Prévia do material em texto
73 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL Unidade II 5 RESPONSABILIDADE SOCIAL EM DIVERSOS PÚBLICOS Souza (2006) afirma que a interação entre agentes sociais molda a sociedade. Esses agentes sociais são as empresas, investidores, funcionários, clientes e governo, entre outros. Cada um, a seu modo e com seus objetivos, consegue contribuir para o desenvolvimento. 5.1 Responsabilidade social com funcionários Stoner e Freeman (1999) ponderam que empresas socialmente responsáveis entendem que para ser bem-sucedidas nas estratégias de sustentabilidade precisam envolver seus funcionários. O trabalho com o público interno é fundamental na gestão socialmente responsável. Antes de realizar projetos externos, é necessário um trabalho interno. Assim, é preciso estar estritamente dentro dos parâmetros das questões legais que envolvem as relações de trabalho, ter pontualidade nos pagamentos salariais e prover condições de trabalho adequadas. Uma boa prática consiste em envolver os funcionários na melhoria dos processos internos. Outras boas práticas envolvem a valorização da diversidade, orientação pré-aposentadoria, cooperativas de crédito etc. Melo Neto e Froes (1999) contribuem discutindo os papéis dos funcionários e seus dependentes como agentes sociais além dos muros das empresas, os quais são promotores da responsabilidade social corporativa ao trabalharem como voluntários em programas sociais, ao difundirem valores éticos em suas relações com os diversos públicos da empresa e ao assumirem comportamentos sociais responsáveis em seu cotidiano de vida e de trabalho. A consequência lógica do orgulho em integrar uma empresa respeitável e respeitosa, conforme Souza (2006), é o aumento da produtividade e a redução dos erros. A empresa socialmente responsável alcança outros tipos de retorno, segundo Melo Neto e Froes (1999): • Melhoria da qualidade de vida de seus empregados, com reflexos positivos na família e na vizinhança; • Melhoria da qualidade de vida no trabalho; • Maior integração social do empregado e sua família na comunidade; • Redução nos índices de abstenção; • Melhoria do clima organizacional; e 74 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II • Retorno em forma de cidadania profissional, pois os empregados se transformam em empregados-cidadãos (MELO NETO; FROES, 1999, p. 109-110). 5.2 Responsabilidade social com governo Schvarstein (2003) afirma que o papel fundamental do governo é promover o bem-estar social. Mas sejamos francos: independentemente da posição política de quem quer que seja, não se pode afirmar categoricamente que o Estado atende satisfatoriamente todas as necessidades da população. As áreas em que o Estado são deficientes é, portanto, terreno fértil para a ação social empresarial. Entretanto, é muito fácil enxergar ações sociais empresariais sem relação com as ações de outras organizações e mesmo do Estado. Essa desarticulação é prejudicial para a população, e uma maneira de resolver isso é procurar coordenar de forma conjunta as ações com empresas e governo local. É razoável afirmar que essa ação conjunta ganha eficiência em função de multiplicar o efeito dos esforços. Boas práticas observadas em países desenvolvidos envolvem ações do governo como: • financiamento de desenvolvimento tecnológico voltado a energia limpa, mobilidade, controle de resíduos e outros temas correlatos; • vantagens fiscais para empresas que invistam em bons programas ambientais e sociais; • preferência definida em edital para empresas socialmente responsáveis participando em licitações. Podemos perceber que o Estado precisa adotar a responsabilidade social internamente nas esferas de governo, autarquias, fundações etc. para que essas práticas se disseminem pela sociedade. Bourgartner (2005) chega a propor um novo tipo de serviço público que vai além dos procedimentos formais da administração pública através do alinhamento governo/empresas em direção à responsabilidade ambiental social e corporativa. 5.3 Responsabilidade social com fornecedores Quando a cadeia produtiva de uma empresa conta com fornecedores não comprometidos com a sustentabilidade ambiental e social, essa empresa na prática está sendo conivente com um modelo arcaico de fazer negócios, segundo Souza (2006). Lembrete Cadeia produtiva é o conjunto de organizações que interagem ao longo de um processo produtivo transformando insumos em novos insumos até a transformação em produto que segue ao cliente final. 75 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL O relacionamento com fornecedores demanda transparência. Ambos, fornecedor e empresa, devem estar alinhados nas ações de RSE. Por isso, diversas empresas estão trabalhando no sentido de expandir o modelo de gestão sustentável para seus fornecedores e clientes. Esse movimento é uma extrapolação do conceito de empresa responsável, uma vez que o objetivo é tornar toda cadeia produtiva envolvida com a busca de soluções para a problemática ambiental e social (SOUZA, 2006, p. 87). Ao garantir junto ao mercado que não tem relações comerciais com fornecedores que não respeitam o meio ambiente ou que tenham condutas reprováveis, a empresa aumenta sua reputação e contribui com a sociedade. As empresas socialmente responsáveis devem selecionar seus parceiros e fornecedores utilizando critérios de comprometimento social e ambiental, considerando por exemplo, seu código de conduta em questões como as relações com os trabalhadores e com o meio ambiente (LOURENÇO; SCHRÖDER, 2003, p. 95-96). Souza (2006) pondera que não se trata de simplesmente deixar de fazer negócios com fornecedores sem RSE, e sim de incentivar e auxiliá-los a se adequar e assumir políticas alinhadas com os conceitos de sustentabilidade. Assim, a mudança positiva é incentivada. No caso de buscar novos fornecedores, um dos critérios passa a ser então as questões relacionadas ao tema. Para fazer negócios, a empresa deve incentivar seus fornecedores e parceiros a adotar os princípios e as ações de RSE que ela adota e utilizar critérios objetivos na seleção de fornecedores, como padrões de conduta nas relações trabalhistas, respeito à comunidade e ao meio ambiente etc. Pode parecer para você, aluno, uma ação impossível. Entretanto, ela está ocorrendo com cada vez mais frequência no ambiente de negócios. Exemplos de boas práticas na seleção e manutenção de fornecedores: • Definir como obrigatória a prática de processos éticos de gestão. • Estabelecer política ou programa de responsabilidade social para a cadeia de fornecedores. • Discutir RSE com os fornecedores para adequá-los aos critérios da empresa. • Fazer visitas surpresa de inspeção. • Estabelecer meios para conhecer a origem de insumos utilizados pelos fornecedores (ou seja, os fornecedores dos fornecedores) e ter garantias da lisura de seus processos. • Recusar adquirir insumos com possibilidade de ser “piratas”, falsificados ou roubados. 76 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II • Incluir cláusulas restritivas a todos os fatores negativos mencionados nos contratos de fornecimento com direito a cancelamento e multas, além do encaminhamento da denúncia às autoridades competentes. 5.3.1 Cuidados específicos com fornecedores Devem ser tomados os seguintes cuidados: • Trabalho infantil: pela Lei nº 10.097, de 19 de dezembro de 2000 (BRASIL, 2000),é proibido qualquer trabalho a menores de 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. A empresa tem obrigação de incentivar fornecedores a não explorar trabalho de crianças e adolescentes, e é preciso monitorar o fornecedor para verificar o cumprimento. • Trabalho escravo, ou em condição análoga: o artigo 149 do Código Penal (BRASIL, 1940) define: Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto. A empresa deve incluir nos contratos de fornecimento essa questão, exigindo, quando necessário, as documentações devidas de seus fornecedores. Uma boa prática é participar de programas para erradicar o trabalho forçado. • Trabalhadores terceirizados: as leis brasileiras permitem a contratação de trabalhadores terceirizados: Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua capacidade econômica compatível com a sua execução (BRASIL, 1974). Tendo trabalhadores terceirizados ou fornecedores nessas condições, a empresa deve estabelecer cláusula de corresponsabilidade de obrigações trabalhistas nos contratos de serviço, controlar o cumprimento do contrato e oferecer ao trabalhador terceirizado os mesmos benefícios oferecidos aos funcionários contratados. 5.3.2 Caso da Natura A Natura, empresa brasileira de cosméticos, tem operações em sete países da América Latina e na França. Seu corpo de funcionários conta com sete mil pessoas, além de aproximadamente um milhão e meio de consultoras de beleza. Sua prática junto a fornecedores de equipamentos, insumos, produtos e serviços é clara e justa: a Natura quer formar parceiros nas práticas empresariais sustentáveis e transparentes que possam atender aos objetivos de ambas as partes. 77 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL A Natura tem uma política pública de seleção e manutenção de fornecedores alinhados com princípios do desenvolvimento sustentável, da governança corporativa e da responsabilidade social, e incentiva fortemente que esses fornecedores façam o mesmo com seus fornecedores, criando uma corrente positiva de negócios. Saiba mais Acesse o portal do fornecedor Natura e veja como é possível aplicar os conceitos discutidos: NATURA. Portal do fornecedor. [s.d.]. Disponível em: <http://www. natura.com.br/fornecedores>. Acesso em: 28 dez. 2018. 5.3.3 O caso da Levi’s Carneiro (2009) conta que a calça jeans Levi’s 501, uma das mais vendidas no mundo todo pelo fabricante americano de roupas, consome pelo menos três mil litros de água do cultivo do algodão até as lavagens feitas pelo consumidor ao longo do ciclo de vida útil. Esse estudo foi feito pela própria Levi’s em 2006. O estudo revelou que quase 50% desse consumo é feito nas fazendas de algodão. Pelo modelo de negócio da Levi’s, a compra do tecido é feita de tecelagens, e estas compram o algodão das fazendas. Ou seja, é o fornecedor do fornecedor o responsável pelo maior consumo de água apontado pelo estudo. “Podemos zerar nosso consumo de água em nossas fábricas, escritórios e lojas, mas o impacto ambiental da calça continuaria sendo o mesmo, por isso, precisamos diminuir o consumo nas fazendas para nos considerarmos verdadeiramente sustentáveis”, disse Sean Cady, diretor mundial de sustentabilidade da Levi’s (CARNEIRO, 2009, p. 121). Em 2009, o diretor mundial de sustentabilidade da Levi’s esteve no Brasil para incentivar produtores brasileiros de algodão a adotar práticas sustentáveis no plantio e colheita em parceria com uma ONG. A Better Cotton Initiative (BCI – Iniciativa para um Algodão Melhor) é uma ONG que tem por objetivo ensinar procedimentos sustentáveis na produção de algodão com diminuição do uso de água e agrotóxicos, contribuindo para preservar o ambiente e os trabalhadores. Essa iniciativa foi replicada na Índia e no Paquistão, onde produtores de algodão fornecem matéria-prima para as tecelagens fornecedoras de tecido para a Levi’s. Foi estabelecido um plano de metas para aumentar gradativamente o percentual de algodão sustentável em seus produtos. Ou seja, a prática sustentável foi incorporada à estratégia de negócios e, portanto, aos indicadores de processos. 78 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II As empresas precisam assumir sua liderança, já que têm os recursos financeiros, tecnológicos e humanos para gerar uma mudança concreta. Elas têm o poder de agir como impulsionadoras desse processo (CARNEIRO, 2009). 5.3.4 O caso do boicote da carne paraense A exigência junto aos fornecedores pode criar situações didáticas para vários ramos de atividade. Em 2009 ocorreu um boicote (veto a quaisquer relações com um grupo que se queira punir ou constranger) feito por Carrefour, Walmart e Pão de Açúcar. As três maiores redes de supermercados do país se reuniram para banir a carne de todos os frigoríficos do estado do Pará. O motivo era a denúncia do Ministério Público Federal de desmatamento da Amazônia pelos produtores de carne do Pará para criar gado. Mais um caso de fornecedor do fornecedor! Note que a denúncia não era dos frigoríficos, e sim dos fornecedores dos frigoríficos. O boicote surtiu efeito: os onze frigoríficos da região se comprometeram a não mais comprar carne de produtores das áreas desmatadas e houve acompanhamento sistemático da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) para garantir o cumprimento. E a onda de imprensa atingiu e inspirou empresas de outros ramos: a Nike, em função do alerta dado pela organização ambientalista Greenpeace, decidiu suspender as compras de couro de empresas paraenses ligadas ao problema do desmatamento. 5.4 Responsabilidade social com comunidades As comunidades ao redor das organizações são, em grande parte, os primeiros grandes impactados pelas atividades empresariais, de acordo com Souza (2006). O relacionamento com a comunidade no entorno das atividades da empresa é um tópico delicado. Vizinhos furiosos com barulho ou poluição atmosférica frequentemente geram problemas muitas vezes difíceis de lidar. Um bom relacionamento ao longo do tempo cria um good will (boa vontade) valioso, já que vizinhos engajados positivamente podem antecipar atritos potenciais. Além disso, a vizinhança com viés positivo muitas vezes traz sugestões e recomendações úteis para a operação empresarial. Para isso, é importante que a empresa adote processos de comunicação com seu entorno e que efetivamente leve em consideração o conteúdo dos feedbacks. Trata-se de uma rua de duas mãos chamada de cooperação. Criar e estimular uma cultura cooperativa é benéfico para ambas as partes. Os relacionamentos comerciais e sociais da empresa podem beneficiar a comunidade, e os relacionamentos sociais da comunidade podem beneficiar a empresa. Criar um ambiente de confiança mútua através de comunicação clara e aberta costuma ser um passo importante. Uma vez que as comunidades podem ser agentes de pressão para que as organizações adotem práticas responsáveis, qualquer antecipação de itens de uma possível agenda cria o ambiente de confiança. Por exemplo, se uma indústria de determinado ramo tiver um vazamento inesperado e poluir um rio, empresas do mesmo ramo devem rapidamente antecipar as reações de suas comunidades e demonstrar que o risco equivalente não deve ocorrerem função de processos adotados. Ou seja, antes de uma comissão de vizinhos bater à porta, a empresa deve comunicar claramente e de maneira honesta a situação real de risco de suas instalações, reforçando o clima de confiança. 79 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL De um lado, as comunidades eventualmente impactadas negativamente possuem a capacidade de pressionar a empresa a adotar práticas responsáveis para resolver o problema. As pressões podem ocorrer através de denúncias públicas sobre poluição, barulho, problemas trabalhistas e outros. Por outro lado, o relacionamento amistoso com as comunidades pode representar um ativo valioso com transparência e respeito. Neste caso, a comunidade passa a ser defensora dos valores da empresa. Souza (2006) pontua que para o pleno exercício da RSE, a empresa deve contribuir para o desenvolvimento local da região na qual exerce suas atividades, enquanto Melo Neto e Froes (2001) estabelecem parâmetros para as organizações avaliarem as relações comunitárias: • Tipo e natureza da relação; se direta, através de projetos sociais próprios, ou indireta, por meio de doações e apoio; • O foco da relação; se está centrada em problemas sociais prioritários, ou se está centrada em problemas sociais secundários; • O alvo das ações; se focalizado e direcionado para comunidades e populações-alvo, ou se disperso para diversas comunidades e segmentos populacionais; • A natureza das ações; se são ações de inserção ou de fomento ao desenvolvimento social ou de voluntariado; • O escopo da relação; se restrita a um único órgão ou entidade, ou se mais ampla, envolvendo diversos parceiros; • O impacto das ações, se contribui para a melhoria da qualidade de vida da população ou se, além disso, contribui para o desenvolvimento sustentável da comunidade local ou regional (MELO NETO; FROES, 2001, p. 12). 5.4.1 O caso da Colgate-Palmolive A Colgate-Palmolive tem programas globais de melhoria da qualidade de vida das comunidades onde atua em todo o mundo: • Sorriso Saudável, Futuro Brilhante é um programa que promove educação em saúde bucal. Há materiais educativos e produtos gratuitos para ações sociais. O programa divulga informações sobre saúde bucal e faz diagnósticos e tratamentos gratuitos. Em 17 anos atendeu mais de 49 milhões de crianças em mais de 4,9 mil cidades no Brasil. • O programa Funcionário Cidadão incentiva os funcionários da Colgate-Palmolive a praticarem o voluntariado nas localidades onde vivem, integrando a empresa, colaboradores e a comunidade. Há campanhas regulares de arrecadação e distribuição de roupas, sapatos, cobertores e brinquedos 80 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II nas diversas comunidades atendidas, e os voluntários estabelecem também um cronograma de visitas a entidades assistenciais voltadas a crianças, adolescentes e idosos. • A Colgate-Palmolive tem uma política para doação de seus produtos a entidades sem fins lucrativos. Há um processo de indicação por parte dos funcionários e mensalmente vinte instituições são atendidas. Já foram beneficiadas milhares de entidades como AACD, Instituto da Criança, Santas Casas de Misericórdia e outras. 5.5 Responsabilidade social com bancos e seguradoras É cada vez mais comum que processos de tomada de decisão de funding (financiamento) de parte das instituições financeiras adotem critérios ligados à questão ambiental e social. Ashley (2002) pontua que operações e procedimentos de organizações do setor financeiro têm capacidade de impactar, positiva ou adversamente, o contexto socioambiental. Os Princípios do Equador, que segundo Souza (2006) são um acordo ocorrido em 2002 no Equador entre diversas instituições financeiras para um tratamento adequado de questões socioambientais, incentivam tomadores de crédito em projetos de financiamento superiores a US$ 10 milhões a estudar os impactos ambientais de seus projetos, bem como a criar planos de mitigação desses impactos. Um exemplo de RSE financeiro é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo. O Governo Federal considera o BNDES o principal instrumento para o financiamento de longo prazo, além de investimento, da economia brasileira. A operação é voltada para financiar empreendedores de todos os portes em seus planos de modernização. O foco é gerar emprego e renda e promover inclusão social no Brasil. Para obter financiamento, as organizações precisam apresentar estudos de impactos ambientais para seus projetos e devem obrigatoriamente comprovar que atendem a legislação ambiental e de segurança e saúde do trabalhador. A consciência ambiental fica clara na declaração de missão do BNDES ([s.d.]): “Viabilizar soluções financeiras que adicionem investimentos para o desenvolvimento sustentável da nação brasileira”. Já o setor de seguros considera de maneira bastante racional empresas socialmente responsáveis como excelentes clientes, uma vez que há baixo risco em acidentes de trabalho, escândalos ambientais etc. 5.5.1 O caso Santander de financiamentos sustentáveis O Banco Santander prioriza o direcionamento de recursos financeiros para pessoas e empresas interessadas em aquisição de produtos e serviços sustentáveis (definidos pelo Santander como Crédito de Sustentabilidade). Há linhas de financiamento para energia solar, captação de água da chuva, tratamento de água e esgoto etc. 81 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL PESSOA FÍSICA - Com o CDC Socioambiental, você pode parcelar em até 4 anos a compra de equipamentos para energia solar fotovoltaica, eficiência energética e hídrica, tratamento de resíduos e acessibilidade. PESSOA JURÍDICA - Crédito para empresas de todos os portes tornarem seus negócios mais sustentáveis, economizando água e energia, reduzindo a geração de resíduos e buscando certificações ambientais, entre outras medidas. AGRONEGÓCIO - Financiamentos do Santander e do BNDES para modernizar o setor agropecuário brasileiro com técnicas produtivas de baixo carbono e menores impactos ambientais. SANTANDER FINANCIAMENTOS - Clientes e não clientes podem parcelar a compra de bens e serviços nas lojas parceiras da Santander Financiamentos. Podem ser sistemas para a geração de energia solar fotovoltaica, adaptações para acessibilidade, equipamentos para eficiência energética e processos mais limpos, entre outros (SANTANDER, [s.d.]). 5.6 Responsabilidade social com Organizações não Governamentais (ONGs) As organizações não governamentais (ONGs) corporificam a vontade da sociedade em participar e de se tornar parte da solução em prol de um meio ambiente mais saudável e de uma sociedade mais justa. Consequentemente, muitas ONGs focaram suas ações nas áreas ambientais (reciclagem, redução de desperdícios, educação ambiental etc.) e social (educação básica, inclusão digital, saúde, arte, esportes etc.) (SOUZA, 2006, p. 91). As ONGs, por sua própria natureza, são experientes e competentes em atividades pouco comuns em empresas, e este é o motivo para serem encaradas como parceiros potenciais em projetos de RSE. Imagine uma empresa interessada em desenvolver um projeto de incentivo à reciclagem: o que é mais racional, desenvolver o projeto a partir do zero ou buscar ONGs correlatas e propor parceria cuidando do financiamento das atividades? Herzog (2002, p. 4) comenta que “a parceria talvez seja o modelo mais eficaz de atuação social porque promove a sinergia entreas competências essenciais de cada organização envolvida”. 5.7 Responsabilidade social com clientes A face visível dos programas de RSE, como balanço social, relatório de sustentabilidade e campanhas sociais, entre outras, pode ocultar uma verdade incômoda: será que os clientes dessas empresas supostamente socialmente responsáveis são efetivamente são responsáveis de modo efetivo pelo cliente final? Ou seja, será que faz parte dos procedimentos internos dessas empresas políticas de atendimento, de operação, de entrega etc. que realmente preencham os requisitos demandados pelos clientes? 82 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II Pense numa instituição financeira com um banco, por exemplo, com ativismo e engajamento nas causas sociais e ambientais. Será que esse banco atende com eficiência e eficácia as necessidades de seus clientes? Será que os contratos legais que dão suporte a conta corrente, empréstimos, cartão de crédito, financiamento imobiliário etc. atendem de maneira responsável e justa seus clientes? Note que não estamos simplesmente derrubando a aplicação do conceito de RSE. Estamos somente ponderando que, antes de ser socialmente responsável com stakeholders, a empresa precisa ser responsável com seus próprios clientes. Portanto, é preciso coerência entre as ações voltadas à reputação junto a stakeholders e ações voltadas a clientes. A comunicação da empresa com seus clientes e com seus stakeholders deve prezar pela transparência e honestidade de propósitos. As estratégias mercadológicas devem fazer uma proposta de valor para os clientes sem subterfúgios, e a promessa implícita ou explícita inerente à proposta deve ser honrada. A proposta de valor de uma empresa é muito mais do que se posicionar em um único atributo; é uma declaração sobre a experiência resultante que os clientes obterão com a oferta e seu relacionamento com o fornecedor. A marca deverá representar uma promessa relativa à experiência total resultante que os clientes podem esperar. Se a promessa será ou não cumprida, depende da capacidade da empresa em gerir seu sistema de entrega de valor. O sistema de entrega de valor inclui todas as experiências de comunicação e canais que o cliente terá a caminho da obtenção da oferta (KOTLER, 2000, p. 59). Lourenço e Schröder (2003) ponderam que RSE junto a clientes apresenta duas vertentes: uma bem estabelecida, que é a questão legal de leis e normas de qualidade e segurança de produtos, e outra bastante fluida, que é a questão da expectativa do cliente quanto à razão qualidade/preço do produto. As empresas devem reconhecer os fatores de seus produtos que impactam a sociedade, sejam positivos ou negativos, analisando riscos potenciais e criando medidas preventivas ou corretivas em regime de contingência. Outro aspecto para ser levado em consideração envolve o acompanhamento da evolução tecnológica, pois no ritmo de inovações que vivemos hoje é razoável supor que possa haver tecnologias substitutas mais eficientes e seguras ambientalmente, garantindo bem-estar dos clientes. Lembrete A comunicação com os clientes deve ser clara e precisa, abrindo canais de contato como SAC para identificar problemas e propor soluções para os clientes. Para criar imagem de credibilidade, é preciso: 83 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL • organizar processos de parceria com fornecedores, varejistas e prestadores de assistência técnica para a comunicação com clientes de forma transparente; • manter atualizadas todas as peças de comunicação, como embalagens, manuais e anúncios para aumentar a segurança de uso dos produtos; • destacar mudanças de características dos produtos quando ocorrerem, como tamanho, peso etc.; • oferecer aos clientes uma política clara de pós-compra com regras de devolução e responsabilidades correlatas; • criar a figura de ombudsman ou ouvidoria para defender o cliente dentro da organização de forma imparcial. Observação Segundo Silva e Sarmento (2009), a figura do ombudsman surge oficialmente em 1809, na Suécia, com um status de ministro e a função de fiscalizar o poder público e ouvir as queixas que os cidadãos tinham contra os órgãos governamentais. Posteriormente, o conceito é aplicado em jornais e órgãos de imprensa e finalmente é adotado por empresas de qualquer ramo. 5.8 O papel da ética Ética é uma palavra muito falada, mas sua aplicação muitas vezes desafia a humanidade. Há várias definições de ética e de suas derivações empresariais. Stoner e Freeman (1999) definem que ética é o estudo dos direitos e dos deveres dos indivíduos, das regras morais que são aplicadas na tomada de decisão e da natureza das relações interpessoais. Assim, uma vez que as organizações são compostas de pessoas, sempre há questões éticas envolvidas nas decisões, e essas questões se apresentam em níveis: Nível 4 O indivíduo Nível 3 Políticas internas Nível 2 Stakeholders Nível 2 Sociedade ↑↓ ↑↓ ↑↓ Figura 13 – Os quatro níveis das questões éticas de Stoner e Freeman 84 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II • O nível 1 trata das questões éticas da sociedade como um todo. O que é bem comum, qual o limite da lei, qual o caminho para a educação etc. fazem parte desse nível. • O nível 2 aborda as questões éticas das organizações com seus stakeholders. Qual o tratamento para fornecedores e clientes, como se dá o relacionamento com investidores/acionistas, qual o limite de ação junto à comunidade etc. são integrantes desse nível. • O nível 3 é composto de questões éticas de ordem administrativa da organização, como direitos de minorias, acessibilidade e igualdade de gênero de funcionários, procedimentos internos, política comercial etc. • O nível 4 trata das questões éticas de relacionamento individual com outros indivíduos dentro e fora da empresa. Postura política, racismo, sexismo, honestidade, etiqueta corporativa etc. completam o quadro. É importante notar que a ética dos quatro níveis afeta as atividades da organização e é afetada por elas. Critérios de seleção de funcionários, adaptação a costumes locais ao se instalar uma filial, respeito à liberdade religiosa de funcionários, fornecedores e clientes, códigos de conduta etc. fazem parte do exercício cotidiano da ética nas empresas. Leisinger e Schmitt (2001) contribuem para a discussão abordando moral e ética: Moral Empresarial é o conjunto daqueles valores e normas que, dentro de uma determinada empresa, são reconhecidos como vinculantes. A Ética Empresarial reflete sobre as normas e valores efetivamente dominantes em uma empresa, interroga-se pelos fatores qualitativos que fazem com que determinado agir seja uma agir bom. [...] A empresa ética possui um compromisso com a cooperação ou à solidariedade para com as pessoas, isto é, além do seu próprio interesse, ela deve buscar o bem comum (LEISINGER; SCHMITT, 2001, p. 7). Ashley (2002) também aborda moral e ética, e relativiza a aplicação de moral: A moral pode ser vista como um conjunto de valores e de regras de comportamento que as coletividades, sejam elas nações, grupos sociais ou organizações, adotam por julgarem corretos e desejáveis. A ética é mais sistematizada e corresponde a uma teoria de ação rigidamente estabelecida. A moral, em contrapartida, é concebida menos rigidamente, podendo variar de acordo com o país, o grupo social, a organização ou mesmo o indivíduo em questão (ASHLEY, 2002, p. 4). Perceba que o conceito de moralidade é a aplicaçãodaquilo que a coletividade julga correto e desejável. Uma vez que a coletividade evolui e se transforma com o passar do tempo, a moralidade a acompanha. Como exemplo, pense na evolução das roupas de banho femininas ao longo do 85 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL último século. Um biquíni comportado de hoje seria considerado moralmente ofensivo setenta anos atrás. E a moral muda em função da geografia também: o mesmo biquíni hoje numa praia de país islâmico seria blasfêmia. Moral, portanto, é um conceito relativo, enquanto ética tem aplicações tendendo para o absoluto. Ashley (2002) contribui de maneira incisiva: Responsabilidades éticas correspondem a atividades, práticas, políticas e comportamentos esperados (no sentido positivo) ou proibidos (no sentido negativo) por membros da sociedade, apesar de não codificados em leis. Elas envolvem uma série de normas, padrões ou expectativas de comportamento para atender àquilo que os diversos públicos (stakeholders) com as quais a empresa se relaciona consideram legítimo, correto, justo ou de acordo com seus direitos morais ou expectativas (ASHLEY, 2002, p. 5). Costa, Frazão e Neves (2006) comentam sobre a ética e a responsabilidade social reforçando o fato da adoção ser crescente: A Ética ilumina o ser humano, norteia a conduta individual e social e pode-se dizer que é a base da Responsabilidade Social, expressa através dos princípios e valores adotados pela organização, na condução dos seus negócios. A Ética e a Responsabilidade Social têm despertado o interesse das organizações passando a ser uma variável importante na relação destas com os seus diversos públicos, funcionários, fornecedores, clientes, sociedade, governo, dentre outros, que participam direta ou indiretamente do ambiente de negócios e de suas atividades. Ao longo dos tempos, vem-se percebendo uma mudança significativa nas práticas empresariais, pois, proprietários e dirigentes têm ampliado a visão a respeito da atuação, tanto com a sociedade quanto com seus empregados. Os cuidados com a comunidade local e o ambiente onde estão inseridas, deixam de ser apenas manifestações de consciência social e passam pelo envolvimento nas questões sociais. Por outro lado, tem-se cada vez mais uma sociedade consciente, articulada e engajada na fiscalização de práticas empresariais pautadas pela Ética. As organizações que administram suas relações sem ética com os públicos internos e externos e sem os devidos cuidados com as necessidades da sociedade e do ambiente, podem cometer erros, significando riscos de sobrevivência no mercado e pouca atenção aos problemas sociais (COSTA; FRAZÃO; NEVES, 2006, p. 197). 86 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II No mundo atual, empresas públicas ou privadas, organizações governamentais, ONGs, Oscips etc. obrigatoriamente incorporaram a discussão sobre ética. RSE não está mais num plano abstrato e ocorre cotidianamente nas organizações. Observação Discussões sobre Ética ocorrem no mundo todo e não somente no Brasil. Outros países também enfrentam situações envolvendo questões éticas. Arruda e Navran (2000) apresentam o Modelo de Navran, que descreve a percepção dos funcionários sobre o clima ético da empresa. Ou seja, é uma ferramenta que permite medir o clima ético de uma empresa a partir da percepção e vivência de seu corpo funcional. Levantando dados de indicadores, o Modelo de Navran é aplicável em organizações de qualquer ramo ou porte e identifica se a percepção do funcionário é consistente com a política da empresa: O princípio básico do Modelo de Navran é o da congruência ou consistência: a pessoa, individualmente, e a organização são mais eficientes quando há congruência entre os valores e as crenças a respeito de como o trabalho deve ser feito e as expectativas e exigências da organização em relação ao sucesso. O conjunto de expectativas percebidas e exigidas é denominado clima ético e constitui objeto deste estudo (ARRUDA; NAVRAN, 2000, p. 28). Indicador 1: Sistemas formais São os métodos, políticas, processos e procedimentos que norteiam o negócio. Se os sistemas formais seguem uma ética clara, os funcionários percebem e devem agir em consonância. Se os sistemas não seguem uma ética clara ou há variação ética entre sistemas, os funcionários podem ficar em dúvida e acabam utilizando a interpretação de uma liderança próxima. Se os sistemas não tocarem no assunto ética, os funcionários agem em função de seus valores pessoais. Indicador 2: Mensuração Os funcionários tendem a prestar mais atenção quando há métodos de avaliação e mensuração, pois essas medidas normalmente significam metas. Em muitos casos, cumprir metas significa algum tipo de recompensa. Os sistemas de mensuração devem ser percebidos como justos em relação aos resultados dos funcionários. Indicador 3: Liderança O jeito de agir e de se comportar dos líderes é percebido de maneira muito mais contundente que suas falas. Normas e políticas escritas, quando comparadas com ações, pesam bem menos. Assim, se o 87 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL discurso do líder não for consistente com suas ações, a dúvida se forma. Uns funcionários seguem o exemplo da ação, enquanto outros seguem a norma. Indicador 4: Negociação O senso de união entre os funcionários os estimula a serem pontuais e a cumprir obrigações, além de evitar o distanciamento entre eles. Porém, os conflitos entre as funções ocorrem de maneira natural, e é preciso negociar. Para Navran, em toda a organização, os funcionários rotineiramente se engajam em uma negociação como estratégia para resolver um conflito. Negociam prazos, compromissos, alocação de recursos, atribuição de tarefas e exigências específicas. Quando a negociação com um cliente, um par ou um supervisor é percebida como uma situação de ganha/perde, o sistema de valores internos das pessoas ajuda a determinar os limites da negociação. A integração dos valores organizacionais à negociação ajuda a mudar o foco para resultados mutuamente benéficos. A negociação se torna um processo para desenvolver soluções ótimas, em vez de uma competição para determinar quem ganhará ou quem perderá (ARRUDA; NAVRAN, 2000, p. 31). Indicador 5: Expectativas Há exigências para atingir metas: são as expectativas que a organização tem em relação aos funcionários. Contratar e promover funcionários deve ser uma atividade com regras absolutamente claras. Quanto mais claras e alinhadas com as políticas da empresa, mais fácil fica para o corpo funcional avaliar se as decisões foram certas ou erradas. Um funcionário, diante de uma oportunidade de promoção, avalia as expectativas claras da empresa com suas capacidades pessoais. Ou seja, favorecimento político em detrimento de regras que pareçam justas contribuem para o desalinhamento. Indicador 6: Consistência Os padrões de conduta da empresa devem ser consistentes com as atitudes tomadas pelos líderes e com a comunicação interna sobre essas atitudes. Os líderes devem dar exemplos de conduta e reconhecer quando erram, corrigindo os erros. Quando alguém destoa das normas éticas, uma atitude deve ser tomada. “A consistência se fortalece com a lealdade, o apoio e a confiança no líder que pessoalmente dá exemplos de conduta e que tem a humildade de retificar quando erra” (ARRUDA; NAVRAN, 2000, p. 31). Indicador 7: Chaves para o sucesso As chaves para o sucesso variam entre empresas e mesmo dentro da própria empresaao longo do tempo. Normalmente incluem trabalho árduo, motivação de equipes e premiações por resultados. Podem ser pontuais, como o lançamento de um produto estrategicamente importante, a abertura de uma filial de vendas em uma área até então inexplorada ou a experiência dos líderes em determinadas situações. 88 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II As questões éticas surgem quando essas chaves de sucesso específicas não são universalmente acessíveis, quando conflitam com a posição ética declarada pela organização ou com os valores pessoais amplamente aceitos dos funcionários. Quando isso ocorre, o sucesso é percebido como reservado a um pequeno grupo seleto, com um critério de seleção além do controle do indivíduo (ARRUDA; NAVRAN, 2000, p. 32). Indicador 8: Serviço ao cliente Empresas que tratam os funcionários com respeito tendem a ter clientes mais bem-tratados. Se há desrespeito com os funcionários, esse padrão fora de ética rebate para fora dos muros e atinge clientes e outras pessoas. Evidentemente, isso prejudica os negócios. Indicador 9: Comunicação Para Navran, a comunicação da empresa com seus funcionários é vital. A empresa precisa comunicar de maneira clara as metas, as regras para atingi-las e os padrões de conduta esperados, sob pena de não conseguir atingir os objetivos. As pessoas precisam de informações, de orientação e de reforço. Necessitam conhecer as posições, os padrões éticos da empresa e o que é considerado uma conduta correta dos funcionários num amplo espectro de situações com as quais poderão se defrontar (ARRUDA; NAVRAN, 2000, p. 32). Indicador 10: Influência dos pares O mau exemplo contamina as atividades empresariais. Funcionários que agem de má-fé ou que demonstram problemas de caráter devem ter as ações contidas para minimizar o efeito do exemplo. Para Navran, a influência dos colegas existe em quase todos os negócios, indústrias e profissões. As pessoas contam com seus colegas para direção, validação e reforço. Quando a organização falha em comunicar adequadamente seus padrões éticos e suas expectativas, os funcionários compensarão essa falha aumentando sua confiança no apoio dado pelos colegas (ARRUDA; NAVRAN, 2000, p. 33). Indicador 11: Consciência ética Não fazendo parte do Modelo de Navran original, foi criado no Brasil como adaptação a algumas características próprias da nação. O aspecto político em grande número de empresas brasileiras pode prejudicar o profissionalismo de uma equipe e implicar prejuízos para a organização. Na empresa, às vezes, as relações pessoais ou a influência política são muito 89 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL mais valorizadas que o preparo técnico-profissional dos funcionários. Na relação chefe/subordinado, o uso da autoridade pode inclusive levar ao aparecimento de frequentes casos de assédio sexual. Outro desvio que por vezes pode ocorrer é o de serem encobertas receitas da empresa, para não cumprir obrigações fiscais (ARRUDA; NAVRAN, 2000, p. 33). O jeitinho brasileiro referente a suborno, presentes de gratidão, uso dos recursos da empresa para fins pessoais etc. faz parte desse indicador. Note que não estamos afirmando que somente brasileiros adotam essas práticas, e sim que, por serem disseminadas no Brasil, merecem o acréscimo desse indicador ao modelo original. O quadro a seguir sumariza o Modelo de Navran com o acréscimo do 11º indicador: Quadro 7 – Indicadores e medidas de clima ético de Navran Indicadores Medidas 1. Sistemas formais Regras e manuais? Sistemas de controle? 2. Mensuração Sistemas de avaliação? 3. Liderança Políticas escritas e mensagens? 4. Negociação Acordos? 5. Expectativas Sistemas de seleção, promoção e correção? 6. Consistência Palavras e ações da organização? 7. Chaves para o sucesso Lançamento de produto? Auxílio a um mentor? Experiência em posições-chave? 8. Serviço ao cliente Contato com clientes? Manifestações de cortesia? Treinamentos? 9. Comunicação Comunicação de regras? Informação, orientação e reforço? Esclarecimento de dúvidas? Rapidez, precisão e punição em relação ao cumprimento das normas? 10. Influência dos pares Sistema informal de comunicação e educação? Apoio dado aos colegas? Apoio recebido dos colegas? 11. Consciência ética Relações pessoais? Assédio sexual? Uso dos ativos da empresa? Pagamentos facilitadores? Fonte: Arruda e Navran (2000, p. 33). 90 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II 6 GESTÃO AMBIENTAL Segundo Tachizawa (2002, p. 24): A transformação e a influência ecológica nos negócios se farão sentir de maneira crescente e com efeitos econômicos cada vez mais profundos. As organizações que tomarem decisões estratégicas integradas a questões ambientais e ecológicas conseguirão significativas vantagens competitivas, quando não, redução de custos e incremento nos lucros a médio e longo prazos. Para Melo Neto e Froes (1999), a gestão ambiental fundamenta-se em: • bom relacionamento com os consumidores; • bom relacionamento com os organismos ambientais; • estabelecimento de uma política ambiental; • eficiente sistema de gestão ambiental; • garantia de segurança dos empregados e das comunidades vizinhas; • uso de tecnologia limpa; • elevados investimentos e proteção ambiental; • definição de um compromisso ambiental; • associação das ações ambientais com os princípios estabelecidos na Carta para o Desenvolvimento Sustentável; • a questão ambiental como valor do negócio; • contribuição para o desenvolvimento sustentável dos municípios circunvizinhos. Para os autores, para criar um sistema de gestão ambiental a empresa precisa: • treinar e capacitar os funcionários e envolvidos no processo; • integrar atividades de preservação ambiental com atividades de saúde e segurança do trabalho; • obter certificação ambiental ISO 14000. Borges e Tachibana (2007) comentam três abordagens para a Gestão Ambiental de Barbieri (2004): controle da poluição, prevenção da poluição e incorporação destas questões à estratégia da empresa. Estas três abordagens sugerem uma progressão, partindo do controle da poluição, passando pela prevenção da poluição e finalmente incorporando a Gestão Ambiental na estratégia organizacional: 91 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL Quadro 8 – Gestão ambiental responsável: abordagens de Barbieri Característica Controle da poluição Prevenção da poluição Estratégia Preocupação básica Cumprir legislação Usar insumos de modo eficiente CompetitividadeResponder pressões externas Postura Reativa Reativa e proativa Reativa e proativa Ações típicas Corretivas Corretivas e preventivas Corretivas, preventivas e antecipatórias Usar tecnologias para correção no final do processo Conservar e substituir insumos Prever ameaças e buscar oportunidades com foco em médio e longo prazos Aplicar normas de segurança Usar tecnologias limpas Usar tecnologias limpas Percepção de gestores e acionistas Custo adicional Redução de custo e aumento de toda a produtividade Vantagens competitivas Envolvimento da alta administração Esporádico Periódico Permanente e sistemático Áreas envolvidas Basicamente áreas produtivas Áreas produtivas com crescente envolvimento das demais áreasAtividades ambientais permeadas na organização Toda a cadeia produtiva Adaptado de: Borges e Tachibana (2007, p. 3). Então vejamos as ideias do quadro. A empresa, em função de suas atividades, tem problemas ambientais e toma medidas em função deles. Barbieri sugere que há uma escala crescente das ações possíveis: a mais básica é controle da poluição, a intermediária é prevenção da poluição e a mais avançada é incorporar à estratégia. Veja que o controle da poluição é basicamente reativo com foco em atender a legislação e os grupos de pressão, e o gestor considera essas ações um custo adicional. Quantas empresas que você conhece não se comportam desse jeito? Agora perceba a evolução representada pela prevenção da poluição: há proatividade ligada à prevenção, o foco é ser eficiente no uso de insumos para não gerar (ou gerar pouca) poluição e os gestores enxergam as ações como redução de custo. Há uma boa quantidade de empresas nessa categoria, mas não são a maioria. Por fim, veja que incorporar à estratégia tem foco em ser mais competitivo, antecipando problemas e aproveitando oportunidades, e os gestores se envolvem sistematicamente nas ações por as considerarem fonte de vantagem competitiva. Portanto, uma empresa socialmente responsável no campo da preservação ambiental busca a excelência, incentiva o desenvolvimento sustentável da região, persegue a segurança e a qualidade de vida dos funcionários e beneficia a comunidade onde está inserida. Alinhando essas práticas com os conceitos de estratégia empresarial, conduz a questão ambiental dentro da missão e visão estabelecidas. 92 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II 6.1 Ecodesign Uma das ferramentas para a Gestão Ambiental é o ecodesign. Porém, antes de discutir ecodesign, vamos entender o que é design. De acordo com o dicionário Oxford, o conceito de design foi utilizado pela primeira vez em 1588, havendo três definições para o termo. A primeira delas, diz que design é um plano desenvolvido pelo homem ou um esquema que possa ser realizado. A segunda define design como o primeiro projeto gráfico de uma obra de arte. Finalmente, a definição de que o design seria um objeto das artes aplicadas que seja útil para a construção de outras obras (DE VASCONCELOS; DAS NEVES, 2009, p. 22). Muito bem, assumindo design como um objeto das artes aplicadas que seja útil para a construção de outras obras, se adicionarmos a preocupação ambiental teremos o ecodesign, que segundo Barbieri (2004) é um modelo preocupado com aspectos ambientais em todos os estágios de desenvolvimento de um produto. Ou seja, para construir algo (o produto), deve se levar em consideração todos os aspectos envolvendo o meio ambiente desde sua concepção para reduzir o impacto ambiental durante seu ciclo de vida até o descarte. Isso implica na redução de resíduos e de custos de ponta a ponta. A ideia é considerar os problemas ambientais já na fase de projeto, pois as dificuldades e, consequentemente, os custos para efetuar modificações crescem à medida que as etapas do processo de inovação se consolidam (BARBIERI, 2004, p. 11). Assim, o ecodesign leva em consideração o desempenho do projeto como um todo e o respeito aos objetivos ambientais, de saúde e segurança ao longo de todo ciclo de vida de um produto ou processo. Por exemplo, um produto que no final da vida útil não tiver um processo de descarte responsável com reciclagem não será ecoeficiente mesmo que durante o projeto e vida útil reunir condições para tal. Como exemplo, o Centro Industrial da Xerox em Resende - RJ, inaugurado em 2006, concentra as operações do Centro Nacional de Distribuição, do Centro Tecnológico de Remanufatura e do Centro Nacional de Reciclagem e Destinação. As máquinas copiadoras Xerox são concebidas desde o projeto para terem baixo consumo de energia com economia de toner e papel ao longo de toda a vida útil, quando são devolvidas à empresa para desmonte e reaproveitamento de componentes. Perceba a elegância do conceito do ecodesign: juntar as possibilidades técnicas de processos produtivos mais limpos e suas derivações no longo prazo com os desejos e demandas da consciência ambiental. É razoável supor que mais e mais produtos oriundos de projetos de ecodesign cheguem às nossas mãos com o passar dos anos. 93 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL 6.2 Caso da Shell A Shell, multinacional do ramo de energia, publica Relatórios de sustentabilidade desde 1998 e está constantemente renovando seus programas voltados ao tema. Um desses programas é o Mar Aberto, que visa engajar e capacitar pescadores diante de uma emergência de derramamento de óleo no mar. Com exposições, palestras e treinamento, o programa atende pescadores cujo sustento vem do mar e que precisam estar preparados para esse tipo de emergência. Note que o foco é a segurança e proteção do ambiente marinho. Os processos internos de gestão de impactos ambientais são estabelecidos em três frentes: prevenção de derramamentos, enfrentamento da poluição atmosférica e redução do uso de água. Saiba mais Conheça o Relatório de Sustentabilidade da Shell (em inglês) em: SHELL. Sustainability Report. 2017. Disponível em: <https://www.shell. com.br/promos/sustainability-pdf/_jcr_content.stream/1527902724105/ 47fffba3a8c855093eaa78d0529be640437a3619ed76fb0f5c4f493a75dd cd13/shell-sustainability-report-2017.pdf>. Acesso em: 28 dez. 2018. 6.3 Caso da Basf A Basf é uma empresa química que existe há 150 anos. Tem origem alemã e conta com mais de 112.000 funcionários no mundo inteiro. Seu portfólio de produtos contém químicos, plásticos, óleo e gás e soluções para a agricultura. A estratégia de combinar sucesso econômico, responsabilidade social e proteção ambiental tem mostrado ser bem-sucedida. Com alto investimento em pesquisa e desenvolvimento, gera inovações focadas em atender atuais e futuras necessidades dos clientes e da sociedade. A estratégia de negócios da Basf é fortemente ancorada em desenvolvimento sustentável. Isso não significa que suas fábricas não gerem poluição, por exemplo. Mas significa que há um planejamento de médio e longo prazo com ações voltadas a reduzir esse passivo ambiental. A Basf define desenvolvimento sustentável como equilíbrio entre o sucesso econômico, proteção ecológica e responsabilidade social. Assim, para administrar as ferramentas voltadas à sustentabilidade, criou um conjunto de indicadores que quantificam os fatores que afetam aspectos sustentáveis. A metodologia criada pela Basf quantifica e avalia os custos totais e o impacto ecológico de produtos ou processos ao longo de todo seu ciclo de vida, e trabalha esses indicadores dentro de seu planejamento estratégico. Assim, é possível estabelecer objetivos de longo prazo nas áreas de economia, 94 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II meio ambiente, segurança, de pessoal e sociedade. Esses objetivos de longo prazo se desdobram em metas de curto prazo acompanhadas e controladas pelos gestores. Como exemplo dessas metas, vale a pena citar: • Mulheres em posições executivas: aumento percentual na proporção homem/mulher em posições executivas em todas as filiais do mundo. • Acidentes com afastamento por milhão de horas de trabalho: diminuição percentual. • Emissões de gases de efeito estufa por tonelada métrica de produto de venda: diminuição percentual. • Introdução da gestão sustentável de água em sites de produção em áreas de estresse hídrico: aumento percentual.Esses são apenas alguns exemplos de centenas de outros indicadores que a Basf utiliza. Há indicadores de geração de resíduos, de efluentes, de energia elétrica etc. Um caso de aplicação foi a troca de transporte rodoviário (caminhões) por trens entre o complexo químico de Guaratinguetá e o Porto de Santos. A emissão de fumaça de milhares de viagens de caminhão foi reduzida brutalmente com a adoção do trem. No relacionamento com fornecedores, há o Código de Conduta do Fornecedor, no qual estes são selecionados e avaliados através de questões relacionadas à proteção ambiental, respeito pelos direitos humanos e padrões trabalhistas e sociais. No relacionamento com a sociedade, há o Conselho Consultivo de Stakeholders e o Conselho Comunitário Consultivo (este último voltado para a vizinhança das unidades industriais). Uma boa parte dos resultados é divulgada publicamente, o que revela transparência da empresa junto ao mercado. Saiba mais Conheça as ações e resultados da Basf em: BASF. Conheça mais sobre sustentabilidade. [s.d.]. Disponível em: <https://www.basf.com/br/pt/who-we-are/sustainability.html>. Acesso em: 28 dez. 2018. Uma boa ideia é baixar e ler o último Relatório Anual e conhecer de modo transparente os modos de atuar de maneira socialmente responsável. 95 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL 6.4 Caso do Pão de Açúcar As Estações de Reciclagem do Grupo Pão de Açúcar fazem parte do primeiro programa de parceria entre indústria e varejo no Brasil. Criado em 2001 em parceria com a multinacional Unilever e presente em mais de 40 cidades, o programa disponibiliza nos estacionamentos dos supermercados Pão de Açúcar os postos de entrega voluntária (PEVs), nos quais qualquer pessoa, mesmo que não seja cliente, pode depositar materiais recicláveis como papel, plástico, metal, vidro e óleo usado de cozinha em contêineres apropriados. As Estações de Reciclagem do Grupo Pão de Açúcar trazem benefícios: • ambientais, pois já coletaram mais de 100 mil toneladas de resíduos recicláveis desde 2001; • sociais, pois doam 100% da coleta para 37 cooperativas de reciclagem, gerando renda para mais de 2.500 pessoas de forma direta e indireta; • de relacionamento com clientes, que depositam seus resíduos, e com fornecedores, que apoiam a iniciativa. Outro programa do Grupo Pão de Açúcar é voltado para a coleta de lâmpadas nos hipermercados Extra. São cerca de cinquenta estações de coleta nos hipermercados de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e outros. O início do programa ocorreu em 2017, e mais de 44 mil lâmpadas incandescentes, tubulares e compactas foram coletadas e descartadas de maneira adequada, evitando assim a contaminação de solo e água que lâmpadas descartadas de forma incorreta causam. O Grupo Pão de Açúcar considera como estratégico os programas, uma vez que incentivam a conscientização ambiental e fomentam mudanças de hábito nas pessoas. 6.5 Caso da Sabesp Empresa concessionária de serviços de saneamento básico no estado de São Paulo, a Sabesp, pela própria natureza de seus serviços, está intimamente ligada ao meio ambiente e segue a norma ISO 14001 nas estações de tratamento, além de ter programas específicos de sustentabilidade. Um deles é o Programa Córrego Limpo, que visa sanear córregos de diversas regiões para evitar o lançamento de esgoto. Segundo o relatório de Sustentabilidade 2017 (SABESP, 2017, p. 44), em dez anos o programa despoluiu mais de 150 córregos, beneficiando cerca de 2,5 milhões de pessoas. Outros exemplos de programas da Sabesp são: Programa Mananciais, que visa recuperar as bacias de duas das principais represas da Região metropolitana de São Paulo, e Programa Pró-Billings, que amplia a coleta de esgoto e encaminhamento para tratamento na região da Represa Billings. 96 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II Saiba mais Conheça as ações e resultados de responsabilidade ambiental da Sabesp: SABESP. Relatório de Sustentabilidade. 2017. Disponível em: <http:// site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=93>. Acesso em: 28 dez. 2018. 6.6 Caso do Banco HSBC O grupo inglês HSBC enfrentou sérios problemas em 2014 e 2015 com a queda dos lucros globais em função das notícias envolvendo contas secretas mantidas por criminosos e sonegadores fiscais (incluindo políticos brasileiros). A imagem corporativa ficou seriamente comprometida e mudanças significativas se deram desde então. Isso não impediu a filial brasileira do HSBC de ser uma das empresas modelo do Guia Exame 2015 de Sustentabilidade. Três indicadores estavam acima da média: Gestão da Água, Gestão da Biodiversidade e Gestão de Resíduos. Todos os outros indicadores, exceto um, estavam dentro da média, como Relação com a Comunidade e Relação com os Clientes. Um dos pontos fortes do banco era um programa de treinamento mundial para funcionários se tornarem líderes ambientais e aproveitarem as oportunidades ligadas às mudanças climáticas. Além de um curso pela internet, o funcionário podia se engajar em ações voluntárias promovidas pelo banco. O objetivo era ser promovido a “líder ambiental”, cujo papel era disseminar conhecimentos interna e externamente (junto à comunidade) e propor ações ambientais. O programa, batizado de Climate Partnership, teve investimentos globais de 100 milhões de dólares, dos quais 20 milhões foram destinados ao Brasil. Em 2015, a operação brasileira do HSBC foi comprada pelo Bradesco. 6.7 Caso da Petrobrás Segundo o Relatório Sustentabilidade 2017 da Petrobrás, o Plano Estratégico 2018-2022 delineia uma estratégia específica preparando a empresa para um futuro baseado em uma economia de baixo carbono. Ou seja, a questão ambiental está moldando o futuro da empresa. Essa estratégia apresenta três linhas de ação: • Reduzir emissões de carbono dos processos produtivos: essa ação visa melhorar o faturamento mesmo adotando processos de redução de emissão de gases de efeito estufa. A chave está em melhoria contínua e em investimentos em tecnologias inovadoras e promissoras. 97 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL • Investir e promover novas tecnologias para reduzir o impacto na mudança climática: essa ação busca melhor aproveitamento e eficiência de equipamentos. • Desenvolver negócios de alto valor em energia renovável: essa ação tem foco em pesquisa e desenvolvimento em energia solar, eólica e biocombustíveis, além de tecnologias emergentes e viáveis. Saiba mais Conheça a atuação corporativa, resultados e contribuições da Petrobrás: PETROBRAS. Sustentabilidade. [s.d.]. Disponível em: <http://www. investidorpetrobras.com.br/pt/relatorios-anuais/relato-integrado/ sustentabilidade>. Acesso em: 28 dez. 2018. 7 MARKETING SOCIAL Schneider e Luce (2014) resgatam o histórico do conceito de marketing social compilando trabalhos de Wiebe, Arnold, Fischer, Kotler e Levy, entre outros. A origem na década de 1950, nos EUA, ocorreu em função da discussão da força do rádio e da TV para propagar campanhas de objetivos sociais. O questionamento era: dá para vender fraternidade da mesma forma que se vende sabonete? Na década de 1960, a discussão girava em torno da hipótese de o marketing assumir deveres e responsabilidades de uma instituição de controle social, e na década de 1970 se discutia sobre a ampliação do conceito de marketing além do contexto meramente empresarial, abrigando atividades mercadológicas de museus, órgãos públicos, parquesmunicipais etc. Com o acirramento dos debates entre marketing e sociedade, em 1971 o Journal of Marketing publicou uma edição especial sobre a mudança do papel do social e ambiental do marketing. O editorial de Kelley (1971), alinhado ao trabalho de Lazer (1969), afirma que os consumidores não se preocupam apenas em satisfazer seus desejos e necessidades, mas também estão preocupados com o bem-estar societal e nesse contexto as empresas devem atender às demandas societais das mudanças no ambiente (SCHNEIDER; LUCE, 2014, p. 127). A primeira definição clara para marketing social veio de Kotler e Zaltman (1971), quando se amplia o conceito de troca/transação além das transações monetárias: “desenho, planejamento e controle de programas para influenciar a aceitação de ideias sociais envolvendo considerações de planejamento de produto, comunicação, preço, distribuição e pesquisa de mercado” (KOTLER; ZALTMAN, 1971, p. 5). 98 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II O marketing social está num patamar mais amplo que o marketing tradicional: • Produtos sociais envolvem variáveis de decisão bastante controversas, pois o público-alvo muitas vezes tem interesses conflitantes entre si. • Produtos sociais raramente atendem necessidades imediatas, ou seja, a satisfação leva tempo para se manifestar. Segundo Cobra (1986), o marketing social é conceituado como um intercâmbio de valores não necessariamente físicos nem econômicos, mas que podem ser sociais, morais ou políticos, sendo utilizado para vender ideias ou propósitos que proporcionem bem-estar à comunidade. Note que o veterano autor de marketing já intuía em 1986 a vertente do marketing social indo além dos objetivos meramente mercadológicos das organizações. Melo Neto (2000, p. 35), numa visão um pouco reducionista, define o marketing social como uma “modalidade de marketing promocional, que tem como objetivo divulgar as ações sociais de uma empresa de modo que ela obtenha a preferência dos consumidores, o respeito dos clientes, a admiração dos funcionários, a satisfação dos acionistas e o reconhecimento da comunidade”. Note que este autor trata o marketing social basicamente como uma parte do planejamento mercadológico limitado à comunicação, enquanto Kotler estabelece bases bem mais amplas e inclusivas. Segundo Pringle e Thompson (2000), aderir a uma causa pode melhorar a reputação e ampliar a intenção de compra dos clientes, além de permitir se relacionar melhor com stakeholders. A esta altura, você pode estar se perguntando sobre a diferença entre RSE e marketing social, e a resposta é simples: RSE é utilizada por organizações com fins lucrativos e marketing social é utilizado por organizações sem fins lucrativos. É evidente que as organizações voltadas para marketing social podem fazer parcerias com as organizações voltadas para RSE. Essa parceria é benéfica para ambos. 7.1 O caso Rede Globo – Criança Esperança Desde 1986, a Rede Globo apresenta o Criança Esperança, que segundo Castro, França e Gomes (2016) é atualmente um dos maiores projetos sociais dirigidos a crianças carentes do mundo. O programa de TV tem a capacidade de mobilizar artistas e cidadãos de todas as classes sociais para contribuir com a causa da infância e da juventude. Até 2004, a entidade parceira era o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) como foco em crianças carentes, e em 2005 passou a ser a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ampliando o escopo da campanha ao incluir jovens e adolescentes em situação de risco. 99 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL Note que Unicef e Unesco fazem marketing social, e a Rede Globo atua em RSE com essas entidades parceiras. Figura 14 Figura 15 Segundo Castro, França e Gomes (2016), as doações recebidas são depositadas diretamente em uma conta da Unesco. Independentemente de sua simpatia ou ojeriza à Rede Globo, as doações efetivamente são destinadas a projetos sociais através da Unesco, que é um órgão da ONU. Esses projetos são selecionados previamente pela Unesco nas áreas de desenvolvimento social, comunicação, ciências naturais, educação e cultura sem influência da Rede Globo. Claro que se pode argumentar que a audiência do programa gera receita em função de anúncios publicitários, ou seja, a Rede Globo tem lucro na operação. Mas lembre-se que estamos falando de RSE, e o lucro proveniente de ações socialmente responsáveis faz parte da equação. 7.2 O caso McDonald’s – McDia Feliz O McDia Feliz é um evento de periodicidade anual em que a renda líquida da venda dos sanduíches Big Mac é encaminhada para instituições de combate ao câncer infantil. Figura 16 100 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II A cada ano, desde 1988, no dia 25 de agosto a campanha toma forma. Desde o início, mais de R$ 260 milhões foram arrecadados e encaminhados para instituições parceiras. Em 2018, o McDia Feliz chega a sua 30ª edição, amplia seu impacto social e beneficia duas causas de grande importância no Brasil: saúde e educação. Sendo assim, além do combate ao câncer infantojuvenil, que hoje é a maior causa de morte de crianças e adolescentes, através das instituições apoiadas pelo Instituto Ronald McDonald, a campanha também destinará recursos para o Instituto Ayrton Senna, organização não governamental que, há mais de 20 anos, trabalha para desenvolver o potencial das novas gerações por meio da educação integral, ampliando suas oportunidades de vida e tornando-as agentes de transformação (MCDONALD’S, [s.d.]). Veja que a promessa é de doar a receita líquida (ou seja, descontados os impostos) de um dos produtos à venda. Ou seja, a receita de todos os outros produtos não faz parte da campanha. Assim, fica um exemplo de atividade socialmente responsável que na prática gera lucro para a companhia. É possível perceber que o enorme fluxo de clientes no dia da campanha aumenta significativamente o faturamento de cada uma das unidades. Assim, o McDonald’s está atuando em RSE, e as entidades parceiras, como o Instituto Ayrton Senna, estão fazendo marketing social. 8 AS RELAÇÕES ENTRE PRIMEIRO, SEGUNDO E TERCEIRO SETOR Em Economia, a distinção entre Primeiro e Segundo Setor sempre foi clara. Segundo Tenório (1998), o Primeiro Setor é o setor público, ou seja, o conjunto das organizações e propriedades urbanas e rurais pertencentes ao Estado, e o Segundo Setor é o setor privado, ou seja, o conjunto das empresas particulares e propriedades urbanas e rurais pertencentes a pessoas físicas ou jurídicas e fora do controle do Estado. Há diversas definições e abordagens sobre o Terceiro Setor. Veja alguns exemplos: • Fernandes (1994) define como aquele que é composto de organizações não governamentais e sem fins lucrativos, que foram criadas e são mantidas por voluntários comprometidos com as práticas da caridade, da filantropia e do mecenato. • Thompson (1997) define como aquele que trata de todas aquelas instituições sem fins lucrativos que, a partir do âmbito privado, perseguem propósitos de interesse público. • Tenório (1999) define como agentes não econômicos e não estatais que procuram atuar, coletiva e formalmente, para o bem-estar de uma comunidade ou sociedade local, sub-regional ou regional, nacional ou internacional. Note que todas as definições abordam a distinção entre privado e público. Nesse tema, Fernandes (1994) contribui com uma discussão acerca dessa distinção e localiza o Terceiro Setor:101 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL Quadro 9 – Diferenciação público X privado Agentes Fim Setor Privados Privados Mercado Públicos Públicos Estado Privados Públicos Terceiro Setor Públicos Privados Corrupção Fonte: Fernandes (1994, p. 20). O mercado, nessa acepção, é o Segundo Setor, e o Estado é o Primeiro. Note que o inexistente “quarto setor” conceitual é a corrupção, pois são agentes públicos para fins privados. O Terceiro Setor, de acordo com Silva (2010), é composto de escolas, centros de pesquisa e de profissionalização, museus, grupos literários, orquestras sinfônicas, hospitais, asilos, creches, associações de bairro, sindicatos, associações profissionais e mutualistas, clubes de lazer, todos sem fins lucrativos, muitas vezes legalmente constituídas como ONGs ou Oscips. Este fenômeno se observa em todo o mundo. Há milhares de ONGs em praticamente todos os países, algumas de alcance mundial. 8.1 Panorama histórico das ONGs no Brasil Em termos brasileiros, o início do atualmente denominado Terceiro Setor remonta ao século XVI através da filantropia e caridade religiosa na forma das Santas Casas de Misericórdia. No início do Brasil Colônia, a população em geral não tinha praticamente nenhuma assistência governamental, e a Santa Casa cobria essa lacuna: [..] apoiava-se em um modelo importado pelas Casas de Misericórdias portuguesas, de iniciativas caritativas e cristãs, que tratavam a questão social como de resolução da sociedade, mediante a criação de asilos, educandários e corporações profissionais. [...] Nessa origem está a primeira Santa Casa de Misericórdia fundada em Santos por Brás Cubas, em 1543, e a primeira doação voluntária que consta do testamento da senhora Isabel Fernandes que, em 1599, dizia: “Deixo à Misericórdia mil réis” (CABRAL, 2007, p. 56). Até o final do século XIX mais organizações filantrópicas foram surgindo, como educandários, asilos e hospitais, sendo a grande maioria ligada à Igreja Católica, e algumas ligadas a ricos filantropos, sempre com foco assistencialista. Silva (2010) aponta as diferenças entre assistencialismo e assistência social: • Assistencialismo é uma prática paternalista de atender necessidades sem necessariamente reconhecer direitos. 102 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II • Assistência social é uma política de estado para enfrentar a pobreza e as mazelas sociais que busca garantir direitos mínimos. Os governos dessa época pouco faziam, mas algo de positivo podia ocorrer. Então, basicamente, três grupos sustentaram a ação social por aproximadamente 300 anos: a Igreja Católica, em maior escala e com mais organização, benevolentes cavalheiros, que normalmente ansiavam por reconhecimento público, e em último lugar o governo. A figura a seguir ilustra a configuração do Terceiro Setor até o século XIX: Práticas de gestão Terceiro Setor LegislaçãoFontes de recurso Governo Indivíduos Igreja Elementos surgidos no período Legenda: Figura 17 – Configuração do Terceiro Setor até o século XIX Então veja: o Terceiro Setor na época tinha práticas de gestão e relacionamento com a legislação ainda incipientes, e as fontes de recursos eram governo, filantropos e Igreja. Nas primeiras décadas do século XX, transformações começaram a ocorrer. As décadas de 1920 e 1930 testemunharam o crescimento de várias cidades brasileiras e também das indústrias, criando novos e mais complexos problemas sociais. Outras organizações apareceram para atender essas demandas; sindicatos, associações e federações voltados ao interesse dos trabalhadores vão trazendo o Primeiro Setor para participação, e benefícios aos operários foram sendo negociados. O modelo de filantropia e assistencialismo permanecia dominante. A Constituição Brasileira de 1934 introduziu o modelo de Estado Social, ou seja, passou a institucionalmente ter preocupações econômicas e sociais. Cabral (2007) afirma que o Estado brasileiro nessa época passou a desenvolver e implantar políticas públicas de saúde e educação, além de subvencionar diversas instituições filantrópicas. Note que essa mudança de fonte de recursos das filantrópicas significa dependência do Estado. Na década de 1950, de acordo com Silva (2010), um arcabouço legal definia as regras de entidades filantrópicas: O reconhecimento institucional das organizações foi ampliado em 1959 com a criação do Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos (Lei nº 3.577/1959). 103 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL O título de Utilidade Pública inicialmente não ofereceu nenhum benefício econômico para as organizações. Contudo, com o Certificado de Filantropia, ficaram isentas da contribuição patronal previdenciária “[...] as entidades de fins filantrópicos, reconhecidas como de utilidade pública, cujos membros de suas diretorias não recebam remuneração” (SILVA, 2010, p. 1308). As leis da época na prática representam a pedra fundamental do estabelecimento institucional do Terceiro Setor no Brasil. Na prática, a tutela do Estado também significou maior vigilância e controle, já que as instituições precisavam apresentar relatórios de cunho fiscal/legal e seguir alguns modelos de gestão para ter acesso aos recursos governamentais ou para gozar de imunidades fiscais. A figura a seguir ilustra a configuração do Terceiro Setor no século XX até a década de 1960. Os tópicos de fundo cinza são, de acordo com a legenda, as inclusões ao modelo anteriormente apresentado: Prestação de contas Organizações nacionais Utilidade pública Entidade beneficiente Código civil 1916 Constituição 1934 Forma jurídica Práticas de gestão Terceiro Setor LegislaçãoFontes de recurso Governo Indivíduos Igreja Elementos surgidos no período Legenda: Finanças Empresas Figura 18 – Configuração do Terceiro Setor no século XX até a década de 1960 Podemos perceber que as práticas de gestão ficam mais robustas em função da obrigação da prestação de contas e do rigoroso controle financeiro exigido. Além disso, a legislação passa a intervir fortemente num conjunto de definições do marco legal. Quanto às fontes de recursos, há o acréscimo das novas organizações e das empresas. Pereira (2003) resgata a origem das organizações denominadas de não governamentais no Brasil na década de 1970: O termo não existe legalmente e caracteriza-se como um conceito socialmente construído e difundido. Internacionalmente, o termo originou-se nas Nações Unidas (non-governmental organizations – NGO), onde foi 104 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II utilizado pela primeira vez para se referir às organizações da sociedade civil comprometidas com a reconstrução social após a II Guerra Mundial. Essas organizações não haviam sido criadas por acordos governamentais, logo, eram “organizações não governamentais” (PEREIRA, 2003, p. 11). Originalmente, as ONGs brasileiras estavam ligadas à resistência ao governo militar da época. O discurso de liberdade de expressão e cidadania atraiu organizações americanas e europeias como a Rockefeller Foundation, o Banco Mundial e a Unicef, por exemplo. Silva (2010) observa que a entrada de recursos financeiros internacionais representa uma mudança na configuração de algumas das ONGs e entidades filantrópicas, pois o vínculo e dependência com o governo se esvanecepelo vínculo com as novas organizações de fomento. Outra mudança é devida à busca de recursos próprios através da fabricação e comercialização de bens como camisetas e outros artigos. Após a transição do governo militar para a democracia, o espaço para mais ONGs foi naturalmente aberto, já que os movimentos e ideais sociais eram bastante variados na forma e conteúdo. A constituição de 1988 criou novos direitos civis e alterou os rumos das políticas sociais. A “Constituição Cidadã” reconheceu a importância do Terceiro Setor, e um dos mecanismos de interferência foram os Conselhos de Políticas Públicas, segundo Silva (2010). Sejam federais, estaduais ou municipais, esses Conselhos são compostos de representantes do governo e da sociedade civil e criaram um terreno fértil para o desenvolvimento de mais ONGs –muitas delas de caráter duvidoso, é preciso reconhecer, mas essa discussão não cabe neste livro-texto. Vamos focar nas ONGs que efetivamente fazem a diferença! A figura a seguir ilustra a configuração do Terceiro Setor na década de 1980: Prestação de contas Avaliação de atividades Organizações nacionais Organizações internacionais Utilidade pública Entidade beneficiente Código civil 1916 Constituição 1988 Forma jurídica Práticas de gestão Planejamento Terceiro Setor LegislaçãoFontes de recurso Governo Indivíduos Igreja Elementos surgidos no período Legenda: Finanças Captação de recursos Recursos próprios Conselho de políticas púb. Empresas Figura 19 – Configuração do Terceiro Setor na década de 1980 105 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL Podemos notar que os novos elementos sistêmicos em práticas de gestão são melhor planejamento e avaliação das atividades para aumentar a captação de recursos. Na legislação, a Constituição de 1988 e os Conselhos alteram o panorama. As fontes de recursos ganham o reforço das organizações internacionais de fomento e da capacidade de gerar recursos próprios. Na década de 1990, os acontecimentos sociais e econômicos mundiais moldaram a estrutura e a lógica do Terceiro Setor no mundo e, por conseguinte, no Brasil. As interconexões entre o fim da União Soviética e a derrocada do comunismo soviético, o redesenho do capitalismo, a hegemonia do liberalismo econômico, o avanço da globalização, a queda de barreiras para os arranjos produtivos globais, a insignificância conceitual das fronteiras no que tange à massificação cultural e as cada vez mais rápidas mudanças dos paradigmas tecnológicos e sociais mais uma vez criaram um ambiente propício para a proliferação das ONGs. No Brasil, a crise política e o avanço dos movimentos sociais também contribuíram localmente. A Associação Brasileira de ONGs (Abong), criada em 1991, de acordo com Silva (2010), promoveu discussões entre organizações de porte, escopo e objetivos diferentes. Essa mesma década viu nascer o Gife e o Instituto Ethos, ambos já citados anteriormente. Prêmios de qualidade e eficiência no setor contribuíram para seu crescimento, bem como a institucionalização da pesquisa acadêmica e a iniciativa governamental de criar em 1995 o Conselho da Comunidade Solidária para otimizar o uso dos recursos estatais no combate à pobreza. Segundo Silva (2010), esse Conselho definiu: • o papel estratégico do Terceiro Setor; • a mudança do marco legal; • a abrangência do Terceiro Setor; • mecanismos de transparência e responsabilidade; • modelos de financiamento; • regulamentação do voluntariado. O resultado foi a Lei do Voluntariado (Lei nº 9.608/1998) e a Lei das Oscips (Lei nº 9.790/1999), entre outras contribuições. Virando o século, em 2002, o novo Código Civil (Lei nº 10.406/2002) alterou significativamente o marco legal. A figura a seguir ilustra a configuração do Terceiro Setor no início do século XXI: 106 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II Prestação de contas Avaliação de atividades Organizações nacionais Organizações internacionais Utilidade pública Entidade beneficiente Código civil 2002 Gestão de pessoas e voluntariado Constituição 1988 Forma jurídica Práticas de gestão Planejamento Terceiro Setor LegislaçãoFontes de recurso Governo Indivíduos Igreja Elementos surgidos no período Legenda: Finanças Captação de recursos Recursos próprios Conselho de políticas púb. Empresas Lei do voluntariado Oscip Auditoria Marketing Figura 20 – Configuração do Terceiro Setor no início do século XXI Os novos entrantes do modelo são a necessidade de auditoria, da gestão de pessoas e de voluntários e das ferramentas de marketing nas práticas de gestão. No campo da legislação, são o novo Código Civil com as alterações na formatação jurídica das ONGs e a lei do voluntariado e das Oscips. As fontes de recursos permaneceram as mesmas, malgrado a evolução dos métodos de transferência de recursos através da tecnologia. Após esse resgate histórico e contextual, convidamos você a conhecer (ou a rever) as principais ONGs do mundo e do Brasil. Não pretendemos esgotar o assunto, já que a variedade e quantidade é imensa. Apenas procuramos contribuir para seu conhecimento de importantes players do Terceiro Setor. As ONGs internacionais mais relevantes serão vistas a seguir: Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (UNHCR) Figura 21 – Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (UNHCR) 107 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL Responsável por ações internacionais de proteção aos refugiados em diversos países do mundo, foi criada em 1950 pela ONU para atender refugiados europeus após a Segunda Guerra Mundial. Recebeu duas vezes o Prêmio Nobel da Paz (1954 e 1981). São 12 mil funcionários em mais de 130 países. Trabalha também por meio de parcerias com outras ONGs e atende mais de 67 milhões pessoas. As fontes de financiamento são: contribuições de governos, doações de empresas privadas e doações de pessoas físicas. Tem um orçamento anual de US$ 7,5 bilhões. World Wildlife Fund (WWF) Figura 22 – World Wildlife Fund (WWF) Organização internacional com o propósito de combater a trajetória de degradação socioambiental no mundo. Criada em 1961, atua em mais de cem países e estabelece relações em todos os níveis: desde tribos em lugares distantes até organizações internacionais como ONU e Banco Mundial. São mais de cinco milhões de associados em todo o mundo. Greenpeace Figura 23 – Greenpeace Organização internacional independente atuante em questões relacionadas à preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Realiza campanhas voltadas a florestas, clima, energia nuclear, oceanos, engenharia genética, substâncias tóxicas, transgênicos, agrotóxicos e energia renovável. 108 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II A estratégia de atuação é midiática: normalmente cria ações de grande visibilidade para sensibilizar a opinião pública. Atua sob o princípio da desobediência civil, e por isso muitos dos voluntários acabam sendo presos pelas autoridades, tendo um forte corpo de advogados para providenciar a soltura. Uma matéria da revista Superinteressante resgata a origem do Greenpeace: Como surgiu o Greenpeace? O grupo ambientalista mais famoso do mundo completa 40 anos. Teve início em 15 de setembrode 1971, quando 12 pessoas, entre jornalistas e defensores da natureza, saíram de Vancouver, no Canadá, para as ilhas Aleutas, à oeste do Alasca. A bordo do barco de pesca Phyllis Cormack, pretendiam protestar contra os testes nucleares dos EUA na região. Com o mundo em plena Guerra do Vietnã, o protesto causou comoção. O grupo não chegou ao destino: foi preso pela guarda costeira americana em 20 de outubro e enviado de volta a Vancouver. O barco tinha uma bandeira com as palavras “green” e “peace”. Isoladas, não cabiam no bottom vendido para arrecadar fundos para a viagem. Por isso acabaram sendo grudadas, dando nome à ONG. A viagem, porém, não foi em vão: o Greenpeace virou manchete de jornais e a fama fez com que outro teste nuclear previsto fosse adiado – ele aconteceu, mas foi o último nas ilhas Aleutas. Hoje a organização não governamental com sede em Amsterdã, Holanda, está presente em 42 países, incluindo o Brasil. Fonte: Noronha (2018). No Brasil, entre as ONGs mais conhecidas, podemos citar: Instituto Ayrton Senna Figura 24 – Instituto Ayrton Senna Organização fundada em 1994 pela família do piloto Ayrton Senna, tem foco em criar oportunidades de desenvolvimento para crianças e jovens através da educação. A atuação é voltada a formar educadores, ceder soluções educacionais e melhorar a gestão das escolas. 109 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL A revista Planeta faz um resumo da atuação da ONG: A psicóloga e empresária Viviane Senna é a responsável por concretizar um sonho do irmão Ayrton, piloto que se tornou um dos maiores ícones esportivos do Brasil: investir em educação para ajudar o país a reduzir as desigualdades sociais e criar oportunidades de desenvolvimento para crianças e jovens. O Instituto Ayrton Senna, que ela fundou em 1994 (ano em que Ayrton morreu) e preside até hoje, pesquisa e produz conhecimentos para melhorar a qualidade da educação, colocando à disposição das administrações públicas, sem custos, serviços de gestão do processo educacional que abrangem diagnóstico e planejamento, formação de gestores e educadores, desenvolvimento de soluções pedagógicas e tecnológicas inovadoras (SENNA, 2017). Reconhecido pela ONU, o Instituto Ayrton Senna treina e capacita 45 mil professores e gestores de educação em 600 municípios, beneficiando cerca de 1,5 milhão de estudantes. SOS Mata Atlântica SOS MATA ATLÂNTICA Figura 25 – SOS Mata Atlântica Criada em 1986, essa ONG promove a conservação da Mata Atlântica através de ações sustentáveis que promovam conhecimento sobre o tema. Sua atuação envolve projetos de conservação ambiental, incentivo a políticas públicas, monitoração de desmatamento e programas de educação ambiental, entre outros. Vários projetos ocorrem em parceria com o Primeiro Setor. Um exemplo é o Centro de Experimentos Florestais SOS Mata Atlântica – Heineken Brasil, localizado numa fazenda doada pela Cervejaria Heineken. Nesse projeto, um viveiro produz centenas de milhares de mudas de mais de cem espécies nativas da Mata Atlântica para plantio. Além disso, é um centro de pesquisa e de capacitação de profissionais da área. Contribui com a educação ambiental através de visitas guiadas de escolas e população em geral. 110 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II Santas Casas de Misericórdia Provavelmente há uma Santa Casa de Misericórdia na sua região, ou mais de uma: são quase 200 presentes em 22 estados brasileiros, segundo Carvalho (2005). A Santa Casa de Misericórdia de Olinda - PE é a mais antiga do país: foi fundada em 1539. Claro que naquela época não existia ainda o conceito de ONG. Pela legislação vigente, as Santas Casas são consideradas filantrópicas, pois são portadoras do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Ceas), o que garante vantagens fiscais e tributárias. Os hospitais filantrópicos têm uma missão: O Código de Ética do Hospital Filantrópico define como missão das instituições a prática dos valores evangélicos: prestar todo tipo de apoio à recuperação e ao aprimoramento físico, intelectual, profissional, moral e espiritual dos seres humanos; apoiar as sociedades, no sentido da universalização do bem-estar, da justiça e da fraternidade (CARVALHO, 2005, p. 3). Por lei, hospitais filantrópicos são obrigados a atender o Sistema Único de Saúde (SUS) do Governo Federal, sendo que a oferta de atendimento dessa categoria deve ser superior a 60% das internações. Em diversas regiões, a Santa Casa de Misericórdia local é o único local de atendimento à saúde da população. Exemplo de aplicação As ONGs são um exemplo prático de organização de esforços para gerar benefícios sociais e ambientais. Pesquise na sua região as ONGs mais significativas e publique nas redes sociais suas descobertas. Contribua para a propagação desse bem! Para finalizar, vamos verificar em números a importância do Terceiro Setor no Brasil: Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) e o Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicada (Ipea), atestam que existem no país 290.692 Associações Privadas sem Fins Lucrativos (ONGs), que empregam 2.128.007 milhões de trabalhadores, ou 5,3% dos empregados em todas as organizações formalmente registradas no País. Por seu tamanho e importância, o chamado Terceiro Setor é responsável pela formação de 5% do PIB brasileiro (ESCOLAS..., 2018). 111 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL 8.2 Prêmios e instituições Os prêmios relacionados a RSE e Desenvolvimento Sustentável são considerados fontes de estímulo para o desenvolvimento da consciência social e ambiental, pois induzem as organizações à busca contínua de melhoria e aprimoramento, além de ensejar uma competição sadia entre as organizações participantes. Adicionalmente, os prêmios trazem visibilidade pública para a importância das atividades correlatas e aumentam a reputação positiva das organizações premiadas. Há também diferentes eventos ligados a esses assuntos que merecem destaque, bem como diversas instituições importantes. Prêmio Inovação em Sustentabilidade Ethos Em 2008, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e a Usaid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) criaram o Prêmio Inovação em Sustentabilidade para ser concedido à melhor iniciativa inovadora que promova inclusão social com equilíbrio ambiental e que apresente viabilidade econômica. As organizações participantes são associações comunitárias, empresas, Oscips, ONGs, instituições de ensino, entre outras. Os temas eram de grande relevância no cenário nacional de sustentabilidade: Quadro 10 Temas Objetivos 1 – Desenvolvimento de cadeia de valor* Apoiar a expansão de projetos-piloto de RSE selecionados 2 – Educação Estimular parcerias futuras entre empresas e ONGs Encorajar pesquisa em sustentabilidade Estimular o desenvolvimento de culturas alinhadas com o desenvolvimento sustentável 3 – Meio ambiente Reconhecer esforços em responsabilidade socioambiental de sucesso e destaque 4 – Saúde Estimular abordagem preventiva em questões de saúde Estimular ações de ampliação de acesso ao serviço de saúde 5 – Tecnologia da Informação (TI) Documentar esses esforços e apoiar sua disseminação Demonstrar como a TI está auxiliando projetos sustentáveis * Entende-se por cadeia de valor todos os envolvidos em processosou atividades que forneçam ou recebam valor da organização em forma de produtos e/ou serviços. Fonte: Instituto Ethos [s.d.]c. Um dos vencedores foi a Agência Mandalla, que desenvolveu um engenhoso sistema de policultura para pequenas áreas rurais. São nove círculos, um dentro do outro, com distâncias calculadas onde se planta e colhe verduras e legumes. Os três primeiros círculos servem para a subsistência da família; outros quatro servem para venda; e os últimos dois atendem o equilíbrio ambiental. No centro do círculo há um tanque para irrigação conectado aos círculos. A imagem é de uma mandala. 112 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II A Mandala é um modelo alternativo de irrigação, em que é possível fazer consórcio de fruteiras, hortaliças, verduras, plantas medicinais e pequenos animais ao redor de um reservatório circular de água, cujo excedente da produção pode ser comercializado. É uma tecnologia social ecológica que permite independência econômica aos usuários, pois não necessita a utilização de agrotóxicos; é importante também, como alternativa de convivência com o semiárido, pois pode ser uma fonte de geração de renda, sendo possível a irrigação durante os verões intensos. A Mandala é formada por um tanque central onde a água é armazenada, bombeada e distribuída de forma circular nas lavouras. A irrigação é realizada por microaspersores (de cotonetes adaptados), reduzindo consideravelmente a quantidade da água utilizada durante a irrigação (MELO, 2013, p. 2). Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), criada em 1957, trata de questões ligadas à Indústria da Construção e ao Mercado Imobiliário, reunindo mais de oitenta sindicatos e associações patronais do setor da construção em todo o Brasil. Em sua 21ª edição, o Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade reconhece e premia soluções inovadoras para a modernização da indústria da construção. As organizações participantes incluem universidades, construtoras, varejo, consultorias, imobiliárias, fabricantes e outros. Exemplos de casos vencedores: • Sistema de proteção contra queda de operários na construção civil. • Sistema de reúso de água. • Revestimento com isolamento térmico. • Sistema de construção de baixo custo com materiais reciclados. • Utilização de rejeitos siderúrgicos em pavimentação. Melhores em Gestão (FNQ) A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) realizou durante 25 anos as edições do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), reconhecimento das organizações que praticam a Excelência em Gestão no Brasil. Em 2017, o prêmio foi remodelado e passou a se chamar Melhores em Gestão. Esse prêmio promove a melhoria da qualidade da gestão e o aumento da competitividade das organizações sediadas no Brasil com foco na excelência em sustentabilidade e cooperação, gerando valor para a sociedade. 113 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL O novo Modelo de Excelência da Gestão (MEG), lançado em outubro de 2016, é a base de metodologia da FNQ e tem oito fundamentos da excelência que são avaliados: • Pensamento sistêmico. • Aprendizado organizacional e inovação. • Liderança transformadora. • Compromisso com as partes interessadas. • Adaptabilidade. • Desenvolvimento sustentável. • Orientação por processos. • Geração de valor. Note que dois desses fundamentos guardam relação direta com sustentabilidade e responsabilidade social: compromisso com as partes interessadas e desenvolvimento sustentável. Saiba mais O Modelo de Excelência de Gestão serve para todo tipo e porte de empresa. Conheça mais em: FNQ. Modelo de Excelência da Gestão. [s.d.]. Disponível em: <http:// www.fnq.org.br/aprenda/metodologia-meg/modelo-de-excelencia-da- gestao>. Acesso em: 2 jan. 2019. Guia Exame de Sustentabilidade O Guia Exame de Sustentabilidade foi criado em 2000 com outro nome: Guia Exame de Boa Cidadania Corporativa. Nele se divulgavam as melhores práticas de responsabilidade social adotadas em empresas brasileiras e se elegiam as “empresas-modelo”. Sua metodologia de indicadores era do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Em 2007, a metodologia adotada passou a ser do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP), e seu nome passou a ser Guia Exame de Sustentabilidade. 114 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II Em 2018, algumas das empresas premiadas foram: • Baterias Moura; • Weg; • Grupo Boticário; • Siemens; • Eurofarma; • Itaú Unibanco; • Duratex; • ArcelorMittal; • Fibria; • Lojas Renner. Prêmio ECO – Valor Econômico e Amcham Criado em 1982 pela Câmara Americana de Comércio (Amcham, ou American Chamber of Commerce), foi um dos primeiros prêmios voltados para organizações que adotam práticas socialmente responsáveis. Até 2017, teve participação de mais de 2.000 empresas brasileiras e multinacionais, que inscreveram mais de 2.500 projetos, sendo 225 premiados. O foco está em estratégia, liderança e inovação em sustentabilidade, premiando práticas de sustentabilidade em duas categorias: Sustentabilidade em Processos - Envolve processos de negócio que passaram a levar em conta atributos de sustentabilidade, tanto na sua própria operacionalização quanto nas políticas que os orientam e nos indicadores que avaliam seus resultados. Como exemplos de processos podem ser considerados: aquisição de insumos e serviços em geral; logística/serviços de abastecimento; fabricação de produtos/prestação de serviços; gestão de pessoas, comunicação e outros processos de apoio; logística/serviços de distribuição; comercialização e pós-venda; entre outros. Sustentabilidade em Produtos ou Serviço - Refere-se a produtos ou serviços ou linhas de produtos ou serviços que possuem atributos de sustentabilidade incorporados. Estes atributos devem fazer parte do ciclo de vida do produto 115 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL ou serviço, ou seja: na concepção/design; na fabricação/elaboração; na distribuição; consumo/prestação e no descarte/reutilização (ECO, 2019). Prêmio CBIC de Responsabilidade Social Prêmio setorial criado em 2005 pelo Fórum de Ação Social e Cidadania (Fasc) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), tem foco em estimular o desenvolvimento de ações sociais no setor da Construção. A premiação é feita em cinco categorias: • Materiais e Componentes; • Sistemas Construtivos; • Pesquisa Acadêmica; • Gestão da Produção e P&D; • TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação. Como exemplos de premiações, temos: • Universidade Estadual de Maringá: sistema de proteção contra queda de operários em atividades de construção de andares altos, com foco em prevenção e segurança. • Universidade Federal de Ouro Preto: blocos para pavimentação sustentáveis feitos com os rejeitos de minério de ferro. São utilizados rejeitos equivalentes aos da Barragem de Mariana - MG, que cedeu e provocou uma catástrofe ambiental, para fabricar blocos de pavimentação que podem ser utilizados em vias de tráfego como estradas. • Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp): gestão automatizada do abastecimento de água potável. • Casa Express: método construtivo que utiliza painéis cerâmicos para casasde até dois pisos. Mérito Ambiental Fiesp A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo criou o Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental em 1995. Esse prêmio é voltado às indústrias paulistas e tem foco em homenagear anualmente empresas de atividade industrial, extrativa, manufatureira ou agroindustrial que apresentem projetos ambientais que melhorem o meio ambiente. Mais de 400 projetos foram inscritos e 32 foram premiados desde o início. 116 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II Há duas intenções: incentivar a responsabilidade ambiental das empresas paulista e, num esforço de relações públicas salutar, demonstrar à sociedade que a indústria paulista está empenhada na melhoria da qualidade ambiental. Em 2018, a Fiesp recebeu 65 projetos, e dois dos vencedores foram: • Ford Motor Company Brasil: projeto com objetivo de zerar o volume de resíduos destinados para aterro, através de conscientização ambiental dos funcionários, reúso interno, ações de reciclagem e destinação ambientalmente correta de rejeitos. • Habitar Construções Inteligentes: Projeto Entulho Zero na Construção Civil, com o objetivo de construir casas com o conceito de sustentabilidade aplicando melhor aproveitamento dos recursos e gerando nenhum resíduo do tipo entulho. Prêmio ODS Brasil 2018 – Governo Federal Em 2015, líderes mundiais reunidos na ONU criaram um plano para erradicar a pobreza e proteger o planeta: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. O plano apresenta 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), voltados para a erradicação da pobreza, igualdade de gênero, saneamento, trabalho decente etc. Assim, o Governo Federal criou o Prêmio ODS Brasil: O Prêmio ODS Brasil é uma iniciativa do Governo Federal e tem o objetivo de reconhecer projetos, programas, tecnologias ou outras iniciativas estruturadas que promovam soluções que contemplem os aspectos sociais, ambientais e econômicos - essenciais para inspirar e engajar pessoas e instituições a multiplicarem soluções sustentáveis com base territorial. O Prêmio foi instituído pelo Decreto Presidencial nº 9.295, de 28 de fevereiro de 2018, e as premiações serão concedidas bienalmente, até 2030 (BRASIL, 2018). Melhores Práticas Caixa em Gestão Local Em 1999 a Caixa Econômica Federal (CEF) criou um programa para reconhecer e premiar os melhores projetos sustentáveis financiados por ela. A inspiração foi um programa da ONU chamado Melhores Práticas e Lideranças Locais. As categorias são: Habitação, Saneamento, Meio Ambiente, Gestão Urbana, Infraestrutura e Equidade de Gênero. 117 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL Saiba mais A Caixa disponibiliza neste site o acesso ao Acervo das Práticas Premiadas com bons exemplos que podem servir de inspiração para novos projetos: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Melhores Práticas Caixa em Gestão Local. [s.d.]. Disponível em: <http://www.caixa.gov.br/sustentabilidade/ responsabilidade-social/melhores-praticas/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 3 jan. 2019. Prêmio Marketing Best Sustentabilidade Organizado pela Consultoria MadiaMundoMarketing e pela Editora Referência, o prêmio teve sua 17ª edição em 2018. O foco é reconhecer e difundir boas práticas e bons exemplos de ações empresariais sustentáveis. Criado em 2002, sempre teve como alvo empresas, fundações, institutos e associações que tenham desenvolvido ações e projetos de sustentabilidade. Desde o início foram mais de 4.000 cases inscritos com cerca de 800 premiados. Exemplos de cases vencedores: • Instituto Remo Meu Rumo, onde atletas criam uma associação para reabilitação de crianças e adolescentes com deficiência física. • Instituto NET Claro Embratel, que disponibiliza planos de aula e objetos de aprendizagem para professores e comunidades escolares. • Programa Nestlé Nutrir Crianças Saudáveis, que faz a capacitação em educação alimentar e nutricional de professores e cozinheiras de escolas públicas. Outros prêmios, eventos e instituições Outras tantas instituições e empresas organizam premiações, guias e eventos ligados à questão ambiental e social: • Prêmio Novos Talentos para a Agricultura Sustentável: organizado pelo órgão das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). • Prêmio Saint-Gobain de Arquitetura Habitat Sustentável: organizado pela multinacional Saint-Gobain. 118 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II • Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade: criado em 2008 pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). • Prêmio GM de Sustentabilidade para Concessionárias e Fornecedores da Chevrolet: iniciativa da Chevrolet para premiar práticas sustentáveis de seus fornecedores e distribuidores. • Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade: organizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e patrocinado pela mineradora Vale, premia trabalhos acadêmicos como teses de doutorado e dissertações de mestrado voltados para questões como redução do consumo de água e energia, aproveitamento e reciclagem de resíduos etc. • Guia de responsabilidade social para o consumidor: editado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), indica como escolher produtos e serviços de empresas social e ambientalmente responsáveis. • Selo Pró-Equidade de Gênero: concedido pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM). Instituto Ethos Várias vezes citado ao longo do livro-texto, vale a pena entender a dinâmica de funcionamento do Instituto Ethos, cujas empresas associadas somam faturamento equivalente a cerca de 35% do PIB brasileiro. Somadas, essas empresas são responsáveis por 2 milhões de empregos. Como vimos, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização sem fins lucrativos dedicada a mobilizar organizações para gerir negócios de maneira social e ambientalmente responsável. As empresas associadas demonstram interesse público em padrões éticos de relacionamento com: • funcionários; • clientes; • fornecedores; • comunidade; • acionistas; • governo; • meio ambiente. As empresas associadas podem participar de atividades como reuniões, palestras e fóruns de discussão. Há um banco de dados robusto com práticas e processos de excelência, além de uma enorme 119 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL quantidade de dados para benchmarking. Completando, há uma série de livros, artigos e e-books com técnicas de implementação de políticas e práticas de RSE, além de guias, indicadores e cartilhas. Perceba o quanto a RSE tomou corpo no Brasil: desde a fundação do Ethos em 1988 até os dias atuais, 35% do PIB se engajou (em maior ou menor proporção) às práticas sustentáveis ao se associar ao Instituto. Claro que você pode argumentar que uma parte desses associados faz o mínimo e se aproveita da imagem de associado para fins mercadológicos. Supondo que seja verdade, mesmo para essas empresas é um caminho sem volta. A declaração de missão é esta: A missão do Instituto Ethos é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa. O Instituto Ethos propõe-se a disseminar a prática da responsabilidade social empresarial, ajudando as instituições a: 1. Compreendere incorporar de forma progressiva o conceito do comportamento empresarial socialmente responsável; 2. Implementar políticas e práticas que atendam a elevados critérios éticos, contribuindo para o alcance do sucesso econômico sustentável em longo prazo; 3. Assumir suas responsabilidades com todos aqueles que são atingidos por suas atividades; 4. Demonstrar a seus acionistas a relevância de um comportamento socialmente responsável para o retorno em longo prazo sobre seus investimentos; 5. Identificar formas inovadoras e eficazes de atuar em parceria com as comunidades na construção do bem-estar comum; 6. Prosperar, contribuindo para um desenvolvimento social, econômica e ambientalmente sustentável (INSTITUTO ETHOS, [s.d.]b). As atividades do Instituto são claras: • O trabalho de orientação oferecido pelo Ethos às empresas não é remunerado, uma vez que não faz consultoria. Quando organiza palestras, eventos e seminários em empresas também não há cobrança. 120 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II • O Instituto Ethos não intermedeia projetos entre as empresas associadas, mesmo que sejam de cunho social ou ambiental. Claro que o ambiente do Instituto estimula cooperação e parcerias, mas não há serviços de intermediação. O mesmo se dá em relação a projetos envolvendo esferas governamentais. • O Instituto não é uma entidade certificadora. Não há selo de certificação de responsabilidade social ou de conduta ética emitido pelo Instituto. Os associados são incentivados a: • divulgar para acionistas, colaboradores, consumidores, fornecedores e comunidades de seu alcance o conceito de RSE formulado pelo Instituto; • buscar excelência em políticas e práticas de responsabilidade social; • participar das atividades e eventos do Instituto; • pagar a contribuição associativa; • não utilizar o logotipo do Instituto Ethos (ou seja, não usar a associação para melhorar imagem de marca). A atuação institucional do Instituto tem sido bastante eficiente. Sensibilização dos órgãos de comunicação sobre o tema RSE, participação de comitês nacionais e internacionais, promoção da publicação de balanços sociais e de relatórios de sustentabilidade, produção de publicações e guias, incentivo às práticas de RSE através dos Indicadores Ethos, entre outras atividades, têm resultado na ampliação dos efeitos dos temas correlatos. É importante ressaltar o grau de influência nos mercados e nos agentes multiplicadores. Por exemplo, o Ethos contribui com o desenvolvimento de critérios de investimentos socialmente responsáveis com fundos de pensão e com sugestões em programas de políticas públicas através da participação em grupos de trabalho, conselhos e instituições governamentais. Por fim, é preciso discutir os Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis. Para apoiar as empresas na incorporação da sustentabilidade e da RSE nas estratégias de negócio, o Ethos desenvolveu uma ferramenta de gestão que consiste de um questionário que permite o diagnóstico da gestão sustentável da empresa e um sistema de relatórios que facilita o planejamento e o gerenciamento de objetivos ligados aos indicadores propostos. Os indicadores estão alinhados com as diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI) e com a Norma de Responsabilidade Social ABNT NBR ISO 26000. Esses indicadores avaliam o quanto a sustentabilidade e a responsabilidade social têm sido assimiladas e integradas às operações da empresa, o que facilita a criação de estratégias e processos. Porém, os indicadores não foram criados para mensurar o desempenho nem para chancelar as empresas como responsáveis socialmente. Portanto, não há ranking, já que é uma ferramenta de gestão. 121 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL O questionário é dividido em quatro dimensões: Visão e Estratégia, Governança e Gestão, Social e Ambiental. As dimensões são divididas em temas inspirados na Norma ISO 26000, que se dividem em subtemas, que se dividem em indicadores. O questionário apresenta em seu início quatro dimensões com questões binárias (ou seja, com resposta sim/não) de preenchimento obrigatório: • A dimensão Visão e Estratégia apresenta questões sobre inclusão de RSE nas estratégias, estudos de impacto ambiental etc. • A dimensão Governança e Gestão apresenta questões sobre padrões de conduta de empregados, capacitação, denúncias etc. • A dimensão Social apresenta questões sobre o tratamento dado para desrespeito aos direitos humanos, impactos das operações sobre os direitos humanos, tratamento de denúncias etc. • A dimensão Social apresenta questões sobre a consciência de prejuízos decorrentes de mudanças climáticas, investimento em pesquisa para reduzir estes impactos etc. Depois, o questionário apresenta as mesmas dimensões com questões quantitativas históricas (ano atual, ano anterior e dois anos para trás) de preenchimento optativo: • A dimensão Visão e Estratégia apresenta questões quantitativas sobre receitas, pagamentos e investimentos. • A dimensão Governança e Gestão apresenta questões quantitativas sobre o formato do conselho de administração, ações judiciais, multas etc. • A dimensão Social apresenta questões quantitativas sobre a composição da força de trabalho e de reclamações trabalhistas. • A dimensão Ambiental apresenta questões quantitativas sobre tonelagem de materiais e resíduos e do volume de água por fonte. São mais de setenta páginas só de questões, sejam binárias (sim/não), sejam quantitativas históricas. Por sua complexidade, é comum as empresas novatas focarem inicialmente nas questões binárias nos primeiros anos de preenchimento, ganhando experiência para poder responder as questões quantitativas, já que são consideradas opcionais. Lembre-se: o questionário é uma ferramenta de gestão com vistas ao autodiagnóstico! Ou seja, deve ser respondido de maneira isenta e honesta pelos responsáveis. Uma vez que não é um concurso com prêmios, de nada vale inventar respostas positivas. 122 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II Saiba mais Conheça o Questionário de Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis e veja o nível de detalhamento das questões. Perceba também que o Questionário evolui com o tempo e que é possível adicionar mais questões ao longo do tempo. INSTITUTO ETHOS. Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis. [s.d.]a. Disponível em: <https://www.ethos.org.br/conteudo/ indicadores/#.XC69NFxKjIU>. Acesso em: 9 jan. 2019. Resumo Esta unidade abordou inicialmente a responsabilidade social junto a diversos públicos. Vimos que responsabilidade social com funcionários é um tema delicado, pois exige que as empresas tenham foco primeiro com seu público interno para depois poderem desenvolver projetos externos, sendo que boas práticas envolvem, além de estar estritamente dentro dos parâmetros das questões legais, a valorização da diversidade, orientação pré-aposentadoria, cooperativas de crédito etc. A responsabilidade social com o governo envolve um alinhamento governo/empresas, enquanto responsabilidade social com fornecedores se traduz em tornar toda a cadeia produtiva envolvida com a busca de soluções para a problemática ambiental e social. Discutimos, neste quesito, cuidados específicos com fornecedores e apresentamos os casos da Natura, da Levi’s e do boicote feito por Carrefour, Walmart e Pão de Açúcar no Pará. A responsabilidade social com as comunidades é um tópico delicado, pois trataprincipalmente do relacionamento com a comunidade próxima ao redor das atividades da empresa, onde criar e estimular uma cultura cooperativa é benéfico para ambas as partes. Discutimos parâmetros para as organizações avaliarem as relações comunitárias e apresentamos o caso da Colgate-Palmolive com programas globais de melhoria da qualidade de vida das comunidades onde atua em todo o mundo. Discutimos a questão da responsabilidade social com bancos e seguradoras, e vimos que parte das instituições financeiras adotam 123 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL critérios ligados à questão ambiental e social para tomar decisões de financiamento. Apresentamos os Princípios do Equador e a atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo, e vimos que o setor de seguros considera de maneira bastante racional empresas socialmente responsáveis como excelentes clientes, uma vez que há baixo risco em acidentes de trabalho, escândalos ambientais etc. Discutimos também o caso Santander, que prioriza o direcionamento de recursos financeiros para pessoas e empresas interessadas em aquisição de produtos e serviços sustentáveis. Vimos ainda que antes de ser socialmente responsável com stakeholders, a empresa precisa ser responsável com seus próprios clientes e tratá-los de maneira responsável e justa. Após abordar a responsabilidade social com diversos públicos, tratamos a gestão ambiental, descrevendo etapas e processos voltados a decisões estratégicas integradas a questões ambientais e ecológicas. Discutimos o ecodesign, que leva em consideração o desempenho do projeto de um produto como um todo, respeitando objetivos ambientais, de saúde e segurança ao longo de todo o ciclo de vida. O tópico foi ilustrado por diversos casos, como Shell, Basf e Sabesp. Abordamos definições de ética e de suas derivações empresariais e apresentamos um modelo aplicável em organizações de qualquer ramo ou porte que identifica se a percepção dos funcionários é consistente com a política da empresa. Marketing social e suas definições e aplicações foram discutidos, e apresentamos os casos do Criança Esperança e McDia Feliz como exemplos ilustrativos. Estabelecemos distinções entre Primeiro, Segundo e Terceiro Setores apresentando diversas definições e aplicações e fizemos um resgate histórico e contextual da ONGs no Brasil, trazendo informações sobre as ONGs nacionais e internacionais mais relevantes. A unidade se encerra traçando um painel amplo de prêmios e instituições relacionados a RSE e desenvolvimento sustentável e apresentando uma descrição detalhada da atuação do Instituto Ethos e do Questionário com Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis. 124 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II Exercícios Questão 1. “Com o crescimento da democracia no mundo atual, abarcando 120 dos 192 países filiados à ONU, a resolução dos problemas da sociedade contemporânea depende cada vez mais da qualidade das instituições democráticas. Isso vale para toda gama de questões, inclusive as econômicas, que não se limitam ao universo técnico das decisões, pois são influenciadas fortemente pelo arcabouço político existente. Dentro dele, ganha importância a temática da accountability democrática ou responsabilização política, definida aqui como construção de mecanismos institucionais por meio dos quais os governantes são constrangidos a responder, ininterruptamente, por seus atos e omissões perante os governados. Normalmente a literatura sobre accountability trata do controle dos atos dos governantes em relação ao programa de governo, à corrupção ou à preservação de direitos fundamentais dos cidadãos” (AVARTE, 2004). Com relação ao que se denomina accountability no texto, podemos atribuir como alguns procedimentos ligados às empresas. São considerados instrumentos de accountability: I – A norma AA1000 (Accountability 1000), padrão certificável da responsabilidade social que visa garantir a qualidade da contabilidade, auditoria e relato da RSE. II – A NBR ISO 14001, voltada para aspectos ambientais, que descreve os requisitos básicos de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). III – O balanço patrimonial, pelo qual os acionistas saberão a real situação comercial de uma empresa ao fim de um trimestre, semestre ou ano fiscal. IV – O balanço orçamentário, instrumento que permite, com reduzido esforço, a observância das alocações de recursos financeiros de uma dada empresa. Estão corretas apenas: A) I e II. B) I e III. C) II e III. D) II e IV. E) III e IV. Resposta correta: alternativa A. 125 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: por criar um ambiente de transparência entre a empresa e os stakeholders, a certificação permite que a empresa melhore sua imagem junto ao público, sendo potencialmente catalisadora de melhores resultados no futuro. II – Afirmativa correta. Justificativa: apesar de não conter no nome, a certificação ISO 14001 serve como um instrumento de accountability, uma vez que obtê-lo mostra aos stakeholders que a empresa segue padrões estabelecidos que visam à utilização eficiente dos recursos e da redução da quantidade de resíduos. Caso perca a certificação, a empresa passará o recado de que não segue mais as normas e, portanto, não está de acordo com o preconizado pelo ISO 14001. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: apesar de servir como um instrumento de accountability, o balanço patrimonial não trata da situação comercial de uma empresa. IV – Afirmativa incorreta. Justificativa: o balanço orçamentário é na verdade um instrumento de controle muito eficaz, mas está ligado ao setor público. O balanço orçamentário mostra os gastos e receitas de um governo em um determinado período. Questão 2. A presença de externalidade negativa acaba por inserir de forma mais importante o Estado no andamento da prática econômica. Por exercer pressões ambientais, econômicas e sociais que prejudicam o público que não está envolvido diretamente no processo produtivo, o Estado deve usar o ferramental para evitar que elas continuem a ocorrer. Existem diversas formas de o Estado atuar em prol da diminuição das externalidades negativas, diminuindo a oferta ou a demanda ou mesmo atuando para que, independentemente da quantidade de produtos oferecidos, os impactos ambientais e sociais sejam diminuídos. Entre as possibilidades de atuação do Estado podemos destacar as seguintes: I – O Estado pode agir para diminuir as externalidades negativas por meio da internalização delas. Ao instituir um imposto, o Estado obriga a empresa a incorporar o valor do novo tributo ao produto ou serviço oferecido, diminuindo a demanda em função do aumento de preço. II – O Estado poderia diminuir a externalidade negativa por meio da diminuição da demanda ao instituir uma multa às empresas poluidoras, por exemplo. Desse modo, as multas acabariam por impactar 126 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Unidade II o caixa da empresa e exigir que ela vendesse seus bens e serviços a um preço maior, diminuindo a demanda e consequentemente a externalidade negativa a ela atribuída. III – O governo, ao notar um quadro de elevada externalidade, pode atuar diminuindo os impostos e multasao segmento em questão. Dessa forma, as empresas poderiam contar com mais recursos para investir em ferramentas que diminuam as externalidades negativas ocasionadas pelo processo produtivo. IV – As empresas, ao se depararem com quadro elevado de externalidade negativa associado à produção e comercialização dos seus bens ou serviços, podem solicitar ao Estado estudos de alternativas que viabilizem o processo produtivo com menor impacto ambiental e/ou social. Está(ão) incorreta(s) apenas: A) I. B) I e III. C) II e IV. D) III e IV. E) IV. Resolução desta questão na plataforma. 127 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 B21TABUS1380.JPG. Disponível em: <http://www.imageafter.com/dbase/textures/plastics/b21tabus1380.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 2 RECYCLING-BINS-177114_960_720.JPG. Disponível em: <https://cdn.pixabay.com/photo/2013/08/29/20/ 48/recycling-bins-177114_960_720.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 3 CARROLL, A. B. A three-dimensional conceptual model of corporate performance. Academy of Management Review, n. 4, 1979. p. 45. Figura 4 BARBOSA, G. S. O desafio do desenvolvimento sustentável. Revista Visões, v. 4, n. 1, p. 1-11, 2008. p. 5. Figura 5 FREEMAN, E. The politics of stakeholders theory: some future directions. Business Ethis Quarterly, v. 4, 1994. p. 5. Figura 6 ENVIRONMENTAL-PROTECTION-886673_960_720.JPG. Disponível em: <https://cdn.pixabay.com/ photo/2015/08/13/07/25/environmental-protection-886673_960_720.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 7 FILE:SELO_ISO_9001_2008.JPG. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Selo_ ISO_9001_2008.jpg#/media/File:Selo_ISO_9001_2008.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 8 FILE:ISO_14001.JPG. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:ISO_14001.jpg#/media/ File:ISO_14001.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 9 FILE:OHSAS_18001-BORJPARDIS.JPG. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:OHSAS_ 18001-Borjpardis.jpg#/media/File:OHSAS_18001-Borjpardis.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2019. 128 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Figura 10 FILE:CRUELTY_FREE.PNG. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cruelty_Free.png#/ media/File:Cruelty_Free.png>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 11 FOREST_STEWARDSHIP_COUNCIL_LOGO.SVG. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/e/ed/Forest_Stewardship_Council_Logo.svg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 12 FILE:LOGO_MARINE_STEWARDSHIP_COUNCIL.SVG. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Logo_Marine_Stewardship_Council.svg#/media/File:Logo_Marine_Stewardship_Council.svg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 13 VIEIRA, L. D. et al. Balança social modelo Ibase e sua estrutura: um estudo multi-caso. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2007. p. 16. Figura 14 UNICEF-303450_960_720.PNG. Disponível em: <https://cdn.pixabay.com/photo/2014/04/02/10/19/ unicef-303450_960_720.png>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 15 UNESKO-EMBLEMO_9.SVG. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5c/ UNESKO-emblemo_9.svg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 16 FILE:MCDIAFELIZ.JPG. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mcdiafeliz.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 17 SILVA, C. E. G. Gestão, legislação e fontes de recursos no Terceiro Setor brasileiro: uma perspectiva histórica. Revista de Administração Pública, 2010, v. 44, n. 6, p. 1301-1325. p. 1306. Figura 18 SILVA, C. E. G. Gestão, legislação e fontes de recursos no Terceiro Setor brasileiro: uma perspectiva histórica. Revista de Administração Pública, 2010, v. 44, n. 6, p. 1301-1325. p. 1309. 129 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Figura 19 SILVA, C. E. G. Gestão, legislação e fontes de recursos no Terceiro Setor brasileiro: uma perspectiva histórica. Revista de Administração Pública, 2010, v. 44, n. 6, p. 1301-1325. p. 1312. Figura 20 SILVA, C. E. G. Gestão, legislação e fontes de recursos no Terceiro Setor brasileiro: uma perspectiva histórica. Revista de Administração Pública, 2010, v. 44, n. 6, p. 1301-1325. p. 1319. Figura 21 FILE:UN_REFUGEE.JPG. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:UN_refugee.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 22 FILE:LOGOWWF.PNG. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:LogoWWF.png>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 23 FILE:GREENPEACE.SVG. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/w/index.php?search=greenpe ace+logo&title=Special%3ASearch&profile=default&fulltext=1#/media/File:Greenpeace.svg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 24 FILE:INSTITUTO_AYRTON_SENNA_-_LOGO.PNG. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/w/ index.php?search=File%3AInstituto+Ayrton+Senna+-+Logo.png&title=Special%3ASearch&profile=d efault&fulltext=1#/media/File:Instituto_Ayrton_Senna_-_Logo.png>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 25 FILE:LOGOTIPO_SOS_MATA_ATL%C3%A2NTICA.JPG. Disponível em: <https://commons.wikimedia. org/w/index.php?search=sos+mata+atlantica&title=Special%3ASearch&profile=default&fulltext=1#/ media/File:Logotipo_SOS_Mata_Atl%C3%A2ntica.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2019. 130 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 REFERÊNCIAS Audiovisuais A ERA da Estupidez. Dir. Franny Armstrong. Reino Unido: Spanner Films, 2009. 89 minutos. Textuais ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). O que é Certificação e como obtê-la? [s.d.]. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/certificacao/o-que-e>. Acesso em: 26 dez. 2018. ___. Introdução à ABNT NBR ISO 14001:2015. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. Disponível em: <http:// www.abnt.org.br/publicacoes2/category/146-abnt-nbr-iso-14001?download=396:introducao-a-abnt- nbr-isso-10014-2015>. Acesso em: 26 dez. 2018. ___. ABNT NBR 16001: Responsabilidade social – Sistemas da gestão – Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. ALBUQUERQUE, A. C. C. de. Terceiro Setor: história e gestão das organizações. São Paulo: Summus, 2006. ALVES, L. E. S. Governança e cidadania empresarial. RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 41, n. 4, p. 78-86, out./dez. 2001. ALVES, M. A. Terceiro Setor: as origens do conceito. In: ENANPAD, 26, 2002, Salvador. Anais... Salvador: Anpad, 2002. ANTUNES, J. A AA1000: a ferramenta de gestão de stakeholders. 2010. Disponível em: <http://www. administradores.com.br/informe-se/artigos/a-aa1000-a-ferramenta-de-gestao-de-stakeholders/ 44501/>. Acesso em: 22 jan. 2017. ARAÚJO, G. C. de et al. Processo de certificação das normas internacionalmente reconhecidas: um caminho para a sustentabilidade empresarial. In: SEMINÁRIO EM ADMINISTRAÇÃO – SEMEAD, 10, 2007. Anais... São Paulo: Universidade de São Paulo, 2007. ARRUDA, M. C. C. de; NAVRAN, F. Indicadores de clima ético nas empresas. Revista de Administração de Empresas, v. 40, n. 3, p. 26-35, 2000. ASHLEY, P. A. (Coord.). Ética e responsabilidade social. São Paulo: Saraiva, 2002. AVARTE, P. R. (Org.) Economia do setor público no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. AVON. Instituto Avon. [s.d.]. Disponível em: <http://www.avon.com.br/aavon/instituto-avon>. Acesso em: 21 dez. 2018. 131 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 BALDO, R. A Empresa cidadã frente ao Balanço Social. In: INTERCOM, 25, 2002, Salvador. Anais...Salvador: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2002. BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO (BNDES). Propósito, valores, princípios, missão e visão. [s.d.]. Disponível em: <https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/quem-somos/governanca-controle/ planejamento-corporativo/proposito-valores-principios-missao-visao/!ut/p/z0/jU5NS8NAEP0tHnJ cZqmN4DGIWNqUHgSJeynTuE2nTWY2O9u0_ns3_gDx8uB98sBBA45xog4TCWOf-ad72tfPm9fVcmfr3fL D2qos3-r1o13Y9xLW4P4O5IVF3L5sO3AB08kQHwWaECWIUhIzYS_RqwmRuKVAomYgVcwOZZz7dB5H V4FrhZO_J2gO_OV1T6yJ0rX9fVrYkwy-sOPVD0ZlEC1sJ5OPjNyimatR-hzwmiIm39EsxiCZ0ISF_f-jcHGH71 v18ANwaOIo/>. Acesso em: 8 jan. 2019. BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004. BARBOSA, G. S. O desafio do desenvolvimento sustentável. Revista Visões, v. 4, n. 1, p. 1-11, 2008. BARBOSA, L. P. A responsabilidade social das empresas no Brasil. In: XI CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA, 11, 2003. Anais... Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2003. BARROS CORREA, P. A.; CARVALHO, F. A.; SANTOS ALVES, F. J. Gestão da responsabilidade social na Marinha do Brasil: uma proposta de balanço social a partir da Versão do IBASE. RIC – Revista de Informação Contábil, v. 3, n. 3, p. 44-71, 2010. BASF. Conheça mais sobre sustentabilidade. [s.d.]. Disponível em: <https://www.basf.com/br/pt/who- we-are/sustainability.html>. Acesso em: 28 dez. 2018. BEGHIN, N. A atuação das empresas privadas no campo social: o caso brasileiro. In: CONGRESO INTERNACIONAL DEL CLAD SOBRE LA REFORMA DEL ESTADO Y DE LA ADMINISTRACIÓN PÚBLICA, 6, 2001. Buenos Aires: 2001. BORGER, F. G. Responsabilidade social: efeitos da atuação social na dinâmica empresarial. 2001. 258 f. Tese (Doutorado em Administração) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/ disponiveis/12/12139/tde-04022002-105347/publico/RSEFGB.pdf>. Acesso em: 27 dez. 2018. BORGES, F. H.; TACHIBANA, W. K. A variável ambiental e as organizações: um estudo de caso. In: SEGET – SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 4, 2007. Anais... Pontifícia Universidade Católica: Campinas, 2007. BRASIL. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Rio de Janeiro, 1940. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em: 27 dez. 2018. ___. Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974. Brasília, 1974. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/LEIS/L6019.htm>. Acesso em: 27 dez. 2018. 132 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 ___. Lei nº 10.097, de 19 de dezembro de 2000. Brasília, 2000. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/LEIS/L10097.htm>. Acesso em: 27 dez. 2018. ___. Secretaria de Governo da Presidência da República. Inscrições para o Prêmio ODS Brasil são prorrogadas. Brasília, 2018. Disponível em: <http://www4.planalto.gov.br/ods/noticias/inscricoes-para- o-premio-ods-brasil-sao-prorrogadas>. Acesso em: 2 jan. 2019. BRUNDTLAND. Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento: o nosso futuro comum. Nova York: Universidade de Oxford, 1987. CABRAL, E. H. S. Terceiro Setor: gestão e controle social. São Paulo: Saraiva, 2007. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Melhores Práticas Caixa em Gestão Local. [s.d.]. Disponível em: <http://www.caixa. gov.br/sustentabilidade/responsabilidade-social/melhores-praticas/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 3 jan. 2019. CAMPOS, J. R. B. Organizações não governamentais nas áreas ambiental, indígena e mineral. Brasília: Consultoria Legislativa do Senado Federal, 1999. Disponível em: <http://www.unicentro.br/ redemc/2012/artigos/44.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2017. CARNEIRO, F. Façam o que eu faço: por que algumas empresas estimulam – e até mesmo exigem – a adoção de práticas sustentáveis em toda a cadeia de fornecedores. In: GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE. São Paulo: abr., 2009. p. 120-125. CARROLL, A. B. A three-dimensional conceptual model of corporate performance. Academy of Management Review, n. 4, 1979. ___. The four faces of corporate citizenship. Business Horizons, v. 100, p. 1-7, 1999. CARVALHO, C. V. de. A situação das Santas Casas de Misericórdia. Brasília: Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados – Centro de Documentação e Informação, 2005. CARVALHO, F. de M.; SIQUEIRA, J. R. M. de. Análise da utilização dos Indicadores Essenciais da Global Reporting Initiative nos relatórios sociais de empresas latino-americanas. Pensar Contábil, v. 9, n. 38, 2008. CASTRO, L. C.; FRANÇA, L. B.; GOMES, C. C. M. P. Empreendedorismo social: o impacto social do espaço criança esperança na cidade do Rio de Janeiro. Revista de Iniciação Científica da Libertas, 2016. CHEIBUB, Z. B.; LOCKE, R. M. Valores ou interesses? Reflexões sobre a responsabilidade social das empresas: empresa, empresários e globalização. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002. COBRA, M. Marketing essencial. São Paulo: Atlas, 1986. CORRÊA, L. da V. P. et al. Responsabilidade social: voluntariado na Alumar – gestão da participação cidadã. Monografia de conclusão de curso (graduação em Administração, habilitação em Análise de Sistemas) – Fama, São Luís, 2004. 133 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 COSTA, S. S.; FRAZÃO, M.; NEVES, F. N. A dimensão ética da responsabilidade social nas organizações. Maiêut, Salvador, v. 1, n. 23, 2006. DA SILVA, R. D. et al. Gestão ambiental e responsabilidade social: um estudo comparativo das ações realizadas nas montadoras de veículos sediadas no Brasil. Revista Magistro, v. 1, n. 13, 2016. DA SILVA, S. T. As actividades de risco ou de perigo, em especial, o regime jurídico dos medicamentos e dos alimentos. Direito Administrativo Transnacional, p. 445-462, 2018. DANTAS, A. J. F. et al. E Responsabilidade social sob a ótica da ISO 26000: uma análise das pequenas empresas do comércio varejista de Mossoró/RN. Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 11, n. 2, p. 126-148, maio/ago. 2016. DE VASCONCELOS, L. A. L.; DAS NEVES, A. M. M. Investigação de metodologias de design. 2009. 94 f. Monografia (Bacharelado em Design) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009. DECLARAÇÃO do Rio de Janeiro. Estudos Avançados, v. 6, n. 15, São Paulo, maio/ago. 1992. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141992000200013&lng=en& nrm=iso>. Acesso em: 8 jan. 2019. DIAS, L. N. da S.; SOEKHA, L. D. O.; SOUZA, E. M. V. de. Estudo de caso do balanço social da Albrás: de relatórios internos ao modelo GRI. Sociedade, Contabilidade e Gestão, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, jan./jun. 2008. Disponível em: <http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-06/index.php/ufrj/article/ view/450/437>. Acesso em: 26 dez. 2018. DOTTO, F. B.; BIANCHI, R. C. Orientação de qualidade para o processo de gerenciamento: o caso de uma indústria em um processo de certificação. Disciplinarum Scientia | Sociais Aplicadas, v. 13, n. 1, p. 15- 29, 2017. ECO. Modalidade práticas de sustentabilidade. 2019. Disponível em: <https://safe.amcham.com.br/ premioeco/modalidades>. Acesso em: 2 jan. 2019. ESCOLAS recebem a segunda etapa de projeto que visa conscientizar alunos a estabelecer uma cultura de paz. Exame, 26 abr. 2018. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/dino/escolas- recebem-a-segunda-etapa-de-projeto-que-visa-conscientizar-alunos-a-estabelecer-uma-cultura-de- paz/>. Acesso em: 27 dez. 2018. FELIZARDO, N. Monsanto: um aborto a cada quatro grávidas. Outras Palavras, 17 set. 2018. Disponível em: <https://outraspalavras.net/outrasmidias/monsanto-um-aborto-a-cada-quatro-gravidas/>. Acessoem: 27 dez. 2018. FERNANDES, R. C. Privado porém público: o Terceiro Setor na América Latina. Rio de Janeiro: Relume- Dumará, 1994. 134 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 FERREIRA, A. C. de S. Contabilidade ambiental: uma informação para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Atlas, 2003. FILANTROPIA. In: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. FNQ. Modelo de Excelência da Gestão. [s.d.]. Disponível em: <http://www.fnq.org.br/aprenda/ metodologia-meg/modelo-de-excelencia-da-gestao>. Acesso em: 2 jan. 2019. FREEMAN, E. The politics of stakeholders theory: some future directions. Business Ethis Quarterly, v. 4, 1994. FREIRE, F.; MALO, F. O balanço social no Brasil: gênese, finalidade e implementação como complemento às demonstrações contábeis. Fortaleza: UFCE, 1999. FRIEDMAN, M. The social responsability of business is increase its profits. Nova York: New York Times Magazine, 1970. ___. Capitalism and freedom. Chicago: University of Chicago Press, 1962. FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE. Modelo de Excelência de Gestão. [s.d.]. Disponível em: <http:// fnq.org.br/aprenda/metodologia-meg/modelo-de-excelencia-da-gestao>. Acesso em: 31 out. 2018. GARCIA, R. S. M.; OLIVEIRA, D. L. Pontifícia Universidade Católica de Goiás: história e função. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 2009. GODOY, M. et al. Balanço social: convergências e divergências entre os modelos do Ibase, GRI e Instituto Ethos. In: I CONGRESSO UFSC DE CONTROLADORIA E FINANÇAS, 1, 2007. Anais... Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2007. GRUPO BOTICÁRIO. Produtos cada dia mais sustentáveis. [s.d.]. Disponível em: <http://www. grupoboticario.com.br/pt/atitudes-sustentaveis/Paginas/Inicial.aspx>. Acesso em: 20 dez. 2018. GUILLARDI, C. R. Certificação social: um estudo sobre os benefícios da norma SA8000 em empresas certificadas. São Caetano do Sul: Universidade Municipal de São Caetano do Sul, 2006. GUIMARÃES, H. W. M. Responsabilidade social da empresa: uma visão histórica de sua problemática. Revista de Administração de Empresas, v. 24, n. 4, São Paulo, out./dez. 1984. HENDERSON, D. Misguided virtue: false notions of social corporate responsibility. Londres: Institute of Economic Affairs, 2001. HERZOG, A. L. Algo em comum: revista guia de boa cidadania corportativa. São Paulo: Abril, 2002. IBASE. Quem somos. [s.d.]. Disponível em: <http://ibase.br/pt/quem-somos/>. Acesso em: 8 jan. 2019. 135 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 IBM. Cidadania corporativa. 2016. Disponível em: <https://www.ibm.com/ibm/responsibility/br-pt/ downloads/cidadaniacorporativa2016.pdf>. Acesso em: 8 jan. 2019. ___. 2017 Corporate Responsibility Report. 2017. Disponível em: <https://www.ibm.com/ibm/ responsibility/2017/>. Acesso em: 20 dez. 2018. ___. Responsabilidade corporativa na IBM Brasil. [s.d.]. Disponível em: <https://www.ibm.com/ibm/ responsibility/br-pt/>. Acesso em: 20 dez. 2018. ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL – ISE. O que é o ISE. 23 nov. 2017. Disponível em: <http://isebvmf.com.br/o-que-e-o-ise?locale=pt-br>. Acesso em: 8 jan. 2019. INSTITUTO ATK/WHH. Brasil: balanço social Ibase. [s.d.]. Disponível em: <http://www.institutoatkwhh. org.br/compendio/?q=node/66>. Acesso em: 26 dez. 2018. INSTITUTO ETHOS. Empresas e responsabilidade social. 6. ed. 2007. Disponível em: <https://www.ethos. org.br/wp-content/uploads/2012/12/6O-Balan%C3%A7o-Social-e-a-Comunica%C3%A7%C3%A3o- da-Empresa-com-a-Sociedade.pdf>. Acesso em: 8 jan. 2019. ___. Guia de Elaboração do Balanço Social. 2002. Disponível em: <https://www3.ethos.org.br/wp- content/uploads/2012/12/6Vers%C3%A3o-2002.pdf>. Acesso em: 26 dez. 2018. ___. Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis. [s.d.]a. Disponível em: <https:// www.ethos.org.br/conteudo/indicadores/#.XC69NFxKjIU>. Acesso em: 9 jan. 2019. ___. O Instituto. [s.d.]b. Disponível em: <https://www.ethos.org.br/conteudo/sobre-o-instituto/#. XC33QVVKjIU>. Acesso em: 3. jan. 2019. ___. Prêmio inovação em sustentabilidade. [s.d.]c. Disponível em: https://ethos.org.br/ PremioInovacaoemSustentabilidade/Temas.asp. Acesso em: 28 nov. 2018. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO). Quality Management Principles. Genebra: Secretaria Central da ISO, 2015. KOTLER, P. Administração de Marketing. 10. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000. KOTLER, P.; ZALTMAN, G. Social Marketing. Journal of Marketing, 35, n. 3, p. 3-12, 1971. KREITLON, M. P. A ética nas relações entre empresas e sociedade: fundamentos teóricos da responsabilidade social empresarial. Encontro Anual da Anpad, v. 28, 2004. LEISINGER, K. M.; SCHMITT, K. Ética empresarial: responsabilidade global e gerenciamento moderno. Petrópolis: Vozes, 2001. 136 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 LIMA, A. M. et al. Responsabilidade social corporativa e certificação pela norma SA8000: um estudo de caso. 2008. 164 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Maria, 2008. LOBO, G. D. Organizações do terceiro setor: diferenças técnicas entre ONGS e OscipS. Monografia de conclusão de curso. UniCEUB – Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2007. LOURENÇO, A. G.; SCHRÖDER, D. de S. Vale investir em responsabilidade social empresarial? Stakeholders, ganhos e perdas. 2003. Disponível em: <http://www.ead.aedb.br/joomla/mat35/images/ artigos/responsabilidadeempresarial.pdf>. Acesso em: 3 jan. 2018. MACHADO F. C. P. Responsabilidade social e governança: o debate e as implicações. São Paulo: Cengage Learning, 2012. MARTINS, C. M. F.; BERNARDO, D. C. R.; MADEIRA, G. J. Origem e evolução do balanço social no Brasil. Contabilidade Vista & Revista, v. 13, n. 1, p. 105-116, 2009. MCDONALD’S. Campanha. [s.d.]. Disponível em: <https://mcdiafeliz.org.br/campanha/>. Acesso em: 2 jan. 2019. MCWILLIAMS, A.; SIEGEL, D. Corporate social responsibility: a theory of the firm perspective. Academy of Management Review, v. 26. n. I, 2002. MELO, M. et al. Situação atual do projeto Mandala no Assentamento Acauã–Aparecida/PB. Cadernos de Agroecologia, v. 8, n. 2, 2013. MELO NETO, F. P. Marketing de patrocínio. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. MELO NETO, F. P.; FROES, C. Responsabilidade social & cidadania empresarial. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. MEYER-KRAHMER, F. (Ed.). Innovation and sustainable development: lessons for innovation policies. Heidelberg: Physica-Verlag, 1998. NATURA. Portal do fornecedor. [s.d.]. Disponível em: <http://www.natura.com.br/fornecedores>. Acesso em: 28 dez. 2018. NELSON, J. Empresas como parceiras no desenvolvimento. Desenvolvimento de Base, v. 21, n. 2, p. 5-12, 1998. NORONHA, H. Como surgiu o Greenpeace? Superinteressante, 4 jul. 2018. Disponível em: <https:// super.abril.com.br/mundo-estranho/como-surgiu-o-greenpeace/>. Acesso em: 2 jan. 2019. OCEANOS terão mais plástico do que peixes em 2050, diz estudo. Globo.com, 20 jan. 2016. Disponível em: <http://g1.globo.com/natureza/noticia/2016/01/oceanos-terao-mais-plasticos-do-que-peixes-em- 2050-diz-estudo.html> Acesso em: 2 jan. 2019. 137 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 OLIVEIRA, O. J. de; PINHEIRO, C. R. M. S. Implantação de sistemas de gestão ambiental ISO 14001: uma contribuição da área de gestão de pessoas. Gestão & Produção, p. 51-61, 2010. ONU BR. Apesar de baixa fertilidade, mundo terá 9,8 bilhões de pessoas em 2050. 22jun. 2017. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/apesar-de-baixa-fertilidade-mundo-tera-98-bilhoes-de- pessoas-em-2050/>. Acesso em: 8 jan. 2019. PENTEADO, H. Impactos econômicos do descaso ambiental. Gazeta Mercantil, Caderno A, p. 3, 22 out. 2001. PEPSICO. Cidadania corporativa. [s.d.]. Disponível em: <http://www.pepsico.com.br/proposito/ cidadania-corporativa>. Acesso em: 20 dez. 2018. PEREIRA, C. V.; COUTO, J. G.; GALVÃO, H. M. Balanço ambiental: ferramenta de crescimento sustentável. Revista de Administração da Unifatea, v. 2, n. 2, 2009. PEREIRA, T. D. O não governamental em questão: um estudo sobre o universo Abong. Rio de Janeiro: Fase, 2003. PETROBRAS. Sustentabilidade. [s.d.]. Disponível em: <http://www.investidorpetrobras.com.br/pt/ relatorios-anuais/relato-integrado/sustentabilidade>. Acesso em: 28 dez. 2018. PRINGLE, H.; THOMPSON, M. Marketing social: marketing para causas sociais e a construção das marcas. São Paulo: Makron Books, 2000. PUZO, M. The Godfather. Nova York: Penguin Books, 1969. RIBEIRO, M. de S. Contabilidade e meio ambiente. 1992. (Dissertação de Mestrado) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade – Universidade de São Paulo, 1992. SABESP. Relatório de sustentabilidade. 2017. Disponível em: <http://site.sabesp.com.br/site/uploads/ file/relatorios_sustentabilidade/sabesp_2017_RS_portugues.pdf>. Acesso em: 28 dez. 2018. ___. Relatórios de sustentabilidade. [s.d.]. Disponível em: <http://site.sabesp.com.br/site/interna/ Default.aspx?secaoId=93>. Acesso em: 28 dez. 2018. SACHS, I. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro: Garamond, 2004. SAMSUNG. Believe in potential. [s.d.]. Disponível em: <https://www.samsung.com/br/aboutsamsung/ sustainability/corporate-citizenship/strategy/>. Acesso em: 20 dez. 2018. SANTANDER. Financiamentos. [s.d.]. Disponível em: <https://sustentabilidade.santander.com.br/pt/ produtos-e-servicos/paginas/Financiamentos.aspx>. Acesso em: 28 dez. 2018. ___. Relatório anual. 2015. Disponível em: <https://www.ri.santander.com.br/arquivo/Relatorio_ Anual_2015.pdf>. Acesso em: 8 jan. 2019. 138 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 SANTOS, A. O balanço social no Brasil: gênese, finalidade e implementação como complemento às demonstrações contábeis. Rio de Janeiro: Anpad, 1998. SCHNEIDER, G.; LUCE, F. B. Marketing social: abordagem histórica e desafios contemporâneos. Revista Brasileira de Marketing, v. 13, n. 3, p. 125-137, 2014. SCHVARSTEIN, L. La inteligencia social de las organizaciones: desarrollando las competencias necesarias para el ejercicio efectivo de la responsabilidad social. Buenos Aires: Paidós, 2003. SENNA, V. Campeã da educação. Planeta, 2 jan. 2017. Disponível em: <https://www.revistaplaneta. com.br/campea-da-educacao/>. Acesso em: 2 jan. 2019. SHELL. Sustainability Report. 2017. Disponível em: <https://www.shell.com.br/promos/sustainability- pdf/_jcr_content.stream/1527902724105/47fffba3a8c855093eaa78d0529be640437a3619ed76fb0f5c 4f493a75ddcd13/shell-sustainability-report-2017.pdf>. Acesso em: 28 dez. 2018. SILVA, C. A. T.; FREIRE, F. de S. (Org.). Balanço social: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2001. SILVA, C. E. G. Gestão, legislação e fontes de recursos no Terceiro Setor brasileiro: uma perspectiva histórica. Revista de Administração Pública, 2010, v. 44, n. 6, p. 1301-1325. SILVA, N. R.; SARMENTO, A. R. O gênero ombudsman: da organização retórica ao sistema de atividades. Working Papers em Linguística, n. esp., p. 111-126, Florianópolis, 2009. SOUZA, A. C. C. Responsabilidade social e desenvolvimento sustentável: a incorporação dos conceitos à estratégia empresarial. Dissertação – Universidade Federal do Rio de Janeiro Coppe, Rio de Janeiro, 2006. STONER, J. A. F.; FREEMAN, R. E. Administração. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. TACHIZAWA, T. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa. São Paulo: Atlas, 2002. TENÓRIO, F. G. Gestão social: uma perspectiva conceitual. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, FGV, v. 32, n. 5, p. 7-23, set./out. 1998. ___. Um espectro ronda o Terceiro Setor: o espectro do mercado. Revista de Administração Pública, 1999, v. 33, n. 5, p. 85-102. THIRY-CHERQUES, H. R. Responsabilidade moral e identidade empresarial. Revista de Administração Contemporânea, v. 7, n. SPE, p. 31-50, 2003. THOMPSON, A. Do compromisso à eficiência? Os caminhos do Terceiro Setor na América Latina. In: IOSCHPE, E. B. (Org.). 3º setor: desenvolvimento social sustentado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. p. 41-48. 139 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 TINOCO, J. E. P. Balanço social: uma abordagem da transparência e da responsabilidade pública das organizações. São Paulo: Atlas, 2001. ___. Balanço social: balanço da transparência corporativa e da concertação social. Revista Brasileira de Contabilidade, n. 135, p. 55-72, 2002. TINOCO, J. E. P.; KRAEMER, M. E. P. Contabilidade e gestão ambiental. São Paulo: Atlas, 2004. TORRES, C. Balanço social, dez anos: o desafio da transparência. Rio de Janeiro: Ibase, 2008. VIEIRA, L. D. et al. Balança social modelo Ibase e sua estrutura: um estudo multi-caso. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2007. WORLD COMMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT. Our Common Future. 1987. Disponível em: <http://www.un-documents.net/our-common-future.pdf>. Acesso em: 2 nov. 2017. ZAGO A. P. P.; PAULA, G. M. Sustentabilidade corporativa: o caso “Dow Jones Sustainability Index”. In: ENANPAD, 31, 2007. Anais... Rio de Janeiro: Anpad, 2007. Sites <https://www.acnur.org/portugues>. <http://www.gife.org.br/>. <https://www.isebvmf.com.br/>. <https://www.sosma.org.br/>. <https://www.wwf.org.br/>. 140 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 141 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 142 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 143 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 144 AD M /C EC O Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 01 /2 01 9 Informações: www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000