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muitas vezes resistentes aos antibióticos e com maior virulência. Os principais fatores de risco relacionados às condições locais de internação são: • Desproporção entre número de RNs internados e número de profissionais da equipe de saúde. • Número de RNs internados acima da capacidade da unidade. É importante que a equipe de cuidados ao RN fique especialmente atenta aos fatores de risco de infecção relacionados às condições do local de internação, já que eles são passíveis de serem controlados. Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 99 Prevenção da Infecção Hospitalar 5 Capítulo A área física e a disponibilidade de recursos humanos das unidades de atendimento neonatal devem seguir a legislação vigente, expressa em documento da Anvisa (<www. anvisa.gov. br/.../manual_definicao_criterios_nacionais>) e Portaria nº 930, de 10 de maio de 20127. Área física necessária entre os berços: • UTI: 7,4 a 9m2. • Intermediário: 2,8 a 4,6m2. Com relação aos recursos humanos, além da necessidade de se manter proporção adequa- da entre os membros da equipe e o número de crianças assistidas, é muito importante o treinamento dos profissionais. É fundamental ter uma equipe de enfermagem, fisioterapeu- tas e médicos treinados para a realização de todos os procedimentos invasivos utilizando técnica adequada. Profissionais de enfermagem necessários: • UCI – um técnico de enfermagem para cinco leitos ou fração - um enfermeiro para 15 leitos ou fração • UTI Tipo II – um técnico de enfermagem para cada dois leitos, em cada turno - um enfermeiro para cada dez leitos ou fração, em cada turno • UTI Tipo III – um técnico de enfermagem para cada dois leitos, em cada turno - um enfermeiro para cada cinco leitos ou fração • Alojamento Conjunto – um técnico de enfermagem para 6 a 8 binômios mãe e RN - um enfermeiro para 30 leitos ou fração A saúde ocupacional dos profissionais que atuam na unidade neonatal é outro ponto que deve ser enfatizado. Deve-se prestar especial atenção a lesões de pele, especialmente nas mãos, e a quadros infecciosos agudos, principalmente infecções de vias aéreas superiores, conjuntivite e diarreia. Profissionais com essas doenças podem tornar-se fontes de trans- missão de infecção aos RNs, devendo ser tratados e afastados temporariamente do trabalho em algumas situações. É recomendada a vacinação de todos os membros da equipe para todas as doenças imunopreviníveis.1 5.3 Infecções precoce e tardia Existe divergência entre os diferentes serviços e pesquisadores com relação à classificação das infecções em precoces e tardias. Alguns consideram infecção precoce aquela cujas manifestações clínicas ocorrem até 48 horas, e outros até 72 horas. Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 100 Ministério da saúde Neste capítulo, será considerada como precoce a infecção que ocorrer em até 48 horas após o nascimento, de acordo com as diretrizes da Anvisa de 2008.6 As infecções precoces geralmente são decorrentes da contaminação do RN por bactérias do canal de parto, ou secundárias a bacteremias maternas. Os exemplos mais clássicos são infecções por Streptococcus agalactiae, Listeria monocitogenes e Escherichia coli. Essas infec- ções são abordadas no capítulo 14 – volume 2 desta obra. As infecções tardias, com aparecimento após 48 horas de vida, geralmente são decorrentes da contaminação do RN por micro-organismos da microbiota própria de cada serviço. Em países da América do Sul, incluindo o Brasil, bactérias Gram-negativas e Staphylococcus aureus ainda são os principais agentes de infecção em grande parte dos hospitais.3,4,5 No en- tanto, em alguns hospitais brasileiros, a microbiota vem se tornando semelhante a de países desenvolvidos, onde o estafilococo coagulase-negativa é o principal agente de infecção nas UTIs neonatais e os fungos vêm assumindo importância cada vez maior. É importante que cada serviço tenha conhecimento da microbiota e perfil de resistência identificado nos episódios de infecção relacionados à assistência. O Quadro 7 lista os micro-organismos mais prováveis de acordo com o momento de manifestação da infecção. Quadro 7 – Principais agentes infecciosos de acordo com o início das manifestações clínicas Infecções precoces (≤48h) Bactérias do canal de parto Bacteremias maternas Streptococcus agalactiae Listeria monocitogenes Escherichia coli Infecções tardias (>48h) Micro-organismos hospitalares Bactérias Gram-negativas Staphylococcus aureus Estafilococo coagulase-negativa Fungos Fonte: MS/SAS. O Ministério da Saúde recomenda a utilização dos Critérios Nacionais de Infecções Relacio- nadas à Assistência a Saúde (Iras) em Neonatologia – Anvisa, com o objetivo de acompa- nhar os indicadores de Iras em Neo, visando ao estabelecimento de políticas nacionais de prevenção e controle. O Ministério da Saúde recomenda a utilização dos Critérios Nacionais de Iras em Neonatologia publicados pela Anvisa. Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 101 Prevenção da Infecção Hospitalar 5 Capítulo 5.4 Diagnóstico As IHs em RN são mais comuns nas UTIs, podendo ocorrer também em unidades de cuida- dos intermediários e em alojamento conjunto. Podem acontecer em qualquer topografia. A sepse tardia é a infecção mais comum e problemática nos RNs de alto risco. Tem como principal agente etiológico o estafilococo coagulase-negativa e está intimamente associada ao uso de dispositivo vascular central. Qualquer estratégia de prevenção de IH em UTI deve conter medidas específicas de prevenção de sepse primária associada a cateter vascular central.8 O diagnóstico das infecções no RN muitas vezes é difícil, uma vez que as manifestações clínicas são inespecíficas e podem ser confundidas com outras doenças próprias dessa faixa etária. As infecções podem manifestar-se por um ou mais dos seguintes sinais: deterioriza- ção do estado geral, hipotermia ou hipertermia, hiperglicemia, apneia, resíduo alimentar, insuficiência respiratória, choque e sangramento. Dessa forma, o médico deve dispor, além da avaliação clínica, de exames laboratoriais, in- cluindo hemograma completo com plaquetas, proteína C reativa (PCR) quantitativa e cul- turas, em especial a hemoculturas, para nortear melhor o diagnóstico e a conduta.9 O diagnóstico e a conduta frente às infecções são discutidos com mais detalhes no capítulo 14 – volume 2 desta obra. 5.5 Prevenção As recomendações que se seguem têm por objetivo reduzir ao mínimo a incidência de infecções nas unidades neonatais.1 5.5.1 Medidas gerais educativas e restritivas A entrada de profissionais, pais e familiares na unidade de internação neonatal deve ser triada. Deve-se observar a presença ou o risco de doenças infectocontagiosas. Pessoas com infecções respiratórias, cutâneas ou diarreia não devem ter contato direto com o RN e, preferencialmente, não devem entrar nas unidades neonatais na fase aguda da doença. Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 102 Ministério da saúde Ao entrar na unidade, as pessoas devem tomar os seguintes cuidados: • Ter as unhas aparadas. • Prender os cabelos, quando longos. • Retirar pulseiras, anéis, aliança e relógio. • Após esses cuidados, realizar higienização das mãos. 5.5.1.1 Higienização das mãos A lavagem das mãos é a medida preventiva mais importante contra infecção. 5.5.1.1.1 Higienização com água e sabão A lavagem das mãos visa à remoção da flora transitória, das células descamativas, do suor, da oleosidade da pele e, ainda, quando associada ao uso de antisséptico, promove a dimi- nuição da flora bacteriana residente. Deve-se lavar as mãos: • Sempre que entrar ou sair da unidade de internação. • Quando as mãos estiverem sujas. • Antes