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AÇÃO PENAL

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01 – DIREITO DE AÇÃO
O instituto da ação, na teoria geral do processo, deve ser estruturado no que lhe é básico e essencial, na teoria geral do processo. A ação é um direito subjetivo processual que surge em razão da existência de um litígio, seja civil ou penal.
Ante a pretensão insatisfeita de que o litígio provém, aquele cuja exigência ficou desatendida propõe a ação, a fim de que o Estado, no exercício da Jurisdição, faça justiça, compondo, segundo o direito objetivo, o conflito intersubjetivo de interesses em que a lide se consubstancia.
Abolida a autodefesa, ou seja, a resolução privada dos conflitos de interesses, cabe ao Estado a função jurisdicional de dar a cada um o que é seu, aplicando o direito objetivo à situação conflituosa.
Para poder exercer a função de administrar a justiça, um dos fins do Estado, este põe a disposição de todos os órgãos promovê-la, uma vez que o Estado proibiu aos particulares a realização da justiça com as próprias mãos.
O particular, ou seja, qualquer pessoa, tem o direito de invocar a prestação jurisdicional do Estado já que a este cabe administrar a justiça.
Destaca-se, assim, diante do inciso XXXV, do artigo 5º, da Constituição Federal, a função jurisdicional do Estado, na medida em que visa aplicar a lei a uma hipótese controvertida mediante processo regular, produzindo, afinal, coisa julgada, com o que substitui, definitivamente a vontade das partes.
Esse direito à prestação jurisdicional estende-se também ao Estado- Administração quando a este não é permitido a auto-execução de determinados atos e funções, como ocorre, por exemplo, com o direito de punir.
O direito de punir, jus puniendi, que é de natureza administrativa, mas de coação indireta diante da limitação da autodefesa estatal, obriga o Estado Administração a comparecer perante o Estado Juiz para propor a ação penal para que seja ele realizado. A ação é, assim, um direito de natureza pública, que pertence ao indivíduo, como pessoa, e ao próprio Estado, enquanto administração, perante os órgãos destinados para tal fim.
02- TEORIA SOBRE O DIREITO DE AÇÃO
Há várias teorias para fins de definição da natureza jurídica do direito de ação. 
Numa concepção tradicional, advinda do direito romano, Coutoure afirmava que a ação seria o próprio direito material, substancial, reagindo contra ação ou violação, seria o próprio direito em movimento.
Savigny afirmava que a ação e direito material constituíam uma só e mesma coisa; o direito de agir, além de não ser autônomo, se constituiria em um direito de ordem privada, uma relação entre as partes em razão de um negócio jurídico.
Esse conceito privativista da ação passou porém a ser veementemente combatido com a polêmica de Windscheid e Muther. Windscheid passou a afirmar que a ação não é um direito exigido em juízo, mas o poder de exigir algo de outrem, o poder de pretender alguma coisa de alguém, criando assim o conceito de pretensão. 
De outro lado, Muther mostrou a distinção entre o direito lesado e o direito de agir. Segundo ele, a ação, mesmo no direito romano não consistia um direito do autor contra o réu, mas um verdadeiro direito contra o Estado. É o direito de reclamar, de exigir do Estado-Juiz para que este torne respeitado o direito violado. O Estado, iniciada a ação, é quem tem direito contra o réu.
Chiovenda trouxe, então, a teoria de que a ação é um direito potestativo, ou seja, o poder jurídico de realizar as condições para atuação da lei, ou seja, de influir, com a própria manifestação de vontade, sobre a situação de outro sujeito, sem o concurso de vontade deste. A ação seria, assim, um direito potestativo, exercido em relação ao adversário, que nada pode fazer para impedi-lo, visando à produção de efeitos jurídicos.
Por fim, Degenkolb e Plóz estruturaram a teoria da ação como direito abstrato, ou seja, um poder jurídico independente do fundamento ou da falta de fundamento da pretensão. Nesse sentido, não importa a existência ou não do direito material, o réu não pode impedir que o autor ingresse em juízo com ação, o direito de ação é independente do direito material, que pode existir ou não quando proposta a ação.
Atualmente, esta é a doutrina mais aceita, em que pesem as críticas quanto ao termo “abstrato” para designar poder jurídico, independente de fundamento ou falta de fundamento da pretensão.
03 – CARACTERÍSTICAS E CONCEITO
O direito de ação é autônomo, porque não se confunde com o direito subjetivo material que ampararia a pretensão deduzida em juízo, pois, se fosse assim, não se poderia compreender como sendo direito de ação o que foi, ao final, julgado improcedente.
A ação tem um conteúdo próprio e totalmente diverso do direito material a que esta ligado. Entende-se como sendo o destinatário da ação não o sujeito passivo, mas sim, o Estado, representado pelo órgão judiciário, a quem se endereça o pedido sobre a pretensão. 
O direito de ação é abstrato, na medida em que independe do resultado final do processo, de que o autor tenha ou não razão, ou de que obtenha ou não êxito no que pretende.
O direito de ação é instrumental, na medida em que possui por finalidade atingir a jurisdição por meio do processo para composição da lide. Esse direito instrumental, porém, só existe porque é conexo ao caso concreto, pois ingressa-se em juízo pretendendo algo específico.
A ação é um direito subjetivo, pois seu titular pode exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional e é um direito público, pois serve para a aplicação do direito público que é o de provocar a atuação jurisdicional.
04 – CONDIÇÕES DA AÇÃO 
Considerando que o direito agir é conexo a uma pretensão e, portanto, ligado a uma situação jurídica concreta, subordina-se ele a condições. As condições da ação se relacionam com a pretensão a ser julgada e  devem ser apreciadas antes do julgamento sobre procedência ou improcedência, são elas:
- possibilidade jurídica do pedido;
- interesse de agir (legítimo interesse);
- legitimidade de parte (legitimação para agir)
A possibilidade jurídica do pedido se refere à providencia admitida pelo direito objetivo. Somente quando o direito objetivo material admitir o pedido é que alguém poderá ser titular do direito de ação. Temos que o artigo 295, parágrafo único, III, do Código de Processo Civil, considera inepta a petição inicial quando o pedido for juridicamente impossível.
O interesse de agir consiste na formulação de uma pretensão necessária e adequada à satisfação do interesse contido no direito subjetivo de que se diz titular. Por isso, se diz que são os requisitos para existência do interesse de agir: necessidade e adequação.
A necessidade se refere à utilização das vias jurisdicionais e a adequação do provimento e do procedimento.
A legitimidade de parte (legitimação para agir ou legitimatio ad causam) possui fundamento no artigo 6º, do Código de Processo Civil, o qual determina que ninguém poderá pleitear em nome próprio direito alheio, salvo quando autorizado por lei.
05 – CONCEITO 
Considerando os conceitos, características e condições da ação, temos, agora, que conceituar “ação penal”. Considerando que o direito de punir é aplicado pelo Estado, a ação penal consiste na atuação correspondente ao direito à jurisdição, que se exercita perante os órgãos da Justiça Criminal, ou seja, é o direito de invocar o Poder Judiciário para aplicar o direito penal objetivo.
A natureza jurídica da ação penal não se diferencia em qualquer aspecto da natureza jurídica da ação civil, sendo que seu pressuposto é o litígio, ou a pretensão insatisfeita surgida com a prática de um ilícito penal.
06- CONDIÇÕES
O artigo 43, III, do Código de Processo Penal, exige, para o recebimento da denúncia ou queixa, a presença das condições exigidas pela lei, ou seja, condições genéricas e específicas para o exercício desse direito, inclusive, no campo penal.
As condições gerais, de admissibilidade do julgamento da lide, denominadas condições da ação, são as mesmas do direito de ação civil, quais sejam, possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimação adcausam. As condições especiais são exisgidas pelas peculiaridades que apresenta o funcionamento da justiça penal, conforme a espécie da ação penal. Ambas, gerais e especiais, compõem as chamadas condições de procedibilidade.
Em primeiro lugar, exige-se a possibilidade jurídica do pedido, ou seja, é necessário que seja admissível, em tese, o direito objetivo-material reclamado no pedido de prestação jurisdicional penal. O pedido é impossível quando não se pode instaurar ação penal se o fato narrado na denúncia não constituir crime – artigo 43, I, CPP – no mesmo sentido, não se pode pedir a imposição de pena a caso que não possui correspondência legal como sendo crime.
Há legitimação para agir quando a parte é titular de um dos interesses do litígio. Na ação penal, a parte legítima, como sujeito ativo, é apenas o Estado- Administração, único titular do direito de punir.
No entanto, a lei, em algumas situações, outorga o direito de exercer a ação ao ofendido na ação privada. Nesses casos, ocorre legitimação extraordinário ou substituição processual, em que a lei autoriza alguém a propor a ação em nome próprio na defesa de interesse alheio, no caso do Estado.
Outrossim, deve-se observar a legitimidade passiva para configurar no pólo da ação, sendo que esta deve ser proposta em face do autor do fato. Evidentemente, que falta legitimação quando a denúncia imputa crime à testemunha, à menor, à parlamentar em gozo das imunidades.
Há parte da doutrina que menciona as condições negativas da ação, tais como, coisa julgada, decadência e renuncia, porém, essas condições podem ser consideradas como pressupostos processuais.
07- CONDIÇÕES OBJETIVAS DE PUNIBILIDADE
Não há disposição expressa na lei brasileira a respeito das chamadas condições objetivas de punibilidade. Há casos, porém, em que a punibilidade, por razões de política criminal, esta na dependência do aperfeiçoamento de elementos ou circunstancias não encontradas na descrição típica do crime e exteriores à conduta.
Tratam-se das chamadas condições objetivas porque independem, para serem considerados como condições para a punibilidade, de estarem cobertadas pelo agente. Deve-se entender que, constituindo-se a condição objetiva de punbilidade de acontecimento futuro e incerto, não coberto pelo dolo do agente, é ela exterior ao tipo e, em conseqüência, ao crime.
São exemplos de condições objetivas de punibilidade: sentença declaratória de falência nos crimes falimentares, nas quais a ação é  anterior à decisão, desde que a conduta típica não tenha sido causa da quebra; a circunstancia do fato ser punível no país em que foi praticado e estar incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição nos crimes praticados fora do território nacional (artigo 7º, p. 2º, b e c, do CP).
A inexistência de condição objetiva de punibilidade impede a instauração da ação penal mas, proposta esta, há decisão de mérito.
Não se confundem as chamadas escusas absolutórias, em que não se impõe a pena em casos especiais por circunstancias especiais do agente ou em decorrência de seu comportamento posterior, tal como é previsto nos artigos 181, incisos I e II, e 348, p. 2º, imunidades referentes aos crimes contra o patrimônio e favorecimento pessoal, respectivamente.
08 – CONDIÇÕES DE PROCEDIBILIDADE
As condições de procedibilidade são as que condicionam o exercício da ação penal, possuem caráter processual e atêm somente à admissibilidade da persecução penal.
São condições de procedibilidade: a entrada do agente no território nacional no caso de crime praticado no exterior – artigo 7º, p. 2º, a, do CP – requisição do Ministro da Justiça nos crimes contra honra previstos no Código Penal contra o Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro – artigo 145, parágrafo único, do CP – a representação do ofendido em determinados crimes – artigos 130, 140, c.c. 141, II, 147, 151, do CP – o transito em julgado da sentença em que ocorreu falso testemunho ou falsa perícia para se instaurar inquérito policial e ação penal contra o autor desse delito.
As condições de procedibilidade podem atuar sobre o mérito, sobre a ação ou sobre o processo, tudo dependendo dos efeitos que a lei lhes der, o momento em que são reconhecidas pelo juiz ou em razão de outras circunstancias. A falta de representação do ofendido, por exemplo, dá causa à absolvição na ocasião do recebimento da denúncia ou na ocasião do prolatação da sentença de mérito e, na ausência desta, declarar extinta a punibilidade.
09- PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Os pressupostos processuais dizem a respeito da existência do processo e à validade da relação processual. 
Ou seja, para que exista, juridicamente, um processo penal, se faz necessária uma demanda onde se exteriorize uma pretensão punitiva ou de liberdade, um órgão investido de jurisdição e partes que tenham personalidade jurídica processual válida são: correta propositura da ação, feita perante autoridade jurisdicional, por uma entidade capaz de ser parte em juízo. 
De outro lado, mencionam-se os pressupostos de validade do processo que inexistem quando há vício ou defeito de atos processuais. Refere-se à doutrina, como exemplos: falta de pressuposto de validade, litispendência, coisa julgada, perempção, ausência de tentativa de conciliação.
10-  CLASSIFICAÇÃO
Diante de seu conteúdo e, seguindo a Teoria Geral do Processo, as ações distinguem-se em: conhecimento – declaratória, constitutiva e condenatória – cautelares e ações executivas.
A ação penal de conhecimento é aquela em que a prestação jurisdicional consiste numa decisão sobre situação jurídica disciplinada no Direito Penal. 
São exemplos de ação penal declaratória: hábeas corpus preventivo, em que o pedido é de declarar a existência de uma ameaça à liberdade de locomoção.
Trata-se de ação penal constitutiva aquela destinada a criar, extinguir ou modificar uma situação jurídica sob a regulamentação do direito penal ou formal, apontam-se como exemplos as referentes ao pedido de homologação de sentença penal estrangeira e o de revisão criminal (que é uma rescisória no campo penal)
No que se refere à ação penal condenatória, destacadamente a mais relevante no campo penal, é a que tem por objetivo o reconhecimento de uma pretensão punitiva ou aplicação de medida de segurança, para que seja imposto ao réu o preceito sancionador da norma incriminadora.
A ação penal executiva ocorre quando há execução de pena de multa (164 e 170, da LEP). Prevalece o entendimento doutrinário de que a execução das demais penas é feita de oficio, sem citação e, portanto, não há que se falar, nessas hipóteses, em ação executiva, mas de prolongamento da ação penal condenatória.
A ação cautelar, em que há a antecipação provisória das prováveis conseqüências de uma decisão de ação principal em que se procura afastar o periculum in mora assegurando-se a eficácia futura desse processo, possui, como exemplos: perícia complementar – artigo 168, CPP – prisão preventiva – artigo 311, CPP.
Outra classificação empregada à ação penal leva em consideração o titular do direito de agir, tendo assim, a seguinte classificação: ação penal pública e ação penal privada. A primeira é, também, classificada em pública condicionada à representação e incondicionada. Essa classificação será tratada nas aulas seguintes. 
 
 
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA
 
·     CONCEITO 
Toda Ação Penal é pública, em princípio, pois é ela um direito subjetivo perante o Estado-Juiz. A distinção que se faz de ação pública e ação privada se estabelece em razão da legitimidade para agir: se é promovida pelo próprio Estado-Administração, por intermédio do Ministério Público, é ela ação penal pública; se a lei defere o direito de agir à vítima, é ação penal privada.
O artigo 24 do CPP, dispõe que: “Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia ao Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo”.
Na nossa legislação, aação penal pública incondicionada, promovida pelo Ministério Público distinguem-se, assim, desde que não haja manifestação da vontade da vítima ou qualquer pessoa, da ação penal pública condicionada, em que o órgão oficial depende, para a propositura, da representação da vítima ou da requisição do Ministério da Justiça, conforme dispõe a Lei. Observando-se que , em decorrência da Lei nº 8.699/93, foi acrescentado o artigo 24º. § 2º. (sem que numerasse o parágrafo único como primeiro), o qual dispões:” Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública.”
·      Titularidade
A Constituição da República atribui ao Ministério Público, com exclusividade, a propositura da Ação Penal Pública, seja ela condicionada ou incondicionada (art. 129, I, CR/88).
A Constituição prevê, todavia, o art. 5º, LIX, uma única exceção caso o Ministério Público não ofereça denúncia no prazo legal, é admitida a propositura da ação penal privada subsidiária, proposta pelo ofendido ou seu representante legal. A ressalva esta prevista no art. 29, do Código de Processo Penal e art. 100, do Código Penal.
 
·     Princípios da Ação Penal Pública Incondicionada
 
1) Obrigatoriedade
O Ministério Público não pode recursar-se dar início à ação penal.
O art. 28, do Código de Processo Penal exige que o Ministério Público exponha as razões do convencimento sempre que pedir o arquivamento dos autos do inquérito policial.
Parte da doutrina entende que este principio sofreu mitigação com a regra do art. 98, I, da Constituição da República, que possibilita a transação penal entre Ministério Público e autor do fato, nas infrações penais de menor potencial ofensivo (crimes apenados com, no máximo, dois anos de pena privativa de liberdade e contravenções penais). A possibilidade de transação apresenta previsão no art. 76, da Lei nº 9.099/95 e substitui o principio da obrigatoriedade em razão da discricionariedade que o Ministério Público apresenta (ou seja, passa a ter liberdade de dispor da ação penal, embora esta liberdade não seja absoluta)
 
2) Indisponibilidade
O Ministério Público não pode desistir da ação penal depois que já tiver oferecido. A proibição consta expressamente no art. 42, do Código de Processo Penal.
Parte da doutrina entende que este principio não vigora no caso das infrações regidas pela Lei nº 9.099/95, cujo art. 89 concede ao Ministério Público, caso preenchidos os requisitos, a possibilidade de propor ao acusado, após o oferecimento da denúncia a suspensão condicional do processo por um prazo de dois a quatro anos, cuja fluência acarretará na extinção da punibilidade (art. 89, §5º).
 
3) Oficialidade
Os órgãos da persecução penal são oficiais, isto é, públicos. 
O Estado é o titular exclusivo do direito de punir, que só se efetiva pelo devido processo legal, que possui início com a propositura da ação penal.
 
4) Autoridade
As autoridades públicas são encarregadas da persecução penal seja na fase do inquérito policial como também na fase judicial.
 
5) Oficiosidade
Os encarregados da persecução penal devem agir de ofício, independente de provocação, exceto nas hipóteses em que ação penal pública for condicionada à representação ou requisição do Ministro da Justiça (art. 100, §1º, CP; art. 24, CPP)
 
6) Indivisibilidade
Também é aplicado à ação penal privada (art. 48, CPP).
Significa que ação penal pública deve abranger todos aqueles que cometeram a infração penal.
O Ministério Público não poderá escolher, dentre os indiciados, quais serão processados.
Parte da doutrina entende que aplica-se à ação penal pública o principio da DIVISIBILIDADE, e não o da indivisibilidade, pois o Ministério Público poderia processar apenas um dos ofensores para, posteriormente, coletar mais provas e, finalmente, processar os demais.
A adoção do principio da DIVISIBILIDADE na ação penal pública, na verdade, é amplamente majoritária na jurisprudência e permite ao Ministério Público excluir alguns coautores ou partícipes da denúncia, desde que mediante prévia justificação.
 
7) Intranscendência 
A ação penal só pode ser proposta contra a pessoa a quem se imputa a prática do delito.
Há sistemas em que a indenização por dano ex delicto também faz parte da pena, devendo, por isso, ser requerida pelo órgão da acusação em face do responsável civil. Contudo, não é o sistema adotado pelo Brasil.
 
 
 
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA
·        Conceito
É aquela cujo exercício se subordina a uma condição.
Essa condição pode ser a manifestação da vontade do ofendido, do representante legal ou do Ministro da Justiça.
Mesmo nesses casos a ação penal continua sendo pública, exclusiva do Ministério Público, cuja atividade fica apenas dependendo de uma dessas condições (art. 24, CPP, art. 100, §1º, CP)
Os casos sujeitos à representação e à requisição estão expressos na lei.
·        Ação Penal Pública condicionada à representação
O Ministério Público só pode dar inicio a esta ação se a vítima ou o representante legal o autorizarem por meio da manifestação de vontade. Em virtude disse, tratam-se de crimes que afetam profundamente a esfera íntima do individuo. Inexistindo permissão da vítima, nem sequer será possível a instauração do inquérito policial (art. 5º, §4º, CR/88)
Todavia, uma vez iniciada a ação penal, o Ministério Público a assume incondicionalmente, a qual passa a observar o principio da indisponibilidade da ação penal.
 
·        Natureza Jurídica da representação
Trata-se de condição objetiva de procedibilidade. Sem a representação do ofendido ou, quando for o caso, sem a requisição do Ministro da Justiça, não se pode dar inicio à persecução penal. São requisitos especiais, exigidos por lei ao lado daqueles gerais a todas as ações para que se possa exigir a prestação jurisdicional.
O não exercício do direito de representação acarreta a extinção da punibilidade (art. 107, IV, CP)
 
·        Titular do direito de representação
Se o ofendido tiver menos de 18 anos ou for mentalmente enfermo, o direito de representação cabe exclusivamente a quem tenha qualidade para representa-lo.
Pode também ser exercido por procurador com poderes especiais (art. 39, CPP).
No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 24, §1º, CPP).
Se o ofendido for incapaz e não possuir representante legal, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, nomeará um curador especial para analisar a conveniência de oferecer representação. Esse mesmo procedimento será aplicado caso o interesse do representante colidirem com o interesse do incapaz (art. 33, CPP)
 
·        Prazo
O prazo para o exercício da representação esta previsto no art. 38, CPP. Isto é seis meses, contados do dia em que vier a saber quem é o autor do crime ou, em caso de ação penal subsidiária, do dia em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.
É prazo decadencial, por isso não se suspende nem se prorroga.
Em se tratando do menor de 18 anos ou, se maior possuidor de doença mental, o prazo não fluirá para ele enquanto não cessar a incapacidade, assim, não se pode falar em decadência de um direito que não se pode exercer. Contudo, o prazo flui para o representante legal, desde que ele saiba quem é o autor do delito.
A doutrina defende que existem dois prazos: o do representante legal, que se inicia a partir do conhecimento da autoria e do menor, que só começa correr a partir do dia que completar 18 anos.
No caso de morte ou ausência judicialmente declarada do ofendido, o prazo, caso a decadência ainda não tenha se operado, começa a correr da data em que o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão tomarem conhecimento da autoria (art. 38, parágrafo único, CPP).
Vale observar que a representação não possui forma especial.
 
·        Destinatários
Pode ser dirigida ao juiz, ao representante do Ministério Público ou à autoridade policial. Se presentes todos requisitos indispensáveis à propositurada ação penal, o Ministério Público poderá oferecer denúncia, inclusive, dispensando o inquérito policial.
 
·        Irretratabilidade
Após o oferecimento da denúncia a representação é irretratável.
A retratação só pode ser feita antes de oferecida a denúncia e pela mesma pessoa que representou.
Em pese posições contrárias na doutrina, a jurisprudência entende possível a retratação da retratação, isto é o desejo do ofendido abrir mão da retratação.
 
·        Não vinculação
A representação não obriga o Ministério Público a oferecer a denúncia, devendo este analisar se é ou não o caso de propor a ação penal, podendo concluir tanto pela instauração, arquivamento ou retorno para diligências do inquérito policial. Além do que não esta vinculado à definição jurídica do fato constante na representação.
 
·        Ação Penal Pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça
A requisição é um ato político, tendo em vista que há certos crimes em que a conveniência da persecução penal esta subordinada a essa conveniência política.
 
- Hipóteses de requisição: crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7, §3º, CP); crimes contra honra cometidos contra chefe de governo estrangeiro (art. 141, I, c/c art. 145, CP); crimes praticados contra Presidente da República (art. 141, I, c/c art. 145, CP). 
- Prazo para oferecimento da requisição: A lei é omissa. Entende-se que pode ser oferecida a qualquer tempo.
- Retratação da requisição: Não deve ser admitida.
- Vinculação da requisição: não obriga o Ministério Público a oferecer denúncia. A requisição é uma autorização política para o Ministério Público desempenhar este papel.
- Destinatário da requisição: é o Ministério Público.
AÇÃO PENAL PRIVADA
·        Conceito
É aquela em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir transfere a legitimidade para propositura da ação penal à vítima ou ao seu representante legal.
A principal distinção entre ação penal privada é pública reside justamente na legitimidade. Mesmo na ação penal privada, o Estado continua sendo o único titular do direito de punir e, portanto, da pretensão punitiva. Apenas por razões de política criminal é que ele outorga ao particular o direito de ação. Portanto, trata-se de legitimação extraordinária, ou substituição processual, pois o ofendido, ao exercer a queixa, defende um interesse alheio (do Estado) em nome próprio.
·        Titular
É o ofendido ou o seu representante legal (art. 100, §2º, CP; art. 30, CPP).
A denominação atribuída pela legislação consiste em querelante, para o ofendido e querelado, para o réu.
Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou apresentar retardo mental, e não tiver representante legal, ou seu interesse colidir com o interesse do representante legal, o direito de queixa poderá ser exercido por curado especial nomeado para o ato (art. 33, CPP).
No caso de morte do ofendido ou declaração de ausência, o direito de queixa, ou de dar prosseguimento à acusação, passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 31, CPP)
As fundações, associações e sociedades legalmente constituídas podem promover ação penal privada, devendo, entretanto, ser representadas por seus diretores ou pessoas indicadas em seu estatuto.
O Ministério Público não tem legitimidade para propositura da ação penal privada, pois a lei legitimou a própria vítima.
 
·        Princípios da Ação Penal Privada
a)   Principio da oportunidade ou conveniência
O ofendido tem faculdade de propor ou não a ação penal de acordo com sua conveniência, ao contrário da ação penal pública. Diante disso, se a autoridade policial se deparar com uma situação de flagrante delito de ação privada, ela só poderá prender o agente se houver expressa autorização do particular (art. 5º, §5º, CPP).
 
b)  Principio da disponibilidade
A decisão de prosseguir ou não até o final é do ofendido. É possível dispor do conteúdo do processo até o transito em julgado da sentença condenatória por meio do perdão ou da perempção (arts. 51 e 60, CPP).
 
c)   Principio da indivisibilidade
Esta previsto no art. 48, CPP.
O ofendido pode escolher propor ou não a ação. Não pode, todavia, optar dentre os ofensores que irá processar. Isto é, processa todos ou nenhum. 
Do contrário restará configurada a renúncia tácita, com a consequente extinção da punibilidade de todos demandados.
 
·        Prazo da ação penal privada
Esta previsto no art. 38, CPP.
Será de seis meses, contados do dia em que souberem a autoria do crime.
Há exceções a esta regra:
a)   Crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento: seis meses, contados a partir do transito em julgado da sentença que, por erro ou impedimento, anule o casamento (art. 236, parágrafo único, CP)
b)   Nos crimes de ação privada contra a propriedade imaterial: trinta dias, contados da homologação do laudo pericial (art. 529, CPP)
O prazo é decadencial, conforme art. 10, CP, computa-se o dia do começo e exclui-se o do final, não se prorroga em face do domingo, feriado ou férias.
No caso do ofendido menor de 18 anos, o prazo decadencial só se inicia no dia em que completar 18 anos e não no dia em que tomou conhecimento da autoria.
Tratando-se de ação penal privada subsidiária, o prazo será de seis meses a contar do encerramento do prazo para o Ministério Público (art. 29, CPP)
Na hipótese de crime continuado, o prazo incidirá isoladamente sobre cada crime, iniciando-se a partir do conhecimento da respectiva autoria (despreza-se a continuidade delitiva para esse fim).
No crime permanente, o prazo começa a partir do primeiro instante em que a vítima tomou conhecimento da autoria, e não a partir do momento em que cessou a permanência (não se aplica, portanto, a regra do prazo prescricional).
Nos crimes habituais inicia-se a partir do último ato.
Vale enfatizar que a instauração do inquérito policial não interrompe o prazo decadencial, por isso o ofendido deverá atentar-se ao prazo que possibilite a conclusão do inquérito e o oferecimento da queixa no prazo legal.

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