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O Quatro principais vírus envolvidos: • Dengue • Febre amarela • Zika vírus • Chikungunya Todos esses vírus possuem em comum um fator de extrema importância, seu mecanismo de transmissão é por meio de um vetor, principalmente o mosquito da espécie Aedes aegypti e o mosquito da espécie Aedes albopictus. ↳ no ambiente urbano, tanto a dengue quanto a febre amarela apenas são transmitidas pelo A. aegypti As espécies de mosquitos possuem algumas particularidades, como, por exemplo, o A. aegypti é um vetor de climas quentes e, dessa forma, não são encontrados em climas frios por não conseguirem estabelecer o seu nicho. Já o A. albopictus consegue sobreviver em climas tropicais e subtropicais, fazendo com que possam ser encontrados em climas mais frios. Quando analisada essa questão, pode-se inferir que apenas o zika vírus e o chikungunya podem ser encontrados em regiões urbanas de clima frio, uma vez que a dengue e a febre amarela só são transmitidas, em ambiente urbano, pelo A. aegypti Todos os 4 vírus encontrados no Brasil são capazes de realizar infecção vertical no vetor e, dessa forma, um mosquito infectado com dengue pode dar origem a filhotes que já contenham o vírus em seu organismo. Esses filhotes, que já nasceram “com dengue”, podem picar pessoas com outras dessas viroses e adquirir mais um espectro viral, se tornando vetor de mais de uma doença ao mesmo tempo. Todos esses vírus são de RNA, ou seja, todos produzem os sintomas do período podrômico (febre, mialgia, mal-estar). O que diferencia essas infecções de outras infecções virais por meio da sintomatologia é o quadro de exantema (manchas avermelhadas na pele). O fechamento de um diagnóstico no caso dessas doenças deve envolver tanto aspectos clínicos, quanto laboratoriais e epidemiológicos. Para o estudo de cada doença, deve ser considerado: • manifestações clínicas de cada virose, com enfoque em suas similaridades e diferenças (entendendo como realizar o diagnóstico diferencial) • síndromes clínicas graves associadas a cada virose • relação entre fatores epidemiológicos, possíveis vias de transmissão e possíveis formas de prevenção disponíveis • como deve ser realizado o diagnóstico laboratorial de cada virose e sua importância v DENGUE w A dengue é uma doença única, dinâmica e sistêmica. Isso significa dizer que a doença pode evoluir para remissão dos sintomas, ou pode agravar-se exigindo constante reavaliação e observação. A implantação do acolhimento com classificação de risco é de vital importância para que o correto estadiamento ofereça tratamento prioritário e oportuno para os casos com sinais de alarme e para os casos graves. Em primeiro plano, a infecção pelo vírus da dengue pode ser assintomática ou sintomática. Quando é sintomática, é conhecida por causar uma doença sistêmica e dinâmica, com amplo Prova do Laço: teste clínico que consegue identificar a fragilidade do capilar para a formação do exantema. ↳ algumas pessoas formam exantemas mais facilmente do que outras. O espectro clínico, variando de formas oligossintomáticas a casos graves. A primeira manifestação é a febre, que tem duração de dois a sete dias, geralmente alta, de início abrupto, associada a dor de cabeça, mialgia e artralgia. O exantema pode estar presente, sendo do tipo maculopapular, em região de face, tronco e membros. ↳ pode ou não apresentar prurido Após essa fase, os pacientes geralmente se recuperam gradativamente com melhora de seu estado geral e retorno do apetite. Pode estar presente em alguns pacientes, podendo evoluir para formas graves da doença. Tem início com diminuição da febre (entre terceiro e sétimo dia), acompanhada do surgimento de sinais de alarme dengue com sinais de alarme D A maioria dos sinais de alarme é resultante do aumento da permeabilidade vascular, a qual marca o início do deterioramento clínico do paciente e sua possível evolução para o choque por extravasamento de plasma. dengue grave D As formas graves da doença podem se manifestar com extravasamento de plasma, levando ao choque ou ao acúmulo de líquidos com desconforto respiratório, sangramento grave ou sinais de disfunção orgânica (coração, pulmões, rins, fígado e SNC). Derrame pleural e ascite podem ser clinicamente detectáveis, em função da intensidade do extravasamento e da quantidade excessiva de fluidos infundidos. O extravasamento plasmático também pode ser percebido pelo aumento do hematócrito, pela redução dos níveis de albumina e por exames de imagem. choque D Ocorre quando um volume crítico de plasma é perdido através do extravasamento, o que geralmente ocorre entre os dias quatro ou cinco da doença, sendo precedido de sinais de alarme. Na dengue, o choque é de instalação rápida e tem curta duração, podendo levar o paciente a óbito em um dia ou com recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada. No choque, podem ocorrer alterações cardíacas graves (insuficiência cardíaca e miocardite), manifestando-se com redução de fração de ejeção e choque cardiogênico. Síndrome da angústia respiratória, pneumonites e sobrecargas de volume podem ser a causa do desconforto respiratório. hemorragias graves D Em alguns casos pode ocorrer hemorragia massiva sem choque prolongado e este sangramento massivo é critério de dengue grave. Este tipo de hemorragia, quando é do aparelho digestivo, é mais frequente em pacientes com histórico de úlcera péptica ou gastrites, assim como também pode ocorrer devido a ingestão de ácido acetil salicílico (AAS), anti-inflamatórios não esteroides (Aines) e anticoagulantes. O grave comprometimento orgânico, como hepatites, encefalites ou miorcardites pode ocorrer sem o concomitante extravasamento plasmático ou choque. O macrófago infectado produz uma grande quantidade de citocinas, fazendo com que o organismo entenda que todo o seu corpo está fazendo uma infecção inflamatória. Dessa forma, as respostas inflamatórias serão realizadas pelo organismo inteiro, como vasodilatação e saída de exsudato dos vasos sanguíneos para os tecidos. Nesse sentido, o volume de sangue irá diminuir, podendo provocar choque - sem necessariamente apresentar sangramento. O Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. ↳ o acometimento grave do sistema nervoso pode ocorrer no período febril ou, mais tardiamente, na convalescença e tem sido relatado com diferentes formas clínicas: meningite linfomonocítica, encefalite, síndrome de Reye, polirradiculoneurite, polineuropatias (síndrome de Guillain-Barré) e encefalite. Existem 4 sorotipos diferentes para o vírus da dengue, sendo que, no Brasil, os sorotipos mais comuns são o 2 e o 3. Devido à existência de mais de um sorotipo, o vírus da dengue consegue realizar um processo chamado de pecado imunológico, o qual permite que quadros hemorrágicos de dengue sejam instalados. O Pecado Imunológico: Quando entra em contato com o organismo, o vírus da dengue infecta o monócito. O monócito é responsável pela fagocitose do vírus e, quando o vírus é fagocitado ele consegue se "liberar" da vesícula fagocítica, ficando livre dentro do monócito. Quando o indivíduo entrar em contato com um novo sorotipo do vírus, ele vai entender que estava se ligando ao sorotipo anterior, induzindo a formação de anticorpos para um sorotipo viral diferente da infecção atual. Dessa forma, os anticorpos produzidos não serão totalmente eficientes no combate ao sorotipo da infecção atual. Mesmo não específico, o anticorpo consegue se ligar ao novo sorotipo da dengue e realizar opsonização, pela qual o monócito irá fagocitar o conjunto vírus-anticorpo e, quando no fagossoma, os anticorpos são destruídos pelo pH, liberando o novo sorotipo viral dentro do macrófago - assim como ocorreu na primeira infecção – e aumentandoas partículas virais totais. Como esses anticorpos produzidos não são específicos àquele sorotipo viral, eles acabam induzindo uma produção descontrolada de citocinas inflamatórias. O resultado é um fenômeno chamado ‘tsunami de citocinas’, resultando no ataque às proteínas do próprio corpo. Dessa forma, independente do sorotipo viral, qualquer indivíduo que possui uma segunda infecção viral por dengue pode desenvolver dengue hemorrágica. Em pacientes que passaram pela fase crítica, haverá reabsorção gradual do conteúdo extravasado com progressiva melhora clínica. Na criança, a dengue pode ser assintomática ou se apresentar como uma síndrome febril clássica viral, ou com sintomas inespecíficos (sonolência, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas). Nesse caso, os critérios epidemiológicos auxiliam no diagnóstico. O agravamento, em geral, é mais súbito do que ocorre no adulto, em que os sinais de alarme são mais facilmente detectados. O sistema imunológico só é capaz de realizar memória imunológica para o sorotipo da infecção mais forte, ou seja, a mais maléfica. Nesse sentido, a imunidade contra os 4 sorotipos de dengue nunca será obtida, fazendo com que a pessoa possa desenvolver infinitos quadros de dengue. O Já nas gestantes, o risco está principalmente relacionado ao aumento de sangramentos de origem obstétrica e às alterações fisiológicas da gravidez, que podem interferir na manifestação clínica da doença. 1. Sorologia por ELISA, a qual deve ser solicitada a partir do sexto dia do início dos sintomas 2. Detecção de antígenos virais (NS4), isolamento viral, RT-PCR e imuno- histoquímica. Caso a detecção dos antígenos seja positiva, deve-se solicitar a sorologia IgM para confirmação ou descarte. O caso confirmado de dengue é todo caso suspeito de dengue confirmado laboratorialmente. dengue hemorrágica D Para identificar se um paciente é favorável ao desenvolvimento de dengue hemorrágica, existem 3 testes disponíveis no posto: 1. Teste direto de NS4: proteína viral. Quando detectada, indica que a infecção está ocorrendo no momento. Muito importante no período inicial da infecção, na qual ainda não há produção de anticorpos. É a identificação precoce da doença. 2. IgM: a presença desse anticorpo indica que a infecção viral é primária, ou seja, não há possibilidade de dengue hemorrágica. 3. IgG: esse anticorpo é muito importante na dengue. A presença de IgG não exclui a possibilidade de infecção viral - uma vez que o anticorpo será específico para apenas um sorotipo viral. A identificação desse anticorpo diz para o médico se o paciente pode desenvolver febre hemorrágica. IgG positiva + NS4 positiva + IgM negativa: paciente pode desenvolver febre hemorrágica. IgG positiva + NS4 negativa + IgM negativa: paciente não está infectado com dengue no momento IgG negativa + NS4 positiva + IgM positiva: paciente apresenta uma infecção primária pelo vírus, sem possibilidade de desenvolver dengue hemorrágica. v FEBRE AMARELA w A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda transmitida por vetores artrópodes e causada por um vírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae. O padrão temporal de ocorrência é sazonal, com a maior parte dos casos incidindo entre dezembro e maio (época de verão), e com surtos que ocorrem com periodicidade irregular, quando o vírus encontra condições favoráveis para a transmissão (elevadas temperatura e pluviosidade; alta densidade de vetores e hospedeiros primários; presença de indivíduos suscetíveis; baixas coberturas vacinais; eventualmente, novas linhagens do vírus), podendo se dispersar para além dos limites da área endêmica e atingir estados das regiões Centro. O vírus é mantido na natureza por transmissão entre primatas não humanos (PNH) e mosquitos silvestres arbóreo. Em momentos com as condições ideais para transmissão, um número maior de PNH adoece e morre chamando atenção da sociedade e representando o evento sentinela, de forma a definir medidas de intensificação de vacinação nos moradores das regiões afetadas. O Os grandes desafios que se apresentam aos profissionais de saúde durante um surto de febre amarela silvestre são: oferecer assistência hospitalar de alta complexidade aos pacientes graves, vacinar, em curto espaço de tempo, grande número de pessoas não vacinadas nos locais de ocorrência da doença e controlar assim a infecção, evitando a expansão para áreas urbanas, em áreas infestadas por mosquitos do gênero Aedes sp e com baixa cobertura para a vacina febre amarela ou baixa homogeneidade de cobertura vacina. Período de incubação: varia de 3 a 6 dias, podendo ser até 15 dias. Período de transmissibilidade: 24-48h antes e até 3-5 dias depois do início dos sintomas. ↳ o mosquito infectado transmite o vírus por 6 a 8 semanas após infectado Seu espectro clínico varia desde infecções assintomáticas até quadros graves e fatais. O quadro clínico clássico se caracteriza pelo surgimento súbito de febre alta, geralmente acompanhada de cefaleia, inapetência, náuseas e mialgia. Em formas leves e moderadas, os sintomas regridem após aproximadamente 4 dias (20-30% dos casos). Já as formas graves e malignas acometem de 15 a 60% das pessoas com sintomas. Nesse caso, cefaleia e mialgia ocorrem em maior intensidade, acompanhada de náuseas e vômitos frequentes, icterícia e oligúria ou manifestações hemorrágicas (hematêmese ou metrorragia). O vírus infecta o hepatócito. Ele chega ao fígado por meio dos monócito e faz dois picos febris, sendo o primeiro associado ao período podrômico e o segundo a quadros de hepatite. Além disso, no estágio de hepatite, os pacientes podem apresentar "vômito negro". Por possuir apenas um sorotipo viral, uma vez que a pessoa foi infectada pelo vírus da febre amarela, ela consegue sua imunidade. Em relação ao diagnóstico clínico, deve ser considerado caso suspeito indivíduo com exposição em área afetada recentemente (em surto) ou em ambientes rurais e/ou silvestres destes, com até sete dias de quadro febril agudo (febre aferida ou relatada) acompanhado de dois ou mais dos seguintes sinais e sintomas: • cefaleia (principalmente de localização supraorbital) • mialgia • lombalgia O • mal-estar • calafrios • náuseas • icterícia e/ou manifestações hemorrágicas sendo residente ou procedente de área de risco para febre amarela, nos 15 dias anteriores, que não tenha comprovante de vacinação de febre amarela ou que tenha recebido a primeira dose há menos de 30 dias. Alguns exames laboratoriais inespecíficos podem apresentar alterações e auxiliam na identificação de formas mais graves. Apesar disso, o diagnóstico específico dessa doença pode ser feito de forma direta pela detecção do vírus em amostras, como sangue ou tecidos, ou por meio da detecção indireta de anticorpos. • sorologia (sangue total) • RT-PCR (sangue ou tecidos) • isolamento viral (sangue ou tecidos) • histopatologia / imuno-histoquímica (tecidos) A informação sobre histórico vacinal dos casos notificados é importante para subsi-diar a análise adequada dos resultados e os exames laboratoriais. A vacinação é a principal medida de controle da febre amarela, e durante a ocorrência de um surto da doença recomenda-se vacinação das pessoas não vacinadas que residem ou vão se deslocar para a área de risco. A imunidade ocorre cerca de dez dias após a primeira dose da vacina, portanto deve-se recomendar outras medidas para a proteção de indivíduos recém-vacinados que residem ou vão se deslocar para a área de risco, como a utilização correta de repelentes. prevenção da reurbanização da FA D • manutenção de altas taxas de cobertura vacinal em áreas que contenham o vetor • orientar o uso de proteção individual de pessoas que vivem ou adentram em áreas endêmicas• eliminar o vetor em cada território ou manter os índices de infestação muito baixos – próximos de zero • isolar os casos suspeitos durante o período de viremia • implementar a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras v ZIKA VÍRUS w Trata-se de uma doença febril aguda que causa manchas avermelhadas na pele, mas que, na maioria dos casos, evolui para cura. Sua transmissão ocorre principalmente por meio da picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue, da febre Chikungunya e da febre amarela urbana. A apresentação clássica da doença causada pelo vírus Zika é semelhante a dengue e à Chikungunya e inclui febre, mialgia (dor muscular), exantema maculopapular (manchas vermelhas no corpo), cefaleia (dor de cabeça) e prurido (coceira). No Brasil, a existência de um sistema de vigilância epidemiológica estruturado no âmbito do SUS, com sistemas de informação em saúde consolidados, possibilitou a rápida detecção do aumento inesperado do número de casos de microcefalia ainda no início do segundo semestre de 2015. O crescimento do número de casos era expressivo em relação ao número esperado a partir dos registros da série histórica pregressa. Especialistas convidados pelo Ministério da Saúde para esclarecer as causas desse evento apontaram como principal agente suspeito o vírus Zika, tendo em vista que o quadro clínico apresentado pelos bebês com microcefalia era sugestivo de infecção congênita, com base nos relatos das mães dos bebês microcefálicos, que TODO caso de febre amarelo deve ser notificado imediatamente, por telefone, faz ou e-mail às autoridades, por se tratar de doença grave, com risco de dispersão. O confirmaram manifestações clínicas compatíveis com a infecção por esse vírus durante a gestação. O vírus da zika pode causar microcefalia em qualquer momento. Ele se multiplica principalmente no sistema nervoso, mas também no trato genitourinário e no sistema cardiovascular. Dessa forma, quanto mais precoce é a infecção, maior a chance de não sobrevivência do feto. Não se sabe quais os motivos que levam ao desenvolvimento da microcefalia. A principal hipótese é a co-infecção ou infecção simultânea pelo vírus da dengue. Os anticorpos produzidos pela infecção pela dengue - em até 3 meses após essa infecção - podem não ser tão específicos ao vírus da dengue, atacando também o zikavírus. O ataque por esses anticorpos não consegue deter o vírus, apenas aumentar sua carga viral (pelos mecanismos já comentados na dengue hemorrágica), aumentando a potência de infecção do zika vírus. Só existe um tipo de sorotipo viral para o vírus da zika, o que garante imunidade ao indivíduo quando é infectado. Além disso, a ocorrência de uma segunda infecção durante a gestação, produziria IgG que podem ser passadas ao feto, o impedindo de desenvolver alguma infecção por zika mesmo que o vírus chegue à placenta. A zika, assim como todos os outros, pode ser transmitida de forma transplacentária – e o vírus da zika faz isso de forma muito eficiente. Apesar disso, os outros vírus geralmente não conseguem se multiplicar no organismo do bebê de forma eficiente (uma vez que esses vírus precisam se relacionar com células adultas do sistema imunológico). Dessa forma, apenas o zika vírus consegue causar uma infecção vertical / congênita. v CHIKUNGUNYA w A chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus chikungunya (CHIKV), da família Togaviridae e do gênero Alphavirus. A viremia persiste por até dez dias após o surgimento das manifestações clínicas. A transmissão se dá através da picada de fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus infectadas pelo CHIKV. Casos de transmissão vertical podem ocorrer quase que exclusivamente no intraparto de gestantes virêmicas e, muitas vezes, provoca infecção neonatal grave. Os sinais e sintomas são clinicamente parecidos aos da dengue – febre de início agudo, dores articulares e musculares, cefaleia, náusea, fadiga e exantema. A principal manifestação clínica que a difere são as fortes dores nas articulações, que muitas vezes podem estar acompanhadas de edema. O principal sintoma a ser manifestado em infecções por zika vírus é a vermelhidão ocular na ausência de alteração visual. O Período de Incubação: 3 – 7 dias O período de viremia pode perdurar por até 10 dias, iniciando geralmente dois dias antes do aparecimento dos sintomas. A maioria dos indivíduos com essa virose desenvolve sintomas (ao contrário dos outros casos, de maioria assintomática). A doença pode evoluir em três fases: aguda, subaguda e crônica. Após o período de incubação inicia-se a fase aguda ou febril, que dura até o 14º dia. Alguns pacientes evoluem com persistência das dores articulares após a fase aguda, caracterizando o início da fase subaguda, com duração de até três meses. Quando a duração dos sintomas persiste além dos três meses, se atinge a fase crônica. Nessas fases, algumas manifestações clínicas podem variar de acordo com o sexo e a idade. • exantema, vômitos, sangramento e úlceras orais parecem estar mais associados ao sexo feminino. • dor articular, edema e maior duração da febre são mais prevalentes quanto maior a idade do paciente A fase aguda ou febril da doença é caracterizada principalmente por febre de início súbito e surgimento de intensa poliartralgia, geralmente acompanhada de dores nas costas, rash cutâneo (presente em mais de 50% dos casos) cefaleia e fadiga, com duração média de sete dias. A poliartralgia geralmente acomete grandes e pequenas articulações, geralmente em regiões distais. A mialgia, quando presente, tem intensidade leve à moderada. O exantema atinge principalmente o tronco e as extremidades, podendo atingir a fase. Outras manifestações cutâneas também têm sido relatadas nesta fase: dermatite esfoliativa, lesões vesículobolhosas, hiperpigmentação, fotossensibilidade, lesões simulando eritema nodoso e úlceras orais. Para os neonatos de mães infectadas há um risco de transmissão vertical de aproximadamente 50% no período intraparto. O recém-nascido é assintomático nos primeiros dias, com surgimento de sintomas a partir do quarto dia (três a sete dias), que incluem a presença de febre, síndrome álgica, recusa da mamada, exantemas, descamação, hiperpigmentação cutânea e edema de extremidades. ↳ as formas graves são frequentes nesta faixa etária, como o surgimento de complicações neurológicas, hemorrágicas e acometimento miocárdico (miocardiopatia hipertrófica, disfunção ventricular, pericardite). Os quadros neurológicos, também reconhecidos como sinal de gravidade nesta faixa etária, incluem meningoencefalites, edema cerebral, hemorragia intracraniana, convulsões e encefalopatias. Durante esta fase a febre normalmente desaparece, podendo haver persistência ou agravamento da artralgia, incluindo poliartrite distal, exacerbação da dor articular nas regiões previamente acometidas na primeira fase e tenossinovite hipertrófica subaguda em mãos, mais frequentemente nas falanges, punhos e tornozelos. Alguns pacientes podem desenvolver doença vascular periférica, fadiga e sintomas depressivos. Caso os sintomas persistam por mais de três meses, após o início da doença, estará instalada a fase crônica. Após a fase subaguda, alguns pacientes poderão ter persistência dos sintomas, principalmente dor articular e musculoesquelética e neuropática, sendo esta última muito frequente nesta fase. A prevalência da fase crônica é muito variável entre os estudos, podendo atingir mais da metade dos pacientes. Os principais fatores de risco para a cronificação são: • idade acima de 45 anos • maior no sexo feminino • desordem articular preexistente • maior intensidade das lesões articulares na fase aguda. O sintoma mais comum nesta fase crônica é o acometimento articular persistente ou redicivantenas mesmas articulações atingidas durante a fase aguda, caracterizado por dor com O ou sem edema, limitação de movimento, deformidade e ausência de eritema. Caso o paciente com suspeita de chikungunya apresente alguma manifestação listada a seguir, será classificado como forma atípica da doença. As formas graves da infecção pelo CHIKV acometem, com maior frequência, pacientes com comorbidades (história de convulsão febril, diabetes, asma, insuficiência cardíaca, alcoolismo, doenças reumatológicas, anemia falciforme, talassemia e hipertensão arterial sistêmica), crianças, pacientes com idade acima de 65 anos e aqueles que estão em uso de alguns fármacos (aspirina, anti-inflamatórios e paracetamol em altas doses). As alterações laboratoriais dessa doença, durante a fase aguda, são inespecíficas. O diagnóstico laboratorial da infecção pelo CHIKV pode ser realizado de forma direta, por meio do isolamento viral e da pesquisa do RNA viral em diferentes amostras clínicas, ou de forma indireta por intermédio da pesquisa de anticorpos específicos. • para a pesquisa de RNA viral os testes mais utilizados são o RT-PCR e o qRT-PCR. • para a pesquisa de anticorpos específicos, as principais técnicas usadas são ELISA e POC As amostras clínicas utilizadas para o diagnóstico são geralmente sangue (virológico) ou soro (sorológico), mas nos casos neurológicos com características meningoencefalíticas, líquido cefalorraquidiano também pode ser coletado para os testes laboratoriais (virológico e sorológico). Nos casos fatais, a detecção do vírus por isolamento e por RT-PCR pode ser feita a partir de fragmentos de órgãos. v SÍNDROME DE GUILLAIN BARRÉ w É uma doença autoimune que pode acontecer em qualquer infecção viral ou bacteriana, porém, é mais comum em quadros posteriores de chikungunya, podendo também se apresentar em quadros de zika. Nessa doença, os anticorpos produzidos contra o microrganismo acabam atacando o oligodendrócito. v TRATAMENTO w Não existe tratamento para nenhuma das febres hemorrágicas virais, sendo feito apenas uma terapia de suporte a depender do paciente e da clínica. Logo, a terapia de suporte serve para tratamento da clínica e não da doença em si. importante: nunca deve ser utilizado AINEs, uma vez que esse medicamento produz um aumento da fragilidade capilar, aumentando o risco de hemorragias. No caso de desenvolvimento de doença crônica, os pacientes fazem utilização de terapia com corticoides para alívio da artralgia
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