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Montes Claros/MG - 2014
Alessandro Almeida 
Filomena Luciene Cordeiro
História Medieval i
2014
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
Maria Ivete Soares de Almeida
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Humberto Velloso Reis
EDITORA UNIMONTES
Conselho Consultivo
Antônio Alvimar Souza 
César Henrique de Queiroz Porto
Duarte Nuno Pessoa Vieira
Fernando Lolas Stepke
Fernando Verdú Pascoal
Hercílio Mertelli Júnior
Humberto Guido
José Geraldo de Freitas Drumond
Luis Jobim
Maisa Tavares de Souza Leite
Manuel Sarmento
Maria Geralda Almeida
Rita de Cássia Silva Dionísio
Sílvio Fernando Guimarães Carvalho
Siomara Aparecida Silva 
CONSELHO EDITORIAL
Ângela Cristina Borges
Arlete Ribeiro Nepomuceno
Betânia Maria Araújo Passos
Carmen Alberta Katayama de Gasperazzo
César Henrique de Queiroz Porto
Cláudia Regina Santos de Almeida
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Jânio Marques Dias
Luciana Mendes Oliveira
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Maria Aparecida Pereira Queiroz
Maria Nadurce da Silva
Mariléia de Souza
Priscila Caires Santana Afonso
Zilmar Santos Cardoso
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Carla Roselma Athayde Moraes
Waneuza Soares Eulálio
REVISÃO TÉCNICA
Karen Torres C. Lafetá de Almeida 
Káthia Silva Gomes
Viviane Margareth Chaves Pereira Reis
DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Andréia Santos Dias
Camila Pereira Guimarães
Camilla Maria Silva Rodrigues
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Magda Lima de Oliveira
Sanzio Mendonça Henriiques
Wendell Brito Mineiro
Zilmar Santos Cardoso
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Antônio Wagner Veloso Rocha
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Mariléia de Souza
Chefe do Departamento de Educação/Unimontes
Andréa Lafetá de Melo Franco
Chefe do Departamento de Educação Física/Unimontes
Rogério Othon teixeira Alves
Chefe do Departamento de Filosofi a/Unimontes
Ângela Cristina Borges
Chefe do Departamento de Geociências/Unimontes
Anete Marília Pereira
Chefe do Departamento de História/Unimontes
Francisco Oliveira Silva
Jânio Marques dias
Chefe do Departamento de Estágios e Práticas Escolares
Cléa Márcia Pereira Câmara
Chefe do Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais
Helena Murta Moraes Souto
Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes
Carlos Caixeta de Queiroz
Ministro da Educação
José Henrique Paim Fernandes
Presidente Geral da CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Diretor de Educação a Distância da CAPES
João Carlos teatini de Souza Clímaco
Governador do Estado de Minas Gerais
Alberto Pinto Coelho Júnior
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
narcio Rodrigues da Silveira
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela
Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros - 
Unimontes
Maria ivete Soares de Almeida
Pró-Reitor de Ensino/Unimontes
João Felício Rodrigues neto
Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes
Jânio Marques dias
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes dumont Macedo
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Autores
Alessandro Almeida
Graduado em História pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, mestrado em 
História pela Universidade Federal de Uberlândia
- UFU- Doutorando em História pela mesma Universidade, com ênfase na área de desenho, 
videogame, ficção, história e imagens.
Filomena Luciene Cordeiro
Graduada em História pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, pós-graduação 
lato Sensu em Ciências Sociais pela Unimontes e Gestão da Memória: Arquivo, Patrimônio 
e Museu pela Universidade Estadual de Minas Gerais - UEMG - mestrado em História pela 
Universidade Severino Sombra. Professora do Departamento de História da Unimontes.
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Idade média: introdução e debate . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 A idade média: preconceito, origem e caracterização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.3 O imaginário Medieval e os contos/desenhos animados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23
Os reinos e impérios medievais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2 Concepções do termo “bárbaras” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3 Os bárbaros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
2.4 Império Bizantino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
2.5 Os Árabes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
O(s) Feudalismo(s) Ocidental(is): Constituição e características . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
3.2 O sistema Feudal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
3.3 Características gerais do modo de produção Feudal na Europa Ocidental . . . . . . . . 46
3.4 Alguns legados da idade média - Feudalismo Ocidental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49
3.5 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
Referências básicas, complementares e suplementares . . . . .57
Atividades de Aprendizagem- AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59
9
História - História Medieval I
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a):
O caderno didático de História Medieval I dará continuidade ao aprendizado e às discussões 
que você começou na disciplina “História Antiga I e II”. Esta disciplina permite ao estudante viajar 
na história dos tempos medievais e conhecer como as pessoas pensavam, sentiam e viviam na-
quela época.
Nesse sentido, a disciplina História Medieval I tem como objetivos:
•	 Refletir sobre os processos e fatores da decadência do mundo clássico ocidental e as origens 
da Idade média;
•	 Analisar o contexto de formação dos reinos bárbaros, seu desenvolvimento econômico, po-
lítico e sociocultural;
•	 Identificar as estruturas socioeconômicas do Império Carolíngio, Bizantino e da civilização 
árabe;
•	 Delimitar o arranjo estrutural do mundo medieval ocidental, bem como suas diversas com-
plexidades.
Para tanto, organizamos os conteúdos em três unidades. Na Unidade I, Idade Média: in-
trodução e debate, abordamos os preconceitos referentes ao mundo medievo, a reflexão con-
cernente ao imaginário medieval e a sua importância, para pensarmos sobre representações 
cinematográficas e animadas que demonstram a importância das representações simbólicas 
do mundo medieval para a contemporaneidade. Na Unidade II, Os reinos e impérios medievais, 
apresentamos os reinos bárbaros, entre eles os quais destacamos os francos. Por último, na Uni-
dade III, O(s) feudalismo(s) ocidental(is): constituição e características, apresentamos a constitui-
ção e as principais características do feudalismo ocidental.
A proposta deste material contempla conhecer e compreender a idade média, enfatizando 
noções básicas, assim como a constituição e características do feudalismo ocidental. Serão tra-
balhados também os reinos e impérios medievais, entre eles, o Império Carolíngio, bizantino e 
Árabe.
Bom trabalho!
Os autores
11
História - História Medieval I
◄ Figura 1: 
Representação de Vila 
Medieval. 
Fonte: Disponível em 
http://www.meionorte.
com/danielcristovao/
densidade-demografica-
na-primeira-idade-me-
dia-77799.html. Acesso 
em 23/11/2010
UnidAde 1
Idade média: introdução e debate
1.1 Introdução
Nesta primeira unidade, lançaremos as bases para uma boa análise do mundo medieval. In-
troduziremos discussões acerca dos preconceitos gerados em torno do mundo medieval, bem 
como do imaginário desses preconceitos. Após essa discussão introdutória, apresentaremos me-
todologias de análises acerca de materiais cinematográficos medievais, que poderão ser traba-
lhados em sala de aula. Sendo assim, nosso foco principal é teorizar acerca das discussões que 
envolvem o mundo medieval.
1.2 A idade média: preconceito, 
origem e caracterização
Pensar em Idade Média nos remete a imagens de bruxas, castelos, dragões e uma sociedade 
camponesa que, mesmo permeada de romances, leva-nos muitas vezes a afirmar: “é realmente a 
idade das trevas”. Tais símbolos desafiam a periodização e o tempo, demonstrando-nos que a dis-
cussão sobre o mundo medieval faz-se necessária para compreendermos significados que mar-
cam a nossa história do “presente”. É com a perspectiva de Marc Bloch, historiador e analista da 
sociedade feudal, de que a história é a disciplina do presente que iniciaremos nossas reflexões.
Em primeiro lugar, devemos desde já desconstruir qualquer tipo de fórmula como: idade 
média = feudalismo. É preciso antecipar que a idade média é muito mais abrangente que o feu-
dalismo ocidental. Assunto a ser tratado com detalhe na Unidade III.
diCA
Na mitologia grega, 
Europa era o nome 
de uma bela princesa 
fenícia, raptada por 
Zeus, que a levou à ilha 
de Creta. Ali se uniram 
e geraram filhos, entre 
os quais Minos, o futuro 
rei de Creta. Não há 
uma tese segura que 
explique as razões pe-
las quais o continente 
europeu adquiriu esse 
nome. Até que ponto, 
estamos reconstruin-
do essa mitologia em 
nossas salas de aula, 
quando somente rei-
teramos uma História 
Eurocêntrica? Ou seja, 
é nosso fim maior. 
Estamos sendo críticos 
o suficiente para dar à 
Europa o devido lugar?
12
UAB/Unimontes - 3º Período
Acerca da Idade Média (V-XV), é conveniente frisar que existe uma generalização preconcei-
tuosa que vincula esse período ao atraso. A esse respeito, a historiografia destaca que o termo 
medieval é tido como pejorativo,assim como o próprio apelido de “idade das trevas”, ambos cria-
dos por renascentistas e até mesmo defendidos por historiadores até o século XIX. Os primeiros 
detinham a percepção preconceituosa de que aquele momento do passado havia regredido, até 
mesmo por não deter as obras clássicas da antiguidade romana e grega. Seria uma sociedade 
na qual a servidão estava aparente e os meios de produção eram os mais rudimentares, além do 
fato de as vilas serem isoladas e não desenvolvidas. Povoados imensos se resguardavam atrás de 
seus castelos e de bosques “mal assombrados”. Portanto, o sentido básico mantinha-se renascen-
tista: a “Idade Média” teria sido uma interrupção no progresso humano inaugurado pelos gregos 
e romanos e retomado pelos homens do século XVI. Percebamos, portanto, que a significação 
do período medieval como atrasado foi elaborada por um conjunto de pensadores que queriam 
afirmar o ideal de uma sociedade predominantemente burguesa, dita como “moderna”, como 
um período de maior desenvolvimento, cujo tempo realidade é caracterizado entre os séculos 
XV e XVIII.
Em termos de periodização, a Idade Média é dividida em Alta Idade Média (V ao X) e Baixa 
Idade Média (XI ao XV). A disciplina Medieval I privilegiará a ascensão e constituição do feuda-
lismo, enquanto Medieval II (outra disciplina) dará ênfase à crise feudal, característica da Baixa 
Idade Média (XI ao XV). Logo, o estudo do mundo medieval ocidental leva-nos a analisar a Euro-
pa após a decadência de Roma (séc. V), ocasionada a partir das invasões bárbaras. Considerando 
que essas invasões se seguem pela Alta Idade Média (V-X), é conveniente perceber que o mundo 
feudal ocidental constitui-se a partir desses conflitos.
Após essa breve situação vocabular e histórica, atenhamo-nos ao final da sociedade roma-
na: Quais os fatores que desencadearam a queda do Império Romano? O que contribuiu para 
a chegada da sociedade medieval? Quais os limites e projeções do feudalismo? Esse é o nosso 
trabalho neste momento.
O Império Romano, com o passar dos anos e das conquistas, encaminhava-se à chamada 
Pax romana (III), período de diminuição de guerras e, consequentemente, de diminuição dos 
aprisionamentos de escravos adquiridos nas mesmas. A crise da escravidão, os excessivos gastos 
com guerras e a tentativa de manutenção dos privilégios aos burocratas provocaram a retração 
da produção e a aceleração do processo inflacionário, fatores que fizeram com que a crise econô-
mica se generalizasse.
Segundo Perry (1989), em Passagens da Antiguidade ao Feudalismo, a crescente expansão 
de Roma trouxe mais conquistas e menos controle das áreas conquistadas. Com o distanciamen-
to das terras, aliado ao crescente volume cultural, e com a chegada das primeiras ondas de inva-
sões bárbaras e as constantes trocas de imperadores, o fim do grandioso Império aproximava-se 
tanto quanto o passar dos anos:
Mediante imigrações pacificas ou invasões, diversos povos germânicos (que os romanos 
chamavam de bárbaros) foram ocupando o Império Romano do Ocidente. As invasões germâ-
diCA
No período medieval, 
representantes da es-
colástica apropriavam-
se da cultura clássica 
(greco-romana) para 
defenderem a fé cató-
lica. Com o desenvol-
vimento do comércio 
e a urbanização, surgiu 
o Renascimento (XIV), 
e a maior parte dos 
renascentistas eram 
intelectuais da própria 
Igreja Católica que, com 
a mudança de realida-de histórica, construí-
ram uma “nova lógica 
burguesa” que condu-
ziu o mundo ocidental. 
Para tanto, construíram 
o ideal de Idade Média 
como “idade das trevas” 
ou “noite dos mil 
anos”. A partir de tais 
informações, convém 
problematizarmos: De-
vemos transmitir para 
nossos alunos a Idade 
Média como “idade das 
trevas”? Qual a impor-
tância das mudanças 
históricas para alterar-
mos nossa maneira de 
pensar? Como as elites 
constroem seu predo-
mínio, “seu mundo” por 
meio da educação e da 
história?
Figura 2: Castelo 
construído no período 
medieval
Fonte: Disponível em 
http://www.historiadetu-
do.com/idademedia.jpg. 
Acesso em 23/11/2010
►
13
História - História Medieval I
nicas desencadearam transformações profundas que marcaram a formação da Europa medieval 
(COTRIM, 2007).
Nesse caminho, podemos listar outros agravantes como:
•	 esgotamento das terras devido a técnicas inadequadas;
•	 a produção agrícola decai, assim como a produção livre;
•	 impostos elevados em todo o império, sufocando, sobremaneira, a população;
•	 ascensão do cristianismo. Em meio à crise do império e do escravismo, ocorre o fortaleci-
mento da religiosidade cristã que, em alguns momentos, foi até utilizada como meio de for-
talecimento do Império;
•	 o trabalho corporal visto como indigno, uma vez que o principal intuito dos grandes ho-
mens seria ter, suficientemente, escravos para alcançar a ociosidade e, assim, a sua intelec-
tualidade e seu status;
•	 as cidades perdem prestígio, iniciando a fuga da população urbana para o campo.
1.2.1 A importância das invasões bárbaras para a formação do 
Mundo Feudal
Um dos fatores que determinaram a crise do Império Romano no século V foram as inva-
sões bárbaras. A partir de então, muitos livros didáticos tratam as invasões com um dado fixo e 
“morto” que, como fato, se restringiria ao momento da decadência de Roma. Porém, tratando a 
história como processo, o historiador Marc Bloch, em A sociedade feudal destaca que o conjunto 
de invasões acumuladas entre os séculos V e IX foi fundamental para entendermos o processo 
de feudalização da Europa Ocidental que ocorre de forma gradual. Nesse prisma, a compreensão 
desses conflitos é fundamental para entendermos o mundo medievo e a sociedade feudal.
Segundo Perry Anderson (1989), o período compreendido entre os séculos III e IV abarca as 
primeiras invasões bárbaras. Na primeira onda de invasão, algumas regiões passam a se desvin-
cular do poderio de Roma, muito embora o legado romano ainda seja utilizado em grande parte 
da Europa. Destaca-se que, nessas primeiras invasões, surge um dualismo em várias esferas: na 
política, a lei romana confrontava-se com as tradições de oralidade bárbaras, principalmente dos 
germanos. Na religião, o monoteísmo católico duelava com o politeísmo bárbaro, fato que fun-
◄ Figura 3: Fortificação 
dos castelos: muros 
altos e torre
Fonte: Disponível 
em http://www.
paliodeinorma nni.com/
images/PIAZZA/feudo_67.
jpg. Acesso em 23/11/2010
GLOSSÁRiO
Arianismo: Esta 
religiosidade tem seu 
princípio no Cris-
tianismo Primitivo, 
sendo sustentado pelos 
seguidores de Arius 
(bispo de Alexandria). 
O princípio do Arianis-
mo era a negação da 
consubstancialidade 
entre Jesus e Deus, ou 
seja, o primeiro era 
subordinado ao se-
gundo e não a mesma 
entidade. Ao mesmo 
tempo, afirmava que 
Deus seria um gran-
de e eterno mistério, 
oculto em si mesmo, e 
que nenhuma criatura 
conseguiria revelá-lo, 
visto que Ele não pode 
revelar a si mesmo. O 
Concílio de Nicéia (325 
d.C) condenou esta 
doutrina após uma 
grande controvérsia e 
declarou-a herética. No 
entanto, visões seme-
lhantes e, em alguns 
casos, revivificação do 
nome ocorreram desde 
então. Uma carta de 
Auxentius, um bispo 
de Milão do século IV, 
referindo-se ao missio-
nário Ulfila, apresentou 
uma descrição clara da 
teologia ariana sobre 
a Divindade. Deus, o 
Pai, nascido antes do 
tempo e Criador do 
mundo, era separado 
de um Deus menor, o 
Logos, Filho único de 
Deus (Cristo) criado 
pelo Pai. Este, traba-
lhando com o Filho, 
criou o Espírito Santo, 
que era subordinado 
ao Filho e, tal como o 
Filho, era subordinado 
do Pai. Segundo outros 
autores, para Ário, o 
Espírito Santo seria 
uma criatura do Logos 
(Filho). Por causa de 
propensos conflitos 
políticos, Constantino I 
(IV) reafirma o Aria-
nismo como herético, 
muito embora tenha se 
convertido ao final de 
sua vida.
14
UAB/Unimontes - 3º Período
damentou, por exemplo, o surgimento do arianismo. A força das “armas” condicionava uma redis-
tribuição de terra desigual. Diferentemente, a segunda onda de invasões demarca ainda mais os 
contornos iniciados pela primeira. A população dividida passa a fugir para o campo e refugiar-se 
dos conflitos. O medo “do saque e da violência” leva os nobres a firmarem pactos de vassalagem. 
Nesse momento devemos lembrar nossa afirmação inicial: muito embora seja adotado o feuda-
lismo analogamente com o período do ano V ao X, intitulado como Alta Idade Média, ele só re-
ceberá contornos visíveis a partir do século IX, após o governo de Carlos Magno. Na sequência, 
percebamos, de maneira objetiva, as principais contribuições das invasões para a constituição do 
feudalismo ocidental mais bem identificado entre os séculos IX e XI:
No aspecto político, em consequência das invasões, o medo, as guerras, as construções de 
fortalezas e castelos são marcantes para a compreensão do mundo feudal. Na primeira onda de 
invasões, os bárbaros (povos que não seguiam as leis e costumes romanos) desestruturaram o 
exército do Império Romano. Dessa forma, 
muitos guerreiros romanos e bárbaros de-
sistiram de defender as cidades e passaram 
a defender possessões de terras que, poste-
riormente, seriam entendidas como feudos. A 
construção de castelos em lugares distantes 
poderia garantir aos indivíduos de maiores 
posses segurança, visto que o medo de um 
possível conflito era constante.
Em termos econômicos, as guerras cons-
tantes geraram o êxodo urbano e a ruralização 
da economia, pois as primeiras invasões oca-
sionaram a crise da escravidão e do comércio 
romano. Estruturava-se, portanto, uma vivência 
social em que o apreço ao trabalho nas terras 
dos senhores “feudais” condicionava toda uma 
nova sociedade que irrompia. Além disso, os 
bárbaros, povos que, em sua maioria, tinham 
tradições rurais e não possuíam um sistema mo-
netário muito organizado, passaram a impor seu 
modo de vida. A economia na Europa ocidental, 
Figura 4: 
Representação das 
invasões Bárbaras em 
Roma 
Fonte: Disponível em 
http://upload.wikimedia.
org/wikipedia/com-
mons/9/95/Vandalen.jpg. 
Acesso em 23/11/2010
►
Figura 5: O germano e 
sua família
Fonte: Disponível em 
http://educaterra.terra.
com.br/voltaire/artigos/
pimage/gemanos1.jpg 
Acesso em 23/11/2010
►
15
História - História Medieval I
gradativamente (entre os séculos V e IX), tornava-se predominantemente agrária e vinculada à sub-
sistência. O trabalho era realizado pelos servos das terras senhoris, e a escravidão perdia espaço e 
convivia com a servidão.
Em termos de religião, o politeísmo hegemônico dos bárbaros, a pluralidade religiosa e o 
constante ambiente de medo proporcionado pelas invasões condicionavam a emergência da 
Igreja Católica que, progressivamente, ganhava espaço nas relações espirituais (religiosas) e tem-
porais (políticas). Esses fatores, conjugados e somados às fragilidades das instituições políticas, 
faziam com que a Igreja Católica ganhasse força no mundo medieval. Nos reinos Merovíngio e 
Carolíngio, por exemplo, os líderes políticos Clóvis e Carlos Magno buscaram apoiar seus impé-
rios nas práticas e na ajuda de membros da Igreja Católica. A partir de então, a influência da Igre-
ja se amplioue, mesmo com a decadência desses impérios, os papas empunhando “a cruz ou 
a espada” tornavam-se figuras fundamentais na sociedade feudal. Como a maior detentora de 
terras, a instituição Igreja Católica passou a julgar e coordenar a maioria dos povos que vivia no 
período feudal. Procurando utilizar o ambiente de medo a seu favor, o poderio da Igreja Católica 
teve um de seus momentos de ápice no período medieval, fato condicionado pelas invasões.
Como podemos perceber, a compreensão do conjunto de invasões entre os séculos V e IX 
condicionou a formação da sociedade feudal. Até as particularidades do sistema feudal nas dife-
rentes regiões da Europa são também condicionadas pela pluralidade de povos que invadiram 
o Império Romano e a Europa. Reiteramos, portanto, que a sociedade feudal, cujo esplendor se 
deu entre os séculos (IX-X), se formou a partir das invasões. 
Segundo Enzensberger (1995), toda migração – qualquer que tenha sido o fator a desen-
cadeá-la ou sua motivação subjacente, seja ela voluntária ou involuntária e seja qual for a escala 
que assume – leva a conflitos. A defesa dos interesses locais e a xenofobia são constantes an-
tropológicas que precedem qualquer racionalização. A distribuição universal desses traços indica 
que são mais antigos que todas as sociedades conhecidas [...] Os movimentos migratórios em 
grande escala sempre levam à disputa pela distribuição dos recursos. [...] Ninguém emigra sem a 
promessa de uma vida melhor (ENZENSBERGER, 1995).
Na sequência, apresentamos algumas características e definições de novas formas de rela-
ções do mundo germânico e romano.
a. Germânico
•	 Comitatus: Em troca de serviços militares, os guerreiros recebiam terras de seus chefes e 
tinham autonomia para administrá-las. Esse processo era consolidado por meio de um jura-
mento de lealdade e contribuiu para o surgimento da suserania e vassalagem.
•	 direito Consuetudinário: Sistema de leis herdadas de antepassados e transmitidas oral-
mente.
•	 A agricultura e o pastoreio: Tradição que contribuiu para a ruralização da economia.
b. Romano
•	 O sistema de colonato: O colono ou camponês era obrigado a se fixar na terra, sob a tutela 
do proprietário. Essa relação contribuiu para o surgimento da servidão.
•	 Villas: Com as invasões bárbaras, as villas (grandes propriedades rurais) passaram a ser o 
centro das atividades econômicas e um refúgio para os camponeses, fato que contribuiu 
para a servidão e descentralização.
•	 igreja Católica: Com a desestruturação do Império Romano, a Igreja Católica passou a do-
minar o cenário político, cristianizando bárbaros, controlando territórios, interferindo em 
guerras, monopolizando o conhecimento e determinando até sucessões monárquicas.
◄ Figura 6: 
Representação 
organizacional de um 
feudo
Fonte: Disponível em 
http://www.professoracla-
ra.com/imagens/feudal/
feudo-des.JPG. Acesso em 
23/11/2010
16
UAB/Unimontes - 3º Período
1.3 O imaginário Medieval e os 
contos/desenhos animados
Em meio à escassez de fontes para se analisar as 
formas de viver, sentir e pensar do medievo, inúme-
ros historiadores se depararam com a necessidade 
de utilizar signos, símbolos e imagens que poten-
cializariam a (re) significação do mundo medieval. 
Baczko (1985), estudando sobre o imaginário social, 
afirma que, no mundo medievo, assim como em vá-
rias civilizações antigas, a utilização de imagens sa-
cras, mitos e ritos foi fundamental para o domínio de 
grupos privilegiados “tecnicamente” sobre determi-
nadas sociedades. Nesse viés, a distribuição de pro-
priedade, o prestígio, as hierarquias e a submissão 
eram conduzidos por aqueles que dominavam a ma-
nipulação de símbolos, fato que solidificava domínio 
social. Em termos de Idade Média, é conveniente destacar que reis, nobres e representantes da 
Igreja Católica buscavam dominar a população por meio do domínio da imaginação social. Po-
rém, vários contos populares fizeram-se presentes e se perpetuaram no decorrer da história, ilus-
trando fatos em produções cinematográficas ou desenhos animados.
Na atualidade, o uso de instrumentos audiovisuais, projetados pela televisão em sala de 
aula, é ainda um desafio, porém deve ser enfrentado. Pensando nas produções televisivas como 
documentos históricos, o professor e historiador Marcos Napolitano, perguntado em entrevista 
sobre o seu livro: Como usar a televisão em sala de aula, afirma:
A minha perspectiva é mostrar que os conteúdos veiculados pela televisão 
aberta, pela TV a cabo, pelos comerciais mesmo podem ser usados em sala 
de aula para discutir os mais variados conteúdos escolares tradicionais, va-
mos dizer assim. Há fontes interessantes em várias disciplinas e a idéia é que 
a televisão seja uma grande geradora de questões a serem discutidas e, ao 
mesmo tempo, um documento a ser analisado e mais bem compreendido 
pelo aluno. A proposta que perpassa todo o livro é a da “alfabetização visual” 
para ver TV, porque é fundamental formar um espectador crítico (NAPOLITA-
NO, 2006, p. 98).
Em busca da construção deste “espectador crítico”, o professor/historiador deve estar atento 
aos seguintes aspectos:
•	 expor a historicidade do documento em análise (contexto histórico da produção);
•	 analisar a produção (autores, vida, intenções, entrevistas, etc.);
•	 ficar atento à periodicidade da temática expressa na produção;
•	 ficar atento ao público ao qual a produção audiovisual se dirige.
Conforme afirma Le Goff (1998), nenhum documento é inócuo, ele sempre é produzido por 
pessoas que têm interesses diferen-
tes em tempos diferentes. Portanto, 
de maneira parecida com a análise de 
um documento “antigo”, o historiador 
deve estar atento ao lugar, tempo e 
espaço de produção e de recepção 
das fontes produzidas, sejam elas es-
critas, sejam audiovisuais, sejam de 
qualquer espécie. Evidentemente 
que as produções audiovisuais pos-
suem algumas especificidades; po-
rém, tais características são marcadas 
pelo seu tempo de produção, fato 
que legitima a análise historiográfica.
Figura 7: Os Irmãos 
Grimm.
Fonte: Disponível em 
http://acmlp.pt/bib/
wp-content/uploads/ 
2008/04/grimm4.jpg 
Acesso em 23/11/2010
►
Figura 8: A mídia na 
sala de aula 
Fonte: Disponível em 
http://populo.weblog.
com.pt/ arquivo/tele-
visao2.jpg. Acesso em 
11/2010
►
17
História - História Medieval I
1º. passo - Explicar aos alunos o contexto de produção do filme: o ano de 2000. ‘Destacar 
que, após a queda da URSS e os avanços da globalização, inúmeros problemas como a intolerân-
cia, corrupção e violência marcaram as vidas de inúmeros “cidadãos do mundo”. Nesse contex-
to, há a saga de “Maximus” – o Gladiador– lutando contra o imperador de Roma. (È importante 
lembrar-se de que George W. Bush, por exemplo, estava sendo eleito no “Império Americano” e 
acusado de corrupção).
Obs: Perceber que apenas a comparação “Queda do Império Romano versus Queda do Im-
pério Americano” já daria uma aula.
2º. passo - Após contextualizar a produção do filme, apresentá-lo pedindo aos alunos para 
prestarem atenção nos aspectos que geraram a decadência de Roma, apesar de o filme fazer re-
ferência aos Imperadores que governam o Império no Principado (Século II d.c).
3º. passo - A partir da exposição dos alunos sobre os problemas de Roma, iniciar uma expo-
sição da matéria.
4º. passo - Propor um exercício em forma de redação para que os alunos estabeleçam um 
diálogo entre a produção (período em que o filme é lançado) e a matéria (decadência do Império 
Romano).
Obs: Caso considere o filme longo, é interessante selecionar trechos. Porém, na propos-
ta de aula sugerida, era imprescindível que o aluno assistisse ao filme. Assim sendo, o filme 
ganhará mais sentido, e os alunos poderão perceber a História como disciplina marcada pela 
criticidade.
AtiVidAde
Observe uma sugestãode análise:
Objeto: Filme “O Gla-
diador”
delimitação da análi-
se: tema específico de 
aula: Crise do Império 
Romano e Invasões 
Bárbaras
Época de produção do 
filme: Ano 2000
◄ Figura 9: Cena do filme 
Gladiador 
Fonte: Stúdio Dreamworks, 
2000
◄ Figura 10: Hagar, o 
Horrível, o sempre 
atrapalhado e corajoso 
vicking.
Fonte: Disponível em 
http://hq.cosmo.com.br/
images/hqcoisa/h0066_
hagar_close.jpg. Acesso 
em 23/11/2010
18
UAB/Unimontes - 3º Período
Grandes historiadores já fizeram análises com o 
que acreditavam ser anedotas ou fatos que ninguém 
creditava importância, como é o caso do historiador 
Marc Bloch. Ele analisou um fato curioso que se arras-
tou do século XII ao XVII na França e até o século XVIIII 
na Inglaterra: a cura de escrófulas (adenite tuberculosa) 
por meio do toque das mãos dos reis. Participante do 
movimento dos Annales, ou grupo dos Annales, este 
historiador francês foi um dos primeiros fundadores da 
“escola” com o seu livro Os Reis Taumaturgos. Nas pala-
vras de Bloch (1993), (...) pensei que esse desvio no ca-
minho merecia ser seguido e, com a experiência, acre-
ditei perceber que ele levava bem longe. Julguei que se 
podia fazer história com aquilo que, até o presente, era 
só anedota.
Em O grande massacre de gatos e outros episódios 
da História Cultural Francesa, Robert Darnton apresenta, 
além do episódio que carrega em seu título, uma aná-
lise acerca de vários contos, como os publicados pelos 
famosos Irmãos Grimm.
Nesse contexto, o autor nos demonstra que muitos 
contos seriam mitos contados desde a Idade Média e 
foram substancialmente modificados para a sociedade 
francesa do século XVI e ainda mais reelaborados para 
a utilização em nossa sociedade atual. Há análises des-
de contos como Chapeuzinho vermelho, João e o pé de 
feijão, A mamãe ganso e, até mesmo, A Cinderela, con-
to que, segundo a indicação de pesquisas, há registros 
de uma história análoga na China do século IX. Darnton 
(1988) nos chama a atenção de que boa parte dos con-
tos apresenta a comida em abundância como reflexo 
de uma sociedade faminta que seria a França do século 
XVIII.
Outros, como é o caso de A Cinderela, apresentam 
uma família em que aparece sempre a figura da ma-
drasta má, fato que se origina da grande mortandade entre as mulheres, ocasionando grande 
número de filhos órfãos e maridos propensos a amasiarem-se. A sexualidade inicial exagerada 
apresentada no conto de Chapeuzinho vermelho original é extirpada para a apresentação aos 
olhares infantis de uma garota doce com um fim trágico em algumas tradições e/ou um final feliz 
em outras.
Poderíamos citar inúmeros outros exemplos, principalmente no que diz respeito a filmes. 
Seria possível apresentar uma vasta filmografia que retrata as mais variadas passagens e fatos 
diCA
Hobin Hood: Produto 
da sociedade medieval 
em crise (Inglaterra, 
séculos XII e XIII), este 
personagem dos dese-
nhos, filmes e demais, 
nasceu em meio a um 
contexto poucas vezes 
levado à tona. Injustiça-
da no governo de João 
“O sem Terra”, em meio 
a confiscos, derrotas 
em batalhas e a conse-
quente confecção da 
Magna Carta (docu-
mento que restringia 
os poderes dos reis), a 
população inglesa pas-
sa a transmitir a história 
de um inglês simples 
que almejava uma luta 
contra o autoritarismo 
e a favor da liberdade 
e do fim dos privilégios 
do clero e da nobreza.
Figura 11: Marc Bloch
Fonte: Disponível em 
http://api.ning.com/files/
gWlIW1oPwUhTC*gbcDjG-
m9zDoLvHNyc3aCBez7B-
dAoLDQHZC9cE9qdw56y-
VymiMukXMg0ONGqzKa-
moYNu*GjOA jrBRoYFcUD/
Bloch.jpg. Acesso em 
23/11/2010
►
Figura 12: Robert 
Darnton
Fonte: Disponível em 
http://br.librarything.com/
author/darntonrobert. 
Acesso em 23/11/2010
►
Figura 13: 
Representação das 
diversas personagens 
femininas dos contos 
infantis, retratadas 
homonimamente no 
filme Shrek (da esq. 
p/a dir.: Cinderela, 
Branca de Neve, 
Fiona, Rapunzel, Bela 
Adormecida) 
Fonte: Disponível em 
http://www.themovieblog.
com/archives/Shrek-3-
-Princesses.jpg. Acesso em 
23/11/2010
►
19
História - História Medieval I
históricos. Como quase sempre os filmes apresentam uma visualização mais facilitada (muito 
embora alguns carreguem romances que, geralmente, chamam a nossa atenção para outros as-
pectos que não os de aproximar a História teórica, textual de imagens e ações contextualizadas 
epicamente), resolvemos apresentar, aqui, um desenho animado cujo foco seria a faixa etária 
infantil. Na série Shrek, vários contos são retratados em uma abordagem crítica e atual; porém, 
pressupostos do imaginário medieval, como o medo, os “castelos” distantes, as insurreições po-
pulares e mesmo a caracterização mítica do Ogro, são fundamentais para a produção do filme.
A trilogia apresenta-nos uma crítica, na qual os diversos contos conhecidos no mundo in-
fantil tomam rumos nunca pensados. Príncipes tornam-se vilões, fadas são maldosas, e monstros, 
como o próprio Shrek, um ogro, chegam ao ponto de se tornarem um príncipe, ao menos politi-
camente. Apesar da estranheza que nos salta aos olhos, um misto de medievalidade e contem-
poraneidade dá um ar sarcástico aos diversos personagens das histórias infanto- juvenis.
Ineditismo à parte, podemos fazer a seguinte análise acerca do terceiro filme intitulado 
Shrek Terceiro:
◄ Figura 14: Personagens 
do filme Shrek. Ao 
meio, encontra-se 
o protagonista que 
dá nome ao longa 
metragem (da esquerda 
para a direita: O Burro, 
Shrek, Gato de Botas) 
Fonte: Disponível em 
http://www.imotion.
com. br/imagens/data/
media/61/Shre k1_www.
imotion.com.br.jpg. Acesso 
em 23/11/2010
◄ Figura 15: Reino de “Tão 
Tão Distante “(DREAM-
WORKS, 2007) 
Fonte: Disponível em 
http://www.imotion.
com.br/imagens/data/
media/61/Shrek1_ www.
imotion.com.br.jpg. Acesso 
em 23/11/2010
20
UAB/Unimontes - 3º Período
QUADRO 1
Terceiro filme intitulado Shrek Terceiro
SHReK teRCeiRO idAde MÉdiA (V-XV)
Contos
A série cinematográfica 
Shrek baseia-se em contos 
que destacam um cenário 
característico do período 
medieval. 
Leis Consuetudinárias: Com a decadência do Império 
Romano, os valores medievais foram constituídos através 
da valorização da oralidade (tradição dos bárbaros, princi-
palmente dos germanos). Assim, passou a ser comum a tra-
dição de inventar contos que destacassem as dificuldades 
existentes nas florestas ou bosques (às vezes chamadas de 
mansos comunais).
O reino “Tão Tão Distante” Após a desestruturação do Império Romano, Merovíngio 
e Carolíngio, a política feudal, em meados do século IX, 
passou a ser descentralizada. Com isso, os reinos ficaram 
“tão tão distantes”, sob o risco de ataques inimigos, prin-
cipalmente nas florestas que os cercavam.
A invenção do “Ogro” (Shrek)
As árvores assustadoras, bruxas 
más.
Devido à distância e à rivalidade dos reinos que são 
originados de povos bárbaros diferentes, surgiu a necessi-
dade da suserania e vassalagem (relação de produção e 
defesa entre os senhores feudais) e a criação de mitos 
assombrosos que impediam as pessoas de se arriscarem 
nas florestas.
O capitão Gancho Reinos bárbaros, sobretudo de origem Viking ou anglo-
-saxônica, tinham a prática da pirataria. 
A revolta do príncipe 
“Encantado”
Ao convocar os “vilões desprivilegiados” a lutar contra 
“Fiona e Shrek”, podemos relembrar as inúmeras revoltas 
ocasionadas pela disputa do trono, como a dos jacqueries, 
que significa “João ninguém” ou camponeses.
As princesas a espera de seu 
príncipe Encantado
A mística da bravura dos cavaleiros medievais e a necessi-
dade de relação política entre os reinos propiciaram o surgi-
mento do famoso enredo em que os príncipes enfrentam 
os perigos da floresta para salvarem a princesa.
O príncipeArtie (o rei Arthur) Devido à tradição oral, não existem registros que 
comprovem objetivamente a existência do rei Arthur. 
Porém, a mística arturiana destaca entre suas versões a 
história de um jovem bretão que assume o trono com a 
ajuda de Merlin. Apesar de poder afirmar a existência de 
Arthur, a história é contada principalmente entre os séculos 
VII e XII, e as suas características condizem com o contexto 
medieval. Lembremo-nos da Guerra dos Cem Anos e da 
Revolução de Avis no século XIV, onde a disputa pelo 
trono era a tônica.
Fonte: (DREAMWORKS, 2007)
Assim, nesse quadro, é possível perceber várias características que permeiam o imaginário 
medieval. Os reinos distantes, a tradição oral, as relações entre nobres, as revoltas populares, o 
constante medo de conflitos e a valorização das tradições e das posses de terras são constan-
temente percebidas nas “brincadeiras” que a série Shrek faz com outros contos tradicionais. Ao 
propormos tal reflexão, buscamos evidenciar a possibilidade de aprender características do mun-
do medievo de desenhos ou filmes, fato que facilita a dinâmica de sala de aula. Ou seja, um es-
tudioso/estudante do período medieval pode se valer das produções audiovisuais para lecionar 
e apresentar características da Idade Média ou do feudalismo ocidental de forma mais atrativa 
para seu alunado.
diCA
Assista ao filme Shrek 
Terceiro e, diante de 
seus conhecimentos 
prévios, faça a análise 
histórica do filme.
21
História - História Medieval I
Referências
BACZKO, Bronislaw. Imaginação social. In: ROMANO, Ruggiero (org.). enciclopédia einaudi. Lis-
boa: Imprensa Nacional; Casa da Moeda, 1985. v.5.
BLOCH, Marc. Os Reis taumaturgos: o caráter sobrenatural do poder régio, França e Inglaterra. 
Júlia Mainardi (trad). 2ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
COTRIM, Gilberto. História global: Brasil e geral. São Paulo: Saraiva, 2007. 
DARNTON, Robert. O Grande Massacre de Gatos: e outros episódios da História Cultural Fran-
cesa. São Paulo: Graal, 1988.
ENZENSBERGER, Hans Magnus. Guerra Civil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
LE GOFF, Jacques. A bolsa e a vida. São Paulo: Brasiliense, 1998.
NAPOLITANO, Marcos. A história depois do papel. In: Fontes históricas. São Paulo: contexto, 
2006.
PERRY Anderson. Passagens da antiguidade ao feudalismo. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 1989. 
296 p.
23
História - História Medieval I
UnidAde 2
Os reinos e impérios medievais
2.1 Introdução
Nesta unidade, o tema abordado será os reinos medievais, entre eles, os germanos, os esla-
vos, os escandinavos, os árabes e outros. Ao discutir os reinos medievais, deve-se levar em consi-
deração que o estudo permeará o declínio do mundo antigo e a transição do escravismo para o 
feudalismo.
Nesse sentido, num primeiro momento, o nosso estudo será sobre os bárbaros, com ênfase 
nos francos e, num segundo momento, sobre os impérios árabe e bizantino com o objetivo de 
compreender esses povos e sua atuação no período medieval.
2.2 Concepções do termo 
“bárbaras”
De acordo com o Dicionário Aurélio (2001, p: 88), bárbaro significa inculto, selvagem, bruto, 
grosseiro, com nível cultural inferior. Já civilizado é abordado como um estado de progresso e 
cultura social, com nível cultural superior (Ibid. p.157).
Nessa veia, discutir esses conceitos, sobretudo o termo bárbaro, é fundamental para com-
preensão desta unidade.
De acordo com Guerras (1987), o termo bárbaro é uma herança grega. Segundo Heródoto, 
os gregos chamavam “bárbaros” aqueles que falavam uma língua diferente da sua. Essa era uma 
prática originária grega. Então, “bárbaro”, em grego, seria aquele que possuía uma língua incom-
preensível, que não compartilhava nem os costumes dos helenos.
A concepção adotada pelos romanos compreendia os “bárbaros” como os estrangeiros não 
assimilados, ou seja, OS OUTROS, dos quais era necessário se defender.
2.2.1 Construção da concepção de bárbaro
De acordo com Guerras (1987, p. 7), durante o Renascimento, movimento cultural datado 
de 1350 a 1600, o termo bárbaro tinha sentido pejorativo, ou seja, significava inculto, selvagem, 
bruto e grosseiro. Essa significação era difundida no Renascimento para designar os povos que 
puseram fim ao Império Romano e iniciaram a “Idade das Trevas”.
Os motivos que remetiam a esse significado consistiam na não aceitação do diferente. O es-
trangeiro, entidade não coerente e possuidor de nível cultural inferior é antagônico: “nós – eles”.
Os homens renascentistas viviam numa época de revalorização do mundo clássico, grego e 
romano, apogeu da cultura humana, e, por outro lado, consideravam a Idade Média revestida de 
caráter negativo, um período de barbárie, no qual a humanidade alcançou o estado mais baixo 
de cultura. Da mesma forma, a palavra invasão que acompanha os bárbaros, ou seja, “a invasão 
dos bárbaros” implicava uma ideia de violência e de choque militar.
O Iluminismo e a ilustração no século XVIII reafirmam a postura do Renascimento.
No século XIX, o Romantismo resgata a Idade Média. Por isso, os povos bárbaros passaram a 
ser o sopro de vitalidade frente à civilização decadente do Império Romano. Nesse novo quadro, 
a palavra “invasões” também foi trocada por “migrações”. Ou seja, o Império Romano não foi as-
sassinado, mas morre de morte natural.
diCA
John Updiker, um 
romancista norte-ame-
ricano do século XX, 
afirma que “Homens 
famintos são bons 
soldados”. A partir da 
discussão sobre os 
povos bárbaros, reflita 
sobre essa frase.
diCA
Procure se informar 
sobre quem foram os 
helenos. Faça essa pes-
quisa em dicionários 
históricos, internet e 
em Perry Anderson no 
livro Passagem da anti-
güidade ao feudalismo.
24
UAB/Unimontes - 3º Período
No século XX, os bárbaros eram, até recentemente, estudados em função de sua relação 
antagônica com o Império Romano. Atualmente, os bárbaros são vistos em sua individualidade, 
portadores de uma cultura própria.
2.2.2 Os povos bárbaros
Os povos denominados “bárbaros” são:
•	 Germanos: ostrogodos, visigodos, francos, lombardos, anglos, saxões, alamanos, turíngios, 
suevos e vândalos;
•	 Eslavos: russos, poloneses, thecos, eslovacos, ucranianos;
•	 Tártaro-mongois: hunos, magiares, turcos e búlgaros.
Assim sendo, depois dessa discussão, fica claro que o termo “bárbaro” não é o que a primeira 
impressão nos orienta a conceber: BÁRBAROS?
2.3 Os bárbaros
Entre os povos bárbaros, o estudo será focado no reino carolíngio por causa da sua atuação 
no período medieval, que possibilita à Europa Ocidental uma nova configuração.
2.3.1 Império Carolíngio: Os Francos
De acordo com Mello (1990), as tribos francas partiram de seu berço no Vale do Rio Reno e 
se expandiram pelo território romano no século IV e V.
diCA
Assista ao filme Átila, O 
Huno, dirigido por Dick 
Lowry, conta uma his-
tória que gira em torno 
de Átila, relatando 
como foi a sua cami-
nhada para tornar-se 
um dos maiores líderes 
da história. Com seus 
pais mortos no início 
do filme, ele é criado 
pelo seu tio, que já tem 
um sucessor para o 
trono. Como guerreiro, 
conseguiu impor medo 
até na gigante Roma, 
que, com sua crueldade 
e esperteza, vai tentar 
de tudo para não ser 
atacada pelos exércitos 
do guerreiro principal.
diCA
O termo BÁRBARO 
dá margem a muitos 
significados. Reflita 
um pouco, a partir das 
leituras e do estudo 
acerca desse termo, e 
veja como concebê-lo 
inserido no contexto da 
Idade Média.
diCA
Analise os mapas com 
atenção e cuidado para 
apreender melhor o as-
sunto e poder localizar 
geograficamente onde 
todos esses aconteci-
mentos ocorreram.
Figura 17: Reino Franco
Fonte: Disponível em 
www.historianet.com.br/
conteudo/default.aspx. 
Acesso em 23/11/2010
►
Figura 16: Os Reinos 
BárbarosFonte: Disponível em 
http://www.historianet.
com.br/conteudo/default.
aspx?codigo=79. Acesso 
em 23/11/2010
►
25
História - História Medieval I
Clóvis, rei franco, uniu as várias tribos e conquistou a 
maior parte da Gália. Em 496, Clóvis se converteu ao Cris-
tianismo, sendo este acontecimento de grande significa-
ção para a época e para o contexto histórico.
Diferentemente de Clóvis, vários outros reis germâ-
nicos haviam adotado o Cristianismo de Ário, bispo de 
Alexandria, que negava a divindade do Filho e do Espírito 
Santo e só aceitava o Pai como Deus verdadeiro. Confor-
me previa o Concílio de Nicéia em 325, havia a Santíssima 
Trindade, ou seja, Pai, Filho e Espírito Santo.
Nesse sentido, ao adotar o Cristianismo romano, os 
francos tornaram-se aliados potenciais do papado. 
Com a morte de Clóvis em 511, as terras francas atra-
vessam períodos difíceis como:
•	 Reino dividido;
•	 Governantes merovíngios – Meroveu, ancestral semi
-lendário de Clóvis – empenharam-se em guerras fra-
tricidas e assassinatos brutais;
•	 Verdadeiro governante de cada reino franco era o 
Mordomo ou o Prefeito do Palácio, principal funcionário real;
•	 Pepino II, um desses prefeitos, denominado de o Moço, dito de Heristal (687–714), triunfou 
sobre os prefeitos rivais e reunificou o reino franco. Assim, ocorre centralização do poder, 
e Pepino II torna-se o fundador da Dinastia Carolíngia, nome derivado de Carlos Magno, o 
maior dos Carolíngios.
2.3.2 Sucessores de Pepino II
Os sucessores de Pepino II foram:
•	 Carlos Martelo;
•	 Pepino, o Breve;
•	 Carlos Magno.
Carlos Martelo foi sucessor de Pepino II, o pai, e ser-
viu como Prefeito do Palácio de 717 a 741. Ele dominou a 
maior parte da Gália em 732, derrotou os exércitos muçul-
manos em Tours. Dessa forma, os árabes, que haviam ocu-
pado a Península Ibérica, tiveram barrado o seu avanço 
para o norte da Europa.
Pepino, o breve, sucessor de Carlos Martelo, foi o 
primeiro rei e governou durante o período de 741 a 768. 
Ele depôs o último rei merovíngio, Childerico III. Foi apro-
vado pelo papado e nobres, sendo coroado rei por Boni-
fácio, bispo muito importante da época. Ao aprovar a as-
censão real de Pepino, conforme Mello (1990), o papado 
esperava um aliado na sua luta contra os lombardos, que 
haviam conquistado grande parte da Itália no século VI e 
tinham ambições em relação ao território pontifício. Em 
753, o papa Estevão II conversou com Pepino, que o rece-
beu respeitosamente. Dessa forma, ele foi ungido como 
rei dos francos e solicitou proteção contra os lombardos. 
Então, Pepino invade a Itália, derrota os lombardos e en-
trega ao Papa as terras conquistadas, tornando Estevão II 
governante do território entre Roma e Ravena, ou seja, os 
Estados Pontificais. Com a aquisição dessas terras, a Igreja 
torna-se a maior latifundiária na Europa ocidental.
◄ Figura 19: Pepino, o 
Breve
Fonte: Disponível em oglo-
bo.globo.com/.../ default. 
asp? a=497. Acesso em 
23/11/2010
◄ Figura 18: Clóvis, rei 
franco.
Fonte: NÉMETH-TORRES, 
Geovani. Antigas Origens 
do “Direito Divino dos 
Reis”: Da Antiguidade 
Oriental à Ascensão do 
Cristianismo na Idade Mé-
dia Européia. Disponível 
em www.causaimperial.
org . b r /. . . / antigasori-
gens. Html. Acesso em 
23/11/2010
26
UAB/Unimontes - 3º Período
2.3.3 Carlos Magno
Conforme Mello (1990), Carlos Magno, sucessor de 
Pepino, subiu ao trono em 768 e governou até 814. En-
tre as obras e atitudes de Carlos Magno, podemos citar:
•	 Continuou aliança entre os francos e o papado;
•	 Continuou política carolíngia de ampliar o Reino;
•	 Destruiu o reino dos lombardos, do qual se declarou 
rei;
•	 Acrescentou a Baviera aos seus domínios;
•	 Forçou os saxões a se submeterem e se converterem 
ao cristianismo;
•	 Conquistou uma região da Espanha, a Estremadu-
ra ou Marca Espanhola, que serviu de tampão entre os 
francos cristãos e os muçulmanos da Espanha.
•	 Conforme Kosminsky [19--], Carlos Magno teve difi-
culdades em governar o território pelos seguintes mo-
tivos:
•	 O território era grande demais, tornando-se um obs-
táculo insuperável;
•	 A estrutura administrativa era carente de pessoal trei-
nado, primitiva pelos padrões islâmicos, bizantinos e ro-
manos.
Por causa dessas dificuldades, a forma encontrada 
por Carlos Magno para governar foi dividir o Império 
em cerca de 250 condados administrados pelos condes. 
Os condes eram nobres que deviam fidelidade pessoal 
ao governante e serviam de generais, juízes e adminis-
tradores, colocando em prática as decisões do rei. Para 
supervisionar os condes e os condados, Carlos Magno 
criou os mensageiros reais, dois leigos e um bispo ou 
abade, que faziam viagens anuais a diferentes conda-
dos.
De acordo com o autor, no Natal de 800, em Roma, 
o Papa Leão coroou Carlos Magno Imperador dos Ro-
manos. Essa iniciativa, conforme Mello (1990), provavel-
mente, partiu do papado, e não de Carlos Magno. En-
fim, essa coroação significava:
•	 Sobrevivência da tradição de um império mundial, 
apesar da derrota do Império Romano do Ocidente tre-
zentos anos antes;
•	 Como foi o Papa quem coroou Carlos Magno, o imperador tinha uma responsabilidade espi-
ritual de disseminar e defender a fé;
•	 Fusão do universalismo romano com o universalismo cristão;
•	 Fusão de elementos germânicos cristãos e romanos. Essa é uma característica essencial da 
civilização medieval;
•	 Fusão de tradições evidentes no plano cultural, pois Carlos Magno, um rei guerreiro, mos-
trou respeito pelo conhecimento clássico, pelo Cristianismo e pelas tradições não germâni-
cas.
Porém, o Império Franco é fraco, consistindo apenas numa sombra do Império Romano. O 
Império Franco não tem a estrutura e muito menos a dimensão territorial do Império Romano. 
Mas por que isso ocorre? Os motivos são os seguintes:
•	 Os francos não tinham o direito romano nem as legiões romanas;
•	 Não havia cidades que fossem centros da atividade econômica e cultural;
•	 Os funcionários não eram servidores civis treinados nem tinham uma visão do mundo, mas 
sim chefes guerreiros sem preparo e com uma visão tribal.
Mas, mesmo assim, o Império de Carlos Magno representava a ideia de um império cristão 
universal, ideia que perdurou por toda a Idade Média.
Figura 20: Carlos 
Magno
Fonte: Disponível em 
http://ogatoqueco-
meorato.blogspot.
com/2009/06/carlos-
-magno.html. Acesso em 
23/11/2010
►
Figura 21: Coroação de 
Carlos Magno
Fonte: Disponível em 
atanasiano.blogspot.
com/2009_05_01_ar-
chive.html. Acesso em 
23/11/2010
▼
27
História - História Medieval I
2.3.4 O renascimento carolíngio
De acordo com Mello (1990) e Mendonça (1985), 
Carlos Magno considerou que era seu dever religioso 
elevar o nível educacional do clero, para que este com-
preendesse e pudesse ensinar devidamente a fé cristã. 
Para que isso pudesse acontecer, era necessário:
•	 Superar o analfabetismo ou semianalfabetismo dos 
padres;
•	 Preparar escrituras sagradas com um texto unifor-
me, completo e livre de erros.
Carlos Magno também estimulou a educação, a 
fim de formar administradores capazes de supervisio-
nar seus reinos e suas propriedades reais. Para que isso 
pudesse acontecer, era necessário alfabetizar esses ho-
mens. Nesse sentido, para alcançar esses objetivos,
•	 era preciso reunir alguns dos melhores eruditos da 
Europa. Entre eles, foi selecionado Alcuíno de Nor-
túmbria da Inglaterra. Ele era encarregado da Aca-
demia Palatina, frequentada pelo próprio Carlos 
Magno e sua família, pelos grandes nobres e jovens 
que estavam sendo treinados para servir o imperador. Alcuíno recebeu a tarefa de preparar 
o texto definitivo da bíblia, a partir de várias versões em uso. Seu trabalho foi aceito com al-
gumas modificações como a versão oficial do Livro Santo durante todaa Idade Média;
•	 sabendo-se que o enfoque do renascimento carolíngio era predominantemente cristão, era 
preciso melhorar o entendimento da bíblia e dos escritos dos pais da Igreja, bem como o 
nível de conhecimento, aprimorando-o e aperfeiçoando o estilo latino. Os copistas monásti-
cos preservaram textos antigos que, sem isso, poderiam não ter sobrevivido. Os manuscritos 
mais velhos de muitas obras da antiguidade são cópias carolíngias.
Os eruditos da época contribuíram para fertilizar o florescimento cultural conhecido como o 
“despertar do século XII”, ou seja, o ponto alto da civilização medieval. Porém, comparado ao pas-
sado greco-romano ou à explosão dos séculos XII e XIII, o grande renascimento carolíngio parece 
insignificante porque:
•	 Não recapturou o espírito da Grécia e de Roma, embora redescobrisse e revivesse obras an-
tigas;
•	 Os eruditos carolíngios não se dedicaram à especulação filosófica independente ou à busca 
de conhecimentos novos nem realizaram aquela síntese da fé e da razão que seria o apaná-
gio dos grandes teólogos dos séculos XII e XIII;
•	 Não se pode esquecer da pobreza cultural que predominou antes da era de Carlos Magno;
•	 O renascimento carolíngio inverteu o processo de decadência cultural que havia caracteriza-
do grande parte da Alta Idade Média;
•	 O conhecimento voltaria ao nível de declínio registrado nos séculos seguintes à queda de 
Roma.
Enfim, o renascimento carolíngio deixou legados. Entre eles, é interessante ressaltar que, na 
era de Carlos Magno, deitou raízes uma civilização europeia característica, que fundiu o legado 
romano. De um império mundial à realização intelectual do espírito greco-romano, à preocupa-
ção cristã com o outro mundo e os costumes dos povos germânicos. Essa nascente civilização 
europeia diferia das civilizações bizantinas e islâmicas, e os europeus estavam se tornando cons-
cientes dessa diferença. Mas vale lembrar que a nova civilização estava a séculos de distância de 
sua frutificação.
O Império Carolíngio defendeu, também, o ideal da unificação dos povos da cristandade la-
tina numa comunidade cristã, sob um só governo inspirado a muitos (tanto clérigos como lei-
gos), o ideal do Estado Mundial Cristão. A cristandade atingiria o seu ponto culminante nos sé-
culos XI e XII. Mas, ante a grande diversidade dos povos europeus e o aparecimento de Estados 
separados e rivais, esse ideal de unificação perderia a sua atração nos séculos XIV e XV.
▲
Figura 22: 
Renascimento 
Carolíngio
Fonte: Disponível em 
deedellaterra.blogspot.
com/2009_04_01_archive. 
Acesso em 23/11/2010
diCA
Procure se informar 
mais sobre: MUÇUL-
MANOS; NÓRDICOS; 
MAGIARES.
28
UAB/Unimontes - 3º Período
2.3.5 A fragmentação do Império de Carlos Magno
Após a morte de Carlos Magno em 814, conforme Mello (1990), seu filho Luís, o Piedoso, 
herdou o trono. Ele pretendia preservar o Império, mas a tarefa era praticamente impossível pe-
los seguintes motivos:
•	 O vigor do Império dependera mais das qualidades pessoais de Carlos Magno do que de 
qualquer base política ou econômica firme;
•	 O Império era grande demais e constituído de povos demais para ser governado com efi-
ciência;
•	 Os nobres francos buscam aumentar seu poder às expensas do Imperador;
•	 Luís teve de enfrentar seus próprios filhos rebelados.
Com a morte de Luís em 840, o Império foi dividido entre seus três filhos, ocorrendo o enfra-
quecimento da autoridade central. Os grandes latifundiários passaram a exercer um poder cada 
vez maior em suas próprias regiões, bem como as invasões simultâneas procedentes de todas as 
direções estimularam ainda mais esse movimento do localismo e descentralização.
Além disso, nos séculos IX e X, a Europa Ocidental e a Central foram atacadas pelos muçul-
manos, nórdicos e magiares. Esses invasores 
queriam escravos, joias e metais preciosos 
entesourados nos mosteiros. Então, saquea-
ram, destruíram e assassinaram: aldeias foram 
devastadas, portos destruídos, população foi 
dizimada, e o comércio parou. As moedas dei-
xaram de circular, e as fazendas foram trans-
formadas em desertos. A economia entrou em 
colapso.
Assim sendo, a autoridade real desapare-
ceu. Os ataques intensificaram a insegurança 
política e aceleraram o processo de descentra-
lização iniciado com o declínio de Roma. Os 
condes passaram a considerar como proprieda-
de sua a terra que administravam e defendiam 
para o rei. Os habitantes de um distrito ou con-
dado consideravam o conde ou o senhor local 
como o governante, pois seus homens e suas 
fortalezas os protegiam. Nessas regiões, os no-
bres exerciam o poder público que antes fora 
prerrogativa dos reis, e essa nova estrutura so-
cial iria receber o nome de FEUDALISMO.
A vida cultural e o conhecimento fenece-
ram. E, quando os grandes senhores não con-
seguiam proteger os seus territórios contra os 
condes vizinhos ou os invasores, o poder polí-
tico fragmentava-se ainda mais. Os nobres lo-
cais assumiam a autoridade de conde em suas 
áreas e, assim, em muitas regiões, A CASTELA-
NIA, área sobre a qual o castelo tinha jurisdição, ao redor de seu castelo, tornou-se a unidade 
política em lugar do condado. O senhor local exercia autoridade suprema, em quem o povo bus-
cava proteção e justiça.
Concluindo, a Europa ingressa na era do FEUDALISMO, cuja unidade de governo não é o REI-
NO, mas um CONDADO ou uma CASTELANIA, e o poder político é propriedade dos SENHORES 
LOCAIS.
2.4 Império Bizantino
De acordo com Burns (1981), o século VII constituiu um novo período da história das civili-
zações, ficando claro que não haveria um único império que englobasse todos os territórios vizi-
nhos ao Mediterrâneo. Mas são apresentadas três civilizações sucessoras:
diCA
Assista ao filme Átila. 
Filme italiano de 1953, 
produzido por italianos 
e franceses e dirigido 
por Pietro Francisci, o 
qual reproduz histórias 
das guerras entre roma-
nos e hunos. Átila, o rei 
dos hunos, foi um dos 
chefes guerreiros mais 
temidos entre todos 
os que combateram 
Roma. Esse filme conta 
como Átila cercou a 
cidade, sem invadi-la.
▲
Figura 23: Condado 
Carolíngio
Fonte: Disponível em 
br.geocities.com/fcpe-
dro/fragmentacao_po-
der.html. Acesso em 
23/11/2010
29
História - História Medieval I
a) Civilização islâmica
De origem semita (hebreus, árabes e etíopes), com descendentes de Ismael, filho de Abraão 
e Agar, tendo o idealismo de uma nova dinâmica de religião.
b) Civilização Cristã Ocidental
Retardatária, pois apresentava economia menos avançada, bem como deficiências no go-
verno e na religião, tendo como base unificadora o Cristianismo e a língua latina.
c) Civilização Bizantina
A decadência do Império Romano do Ocidente deu origem ao Império Romano do Oriente, 
cuja divisão foi determinada por Teodósio no século IV. É formada por Egito, Grécia, Síria-Palesti-
na, Mesopotâmia e Ásia Menor. A língua predominante é o grego.
Gibbon, de acordo com Burns (1981), menosprezava a Civilização Bizantina, a qual hoje é 
vista com mais interesse.
O Império Bizantino apresenta as seguintes características:
•	 Não é inovador;
•	 Viveu sob ameaças externas e debilidades internas;
•	 Sobreviveu por um milênio;
•	 Prosperou e influenciou o mundo ao seu redor;
•	 Preservou o pensamento grego antigo;
•	 Criou obras de arte e levou a cultura a povos pagãos (eslavos).
É impossível fixar uma data precisa para o começo da Civilização Bizantina, pois constituiu o 
sucessor ao Estado Romano. As datas variam de um historiador para outro.
Quando do Império Romano unificado, as características bizantinas já haviam emergido na his-
tória romana com Dioclesiano (284–
305). É Constantino quem muda a 
capital Roma para Constantinopla, tor-
nando-a o centro do mundo bizantino 
durante o seu governo no período de 
306 a 337.Justiniano (527–565), impera-
dor oriental, considerou-se herdeiro 
de Augusto e lutou para reconquis-
tar o Ocidente. Ocorrerá, então, a 
cristalização do novo modo de viver. 
Heráclio ascende ao poder em 610. 
Sua dinastia é oriunda do Oriente. 
Ele falava grego e seguiu a política 
oriental no Ocidente.
2.4.1 Reinado de Heráclio
De acordo com Burns (1981), Heráclio governou de 610 a 642. Du-
rante o período de 610 a 1071, prevalecerá a história política e militar 
com a característica de resistência às invasões vindas do Oriente.
No período em que Heráclio está no trono, a existência do Império 
Bizantino é ameaçada pelos persas. Porém, há uma inversão da situação, 
reduzindo a Pérsia a um estado vassalo. Heráclio governa até 641 em gló-
ria, mas, em 650, os árabes avançaram com rapidez e submeteram maior 
parte dos territórios bizantinos ao poder deles. Em 677, os árabes tentam 
conquistar Constantinopla, mas fracassam. Em 717, novamente, os ára-
bes tentam atacar assinalando um novo ponto baixo na fortuna do Impé-
rio. Porém, essa ameaça é neutralizada pelo Imperador Leão, o Isauriano 
(717–741). Esse fato é importante porque permitiu ao Império Bizantino 
durar mais alguns séculos, assim com ajudou a salvar o Ocidente.
Decênios seguintes, os bizantinos reconquistam a maior parte da 
Ásia Menor e tornam a tomar dos árabes a maior parte da Síria. No sé-
culo XI, os turcos seljúcidas aniquilam os bizantinos em Manzikert (Ásia 
Menor), ocupando as províncias restantes do Oriente.
◄ Figura 24: Conquista de 
Justiniano
Fonte: Disponível em 
www.historianet.com.br/
conteudo/default.aspx . 
Acesso em 23/11/2010
Figura 25: Heráclio I
Fonte: Disponível em 
maltez.info/.../500-
999/610-19.htm. Acesso 
em 23/11/2010
▼
30
UAB/Unimontes - 3º Período
2.4.2 Fim do Império Bizantino
Após Manzikert, o Império Bizantino conseguiu sobreviver pelos seguintes motivos:
a) 1071 a 1453: Ocorre a ascensão da Europa ocidental. Os normandos expulsam bizantinos 
dos últimos redutos no sul da Itália.
b) 1095: O imperador bizantino, Aleixo Comneno, pede ajuda ao Ocidente contra os turcos. 
Essa atitude constitui um erro, pois esse apelo inspira as Cruzadas, uma das causas da 
queda do Império Bizantino. O que se verifica é que, na primeira cruzada, os ocidentais 
ajudam os bizantinos e recuperam a Ásia Menor, mas se apoderam da Síria, território bi-
zantino. Com o tempo, crescem os atritos com os ocidentais, cujo poderio militar é supe-
rior, e voltam os olhos para Constantinopla.
c) 1204: Os cruzados, em vez de conquistarem Jerusalém, preferem Constantinopla e aca-
bam saqueando-a. O governo bizantino debilitado sobrevive nas proximidades.
d) 1261: O governo volta a Constantinopla, mas sua existência é minguada.
e) 1453: Os turcos otomanos tomam Constantinopla. Até os dias de hoje a dominam. Hoje é 
Istambul.
2.4.3 Fatores de estabilidade do Império Bizantino
Os fatores que provocam a estabilidade do Império Bizantino são:
a) Ocasionais governantes capazes
O Estado Bizantino sobrevive por muitos séculos, apesar de forças hostis diferentes. Cons-
tata-se que a política interna é bastante tumultuada. Os governantes bizantinos tinham poderes 
absolutos. A oposição ocorria somente por intriga e violência, que constituíam as revoltas pala-
cianas. Surgiam governantes habilíssimos que detinham poderes totais e eficientes, assim como 
contavam com uma máquina burocrática eficaz.
b) Administração burocrática eficiente
Os bizantinos contam com mão de obra para a burocracia porque preservaram e estimula-
ram a educação do laicato, que era fundamento da atuação do governo diferente do Ocidente de 
600 a 1200, cujos leigos não eram alfabetizados. Os burocratas supervisionavam a educação reli-
giosa, sobretudo a observância dos sábados. Também controlavam atividades econômicas, como 
regular preços e salários, controlar exportações, regular o exército e a marinha, os tribunais e o 
serviço diplomático.
diCA
Procure saber mais 
sobre os povos persas 
desse período. Pesquise 
na biblioteca e na inter-
net. Veja acerca desse 
assunto em: GUER-
RAS,1995. 86p. (Série 
princípios 126).
Figura 26: Fim do 
Império Bizantino. 
Invasões
Fonte: Disponível em: 
www.trasosmontes.
com/forum/ viewtopic.
php?t=31. Acesso em 
23/11/2010
►
31
História - História Medieval I
c) Base econômica firme
As cidades e o comércio continuavam 
a florescer no Oriente, diferentemente do 
Ocidente, onde o comércio era realizado a 
longa distância, e as cidades quase estavam 
desaparecidas. Constantinopla significava 
nesse momento:
•	 Empório comercial;
•	 Incentivo e proteção para suas indús-
trias;
•	 Estabilidade para cunhagem de ouro e 
prata;
•	 Os centros urbanos do Império consis-
tiam em: Constantinopla (1 milhão de 
habitantes), Antioquia, Tessalônica e 
Trebizonda.
2.4.4 Significado da história agrícola Bizantina
A agricultura era a base da economia bizantina. Porém, apresenta uma história de luta: pe-
quenos camponeses versus grandes proprietários de aristocracias e mosteiros ricos. Até o século 
XI, o campesinato era livre e sobrevive, mas, com a legislação estatal, os resultados são danosos. 
Os camponeses não se interessam em resistir aos inimigos.
A derrota de Manzikert colaborou na destruição do campesinato livre e possibilitou o do-
mínio estrangeiro no comércio bizantino, como de Veneza e de Gênova, entrepostos comerciais, 
ainda com privilégios dentro dos territórios bizantinos depois de 1204. A riqueza estava canali-
zada para o exterior. O Império estava destruído por dentro (venezianos) e avassalado por fora 
(turcos).
2.4.5 Religião
Conforme Burns (1981) e Roncinman (1961), a religião era o centro da sobrevivência bizan-
tina. Os bizantinos brigam por obscuras questões religiosas. Os litígios religiosos eram agrava-
dos pelo fato de os imperadores tomarem parte ativa, pois eles exerciam poder na vida da Igreja. 
Eram considerados “semelhantes a Deus”. Porém, os imperadores não podiam obrigar os súditos 
a acreditar naquilo que eles criam. A paz religiosa era um refinamento de fórmulas doutrinárias 
no século VIII, mas destroçada pelas controvérsias iconoclastas.
diCA
As descobertas arqueo-
lógicas aproximam o 
passado do presente 
e vice-versa. Reflita 
acerca das questões 
suscitadas a partir da 
figura 28.
◄ Figura 28: Igreja 
construída durante 
o Império Bizantino, 
Israel.
Fonte: Disponível em 
www.jornalalef.com.
br/15_03_09.htm. Acesso 
em 23/11/2010
diCA
A figura 28 retrata uma 
Igreja construída du-
rante o Império Bizan-
tino, entre os séculos 
VI e VII d.C., descoberta 
em uma obra para 
construção de casas em 
Nes Harim, a 20 km de 
Jerusalém, Israel.
◄ Figura 27: Bandeira 
bizantina do século XIII
Fonte: Disponível em 
http://www.portalsao-
francisco.com.br/alfa/ 
imperio-bizantino/
imperio-bizantino-4.php. 
Acesso em 23/11/2010
32
UAB/Unimontes - 3º Período
Os iconoclastas desejam proibir o culto dos ícones. Esse movimento foi iniciado pelo Impe-
rador Leão, o Isaurino, e mantido por seu filho Constantino V (740 -775).
As motivações que levaram a essa questão foram:
a) Pontos teológicos:
•	 Sabor de paganismo;
•	 Nada produzido por mãos humanas devia ser adorado;
•	 Proibição do culto de imagens esculpidas nos dez mandamentos;
•	 Como Leão, o Isaurino, salvou Constantinopla do Islã, para os muçulmanos, que alegavam 
ser as imagens “obras de satã”, essa seria uma resposta às principais críticas do Islã ao cristia-
nismo.
b) Pontos financeiros e políticos:
•	 Movimento religioso novo: os imperadores podem reafirmar controle sobre a Igreja e com-
bater força crescente dos mosteiros;
•	 Os mosteiros defendem a causa e as imagens. Constantino V persegue os mosteiros e se 
apropria de suas riquezas.
•	 A questão iconoclasta é resolvidano século IX, tendo, entre as suas consequências, as se-
guintes:
•	 Destruição, por ordens imperais, de objetos de arte religiosa. As imagens que sobreviveram 
provêm da Itália e da Palestina, estando fora do alcance dos imperadores iconoclastas;
•	 Cisma religioso entre o Ocidente e Oriente. O Papa, até o século VIII, era aliado dos bizan-
tinos e não aceitava o iconoclasmo. Ele não aceitava e questionava os iconoclastas porque 
considerava o culto dos santos, bem como as pretensões de primazia papal, baseadas na 
suposta descendência de São Pedro. Logo, os papas do século VIII combatem o iconoclasmo 
bizantino e se voltam para os reis francos em busca de apoio. Isso agrava as relações do Oci-
dente e Oriente;
•	 Reafirmação da tradição. As experiências com questões religiosas servem para ritualizar a 
tradição. Essa atitude deu força à religião bizantina para pôr fim na controvérsia e na heresia, 
ganhando novos fiéis nos séculos IX e X, bem como inibiu a livre especulação, não só em 
religião, mas em assuntos intelectuais;
•	 Triunfo da piedade contemplativa bizantina. Os ícones não serviam para ser adorados, mas 
para levar à morte e à contemplação do mate-
rial ao imaterial.
2.4.6 A herança de Bizâncio
Entre os legados do Império Bizantino, 
podemos citar, de acordo com Burns (1981) e 
Roncinman (1961):
•	 O Império Bizantino atuou como uma mura-
lha contra o Islã do século VII ao XI, ajudando a 
preservar a independência do Ocidente. Se não 
houvesse os bizantinos, que, na época, eram 
prósperos e defendiam a Europa, é bem pro-
vável que a Civilização Cristã Ocidental tivesse 
sido liquidada;
•	 Os bizantinos ajudaram a preservar o conhe-
cimento grego clássico. O Renascimento teve 
constância no contato Oriente e Ocidente;
•	 A arte bizantina exerceu influência sobre a 
arte da Europa ocidental. Podemos citar como 
exemplo a Basílica de São Marcos em Veneza, 
estátuas, pinturas e esculturas e a existência de 
trabalhos como de Giotto e El Greco, pintores 
ocidentais.
diCA
Converse com os 
colegas, amigos, pais e 
parentes sobre o que é 
um império. Como eles 
veem os impérios?De 
quantos impérios a 
história nos conta? Dis-
cuta sobre a ascensão e 
queda desses impérios. 
Qual o maior império 
dos dias atuais? Como 
eles se comportam?
Figura 29: Pinturas em 
painel portátil com a 
imagem de Cristo.
Fonte: Disponível em 
www.patyeregina-arte-
bizantina.blogspot.com. 
Acesso em 23/11/2010
▼
33
História - História Medieval I
2.5 Os Árabes
De acordo com Burns (1981), o Islã é consi-
derado um fenômeno.
Seu ponto de origem é a vida de Maomé 
no século VII. A religião de Maomé representa 
força ponderável no mundo moderno. Os cren-
tes do Islã são conhecidos como muçulmanos 
ou maometanos.
Nesse contexto, os muçulmanos abraçam 
a mesma religião e o mesmo modo de viver. O 
Islã exige dos fiéis certas formas de culto, assim 
como um conjunto de normas sociais e cultu-
rais, possuindo a experiência em construir uma 
sociedade no âmbito mundial. Sua base é a sua 
identidade que demanda requisitos religiosos 
e um código de existência cotidiana. Tudo isso 
na prática tem êxito garantido durante séculos, 
assim como apresenta características diversas 
de tempo e lugar, porém sempre com sentido 
de comunidade, independentemente de quais-
quer raças, línguas e localizações geográficas.
O Islã tem influência na história da África, 
da India, da Europa e da Ásia ocidental.
2.5.1 As condições na Arábia 
antes da ascensão do Islã
Conforme Burns (1981), o Islã foi propa-
gado para muitas terras. Nasceu na Arábia, pe-
nínsula de desertos, cujos vizinhos dominantes 
– romanos e persas – não se interessavam em 
estender seu controle sobre esse território.
Os árabes têm a sua história vinculada ao 
espaço da Península Arábica, onde primordial-
mente se fixaram em uma região tomada por 
vários desertos que dificultavam a criação de 
povos sedentarizados. Por isso percebemos 
que, no início de sua trajetória, os árabes eram 
povos de feição nômade que se intercalavam 
entre as regiões desérticas e os valiosos oásis 
presentes ao longo desse território.
Assim, os árabes, na sua maioria, eram 
pastores nômades de camelos. Viviam do leite 
de seus animais e produtos, como as tâmaras, 
encontradas nos oásis. Havia, também, os ára-
bes sedentários, embora em menor quantida-
de, que viviam nos oásis e em cidades.
Conhecidos como beduínos, essa parcela 
do povo árabe era conhecida pela sua religião 
politeísta e a criação de animais. A realidade dos beduínos era bem diferente da que poderia ser 
vista nas porções litorâneas da Península Arábica. Nesse outro lado da Arábia, havia centros ur-
banos e a consolidação de uma economia agrícola mais complexa. Entre as cidades da região, 
destacava-se Meca, grande centro comercial e religioso dos árabes.
Na segunda metade do século VI, ocorre o aceleramento da vida econômica da Arábia. Os 
motivos pelos quais ocorre esse aceleramento econômico são:
◄ Figura 30: Arquitetura. 
Igreja de Santa Sofia 
Fonte: Disponível em 
patyeregina-artebizanti-
na.blogspot.com/. Acesso 
em 23/11/10
Figura 31: Arábia
Fonte: Disponível em 
http://html.rincondelvago.
com/germanos-bizanti-
nos-arabes.html. Acesso 
em 23/11/2010
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UAB/Unimontes - 3º Período
•	 Modificação das rotas do comércio a longa distância;
•	 Prolongadas guerras. As guerras entre bizantinos e 
persas tornaram a Arábia um caminho mais seguro para o 
trânsito das caravanas;
•	 Algumas cidades acabaram crescendo para dirigir e 
tirar proveito do desenvolvimento comercial;
•	 A cidade de Meca, situada na junção de importantes 
rotas comerciais, sendo o centro da religião local, tornou-
se importante. Em Meca ficava a Caaba, ou seja, o santuá-
rio de peregrinação. Ela era o centro de romarias de clãs 
e tribos árabes diferentes e, no seu interior, ficava a Pedra 
Negra, meteorito cultuado como relíquia divina;
•	 Havia a tribo de Qoreish, os coraixitas, homens que 
controlavam o santuário e a vida econômica da área de 
Meca, bem como era a aristocracia de mercadores e ne-
gociantes que proporcionaram à área o pouco de governo 
que conhecia.
2.5.2 Maomé
De acordo com Burns (1981) e Giordani (1985), Maomé é o fundador do Islã. Nasceu em 
Meca e pertencia a uma família da Tribo Qoreish, por volta de 570. Ele foi órfão desde peque-
no. Colocou-se a serviço de uma viúva rica que o desposou, obtendo segurança financeira. Até a 
meia idade era um próspero mercador e de conduta similar aos seus conterrâneos.
Em 610, uma experiência religiosa muda sua vida e de boa parte do mundo. Maomé se con-
verte e se torna monoteísta. Ele escuta uma 
voz do céu lhe dizer: “Único Deus: Alá”. Maomé 
continua recebendo mensagens que se tor-
nam a base da nova religião. Aceita a vocação 
de profeta para proclamar a fé monoteísta aos 
Qoreish.
Os árabes eram, na sua maioria, poli-
teístas, mas admitiam a superioridade de um 
Deus – Alá. De início, Maomé não tem grande 
êxito em fazer prosélitos, porque os membros 
da Tribo acreditavam que a criação de uma 
nova religião haveria de privar Caaba e, con-
sequentemente, Meca de seu ponto central 
na religião do lugar. Contudo, Yathrib (Medina) 
não nutria tais preocupações e os represen-
tantes do lugar convidaram Maomé para emi-
grar para lá, pois ele seria o árbitro neutro de 
rivalidades locais.
Em 622, Maomé e seus seguidores mi-
gram para Yathrib. Essa migração é denomi-
nada de HÉGIRA, assinalando o começo da 
mudança positiva na sorte de Maomé e dos 
muçulmanos. É o início de uma nova era.
2.5.3 Consolidação da religião de Maomé
Conforme Burns (1981) e Giordani (1985), Maomé muda o nome de Yathrib para Medina, 
que significa a “Cidade do Profeta”, e se torna governante da cidade. Tudo isso tem um grande 
significado para a história, pois

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