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RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PSICOLOGIA 
CLÍNICA NO JUIZADO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE 
 
RESUMO 
 
 
 
LAGO, Adrienne Kathlen Melo do. Relatório de Estágio Supervisionado em Psicologia 
Clínica - Juizado da Infância e da Juventude: Univali/CCS-Biguaçu/Curso de Psicologia, 
2008. 
 
Toda criança e adolescente têm direito à vida, à saúde, à educação e à proteção assegurados 
pelo artigo 7 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Tendo como pressuposto que a 
instituição família se reinventa constantemente, o estágio foi realizado em um Juizado da 
Infância e da Juventude (J.I.J) com objetivo de contribuir no processo de adoção com um viés 
avaliativo, informativo e reflexivo, a fim de instrumentalizar aqueles que escolheram exercer 
a parentalidade através da adoção, sobre os trâmites processuais e sobre tudo, (re) significar as 
representações jurídicas da adoção e suas nuances no âmbito sócio-afetivo dos mesmos. Para 
tanto, foi realizado atendimento e orientação psicológica em situações de encaminhamento 
pelo J.I.J. e atualizado o cadastro dos requerentes inscritos nos anos anteriores a 2006, no 
intento de potencializar essa outra forma de filiação, possibilitando também, através da 
atualização do cadastro, que os requerentes já habilitados pudessem (re)fazer escolhas além 
daquelas feitas anteriormente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 1
 
ADRIENNE KATHLEN MELO DO LAGO 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PSICOLOGIA 
CLÍNICA NO JUIZADO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE 
 
BIGUAÇU/SC 
Dezembro de 2008 
 
 
Banca examinadora 
 
 
________________________________ 
Profª MSc. Mirella Alves de Brito 
 Supervisora 
 
_________________________________ 
Prof. MSc. Almir Pedro Sais 
 
_________________________________ 
Profª MSc. Zuleica Pretto 
 
 
 2
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A Justiça só é justa quando os seus juízes, 
sem medos e preconceitos, adquirem a 
consciência de que sua missão é proteger a 
todos a quem a sociedade vira o rosto e a lei 
insiste em não ver.” Maria Berenice Dias 
 3
 1 INTRODUÇÃO 
 
 
Adotar não é uma tarefa simples assim como ter seus próprios filhos biológicos 
também não é. Todo o clima em que abrange uma criança está repleto de preocupações e 
previdências quanto à constituição da sua identidade. 
Para Figueiredo (2007, p.28) a adoção é definida como: 
(...) a inclusão em uma nova família, de forma definitiva e com aquisição de vínculo 
jurídico próprio de filiação de uma criança/adolescente cujos pais morreram, a 
deixaram ao pedido, são desconhecidos ou mesmo não podem ou não querem 
assumir suas funções parentais, motivando a que a Autoridade Judiciária em 
processo regular lhes tenha decretado a perda do poder familiar. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 2005) no artigo 7 assegura que toda 
criança e adolescente têm direitos à proteção, à vida e à saúde, mediante a efetivação de 
políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e 
harmonioso, em condições dignas de existência. 
Em face disso, deve-se priorizar a convivência familiar e o direito de ser criado e 
educado no seio de uma família substituta, a toda criança ou adolescente que foi 
impossibilitado de conviver com sua família originária. 
É inegável o fato de que o Estatuto da Criança e do Adolescente proporcionou muitas 
críticas e reações negativas, diante da maneira como foi tratado o problema do menor. Porém, 
revela-se uniforme a opinião quanto ao salto de qualidade e o avanço da legislação menorista, 
que alterou significativamente a forma como era articulado o problema da criança e do 
adolescente no Brasil. 
Este novo enfoque acabou por atingir uma camada de profissionais – advogados, 
psicólogos, assistente sociais, que até então, não obstante a relevância dos trabalhos 
desenvolvidos na área não merecia a devida consideração da legislação menorista. 
A Justiça da Infância e da Juventude proporcionou uma avaliação mais adequada dos 
atores envolvidos com o processo menorista, contemplando todos os segmentos que 
diretamente devem atuar para se alcançar o que melhor atenda aos interesses das crianças e 
dos adolescentes. 
Assim, referida a Justiça, mesmo tendo fonte primária a Lei, compreendeu que o seu 
campo não se limita apenas ao direito, requerendo a intervenção multidisciplinar, que 
 4
proporcionou a abertura para que profissionais de outras áreas, como psicólogos e assistentes 
sociais, passassem a auxiliar no encaminhamento dos problemas enfrentados. 
Há necessidade de que os profissionais, a partir dos parâmetros de sua especialidade, 
possam responder sobre o valor de sua intervenção junto à Justiça, desmistificando a 
visão de um trabalho de cunho estritamente pericial. (CRUZ, 2005, p.13) 
A Psicologia e o Serviço Social, foram inseridos no âmbito forense enquanto 
conhecimento científico, como prova processual. A atuação desses profissionais foi 
compreendida como uma atividade pericial que objetivasse elementos para auxiliar a decisão 
judicial. Nesse sentido, a instituição judiciária demanda que tais profissionais realizem 
predominantemente avaliações, perícias, diagnósticos, laudos e pareceres para subsidiar os 
juízes, atuando, portanto de forma reduzidamente avaliativa. (PAIVA, 2005). 
A habilitação, no caso da adoção, ocorre por meio de entrevistas psicossociais, das 
quais resultam pareceres de ordem psicológica e econômico–social, bem como, por meio de 
exibição de documentos1 (atestados de antecedentes cíveis, criminais e de saúde, comprovante 
de renda, residência, entre outros), visando avaliar a possibilidade dos requerentes de adotar e 
criar, de forma satisfatória, uma criança/adolescente (BELTRAME, 2005). 
Com a implementação do estágio curricular da área da Psicologia Clínica no Juizado 
da Infância e Juventude (J.I.J.), outras possibilidades de atuações da Psicologia para além da 
técnica vem sendo legitimadas. O intercâmbio interdisciplinar com articulações no campo da 
Justiça promove discussões e reflexões sobre as novas configurações da instituição família, o 
que (re) edita e engendra, portanto, novas possibilidades no que diz respeito ao processo de 
adoção como um todo. 
Deste modo, o estágio em Psicologia clínica vinculando à Central de Adoção do J.I.J. 
implica na intervenção técnica do processo de adoção com um viés avaliativo, informativo e 
reflexivo, a fim de instrumentalizar os requerentes sobre os trâmites processuais e sobre tudo, 
(re) significar as representações jurídicas da adoção e suas nuances no âmbito sócio-afetivo 
dos requerentes. Para tanto, foi realizado atendimento e orientação psicológica em situações 
de encaminhamento pelo J.I.J. e atualizado o cadastro dos requerentes inscritos nos anos 
anteriores a 2006, no intento de potencializar essa outra forma de filiação, possibilitando 
também, através da atualização do cadastro, que os requerentes já habilitados pudessem 
(re)fazer escolhas além daquelas feitas anteriormente. 
Participação, com o Serviço Social, dos procedimentos de habilitação para adoção: 
na primeira fase, quando são apresentadas e discutidas temáticas relativas ao 
universo da adoção, procurando-se dirimir as dúvidas existentes e efetuar um 
trabalho sobre as diferenças entre a criança idealizada e a criança real; na Segunda 
 
1 A relação completa de documentos para habilitação em um processo de adoção se encontra no anexo I. 
 5
fase, em que são realizadas as entrevistas, tanto pela Psicologia quanto pelo Serviço 
Social, bem como a visita domiciliar a cargo deste último. (OLIVEIRA, 2004, 
p.135-136). 
É de extrema importância o estudo psicossocial pela equipe interprofissional no 
processo de adoção, a fim de subsidiar o poder judiciário e o Ministério Público nas decisões 
de habilitação para a adoção. Tal avaliação almeja conhecer e avaliaro contexto psicossocial 
dos requerentes e, sobretudo, as motivações e expectativas dos referidos ao processo. 
A atuação do psicólogo em processos de decisão jurídica é uma prática cada vez 
mais reconhecida e pautada na multidisciplinaridade. Essa situação demarca a transição de 
uma criança da família biológica à família adotiva, podendo haver neste período transitório, 
aspectos como o do abandono, institucionalização, rupturas, entre outros, que merecem 
compreensão (WEBER, 2005). 
Nesse sentido, buscamos além de conhecer a motivação do(s) requerente(s), fazer 
reflexões no que tange aspectos voltados ao projeto de ser do indíviduo/requerente e a 
compatibilidade dessa possibilidade de constituir família pela adoção com o seu projeto de ser 
no mundo. De tal sorte, o referencial teórico-metodológico que subsidiou a compreensão 
psicológica dos casos é o fenomenológico existencial, dando relevância à concepção de que o 
homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo (subjetividade) sendo este, 
completamente relação, fazendo suas escolhas e por elas também se responsabilizando na 
medida em que atua no mundo. 
 
 6
2 DADOS DA INSTITUIÇÃO 
 
 
2.1 RAMO DE ATIVIDADE 
 
 
Instituição de caráter público-jurídico, que se inscreve no Poder Judiciário do Estado, 
como Vara da Infância e Juventude. 
 
 
2.2 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO 
 
 
A criação do Juizado da Infância e Juventude, denominado anteriormente de Juizado 
de Menores, ocorreu devido à grande demanda de crianças e adolescentes que viviam nas 
ruas, objetivando, portanto, assistir, proteger e defender os menores (ESPÍNDOLA, 1997). 
Atualmente, o Juizado é vinculado ao Fórum da Comarca da Capital, e compõe uma 
de suas Varas especializadas em infância e juventude. Essa Vara se responsabiliza pela 
destituição do poder familiar, busca e apreensão; nomeação substituto de tutor; alvarás; 
guarda e responsabilidade; apuração de ato infracional; habilitação para adoção estadual e 
interestadual (até o presente momento, pois será implantado o Cadastro Nacional de Adoção, 
que vai incorporar as listas de crianças/adolescentes que podem ser adotados e dos 
pretendentes que podem adotá-los e que estão cadastrados nas Varas da Infância e da 
Juventude de todo o país2); verificação da situação da criança e do adolescente; boletins de 
ocorrência e medidas sócio-educativas. 
 
 
 
 
 
2 Informação obtida no site <www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/04/28/materia.2008-04-
28.7987959910/view>. Acesso realizado no dia 14 de Junho de 2008. 
 7
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 
 
 
3.1 ESTUDO PSICOSSOCIAL 
 
 
O Estágio curricular em Psicologia Clínica iniciou em Julho de 2007 com leituras 
orientadas pela supervisora Profª Mirella Alves de Brito. 
A imersão no campo ocorreu na data estipulada pelo juiz com base no seu retorno do 
período de recesso. Dessa forma, houve uma sinalização, que assim como os outros campos, 
este também possui um chefe, no caso o juiz de Direito, ao qual todo o corpo profissional está 
subordinado. 
Nessa primeira visita ao J.I.J. fui apresentada pela supervisora de estágio a assistente 
social que responde pela Central de Adoção e ao juiz que responde por esta Vara. A visita 
objetivou conhecer o campo, definir os horários do estágio no campo, bem como as atividades 
que ali seriam desempenhadas. 
Em seguida, no segundo dia no J.I.J., a assistente social me apresentou o sistema 
virtual CUIDA3, onde pude conhecer o processo de sistematização de informações acerca dos 
pretendentes à adoção, inscritos e habilitados no estado, de entidades de abrigo e de crianças e 
adolescentes abrigados ou em condições de colocação em família substituta. Finalizada essa 
etapa, fui apresentada pela assistente social aos demais funcionários, que em sua grande 
maioria, perguntaram se eu estava substituindo a outra estagiária de Psicologia e ao responder 
que não, que as duas iriam atuar no J.I.J., era perceptível o reconhecimento outorgado por eles 
em relação à prática da Psicologia naquele espaço. 
Os diversos cargos de psicólogos que vêm sendo criados junto aos Tribunais de 
Justiça dos estados brasileiros conduzem a necessidade de se pensar a respeito do 
que se entende por Psicologia Jurídica, como área de conhecimentos e de campo de 
atuação profissional. (CRUZ, 2005, p.10). 
 
3 CUIDA-Cadastro Único Informatizado de Adoção e Abrigo. É um sistema virtual de armazenamento, controle 
e gerenciamento de dados que envolve pretendentes à adoção, entidades de abrigos, crianças e adolescentes 
abrigados ou em condições de colocação em família substituta visando agilizar os procedimentos referentes ao 
encaminhamento de crianças e adolescentes para adoção e racionalizar a sistemática de inscrição de pretendentes 
à adoção impedindo a multiplicidade de pedidos. Fonte: <http://cgj.tj.sc.gov.br/ceja/cuida.htm>. 
 
 8
Nesse sentido, é necessário haver uma concisa interlocução multidisciplinar sobre os 
vários aspectos que permeiam a adoção visando (re) construir a importância das competências 
da intervenção profissional do psicólogo no processo de adoção, buscando também conhecer 
as expectativas que cada requerente possui com relação à composição desse seu novo cenário 
familiar. 
No senso comum, é possível perceber a existência de algumas fantasias a respeito 
dos pais adotivos, que por vezes não suportam nenhum “erro” quanto à educação da criança, 
que, acabam engendrando características muito distintas após a chegada da criança adotada. 
Sentimentos como angústia, frustração, medo, e em alguns casos, de impotência no 
desenvolvimento da criança, podem ser desencadeados não somente na constituição de 
família pela via adotiva como também pela da consangüinidade. 
A visão de homem para o existencialismo é de um ser livre e responsável pelas suas 
escolhas, podendo este, portanto, escolher dentro de seu campo de possibilidades. Desse 
modo, existindo no mundo, o homem estabelece relações com os outros que irão mediar suas 
relações com as coisas, com o tempo e com o seu próprio corpo (SCHNEIDER, 2002). 
Ao fazer escolhas, o homem carrega consigo uma responsabilidade, pois as escolhas 
ao serem colocadas em ação provocam mudanças no mundo que não podem ser desfeitas. É 
relevante a inteligibilidade de que qualquer conseqüência desses atos terá sido resultado de 
sua própria escolha. Diante disso, é salutar o questionamento e a desconstrução de mitos e 
preconceitos relacionados à adoção, uma vez que, peculiaridades surgem independentemente 
se a família se constituiu pela consangüinidade ou não. 
Dizendo de outro modo, os adotantes têm que ter a possibilidade de se sentirem 
felizes neste seu novo papel, podendo sentir, de uma forma espontânea, que a relação vivida 
com aquele filho adotado, lhes trouxe e traz uma realização e um enriquecimento a que não 
queiram renunciar, apesar dos momentos difíceis que tiveram que passar (POISSON, 2001). 
Para Sartre a angústia é a consciência dessa liberdade de escolha, a consciência da 
imprevisibilidade última do próprio comportamento é decorrente da consciência de que são as 
escolhas dessa pessoa que definem o que ela é ou se tornará. 
Sartre apud Pretto (2000), busca ressalvar o nexo que existe entre os 
comportamentos, emoções, e raciocínio concreto, pois é esse nexo que concretiza o sentido da 
vida, os significados que o sujeito dá as suas experiências, sendo definido dessa forma, o 
“projeto de ser” do sujeito. A significação de qualquer escolha sempre transcende em direção 
ao projeto de ser. 
 9
Em face disso, o entendimento da inteligibilidade sobre a adoção é feito a partir de 
uma intervenção interdisciplinar. Essa constante troca com o outro é de grande relevância 
para o desenvolvimento do ser (GIDDENS, 1994). A interação com distintos saberes norteia 
uma melhor compreensãodesse processo tendo como pressuposto que não existe um homem 
pronto, e sim um homem em construção, cuja singularidade é evidente, o que direciona a 
avaliação psicossocial não a partir de outro referencial, a não ser daquele referente a si 
próprio. 
Logo, ao salientar o caráter intencional da consciência, a fenomenologia afirma que 
os atos de consciência não existem por si mesmos, estão sempre direcionados a algo, tendo 
origem, portanto, na necessidade que temos de dar sentido à nossa vivência. Disse Fonseca 
(2002), que as crianças são acolhidas por duas razões: uma delas é o prestígio que os pais 
adotivos passam a ter nas redes sociais e outra diz respeito ao prazer derivado do convívio 
com uma criança. Ela os envolve em rotina de troca com a vizinhança, dando um sentido à 
existência diária, marcando concisamente o dia-a-dia do casal, fornecendo diversão e um 
senso de importância para os adultos que delas cuidam. Independentemente da real motivação 
para adoção, é preciso de antemão refletir e compreender o sujeito a partir do seu projeto de 
ser no mundo com o intuito de viabilizá-lo, maximizando as suas possibilidades de escolhas 
frente à adoção. 
O primeiro estudo psicossocial desse estágio foi marcada para um casal de 
pretendentes. O casal nos referiu que o projeto de adoção foi sugerido pelo irmão do 
pretendente que já havia adotado um bebê de nove meses e que “a criança é tão linda e 
querida que passamos a querer adotar também”. Foi sugerido ao casal que participasse do 
GEAAF4, a fim de possibilitar maiores reflexões sobre a adoção, assim como também foi 
entregue a eles uma lista de bibliografias. 
Chegamos à conclusão que, ao realizar a visita na casa dos pretendentes, seria 
relevante coletar maiores informações e refletir sobre a possibilidade do casal experimentar 
algo diferente ao irmão do requerente com a filha por adoção. O casal nos pontuou que estava 
ciente que nenhuma criança seria igual à sobrinha do requerente e que tal fator foi importante 
 
4 GEAAF – Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de Florianópolis é uma sociedade civil e sem fins lucrativos, 
cujo objetivo está na formação de uma nova cultura de adoção, conscientizando também as pessoas sobre a 
adoção de crianças maiores e de adolescentes, a adoção inter-racial, de crianças e adolescentes com necessidades 
especiais, bem como grupo de irmãos. 
 
 
 10
para motivação para adoção e não determinista para idealização de seu futuro filho, 
mostrando-se desta forma, estar convicto, afetivo e consciente da responsabilidade do 
exercício da parentalidade através da adoção. 
Concluída as etapas de entrevista e de visita, passamos a elaboração do parecer 
técnico. Nesse primeiro momento de escrita, pude observar que este tipo de trabalho não é 
somente técnico. Nem neutro. Ele envolve inúmeros aspectos subjetivos, parciais, teóricos, 
políticos, em relação à escolha da “família adequada” para adotar uma criança, sendo que tais 
configurações que se engendram sobre o processo de adoção se constituem como formas de se 
experimentar e exercer o poder, ressalvando o que diz Foucault (2006) que o poder não é algo 
localizado e sim relacional e em constante movimento. 
Nessa perspectiva, a avaliação psicossocial realizada pelos profissionais da 
Psicologia e do Serviço Social junto aos interessados à adoção de uma criança ou de um 
adolescente é de grande importância, uma vez que nesse momento, possíveis dificuldades ao 
sucesso da adoção podem ser identificadas (FERREIRA, 1999). 
A escuta dos candidatos à adoção torna-se elemento fundamental que transcende em 
direção ao que assegura o Art. 7 do Estatuto da Criança e do adolescente (ECA, 2005), que 
toda criança e adolescente têm direitos à proteção, à vida, e à saúde, mediante a efetivação de 
políticas sociais públicas que permitam o nascimento, desenvolvimento sadio e harmonioso, 
em condições dignas de existência. 
Dizendo de outra forma, o processo de entrevista está pautado em questões 
relevantes que assessoram com subsídios técnicos o deferimento/indeferimento do processo 
de habilitação para adoção que busca assegurar o direito da criança a se desenvolver 
biopsicossocialmente de modo saudável no seio de uma família. 
 
 
3.2 ROTEIRO NORTEADOR PARA O ESTUDO PSICOSSOCIAL 
 
 
Como outra atividade desenvolvida, por solicitação da supervisora de estágio, o 
roteiro utilizado para a realização das entrevistas foi repensado, tendo como pressuposto o que 
afirma OLIVEIRA e OLIVEIRA (2007), que, a entrevista é um recurso de trabalho que 
 11
favorece o estabelecimento de uma relação profissional, um vínculo intersubjetivo e 
interpessoal, sendo diferenciada pelo modo e interação de quem a pratica. 
Para tanto, numa perspectiva histórico-dialética, é relevante conhecer como o 
requerente se historicizou, como ele estabeleceu relações a partir de sua convivência no 
mundo. É fundamental entender o sujeito a partir da sua própria história e das significações 
acerca de suas vivências, visando pautar o estudo psicossocial, não como sendo somente um 
processo avaliativo e sim reflexo-informativo, com condutas que entendam se o projeto de 
adoção vai ao encontro do projeto de ser do(s) requerente(s) ou não. 
É comum que em algumas situações, o requerente associe o psicólogo à figura do 
juiz, apegando-se também à idéia de que existem requisitos a serem preenchidos (PAIVA, 
2005). 
Como repensar então, o estudo psicossocial, como um processo menos ansiogênico e 
mais voltado para um lugar de discussão e orientação aos conflitos e mitos abarcados sobre a 
adoção? 
Entendendo que os requerentes que se inscrevem5 em um processo de habilitação a 
adoção, estão de alguma forma motivados, é relevante problematizar questões na entrevista 
que subsidiem a compreensão do projeto de ser deles e a partir disso, objetivar a 
inteligibilidade sobre o projeto de adoção. 
A compreensão de um sujeito se dá a partir da sua especificidade histórica, que 
restitui suas funções e suas diversas dimensões, o que impede generalizações e concepções de 
que todos os sujeitos devam ser iguais (MAHEIRIE e PRETTO, 2002). Dessa forma, as 
perguntas realizadas, no que tange aos temas: motivação; revelação; estruturas programadas 
para os cuidados com a criança; expectativas quanto ao desempenho dos futuros papéis 
familiares; entre outros; não devem ser engessadas, e sim, direcionadas e formuladas tendo 
como base a singularidade de cada um. 
A personalidade humana se compõe da mesma forma em qualquer sujeito, o que o 
singulariza são os distintos personagens e a materialidade envolvidos em suas vidas (SOUZA, 
1998). Sendo assim, questões (onde, quando, como, que relações foram estabelecidas, entre 
outras) voltadas à infância, à adolescência e à família de origem são fundamentais para 
compreensão da constituição do indivíduo, da sua estrutura psicofísica, assim como também, 
da sua performance nos diversos perfis em que atua e que possivelmente poderá vir a atuar ao 
desempenhá-los na parentalidade. 
 
5 Ver em Anexo II, o formulário para requerer ao juiz a inscrição no cadastro de pessoas interessadas em adoção. 
 12
A história do romance do casal, também se constitui como elemento fundamental 
num processo de adoção (PAIVA, 2005). O homem não é nada além daquilo que projeta ser. 
Ele nasce nada e com o passar do tempo, norteado pelas sínteses de suas relações e pelos 
processos de totalização, destotalização e retotalização, ele constantemente torna-se alguém. 
Por isso, questões que sinalizem a dinâmica do casal, a inteligibilidade sobre a 
impossibilidade de uma filiação biológica e o desejo compartilhado de exercer a 
parentalidade, tornam o entendimento sobre a viabilidade do processo de adoção mais 
conciso, tendo sempre em vista que nenhuma práxis constitui um saber definitivo sendoo 
estudo realizado junto aos pretendentes completamente circunstancial. 
É relevante entender também se o projeto de adoção é uma escolha aceita e refletida 
por ambos os requerentes e pela família extensiva como um todo, uma vez que, conforme 
Dolto (1989) apud Shine (2005), a criança que não foi introduzida na tradição familiar de seus 
pais ainda não foi adotada. A mesma só irá se sentir como pertencente a tal família a partir da 
ocupação de um “lugar” entre as duas linhagens. E como contribui Geertz (1989), é no 
compartilhamento da rede de significados locais que a pessoa se constitui culturalmente, nesse 
caso, sentindo-se pertencente ao grupo de parentesco. 
Tal lugar reservado, a priori, à criança, pode ser entendido a partir da história pessoal 
e familiar dos requerentes, assim como também, a partir da dinâmica familiar e conjugal dos 
mesmos, que ao ressignificar o projeto de filiação por adoção, refletirão sobre as expectativas 
e pressupostos em relação ao filho desejado/esperado. 
Ao abordar questões relacionadas ao perfil da criança pretendida6 (idade, sexo, etnia, 
estado de saúde, entre outros) é preciso buscar o entendimento que o pretendente e a sua 
família extensiva têm em relação à adoção inter-racial, visando conhecer os conceitos (pré) 
concebidos a respeito da etnia em questão; ao sexo da criança pretendida, almejando 
compreender e refletir junto ao pretendente que a criança/adolescente é um ser que se 
constitui a partir de sua relação e interação no mundo e que ele (a) poderá fazer outras 
escolhas diferentes daquelas naturalizadas e cristalizadas ao sexo masculino e/ou feminino; 
quanto à escolha do estado de saúde da criança, é relevante citar uma reflexão feita por um 
requerente ao preencher a ficha do perfil da criança desejada: Tive bastante dúvida ao ver 
essas opções referentes à saúde da criança, porque quando temos um filho biológico a 
primeira coisa que pedimos é que ele seja saudável. Não pedimos um filho doente, mas lógico 
 
6 O formulário a ser preenchido que aborda características da criança desejada, encontra-se no anexo III. 
 13
que se ele nascer doente, o amor será tão grande quanto se ele não fosse doente. Por que 
tenho que escolher dessa forma na adoção?7 
De fato, uma filiação por adoção não ocorre da mesma forma que uma filiação pela 
consangüinidade, em especial porque na filiação consangüínea dá-se uma criança a uma 
família, na filiação por adoção dá-se uma família a uma criança (UZIEL, 2007). No caso da 
escolha do estado de saúde da criança, ela ocorre desse modo devido à praticidade ao 
consultar os habilitados que aceitariam crianças com problemas de saúde. A reflexão que deve 
ser feita junto ao requerente é quanto a sua preparação e disponibilidade em atender crianças 
que necessitam de cuidados especializados. 
Sendo assim, não se pode assegurar que as pessoas habilitadas nos processos 
deferidos à adoção irão garantir reais vantagens aos adotados. O que deve ser feito é um 
processo com um menor teor avaliativo e maior teor reflexivo e informativo. É preciso refletir 
junto ao requerente que a filiação por adoção e a filantropia não são correlatas. É fundamental 
querer ter um filho e saber que existem situações (tanto com os responsáveis quanto com a 
criança/adolescente) que podem escapar qualquer estudo e vir a se expressar somente no 
convívio familiar. 
Quanto à atuação no campo, pude perceber em diversas circunstâncias, a 
credibilidade disponibilizada a Psicologia, ao ser solicitada pela assistente social para fazer 
entrevistas psicossociais e visita sozinha. 
Entrevistei um casal de pretendentes que já possui uma filiação por adoção e 
pretende dar continuidade a formação da instituição família. Esse estudo psicossocial ocorreu 
de forma tranqüila, uma vez que o sucesso da entrevista depende da postura, da qualidade do 
relacionamento e da vinculação com o requerente, tendo em vista que este chega à entrevista 
com determinadas necessidades e expectativas (CRAING, 1999). De acordo com a entrevista 
realizada tendo como base a motivação, a revelação e a disponibilidade demonstrada pelos 
requerentes, foi possível constatar que o casal deseja e está motivado para exercer a 
parentalidade com mais um filho. 
 
 
 
7 As narrativas dos requerentes aparecem em itálico neste relatório. 
 14
3.3 ATUALIZAÇÃO DO CADASTRO 
 
 
Concomitantemente aos estudos psicossociais e as visitas domiciliares, foi realizada 
atualização do cadastro dos requerentes interestaduais no processo de adoção inscritos nos 
anos anteriores a 2006 via endereço residencial/eletrônico e por telefone. 
Todas as pessoas são movidas por um projeto fundamental, o projeto de auto-
realização, da transcendência, sendo necessário, portanto, compreender se a constituição de 
filiação por adoção transcende em direção ao projeto de ser do requerente. É importante 
propiciar reflexões sobre o projeto original pelo qual o indivíduo se faz uma pessoa uma vez 
que este se define por seu projeto, por ser capaz de fazer e desfazer o que fizeram dele 
(ERTHAL, 1995). 
E, por considerar que o homem está condenado à liberdade, podendo a cada 
momento escolher o que fará de sua vida, sem que haja um destino previamente concebido, 
pois a existência precede a essência (SARTRE, 1987), foi relevante atualizar o cadastro dos 
habilitados no processo de adoção, no caso, nos anos anteriores a 2006, possibilitando-os 
fazer outras escolhas além daquelas feitas no momento da habilitação. 
Deste modo, a adoção é mais do que uma questão jurídica, é uma opção, é uma 
escolha, é um ato de amor que merece compreensão e reflexão quanto às circunstâncias de 
quem decide adotar (AZAMBUJA, 2001). Logo, entendendo que o homem se constitui nas 
relações que estabelece com ele mesmo, com os outros, com as coisas e com o tempo, a 
atualização do cadastro, ao ter como objetivo prático a efetivação de dados atuais dos 
pretendentes interestaduais inscritos até 2005, possibilitou também que o projeto adoção fosse 
ressignificado a partir dessa relação homem-mundo. 
 
 
3.4 ESTUDO DE CASO 
 
 
Considerando os distintos referenciais teóricos que subsidiam a compreensão de 
homem e de mundo pela Psicologia e as diversas possibilidades de elementos psicológicos 
 15
que podem ser expressos em um estudo psicossocial, este estudo de caso tem como referencial 
teórico a fenomenologia existencial, que entende o homem como um “ser-no-mundo”, dotado 
de um corpo e uma consciência, que através e pelos quais, se relaciona com a exterioridade, 
estabelecendo dessa forma, relações que caracterizam a sua existência. 
Através de um trabalho clínico, o objetivo desse estudo de caso é o de conhecer 
como se deu o processo de subjetivação da requerente Zélia e refletir sobre a inteligibilidade 
frente à filiação por adoção, a fim de que com o seu ser em suas próprias mãos, a requerente 
escolha a adoção como possibilidade para exercer a parentalidade pautado em uma reflexão 
crítica e não somente espontânea da situação. 
 
 
Identificação: 
 
Nome: Zélia8 
Idade: 43 anos 
Sexo: Feminino 
Estado civil: Solteira 
Profissão: Professora 
Grau de Escolaridade: Ensino Superior 
Total de Entrevistas: 05 
 
Zélia é a primogênita de uma prole de três filhos. Possui boas lembranças de sua 
infância. Considero essa a melhor parte de minha vida. Até os 10 anos de idade morou na 
fazenda de seus pais, onde estudou em uma escola rural contando também com o auxílio de 
uma professora particular como tutora em seus estudos. Aos 11 anos de idade, a família se 
mudou para a área urbana de Rosário do Sul, a fim de usufruir de melhores oportunidades nos 
estudos. 
Quanto à adolescência, foi uma etapa de sua vida voltada aos estudos, pois a mãe 
não queria que a gente casasse e sim que estudasse. Seu pai era umhomem conservador e 
rígido, que não permitia que ela namorasse na sua adolescência, o que favoreceu com que ela 
passasse a namorar sem o conhecimento dele. Contudo, tal circunstância, gerou sentimentos 
 
8 Os nomes utilizados são nomes fictícios. 
 16
de culpa e de medo, pois ela sabia que namorar não era nada de errado, mas por outro lado, 
estaria desobedecendo as ordens de seu pai. O medo e a culpa foram me deixando marcas, 
mas perdoei meus pais porque sei que eles fazem as coisas porque nos amam. 
Segundo Fuck (1998), a constituição do sujeito se dá num processo de experiências 
concretas e de apropriação das mesmas. É nesse processo que a personalidade adquire 
consistência de ser, ou seja, faz-se necessário que um determinado acontecimento se dê numa 
implicação com a materialidade e que o sujeito se aproprie da ação e da experiência. Sendo 
que Zélia constitui a sua personalidade a partir de uma série de experiências, dentre elas, 
segundo ela própria, as que marcaram mais foram as que ocorreram no período da 
adolescência, onde meu corpo estava mudando e eu tinha que viver voltada para os estudos, 
anulando assim os meus desejos. 
O homem antes de tudo está inserido em um processo de relações e isto se dá devido 
o fato de o homem ser corpo/consciência. O corpo é o primeiro contato do sujeito com o 
mundo, a consciência é sua condição de estabelecer relações. Portanto, o sujeito é um 
conjunto de relações: com a materialidade que o cerca, com seu corpo, com os outros, com a 
sociedade, com o tempo (SCHNEIDER, 2002). 
A autora afirma que o corpo é o instrumento e a meta das ações do sujeito, sendo 
definido como condição de possibilidade da psique, o que confere aos fenômenos da mesma 
um caráter psicofísico. 
Reflexões foram feitas com a requerente em relação à afirmação sartreana “não 
importa o que fizeram de mim, mas aquilo que eu faço com o que fizeram de mim”, 
objetivando oportunizar a apropriação de suas escolhas através do processo de reconstrução 
do eu, desmistificando suas crenças, seus mitos e incentivando dessa forma, que ela se 
lançasse para o mundo de forma mais reflexiva. Contudo, tal objetivo não foi alcançado, pois 
a requerente manteve-se em constante relação espontânea com o mundo, especialmente no 
que se referia à escolha pela adoção. 
Zélia, aos 21 anos de idade foi morar em outra cidade no Rio Grande do Sul com sua 
madrinha, onde permaneceu por quase um ano. 
Em 1988, com 23 anos de idade, ela passou a residir em Florianópolis/SC, onde 
conheceu Jair. Ambos moraram juntos por dois anos e meio. Tiveram um filho, que conta 
com 10 anos de idade. A vinda do meu filho foi muito positiva, pois isso me motivou a 
trabalhar ainda mais. 
Segundo a requerente, ela e seu filho possuem uma relação muito boa. Possuem um 
ao outro, pois seus familiares extensivos residem em outro estado. Mantêm um 
 17
relacionamento próximo com os mesmos, porém, dada a distância, não se vêem com 
freqüência. O pai de seu filho reside nesta cidade, contudo, segundo o menino, os contatos se 
resumem a uma vez ao mês. Para Zélia, a relação de seu filho com Jair foi criando contornos 
onde ambos escolheram se encontrar uma vez por mês, o que não quer dizer que não se falem 
por telefone outras vezes. 
Sobre a motivação para a adoção, Zélia afirmou não haver comprovação de 
problemas quanto à sua fertilidade. A inviabilização da filiação consangüínea se dá pelo fato 
da mesma não possuir relacionamento amoroso estável. 
O projeto de adoção, segundo a requerente, surgiu a partir da manifestação de seu 
filho em ter uma irmã. Ele sempre pediu para ter uma irmãzinha. Referiu-nos que seu filho 
cobra a fato de não ter uma irmã e justifica sua falta de coragem em ter outro filho biológico, 
afirmando que marcas foram deixadas em mim, no período de minha adolescência onde 
namorar e procriar era algo errado. 
No que tange a temporalidade, o sujeito se produz numa síntese dialética das 
experiências passadas, presentes e futuras. Ser, para o homem, é estar localizado no tempo, é 
ter realizado certas coisas, sofrido em certas circunstâncias, planejado fazer outras coisas, 
projetar ser alguém. Dessa forma, o indivíduo é produto e produtor dessa dinâmica temporal. 
É preciso que ele totalize sua história, que se inclua na temporalidade social, para que se 
experimente como sujeito de sua vida (SCHNEIDER, 2002). 
Quanto à organização familiar quando da efetivação da adoção, a requerente 
declarou-nos que, a princípio, conta com o auxílio de uma amiga que mora próximo de sua 
residência. Seu filho, no período contrário ao escolar, permanece sozinho na residência, 
segundo ela um fará companhia ao outro. 
Em relação ao perfil da criança desejada, a requerente demonstrou dúvidas quanto à 
idade pretendida, tendo em vista que inicialmente manifestou-se por uma menina de 0 a 10 
anos, porém, no decorrer de uma mesma entrevista, redefiniu a faixa etária por três vezes. 
Optando ao término da entrevista pela faixa etária entre 4 a 8 anos. 
Na entrevista realizada com seu filho, observamos que o mesmo comunicava-se a 
todo instante através de palavras formais e rebuscadas. Quando colocada esta observação à 
requerente, a mesma informou-nos que seu filho prefere estar na companhia de adultos e que 
o mesmo não tem muita paciência com crianças que não falam corretamente a língua 
portuguesa. 
 18
Indagada sobre a possibilidade de vir a receber uma criança que apresente 
dificuldades gramaticais ao se comunicar, referiu-nos que seria diferente com a criança que 
viesse a adotar e que seu filho teria paciência em ajudá-la a expressar-se corretamente. 
Para além disso, seu filho comentou não gostar de pessoas loiras, quando então a 
requerente interviu justificando que o preconceito dele se dá pelo fato da mídia associar tal 
característica às pessoas que possuem menor desenvolvimento intelectual. 
Pelo fato de ter sido escolhida uma menina de cor branca, abordamos sobre a 
possibilidade de virem a receber uma criança loira e novamente nos foi informado que seria 
diferente com a criança. 
Schneider (2002) afirma que a inteligibilidade é construída pela apropriação singular 
que o sujeito faz dos valores, dos conhecimentos, das crenças da sociedade, mediatizados 
pelas pessoas que o cercam. É essa dialética entre a subjetividade e a objetividade que 
determinará a personalização dos indivíduos. 
Sendo assim, respeitar a criança na sua individualidade e nas suas limitações é o que 
dará condições para criarem-se vínculos afetivos. O direito a história e as manifestações frente 
à nova experiência em família, desde que mediada, favorece a resignificação da própria 
história e das fantasias em torno do projeto de família que foi construindo durante o período 
de espera pela colocação em família substituta. 
Foi possível observar quando da entrevista com o menino, uma grande 
interdependência entre mãe e filho e/ou vice-versa, tanto que a própria requerente afirmou-nos 
que até alguns dias antes da visita domiciliar, seu filho dormia no mesmo quarto que ela. 
Quando indagados qual seria o quarto que a criança pretendida dormiria, o menino 
referiu-nos não querer dividir nem o seu quarto nem o da sua mãe, informando-nos que havia 
pedido para ser construído outro quarto e que a mesma não havia aceitado a idéia. Contudo, a 
requerente discordou de seu filho, dizendo-nos que se fosse preciso construiria outro. Em 
entrevista individual, Zélia informou que num primeiro momento dividiria seu quarto com a 
criança a ser adotada. 
Após a visita, foram realizados mais dois encontros com a requerente a fim de 
proporcionar reflexões em relação à real motivação e preparação para receber um filho em 
adoção. Outro fator que nos levou a um maior número de encontros corresponde ao 
encaminhamento desse juizado para avaliação psicológica, em processo encaminhadopor 
despacho, a qual se organizou em conjunto com o estudo social, a fim de garantir uma ação 
interdisciplinar na avaliação. 
 19
Durante a avaliação do caso, algumas questões chamaram-nos atenção para um 
aprofundamento. Realizamos, pois, três entrevistas, cujo objetivo foi esclarecer melhor os 
fatos e provocar na requerente, reflexões sobre o seu projeto de adoção, contudo, surgiram 
algumas resistências por parte da mesma, quando dos convites à participação. 
Uma das questões observadas está relacionada a dúvidas sobre o real desejo da 
requerente em ter mais um filho, bem como sua convicção quanto a faixa etária da criança 
pretendida, uma vez que a modificou algumas vezes no decorrer dos procedimentos. 
A requerente trouxe-nos como principal motivação ao projeto, a necessidade de seu 
filho ter uma irmã e que além de seu filho solicitar a companhia de uma irmã, também seus 
familiares reforçam a importância dele dividir seu espaço com alguém. 
Cabe ressaltar que nos momentos de entrevistas a requerente não se referia à criança 
desejada como sendo sua filha e sim como sendo a irmã de seu filho. Demonstrando dúvidas 
se estaria preparada para receber uma filha por adoção. E por sua vez o menino, referia-se à 
criança pretendida como a adotiva e não como sua irmã. 
Foi solicitado que a requerente refletisse sobre tais questões, tendo como pressuposto 
que cada escolha carrega consigo uma responsabilidade e que ao ser colocada em ação, 
provoca mudanças no mundo que não podem ser desfeitas, não sendo possível, a partir de 
uma perspectiva existencialista, atribuir a responsabilidade por estes atos a nenhuma força 
externa. 
No existencialismo, o homem é o que ele faz, o que acarreta, como implicação ética, 
a responsabilidade do homem para com a construção do seu ser e o ser dos outros. O 
sujeito individual, enquanto agente de seu próprio destino, envolve a si e aos outros 
nas escolhas que efetua. (CARVALHO, 2004, p. 244). 
No encontro seguinte, a requerente questionou: É você que vai me dar o aval para eu 
adotar? O que você quer que eu diga? Quantos encontros serão necessários ainda?. 
É comum em algumas situações o requerente associar o psicólogo à figura do juiz, 
apegando-se também à idéia de que existem requisitos a serem preenchidos (PAIVA, 2005). 
Todavia, é pertinente fazer reflexões junto ao requerente de que não basta manifestar vontade 
em adotar, é preciso estar preparado, visando prevalecer o interesse do adotado sobre 
quaisquer outros interesses. É preciso estar disposto a estabelecer e manter vínculos afetivos 
com a criança e principalmente desvincular a motivação de fatores externos e fazer uma 
escolha não mergulhada na espontaneidade e sim com reflexão e responsabilidade. 
 Considera-se, que uma das motivações mais freqüentes tem sido a vivência de uma 
relação de irmandade para aquele que é filho único, nesse caso ficou explícito que a maior 
motivação para a adoção corresponde ao fato do filho por consangüinidade solicitar inúmeras 
 20
vezes a vinda de uma irmã. A requerente utiliza-se, na sua maneira de se relacionar com o 
mundo, de uma consciência reflexiva não posicional de si, ou seja, de uma consciência 
espontânea/ alienada. Nesse tipo de consciência, o sujeito não toma a si mesmo como objeto 
de sua consciência, sendo caracterizada como uma consciência de primeiro grau ou irrefletida, 
sem a presença de seu eu (SCHNEIDER, 2002), sem refletir criticamente se ela enquanto 
sujeito gostaria de ampliar o exercício da parentalidade escolhendo ter mais um filho. Tal 
posicionamento favorece que ela se relacione de forma absorvida no objeto, em um “dever-
ser”, onde não há espaço para o seu eu, para situar-se no horizonte de um “poder-ser”. 
A fenomenologia salienta o caráter intencional da consciência, onde toda a 
consciência é consciência de algo. A intencionalidade possibilita que os atos de consciência 
não existam por si mesmos, estando estes sempre direcionados a algo. A consciência não atua 
fechada sobre si mesma, pois a plasticidade do sentido é igualmente realçada. Sujeito e objeto 
são co-constituídos, interdependentes um do outro, influenciando-se mútua e 
permanentemente. A interrogação da intencionalidade é sobre o sentido. Somos seres em 
permanente criação de sentido (SCHNEIDER, 2002) . 
Sendo assim, é possível perceber que Zélia responsabiliza o filho pela escolha da 
adoção. A adoção, assim como a sua própria história não é responsabilidade dela, pois Zélia 
procura encontrar na educação que seus pais lhe deram, a justificativa para as dificuldades que 
encontra ao se deparar com o mundo, com a sua existência. 
Segundo Lanser (2002), qualquer objetivo de ter filhos ou adotá-los, almejando 
preencher um determinado vazio, insegurança ou medo, jamais irá levar a um exercício da 
parentalidade "bem sucedido" ou adequado. 
Leva-se em conta que a criança a ser adotada pela requerente será inserida numa 
família que aparentemente demonstrou ter uma dinâmica pouco receptiva àquilo que possa 
interferir no seu cotidiano. Na ocasião da visita domiciliar, ao sentarmos em um dos sofás da 
sala, fomos convidadas a mudar para outro, pois, aquele era o sofá do meu filho assistir TV. 
A teoria sartreana afirma que a inteligibilidade sobre algo se dá a partir da totalização 
de conclusões anteriores e que um novo entendimento ocorre com a destotalização e 
retotalização das mesmas (GUIZ, 2008). Para tanto, buscamos refletir junto à Zélia, sobre os 
diversos atravessamentos que a dinâmica atual com seu filho poderá sofrer com a ampliação 
do seu núcleo familiar, tendo em vista que a realidade de crianças abrigadas é baseada na 
partilha de objetos e de espaços. Contudo, o posicionamento de Zélia, tem coisas aqui que vão 
continuar sendo somente do meu filho, confirmou que nessa dinâmica familiar, existem 
resistências que precisam ser repensadas, pois para adotar um filho, seja pela via 
 21
consangüínea ou adotiva, é preciso ter plasticidade na relação com o outro, visando favorecer 
o estabelecimento de vínculos afetivos e sentimento de pertencimento nessa configuração 
familiar. 
Pressupõe-se a família como espaço de proteção, segurança, acolhimento, troca de 
afetividade, entre outros. O número de devoluções de crianças na rotina do judiciário, cujos 
pais adotivos, via de regra, durante o procedimento revelam suas boas intenções, muito 
comumente impulsionados por fatores externos ou idealizações, sugerem cautela na condução 
dos casos, especialmente no que tange às adoções tardias. 
Como afirma Lídia Weber: 
Na maioria dos casos de crianças mais velhas consideradas para adoção é preciso 
lembrar que suas vidas geralmente estiveram rodeadas de circunstâncias difíceis, 
com inúmeras decepções e privações importantes. Por isso a necessidade de 
observar um lar especialmente adequado às necessidades da criança, no qual as 
pessoas estejam preparadas para recebê-la. (WEBER, 2005, p. 128). 
O fato da requerente sempre referir-se à criança a ser adotada não como sua filha, 
mas como à irmã de seu filho, bem como, o lidar com múltiplos "não gosto", por parte dele 
(pessoas loiras, crianças que não se comunicam de forma correta quanto ao uso da gramática e 
preferência por estar entre adultos ao invés de crianças), suscitaram-nos dúvidas quanto à 
disponibilidade para a formação de vínculos. 
Realizamos uma entrevista devolutiva com a requerente, abordando os pontos 
levantados. Inclusive, destacamos a relevância dos mesmos e sugerimos um possível 
acompanhamento psicológico, uma vez que apresentou dificuldades na relação com o filho, 
deslocando-se do lugar de responsável pelas decisões no aumento ou não da rede familiar para 
ecoar os desejos do filho em ter uma irmã. No que se refere ao entendimento psicológico do 
estudo, a requerente manteve, frente à possibilidade de ter um filho por adoção, uma escolha 
alienada, pouco reflexiva no que serefere às reais implicações da escolha e as situações que 
colocariam seu filho e uma irmã em confronto. Tais características não correspondem às reais 
necessidades de crianças e adolescentes que se encontram preparados para serem 
encaminhados a uma nova família. 
O processo de reflexão consiste em um movimento que coloca o sujeito diante de 
suas escolhas e responsável por elas, implica em uma prática psicológica de orientar-se 
mediado por um projeto existencial sobre o qual irá se reconhecer e se refazer em cada nova 
vivência. Para nossa requerente, outras questões referentes à relação mãe/filho, indicaram que 
uma adoção nesse contexto familiar traria conseqüências desastrosas àquele ou àquela que 
poderia ser adotada, bem como, ao filho que teria que lidar com a frustração de não receber a 
irmã ideal. 
 22
 No momento da devolutiva, a requerente não manifestou interesse ao 
encaminhamento para processo psicoterapêutico, afirmando saber o quão preparada estava 
para acolher um filho em adoção. Tal posicionamento, confirmou nossas hipóteses de que ela 
não se dispõe a refletir sobre o seu projeto de vida, o seu desejo de ser. Zélia não buscou 
compreensão sobre as escolhas feitas e o modo como se move no mundo. Não se permitiu um 
movimento progressivo-regressivo sobre o seu processo de constituição histórica. Esse 
movimento se dá, quando há uma passagem da reflexão cúmplice para uma reflexão crítica 
sobre o seu processo de constituição histórica, isto é, há uma localização do indivíduo que 
passa por todo um questionamento do horizonte da racionalidade (MAHEIRIE e PRETTO, 
2002). 
Para além disso, tendo como base o art. 29 do ECA: Não se deferirá colocação em 
família substituta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza 
da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado, foi exposto à requerente, que naquele 
momento ela não estava apta para a inscrição à adoção. E, tendo como pressuposto que ela 
poderá se escolher de outras formas dentro do seu campo de possibilidades, foi pontuado, 
como lhe é de direito, a possibilidade de vir a pleitear inscrição a qualquer tempo, 
necessitando para tanto de novo estudo da situação. Contudo, a requerente apenas perguntou 
se poderia acompanhar a decisão via internet, se retirando da sala após nossa resposta, 
demonstrando assim, estar insegura ontologicamente e inviabilizada para se lançar para o 
futuro. 
Enfim, Sartre afirma que o homem será aquilo que fizer de sua vida, não existindo 
nada além dele mesmo, de sua vontade, que determine seu destino. Nessa perspectiva, 
também em um processo psicoterapêutico, o cliente tem que querer ir à terapia, compreender 
o seu processo historicizado no mundo, para que, a partir de uma compreensão crítica de sua 
história, possa alterar a realidade. Não sendo isto o que ocorreu com Zélia, que ao se 
constituir na espontaneidade, não buscou refletir criticamente sobre o projeto adoção, o que 
dificultou com que ela se constituísse até então, num permanente “devir”. 
 
 
 
 
 23
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Este estágio proporcionou o exercício da interdisciplinaridade, através da interface 
com o Direito e com o mundo jurídico, sendo fundamental para a minha formação em 
Psicologia. 
 Busquei a partir das descontinuidades, articular com os demais profissionais do 
J.I.J., enfatizando que cada indivíduo é atravessado por processos sensitivos, perceptivos, 
emocionais, portanto, subjetivos, que devem ser entendidos de forma singular. 
Dizendo de outra forma, além de fazer interlocuções com profissionais do Direito e 
do Serviço Social, tendo como base os códigos jurídicos, busquei inscrever o saber e a prática 
psicológica naquele espaço, a partir do cumprimento dos objetivos deste relatório. 
Todavia, pude perceber em alguns momentos, que o estudo psicossocial, transita por 
um território movediço e que pode servir apenas para protocolar uma determinação do juiz, 
caso não haja uma interlocução concisa entre os operadores de Direito e as outras ciências 
humanas, uma vez que, questões subjetivas, podem acabar não sendo compreendidas pelos 
profissionais envolvidos em um processo de adoção. 
Cabe então ao Psicólogo inserido no campo da justiça, posicionar-se, não como 
sendo um instrumentalista, mas sim, a partir da abordagem das especificidades de sua 
profissão enquanto ciência, atuar preservando “a temporalidade do tempo, a humanidade do 
homem, a concretude do concreto” (PESSANHA, 1993 p.31), articulando dessa forma, sobre 
a relevância de sua intervenção nos processos de adoção. 
No que tange o espaço físico, a realidade atual do J.I.J. apresenta certa dificuldade, 
uma vez que temos disponibilizada apenas uma sala para entrevistas. Tal sala é utilizada tanto 
pelas assistentes sociais que atendem plantões quanto pela assistente social e estagiárias de 
Psicologia responsáveis pelo estudo psicossocial dos requerentes que pretendem a habilitação. 
Como as minhas idas a campo se davam também pela parte da manhã, e o horário de 
funcionamento do J.I.J. inicia-se às 12h, a assistente social marcava os estudos psicossociais 
para parte da manhã, porém, quando precisávamos da sala pela parte da tarde, nem sempre 
conseguíamos, o que se caracterizou como uma variável relevante ao se marcar entrevistas 
com os candidatos. 
Em relação às sugestões que posso apresentar para contribuir com os futuros 
estagiários, as mesmas vão ao encontro da relevância de se conhecer o local de estágio, de 
 24
buscar literatura sobre o tema adoção e também sobre as leis que regem os direitos e deveres 
de crianças/adolescentes, além de articular-se com profissionais de outras áreas buscando 
conhecer mais sobre elas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 27
PRETTO. Z. Que tipo de psicologia produzimos hoje? Uma epistemologia da Psicologia e 
sua implicação com a prática profissional. Reflexão sobre a localização VII ENCONTRO 
REGIONAL SUL DA ABRAPSO- PSICOLOGIA ESTRATÉGIAS POLÍTICAS E 
APLICAÇÕES, setembro, 2000. 
 
SARTRE, J. P. O Existencialismo é um humanismo; A imaginação; Questão de método. 
Seleção de textos de José Américo Motta Pessanha; Traduções de Rita Correia Guedes, Luiz 
Roberto Salinas Forte, Bento Prado Júnior. 3ª Edição, São Paulo: Nova Cultural (Os 
Pensadores), 1987. 
 
SCHNEIDER, D. R. Novas perspectivas para a Psicologia Clínica em estudos a partir da 
obra Saint Genet: Comedian ot Marty de Jean Paul Sartre. Tese de doutorado de pós-
graduação em Psicologia Clínica da PUC-SP, São Paulo, 2002. 
 
SHINE, S. Avaliação psicológica e lei: adoção, vitimização, separação conjugal, dano 
psíquico e outros temas. 1 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. 
 
SOUZA, A. C. As bases para uma Psicologia Científica. In: Bertolino, P. [et al]. As emoções. 
Florianópolis: Nuca Edições Independentes, (Caderno de Formação), 1998. 
 
UZIEL, A. P. Homossexualidade e adoção. Rio de Janeiro: Garamond, 2007. 
 
WEBER, L. N. D. O psicólogo e as práticas de adoção. In: GONÇALVES, Hebe S.; 
BRANDÃO, Eduardo P. Psicologia jurídica no Brasil. Rio de Janeiro: NAU editora, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 29
ANEXO I 
 
RELAÇÃO DE DOCUMENTOS PARA A HABILITAÇÃO 
JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE 
CENTRAL DE ATENDIMENTO A ADOÇÃO 
 
 
_________________, ___, de ________________de 2008. 
 
 
 
Prezados Senhores, 
 
 
De acordo com as diretrizes estabelecidas pelo vigente Estatuto da Criança e do 
Adolescente, Lei nº 8.069 de 13.07.90, é necessário requerer sua inscrição no registro de 
pessoas interessadas em adoção, neste Juizado da Infância e da Juventude. 
Para tanto, solicitamos que o pedido de inscrição e o formulário que seguem em 
anexo, sejam-nos remetidos, juntamente com os seguintes documentos : 
 
Obs: todas as cópias deverão ser autenticadas. 
 
• Certidão de Casamento 
• Cópia da Carteira de Identidade; 
• Cópia do CPF; 
• Comprovação de Rendimentos; 
• Atestado de Saúde física e mental – este atestado deve ser fornecido por médico, do qual 
deve constar : nome, endereço, CRM; 
• Comprovante de residência - através de conta de luz, água, etc... 
• Certidão Negativa ou Folha Corrida Judiciária do requerente - fornecida pelos 
cartórios criminais da Comarca de residência; 
• Foto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30
ANEXO II 
 
REQUERIMENTO AO JUIZ 
 
 
 
 EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE 
 
_____________________________________________________,brasileiro(a),___________
_______(estado civil),___________________________(profissão)e 
______________________ 
_____________________________(brasileira),____________________________(profissão), 
residente(s) e domiciliado(s) ___________________________________________________, 
bairro_______________________,Município de 
_____________________________________, Estado de 
_____________________________, vem ante V. Exa. requerer sua INSCRIÇÃO no 
cadastro de pessoas interessadas em adoção, nesse Juizado da Infância e da Juventude, 
de conformidade com o art. 50 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
 Para tanto, instruem o pedido com documentos que entendem 
necessários à comprovação de suas condições materiais, físicas e psíquicas. 
 
 Por derradeiro, requer seja consultado o órgão técnico desse Juizado e 
ouvido o Ministério Público. 
 
 Termos em que 
 Pede(m)deferimento. 
 
 
____________________, _____ de ______________________ de 200___ 
 
 
 
 
 
 
 _____________________ _________________________ 
Assinatura e RG Assinatura e RG 
 31
ANEXO III 
 
FORMULÁRIO CADASTRO NACIONAL 
 
CADASTRO NACIONAL (PRETENDENTE OU ADOTANTE) 
COMARCA FONE 
 
RESPONSÁVEL PELO CADASTRO 
CENTRAL DE ADOÇÃO 
INTERESSADO DATA NASC. 
CPF RG 
 
DATA CASAMENTO ESCOLARIDAD
E 
 LOCAL DE TRABALHO (empresa) 
 
PROFISSÃO RENDA 
MENSAL 
FONE COM. 
 
CELULAR/RECADO 
 
E-MAIL 
ESPOSA 
 
DATA NASC. 
CPF 
 
RG 
 
ESCOLARIDAD 
 LOCAL DE TRABALHO (empresa) 
 
PROFISSÃO RENDA MENS. 
 
FONE COM. 
 
CELULAR/RECADO E-MAIL 
ENDEREÇO RESIDENCIAL 
 
BAIRRO 
CIDADE 
 
UF FONE CEP 
 
RESIDÊNCIA PRÓPRIA ( ) ALUGADA ( ) CEDIDA ( ) Nº DE DEPENDÊNCIAS
COMPOSIÇÃO FAMILIAR 
 FILHOS BIOLÓGICOS ( ) QUANTOS? FILHOS ADOTIVOS ( ) QUANTOS? 
S/FILHOS ( ) 
SEXO DA CRIANÇA PRETENDIDA 
 MASCULINO ( ) FEMININO ( ) INDIFERENTE ( ) 
FAIXA ETÁRIA DA CRIANÇA 
INICIAL FINAL 
COR BRANCA ( ) AMARELA ( ) NEGRA ( ) INDÍGENA ( ) MULATA ( ) PARDA ( ) 
INDIFERENTE ( ) 
ACEITA GÊMEOS? 
 SIM ( ) MASCULINO ( ) FEMININO ( ) NÃO ( ) 
ACEITA IRMÃOS? 
 SIM ( ) 01 CRIANÇA E ATÉ ___ IRMÃOS MASCULINO ( ) FEMININO ( ) NÃO ( )
DISPÕE-SE A RECEBER CRIANÇA COM PROBLEMAS DE SAÚDE ? 
 SIM ( ) TRATÁVEL ( ) CRÔNICO ( ) IRREVERSÍVEL ( ) SOROPOSITIVO ( ) 
NÃO ( ) 
DISPÕE—SE A RECEBER CRIANÇA COM PROBLEMA FÍSICO? 
SIM ( ) MODERADO ( ) SEVERO ( ) NÃO ( ) 
DISPÕE-SE A RECEBER CRIANÇA COM PROBLEMAS MENTAIS? 
 SIM ( ) MODERADO ( ) SEVERO ( ) NÃO ( ) 
JÁ ADOTOU NO ESTADO? 
 SIM ( ) NÃO ( ) 
 HÁ QUANTOS 
ANOS? 
 QUAL COMARCA 
 OBSERVAÇÕES:

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