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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Curso Engenharia de Produção Disciplina Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho Tema A Influência das Variáveis Ambientais no Trabalho Humano Professora Silvana Bastos Stumm Introdução Neste encontro, vamos mostrar de que forma as variáveis ambientais que tanto falamos influenciam no trabalho, você verá técnicas usadas para que possamos medir essas variáveis e, para concluir, conhecerá os instrumentos utilizados para medição e de que forma são empregados. Para saber um pouco mais, assista ao vídeo em que a professora Silvana comenta o que vamos aprender no seu material virtual. Problematização Você, profissional da segurança e qualidade de vida no trabalho, precisa avaliar um grupo de trabalhadores que atua em trechos de rodovias. No total, são seis operadores e um encarregado distribuídos da seguinte forma: dois operam tratores sem cabina; dois fazem roçada (cortam o mato) e dois fazem a sinalização para os motoristas que trafegam pela rodovia, sendo um em cada ponta e em lados opostos, tendo o trecho em manutenção entre eles. Para você entender melhor, um fica na pista da direita, sinalizando para os carros que vêm nesse sentido e o outro fica na pista da esquerda, sinalizando para os veículos que trafegam na direção em que estão. O encarregado faz o transporte, cuida do veículo de transporte e presta algum auxílio aos operários em casos de necessidade. Os dias são extremamente quentes, o local oferece pouca sombra, nem todos usam boné e capacete, não há protetor solar e repelente, o trabalho inicia às 8:00h e encerra às 17:30h com uma hora de almoço. Os indivíduos suam bastante durante o dia e, em uma semana de calor intenso, três desmaiaram e o trabalho precisou ser interrompido. O CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 descanso ocorria no mesmo local em que trabalhavam. Esse episódio preocupou a empresa responsável pelos serviços, então, o diretor solicitou uma avaliação das temperaturas para saber as condições de trabalho dos empregados e pediu que você desse as possíveis soluções para que ele tomasse providências o mais rápido possível. Como você realizou a avalição, que norma seguiu? Como chegou à solução? Não responda agora, vamos estudar nosso material e ao final voltaremos a este caso. A Influência das Variáveis Ambientais no Trabalho Humano Toda e qualquer intervenção de ruído, luz, temperatura entre outras variáveis, atuam no organismo humano de forma positiva ou negativa. Mas de que forma isso afeta o trabalho? Basta você se imaginar em uma câmara frigorífica com temperatura entre - 5⁰ C e - 30⁰ C. Já congelou? Essa é apenas uma situação, pois ainda existem várias. O trabalhador pode estar em um ambiente onde há altas temperaturas, excesso de ruído e iluminação deficiente, tudo ao mesmo tempo. A saúde é afetada, o bem-estar emocional e físico também e, consequentemente, o convívio familiar. Quer compreender melhor sobre esses fatores? Então, assista ao vídeo da professora Silvana no seu material on-line, ela comentará quais são essas influências. Vejamos, então, o que ocorre quando o organismo está sujeito a determinadas situações. Vamos iniciar pela iluminação, que é um risco ergonômico. Os maiores efeitos são os fisiológicos. Segundo Ilda (2005), o nível de iluminação interfere diretamente no mecanismo fisiológico da visão, como falamos e na musculatura dos olhos, mais especificamente na que comanda o movimento dos olhos. São musculaturas internas e externas que provocam, respectivamente, alterações na forma do cristalino e movimentos dos globos oculares. A iluminação deve ser projetada de forma tal a não causar ofuscamento na visão do trabalhador. Outro aspecto que pode causar desconforto é CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 originado pela luz da lâmpada fluorescente. Por ser intermitente, torna-se, muitas vezes, incômoda a indivíduos mais sensíveis podendo usar-se, então, lâmpadas eletrônicas com frequências mais elevadas de oscilação (IIDA, 2005). As cores, respostas subjetivas a um estímulo luminoso, apresentam características psicológicas e simbólicas influenciando o estado emocional, a produtividade e a qualidade do trabalho. As cores podem deixá-lo triste, alegre, calmo, irritado. As cores vermelha, laranja e amarela significam calor, em contrapartida verde, azul, verde-azul traduzem frio. As cores avermelhadas remetem à alegria e à satisfação, o preto, como cor única é triste e melancólico (IIDA, 2005). E as temperaturas? Quando referimo-nos a essa variável, temperatura, temos duas possíveis situações: calor e frio. O trabalhador sob temperaturas elevadas está sujeito ao aumento da circulação periférica para dissipar mais o calor interno do organismo, acarretando grande esforço do sistema cardiovascular. Há produção de suor e sua evaporação é fundamental para ser equilibrada a economia calórica durante esse processo (KRUGER, 2007). Mas há também perda de sal junto com o suor, gerando alteração na composição salina dos tecidos enquanto a quantidade de sal no sangue permanece constante. Quando se está sujeito a temperaturas mais baixas, nosso organismo aumenta a produção de calor utilizando nosso metabolismo. Tarefas executadas em ambientes como câmaras frigoríficas, a permanência do trabalhador em seu interior deve ser curta, além do uso das vestimentas especificadas em norma. Veja o que acontece em temperaturas abaixo de 15o C: diminui a concentração; reduz a capacidade de raciocinar; reduz a capacidade motora; os movimentos tornam-se lentos e a sensibilidade tátil diminui. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Saiba Mais: leia o artigo a seguir em que mostra um estudo de caso em uma empresa frigorífica. http://www.fumec.br/revistas/pretexto/article/view/456/451 Vamos ao ruído! Lembram que a surdez ocasionada por ruído é uma doença irreversível? Estamos aqui nos referindo ao ambiente de trabalho e suas consequências na saúde, mas além da surdez profissional, chamada de efeito auditivo, há os efeitos não auditivos que causam, entre outros problemas, dores de cabeça, dificuldade de sono, irritação, zumbido no ouvido. São dois os efeitos auditivos: a surdez profissional e a temporária. Os efeitos imediatos do ruído são leves, mas um dos mais graves, a surdez, aparece com o tempo e, ainda, pode trazer desequilíbrios psíquicos e doenças físicas degenerativas (SOUZA, 1992). Vamos aprender um pouco mais sobre a surdez? Então, veja o vídeo disponibilizado no material on-line em que a professora Silvana explica melhor. Surdez temporária não é surdez reversível. Ocorre devido à fadiga auditiva depois de uma exposição por longo período a altos níveis de ruído, mas se recupera após o descanso (BREVIGLIERO, POSSEBON e SPINELLI, 2006). Como efeitos não auditivos são aqueles que afetam o ser humano fisiológica e psicologicamente. Há outros, além dos citados anteriormente, como alteração do humor, doenças do coração, hipertensão etc. Todas geradas pelo ruído excessivo e que causam danos eternos na vida do trabalhador. Temos ainda a vibração. Vamos mostrar algumas reações que ocorrem no organismo devido à exposição a vibrações de corpo inteiro e localizadas. O trabalhador exposto diariamente à vibração de corpo inteiro acarretará danos físicos permanentes ou distúrbios no sistema nervoso como danos à coluna vertebral, ao sistema circulatório, ao sistema urológico e ao sistema nervoso central (SNC) (SOEIRO, 2011). CCDD –Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Fadiga, insônia, tremores e dores de cabeça são consequências corriqueiras que, depois de um descanso, desaparecem. Mas os efeitos podem ser mais graves se a exposição for contínua causando problemas na região dorsal e lombar, no aparelho digestivo e intestino, no sistema reprodutivo, na visão e degeneração da coluna vertebral (SOEIRO, 2011). As vibrações localizadas podem provocar a Síndrome de Vibração de Mãos e Braços, conhecida por HAVS (Hand and Arm Vibration Syndrome) e a Síndrome do Canal Cárpico (BREVIGLIERO, POSSEBON E SPINELLI, 2011). A HAVS afeta nervos, vasos sanguíneos, músculos e articulações da mão, pulso e braço, incluindo, ainda, a Síndrome dos Dedos Brancos (quando as artérias digitais se fecham). Saiba Mais: neste outro artigo, você poderá conhecer melhor sobre a Síndrome do Túnel do Carpo (STC). Ficou curioso para saber o que é? Então, clique no link e aproveite! http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/61877/000670269.pdf?sequen ce=1 Métodos e Técnicas das Medidas de Variáveis Ambientais Utilizadas nos Estudos Ergonômicos Agora, trataremos de métodos e técnicas de medidas do que falamos até aqui. Para manter-se motivado, na continuação do nosso assunto, vamos ensiná-lo a fazer medições. Mas antes, acompanhe o vídeo no seu material on- line em que a professora Silvana comentará sobre o planejamento. Algumas medidas devem ser tomadas para limitar a exposição do trabalhador, a fim de reduzir ou eliminar os efeitos ambientais nocivos à situação de trabalho. Se você adotar essas instruções estará prevenindo diversos problemas, então: elabore um planejamento antecipado focando na prevenção dos riscos; a minimização dos riscos começa na fonte, em segundo lugar no trajeto e por último no trabalhador; reduza o tempo de exposição, siga as normas regulamentadoras e exija e fiscalize o uso dos equipamentos de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 proteção individual. A norma regulamentadora NR 15 – Atividades e Operações Insalubres que você pode consultar em http://portal.mte.gov.br/legislacao/norma- regulamentadora-n-15-1.htm, aborda as questões de trabalhos em ambientes com altos ruídos, temperaturas, radiações e outros agentes. Não custa relembrar que o Ministério do Trabalho e Emprego mantém as normas sempre atualizadas. Alguns anexos da NR 15 estavam em consulta pública de janeiro a abril deste ano, aproximadamente, mas as alterações ainda não foram divulgadas. Quando isso ocorre, o Ministério atualiza a norma e divulga em sua página na internet. Algumas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) são igualmente importantes. A NBR 10152 estabelece os níveis de ruído, a NBR 5413 define os níveis mínimos de iluminação no ambiente de trabalho. Essas normas estão sempre registradas no Instituto Nacional de Qualidade, Metrologia e Tecnologia (INMETRO). Saiba mais sobre acessando o site do INMETRO: http://www.inmetro.gov.br/index.asp. A própria NR 17 aborda que o índice de temperatura efetiva deve ser entre 20o C e 23o C; a velocidade do ar não deve ser superior a 0,75 m/s e a umidade relativa do ar não deve ser abaixo de 40%. Sempre nas medições deve-se tomar o cuidado em avaliar o nível de ruído próximo à zona auditiva do trabalhador, em seu posto de trabalho. As outras variáveis ambientais medem-se na altura do tórax, também no posto em que exerce sua atividade. São dois os tipos de ruído que precisam ser avaliados: contínuo ou intermitente e impulsivo ou de impacto. O primeiro é definido pela NR 15 (2011) como o ruído que não é de impacto e pela Norma de Higiene Ocupacional (NHO 01) da Fundacentro como todo e qualquer ruído que não se classifica como impulsivo ou de impacto. O ruído de impacto, conforme a NHO 01 (2001) e a NR 15 (2011) é aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a um segundo, a intervalos superiores a um segundo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Saiba Mais: acesse o site a seguir e baixe a NHO 01 - Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído para você poder consultar esse procedimento. http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/normas-de-higiene- ocupacional/publicacao/detalhe/2012/9/nho-01-procedimento-tecnico- avaliacao-da-exposicao-ocupacional-ao-ruido Como medir esses ruídos? As normas que mencionamos, a NR 15 e a NHO 01, são as utilizadas. A NR 15, Anexo 1 para ruído, é a regulamentação utilizada em âmbito nacional, mas para o Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho (LTCAT) e para o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), usa-se a NHO 01, que é exigência do Ministério da Previdência Social para cumprimento da legislação pertinente ao INSS. Você compreendeu o que são Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho (LTCAT) e Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP)? Então, para saber mais, assista à videoaula da professora Silvana que está disponível no seu material on-line, ela explicará melhor sobre isso. O LTCAT é um laudo, como o próprio nome diz, elaborado somente por Engenheiro de Segurança do Trabalho ou Médico do Trabalho documentando os agentes de risco aos quais o trabalhador está exposto. Saiba Mais: acesse o endereço indicado para complementar sua leitura e facilitar o entendimento sobre esse laudo. http://www.grupomednet.com.br/medicina-trabalho/ppra-pcmso-ltcat-aso- ppp/ltcat.html Saiba Mais: O PPP é um formulário do INSS, preenchido com informações referentes às suas atividades profissionais. Consulte o site que você compreenderá melhor. http://www.previdencia.gov.br/informaes-2/perfil-profissiogrfico-previdencirio- ppp/ CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Tanto a NR 15 quanto a NHO 01 tem tabelas com o tempo de exposição. A NR 15 permite um limite um pouco maior em relação à NHO 01, ou seja, a NHO 01 protege o trabalhador um pouco mais. Isso se torna fácil de perceber à medida que o nível de pressão sonora aumenta, o tempo de exposição diminui, confira: Tabela 1- Comparação dos tempos de exposição NR 15 e NHO 01 NÍVEL DE RUÍDO dB(A) MÁX. EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL (NR 15) NÍVEL DE RUÍDO dB(A) MÁX. EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL (MINUTOS) NHO 01 _______ ____________ 80 1.523,90 _______ ___________ 81 1209,52 _______ ____________ 82 960,00 _______ ___________ 83 761,95 _______ ___________ 84 604,76 85 8 horas 85 480,00 (8 horas) 86 7 horas 86 380,97 87 6 horas 87 302,38 88 5 horas 88 240,00 (4 horas) 89 4 horas e 30 minutos 89 190,48 90 4 horas 90 151,19 91 3 horas e 30 minutos 91 120,00 92 3 horas 92 95,24 93 2 horas e 40 minutos 93 75,59 Fonte: Adaptado de STUMM, 2006. A diferença é notada quanto ao que chamamos de incremento de dose, a partir de 90 dB(A) para NR 15 e 88 dB(A) para NHO 01. As duas normas permitem exposição máxima diária de 8 horas a um nível de 85 dB(A), que chamamos de limite de tolerância. Esse valor é o limite de exposição ocupacional diária tanto para NR 15 quanto para NHO 01. Agora, se você olhar, verá que para 90 dB(A) na NR 15, o tempo de exposição máximo permitido é de 4 horas, isto é, para incremento de dose "q" igual a 5 o tempo diminui à metade. Para você melhor entender, dose é o parâmetro utilizado para caracterizar a exposição ocupacional ao ruído, expresso em porcentagem que tem por referência o valor máximo da energia sonora diária admitida, definida CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 com baseem parâmetros pré-estabelecidos (FUNDACENTRO, 2001). Agora, você entenderá qual é a diferença entre a NR15 e a NHO 01, qual protege mais e ainda verá algumas considerações sobre. Assista ao vídeo no material on-line e acompanhe o que a professora Silvana tem a nos ensinar. Exemplificando, na tabela, somando-se 5 a 85 dB(A), obtém-se 90 dB(A) e percebe-se que o tempo passa de 8 para 4 horas de exposição. Na NHO 01, adicionando-se a 85 dB(A) o incremento de dose "q" igual a 3 obtém-se 88 dB(A), ou seja, o tempo permissível diminui à metade nesse nível, de 8 passa a ser de 4 horas. Por esse motivo, a NHO 01 protege mais o trabalhador em relação à NR 15, preservando sua saúde (STUMM, 2006). A NHO 01 usa critérios mais rigorosos e parâmetros internacionais, mas o Brasil segue o estabelecido na NR 15. Para realizar as medições, fazemos uso de instrumentos específicos que veremos ainda nesta aula. Dependendo, se a avaliação será de ruído contínuo ou de impacto, temos procedimentos próprios a serem seguidos, especialmente ajustes de frequência e das curvas de ponderação. Essas curvas foram desenvolvidas para simular a forma como o ouvido humano reage às diversas frequências. Usamos a curva (A) para ruídos contínuos e curva (C) para ruídos de impacto. Independentemente de você utilizar um software para obter os resultados ou fazer cálculos manuais, irá precisar de um aparelho para medir os níveis de pressão sonora. Nosso ouvido é extremamente sensível em detectar as pressões sonoras, portanto, os resultados são na escala logarítmica decibel (dB) e é dessa forma que fazemos as leituras nos medidores. Já que falamos em ruído, vamos falar em vibrações que também seguem a NR 15, mas no Anexo 8. A própria NR estabelece que para caracterizar-se a insalubridade devem ser usadas as normas da Organização Internacional de Padronização (ISO), a ISO 2631 e a ISO/DIS 5349 ou suas substitutas, porque na legislação brasileira desde 1983 as vibrações não são CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 mais consideradas qualitativamente. Os limites de exposição para vibração de corpo inteiro encontram-se na ISO 2631/1985. Tais limites são representados por tempos máximos diários de exposição, em função dos valores medidos da aceleração em cada eixo de medição e da frequência da vibração (SESI, 2007). Com os resultados, averiguamos se a exposição é prejudicial ou não a saúde. Para vibração localizada, seguem-se as determinações da ISO 5349/1986. Por meio de um critério chamado de guia, relacionam-se aceleração ponderada da vibração e tempo diário de exposição. Mas é importante você saber que quem define os limites de exposição segura são os países-membros da ISO (SESI, 2007). Para você compreender melhor sobre esse assunto, veja a videoaula da professora Silvana no seu material on-line, ela explicará sobre a vibração e o calor no local de trabalho. A avaliação se faz, incialmente, definindo um Grupo Homogêneo de Exposição (GHE). Na sequência, verifica-se a atividade que está sendo avaliada, o ciclo de trabalho e o tempo de exposição e faz-se a medição. O aparelho para esse procedimento veremos em breve. Vamos avançar mais um pouco e falar sobre as temperaturas. Ainda a NR 15, mas agora anexo 3, para calor e anexo 9 para frio. Usamos, ainda, a NHO-06 da Fundacentro que determina os procedimentos técnicos para avaliação da exposição ocupacional ao calor. Saiba Mais: dê uma olhada no site da Fundacentro (www.fundacentro.gov.br) e pesquise as normas de higiene ocupacional. Para avaliação do calor, segundo Brevigliero, Possebon e Spinelli (2006) levamos em conta a temperatura e velocidade do ar, a umidade relativa do ar, o calor radiante e o tipo de atividade que o trabalhador executa. Exceto o calor produzido pelo homem, todos os fatores são medidos por equipamentos apropriados. Para o calor em função da atividade usam-se tabelas e gráficos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Conforme a NR 15 (2011), para a avaliação do calor, fazemos uso do Índice de Bulbo Úmido – Termômetro de Globo (IBUTG), que um é índice de sobrecarga térmica. Consideramos, ainda, na avaliação, se o trabalho e o descanso acontecem no mesmo local ou se o trabalho e o descanso são em locais diferentes. Logo você entenderá tudo melhor, não deixe a complexidade deste assunto desmotivá-lo, certo? Vamos, então, partir para o assunto seguinte apresentando a você a instrumentação para ser possível realizar as avaliações. Instrumentação e Protocolos de Medição para Avaliação do Conforto Sonoro, Lumínico e Térmico Você conhece os equipamentos de medição para avaliação dos problemas que podem aparecer no local de trabalho? Assista ao vídeo da professora Silvana na material on-line e entenda um pouco mais sobre esses instrumentos. Para falarmos dos instrumentos e dos protocolos para se proceder as avaliações, vamos abordar, primeiramente, sobre o ruído. É importante você saber os objetivos que pretende alcançar ao fazer as medições. É uma avaliação ocupacional? Apenas a caracterização da insalubridade? É para fins de aposentadoria especial, ou será conforto? Uma reclamação de perturbação do sossego público? O que você, especificamente, precisa saber e qual a finalidade? Vamos pensar em avaliação ocupacional e trabalhar com a NR 15. A norma determina que o medidor ou decibelímetro esteja na curva “A” se sua intenção for ruído contínuo ou intermitente e na curva “C” se for de impacto. Durante os intervalos entre os picos de ruído de impacto, você considera o ruído existente como sendo contínuo ou intermitente. Para cada tipo de medição existe um instrumento específico a ser utilizado. Com um medidor de pressão sonora você irá avaliar os níveis de ruído contínuo ou intermitente. Colocamos o aparelho no circuito de compensação CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 “A” e circuito de resposta lenta, conhecido como slow. Se como resultado da medição você obtiver um valor intermediário, ou seja, entre dois valores da tabela do Anexo 1, deverá adotar o valor da máxima exposição diária permissível relativo ao nível imediatamente mais alto. Igualmente para ruído de impacto. Encontrando um nível de ruído intermediário, deve-se considerar a máxima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente superior. Medidor de pressão sonora Fonte: http://www.acusmetric.pt Há também o dosímetro que é um medidor integrador de uso pessoal que fornece a dose da exposição ocupacional de ruído (FUNDACENTRO, 2001). Nesta avaliação, você irá utilizar a NHO 01 da Fundacentro, seguindo as recomendações descritas na norma. A norma da Fundacentro recomenda a ANSI SI. 25-1991 ou as revisões posteriores. A imagem abaixo ilustra um dosímetro. Esse equipamento é preso na lapela da roupa do trabalhador. Dosímetro de ruído Bruel & Kjaer Fonte: http://www.nvms.com.au Um fator a ser considerado a cada avaliação feita é a ação que vamos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 ter para solucionar o problema. A providência inicial é na fonte, sempre que for tecnicamente viável, depois na trajetória e por último no trabalhador. Alguns exemplos de medidas na fonte podem ser citados: substituir o equipamento atual por um mais silencioso, balancear e equilibrar as partes móveis, reduzir impactos, aplicar materiais que reduzam as vibrações, regular motores e vários outros. Se nada disso for possível, parte-se para o controle na trajetória. Um exemplo seria instalar materiais porosos que absorvem melhoro som. E, por último, adotar medidas que protejam o trabalhador como limitar o tempo de exposição, fornecer protetores auriculares. Vamos falar rapidamente das vibrações. Na vibração interessa-nos o deslocamento, a velocidade e a aceleração. O aparelho que mede as vibrações, de corpo inteiro ou localizada chama-se acelerômetro. Esse instrumento transforma o movimento oscilatório da vibração em sinal elétrico (SESI, 2007). Saiba Mais: assista ao vídeo a seguir e veja como é feita a medição e avaliação de vibração ocupacional. https://www.youtube.com/watch?v=Gk2QvTCu01E Nesta figura você pode ver como é um acelerômetro. Acelerômetros Bruel & Kajer Fonte: http://www.bksv.com Tendo feito um breve comentário sobre avaliação das vibrações, vamos avaliar a iluminação, sempre pensando em nossas medições no conforto, lembre-se disso. O aparelho usado para avaliação é o luxímetro. Ele possui CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 uma fotocélula que deve estar corrigida, segundo a NR 17 (2007), para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de incidência. Quando você faz essa avaliação, a luz incide diretamente na fotocélula e o luxímetro realiza a leitura, fornecendo o nível de iluminação. Luxímetro digital Fonte: www.medicao.instrutemp.com.br Todo e qualquer equipamento de medição deve ser calibrado conforme determinado pelo fabricante, a fotocélula deve ser exposta à luz de 5 a 15 minutos a fim de estabilizar o aparelho antes do uso efetivo, o plano de trabalho é o horizontal, não deve haver sombras sobre a fotocélula e as leituras devem ser realizadas na pior situação. Quando a medição é realizada de acordo com a NBR 5413, consideram- se os fatores idade, velocidade e precisão, e refletância. Para compreender mais sobre a avaliação da iluminação, vamos assistir à videoaula da professora Silva, disponibilizado no material on-line, ela comentará sobre o conforto térmico e lumínico no ambiente de trabalho. Resta-nos, agora, avaliar o conforto térmico. Os instrumentos usados são o termômetro de bulbo seco, o termômetro de bulbo úmido natural e o termômetro de globo, mas vamos relembrar os cinco fatores que influenciam a leitura: a temperatura do ar, a umidade relativa do ar, a velocidade do ar, o calor radiante e o tipo de atividade exercida pelo trabalhador. Agora veja o quadro a seguir. Quadro 1: Princípio de funcionamento dos principais instrumentos (sensores) e parâmetros que afetam sua leitura. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Fonte: SESI, 2007 Temos ainda a avaliação do calor humano em função da atividade desempenhada, calculada por duas fórmulas, conforme o Anexo 3 da NR 15. Ambientes internos ou externos sem carga solar: IBUTG = 0,7tbn + 0,3tg Ambientes externos com carga solar: IBUTG = 0,7tbn + 0,1tbs + 0,2tg tbn = temperatura de bulbo úmido natural tg = temperatura de globo tbs = temperatura de bulbo seco Considerando o IBUTG quando trabalho e descanso são no mesmo local, usamos o Quadro 1 do Anexo 3 (NR 15), quando trabalho e descanso são em locais diferentes, usamos o Quadro 2 do Anexo 3 (NR 15). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Saiba Mais: Como você tem acesso à norma pelo endereço do Ministério do Trabalho, não vamos transcrever os quadros aqui. Deixamos para você pesquisar! http://portal.mte.gov.br/legislacao/norma-regulamentadora-n-15-1.htm Antes de você usar o Quadro I, lembre-se de calcular o IBUTG pelas fórmulas anteriormente fornecidas, em função do ambiente e da carga solar. Figura 5: Termômetros (bulbo seco, bulbo úmido, de globo) Fonte: http://www.servitenge.com.br/equipamentos-avaliacao-ambiental.php Para avaliação das temperaturas frias, usa-se o Anexo 9 da NR 15 e, por ser muito resumido, usamos também a NR 29, voltada para trabalhos em locais frigorificados. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Revendo a Problematização Lembra-se do problema apresentado no início do tema? Caso não se recorde, assista novamente ao vídeo no material virtual e escolha a melhor alternativa a seguir. a. A norma a ser usada é a NR 15, Anexo 3. Como o descanso e o trabalho são no mesmo local, de antemão você já sabe que utilizará o Quadro 1. O primeiro passo é calcular o IBUTG pela fórmula de “ambientes externos com carga solar” (IBUTG = 0,7tbn + 0,1tbs + 0,2tg) para saber se a atividade dos trabalhadores é leve, moderada ou pesada de acordo com o Quadro 3. Uma vez encontrado os valores, é possível saber quanto tempo devem trabalhar e quanto tempo devem pausar. Providenciar um local de descanso coberto, protetor solar e repelente, explicar a importância de tomar água para não haver desidratação e fornecer boa alimentação. As vestimentas também devem ser adequadas. b. Antes de tudo, você irá até o local para observar a forma de trabalho, os equipamentos usados, as condições que o local oferece, conversar com trabalhadores (saber se usam os EPIs corretos, alimentação e água, higiene). Em seguida, fará o mesmo procedimento adotado na primeira solução (letra “a”). c. Como esse tipo de trabalho é realizado frequentemente, você sugere, além do já exposto nas questões “a” e “b”, a instalação de um banheiro químico para conforto e higiene dos trabalhadores. Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Síntese Neste tema, estudamos sobre a influência das variáveis ambientais no trabalho. Vimos quais são os métodos e técnicas das medidas de variáveis ambientais utilizadas nos estudos ergonômicos e medidas de fatores ambientais, qual a instrumentação utilizada para se medir e avaliar o conforto sonoro, lumínico e térmico de um local de trabalho. Veja o vídeo da síntese no seu material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Referências ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5413: 1992 – Iluminância de Interiores. Disponível em: <http://www.labcon.ufsc.br/anexos/13.pdf>. Acesso em 29 Jun. 2014. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Níveis de ruído para conforto acústico. NBR 10.152: 1992 BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José e SPINELLI, Robson. Higiene ocupacional: agentes biológicos, químicos e físicos. São Paulo, 6 ed., Editora Senac, 2006. IIDA, I. Ergonomia. Projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. KRUGER, José Adelino. Ergonomia e segurança do trabalho. Apostila para curso de pós-graduação em gestão da produção. Faculdade de Tecnologia SENAI de desenvolvimento gerencial. FATESG. Goiânia, 2007. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Norma de Higiene Ocupacional, NHO 01, Procedimento Técnico: Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído. FUNDACENTRO, 2001. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho. NR 17 – Ergonomia. Disponível em: <http://www.mtb.gov.br> Acesso em: 20 Jun. 2014. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho. NR 15 – Atividade e Operações Insalubres. Disponível em: <http://www.mtb.gov.br> Acesso em: 29 Jun. 2014. SALIBA, T. M. Manual Prático de Higiene Ocupacional e PPRA. Avaliação e Controle de Riscos Ambientais. 3ª Edição. São Paulo: LTR, 2011. SESI. Serviço Social da Indústria. Departamento Nacional. Técnicas de avaliação de agentes ambientais: Manual SESI. Brasília: SESI/DN, 2007. Disponível em: <http://www.cpn-nr18.com.br/uploads/documentos-gerais/tcnicas_de_avaliao_de_agentes_ambientais_.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2014. SOEIRO, N. S. Vibrações e o corpo humano: uma avaliação ocupacional. 1º Workshop de vibração e acústica da Região Norte. 03 a 05/08/2011. Tucuruí/PA, SOBRAC. SOUZA, F. P. A poluição sonora ataca traiçoeiramente o corpo. In: Associação CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Mineira de Defesa do Meio Ambiente (AMDA), Apostila: Meio Ambiente em Diversos Enfoques, Projeto Jambreiro. AMDA, Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Secretaria Municipal da Educação, BH, p. 24-26, 1992. STUMM, S. B. A influência do arranjo físico nos níveis de ruído em canteiros de obras: Um estudo de caso na cidade de Curitiba – Paraná. Dissertação de Mestrado. Programa de pós-graduação em construção civil. Universidade Federal do Paraná. 2006. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Atividades O trabalho em temperaturas elevadas é desgastante para o homem. Os 1. efeitos na saúde são diversos como a sobrecarga no sistema cardiovascular. Mas, além disso, produz-se muito suor e ocorre a evaporação para equilibrar a economia calórica. Nesse processo, há um elemento importante que o organismo também perde, qual é esse elemento? Assinale a alternativa correta. a. Açúcar. b. Líquidos internos. c. Sangue. d. Sal. Surdez temporária e surdez profissional são dois efeitos auditivos 2. decorrentes do ruído acima do permitido pela NR 15 e/ou NHO 01. A surdez temporária tem uma característica própria e não significa que seja reversível. Mas a que se deve o fato de sua ocorrência? Marque a alternativa correta. a. Ocorre devido à fadiga auditiva depois de uma exposição por curto período a altos níveis de ruído, e não se recupera após o descanso. b. Ocorre devido à fadiga auditiva depois de uma exposição por longo período a altos níveis de ruído, e não se recupera após o descanso. c. Ocorre devido à fadiga auditiva depois de uma exposição por longo período a altos níveis de ruído, mas se recupera após o descanso. d. Ocorre devido à fadiga auditiva depois de uma exposição por curto período a altos níveis de ruído, mas se recupera após o descanso. Você viu, segundo a NR 15 e a NHO 01, que o ruído pode ser contínuo 3. (ou intermitente) e de impacto. O ruído contínuo é todo e qualquer ruído que não é de impacto. Qual a definição de ruído de impacto? Assinale a alternativa correta que traz essa informação. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 a. É aquele que apresenta picos de energia acústica de duração superior a 1 segundo e a intervalos superiores a 1 segundo. b. É aquele que apresenta picos de energia acústica de duração superior a 1 segundo e a intervalos inferiores a 1 segundo. c. É aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1. d. É aquele que apresenta picos de energia acústica de duração igual a 1 segundo, a intervalos inferiores a 1 segundo. Durante a explanação dos assuntos, mais especificamente, quando 4. falamos sobre as medidas dos fatores ambientais, sugerimos a você conhecer os Quadros 1 e 2 do Anexo 3 para avaliação do calor. Analise com bastante atenção o Quadro 1, regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local de trabalho, e responda associando a coluna superior com a coluna inferior e na sequência, marque a alternativa correta. I. Trabalho contínuo e atividade pesada. II. 15 minutos de trabalho e 45 minutos de descanso; IBUTG entre 29,5 e 31,1. III. Atividade moderada e IBUTG até 26,7. IV. 30 minutos de trabalho e 30 minutos de descanso; atividade leve. ( ) Atividade moderada. ( ) IBUTG de 30,7 a 32,2. ( ) IBUTG até 25,0. ( ) Trabalho contínuo. Agora marque a sequência correta: a. II, IV, I, III. b. IV, III, II, I. c. III, II, IV, I. d. I, IV, III, II. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Para a medição dos agentes de risco encontrados no ambiente de 5. trabalho, normalmente são usados instrumentos específicos para cada leitura ou um aparelho com todas as leituras integradas. De acordo com as questões fornecidas abaixo, associe as duas colunas e depois marque a resposta correta. I. Acelerômetro ( ) Ruído II. Decibelímetro ( ) Iluminação III. Luxímetro ( ) Vibração a. III, II, I. b. II, III, I. c. I, II, III. d. II, I, III. Para consultar o gabarito das questões, acesse o material on-line.
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