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PLANO DE AULA n° 02 
POSSE 
(origem, conceito, elementos constitutivos, objeto e natureza) 
_____________________________________________________________________________________ 
 
Bibliografia: 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007, v. 4, p. 31-53. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas. São Paulo: Saraiva, 2006, v. V, p. 25-58. 
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil: Direito das Coisas. 37ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, v. 3, p. 16-25. 
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil: Direito das Coisas. Rio de Janeiro: Forense, 2006, v. 4, p. 25-48. 
PEREIRA, Cáio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direitos Reais. 19ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, v. IV, p. 13-40. 
RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Coisas. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 15-40. 
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Direito das Coisas. 27ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002, v. 5, p. 15-21. 
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Direitos Reais. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, v. V, p. 25-44. 
 
 
1. Origem 
a) Teoria de Niebuhr, adotada por Savigny: postula que dos terrenos que os romanos iam 
conquistando com as guerras, parte era reservada para a edificação de cidades e parte era 
distribuída entre os cidadãos. Como as vitórias eram constantes, ampliava-se cada vez mais as 
extensões destinadas à abertura de novas cidades, tornando-as inaproveitadas e improdutivas, 
razão pela qual resolveram loteá-las. Tal teoria defende, então, que a posse surgiu com a 
repartição das terras conquistadas pelos romanos, as quais eram loteadas, sendo uma parte dos 
lotes (possessiones) cedida a título precário aos cidadãos e a outra destinada à construção de novas 
cidades. Como os beneficiários não eram proprietários dessas terras não podiam lançar mão da 
ação reivindicatória para defendê-las das invasões. Daí o aparecimento de um processo especial 
denominado interdito possessório, destinado a proteger juridicamente aquele estado de fato. 
b) Teoria de Ihering: afirma que a posse tornou-se entidade própria e autônoma em virtude dos 
incidentes preliminares do processo reivindicatório. A posse seria, então, uma conseqüência do 
processo reivindicatório. 
 
 
2. Definição e elementos constitutivos 
a) Teoria de Savigny (ou subjetiva): posse é o poder que tem a pessoa de dispor fisicamente de uma 
coisa, com intenção de tê-la para si e defendê-la contra a intervenção de outrem. Dois seriam, 
então, os elementos constitutivos da posse: 1) o poder físico sobre a coisa, o fato material de ter 
esta à sua disposição, ou seja, a detenção da coisa (corpus); e 2) a intenção de tê-la como sua, a 
intenção de exercer sobre ela o direito de propriedade (animus). Não basta, pois, a simples 
detenção, sendo necessário que ela seja intencional. 
b) Teoria de Ihering (objetiva): sustenta que para constituir a posse basta o corpus, dispensando-se o 
animus. A posse é a exteriorização da propriedade, pois possuidor é aquele que age em face da 
coisa como se fosse proprietário, podendo-se afirmar, portanto, que o direito de possuir faz parte 
do conteúdo do direito de propriedade, que a posse é um meio de defesa da propriedade e que a 
posse é uma rota que leva à propriedade. 
Observações: 
• O Código Civil brasileiro adotou a teoria de Ihering e a prova disso se encontra no art. 1.196, 
segundo o qual "considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de 
algum dos poderes inerentes à propriedade". Portanto, se possuidor é aquele que atua frente à 
coisa como se fosse proprietário, pois exerce algum dos poderes inerentes à propriedade, a posse, 
para o nosso Código Civil, se caracteriza como exteriorização da propriedade, conforme a 
concepção de Ihering. 
• Segundo Silvio Rodrigues, pode-se dizer que a posse se distingue da propriedade, mas o 
legislador, querendo proteger o proprietário, assegura o possuidor até que se demonstre não ter ele 
a condição de dono. Tal proteção, que se estriba numa preocupação de harmonia social, é 
transitória e sucumbe frente à prova do domínio. 
 
 
PLANO DE AULA n° 02 
POSSE 
(origem, conceito, elementos constitutivos, objeto e natureza) 
_____________________________________________________________________________________ 
 
3. Objeto 
Discute-se se o Código Civil só reconhece a posse dos direitos reais ou se a estende também aos 
direitos pessoais. 
• 1a opinião: a posse se estende aos direitos pessoais, pois o legislador, no art. 1.196 do Código 
Civil, intencionalmente incluiu o vocábulo propriedade na conceituação de possuidor e a 
propriedade vai além dos direitos reais sobre coisas corpóreas, estando aí incluídos, então, os 
direitos pessoais. Além disso, o art. 1.547 do CC refere-se a posse do estado de casado. 
• 2a opinião: somente os direitos reais podem ser objeto de posse, pois os direitos pessoais são 
estranhos ao conceito de posse, sendo inconcebível a posse de uma coisa incorpórea. Tal opinião é 
encabeçada por Clóvis Beviláqua, que assim defende: a) o vocábulo propriedade figurava também 
no projeto primitivo de sua autoria e nem por isso teve ele intenção de filiá-lo ao sistema dos que 
ampliam a posse aos direitos pessoais; b) nenhum dispositivo se depara no Código pelo qual se 
infira que a posse se estende àqueles direitos; e c) a propriedade e seus desmembramentos são 
direitos reais. 
(Obs.: lembrar as disposições dos arts. 488, 490 e 493, I do antigo CC e compará-las com as dos arts. 
1.199, 1.201 e 1.204 do atual CC) 
 
 
4. Natureza 
a) A posse é um FATO: a posse é um estado de fato protegido pela lei em atenção à propriedade, de 
que constitui manifestação exterior, tendo em vista que inexistem outros direitos reais além dos 
mencionados no art. 1.225 do CC, que exibe enumeração taxativa. (Clóvis Beviláqua) 
b) A posse é um FATO e um DIREITO: é um fato porque a existência da posse independe de todas as 
regras de direito. Mas, apesar de constituir um fato, produz conseqüências jurídicas, sendo, 
portanto, simultaneamente fato e direito. (Savigny) 
c) A posse é um DIREITO REAL: porque trata-se a posse de um desmembramento da propriedade. 
Pode-se aplicar o princípio de que o acessório segue o principal, sendo a propriedade o principal e 
a posse o acessório, já que não há propriedade sem posse. Assim, nada mais objetivo do que 
integrar a posse na mesma categoria jurídica da propriedade, dando ao possuidor a tutela jurídica. 
Se não há propriedade sem posse, dar proteção a esta é proteger indiretamente aquela; se a 
propriedade é direito real, a posse também o é. (Ihering e Maria Helena Diniz) 
d) A posse é um ESTADO DE APARÊNCIA juridicamente relevante: trata-se a posse de um estado de 
fato protegido pelo direito. Se o Direito protege a posse como tal, desaparece a razão prática, que 
tanto incomoda os doutrinadores, em qualificar a posse como simples fato ou como direito. Se o 
possuidor, desapossado da coisa, tivesse que provar sempre, e a cada momento, sua propriedade 
ou outro direito real na pretensão de reaquisição do bem, a prestação jurisdicional tardaria e 
instaurar-se-ia inquietação social. Por essa razão, o ordenamento concede remédios possessórios, 
de efetivação rápida. Protege-se, pois, o estado de aparência, situação de fato, que pode não 
corresponder ao efetivo estado de direito, o qual poderá ser avaliado, com maior amplitude 
probatória e segurança, posteriormente. Vê-se que a situação de fato é protegida, não somente 
porque aparenta um direito, mas também a fim de evitar violência e conflito. (Sílvio de Salvo 
Venosa e Silvio Rodrigues)

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