se baseia na razão, e sim, na Fé. A “verdade” surge da revelação. · Conhecimento filosófico: busca respostas na reflexão dos homens sobre si mesmos e sobre a realidade. Os temas de reflexão filosóficos mudam na medida em que o contexto histórico se transforma. Quanto ao objeto de conhecimento da filosofia, pode-se indicá-lo como sendo o tudo. Procura-se conhecer o ser e o não ser, o bem e o mal, o mundo dos seres, dos homens. As proposições filosóficas são situadas em um contexto cultural que considera o homem inserido na história. A filosofia é, pois, uma reflexão crítica também da sociedade, da política, do direito e da educação, e é o seu fundamento (BARROS; LEHFELD, 2000, p.35). Pode-se pensar filosoficamente a Ciência, a Arte, a Religião, o homem etc. e quando assim se procede, procura-se conhecer as causas primeiras dos fenômenos, contrariamente ao que sucede com o conhecimento científico, que fica restrito às causas próximas, às suas particularidades. Ao mesmo tempo em que produz conhecimentos, o homem interroga-se a respeito de sua validade: o que é a verdade? Pode-se confiar na capacidade cognitiva do ser humano? Quando os conhecimentos advindos dela podem ser considerados verdadeiros? 8 9 Historicamente, desde os primeiros filósofos até os nossos dias, debate-se o problema: a verdade está no objeto ou na relação do sujeito com o objeto? Este debate é fecundo, fazendo com que surjam diversas interpretações sobre a questão da verdade e da validade do conhecimento. Cada pensador, cada corrente filosófica, cada cientista responde a essas questões de maneira diferente. Nem todos os pensadores e cientistas chegam às mesmas conclusões sobre as questões que envolvem as “verdades”. E é até bom que seja assim, para que os conceitos e achados científicos sejam exaustivamente testados e comprovados, reduzindo as margens de erros. Toda essa polêmica, tratada aqui de maneira bastante ligeira, na medida em que desafia o espírito humano e provoca divergências aparentemente inconciliáveis, é benéfica e só tem estimulado o aprofundamento de questões ligadas à epistemologia e à filosofia da Ciência. Conhecimento científico: o conhecimento científico, ao contrário do conheci- mento comum: Busca compreender a realidade de maneira racional, descobrindo relações universais e necessárias entre os fenômenos, o que permite prever acontecimentos e, consequentemente, também agir sobre a natureza (ARANHA; MARTINS, 1992, p.89). O conhecimento científico não atinge simplesmente os fenômenos em sua manifestação global, mas investiga sua causa, sua constituição íntima, caracterizando- se, desta forma, pela capacidade de analisar, de explicar, de desdobrar, de justificar, de induzir ou aplicar leis, de predizer eventos futuros. A “Verdade” em Ciência: Objetividade e Subjetividade Ao contrário do uso pouco rigoroso que o homem comum faz da palavra Ciênciaem seu cotidiano, no meio acadêmico, esta palavra é tomada no seu sentido estrito: trata-se de uma forma de conhecimento sistemático dos fenômenos naturais, sociais, biológicos, matemáticos, físicos e químicos, pelos quais se pode chegar a um conjunto de conclusões lógicas, demonstráveis por meio de pesquisas. [...] a Ciência busca um ideal de comunicação universal: a linguagem científica comunica informação a quem quer que possa entendê-la, mercê de um treinamento anterior (...) a comunicação dos resultados e das técnicas da ciência serve não apenas para divulgar, mas também para multiplicar as possibilidades da confirmação ou refutação do conhecimento que está sendo comunicado por parte da comunidade científica (...) (MOREIRA, 2004, p. 10). 9 UNIDADE Epistemologia Por mais que a mensagem, ou a Ciência seja “objetiva”, não devemos esquecer que, no momento exato em que a pessoa – o sujeito – toma consciência de sua existência, esta se torna também, “subjetiva”. Cada ser possui sua própria visão de realidade, seu modo de guardar informações, baseado em sua experiência de vida. Ou seja, todos os esforços buscando a objetividade e o caráter universal do conhecimento tornam-se nulos no momento em que atingem seu objetivo, a divulgação. Isso ocorre porque milhares de pessoas com milhares de experiências de vida diferentes irão criar interpretações pessoais das mais variadas categorias. Assim, as verdades científicas são provisórias, pois são datadas, ou seja, com as transformações sociais, políticas, econômicas e culturais nos diferentes contextos históricos, as Ciências se transformam e, consequentemente, as verdades também sofrem alterações. Critérios de Cientificidade Um dos requisitos primordiais para um assunto ou fato estudado alcançar o estatuto da Ciência é a utilização de métodos científicos. O entendimento do método passou a ser condição necessária ao estabelecimento de limites, na demarcação do que se considera científico ou não. Nos dias de hoje, muitas áreas da ciência se sobrepõem de tal forma que estudiosos de áreas diferentes podem se dedicar a um mesmo tipo de problema, com pontos de vistas distintas (OLIVEIRA, 1997, p.48). Se diversos são os enfoques, diversos também são os modos de se levantar fatos e de se produzir ideias. Ou seja, as formas de procedimentos técnico e lógico do raciocínio científico são variadas, como vários são os métodos para o desenvolvimento da Ciência. O método guia o trabalho intelectual (produção das ideias, experimentos e teorias) e avalia os resultados obtidos. O método é constituído por um conjunto de procedimentos que devem ser observados na busca do conhecimento e transformação da realidade. Em resumo: “Em seu sentido mais geral, o método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um fim dado ou um resultado desejado” (CERVO; BERVIAN, 1996, p.23). Ex pl or No processo de produção do conhecimento, o pesquisador elege o método que lhe parece mais apropriado à natureza do assunto que vai estudar. Método e conteúdo devem estar relacionados, vez que, tão importante quanto o conhecimento, é a maneira como se chegou a ele. 10 11 Todo trabalho científi co, seja de natureza teórico-conceitual ou de natureza empírica, deve esclarecer o caminho percorrido para sua efetivação. O estudante pesquisador deve compreender que se existem diversos métodos para a realização de pesquisas que buscam contribuir para o desenvolvimento das ciências, algumas questões são fundamentais e devem ser respondidas para maior compreensão do que é Ciência e da importância dela, tais como: • Afinal, quais são os critérios de cientificidade? • O que diferencia teorias científicas de outros tipos de teoria (teorias metafísicas e especulativas)? • O que leva cientistas a considerar uma teoria melhor do que a outra, quando ambas se propõem a explicar os mesmos fenômenos? Para responder estes dilemas, a própria comunidade científica/acadêmica estabelece critérios para que uma teoria, estudo ou descoberta tenha valor científico, tais como: coerência, consistência, originalidade e objetividade, aplicabilidade, replicabilidade, além de se submeter, necessariamente, à apreciação crítica da comunidade científica, após sua imprescindível divulgação. Espírito Científi co: a Função da Curiosidade A história humana é a história das lutas pelo conhecimento da nature- za para interpretá-la e para dominá-la. Cada geração recebe um mundo interpretado por gerações anteriores. Esta história está constituída por interpretações místicas, proféticas, filosóficas, científicas, enfim, por ideo- logias. Cada indivíduo que vem ao mundo já o encontra pensado, pronto: regras morais estabelecidas, sociedade organizada, religiões estruturadas, leis codificadas, classificações preparadas. No entanto, tal estruturação do mundo não justifica a alguém se sentir dispensado de repensar este mundo, porque caso contrário tem-se o lugar comum, a mediocridade e, o que é pior, a alienação (BASTOS; KELLER, 2000, p.54). A ciência experimental surgiu e se desenvolveu no início do século XVII, sempre imersa nas discussões filosóficas que tratavam sobre os limites do raciocínio científico, sobre o que a ciência considerava como verdade e questionava a capacidade do homem em conhecer o universo por meio dos seus falhos instrumentos pessoais. Havia uma urgente necessidade de aperfeiçoar os sentidos físicos: visão, audição e tato, bem como amplificar o poder por meio das máquinas. O espírito humano, sempre curioso e duvidando de tudo, tentava se apoiar nas variadas filosofias, na tentativa de encontrar soluções para os problemas humanos. 11 UNIDADE Epistemologia Apesar de todos os avanços nos campos das ciências, foi somente no século XX que a Filosofia científica ganhou autonomia como Disciplina. A Ciência passou a ser um fator de história e de cultura, entrelaçando-se com concepções de ordem moral, política e ética. A curiosidade passa a ter função especial para o cientista, vez que é fundamental para o desenvolvimento da própria Ciência obter o perfeito entendimento de determinada teoria, estabelecendo-se por vezes o confronto com outras teorias no passado ou no presente. A evolução constante do homem, por meio do conhecimento científico, tem aumentado a longevidade, solucionado problemas seculares e, consequentemente, levará a Humanidade a padrões de vida cada vez melhores. Pelo menos é este o objetivo da Ciência. O ser humano vive em constantes questionamentos sobre a própria existência e deseja ansiosamente encontrar respostas e, para isso, cria representações da realidade que percebe e a isso chama de conhecimento. Esse conhecimento sistematizado, comprovado por outras pessoas, chama-se conhecimento científico. O conhecimento científico é aquele que resulta da investigação científica, seus métodos e técnicas. Deriva da necessidade de achar soluções para os diversos problemas do dia a dia e também de explicar de modo sistematizado e comprovado, teorias capazes de replicação, testagem e de comprovação empírica. Desta forma, o conhecimento científico surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem prática da vida diária, mas do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas por meio de provas empíricas. Essa busca do ser humano para achar solução para os seus problemas levou ao desenvolvimento do conhecimento científico, que ajuda na solução dos problemas. Paradoxalmente, muitos homens têm criado problemas no uso de muitas descobertas e invenções. Mas é o mau uso que traz consequências indesejáveis. Certamente o bom uso das descobertas e criações humanas traz bem estar, saúde e conforto. Dê uma olhada ao seu redor: a luz elétrica, o celular, o computador, o avião, a Internet, não são boas soluções? A investigação científica se inicia quando se descobre que os conhecimentos existentes originários quer do sensocomum, quer do corpo de conhecimentos existentes na Ciência, são insuficientes para explicar os problemas surgidos. O conhecimento prévio que nos lança a um problema pode ser tanto do conhecimento ordinário, quanto do científico. 12 13 Quando o homem sai de uma posição meramente passiva, de testemunha dos fenômenos, sem poder de ação ou controle deles, para uma atitude racionalista e lógica, que busca entender o mundo por meio de questionamentos, surge a necessidade de se propor um conjunto de métodos que funcionem como uma ferramenta adequada para essa investigação e compreensão do mundo que o cerca. O homem quer ir além da realidade imediatamente percebida e lançar princípios explicativos que sirvam de base para a organização e classificação que caracteriza o conhecimento. Por meio desses métodos, obtêm-se enunciados, teorias e leis que explicam as condições que determinam a ocorrência dos fatos e dos fenômenos associados a um problema, sendo possível fazer predições sobre esses fenômenos e construir um corpo de novos enunciados, quiçá novas leis e teorias, fundamentados na verificação dessas predições e na correspondência desses enunciados com a realidade fenomenal. A Ciência se vale da crítica persistente que persegue a localização dos erros, por meio de procedimentos rigorosos de testagem que a própria comunidade científica reavalia e aperfeiçoa constantemente. Esse método crítico de constante identificação de dificuldades, contradições e erros de uma teoria, garante à Ciência uma confiabilidade. O que se opõe ao espírito científico é o dogma, que bloqueia a crítica por se julgar autossuficiente e clarividente na sua compreensão do mundo, e acaba por impedir eventuais correções e aperfeiçoamentos, muitas vezes induzindo ao erro, fraudes, ignorância e comportamento intolerante. É, portanto, errôneo achar que a dogmatização de um conhecimento é superior só porque é imutável. Dogmas são doutrinas que nos são apresentadas como inquestionáveis e indiscutíveis. Ex pl or O verdadeiro espírito científi co consiste, justamente, em não dogmatizar os resultados de uma pesquisa, mas em tratá-los como eternas hipóteses que merecem constante investigação. A curiosidade que leva ao desenvolvimento do espírito científico é uma busca permanente da verdade, com consciência da necessidade dessa busca, expondo as suas hipóteses à constante crítica, livre de crenças e interesses pessoais, conclusões precipitadas e preconceitos. Embora não se possam alcançar todas as respostas, o esforço por conhecer e a busca da verdade continuam a ser as razões mais fortes da investigação científica. 13 UNIDADE Epistemologia Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Metodologia do Trabalho Científico - Ebbok https://goo.gl/DBIM75 Principais Linhas Epistemológicas Contemporâneas https://goo.gl/u8gOiD Concepções sobre Objetividade / Subjetividade no fazer Ciência e Possíveis Implicações na Sala de Aula Universitária https://goo.gl/JwvCac 14 15 Referências ALVES, R. A filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Loyola, 2000. BARBOSA, Derly. Metodologia de estudos e elaboração de monografia. São Paulo: Expressão & Arte, 2006. BARROS, Aidil Jesus da Silveira.; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. São Paulo: Pearson Makron Books, 2000. BASTOS, Cleverson; KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 2000. BITTAR, Eduardo C. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática da monografia para os cursos de Direito. São Paulo: Saraiva, 2001. DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. DIONE, J.; LAVILLE, C. A construção do saber. Porto Alegre:UFMG, 2004. FREIRE-MAIA, N. A ciência por dentro. 6.ed. Petrópolis: Vozes, 2000. GALLIANO, A . C. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. GIL, A . C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1989. HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis: Vozes, 2003. JAPIASSÚ, H. Nascimento e morte das Ciências Humanas. Rio de Janeiro: F. Alves, 1978. KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica. 12.ed. Petrópolis: Vozes, 1997. KUHM, T. S. A Estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1991. MÁTTAR NETO, J. A. Metodologia científica na era da Informática. São Paulo: Saraiva, 2002. MOREIRA, Daniel A. O método fenomenológico na pesquisa. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. SALONON, D. V. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 2001. SEVERINO, A. Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21.ed. São Paulo: Cortez, 2000. 15 Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Mathias Gonzalez Profa. Dra. Ana Barbara Ap. Pederiva Revisão Técnica: Profa. Dra. Vilma Silva Lima Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Ap. Cesarin Métodos Científicos • Introdução • Métodos Científicos • Tipos de Métodos • Relação entre Método e Técnica · Pretende-se, ao final desta unidade, que você tenha compreendido que: o método é a trajetória percorrida pelo pesquisador na apreensão do objeto de análise; existem métodos diferentes para apreensão dos fenômenos naturais e sociais. OBJETIVO DE APRENDIZADO Métodos Científi cos UNIDADE Métodos Científicos Introdução Munidos das informações necessárias sobre como se dá a construção e a exe- cução do processo investigativo da Ciência, você acredita que os métodos científi- cos são mecanismos essenciais para se obter novos conhecimentos e transformar a realidade? O método científico refere-se a um conjunto de regras básicas relacionadas aos procedimentos que produzem o conhecimento científico. Dito de outra forma, o método científico pode ser encarado como sendo o caminho utilizado para a construção do discurso científico, ou seja, a trajetória que o pesquisador percorrerá para conhecer o objeto a ser investigado e construir o conhecimento. Nas próximas páginas, pretende-se mostrar a você os tipos de métodos criados no processo de desenvolvimento do homem em busca do conhecimento, partindo- se da relação que se estabelece entre sujeito e objeto do conhecimento. 8 9 Métodos Científi cos Conceituação e Importância do Método Para reforçar o que aprendemos nas Unidades anteriores, de que a Ciência é um procedimento metódico que busca conhecer, interpretar e intervir na realidade, estudaremos alguns dos diferentes métodos científicos. O método não é único e nem sempre o mesmo para o estudo deste ou daquele objeto e/ou para este ou aquele quadro da ciência, uma vez que reflete as condições históricas do momento em que o conhecimento é construído. Somente à base desta reflexão o pesquisador conseguirá compreender o plano histórico e dinâmico do conhecimento científico (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 55). Método significa caminho para chegar a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo. Portanto, entende-se que: É um procedimento de investigação e controle que se adota para o desenvolvimento rápido e eficiente de uma atividade qualquer. Não se executa um trabalho sem a adoção de algumas técnicas e procedimentos norteadores da ação (BASTOS; KELLER, 2000, p.84). Que dizer, então, do método científico? Poderia dizer que é o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de “verdades” científicas. Quais são as “verdades” científicas? O que é ser cientista? O que é Ciência? Existe uma Ciência única? Quando nos reportamos a uma hipotética linha demarcatória a separar o que julgamos ser uma verdade científica de outras possíveis verdades, a que nos estamos referindo? Por estas questões, nota-se que o método tem vital importância, já que é por meio dele que se alcançam as verdades buscadas pela Humanidade por meio dos pesquisadores. Qualquer pessoa pode realizar uma experiência que julgue ser bem-sucedida, massempre necessitará da comprovação científica por meio de provas. Os cientistas só aceitarão uma teoria ou descoberta depois que a replicarem ou obtiverem provas irrefutáveis até aquele momento. Uma experiência científica só será considerada válida para o mundo da Ciência se for realizada seguindo determinadas normas controladas. Os cientistas se esmeram em replicar incontáveis vezes uma experiência até terem certeza de que foram obedecidos todos os critérios de cientificidade exigidos pela Ciência. O cientista é aquele que se utiliza do método científi co para encontrar a solução dos problemas ou compreender o universo à sua volta. Assim, o método científi co é o caminho trilhado pelo cientista Ex pl or 9 UNIDADE Métodos Científicos No método científico, a hipótese é o caminho que deve levar à formulação de uma teoria. O cientista, na sua hipótese, tem dois objetivos: explicar um fato e prever outros acontecimentos dele decorrentes. A hipótese deverá ser testada/aplicada para que os resultados obtidos pelos pesquisadores comprovem perfeitamente a hipótese; então, ela será aceita como teoria. Para simplificar, a hipótese é uma tentativa preliminar de resposta ao problema da pesquisa: DÚVIDA PROBLEMA HIPÓTESE TENTATIVA DE SOLUÇÃO A hipótese é uma resposta provisória e antecipa algo que será ou não confirmado com a pesquisa. O método científico é composto pelas seguintes fases: • Observação de um fato; • Formulação de um problema; • Proposta de uma hipótese; • Realização de uma pesquisa para testar a validade da hipótese. Para maior segurança nas conclusões, toda pesquisa deve ser controlada com técnicas que permitem descartar as variáveis que podem mascarar o resultado. Tipos de métodos Existem vários tipos de métodos científicos utilizados pelos cientistas e pesqui- sadores de diferentes áreas do conhecimento para se chegar a determinados resul- tados. São eles: a) Método indutivo: é aquele que parte da observação de casos particulares para o estabelecimento de hipóteses de caráter geral. Trata-se do método proposto pelos empiristas (Bacon, Hobbes, Locke, Hume), para os quais o conhecimento é fundamentado exclusivamente na experiência, sem levar em consideração princípios preestabelecidos. Nesse método, parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se desejam conhecer. A seguir, procura-se compará-los com a finalidade de descobrir as relações existentes entre eles. Por fim, procede-se à generalização, com base na relação verificada entre os fatos ou fenômenos. Observe o exemplo a seguir: 10 11 • João é mortal. • Paulo é mortal. • Manoel é mortal. • Ora, João, Paulo e Manoel são homens. • Logo, (todos) os homens são mortais. Conclusões indutivas são perigosas, pois generalizações de premissas verdadeiras podem levar a uma falsa conclusão. b) Método dedutivo: é aquele pelo qual, a partir da observação de um princípio geral, chega-se a conclusões particulares. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica. É o método proposto pelos racionalistas (Descartes, Spinoza, Leibniz), segundo os quais só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro, que decorre de princípios a priori evidentes e irrecusáveis. Como neste exemplo: • Todo mamífero é vertebrado. • Todo homem é mamífero. • Logo, todo homem é vertebrado. c) Método hipotético-dedutivo: é aquele pelo qual, mediante a percepção de uma lacuna no conhecimento, formula-se uma hipótese e, então, pelo processo de observação e inferência dedutiva, testa-se a predição da ocorrência de fenômeno abrangido pela hipótese (LAKATOS; MARCONI, 1991). Pode-se apresentar as etapas do método hipotético-dedutivo da seguinte forma: 1. Problema: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema; 2. Conjecturas: para tentar explicar a dificuldade expressa no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Para a explicação de um fenômeno, surge o problema; 3. Dedução de consequências observadas: das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas; 4. Tentativa de falseamento: falsear significa tentar tornar falsas as consequ- ências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo procura-se a todo custo confirmar as hipóteses, no método hipotético-dedutivo, ao con- trário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la; 5. Corroboração: quando não se consegue demonstrar qualquer caso con- creto capaz de falsear a hipótese, tem-se a sua corroboração, que é a confir- mação da hipótese; entretanto, está é considerada provisória. 11 UNIDADE Métodos Científicos Nesse caso, de acordo com Popper, a hipótese mostra-se válida, pois superou todos os testes, mas não definitivamente confirmada, já que a qualquer momento poderá surgir um fato que a invalide; O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir de criticas a indução, ex- pressas em A lógica da investigação científica, obra publicada pela primeira vez em 1935.Ex pl or d) Método dialético: procura contestar uma realidade posta, enfatizando as suas contradições. Para toda tese, existe uma antítese, que, quando contra- posta, tende a formar uma síntese. Tal método funda-se numa concepção dinâmica da realidade e das relações dialéticas entre sujeito e objeto, conhecimento e ação, teoria e prática. O método dialético não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de sua ação recíproca (...) É contrário a todo conhecimento rígido: tudo é visto em constante mudança, pois sempre há algo que nasce e se desenvolve e algo que se desagrega, se transforma (ANDRADE, 1999, p.114-5). O método dialético, portanto, é contrário a todo conhecimento rígido, pois tudo é percebido como em constante mudança; e) Método fenomenológico: não se limita à descrição dos fenômenos. Também é, ao mesmo tempo, tentativa de interpretação desses fenômenos, com o objetivo de pôr a descoberto os sentidos menos aparentes, os sentidos mais fundamentais que os fenômenos têm. Caracteriza-se por valorizar a pesquisa do cotidiano, por tentar resgatar tudo aquilo que, pela rotina, foi perdendo relevo e significação, foi ficando oculto pelo uso, pelo hábito, pelo senso comum. Nesse sentido, o enfoque fenomenológico permite reeducar, reorientar o olhar que investiga. O método fenomenológico valoriza, sobretudo, a interpretação do mundo, o qual surge intencionalmente à consciência do homem. Assim, pode-se afirmar que, na pesquisa de orientação fenomenológica, o sujeito deixa de ser um observador imparcial, como pretende a abordagem positivista, para assumir, de certa forma, a condição de “ator”. Aliás, um os méritos do método fenomenológico é justamente o de questionar os procedimentos positivistas, encarecendo a importância do sujeito no processo da construção do conhecimento. Outra característica marcante da pesquisa fenomenológica é sua recusa à caracterização, pretendendo-se, ao contrário, sempre aberta a novas interpretações. 12 13 É importante ressaltar que, conforme Masini (1989), alguns autores consideram inadequado falar em método fenomenológico. Segundo eles, não haveria tal método, mas regras formais de pesquisa voltadas especialmente para o fenômeno (aquilo que se mostra como é, que se mostra a si mesmo). Então, não caberia falar em método, mas em atitude fenomenológica; f) Método histórico: específico das ciências sociais, parte do princípio de que as atuais formas de vida social, as instituições e os costumes têm suas raízes no passado, sendo, portanto, fundamental pesquisar sua origem para bem compreender sua natureza e função. Por exemplo, para se investigar uma instituição social como a família e as relações de parentesco, o método histórico pesquisa, no passado,os elementos constitutivos dos vários tipos de família e as fases de sua evolução social. O método histórico “consiste em investigar os acontecimentos, processos e ins- tituições do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje” (ANDRA- DE, 2003, p. 133). Dessa forma, o pesquisador que utiliza o método histórico tem a preocupação de colocar o fenômeno estudado no ambiente social em que surgiu, ou seja, contextualizá-lo. Assim, será capaz de acompanhar suas sucessivas alterações e de compará-lo a fenômenos semelhantes em sociedades diferentes (LAKATOS; MARCONI, 1991). Dentro do método histórico, há toda uma diversidade de abordagem. É possível aplicar esse método ao estudo de um mesmo tema; porém, com enfoques tão diferentes quanto o positivista, o fenomenológico, o dialético etc. Relação entre Método e Técnica Na investigação científica, os termos “método” e “técnica” estão estreitamente relacionados e são comumente empregados sem uma compreensão exata da sua diferenciação semântica. Como já foi anteriormente descrito, o método – termo já conhecido na Grécia Clássica (méthodos) foi usado por Platão e Aristóteles no sentido de “estudo ordenado de uma questão filosófica ou científica”. A palavra pode ser decomposta no prefixo metá + hodós, que quer dizer caminho, via, rota. Em sentido genérico é, portanto, o caminho pelo qual se chega a um deter- minado resultado. Na terminologia científica, método pode ser definido como um conjunto de dados e regras de proceder, permitindo atingir um fim previamente determinado. Por exemplo: pesquisa experimental, diagnóstico, operação, tratamento, reação físico-química ou biológica, prova clínica ou teste de laboratório. Muitos teóricos definem método como um conjunto de meios dispostos convenientemente para se chegar a um fim. 13 UNIDADE Métodos Científicos A palavra “técnica” vem do grego tékhne, e significa arte. Se o método é o caminho, a técnica é o modo de caminhar. Técnica subentende o modo de pro- ceder em seus menores detalhes, a operacionalização do método segundo nor- mas padronizadas. É resultado da experiência e exige habilidade em sua execução. Um mesmo método pode comportar mais de uma técnica. O método científico inicialmente ocorre do seguinte modo: há um problema que desafia a inteligência; o cientista elabora uma hipótese e estabelece as condições para seu controle, a fim de confirmá-la ou não. A conclusão é então generalizada, ou seja, considerada válida não só para aquela situação, mas para outras similares. Além disso, quase nunca se trata de um trabalho solitário do cientista, pois, hoje em dia, cada vez mais as pesquisas são objetos de atenção de grupos especiali- zados ligados às universidades, às empresas ou ao Estado. De qualquer forma, a objetividade da ciência resulta do julgamento feito pelos membros da comunidade científica que avaliam criticamente os procedimentos utilizados e as conclusões, divulgadas em revistas especializadas e congressos. Assim, dentro da visão do senso comum, a Ciência busca compreender a realidade de maneira racional, descobrindo relações universais e necessárias entre os fenômenos, o que permite prever os acontecimentos e, consequentemente, também agir sobre a natureza. Para tanto, a ciência utiliza métodos rigorosos e atinge um tipo de conhe- cimento sistemático, preciso e objetivo. Entretanto, apesar do rigor do método, não é conveniente pensar que a Ciência é um conhecimento certo e definitivo, pois ela avança em contínuo processo de investigação que supõe alterações à medida que surgem fatos novos, ou quando são inventados novos instrumentos. Por exemplo, nos séculos XVIII e XIX, as leis de Newton foram reformuladas por diversos matemáticos que desenvolveram técnicas para aplicá-las de maneira mais precisa. No século XX, a teoria da relatividade de Einstein desmentiu a concepção clássica que a luz se propaga em linha reta. Isso serve para mostrar o caráter provisório do conhecimento científico sem, no entanto, desmerecer a seriedade e o rigor do método e dos resultados. Ou seja, as leis e as teorias continuam sendo de fato hipóteses com diversos graus de confirmação e verificabilidade, podendo ser aperfeiçoadas ou superadas. • A partir da explanação feita acima, será que podemos afirmar que existe um método universal?; • Será que os métodos universais devem ser considerados válidos para situações diversas? E tendo situações diferentes, podemos qualificá-las como universais?; • Como descrever relações universais por meio de métodos “individuais”?; • Será que esse tipo de método é realmente válido universalmente?; • Será que podemos nomear o método como sendo universal? 14 UNIDADE Métodos Científicos Referências ALVES, R. A filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Loyola, 2000. ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2003. BARBOSA, Derly. Metodologia de estudos e elaboração de monografia. São Paulo: Expressão & Arte, 2006. BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. São Paulo: Pearson Makron Books, 2000. BASTOS, Cleverson; KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 2000. DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. DIONE, J.; LAVILLE, C. A construção do saber. Porto Alegre: UFMG, 2004. FREIRE-MAIA, N. A ciência por dentro. 6.ed. Petrópolis: Vozes, 2000. GALLIANO, A. C. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1989. HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis: Vozes, 2003. JAPIASSU, H. Nascimento e morte das ciências humanas. Rio de Janeiro: F. Alves, 1978. KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica. 12.ed. Petrópolis: Vozes, 1997. KUHM, T. S. A. Estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1991. MÁTTAR NETO, J. A. Metodologia científica na era da informática. São Paulo: Saraiva, 2002. SALONON, D. V. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 2001. SEVERINO, A. Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21.ed. São Paulo: Cortez, 2000. 16 Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Vilma Lima Revisão Textual: Prof. Ms. Cláudio Brites Textos Científicos • Trabalhos Científicos • Tipos de Trabalhos Científicos • Trabalhos de Encerramento de Cursos · Nesta unidade da disciplina Metodologia da Pesquisa Científica, pre- tendemos apresentar a você os principais tipos de trabalhos científicos. OBJETIVO DE APRENDIZADO Textos Científi cos UNIDADE Textos Científicos Trabalhos Científicos A preparação planejada e metódica de um trabalho científico, tal como o que é exigido nos cursos de graduação e pós-graduação, supõe uma sequência de etapas. As principais etapas para elaboração dos trabalhos são: determinação e delimitação do tema, levantamento bibliográfico e de fontes primárias de pesquisa acerca do tema, leitura e análise da documentação, construção lógica do trabalho e, finalmente, redação do texto. Determinação e Delimitação do Tema A determinação do assunto a ser tratado envolve a escolha e a delimitação do tema. A escolha do tema deve estar vinculada a dois aspectos fundamentais: formação do pesquisador e sua prática cotidiana. As vivências dos problemas no desempenho profissional diário ajudam a alcançar a clareza necessária ao investigador na delimitação e resolução do problema (TRIVINÕS, 1987, p. 93). O tema delimitado facilita a pesquisa. A partir de uma visão clara do tema, sob determinada perspectiva, faz-se a problematização. A formulação do problema, da hipótese ou das questões de pesquisa a serem investigadas deve ser redigida com precisão e objetividade. Importante! Devemos ter maiores cuidados em relação a temas que já foram objetode outros estudos. Isso, no entanto, não deve impedir que um mesmo tema seja abordado por vários estudiosos, desde que façam uso de diferentes enfoques, o que permitirá, ao invés de redundância, alcançar conclusões inovadoras e complementares. Importante! Levantamento Bibliográfico e de Fontes Primárias As fontes documentais ou fontes primárias referem-se a documentos, escritos ou não, tais como: documentos de arquivos públicos (jornais, documentos oficiais, dados estatísticos, dados históricos e material cartográfico, entre outros) documentos de arquivos privados (diários, memoriais, cartas, autobiografias e outros). Essas fontes são criadas no tempo em que se estuda, por uma autoridade, geralmente uma com conhecimento pessoal direto dos eventos descritos. São fontes entendidas como mais próximas à origem da informação ou da ideia em estudo. As fontes bibliográficas ou secundárias abrangem todo o material que tenha sido tornado público por um profissional ou pesquisador, que tenha analisado as fontes primárias de pesquisa. Portanto, tratam-se daquelas informações originalmente apresentadas em outros lugares. 8 9 O levantamento de fontes faz-se mediante consultas a catálogos e fichários de bibliotecas, sumários de publicações, bancos de teses e dissertações, material de divulgações, material de divulgação de editoras, listas bibliográficas constantes de livros e artigos ligados ao tema, programas de busca da Internet etc. Levantando o material, faz-se necessária uma triagem, já que nem tudo será lido e estudado. Neste ponto, as resenhas são importantes por indicarem se o material é ou não útil ao desenvolvimento da pesquisa. Quando não há resenhas disponíveis, deve-se procurar informações diretamente na obra: prefácios, orelhas, sumários, passagens do texto etc. É no momento da triagem que se identifica aquele material, não só relevante, como mais adequado ao desenvolvimento do trabalho, deixando-se de lado obras genéricas como enciclopédias, revistas não especializadas, livros didáticos, enfim, todo material que não apresente grau de complexidade compatível com o nível que o pesquisador pretende alcançar. Ao contrário do que se pensa, não se deve pesquisar apenas em documentos recentes e atualizados. Uma pesquisa científica deve ser iniciada a partir de referências antigas, quando o assunto assim o ensejar. Os livros, as revistas, os jornais e mesmo a internet podem ser fontes valiosas de informações relevantes na pesquisa que se deseja realizar. São necessários dados quantitativos e qualitativos que possam validar os fundamentos do estudo desejado. Leitura e Análise da Documentação De posse das informações obtidas mediante a busca, levantamento e leitura preliminar das fontes de pesquisas, faz-se necessária a elaboração de um plano prévio do trabalho a ser desenvolvido. Trata-se de um esboço traçado a partir das grandes linhas que estruturarão o estudo. Sendo provisório, este plano inicial, na medida em que incorpora ganhos de leitura, sugestões de especialistas, dados de observação da realidade, poderá sofrer reformulações mais ou menos profundas. Estabelecido o plano prévio, inicia-se a leitura propriamente dita do material selecionado, leitura esta seguida de anotações: fichamentos, resumos, resenhas e mesmo comentários pessoais, os quais devem ser classificados e arquivados, tendo em vista a redação do texto final. A Construção Lógica do Trabalho A construção lógica do trabalho é expressa mediante o encadeamento lógico das ideias, com o objetivo de comunicar ao leitor todo o percurso do estudo e suas conclusões. Qualquer que seja sua natureza: resenha, artigo, monografia etc., o trabalho científico deve se constituir numa totalidade inteligível e organicamente estruturado. Para tanto, é preciso que as seções do trabalho, os capítulos, os parágrafos, organizem-se de modo coeso, numa sequência lógica, de modo que o leitor seja capaz de seguir o fio condutor do raciocínio. 9 UNIDADE Textos Científicos Redação do Texto A redação de um trabalho acadêmico deve ser realizada com atenção para evitar problemas de digitação, problemas com pontuação, ortografia, concordância ou incoerência dos dados apresentados, entre outros. Nunca uma primeira redação pode ser dada como definitiva: é indispensável a redação prévia das partes e outra redação global do trabalho. Esta redação deverá ser revista, criticada, uma ou duas vezes, para que se possa considerá-la como definitiva (ANDRADE, 2003, p. 89). No momento da redação final do trabalho, é muito importante que o estudante/ pesquisador tenha em mão dicionários, dicionários de sinônimos e manuais de redação, entre outros materiais, para evitar problemas de ortografia e, também, a repetição constante de palavras. A formatação do trabalho científico deverá seguir o padrão de Normas Técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. As normas atualizadas da ABNT encontram-se na Biblioteca da Universidade. Tipos de Trabalhos Científicos Fichamento O fichamento consiste no ato de registrar os estudos de um livro e/ou um texto visando a possibilitar ao estudante a assimilação do conhecimento, bem como facilitar a execução dos trabalhos acadêmicos. A ficha que pode ser produzida manualmente ou no computador deve conter a seguinte estrutura: cabeçalho indicando o assunto e a referência da obra, isto é, a autoria, o título, o local de publicação, a editora e o ano da publicação. Essa estratégia de estudo é bastante interessante de se efetivar, principalmente, quando estamos elaborando trabalhos mais extensos – monografia, dissertações – e etc. Existem diversos modelos de ficha de estudo. Cada aluno, no entanto, deve produzir a sua. Salientamos que é essencial constar nas fichas as informações bases do texto fichado, visando facilitar a utilização das informações da ficha. Para facilitar, já utilize as normas da ABNT. Anote sempre: nome completo do autor, título, editora, local, ano quantidade de páginas. Não esqueça, se for o caso de uma citação direta, de anotar a página na qual consta o trecho retirado. Essa ação facilitará muito o seu trabalho. 10 11 Fichamento: método de armazenamento, organização e consulta de informações, sobre livros ou documentos, a partir da elaboração de fi chas. Seu conteúdo facilita o estudo e a aprendizagem, pois pode ser apresentada na forma de resumos e resenhas. . Ex pl or Fichamento – Exemplo Assunto (TEMA): Vida e cotidiano Ficha no. 01 Referência Bibliográfica Completa: HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. 4.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1992. Texto da Ficha: “O homem nasce já inserido em sua cotidianidade. O amadurecimento do homem significa, em qualquer sociedade, que o indivíduo adquire todas as habilidades imprescindíveis para a vida cotidiana da sociedade (camada social) em questão. É adulto capaz de viver por si mesmo na sua cotidianidade” (p.18). “O adulto deve dominar, antes de mais nada, a manipulação das coisas [...] Mas embora a manipulação das coisas seja idêntica à assimilação das relações sociais, continua também contendo inevitavelmente, de modo imanente, o domínio espontâneo das leis da natureza” (p. 19). Tipo de fichamento: Citação Biblioteca que se encontra a obra: Biblioteca da UNIT (UNIVERSIDADE TIRADENTES – Campus II - FAROLANDIA) Resumo Apresentação sucinta das principais ideias de um texto, ressaltando os trechos mais relevantes, sem adicionar comentários e/ou opiniões pessoais. Sua redação será obtida a partir da capacidade analítica e compreensiva do leitor. Portanto, quanto mais se tiver domínio e compreensão dos assuntos tratados no texto a ser resumido, maior será a capacidade de síntese e de interpretação. No mundo acadêmico, o desenvolvimento desse tipo de trabalho é importante, por que permite, “[...] em rápida leitura, recordar o essencial do que se estudou e [apresentar] a conclusão a que se chegou” (GALLIANO, 1986, p. 89). Lembre-se: nesse tipode trabalho, a opinião de quem está lendo e resumindo o texto é dispensável. Trata-se de um monólogo no qual somente o autor tem voz, cabendo, portanto, a quem está resumindo somente a apresentação sucinta do que foi escrito. 11 UNIDADE Textos Científicos Além disso, é importante ressaltar que um resumo não é um simples recorte- e-cole das partes que você julgou como as mais importantes do texto lido – o que deve ser feito é um trabalho de leitura, releituras e identificação das ideias mais relevantes que, posteriormente, deverão ser retransmitidas de forma breve e organizadas. Existem várias formas para se fazer um bom resumo, a título de informação, sugerimos a que segue: 1. Leia e releia o texto; 2. Anote, circule e identifique tudo o que você desconhece; 3. Busque informações sobre essas questões desconhecidas; 4. Busque as informações mais importantes/essenciais do texto; 5. Organize essas ideias de modo que fique fácil de entendê-las. Sugerimos que você tente responder a duas questões: 1. O que está sendo dito no texto?; 2. Como eu explicaria este assunto para alguém?; 6. Escreva o resumo com suas palavras. Resumo - Exemplo Texto - Lendas da Via Láctea A Via Láctea era imaginada como o caminho para casa de Zeus/Júpiter. Era também considerada o percurso desordenado da corrida de Faetonte pelo Céu, enquanto conduzia o carro do Sol. Os povos nórdicos acreditavam que a Via láctea era o caminho seguido pelas almas para o céu. Na Escócia antiga, ela era a estrada prateada que conduzia ao castelo do rei do fogo. Os índios primitivos acreditavam que a Via Láctea era o caminho que os espíritos percorriam até às suas aldeias, no Sol. O seu caminho é marcado pelas estrelas, que são fogueiras que os guiam ao longo do caminho. Resumo: Existem várias lendas acerca da Via Láctea. São vários os povos, desde os gregos, os nórdicos e os indígenas primitivos, que interpretam a Via Láctea como um caminho, um rio celestial ou como guia das almas até ao céu. Resenha A resenha, assim como o resumo, tem como principal característica a apresentação de um texto conciso, mas com uma avaliação positiva ou negativa sobre o texto resenhado. O objetivo da resenha é divulgar objetos de consumo cultural como livros, filmes, peças de teatro etc. 12 13 Se no resumo não havia espaço para o diálogo, na resenha, esse espaço é indispensável. A ideia é ler o texto e dialogar com o autor e suas considerações. É importante ter claro que a resenha representa mais do que uma simples opinião. Você deverá compreender os assuntos tratados para criar sinergia entre as suas ideias e as ideias do autor da obra. Sua opinião, portanto, deverá ser baseada em argumentos e evidências reunidos e em um raciocínio próprio. Existem várias formas para se fazer uma boa resenha, a título de informação, sugerimos a que segue: • Resuma a obra a ser resenhada; • Discuta os aspectos positivos da obra; • Identifique as contradições, os furos e as inconsistências da obra; • Verifique se os dados ou pesquisas apresentadas pelo autor são suficientes para apoiar suas afirmações; • Verifique se há perguntas sem respostas; • Identifique/pesquise termos e conceitos com os quais não esteja familiarizado, para que possa compreender e dialogar com o texto. Importante! Resumo X Resenha No resumo, objetiva-se sintetizar um texto-fonte, ressaltando, para isso, seus trechos mais relevantes, sem, no entanto, adicionar comentários e/ou opiniões pessoais; já na resenha, tem-se como característica principal a elaboração de um texto optativo, com a presença de uma avaliação crítica do fragmento analisado. Resumo X Resenha Importante! Não esqueça: A finalidade de uma resenha é informar o leitor, de maneira objetiva e cortês, sobre o assunto tratado no livro, evidenciando a contribuição do autor: novas abordagens, novos conhecimentos, novas teorias (LAKATOS, 1995, p. 234). O resenhista deve resumir o assunto e apontar as falhas e os erros de informação encontrados, sem entrar em muitos pormenores, e, ao mesmo tempo, tecer elogios aos méritos da obra, desde que sinceros e ponderados (LAKATOS, 1995, p. 243). 13 UNIDADE Textos Científicos Resenha - Exemplo Um gramatico contra a gramática Gilberto Scarton Língua e Liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino (L&PM, 1995, 112 páginas) do gramático Celso Pedro Luft traz um conjunto de ideias que subverte a ordem estabelecida no ensino da língua materna, por combater, veemente, o ensino da gramática em sala de aula. Nos 6 pequenos capítulos que integram a obra, o gramático bate, intencionalmente, sempre na mesma tecla – uma variação sobre o mesmo tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a língua materna, as noções falsas da língua e gramática, a obsessão gramaticalista, inutilidade do ensino da teoria gramatical, a visão distorcida de que se ensinar a língua é se ensinar a escrever certo, o esquecimento a que se relega a prática linguística, a postura prescritiva, purista e alienada – tão comum nas “aulas de português”. O velho pesquisador apaixonado pelos problemas da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação linguística e professor de longa experiência leva o leitor a discernir com rigor a gramática e comunicação: gramática natural e gramática artificial; gramática tradicional e linguística; o relativismo e o absolutismo gramatical; o saber dos falantes e o saber gramáticos, dos linguistas, dos professores; e o ensino útil, do ensino inútil; o essencial, do irrelevante. Essa fundamentação linguística de que lança mão – traduzida de forma simples com fim de difundir assunto tão especializado para o público geral – sustenta a tese do Mestre, e o leitor facilmente se convence de que aprender uma língua não é tão complicado como faz ver o ensino gramaticalista tradicional. É, antes de tudo, um fato natural imanente ao ser humano; um processo espontâneo, automático, natural, inevitável, como crescer. Consciente desse poder intrínseco, dessa propensão inata pela linguagem, liberto de preconceitos e do artificialismo do ensino definitório, nomenclaturista e alienante, o aluno poderá ter a palavra, para desenvolver seu espírito crítico e para falar por si. Embora Língua e Liberdade do professor Celso Pedro Luft não seja tão original quanto pareça ser para o grande público (pois as mesmas concepções aparecem em muitos teóricos ao longo da história), tem o mérito de reunir, numa mesma obra, convincente fundamentação que lhe sustenta a tese e atenua o choque que os leitores – vítimas do ensino tradicional – e os professores de português – teóricos, gramatiqueiros, puristas – têm ao se depararem com uma obra de um autor de gramáticas que escreve contra a gramática na sala de aula. 14 15 Paper Busca-se na ABNT a definição do que seja um paper, já que esse normalmente é confundido com artigo científico. Para a ABNT (1989), contudo, um paper consiste em um pequeno artigo científico, ou seja, podemos dizer que é um artigo científico mais resumido. Normalmente esse tipo de trabalho traz, em poucas palavras, a ideia de um projeto ou de um caso em andamento ou já analisado e suas argumentações e defesas, de modo claro e objetivo. Esse tipo de trabalho é bastante comum de ser solicitado em seminários e congressos, principalmente nas áreas de saúde. A estrutura de um paper é idêntica à de um artigo científico. Artigo Científi co O próprio nome já revela o que seja esse tipo de trabalho. Entendido no meio acadêmico como um texto científico cuja função é relatar os resultados de uma dada pesquisa, materializa-se sob a forma de um relato acerca dos resultados originais de um estudo. Para Santos (2007, p. 43), [...] são geralmente utilizados como publicações em revistas especializadas, a fim de divulgar conhecimentos, de comunicar resultados ou novidades a respeito de um assunto, ou ainda de contestar, refutar ou apresentar outras soluções de uma situação convertida.Cada instituição, revista, editora etc. define as regras específicas para o autor seguir. A formatação de praxe é a que segue: Introdução: apresentação do artigo, onde se esclarece ao leitor a natureza do problema cuja resolução será descrita no artigo; o estado da arte do tema; o objetivo do artigo e sua relevância; Desenvolvimento do artigo: descrição, ao longo de vários parágrafos, de todos os pontos relevantes da pesquisa realizada; Conclusões: apresentação clara do que se concluiu com o estudo; Referências: trata-se de uma listagem dos livros, artigos ou endereços eletrônicos que foram referenciados ao longo do artigo. Artigo Científi co - Segundo a ABNT (NBR 6022, 2003, p.2), o artigo científi co pode ser defi nido como a “publicação com autoria declarada, que apresenta e discute id- eias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento”. 15 UNIDADE Textos Científicos Projeto de Pesquisa Esse tipo de trabalho consiste num importante passo da produção científica. É nele que o aluno apresenta, delimita e expõe seu objeto de estudo, especificando o tipo de abordagem que pretender utilizar durante a realização do estudo/pesquisa. Pode-se dizer que o projeto de pesquisa abre as portas para a realização da monografia, do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC ou de qualquer outro tipo de trabalho acadêmico. O referido trabalho deve expressar a síntese do conteúdo que será exposto no futuro trabalho acadêmico que se pretende realizar. Alguns itens são essenciais para a elaboração de um bom projeto de pesquisa: • 1º Escolha do tema: apresentação do assunto que se pretende trabalhar; • 2º Formulação do problema: apresentação dos problemas que esse as- sunto sugere; • 3º Hipóteses: resposta provisória para o problema de pesquisa; • 4º Justificativa: apresentar os motivos que o levaram a escolher o assunto; • 5º Objetivos: apresentar onde você pretende chegar com a pesquisa; • 6º Referencial teórico: apresentação dos estados da arte do tema escolhido – identificar outras obras que já trabalharam com o mesmo assunto; • 7º Metodologia da pesquisa: apresentar como a pesquisa será efetivada; ca- minhos para se chegar aos objetivos propostos; qual o tipo de pesquisa será realizada; qual o universo/amostragem da pesquisa; quais os instrumentos de coleta de dados; como foram construídos os instrumentos de pesquisa; qual a forma que será usada para a tabulação de dados; como interpretará e analisará os dados e informações; • 8º Cronograma: quais atividades serão desenvolvidas para a execução do pro- jeto e em que prazo; • 7º Referências: lista dos autores que serão citados no projeto. Trabalhos de Encerramento de Cursos Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) Os trabalhos de conclusão de curso de graduação, conhecidos como TCC, constituem uma modalidade de iniciação científica. O aluno apresenta um trabalho abordando algum tema que foi tratado durante o curso que está concluindo e deve demonstrar que domina tanto o assunto, quanto as técnicas formais para a produção de monografia. 16 17 Esse tipo de trabalho: implica em orientação de conteúdo e técnica, tendo por finalidade a conclusão de um curso. A institucionalização de tais monografias de final de curso visa calibrar a qualidade e aproveitamento do ensino que esta ou aquela faculdade oferece (BASTOS; KELLER, 2000, p. 66). É necessária, também, para os que frequentam cursos de especialização, para a obtenção do título de especialista, a elaboração de um TCC (monografia) relacionado à área em questão. Interdisciplinar (TGI) O TGI é um documento exigido em cursos de graduação sobre estudos realizados pelos alunos, com o objetivo de induzir e fixar o aprendizado. Deve ser feito sob a coordenação do professor. As instituições de ensino estabelecem regras parecidas quanto à elaboração de um TGI. Eis algumas delas: a) O Trabalho de Graduação Interdisciplinar deve estar de acordo com as normas e regulamentos da instituição e a legislação brasileira vigente; b) A área de conhecimento a ser estudada deverá ter sido aprovada por uma Comissão, Coordenação de Trabalho de Graduação Interdisciplinar; c) As atividades efetivamente realizadas devem ser condizentes com o plano de trabalho; d) A carga horária mínima deve ser alcançada; e) Os objetivos propostos para o Trabalho de Graduação Interdisciplinar devem ser atingidos; f) O aluno deve comprovar conhecimento do Código de Ética relativo ao Trabalho de Graduação Interdisciplinar; g) O discente deverá apresentar, dentro dos prazos, os relatórios exigidos pela supervisão do Trabalho de Graduação Interdisciplinar; h) O aluno deverá apresentar, na data estabelecida, a defesa oral do Trabalho de Graduação Interdisciplinar perante a banca examinadora. Apesar de muitas instituições de ensino superior requererem a elaboração de um TCC como requisito para a obtenção de uma graduação, nem sempre é exigido o TGI, que é opcional. Monografi a A Monografia é um trabalho científico que se destina a estudar um assunto em específico, normalmente apresentada como um trabalho de conclusão de curso de graduação e pós-graduação lato sensu. Trata-se de um trabalho, normalmente, escrito apenas por uma pessoa. Atualmente é o mais disseminado tipo de trabalho científico. Caracteriza-se por ser um trabalho que apresenta resultado de uma investigação pouco complexa e sobre um tema único e bastante bem delimitado. 17 UNIDADE Textos Científicos Dissertação A dissertação de mestrado é um trabalho científico de pesquisa, desenvolvido em cursos de pós-graduação stricto sensu, como requisito para obtenção do grau acadêmico de mestre. O trabalho deve revelar domínio de conhecimentos específicos da área, capacidade de análise das fontes primárias e secundárias de pesquisa, capacidade de síntese e argumentação, pois pressupõe a defesa pública do trabalho para uma banca de professores pesquisadores doutores. Tese A tese de doutorado é um trabalho científico de pesquisa, desenvolvido em cursos de pós-graduação stricto sensu, como requisito para obtenção do grau acadêmico de doutor. O trabalho possui como principal característica a originalidade e deve revelar domínio de conhecimentos específicos da área, capacidade de análise das fontes primárias e secundárias de pesquisa, capacidade de síntese, de elaboração de novos conceitos ou teorias que contribuam para o desenvolvimento do conhecimento cien- tífico e, ainda, capacidade de argumentação, pois pressupõe a defesa do trabalho para uma banca de professores pesquisadores doutores e livre-docentes. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Apresentação e Tipos de Trabalhos Acadêmicos https://goo.gl/DoHx7E Leitura Resenha Acadêmica Descritiva https://goo.gl/kfWdEz Tipos de Trabalhos Acadêmicos https://goo.gl/dU3IPX Produção Acadêmica https://goo.gl/2Txd2X 19 UNIDADE Textos Científicos Referências ALVES, R. A filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Loyola, 2000. ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2003. DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. DIONE, J.; LAVILLE, C. A construção do saber. Porto Alegre:UFMG, 2004. FREIRE-MAIA, N. A ciência por dentro. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. GALLIANO, A. C. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1989. HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis: Vozes, 2003. JAPIASSÚ, H. Nascimento e morte das ciências humanas. Rio de Janeiro: F. Alves, 1978. KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 1997. KUHM, T. S. A. Estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1991. MÁTTAR NETO, J. A. Metodologia científica na era da informática. São Paulo: Saraiva, 2002.MOREIRA, D. A. O método fenomenológico na pesquisa. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. SALONON, D. V. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 2001. SEVERINO, A. Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000. 20 Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Ana Barbara Pederiva Revisão Técnica: Profa. Dra. Vilma Lima Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos Pesquisa Científica – Classificação • Introdução • Tipos de Pesquisas • Diferenças entre o Método Qualitativo e Quantitativo · Estando no universo acadêmico, é preciso que o aluno adquira o conhecimento dos diferentes tipos de pesquisa e as linhas gerais para o desenvolvimento de um projeto científico. O conhecimento dos diferentes tipos de pesquisas, suas respectivas classificações e a escolha do método que melhor se aplica à questão da pesquisa e aos seus objetivos são fundamentais para a obtenção do sucesso na realização de um trabalho científico. Esta unidade de estudo propicia exatamente esse tipo de conhecimento. A ideia é inserir o aluno no mundo da pesquisa e do trabalho científico. OBJETIVO DE APRENDIZADO Pesquisa Científica – Classificação UNIDADE Pesquisa Científica – Classificação Contextualização Não importa o nível de escolarização, nos cursos, em todos os níveis, será exigida, da parte do estudante, alguma atividade de pesquisa. Mas você sabe o que é pesquisa? Qual a sua finalidade? Você sabia que o Brasil ocupa posição de destaque no ranking de qualidade científica, medido a partir de periódicos de impacto? Sim, o Brasil ocupa o primeiro lugar na América Latina e é 23º no ranking global. As informações estão na edição do Nature Index 2015. Ex pl or Introdução Entende-se por pesquisa científica o conjunto de atividades que têm por finalidade buscar conhecimento para alguma dúvida que se tenha. Trata-se, portanto, de uma atividade voltada para a solução de problemas teóricos ou práticos com o emprego de métodos e técnicas científicas. Para Demo (2000, p. 20), “Pesquisa é entendida tanto como procedimento de fabricação do conhecimento, quanto como procedimento de aprendizagem (princípio científico e educativo), sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo de conhecimento”. Inúmeros autores, entre os quais Andrade (1999), Cervo e Bervian (1996), Gil (1982), Lakatos e Marconi (1991), Salomon (1977) e Severino (2000), ao con- ceituarem pesquisa científica, concordam que se trata de procedimento eminente- mente racional, que faz uso de métodos científicos, visando à busca de respostas e explicações para a questão em estudo. Enfatizam, também, o caráter processual da pesquisa enquanto atividade que envolve fases, desde a formulação adequada do problema até a elaboração e apresentação do relatório final ou monografia. Se continuarmos a buscar definições para o que seja pesquisa, encontraremos diversas respostas. De maneira bastante simples, pesquisar pode ser entendido como a procura por respostas para as mais diferenciadas indagações. Isso posto, podemos concluir que pesquisamos a todo momento, ainda que, certamente, não o façamos cientificamente, ou seja, de modo sistemático e a partir do emprego de processos científicos. Consultar livros e revistas, verificar documentos, conversar com pessoas, fa- zer perguntas a fim de obter respostas podem ser consideradas formas de se fazer pesquisa uma vez que se está fazendo uma investigação. Evidentemente, esse sentido mais genérico de pesquisa se opõe ao conceito de pesquisa cientí- fica que tem por objetivo comprovar uma hipótese através do uso de processos científicos. Nesse sentido, a definição de Lakatos e Marconi (2007, p. 157) é bastante elucidativa, já que faz constar que a pesquisa pode ser considerada “[...] 8 9 um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”. Pesquisar cientificamente significa não apenas procurar a verdade, mas, principalmente, descobrir respostas para perguntas ou soluções para os problemas levantados através do emprego de métodos científicos. Antes de darmos prosseguimento, é preciso que fique claro que ainda que façamos pesquisa em vários momentos de nossa vida cotidiana, não se pode confundir uma simples indagação com pesquisa científica, já que esta pressupõe uma atividade científica completa, que vai desde a formulação do problema até a apresentação de seus resultados. Um estudo, por sua vez, será considerado científico quando: • A partir de um marco teórico, discutir ideias e fatos relevantes. • O assunto tiver caráter relevante e identificável para o autor e leitores. • Tiver alguma utilidade para a ciência ou comunidade. • O autor tiver domínio do assunto, capacidade de sistematização, recriação e crítica do material coletado. • Apresentar algo inédito. • A pesquisa indicar com clareza os procedimentos utilizados. • Fizer constar elementos que possibilitem refutar ou aceitar as conclusões. • Apresentar de modo rigoroso os documentos e fontes utilizadas. • A comunicação dos resultados for organizada de modo lógico. • A escrita estiver gramaticalmente correta. Após essa ligeira apresentação do que seja a pesquisa, nas próximas páginas, vamos pensar na pesquisa a partir de sua aplicação nas atividades acadêmicas. Sim, porque se na ”vida comum” pesquisamos o tempo todo, como já dissemos anteriormente, imagine isso no cotidiano da vida acadêmica, ou seja, durante o tempo em que você passar pela universidade, tanto no nível de graduação quanto de pós-graduação. A pesquisa lhe acompanhará durante todo esse período. Para Cervo e Bervian (1996), os passos geralmente observados na realização de pesquisas são os seguintes: • Formular questões ou propor problemas e levantar hipóteses. • Efetuar observações e medidas. • Registrar, tão cuidadosamente quanto possível, os dados observados com o in- tuito de responder às perguntas formuladas ou comprovar a hipótese levantada. • Elaborar explicações ou rever conclusões, ideias ou opiniões que estejam em desacordo com as observações ou com as respostas resultantes. 9 UNIDADE Pesquisa Científica – Classificação • Generalizar, isto é, estender as conclusões obtidas a todos os casos que envolvam condições similares; a generalização é tarefa do processo chamado indução. • Prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de se esperar que surjam certas relações (CERVO e BERVIAN, 1996, p.46-47). As pesquisas costumam ser agrupadas de acordo com diferentes critérios e nomenclaturas. Podem ser classificadas, por exemplo: • Segundo a área de conhecimento – em pesquisas sociológicas, antropológicas, educacionais etc.; • Segundo suas finalidades – em pesquisa pura ou aplicada; • Segundo as técnicas de coleta e interpretação de dados – em pesquisa quantitativa e qualitativa; • Segundo o ambiente em que se desenvolve – em pesquisas de campo, de laboratório. A essa diversidade correspondem múltiplas maneiras de interpretar os dados obtidos. São os diferentes marcos epistemológicos de que se lança mão para a compreensão da realidade estudada. O resultado não deve constituir uma verdade única, absoluta e inquestionável, mas uma forma de conhecimento que atribui um determinado sentido (não dogmático) àquele aspecto particular do real. Conforme esclarece Pádua (1996), a classificação das pesquisas em diferentes tipos surgiu com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento das próprias pesquisas. A autora, entretanto, observa: Para além do formalismo que uma tipologia requer, devemos reconhecer que o fundamental é compreender a realidade em seus múltiplos aspectos e, para tanto, essa compreensão vai requerer, e talvez admitir, diferentes enfoques, diferentes níveis de aprofundamento, diferentes recursos, dependendo dos objetivos a serem alcançadose as possibilidades do próprio pesquisador para desenvolvê-los. (PÁDUA, 1996, p. 32-33) Tipos de Pesquisas Como já fora dito, o interesse e principalmente a curiosidade fazem com que o homem investigue sua realidade sob os mais diversificados aspectos e dimensões. É fato, também, que essa busca pelo conhecimento admite níveis diferenciados de enfoques e aprofundamentos em função do objeto de estudo, dos objetivos e da qualificação do pesquisador. Isso posto, fica evidente e natural a existência de inúmeros tipos de pesquisa, cada uma delas com suas especificidades. 10 11 Quanto à Natureza Quanto aos Objetivos Quanto aos Procedimentos Pesquisa Básica Pesquisa Aplicada Pesquisa Exploratória Pesquisa Descritiva Pesquisa Explicativa Pesquisa Bibliográ�ca Pesquisa Documental Pesquisa Experimental Pesquisa Operacional Estudo de Caso Pesquisa-Ação Pesquisa Participante Expost-Facto Figura 1 Fonte: Adaptado de Silva (2004) A Pesquisa, sob o Ponto de Vista da sua Natureza: a) Pesquisa básica: gera conhecimentos novos e úteis para o progresso da ciência sem aplicação prática prevista. De acordo com a ABNT, esse tipo de pesquisa destina-se à investigação de fenômenos físicos e seus fundamentos. b) Pesquisa aplicada: gera conhecimentos para aplicação prática com foco na solução de problemas específicos. A Pesquisa, Sob o Ponto de Vista de seus Objetivos: a) Pesquisa exploratória: muito utilizada para familiarizar-se com um assunto ainda pouco conhecido ou explorado. Assume, em geral, as formas das pesquisas bibliográficas e estudos de caso. b) Pesquisa descritiva: utilizada quando se quer observar, analisar e correla- cionar fatos ou fenômenos sem, no entanto, interferir neles. Considerando que nesse tipo de pesquisa trabalha-se com dados ou fatos colhidos da própria realidade é indicado o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados. Assume, em geral, a forma de levantamento. 11 UNIDADE Pesquisa Científica – Classificação c) Pesquisa explicativa: utilizada primordialmente quando se quer identificar fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. É utilizada quando se quer saber o porquê das coisas, ou seja, suas razões. Busca-se, neste tipo de pesquisa, apresentar o modo ou o motivo pelo qual o fenômeno é produzido. A pesquisa sob o ponto de vista de seus procedimentos técnicos: a) Pesquisa bibliográfica: quando organizada a partir de material já publicado, como livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins, monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet. O foco desse tipo de pesquisa é familiarizar o pesquisador com todo material já escrito sobre o assunto da pesquisa. O uso deste procedimento deve ser uma rotina tanto na vida profissional de professores e pesquisadores, quanto na dos estudantes. Isso porque a pesquisa bibliográfica tem por objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre determinado tema. Ela dá suporte a todas as fases de qualquer tipo de pesquisa, uma vez que auxilia na definição do problema, na determinação dos objetivos, na construção de hipóteses, na fundamentação da justificativa da escolha do tema e na elaboração de qualquer trabalho científico. b) Pesquisa documental: muito confundida com a pesquisa bibliográfica, no entanto, enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza das contribuições de vários autores, a pesquisa documental baseia-se em materiais que não receberam qualquer tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. c) Pesquisa experimental: neste tipo de pesquisa, tem-se como objetivo demonstrar como e por que determinado fato é produzido. Ainda que esse tipo de pesquisa não se resuma a pesquisas de laboratório, é mais frequentemente utilizada nas ciências tecnológicas e nas ciências biológicas. d) Levantamento (survey): bastante utilizado nos estudos descritivos quando se deseja conhecer a opinião das pessoas. Esse tipo de estudo destina-se a pesquisa em grande escala, ou seja, quando se pretende saber a opinião de um grande número de entrevistados. e) Pesquisa de campo: entendida como aquele tipo de pesquisa que preten- de buscar a informação diretamente com a população pesquisada, consiste, portando, na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem. É preciso considerar que nestes tipos de estudo o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou ocorreu, para reunir as informações necessárias. 12 13 f) Estudo de caso: consiste no estudo aprofundado e exaustivo de um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. A ideia é que esse conhecimento seja posteriormente generalizado, portanto, o sujeito de pesquisa deverá poder representar seu universo. g) Pesquisa ex-post-facto: como o nome sugere, esse tipo de estudo analisa situações que se desenvolveram após algum acontecimento. A ideia é estudar um fenômeno já ocorrido para tentarmos explicá- lo e entendê-lo. h) Pesquisa-ação: neste tipo de pesquisa, os pesquisadores e os sujeitos de pesquisa estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Além disso, pressupõe além da pesquisa a resolução de um problema coletivo ou a efetivação de alguma ação prática. i) Pesquisa participante: este tipo de estudo, assim como a pesquisa-ação, caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. A diferença básica é que neste tipo de pesquisa não há a resolução de problemas e o pesquisador não é neutro, ele elabora suas conclusões em conjunto com os sujeitos pesquisados. Assim sendo, o conhecimento é construído coletivamente. A pesquisa sob o ponto de vista da abordagem do problema: a) Pesquisa qualitativa: configura-se como aquele tipo de pesquisa que bus- ca entender um fenômeno específico em profundidade. Ao invés de esta- tísticas, regras e outras generalizações, este método trabalha com descri- ções, comparações e interpretações. Neste tipo de pesquisa, considera-se a complexidade e a particularidade dos fenômenos, e procura-se na rea- lidade alcançar o entendimento das singularidades e não da generaliza- ção. A abordagem qualitativa, portanto, realça os valores, as crenças, as representações, as opiniões, atitudes e usualmente é empregada para que o pesquisador compreenda os fenômenos caracterizados por um alto grau de complexidade interna do fenômeno pesquisado. Os métodos que caracteri- zam a pesquisa qualitativa são: o dialético, por ser a relação sujeito-objeto dinâmica, e o fenomenológico, visto que a experiência e o cotidiano são aspectos essenciais, aos quais o pesquisador deverá dedicar-se para ultra- passar as aparências. No método qualitativo, não se obtém resultados numéricos, mas sim respostas, pensamentos e projeções dos indivíduos e isso o caracteriza como um método de pesquisa exploratório. b) Pesquisa quantitativa: provavelmente a mais utilizada e a que você já ouviu falar. Neste tipo de estudo, prioriza-se a tradução das informações em número, frequência e intensidade. Como o próprio nome já sugere, 13 UNIDADE Pesquisa Científica – Classificação quantifica resultados, avalia as opiniões extraídas de forma numérica com perguntas objetivas. O método quantitativo na pesquisa científica está associado à experimentação e manipulação do objeto estudado em uma população ou universo. Em toda pesquisa quantitativa existe uma população ou universo a ser pesquisado, ou seja, a ser ouvido. Na impossibilidade de se estudar toda essa população, por limitação de tempo, recursos técnicos, financeiros, humanos, geográficos, entre outros, pode-se trabalhar com a teoria amostral. Assim sendo, do TODO (população – universo), estabelece- se uma amostra ou parte representativa dessa população que tanto pode ser probabilística quanto não probabilística. Técnicas de pesquisa Agora que já conhecemos todos os tipos de pesquisa
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