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ESTUDO DE VIABILIDADE DO USO DE GERAÇÃO DE ENERGIA RENOVÁVEL PARA SUPRIR A DEMANDA DE ENERGIA ELÉTRICA EM UMA PROPRIEDADE AGRÍCOLA Fabrina Regina Paulus – fabrinarpaulus@aluno.santoangelo.uri.br Prof. Dr. Nelson Knak Neto – nelsonknak@san.uri.br Universidade Regional Integrada do alto Uruguai e das Missões – Campus de Santo Ângelo, Departamento de Engenharias e Ciência da Computação 98802-470 – Santo Ângelo – Rio Grande do Sul Resumo: Este trabalho tem por finalidade apresentar o estudo de viabilidade do uso de geração de energia elétrica renovável em uma propriedade agrícola. O local possui sistema de irrigação central, bovinocultura e beneficiamento de grãos. A geração distribuída permite que consumidores gerem sua própria energia elétrica a partir de fontes renováveis. Neste contexto, foi considerado o montante de energia elétrica demandado pelo local em análise, projeções de crescimento, recursos naturais e sistemas geradores de energia elétrica. Para analisar a viabilidade econômica do sistema foi utilizado o software HOMER, onde o principal objetivo é garantir que a nova fonte de energia elétrica supra a demanda da propriedade. Foi caracterizado quanto seu potencial, três fontes geradores de energia elétrica, sendo elas: eólica, sistema fotovoltaico e biomassa. Para o estudo eólico, não se obteve viabilidade por impedimentos na legislação do Departamento de Controla do Espaço Aéreo (DECEA). O sistema fotovoltaico mostrou-se sustentável economicamente, possuindo vida útil de 25 anos. O estudo de biomassa mostrou que a matéria-prima obterá três finalidades distintas, a separação do líquido-sólido resultará no sólido utilizado para a cama no Compost Barn, o líquido adentrará o biodigestor gerando o biogás, o mesmo poderá ser utilizado para diversos fins energéticos, após a neutralização química o líquido é redirecionado para fora do biodigestor onde será utilizado como biofertilizante, obtendo viabilidade no sistema. O estudo mostrou que a propriedade poderá produzir sua própria energia elétrica de fontes renováveis, sem prejudicar o meio ambiente, incentivando desta forma o uso da geração distribuída. Palavras-chave: Propriedade agrícola. Energia elétrica. Geração distribuída. Software HOMER. 1 INTRODUÇÃO Em busca de novas soluções para suprir a demanda de energia elétrica, fontes renováveis de energia elétrica vêm sendo uma solução viável devido que as mesmas possuam capacidade de suprir as necessidades de demanda sem grandes alterações no meio em que estão instaladas. O Brasil possui em sua maioria gerações de energia elétrica a partir de fontes renováveis, onde a hidráulica possui predominância neste setor. Devido a geração de energia elétrica estar localizada em pontos estratégicos o país utiliza o sistema de Geração Distribuída (GD), onde o principal objetivo é distribuir e transmitir energia elétrica a locais onde não há geração. Propriedades rurais são frequentemente consumidoras de final de linha de distribuição, resultando muitas vezes em uma qualidade de energia fora dos padrões estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). O setor irrigante é o maior consumidor de energia elétrica no setor do agronegócio, e a necessidade de uma grande quantidade de água em determinado momento, estabelece a importância da distribuição estável de energia elétrica ao local produtor. Portanto, o incentivo a GD garante que propriedades rurais possam produzir energia elétrica na própria localidade, a partir de fontes renováveis. Diante do exposto, fica visível a preocupação com a qualidade de energia que o produtor rural necessita para garantia do desenvolvimento das atividades do campo. Este trabalho apresentara os estudos de viabilidade técnica e econômica, com ênfase nas melhores alternativas para o caso em análise, proporcionando soluções viáveis para a demanda da propriedade. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Mudanças na matriz elétrica brasileira A busca por novas tecnologias e soluções viáveis para suprir a demanda e não afetar o meio ambiente tornou-se assunto primordial de estudos econômicos, impactos socioeconômicos e ambientais de empreendimentos de energia alternativas e renováveis. O Brasil se destaca perante a matriz elétrica mundial, onde 76,5% da matriz elétrica é denominada renovável, enquanto o mundo deteve 22% (MME, 2015). Paula (2015) explica que o país vem registrando baixos índices de chuvas desde 2012, ocorrendo diminuição ou até mesmo a seca de alguns reservatórios pelo país afetando a geração de energia, levando o país a consumir energia das termoelétricas, onde está torna a conta do consumidor mais cara. Nos períodos secos, geralmente de novembro a agosto, o país deveria apostar em fontes renováveis como energia solar, eólica e biomassa e somente nos períodos chuvosos, as hidrelétricas (PAULA, 2015). 2.2 Sistema elétrico brasileiro O sistema elétrico brasileiro é caracterizado pela centralização da produção e por envolver regiões distantes. É neste cenário que a GD se estabelece promovendo energia para estas regiões. A desafiadora necessidade de novas fontes de geração elétrica incentivou a ANEEL a estabelecer condições legais que tratam da conexão de pequenas centrais geradoras, que utilizam fontes renováveis de energia elétrica na rede de distribuição. A partir da Resolução Normativa nº 482, micro e minigeração distribuída possuem acesso ao sistema de distribuição de energia elétrica, criando um sistema de compensação de créditos ao consumidor (ANEEL, 2012). A GD fornece às aplicações remotas a garantia de energia necessária, com poder de apoiar e regular a tensão do sistema em aplicações rurais (cargas sensíveis e em sua maioria com grande demanda de potência) conectadas à rede. 2.3 Importância da eletricidade para o agronegócio Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em setembro de 2017 a região sul do Brasil já havia produzido 35,3% em relação a produção do país, o Rio Grande do Sul se encontrava no terceiro lugar no ranking dos maiores produtores nacionais de grãos com participação de 15,1% neste mesmo período (IBGE, 2017). Dados estes que estabelecem a necessidade de uma fonte de energia elétrica confiável e que atenda a demanda das propriedades. De acordo com Aline Veloso (2015) “A energia elétrica é um fator de produção e qualquer variação neste insumo está estritamente ligada ao custo de produção das atividades, sejam agropecuárias, industriais, no comércio”. O setor irrigante é um dos maiores consumidores de energia elétrica no ramo do agronegócio, conforme o agrônomo Milanesi (2017) “a irrigação garante o aporte de água fundamental para um pleno desenvolvimento da lavoura, minimizando a dependência do produtor às variáveis climáticas. Esta técnica não apenas resulta em maiores produtividades como aumenta a eficiência do uso da terra.” (informação verbal) 1. A certeza da colheita garante o investimento em tecnologia, pois reduz os riscos de frustração de safra, evitando que o produtor se descapitalize. Propriedades rurais estão se beneficiando ao adotarem práticas mais econômicas e sustentáveis, como a geração elétrica por fontes renováveis. Ao explorar as fontes renováveis em uma propriedade agrícola, acredita-se que é possível mediante a quantificação dos dados reais do local, em relação a matéria-prima, e utilizando software, obter resultados de viabilidade de sistema gerador de energia elétrica. Ao analisar os resultados ocorre uma projeção de lucros, demonstrando se haverá retorno financeiro no decorrer da sua vida útil que compense o investimento. 3 METODOLOGIA 3.1 Dados premissas para análise Após a escolha da unidade de análise é necessário a caracterização dos setores da mesma que necessitam de energia elétrica para seu funcionamento. Definida a classificação consumidorae a concessionária responsável pela distribuição de energia, é possível identificar a demanda de energia elétrica e o valor pago no horário de Ponta (P) e Fora de Ponta (FP). Cada tipo de consumidor retrata um perfil diário de consumo de energia elétrica. Para a obtenção do perfil diário de consumo foi utilizado o estudo do Knak Neto (2017). Se o local de estudo possuir projeções de crescimento estruturais, e estas demandarem de energia elétrica, tais alterações devem ser mencionadas nos cálculos, a fim de garantir que a energia elétrica do sistema renovável supra todas as necessidades do local de estudo. 3.2 Eólica O site INMET fornece dados de velocidade do vento para determinadas cidades onde há instalação de estações meteorológicas. Devido a velocidade do vento fornecida pelo site ser determinada para 10 m, haverá necessidade de estipular os dados para 50 e 100 m, onde a velocidade do vento se encontra mais elevada e possivelmente mais adequada para geração de energia elétrica. A Equação (1) é utilizada para estabelecer a velocidade do vento na altura desejada: 𝑉 = 𝑉𝑜 ( 𝐻 𝐻𝑜 ) 𝑛 (1) em que 𝑉 é a velocidade do vendo na altura desejada (m/s), 𝑉𝑜 a velocidade do vento na altura conhecida (m/s), 𝐻 a altura desejada (m), 𝐻𝑜 a altura conhecida (m) e n o fator de rugosidade do terreno, conforme Tabela 1. Para a determinação do montante gerado pelo aerogerador no período de 24 horas, é necessário determinar a média mensal da velocidade do vento a cada hora no período de 24 horas e a média anual, a partir dos dados fornecidos pelo INMET. Com base na média da 1 Informação fornecida por Júnior H. Milanesi agrônomo da unidade em estudo, em Santo Ângelo, em novembro de 2017. velocidade do vento anual/hora e na curva de potência do aerogerador escolhido será possível determinar o potencial gerado pelo mesmo. Tabela 1 – Fator de rugosidade do terreno. Descrição do terreno n Terreno sem vegetação 0,10 Terreno gramado 0,12 Terreno cultivado 0,19 Terreno com poucas árvores 0,23 Terreno com muitas árvores, cerca viva ou poucas edificações 0,26 Florestas 0,28 Zonas urbanas sem edifícios altos 0,32 Fonte: Adaptado de (REIS, L. B. dos; 2011, p. 249). 3.3 Sistema Fotovoltaico A partir das coordenadas geográficas é estabelecida a melhor inclinação dos painéis solares, o site da CRESESB é utilizado para garantir a inclinação do Sistema Fotovoltaico (SF), para que se obtenha o maior ganho de energia por m². A partir da inclinação, montante mensal e escolha do painel solar será determinado a potência do SF e o tamanho do sistema. O SF gera energia elétrica de corrente contínua (CC), para disponibilizar está energia elétrica à rede é necessário condiciona-la a CA, onde o dispositivo utilizado para este fim denomina-se conversor CC-CA, ou inversores, nome usual pelos fabricantes (ALMEIDA, 2011). A escolha do inversor se dá a partir das necessidades do projeto onde quanto mais energia o inversor puder converter maior será a economia do sistema. 3.4 Biogás A fermentação anaeróbica dos resíduos orgânicos de origem animal (esterco) é uma forma inteligente de aproveitamento de resíduos agropecuários. Após o tratamento este resíduo pode ser utilizado na adubação do campo e geração de energia elétrica (OLIVER et al., 2008). Outra forma de tratamento do esterco antes de adentrar no biodigestor é o processo de separação liquido-sólido, onde este sólido pode ser utilizado como camas no Composto Barn2. O dimensionamento do biodigestor depende da quantidade total diária de resíduo orgânico que deverá ser despejado na câmera. A Tabela 2 apresenta a quantidade diária de resíduo produzido por animal, conforme a espécie. Portanto, depois da classificação dos animais é necessária a distribuição dos mesmos pelos locais de coleta, determinando o tempo diário em que permanecerão nestes locais, ocasionando uma percentagem de resíduo orgânico. Desta forma, ocorrerá a obtenção de toda matéria orgânica que será despejada no biodigestor. A Tabela 3 exemplifica o cálculo da carga total diária, na qual é indispensável para o dimensionamento do biodigestor. 2 “O Compost Barn consiste em uma grande área coberta de descanso para vacas leiteiras, geralmente revestida com uma cama de serragem, aparas de madeira e esterco compostado, e seu princípio básico é a compostagem desta cama.” (BRIGATTI, 2015). Tabela 2 – Produção diária de dejeto animal. Espécie Referência m³/animal/dia Suínos Porca reprodutora em ciclo fechado 0,866 Porca reprodutora em criação de leitões 0,933 Porco em engorda 0,799 Bovinos Vaca leiteira com 600 kg de peso 0,980 Bovino engorda até 520 kg de peso 0,292 Galináceos Poedeira até 2 kg de peso 0,010 – 0,017 Frango engorda até 1,5 kg de peso 0,001 – 0,02 Equídeos Cavalo adulto com 400 a 500 kg de peso 1,225 Fonte: Adaptado de (SANTOS, 2000 apud COLDEBELLA et al., 2006). Tabela 3 – Calculo da carga diária. Animal Total de desejos (kg/dia) Relação esterco-água Volume de água Volume de carga (dm³/dia) Volume de carga (m³/dia) A B C = A x B D = A + C E = D/1000 Vacas leiteiras Terneiros Total Fonte: Autor (2018). Para bovino cultura a proporção deve ser de 1:1, quantidade de água para quantidade de esterco, (BAÚ, 2015). A Equação (2) determina o volume do biodigestor onde Vb é o volume do biodigestor (m³), Vc é o volume da carga diária (E) (m³/dia), determinado na Tabela 3, e 𝑇𝑟ℎ é o tempo de retenção hidráulica (dias). 𝑉𝑏 = 𝑉𝑐 𝑥 𝑇𝑟ℎ (2) O tempo de retenção hidráulica considerando bovinos é de no mínimo 35 dias (OLIVER et al., 2008, p. 11). A Tabela 4 indica a produção do m³ de biogás/kg esterco, conforme espécie de animal responsável pela produção de dejeto orgânico, caracterizado no local de estudo. Tabela 4 – Produção de biogás a partir de dejetos animais. Espécies m³ de biogás/kg esterco Caprino/ovino 0,04 – 0,061 Bovino de leite 0,04 – 0,049 Bovino de corte 0,04 Suíno 0,075 – 0,089 Frango de corte 0,09 Poedeira 0,1 Codorna 0,049 Fonte: Adaptado de (OLIVER et al., 2008, p. 12). Com finalidade de analisar o investido segundo sua rentabilidade fez-se o levantamento da equivalência energética do m³ do biogás em relação a outras matérias energéticas conforme Tabela 5. Tabela 5 – Equivalência energética do biogás (1 m³). Combustível Equivalência Gasolina (L) 0,613 Óleo Diesel (L) 0,553 Gás de Cozinha (kg) 0,454 Etanol (L) 0,79 Lenha (kg) 1,539 Energia Elétrica (kWh) 1,428 Fonte: Adaptado de (SGANZERLA, 1983; NOGUEIRA, 1986 apud BAÚ, 2015, p. 27). 3.5 Viabilidade econômica Estabelecido o sistema que será analisado é necessário caracterizar seus recursos anuais, determinando o equipamento que fará a geração de energia elétrica, consequentemente, a vida útil do sistema. O estudo de viabilidade econômica será através de simulações no software HOMER, o mesmo modela operações de sistema de geração de energia elétrica independente da fonte, seja ele isolado, conectado à rede ou integrado. É muito importante tentar prever quando o projeto vai começar a dar retorno. Portanto, para este fim é indicado analise de Payback, onde o principal objetivo é determinar em quanto tempo o projeto gera retorno financeiro, ou seja, recuperação do capital investido. Este método é indicado para avaliar o risco do investimento, quanto mais tempo necessitar para que o Payback seja zero, maiores serão os riscos. A taxa de juros considerada neste trabalho é da Sistema Especial de Liquidação e custódia (Selic), devido a mesma ser a taxa de juros da economia brasileira o Selic utilizado foi 6,75% ao ano, estabelecido em fevereiro de 2018 (Máximo, 2018). 4ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1 Resultados obtidos do estudo de eólica Apenas acima de 50 m de altura obteve-se velocidade média para a geração de energia elétrica no local. O estudo realizado para a geração de energia eólica apresentou potência horária média de 16,7 kW, para um aerogerador à 100 m, equivalente a 8% da demanda contratada da rede. O local de estudo fica próximo a um aeroporto, este ponto teve que ser analisado para não prejudicar a segurança dos voos. A Portaria 957 do Comando da Aeronáutica estabelece que sistemas de transmissão de energia elétrica possuem limite de 40 m do solo (DECEA, 2015). Portanto, a geração de energia eólica no local de estudo se deu inviável, principalmente por impedimentos legais, em decorrência do aeroporto. 4.2 Resultados obtidos do estudo de Sistema Fotovoltaico O estudo de energia solar foi dimensionado para a demanda atual juntamente com as projeções de crescimento. Nessas condições o SF deverá possuir 658 painéis de 325 W e 8 inversores com potência de 27 kW, ocupando uma área em torno de 1263 m², com investimento de R$737.000,00. A Figura 1 apresenta o Payback do SF, pode-se observar que apesar do alto investimento o mesmo tem retorno dentre 5 e 6 anos, posterior a isto o sistema gerará lucros crescentes. Figura 1 – Payback do SF. Fonte: Autor (2018). 4.3 Resultados obtidos do estudo de biogás O fornecimento diário de desejos (fezes + urina) é de aproximadamente 20,6 m³. O reservatório que antecede o biodigestor fará a separação líquido-sólido, o sólido resultante desta separação poderá ser utilizado na cama do Compost Barn. O líquido decorrente desta separação será a carga total diária de alimentação do biodigestor. O biodigestor terá dimensionamento de 725 m³, com valor inicial de R$ 300.000,00, gerando aproximadamente 400 m³ de biogás diariamente, equivalendo a 571 kWh de energia elétrica. Para que a rede elétrica suporte está injeção de energia elétrica, a demanda contratada deverá sofrer ajustes. Portanto, com demanda contratada de 571 kW partindo do valor de R$ 6.300,00, independente do uso. A Figura 2 apresenta o Payback do sistema com reajuste na demanda contratada. O investimento obteria Payback zerado somente dentre 15 e 16 anos, alcançando uma economia acumulada de R$ 250.000,00. Figura 2 – Payback do biogás (571 kW). Fonte: Autor (2018). A taxa de retorno é muito baixa para este investimento, resultando em um baixo retorno do capital investido. Em vista disto, optou-se por realizar um novo estudo, este por sua vez, sem ajustes na demanda contratada. A energia elétrica injetada na rede neste caso seria de 221 -800000 -600000 -400000 -200000 0 200000 400000 600000 800000 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 R et o rn o d o in ve st im en to ( R $ ) Vida útil do sistema (ano) Payback SF -320000 -220000 -120000 -20000 80000 180000 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 R et o rn o d o in ve st im en to ( R $ ) Vida útil do sistema (ano) Payback do biogás (571 kW) kWh, com investimento inicial de R$ 116.000,00. A Figura 3 apresenta o Payback do sistema analisado onde o mesmo possui retorno do investimento dentre 4 e 5 anos, resultando em uma economia acumulado de R$ 2.350.000,00. Figura 3 – Payback do biogás (221 kW). Fonte: Autor (2018). Para o segundo caso estudado (biogás com geração de 221 kW), o restante do biogás poderá ser utilizado como combustível em outros locais da propriedade, como no beneficiamento de grãos, abatendo desta forma custos com madeira. A Tabela 6 apresenta a sintetização dos resultados mencionados nos tópicos acima, desta forma, melhorando a análise dos resultados. Tabela 6 – Resultados obtidos na análise de cada fonte energética. Eólica Sistema Fotovoltaico Biogás (571 kWh) Biogás (221 kWh) Viabilidade técnica Não Sim Sim Sim Custo inicial - R$737.000,00 R$300.000,00 R$116.000,00 Demanda contratada (kW) - 221 kW 571 kW 221 kW Payback - Dentre 5 e 6 anos Dentre 14 e 15 anos Dentre 4 e 5 anos Vida útil - 25 anos* 20 anos 20 anos Economia acumulada - R$ 11.200.000,00 R$ 250.000,00 R$ 2.350.000,00 Subprodutos - Não Sim Sim *Haverá troca de componentes quando o sistema atingir 15 anos de vida útil. Fonte: Autor (2018). Como estabelecido, somente o sistema de biogás para produção de 571 kW necessitaria de mudanças na demanda contratada. Este sistema não se mostrou economicamente sustentável, pois o somatório de lucro ao final da vida útil não permite que o mesmo seja reimplementado. Em comparação as fontes estudadas o biogás apresenta subprodutos rentáveis ao produtor. Há geração de substrato da cama do Compost Barn e matéria para biofertilizante utilizado nas lavouras da propriedade, tendo custos abatidos mensalmente. -150000 -50000 50000 150000 250000 350000 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 R et o rn o d o in ve st im en to R $ ) vida útil do sistema (ano) Payback do biogás (221 kW) O SF e o sistema de biogás (221 kWh) são economicamente sustentáveis, permitindo a reinstalação dos mesmos após o termino da vida útil. Além disto geram um substancial lucro líquido, capitalizando o produtor e possibilitando novos investimentos. 5 CONCLUSÃO Na realização da viabilidade técnica das fontes somente a geração de energia eólica não demonstrou viabilidade de implementação, devido a localização e velocidade dos ventos. A análise de viabilidade econômica, a partir do software HOMER, somente foi possível nos sistemas fotovoltaicos e biogás, devido os mesmos possuírem viabilidade técnica. O SF mostrou-se altamente viável por ter uma fonte energética abundante, taxa de retorno do investimento rápida e uma vida útil longa. Foram analisados dois sistemas de geração de energia elétrica a partir de biogás, onde as mesmas demostraram viabilidade econômica. O primeiro sistema estudado foi dimensionado para geração de uma alta demanda energética, para que a rede suportasse está demanda a mesma sofreu reajustes. O sistema com alta demanda energética consumiu a maior parte da sua vida útil para zera o Payback, resultando em uma economia acumulada inferior ao investimento inicial de implementação do sistema. O segundo caso analisou o sistema utilizando o parâmetro atual de demanda, apresentou alto retorno financeiro em relação a sua vida útil e economia acumulada expressiva. Conclui-se que há viabilidade técnica e econômica da exploração de fontes de energia renovável na propriedade agrícola, as mesmas poderiam ser revertidas em uma maior economia, garantia energética e geração de subprodutos potencialmente rentáveis REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Resolução normativa N° 482, de 17 de abril de 2012. Estabelece as condições Gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, o sistema de compensação de energia elétrica, e dá outras providências. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf> Acesso em 4 de out. de 2017. ALMEIDA, P. M. Condicionamento da energia solar fotovoltaica para sistemas interligados à rede elétrica. 2011. Disponível em: < http://www.ufjf.br/labsolar/files/2011/05/Condicionamento-da-Energia-Solar- Fotovoltaica.pdf> Acesso em 26 de mar. de 2018. BAÚ, D. F. Biodigestores: alternativa energética na otimização da produção agrícola. Monografia (Graduação em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal do Pampa, Alegrete, RS, 2015. BRIGATTI, A. M. Compost Barn e a produtividade leiteira. IEPEC. 2015. Disponível em: < http://iepec.com/compost-barn-e-produtividade-leiteira/> Acesso em 10 de abr. de 2018. COLDEBELLA, A. et al. Viabilidade da cogeração de energia elétrica com biogás da bovinocultura de leite. v. 2. n. 6. 2006.Disponível em: < http://www.proceedings.scielo.br/pdf/agrener/n6v2/123.pdf> Acesso em 10 de abr. de 2018. DEPARTAMENTO DE CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO – DECEA. Portaria n° 957/GC3, de 9 de julho de 2015. Dispõem sobre as restrições aos objetos projetados no espaço aéreo que possam afetar adversamente a segurança ou a regularidade das operações aéreas, e dá outras providências. Disponível em: < http://servicos2.decea.gov.br/static/aga/arquivos/a1c881a7-75a8-41d7-92ea1519453e455a.pdf > Acesso em 20 de abr. de 2018. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Em setembro, IBGE prevê safra de grãos 30,3% superior a 2016. 2017. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/2013-agencia-de- noticias/releases/17171-em-setembro-ibge-preve-safra-de-graos-30-3-superior-a-2016> Acesso em 4 de nov. de 2017. KNAK NETO, N. Metodologia para modelagem de cargas de consumidores de baixa tensão considerando integração de resposta da demanda, geração distribuída e veículos elétricos. Tese (Doutor em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2017. MÁXIMO, W. Taxa Selic fica abaixo de 7% ao ano pela primeira vez na história. Agência Brasileira, 2015. Disponível em: < http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2018-02/taxa-selic-fica-abaixo-de-7-ao-ano- pela-primeira-vez-na-historia> Acesso em 6 de jun. de 2018. MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA – MME. Energia no Mundo. 2015. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/documents/1138787/1732840/Energia+no+Mundo+2013+e+2014.pdf/81e69d8c-1d9c- 4358-8376-41054febe838> Acesso em 21 de set. de 2017. OLIVER, A. P. M. et al. Manual de treinamento em biodigestão. 2008. PAULA, R. de. Brasil investe pouco em energias alternativas Pesquisador do Ipea lança estudo inédito com panorama sobre os investimentos em energias renováveis na última década. Revista Ipea, n. 12, 83. ed. 2015. Disponível em: <http://desafios.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3154&catid=28&Itemid=39> Acesso em 10 de out. de 2017. REIS, L. B. dos. Geração de energia elétrica. 2. ed. Barueri: Manole, 2011, p. 249. VELOSO, A. Custos mais caros: produtores rurais sentem impactos dos aumentos das tarifas de energia elétrica no País. SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA – SNA. 2015. Disponível em: <http://www.sna.agr.br/custos-mais-caros-produtores-rurais-sentem-impactos-dos-aumentos-das-tarifas-de- energia-eletrica/> Acesso em 26 de out. de 2017. VIABILITY STUDY OF THE USE OF RENEWABLE ENERGY GENERATION TO SUPPLY THE POWER DEMAND IN AN AGRICULTURAL PROPERTY Abstract: The purpose of this final term project is to present the viability analysis of the use of renewable electric power generation in an agricultural property. The place has a central irrigation system, bovine farming and grain processing. The distributed generation allows the costumers to generate their own electricity from renewable sources. In this context, the amount of energy demanded by the place in analysis, growing projections, natural resources and electric power generation systems was considered. For the economic viability analysis, the software HOMER was used, in which the main goal is to guarantee that the new electric power source supplies the demand of the property. Three sources of generating sources were characterized over their potential: wind, photovoltaic and biomass. For the wind study, no economical viability was obtained because of an obstruction of the Department of Airspace Control (DECEA) law. The photovoltaic system has shown itself technically viable, having a 25-year lifespan. The biomass study showed that the raw material will obtain three distinct goals, the separation of the liquid-solid will result in the solid to be used on the Compost Barn bed, the liquid will get in the biodigester, generating biogas, which will be used to many energetic purposes, after the chemical neutralization, and the liquid is redirected outside the biodigester where will be used as fertilizer. The study showed that the property will be able to produce its own power from renewable sources, not jeopardizing the environment, thus encouraging the use of distributed generation. Key-words: Agricultural property. Electric power. Distributed generation. Software HOMER.
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