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Prévia do material em texto

Montes Claros/MG - 2011
César Henrique de Queiroz Porto
História Moderna II
2011
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
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VICE-REITORA
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DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
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REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
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Coordenadora da UAB/Unimontes
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Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH
Antonio Wagner Veloso Rocha
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Chefe do Departamento de Artes
Maria Elvira Curty Romero Christoff
Autor
César Henrique de Queiroz Porto
Graduado em História pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.
Mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.
Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes/
MG e Doutorando em História pela USP.
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1
Ideias e práticas políticas na Época Moderna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
 1.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
 1.2 As Abordagens do Pensamento Iluminista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
 1.3 O Despotismo Esclarecido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
 1.4 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Unidade 2
A Revolução Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
 2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
 2.2 A Revolução Industrial e seu Significado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
 2.3 Fases da Revolução Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
 2.4 Alguns Antecedentes Históricos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
 2.5 Fatores do Pioneirismo Inglês . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
 2.6. Nova fase da Revolução Industrial: o surgimento das ferrovias . . . . . . . . . . . . . . . .32
 2.7 Consequências Sociais da Revolução Industrial: o Movimento Operário. . . . . . . 34
 2.8 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
Unidade 3
A Revolução Francesa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
 3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
 3.2 A França Pré-Revolucionária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
 3.3 Estruturas Econômicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
 3.4 Estruturas Políticas, Sociais e Religiosas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
 3.5 A Revolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
 3.6 A Crise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
 3.7 Os Estados Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
 3.8 A Assembleia Nacional Constituinte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
 3.9 A Constituição de 1791. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
 3.10 A Monarquia Constitucional. . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
 3.11 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
Referências básicas, complementares e suplementares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
Atividades de Aprendizagem - AA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57
9
História - História Moderna II
Apresentação
Olá pessoal! O período sobre o qual fala-
remos, neste caderno, é um momento fun-
damental para a compreensão da história 
da sociedade do mundo ocidental. O século 
XVIII assinalou importantes transformações 
na vida do povo europeu. 
O objetivo do texto é mostrar para vocês 
a dinâmica deste período que compreende as 
duas revoluções que moldaram as instituições 
políticas e econômicas que estruturam o mun-
do contemporâneo. Além disso, ao longo des-
te recorte temporal, ocorre a passagem da trans-
cedência que lentamente vai perdendo força 
nos meios urbanos e intelectuais rumo a uma so-
ciedade cada vez mais marcada pela imanência.
 O período em que propomos nossa jor-
nada compreende o século XVIII, embora os 
processos que culminaram nos grandes even-
tos econômicos, políticos e sociais têm antece-
dentes que em alguns casos podem remontar 
até mesmo o final da Idade Média. Além disso, 
a Revolução Industrial é um processo que não 
se esgota no século em questão, seus desdo-
bramentos podem ser vistos nos dias atuais. 
Portanto, o final da Idade Moderna deve ser 
entendido como um momento fundante, que 
inaugura a dinâmica de uma nova era, cujo prin-
cipal protagonista é a Europa Capitalista, só de-
pois os Estados Unidos emergem na liderança 
do mundo capitalista, já no imediato Pós-Primei-
ra Guerra Mundial, no início do século XX.
Para melhor sistematização do conteúdo, 
esta disciplina foi organizada em três unida-
des: a primeira trata do fenômeno iluminis-
ta, procurando contextualizá-lo dentro dos 
quadros da crise do Antigo Regime. Também 
foi destacado o Despotismo Esclarecido, com 
seus limites e principais representantes nas 
monarquias europeias da Rússia, Prússia, Áus-
tria, Espanha e Portugal. 
A segunda unidade compreende o tema 
da Revolução Industrial, destacando o pionei-
rismo inglês através da análise das transfor-
mações agrárias e do processo de acumulação 
primitiva de capital. O tema da emergência da 
ferrovia também foi destacado, apesar de seu 
advento se inscrever já no século seguinte ao 
nosso recorte.
A terceira unidade aborda a Revolução 
Francesa em suas várias fases. No entanto, an-
tes de partirmos para o processo revolucioná-
rio, fizemos uma caracterização das estruturas 
políticas, econômicas e sociais que compu-
nham a França do Antigo Regime. 
Todas estas unidades são subdivididas 
em subunidades para facilitar a leitura e a dis-
cussão, conforme vocês verão em seguida. 
Vocês deverão ficar atentos e não desprezar 
o desafio das questões para discussão e refle-
xão, pois elas são importantes e acompanham 
o texto. Outro aspecto importante são as su-
gestões para transitar do ambiente de apren-
dizagem aos chats, fóruns e acesso as bibliote-
cas virtuais na Web. As sugestões e dicas estão 
localizadas junto ao texto.
Então? Vamos lá? 
Espero que apreciem! 
Bons estudos!
O autor.
Guia do Professor
A Apostila de História Moderna II está dividida em três unidades a saber:
•	 Idéias e práticas políticas na Época Moderna;
•	 A Revolução Industrial;
•	 A Revolução Francesa.
Nessas unidades dividimos os conteúdos em sub-tópicos que facilitam a exposição e debate 
dos assuntos abordados e permite maior assimilação dos acadêmicos.
Ao longo do texto, itens interativos aparecem, sendo eles: Para saber mais, Dicas, Glossário e 
Atividades. Nos itens de Dicas e Atividades, questões e exercícios são propostos. Sugerimos assim, 
que seja elaborado espaço na plataforma on-line para que os alunos discutam e respondam à es-
sas questões e atividades propostas.
As imagens contidas no corpo do texto devem ser utilizadas como sendo parte integrante 
do conteúdo, possibilitando ao acadêmico a visualização de situações e personagens importan-
tes do período tratado. Cabe ao professor realizar essa ligação das imagens ao texto e lhes pro-
10
UAB/Unimontes - 6º Período
porcionar lugar de maior destaque que o de meras representações decorativas.
Ao final de cada unidade disponibilizamos uma lista de Referências para que os professores 
e acadêmicos busquem maiores informações sobre os temas e assuntos abordados ao longo da 
apostila. Ao final do trabalho, preparamos um caderno de atividades que traz consigo as resolu-
ções comentadas para maior assimilação do conteúdo.
Desejamos a todos um bom trabalho.
11
História - História Moderna II
UNIDADE 1
Ideias e práticas políticas na Época 
Moderna
1.1 Introdução
O Iluminismo significou um grande mo-
mento na conjuntura da emergência da moder-
nidade europeia ao realizar a crítica da socieda-
de do Antigo Regime e propor a reforma das 
instituições a partir do primado do racionalismo.
A partir de agora será estudado o tema 
do Iluminismo, corrente filosófica que emergiu 
no século XVIII e que influenciou quase todas 
as áreas do conhecimento de sua época. Essa 
poderosa corrente de pensamento não se en-
cerrou nos setecentos e continuou a ser bas-
tante influente nos séculos posteriores.
Aqui serão discutidas as condições que 
fizeram com que emergissem as suas origens 
nos séculos XVI e XVII, as fases pelas quais 
passou o Iluminismo, os significados que ele 
assumiu nos principais centros europeus, seus 
principais conceitos e expoentes.
1.2 As Abordagens do 
Pensamento Iluminista
Para não cair em um lugar comum, que poucos escapam quando abordam o tema em ques-
tão, os historiadores Francisco Falcon e Roberto Salinas criticam a forma com que o tema do Ilu-
minismo é tratado em muitos livros, ora
reduzido a uma espécie de recitativo de nomes de “grandes pensadores” e das 
suas obras principais, ficando sua importância histórica reduzida ao caráter de 
manifestação intelectual que expressa as idéias de uma “burguesia em ascen-
são” (FALCON, 2004, p. 5)
Ou então é exposto como “uma simples decoreba de nomes de livros e autores dispostos 
em ordem em uma espécie de cardápio ideológico do século XVIII”. (SALINAS, 1982, p. 9)
Mesmo que se pretenda fugir desse tipo de exposição não há como deixar de citar alguns 
nomes que são os mais representativos do período como Montesquieu, Voltaire, Rousseau, Dide-
rot, D’Alembert, David Hume, entre vários outros.
1.2.1 O Iluminismo e seus significados
Não se pode deixar de dispensar algumas palavras sobre significado, ou sobre os significa-
dos que os termos Iluminismo e Ilustração assumem, já que, muitas vezes, aparecem como si-
nônimos, quando, na verdade, são coisas distintas. À primeira vista, Iluminismo, é mais utilizado, 
enquanto que “Ilustração” é mais adequado, no entanto, é menos utilizado.
ATIVIDADES
Montesquieu em “O 
Espírito das leis” (1748) 
diz que as leis que vão 
governar um povo não 
são fruto do arbítrio de 
quem legisla essas leis. 
Para ele a realidade 
histórica e social de um 
povo é determinante 
para a elaboração 
das leis de um povo. 
Não há leis justas ou 
injustas desse ponto 
de vista, mas leis mais 
ou menos adequadas 
a um povo e a deter-
minadas circunstân-
cias de época e lugar. 
Montesquieu distingue 
três formas de governo. 
Identifique e faça uma 
breve caracterização 
dessas três formas de 
governo.
12
UAB/Unimontes- 6º Período
Em um sentido mais geral, há uma ten-
dência a associar Iluminismo como sinônimo 
de Ilustração, a referência a um movimento 
filosófico do século XVIII e, em alguns casos, 
referir-se ainda a algo que esteja associado a 
uma certa doutrina, ou até mesmo a algo so-
brenatural.
Existe, como se pode perceber, uma polissemia quanto ao significado de Iluminismo. Esta 
polissemia pode até mesmo ser contraditória, já que compreende algo racional, quando associa-
do a um movimento filosófico, ou irracional, quando também relacionado a algo sobrenatural. 
(FALCON, 2004, p. 7-12) 
PARA REFLETIR
Voltaire: filósofo 
francês crítico da reli-
gião e da monarquia, 
anticlericalista, por 
excelência. Para ele 
é necessário ter uma 
religião e não acreditar 
nos padres. Segundo 
Voltaire a liberdade e 
a propriedade privada 
são os pilares da po-
lítica, sua obra esteve 
mais preocupada com 
o conjunto das ativida-
des humanas.
◄ Figura 1: Retrato de 
Montesquieu
Fonte: http://bitacoras.
rebeliondigital.es/Bitaco-
ra_de_DLV.htm
Acesso em: 16 de maio de 
2011
Figura 2: Retrato de 
Voltaire
Fonte: http://cora-
caoduplo.blogspot.
com/2010/12/voltaire-um-
-livro-por-dia.html
Acesso em: 16 de maio 
de 2011
►
13
História - História Moderna II
Conforme a distinção observada por Francisco 
Falcon, há “uma profunda diferença entre o senti-
do religioso da iluminação mística e o sentido secu-
lar da iluminação racional.” (FALCON, 2004, p. 16)
Já que, em um sentido mais geral, Iluminis-
mo compreende esses múltiplos significados, 
quais significados teriam então o termo “Ilustra-
ção”? De uma maneira geral, o termo refere-se a 
um conjunto de conhecimentos, ou a alguém de 
notável saber, erudição e esclarecimento.
Ilustração também compreende uma cer-
ta polissemia. Neste caso, tanto pode encerrar 
um significado mais genérico, quanto pode 
equivaler-se ao mesmo significado de Ilumi-
nismo. Em razão dessas possibilidades de sig-
nificados, o uso de qualquer um dos termos fica 
a critério de cada um, mas parece mais adequa-
do o uso de Ilustração. (FALCON, 2004, p. 7-12)
PARA REFLETIR
Diderot é a principal 
figura da enciclopédia. 
Ele rompe definitiva-
mente com a filosofia 
tradicional e a teologia 
(professa um resoluto 
ateísmo e um conse-
quente materialismo). 
“Tudo é matéria”, pensa 
Diderot e a “matéria é 
a essência do real”. As 
ideias dependem dos 
sentidos. Politicamente 
se guia pelo princípio 
da utilidade.
Rousseau publica “Do 
contrato social”, defen-
dendo a liberdade e a 
soberania. É considera-
do um desmancha pra-
zeres da festa iluminis-
ta por ser contraditório 
e paradoxal.
◄ Figura 3: Retrato de 
Diderot
Fonte: http://www.
bacdefrancais.net/biodi-
derot.htm
Acesso em: 16 de maio 
de 2011
◄Figura 4: Retrato de Rousseau
Fonte: http://www.crawfordsworld.com/rob/apcg/Uni-
t1rousseau.htm. Acesso em: 16 de maio de 2011
14
UAB/Unimontes - 6º Período
A ideia principal do iluminismo reside no 
fato de a gestão da sociedade estar submetida 
ao império da razão e esta razão não se sub-
mete a nenhuma autoridade, pois é soberana 
e livre. Os filósofos iluministas criticam a igreja 
e o cristianismo que eram a essência daquela 
sociedade. Para os iluministas, a racionalida-
de vem “iluminar as sombras do erro e da ig-
norância”. Razão é mudança que levam a um 
novo pensar (o pensar racionalmente) em que 
tudo deve ser submetido ao espírito crítico, 
inclusive o próprio poder político é objeto de 
investigação racional, uma vez que a razão 
humana vai se apossar desse poder político e 
conduzir o homem a plena realização de seu 
destino. (ARANHA e MARTINS, 1995)
1.2.2 O Iluminismo nas nações europeias
Depois de visto os diversos significados que possuem os termos Iluminismo e Ilustração (e 
sua concepção mais essencial), é importante, quando não, necessário, perceber como alguns 
desses termos foram construções extemporâneas e também tiveram significados diferentes, em 
diversos lugares da Europa.
PARA REFLETIR
David Hume: esse filó-
sofo escocês foi muito 
influenciado pelas 
ideias de Locke. Para 
ele, o verdadeiro fun-
damento do governo é 
o hábito e “na base de 
todo o conhecimento 
achava-se pois uma 
crença”.
◄Figura 5: David Hume
Fonte: http://www.cfh.
ufsc.br/~conte/hume.html
Acesso em: 16 de maio de 
2011-05-16
GLOSSáRIO
Fisiocracia: idéia de que 
a terra era a principal 
fonte de riqueza e 
a agricultura era o 
grande instrumento ci-
vilizatório. Tinha como 
um dos seus principais 
expoentes, Turgot.
Figura 6: Retrato de 
Turgot
Fonte: http://www.memo.
fr/Dossier.asp?ID=783
Acesso em: 16 de maio de 
2011
►
15
História - História Moderna II
Palavras como ilustrar, iluminar, entre 
várias outras, são estranhas ao vocabulário 
do século XVIII e foram criadas no século XIX, 
portanto, fora do ambiente intelectual do Ilu-
minismo.
Mesmo no século XVIII variava muito o 
significado do Iluminismo, sendo mais apro-
priado considerar os vários significados que 
o termo assumia, nos vários lugares, ou pelo 
menos naqueles que são considerados os mais 
expressivos, França, Alemanha e Inglaterra.
Na França, por exemplo, o termo “Lumiè-
res”, “expressa à noção de um movimento in-
telectual com o qual ‘os filósofos’ e ‘homens de 
letras’ franceses sentem-se solidários, pois são os 
seus protagonistas”. (FALCON, 2004, p. 13)
Já na Alemanha, “Aufklãrung”, (palavra 
alemã para designar Iluminismo), quer dizer 
esclarecimento, descobrimento, reconheci-
mento. A palavra assume ainda o sentido me-
teorológico de tempo sereno, o de tempo que 
se torna claro. Já no âmbito intelectual, quer 
dizer esclarecimento racional.
Um significado diferente também passa a ter termo o vocábulo quando analisado na Ingla-
terra, neste caso: “to enlighten”, “possui um sentido mais dirigido para as questões de natureza 
moral e econômica”. (FALCON, 2004, p. 14)
No contexto lusitano, “luzes” e “iluminados” são os termos mais usados para se referirem a 
ideias dos chamados iluministas. O mesmo termo, “iluminados”, era empregado na Espanha para 
se referir aos místicos, também conhecidos como “alumbrados”. (FALCON, 2004, p. 17)
Mesmo com toda a diversidade de seus significados, “Entre uma coisa e outra há um espaço 
mental, maior ou menor, tendente à contestação, da própria realidade.” Nisto consiste a impor-
tância do caso da França em que pauta por uma “crítica violenta ao existente” (FALCON, 2004, p. 
15), ou seja, ao estabelecido.
Iluminismo é, portanto, um conceito ambíguo, em que não necessariamente se vincula a um 
movimento intelectual. Não há uma unidade de princípios, mas uma pluralidade deles. Como 
será discutido, mais adiante, o Iluminismo também não é possível de ser associado a uma época, 
o século XVIII (FALCON, 2004, p. 16). Em resumo:
Iluminismo tanto pode significar a doutrina dos que acreditam na “Iluminação 
interior” ou mística, a qual para outros constituía uma espécie de manifestação 
“irracionalista”, quanto, justo o oposto, Iluminismo é sinônimo de “filosofia das 
luzes”, isto é, da chamada “iluminação racional”. (FALCON, 2004, p. 17) (grifos do 
autor)
Outro motivo por que não se pode considerar que o Iluminismo tenha assumido um signifi-
cado único nas mais diversas partes da Europa é que se compara, mais uma vez, os significados 
que o termo ganhou na França e na Alemanha (ou nos Estados Alemães como é mais apropria-
do considerar). Enquanto nessa, o Iluminismo apresentou uma tendência de estar até mesmo ao 
lado da teologia (ou de certas concepções teológicas), naquela assumiu um sentido de franca 
oposição a Igreja, como ensina Hegel em Lições de História da Filosofia (HEGEL, apud: SALINAS, 
1982). 
Isto porque nos “países” protestantes certos dogmas da Igreja já vinham sendosubmetidos 
a uma série de críticas, além do que as próprias Igrejas envolvidas nos movimentos de reforma 
também procuravam valorizar a Razão, do livre arbítrio às Sagradas Escrituras e eram contra o 
predomínio absoluto da fé. (SALINAS, 1982, p. 17-18).
Foi a França e mais precisamente sua capital Paris, que se tornou o centro difusor do Ilumi-
nismo, lugar onde era produzida a célebre Enciclopédia. Aqui, o Iluminismo ganhou o sentido 
de oposição à ordem estabelecida e nisto consistiu a sua importância. (FALCON, 2004; SALINAS, 
1982)
PARA REFLETIR
Adam Smith é o pai da 
economia política. Em 
seu trabalho “A Riqueza 
das Nações” defende a 
não intervenção do Es-
tado na economia. Ele 
inaugura o liberalismo 
econômico.
◄ Figura 7: Retrato de 
Adam Smith
Fonte: http://asgestoras.
blogspot.com/2011/04/
adam-smith-e-administra-
cao.html
Acesso em: 16 de maio de 
2011
PARA REFLETIR
A Enciclopédia é a 
obra que expõe as prin-
cipais ideias dos filóso-
fos iluministas. Diderot 
foi a principal figura, 
mas outros filósofos 
colaboraram: Rosseau, 
Voltaire, D’Alembert, 
Helvetius, Dumarsais, 
D’Holbach, Toussaint, 
Raynal, Paul Landois, 
entre outros.
16
UAB/Unimontes - 6º Período
1.2.3 O Iluminismo: seu tempo e origens
De um modo geral, o Iluminismo é asso-
ciado à Europa e ao século XVIII. Essa generali-
zação precisa ser problematizada.
Primeiramente, questiona-se quanto ao 
período em que o Iluminismo aparece mais 
comumente relacionado, o século XVIII, fre-
qüentemente chamado “século das luzes”. Não 
há um consenso entre os estudiosos quanto a 
cronologia do Iluminismo. A cronologia esta-
belecida por Franco Venturi, embora o próprio 
autor reconheça a existência de outras, será 
adotada aqui. (VENTURI, 1970, apud: FALCON, 
2004, p. 20-22)
Alguns historiadores chegam a defender 
que o Iluminismo do século XVIII é tão somen-
te o ponto culminante de um processo que 
remonta ao século XVII, mais precisamente a 
Revolução Científica. Mas, há ainda quem re-
cue suas origens a um período ainda anterior, 
remontando-o ao Renascimento dos séculos 
XV e XVI. (SALINAS, 1982, p. 26)
De todo modo, é certo que “Não é o sé-
culo XVIII que exalta e descobre os poderes da 
Razão.” (SALINAS, 1982, p. 23)
Em face dessas considerações não se 
deve esvaziar a importância que teve o movi-
mento das luzes, que também criou algo novo 
para o período. Em defesa da originalidade 
da “filosofia das luzes”, para Ernst Cassirrer “... 
o Iluminismo criou realmente uma forma de 
pensamento que era original em sua totalida-
de, pois só no que diz respeito ao conteúdo 
ela continuou na dependência das elucubra-
ções dos séculos precedentes.” (CASSIRRER, 
1950, p. 13, apud: FALCON, 2004, p. 40)
Em razão dessas experiências anteriores é 
que não se deve sobrevalorizar o século XVIII. 
“Do ponto de vista do conteúdo das doutri-
nas ou das grandes descobertas, o século XVIII 
pouco acrescenta, na realidade, às conquistas 
anteriores.” (SALINAS, 1982, p. 26). Em outra 
passagem do seu livro O Iluminismo e os Reis 
Filósofos, Roberto Salinas afirma em relação ao 
século XVIII: “... não é pelo alcance das novas 
descobertas e pelo avanço geral dos conheci-
mentos que se mostra melhor a originalidade 
do século anterior.” (SALINAS, 1982, p. 27)
É na década de 1740 que a circulação de 
ideias atinge os principais centros europeus: 
Espanha, Itália, Viena, Berlim, Paris. Nos anos 
60, o Iluminismo abarca quase toda a Europa, 
da Península Ibérica a Rússia. Entre 1740 e me-
ados de 1770, o Iluminismo atinge o seu ápice, 
embalado pela publicação da Enciclopédia e 
sua difusão pela Europa. (VENTURI, 1970, apud: 
FALCON, 2004, p. 21-22) Seu encerramento te-
ria se dado com a Revolução Francesa de 1789, 
mas há quem defendesse que as ideias ilumi-
nistas permaneceram influentes e continua-
ram a ser difundidas.
1.2.4 Origens sociais dos iluministas
Outra questão bastante discutida quando se estuda o Iluminismo diz respeito às origens so-
ciais dos iluministas. É quase lugar comum associar o Iluminismo a uma corrente de pensamento 
que constituía a expressão de um novo grupo, ou de uma nova classe, como querem alguns, que 
se encontrava em ascensão naquele momento, a burguesia. (FALCON, 2004, p. 24; SALINAS, 1982, 
p. 23)
De fato, este aspecto não deixa de ser verdade. Mas isto, como diria Roberto Salinas, “Evi-
temos a todo custo os reducionismos simplificadores.” Esta visão não deixava de fazer parte de 
certa vertente do marxismo que procurava reduzir as principais transformações da sociedade: a 
luta de classes. É empobrecedor: 
Dizer, nestas condições, que nos achamos diante de ideólogos da burguesia 
não é a última palavra no movimento de explicação. Ao contrário: verdadeiro, 
este rótulo serve-nos apenas como indicação inicial que não nos dispensa do 
árduo trabalho de enfrentar o pensamento destes filósofos na complexidade e 
riqueza que o caracteriza. (SALINAS, 1982, p. 22)
Explicar as bases sociais do Iluminismo por esse ângulo, ou seja, enquanto expressão de 
uma ordem burguesa, seria tomar Montesquieu, Diderot, Voltaire, Rousseau, o Barão d’Holbach, 
como pertencentes a uma mesma origem social, o que não era verdade. O Barão d’Holbach, por 
exemplo, eram um nobre e autor de uma obra considerada de orientação iluminista.
Em relação ao nível social, os enciclopedistas “se situam exatamente a meio caminho da 
grande e média burguesia, bastante próximos das camadas sociais mais elevadas... mas não mui-
to longe do povo trabalhador...”. (PROUST, 1963, p. 505, apud: FALCON, 2004, p. 28)
17
História - História Moderna II
Outro caso é o de Montesquieu. Charles 
Lous de Secondat, ou simplesmente Barão 
de Montesquieu (1689-1755), nasceu no dia 
18 de janeiro de 1689, no castelo de La Brède, 
nas proximidades de Bourdeaux na França, 
seus estudos iniciais se deram em sua própria 
casa, e mais tarde, quando passou a frequen-
tar o colégio teve como professores, padres 
oratorianos bastante envolvidos com o clima 
cultural da época, que o influenciaram deci-
didamente. Já na fase adulta realizou estudos 
de direito em Paris e apesar de breve retorno 
à sua terra natal, passa a frequentar vários sa-
lões literários parisienses. Por mais de quatro 
anos percorreu várias partes da Europa co-
ligindo material para compor uma de suas 
obras clássicas: O Espírito das Leis. O livro, na 
verdade, fora resultado de mais de 20 anos de 
trabalho. O Barão de Montesquieu parece um 
caso paradigmático, que impede a redução do 
Iluminismo à mera expressão de uma classe 
nova (a burguesia) em ascensão. Tinha origem 
aristocrática, foi uma das figuras mais emble-
máticas do século XVIII, produzindo uma obra 
revolucionária. (SALINAS, 1982, p. 29-32)
Ainda poderia ser aventado aqui o exem-
plo de Helvétius que tinha origem nobre e era 
considerado iluminista.
1.2.5 A Secularização iluminista
A secularização já foi definida como a 
“passagem da transcendência a imanência, 
da verticalidade a horizontalidade” no campo 
político, econômico, social, ideológico e em 
outros domínios do saber. A secularização tem 
como característica essencial a emancipação 
de cada um dos campos de conhecimento do 
homem, da esfera teológica e religiosa. (FAL-
CON, 2004, p. 31-32). Como assinala Francisco 
Falcon, um dos aspectos mais conhecidos da 
secularização foi o desenvolvimento da críti-
ca às crenças e práticas religiosas, em nome 
da razão e da liberdade de pensamento. (FAL-
CON, 2004, p. 33) (grifos do autor) 
Não se deve, contudo, reduzir todo o com-
plexo processo de secularização a uma visão ma-
niqueísta e opor razão versus religião, ou natural 
versus sobrenatural. (FALCON, 2004, p. 33)
A secularização não foi um processo line-
ar ou homogêneo, a ponto de ser mais ade-
quado considerar que houve secularizações. 
Não é possível,inclusive, opor frontalmente 
secularização e cristianismo, já que o que es-
tava em questão naquele momento era uma 
ampliação da religião, não se tratava da rejei-
ção a religião, mas do seu alargamento (FAL-
CON, 2004, p. 34).
Deriva disso, duas linhas de raciocínio. 
Uma que se pauta pelo reconhecimento da 
autonomia do entendimento humano; outra 
que apresenta uma tendência que busca con-
ciliar a ciência com os valores espirituais. Pensa-
vam assim, que era possível conciliar Razão e Re-
velação, porém, não se pode perder de vista que 
é sabido que secularização não se opõe necessa-
riamente a luz divina. (FALCON, 2004, p. 34-35)
1.2.6 O Racionalismo iluminista
Na concepção iluminista, a razão é definida como um meio, um esforço intelectual para se 
chegar a verdade, de maneira autônoma.
A razão iluminista se opõe a tudo o que é considerado irracional, constitui um “trabalho do 
intelecto, cujas ferramentas são a observação e a experimentação”. (FALCON, 2004, p. 37) É um 
instrumento de mudança, e esta mudança deveria ser a própria forma de pensar.
Pensar racionalmente para os iluministas significa submeter tudo a crítica, duvidar e mesmo 
destruir. A crítica ao pensamento tradicional é uma das definições da razão iluminista, que não 
possui espaço proibido, já que é através da crítica ao existente que se produz algo novo e verda-
deiro. As superstições, os ídolos, são barreiras que impedem o caminho de se chegar até a verda-
de. A verdade é algo a se desvendar, a se descobrir. (FALCON, 2004, p. 37) O iluminismo negou, 
criticou, mas também procurou construir algo novo, como foi visto anteriormente.
O lema do pensamento racionalista talvez pudesse ser resumido em uma frase: “ pensar por 
si mesmo”.
Mas se tudo deve ser submetido ao tribunal da crítica, porque, então, não submeter às pró-
prias ideias dos iluministas. Basicamente, é isto o que será proposto por Kant em um dos seus 
escritos mais notáveis. O texto surgiu em resposta a uma pergunta lançada por editores de uma 
revista alemã em 1783. A pergunta era “O que é o Iluminismo?” Uma das respostas de maior des-
taque foi a de Kant, publicada em 1784:
18
UAB/Unimontes - 6º Período
O que é o Iluminismo. A saída do homem da sua menoridade, pela qual ele é 
responsável. Menoridade, isto é, incapacidade de servir-se do próprio entendi-
mento sem a orientação de outrem, menoridade pela qual ele é o responsável 
porque a causa dessa incapacidade não esta numa deficiência do seu enten-
dimento, e sim na falta de decisão e de coragem para dele servir-se sem a di-
reção de outrem. Sapere Aude! [ousai saber] Tem coragem de servir-te do tem 
próprio entendimento! Eis a divisa das “Luzes”. (PEREIRA, apud: FALCON, 2004, 
p. 19)
Na medida em que o autor de Crítica da Razão Pura, propõe que o homem deve se livrar 
da “incapacidade de servir-se do próprio entendimento sem a orientação de outrem”, e que isto 
dependia muito mais de um gesto de ousadia. O “Ousai Saber” abriu caminho para que se ques-
tionem as próprias ideias dos iluministas. 
A própria concepção de filosofia para os iluministas constituía uma forma de pensar, ou, de 
maneira precisa, uma forma racional de pensar todos os ramos do conhecimento, submetendo-
-os à crítica com o fim de produzir algo novo. Só o progresso intelectual do homem permitirá a 
ele chegar a verdadeira liberdade.
1.2.7 A Enciclopédia
“Enciclopédia ou Dicionário Raciocinado 
das Ciências, das Artes e dos Ofícios, por uma 
Sociedade de Homens de Letras foi organiza-
da e publicada por Diderot e a parte Matemá-
tica por d’Alembert”. Este era o título da céle-
bre Enciclopédia, nela estava reunido o cerne 
do pensamento iluminista.
A obra começou a ser publicada em Pa-
ris no ano de 1751 e se estendeu até 1780. Seu 
processo de edição e publicação divide-se em 
duas fases: a primeira delas vai de 1751 a 1757, 
e a segunda de 1762 a 1772. Como o próprio tí-
tulo sugere dedica-se às ciências, às artes e aos 
ofícios, seu conjunto compreende 35 volumes.
Na produção da Enciclolpédia, para cola-
borar com o projeto, foram convocados pro-
fissionais liberais como médicos e advogados, 
e também cientistas. Escreveram intelectu-
ais como Montesquieu, Voltaire, Rousseau; 
cientistas como Buffon, Fontenelle, o Barão 
d’Holbach; Quesnay, Turgot, Jaucourt (este o 
colaborador mais assíduo). Foram ao todo 142 
colaboradores.
Jean Leron D’Alembert (1717-1783), ou 
simplesmente D’Alembert escreveu o “Dis-
curso Preliminar” (uma espécie de Introdução 
à Enciclopédia), que logo se tornou célebre, 
além de outros diversos verbetes. Entretanto, 
o principal organizador dessa grande emprei-
tada era mesmo Diderot. Ele era a verdadeira 
“alma” da Enciclopédia e a ela dedicou a maior 
parte de sua vida.
▲
Figura 8: Imagem de uma Enciclopédia iluminista
Fonte: http://historiafunbbe.blogspot.com/2008_07_01_
archive.html. Acesso em: 16 de maio de 2011
19
História - História Moderna II
Nascido em Langres na França, sua vida 
quase que se confunde com a Enciclopédia. A 
história dele, que viria a se tornar um grande 
projeto editorial, começa quando Diderot é 
convidado para traduzir a Enciclopédia Cham-
bers, enciclopédia inglesa contendo 5 volu-
mes. Diderot, porém, ficou muito insatisfeito 
com as limitações da Enciclopédia que tradu-
zia e propõe aos livreiros a ideia da Grande En-
ciclopédia, tarefa pela qual passará a dedicar 
tempo integral, a partir de 1746. O primeiro 
volume só sairá depois de 5 anos.
Paralelo aos trabalhos para a Enciclopé-
dia, Diderot também leva uma produtiva e 
conturbada vida literária, com suas obras sen-
do censuradas, chegando até mesmo a ser 
condenado à prisão na Bastilha. Enquanto estava 
preso, recebeu a visita de seus amigos filósofos e 
passou pela dor de ter perdido três filhos.
Assim, no dia 1 de julho de 1751 vem a 
lume o primeiro volume da Enciclopédia, com 
um “Prospectus” de Diderot e um “Discurso 
Preliminar” de d’Alembert, que logo irá se tor-
nar uma referência.
O impacto da Enciclopédia é grande, mui-
tos são os seus entusiastas, mas muitos tam-
bém os seus críticos. A Enciclopédia tem um 
sucesso financeiro esplendoroso para a época 
com 3500 assinantes. O empreendimento faz a 
fortuna dos livreiros, mas não de Diderot que 
ao final da vida se queixava da penúria que 
vivia. Neste cenário, o trabalho chega a ser 
proibido, mas continua a ser produzido clan-
destinamente, porém colaboradores de peso 
abandonam a empreitada, como d’Alembert. 
(SALINAS, 1982, p. 48-55.)
A rigor, a ideia de Enciclopédia é anterior 
ao Iluminismo, e remonta ao Renascimento 
devido à necessidade de agrupar, ou mesmo 
organizar um conjunto de conhecimentos de 
um determinado momento. Iniciativas como 
essa constituem um esboço daquilo que irá se 
configurar como a área de humanidades.
A Enciclopédia Iluminista (herdeira da 
tradição renascentista) avançou na concepção 
de não ser simplesmente um dicionário, já que 
como o seu próprio título sugeria, constituía um 
Dicionário raciocinado. (FALCON, 2004, p. 79-84).
◄ Figura 9: Retrato de 
D´Alembert
Fonte: http://tipografos.
net/historia/alembert.html
Acesso em: 16 de maio de 
2011
20
UAB/Unimontes - 6º Período
Uma breve história da imprensa
No livro, “Uma História Social do Conhecimento: de Gutemberg a Diderot”, o historiador in-
glês Peter Burke discute a origem da imprensa e o seu impacto para a difusão do conhecimento. 
Nesse processo, o século XVIII, com o Iluminismo, teve importância decisiva. Para Burke, a inven-
ção da imprensa com tipos móveis na Alemanha em torno de 1450, além de possibilitar a difusão 
mais ampla de conhecimento e a publicidade de toda uma variedade de conhecimentos, tam-
bém facilitou a interação de diferentes tipos de conhecimentos. Em suas palavras: “Ela padroni-
zou o conhecimento ao permitir que pessoas emlugares diferentes lessem os mesmos textos ou 
examinassem imagens idênticas” (p.19). “No início da Europa moderna, uma ‘explosão do conhe-
cimento’ se seguiu à invenção da imprensa, aos grandes descobrimentos e à chamada ‘revolução 
científica’”. (p.20). Segundo o historiador inglês, a imprensa oferecia muitas oportunidades aos 
homens de letras na Europa e possibilitou a ascensão de novas profissões, como, por exemplo, 
os jornalistas que começaram a se multiplicar e se tornaram cada vez mais influentes, devido a 
proliferação de periódicos a partir do século XVIII (p. 34-35).
Nos centros urbanos das principais cidades europeias surgiam novos espaços de sociabili-
dade. Os cafés desempenharam papel importante na vida intelectual francesa, italiana e britâni-
ca, a partir do século XVII. “Os donos dos cafés frequentemente exibiam jornais e revistas como 
modo de atrair clientes, encorajando assim a discussão das notícias e o surgimento do que mui-
tas vezes é chamado de ‘opinião pública’ ou ‘esfera pública’. Estas instituições facilitavam encon-
tros entre idéias e indivíduos” (p. 50-51).
A biblioteca teve uma importância ampliada depois do advento da imprensa. Efetivamente 
surgiam novos lugares do conhecimento: livraria, cafés, bibliotecas, laboratórios, galerias de arte. 
O surgimento desses novos espaços era embalado também pela razão da grande quantidade de 
informações sobre a história natural de várias partes do mundo que afluíram para a Europa no 
início do período moderno (p. 56-60).
Cidades como Roma, Paris, Londres figuravam como verdadeiras capitais do conhecimento. 
(p. 64-65). Além disso, muitas dessas cidades eram importantes centros impressores – a exemplo 
destas referidas anteriormente - devem ser acrescentadas Veneza, Amsterdã, Sevilha (p. 75).
“A longo prazo, a ascensão do ideal do conhecimento público é visível no início do período 
moderno e está ligada ao surgimento da imprensa (p. 80). Foi isto que levou a multiplicação de 
livros (p. 97). O surgimento da impressão teve duas conseqüências importantes: tornou as en-
Figura 10: Primórdios da 
imprensa escrita
Fonte: http://enferma-
gemnojurua.blogspot.
com/2010/06/hoje-e-dia.
html
Acesso em: 16 de maio de 
2011
►
21
História - História Moderna II
ciclopédias disponíveis com maior rapidez e tornou-as ainda mais necessárias do que antes (p. 
103). A invenção da imprensa transformou os manuscritos um tipo particular de documentos e 
levou a seu armazenamento em separado. A centralização dos governos seguiu a centralização 
dos documentos. Documentos que antes eram tratados como propriedade privada de funcio-
nários eram agora considerados como pertencentes ao Estado (p. 128). A impressão encorajava 
a comercialização de todos os tipos de conhecimento. A partir da imprensa, os empreendedores 
se envolveram mais diretamente no processo de difusão do saber (p. 145). Seguiu-se uma produ-
ção de atlas, enciclopédias, livros. Ao longo do século XVIII desenvolve-se a prática da assinatura 
(p. 151). Um exemplo significativo é o Jornal: “Gazetas de notícias impressas, registradas pela pri-
meira vez na Alemanha em 1609, ganharam impulso na República Holandesa em princípios do 
século XVII e no século XVIII já estavam espalhadas na maior parte da Europa” (p. 152).
Com todas essas transformações, o conhecimento se tornou um grande negócio. Nos pri-
mórdios da Europa moderna o conhecimento estava ligado cada vez mais à produção via im-
pressão e isso levou a um sistema de conhecimento mais aberto. Setores da sociedade interes-
sam em tornar o conhecimento público. Por outro lado, um mercado de informações cresceu ao 
longo do período (p. 158).
BURKE, Peter. Uma História Social do Conhecimento: de Gutemberg a Diderot. Rio de Ja-
neiro: Jorge Zahar, 2003.
1.3 O Despotismo Esclarecido
O Despotismo Esclarecido é a expressão 
usada para designar uma forma de governar 
que caracterizou algumas monarquias da Eu-
ropa Moderna em meados do século XVIII. Os 
déspotas esclarecidos empreenderam políti-
cas típicas do Absolutismo, como, por exem-
plo, o fortalecimento do poder real. Entretan-
to, adotaram algumas ideias relacionadas ao 
iluminismo, principalmente, tendo em vista a 
reforma e a modernização de seus Estados. 
O desenvolvimento do Despotismo Escla-
recido se deu principalmente em áreas do cen-
tro e do leste da Europa, como a Áustria, Prús-
sia e a Rússia. Contudo, até mesmo em partes 
da Europa Ocidental, como Portugal e a Espa-
nha, foram verificadas algumas políticas deste 
tipo. Em geral, são países de economia predo-
minantemente agrícola, nos quais a burguesia 
era pouco expressiva e que foram governados 
por soberanos que empreenderam algum tipo 
de medida, visando à modernização de suas 
economias semifeudais. 
Para René Remond, o Despotismo Es-
clarecido é uma variante da monarquia abso-
luta, cuja principal característica é a ideia de 
uma sociedade governada por um príncipe 
de mentalidade ilustrada. Nessa linha de argu-
mentação, o monarca era entendido como o 
responsável pela condução da modernização 
da sociedade e da economia. Eram objetivos 
do déspota, garantir as condições que leva-
riam seu reino a atingir a prosperidade, através 
do aumento da riqueza e, consequentemente, 
ampliar seu poder e prestígio (REMOND, 1986).
As políticas dos déspotas variavam de 
acordo com as especificidades regionais, po-
rém apesar das variações, tiveram alguns pon-
tos que podem ser considerados comuns em 
todas as suas variantes. Um bom exemplo dis-
to, no campo social foi a tentativa dos sobera-
nos empreenderem uma política que buscava 
a diminuição da influência eclesiástica na so-
ciedade. Esta medida reflete em grande parte 
a influência exercida pelos ideais iluministas 
nas maneiras de governar dos déspotas escla-
recidos.
Os mais célebres monarcas, que gover-
naram em sintonia com o ideal de governo do 
Despotismo Esclarecido, foram os soberanos 
Frederico II da Prússia, Catarina II da Rússia e 
José II da Áustria. Além destes, pode-se des-
tacar também o Marquês de Pombal, ministro 
do rei Dom José I de Portugal e Aranda minis-
tro de Carlos III da Espanha. Estes governantes 
promoveram reformas que ampliaram a edu-
cação, estimularam a economia, fortaleceram 
a igualdade civil, racionalizaram a administra-
ção pública e garantiram até liberdade de cul-
to. Contudo, deve-se ressaltar que a maior par-
te deles acabou foi fortalecendo a autocracia o 
que vai levar ao acirramento das contradições 
político-sociais.
22
UAB/Unimontes - 6º Período
1.3.1 O Despotismo esclarecido de Frederico II na Prússia
Na Prússia, Frederico II, governou o país 
entre 1740 e 1786, tendo sido influenciado pe-
las ideias de Voltaire o que o levaram a adotar 
medidas que permitiram a liberdade de culto, 
privilegiaram o ensino básico e a extinção da 
tortura aos criminosos. Também foi organi-
zado um novo código legal que permitiu a 
liberdade de expressão no país. O desenvol-
vimento industrial também foi estimulado 
através de programas oficiais. Foram funda-
das “(...) manufaturas estatais, fomentadas as 
atividades naval e mineira e desenvolvidas as 
indústrias têxteis” (ANDERSON, 2004, p. 267). 
Frederico procurou tentar atrair imigrantes 
europeus que possuíam algum tipo de habili-
dade relacionada com a produção artesanal e 
manufatureira. Até mesmo a agricultura rece-
beu incentivo com a organização de trabalhos 
de drenagem nos campos, apoio a coloniza-
ção e de melhorias no sistema de transportes. 
Apesar de todas estas políticas consideradas 
progressistas, o monarca não alterou a estru-
tura social do país, pois a servidão permane-
ceu como o sustentáculo da economia agrária 
prussiana. A Prússia permanece um Estado 
feudal, com os servos sujeitos à classe domi-
nante, formada pela aristocracia Junker.
1.3.2 O Despotismo esclarecidode Catarina II na Rússia
Já na Rússia sob Catarina II, que reinou 
entre 1759 e 1796, apesar da rainha ter cultiva-
do um intenso contato com muitos filósofos 
franceses, as reformas foram mais acanhadas 
que na Prússia. Limitou-se a construção de es-
colas e hospitais, promovendo o aumento da 
influência estrangeira na Rússia, em especial 
a francesa. Submeteu a Igreja Ortodoxa ao 
Estado russo e autorizou a liberdade de culto. 
Neste país não somente a servidão permane-
ce como a situação da população servil até 
piorou, pois os proprietários passaram a ter o 
direito de condená-los a morte. A carta da no-
breza, promulgada em 1785, garantiu a aristo-
cracia o controle jurídico absoluto sobre a for-
ça de trabalho. Além disso, a agricultura servil 
foi estendida até o território da Ucrânia. A in-
dustrialização recebeu importante apoio, pois 
a governante criou indústrias de armamen-
tos e metalúrgicas nos Urais, aproveitando as 
abundantes jazidas de ferro e cobre existentes.
Figura 11: Retrato de 
Frederico II da Prússia
Fonte: http://en.wikipedia.
org/wiki/File:Frederick_II_
of_Prussia_ Coloured_dra-
wing.png
Acesso em: 16 de maio de 
2011
►
▲
Figura 12: Retrato de Catarina II da Rússia
Fonte: http://atouchoflisbon.blogspot.com/2007_12_01_
archive.html.Acesso em: 16 de maio de 2011
23
História - História Moderna II
1.3.3 O Despotismo esclarecido de José II Áustria
Outro exemplo de déspota esclarecido foi José II da Áustria, que governou entre 1780 e 
1790. Em seu governo a servidão foi legalmente abolida através de uma série de decretos. Con-
forme Anderson, 
(...) todos os súditos viram assegurado o direito de livre escolha em matéria de 
casamento, migração, trabalho, ocupação e propriedade. Nos locais onde esta 
não existia, foi assegurada aos camponeses a garantia da posse da terra e aos 
nobres proibiu-se a compra de parcelas (2004, p. 319).
Também foi implementada a igualdade 
de todos perante a lei. A administração do Es-
tado foi uniformizada e organizada, o que me-
lhorou o sistema de arrecadação de impostos. 
O soberano também promoveu uma política 
que garantiu uma razoável liberdade de culto, 
bem como incentivou a educação secular che-
gando a criar cursos para a formação de en-
genheiros e funcionários. O governo também 
introduziu um código penal, modernizou a 
justiça e aboliu a censura. Vocês, caros alunos, 
devem estar se perguntando por que a Áus-
tria, no final do século XVIII, não conseguiu um 
lugar mais central na política europeia da épo-
ca. O problema é que boa parte das reformas 
modernizadoras adotadas pelo rei José II fo-
ram neutralizadas por uma política de reação 
senhorial que se seguiu à morte do progres-
sista soberano. O absolutismo “iluminista” de 
José II foi anulado por seu sucessor, Leopoldo 
II (ANDERSON, 2004, p. 320).
1.3.4 O Despotismo do Conde de Aranda na Espanha
A Espanha também conheceu o Despotis-
mo Esclarecido. Carlos III da Dinastia Bourbon, 
que governou o país até 1788 e deu importan-
te apoio ao seu ministro, o conde de Aranda 
(1718-1799) que promoveu algumas medidas 
reformistas. Podem-se destacar as políticas 
empreendidas no sentido de fortalecer o co-
mércio e estimular as indústrias de luxo e de 
tecidos. A administração foi dinamizada com a 
criação dos intendentes, uma cópia do sistema 
análogo criado pelo absolutismo Bourbon, na 
França de Richelieu e Mazzarino, no século an-
terior. Esta medida terminou por fortalecer o 
poder do rei Carlos III. No Entanto, apesar das 
“Reformas Bourbônicas” que empreenderam 
um certo grau de racionalização do Estado es-
panhol, assim como melhoraram a administra-
ção colonial, tudo isto foi muito limitado, não 
conseguindo reverter o processo de derrocada 
do império sob os Bourbon.
◄ Figura 13: Retrato de 
José II da Austria
Fonte: http://www.mundo-
vestibular.com.br/arti-
cles/6144/1/Iluminismo/ 
Paacutegina1.html
Acesso em: 16 de maio de 
2011
Figura 14: Retrato do Conde de Aranda
Fonte:http://faculty-staff.ou.edu/L/A-Robert.R.Lauer-1/
BIBJovellanos. html. Acesso em: 16 de maio de 2011
◄
24
UAB/Unimontes - 6º Período
1.3.5 O Despotismo esclarecido do Marquês de Pombal em Portugal
Em Portugal, o Marquês de Pombal, mi-
nistro do rei Dom José I, realizou importantes 
reformas, muitas delas se estendendo até as 
colônias. As reformas implementadas pelo 
Marquês abrangeram praticamente quase 
todos os setores da vida política, social e eco-
nômica da sociedade portuguesa, apoiando o 
comércio e a indústria, através da criação de 
Companhias que detinham o monopólio co-
mercial nas colônias. Acrescenta-se a isso, o 
fato de ter expulsado os jesuítas do Brasil e de 
Portugal, fortalecendo a autoridade do poder 
real. Promoveu a reconstrução da capital, Lis-
boa, que havia sido destruída por um terremo-
to em 1755. Iniciou a modernização do ensino, 
criou bibliotecas e a imprensa régia. 
No âmbito econômico, as Companhias 
privilegiadas de comércio – além de uma 
Junta de comércio – criadas em 1755, eram 
compostas por representantes de grandes 
casas comerciais e tinham o objetivo de con-
ceder empréstimos para o desenvolvimento 
de produtos manufaturados. As Companhias 
de Comércio criadas, na América portuguesa, 
compreendiam as Companhias do Estado do 
Grão-Pará e Maranhão em 1755, da pesca das 
baleias em 1756 e a de Pernambuco e Paraíba, 
no ano de 1759. Até mesmo na Ásia foi criada 
uma Companhia, em 1753. O reino também 
assistiu a criação de sua Companhia Geral da 
Agricultura das Vinhas do Alto Douro em 1756.
Uma importante medida tomada por 
Pombal foi a supressão dos estigmas de san-
gue que repousavam sobre os chamados cris-
tãos-novos. A origem desse estigma remonta 
ao ano de 1497, quando os descendentes de 
judeus portugueses, para não serem expulsos 
do reino, tiveram que se converter obrigato-
riamente ao cristianismo, ficando conhecidos 
como “cristãos-novos”. Isto os impedia de ocu-
par cargos e de terem acesso a certos benefí-
cios. A medida adotada durante o consulado 
Pombalino, entretanto, não fora fortuita, mas 
visava atrair capitais de judeus dispostos a in-
vestirem nas Companhias de Comércio.
Também foram realizadas reformas no 
plano militar, no ano de 1763. Foi introduzido 
um modelo militar de inspiração prussiana, 
afastando assim as técnicas e estratégias dos 
exércitos da Áustria, Rússia e França, já en-
tão vistos como ultrapassados. No reino, as 
reformas foram levadas a cabo pelo Conde 
Schaumburg-Lippe Buckeburg e não estavam 
destituídas de influência da Guerra dos Sete 
Anos (1756-1763) (WELHLING e WELHLING, 
1999, p. 317)
Na América, as reformas militares ficaram 
a cargo do Tenente-General austríaco João 
Henrique Bohm. As reformas militares tinham 
também o objetivo de reforçar os domínios 
coloniais, diante do assédio das potências es-
trangeiras. Para essa tarefa em especial foi 
deslocado para o Brasil o sueco especialista 
em fortificações, Jacques Funck (BOSCHI, 2002, 
p. 90; MAXWELL, 1996). Um aspecto bastante 
acentuado do período pombalino, ou mesmo, 
das monarquias dos séculos XVII e XVIII na Eu-
ropa, diz respeito à orientação da política eco-
nômica conhecida como “mercantilismo”, que 
poderia ser ligeiramente definida como a in-
tervenção do Estado na economia com vistas 
a assegurar “proteção, da moeda e dos esto-
ques de metais preciosos, proteção da produ-
ção, encorajamento e favores” (DEYON, 1973, 30). 
A forte intervenção do Estado na economia visa-
va garantir uma rigorosa política de monopólios 
e controle fiscal, seguida do princípio de que o 
acúmulo de metais preciosos constituía uma po-
derosa fonte de enriquecimento e ainda acom-
panhada da busca desmesurada pela balança 
comercial positiva, ou seja, exportar mais do que 
importar (VAINFAS, 2000, p. 392).
▲
Figura 15: Déspotaesclarecido Marquês de 
Pombal
Fonte: http://cphistoria.
blogspot.com/
Acesso em: 16 de maio de 
2011
25
História - História Moderna II
Dessas orientações, sobrelevava-se o 
princípio da balança comercial favorável que 
“ditava os outros aspectos da política mercan-
tilista” (DEYON, 1973, p. 30).
Em outras palavras, o Estado deveria con-
duzir a economia de modo a favorecer as ex-
portações, controlar ou proibir a importação 
de produtos manufaturados a fim de obter um 
saldo positivo na balança comercial, porém 
deveria haver o incentivo a importação de ma-
térias primas (FALCON, 1982, p. 89).
O mercantilismo constituiu, desse modo, 
um instrumento de geração de riquezas, e 
nesse ínterim o fiscalismo “opera na realidade 
como um mecanismo de transferência de ren-
das dos setores mais produtivos e dinâmico da 
sociedade para aqueles setores mais retarda-
tários ou estagnados.” (FALCON, 1982).
Apesar do fisco se apresentar quase sem-
pre com a sua face mais perversa de extrator 
de rendas por meio da tributação, importante 
salientar também outro aspecto que decerto 
pouca oposição despertou que é o incentivo 
ao desenvolvimento industrial. 
Em relação ao princípio da balança co-
mercial favorável, um dos aspectos mais cen-
trais do mercantilismo, não deve ser, entre-
tanto, sobrevalorizado, pois, quando se trata 
da importação de matérias primas, deve haver 
o incentivo por parte do Estado. O princípio 
puro e simples, por vezes obstinado, da ba-
lança comercial favorável a todo custo, deu 
origem a um certo “mito”, conforme assinalou 
Francisco Falcon, não sendo bem entendido 
por alguns estudiosos (FALCON, 1982).
1.3.6 O Despotismo esclarecido: limites e alcances
Como podemos perceber através, destes 
exemplos, caros acadêmicos, o Despotismo 
Esclarecido foi mesmo uma tentativa de al-
guns monarcas empreenderem determina-
das reformas que conduzissem seus reinos e 
impérios a modernidade, sem, contudo, per-
derem seu poder. Muito pelo contrário, ape-
sar de influenciados por certos ideais ilumi-
nistas, conseguiram fortalecer a monarquia 
e até mesmo seu poder pessoal.
Não se pode negar que muitas das refor-
mas implementadas pelos déspotas esclareci-
dos não tenham levado a progressos, princi-
palmente, no que diz respeito à modernização 
e a secularização das sociedades em questão. 
Muitos obstáculos relacionados à estrutura 
arcaica do antigo regime funcionaram como 
atenuantes das reformas. No campo agrícola, 
por exemplo, as mudanças foram muito limi-
tadas, pois os soberanos tiveram que conciliar 
suas políticas com os interesses aristocráticos 
vigentes. Até mesmo as mudanças na esfera 
jurídica, tiveram um tímido efeito, pois os reis 
tinham que levar em consideração, na elabo-
ração dos códigos de leis, as ameaças advin-
das de o seu próprio poder, decorrentes da 
adoção de uma legislação moderna. Como 
Decuzzi concluiu, na verdade, o Despotismo Escla-
recido foi apenas uma tentativa, porém de sucesso 
duvidoso de se restaurar o poder e o prestígio da 
instituição monárquica, já então em um processo 
de decadência (DECUZZI, 2009, p. 20-31).
1.4 Referências
ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 2 ed. Tradução de Beatriz Sideau. São 
Paulo: Brasiliense, 1989. 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filoso-
fia. 2ª edição, Editora Moderna, São Paulo 1995.
BOSCHI, Caio César. Administração e administradores no Brasil pombalino: os governadores 
da Capitania de Minas Gerais. In: Tempo. Dossiê: Política e Administração no Mundo Luso Brasilei-
ro. Tempo, Universidade Federal Fluminense, Departamento de Historia da UFF. Vol. 7, nº 13, Jul. 
Rio de Janeiro: Sette Letras, 2002.
BURKE, Peter. Uma História Social do Conhecimento: de Gutemberg a Diderot. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar, 2003. 
DECUZZI, Caio Rabello. A luz dos ideais: O Despotismo Esclarecido como plano político. Revista 
de Intenção e Debate Acadêmico. Ano 1, nº 1, p. 20-31, julho de 2009. 
26
UAB/Unimontes - 6º Período
DEYON, Pierre. O Mercantilismo. São Paulo: Perspectiva: 1973.
FALCON, Francisco José Calazans. Iluminismo. 4ª ed. São Paulo: Ática, 2004. 
FALCON, Francisco José Calazans. A época pombalina. (Política Econômica e Monarquia Ilustra-
da). São Paulo: Ática, 1982.
FORTES, Luiz Roberto Salinas. O Iluminismo e os Reis Filósofos. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 
1982. 
MAXWELL, Kenneth. Marquês de Pombal: paradoxo do Iluminismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 
1996. 
PEREIRA, Miguel Baptista. Iluminismo e secularização. Revista de História das Idéias. O mar-
quês de Pombal e o seu tempo. Universidade de Coimbra 4 (2): 439-500, 1982/1983. Coordenado 
por Luis Reis Torgal e Isabel Vargues.
REMOND, René. Introdução à História de Nosso Tempo. São Paulo: Cultrix, 1986.
VAINFAS, Ronaldo. Mercantilismo. In: VAINFAS, Ronaldo (dir.). Dicionário do Brasil Colonial (1500-
1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
VENTURI, Franco. Utopia e reforma no iluminismo. Tradução de Modesto Florenzano. São Pau-
lo: Edusc, 2003.
WELHLING, Arno e WELHLING, Maria José. Formação do Brasil Colonial. 3 ed. rev. e ampl. Rio de 
Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 
27
História - História Moderna II
UNIDADE 2
A Revolução Industrial
2.1 Introdução
Ao se iniciar a discussão sobre a Revolução Industrial é bastante oportuno tomar as palavras 
de um dos seus principais estudiosos,
“... a certa altura da década de 1780, e pela primeira vez na história da huma-
nidade, foram retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades huma-
nas, que daí em diante se tornaram capazes da multiplicação rápida, constante, 
e até o presente ilimitada, de homens, mercadorias e serviços.” (HOBSBAWM, 
1977, p. 44).
Neste tópico serão discutidas questões de ordem conceitual em relação à Revolução Indus-
trial, suas fases e origens.
Figura 16: Vista de 
Fábricas inglesas 
no transcorrer da 
Revolução Industrial
Fonte: http://ojornal2.
blogspot.com/2008/04/
revoluo-industrial.html
Acesso em: 14/05/2011. 
▼
28
UAB/Unimontes - 6º Período
2.2 A Revolução Industrial e seu 
Significado
A Revolução Industrial não deve ser entendida como um acontecimento encerrado em si 
mesmo, mas precisa ser inserida dentro de um processo mais amplo que é o processo de forma-
ção do sistema Capitalista, como procurou salientar José Jobson de Andrade Arruda:
... a Revolução Industrial é a culminância de um processo secular, com suas raí-
zes fundidas na crise do sistema feudal, que consolida o modo de produção ca-
pitalista, instaurando um sistema econômico-social, com sua forma peculiar de 
Estado e ideologia específica. No momento da Revolução Industrial, cristaliza-
-se o capitalismo e é nesta perspectiva que procuraremos delinear a eclosão da 
sociedade industrial, de modo a estabelecermos uma relação dialética entre a 
Revolução Industrial e o capitalismo. (ARRUDA, 1994, p. 8)
A Revolução Industrial poderia ser definida como a “criação de um ‘sistema fabril’ mecani-
zado que por sua vez produz em quantidades tão grandes e a um custo tão rapidamente decres-
cente a ponto de não mais depender da demanda existente, mas de criar o seu próprio mercado” 
(HOBSBAWM, 1977, p. 44)
Figura 17: Interior de 
fábrica em que se 
explora o trabalho 
infantil
Fonte: http://queilaferraz.
fashionbubbles.com/tag/
revolucao-industrial/
Acesso: 14/05/2011
►
29
História - História Moderna II
2.3 Fases da Revolução Industrial
Procurando situar cronologicamente esse 
importante acontecimento, em seu sentido 
mais essencial, a “Revolução Industrial verifica-
-se na segunda metade do século XVIII, na Grã-
-Bretanha, divulgando-se no continente e no 
mundo nos séculos seguintes e desdobrando-se 
na riqueza de seus inventos.” (IGLÉSIAS, 1981, p. 16)
A Revolução Industrial passou porfases 
e, normalmente, tem sido dividida da seguin-
te forma: a Primeira Revolução Industrial, que 
compreende o final do século XVIII e o iní-
cio do século XIX, com predomínio do uso da 
máquina a vapor e do carvão mineral como 
fontes de energia, a Segunda Revolução In-
dustrial, compreendida no final do século XIX, 
em que predominou a utilização do motor à 
explosão e da energia elétrica para alimenta-
rem as fábricas. Por fim, fala-se ainda em uma 
Terceira Revolução Industrial, ainda em curso, 
marcada pelo uso da energia atômica, não 
sendo raro ser caracterizada de Revolução 
Cibernética, em razão da difusão no uso dos 
computadores (ARRUDA, 1994, p. 20). 
Muitos historiadores tenderam a identi-
ficar o começo da Revolução Industrial com a 
década de 1760, a exemplo de Paul Mantoux 
(MANTOUX, 1962, p. 21). Todavia outros estu-
diosos apontaram a década de 1780, já que 
foi aí que todos os índices estatísticos econô-
micos importantes deram um salto vertigi-
noso (HOBSBAWM, 1977, p. 44). Hobsbawm, 
defensor dessa ideia, se justifica: “... trans-
formação rápida, fundamental e qualitativa 
que se deu por volta da década de 1780...” 
(HOBSBAWM, 1977, p. 45).
Para este historiador, a Revolução Indus-
trial começou na década de 1780 e se fecha 
com a construção das ferrovias e da indústria 
pesada na Grã-Bretanha na década de 1840.
A partida, ou “take-off”, para usar a ter-
minologia em inglês, da Revolução Industrial, 
principalmente a sua primeira fase, com exati-
dão, pode ser situada mais precisamente nos 
20 anos que compreende de 1780 a 1800. Essa 
Revolução foi contemporânea, portanto, da 
Revolução Francesa (HOBSBAWM, 1977, p. 45).
2.4 Alguns Antecedentes 
Históricos
A Inglaterra, em princípios do século XVII, era um país predominantemente rural, a maioria 
da população residia no campo. Vivia-se basicamente do cultivo de gêneros de primeira neces-
sidade, da criação de ovelhas para o aproveitamento da lã e confecção de tecidos. Praticamente 
não existia comércio entre as diversas comunidades que integravam essa estrutura econômica, 
ainda de traços marcadamente feudais.
DICAS
Assista ao filme Barry 
Lyndon com a direção 
de Stanley Bubrik. O 
filme Barry Lyndon, de 
1975 (183 min.), retrata 
bem a vida inglesa no 
século XVIII. Século 
em que se verificou 
a Primeira Revolução 
Industrial.
Depois escreva uma 
crítica sobre a situação 
social que a revolução 
industrial gerou na 
Inglaterra.
ATIVIDADES
Quando uma deter-
minada invenção traz 
por conseqüência a 
extinção de empregos, 
você é a favor de que 
essa inovação não seja 
utilizada? Qual a sua 
opinião?
◄ Figura 18: Cercamentos 
ingleses: movimento 
que expulsou mão de 
obra do campo para as 
fábricas do perímetro 
urbano.
Fonte: http://www.
portalsaofrancisco.com.
br/alfa/revolucao-inglesa/
revolucao-inglesa4.php
Acesso em: 14/05/2011
30
UAB/Unimontes - 6º Período
Até meados do século XVII, na Inglaterra, o Rei exercia efetivamente o poder juntamente 
com a aristocracia. Após a Revolução de 1640, o poder passou para as mãos da gentry (nobres e 
grandes proprietários de terras), que se identificava com os grupos de mercadores.
Logo após a Revolução, os grupos mercantis, que grosso modo, poderiam ser designados de 
“burguesia”, não foram imediatamente alçados ao poder político, mas passaram a exercê-lo por 
intermédio dos nobres proprietários.
Como a Revolução Inglesa de 1640 houve a imposição de limites ao poder do Parlamento, 
e o confisco de propriedades régias (ARRUDA, 1994, p. 33-34), o que teve grandes implicações, 
como será possível ver mais adiante.
A Revolução Industrial do século XVIII é, portanto, herdeira direta da Revolução Inglesa do 
século XVII, pois criou as condições básicas para que a indústria pudesse se desenvolver e possi-
bilitou um novo grupo ter maior acesso ao poder (ARRUDA, 1994, p. 8).
2.5 Fatores do Pioneirismo Inglês
O pioneirismo britânico não se deveu 
à superioridade tecnológica e científica. No 
campo da física e da matemática, por exem-
plo, os franceses estavam muito à frente. Na 
França, chegou a ser fabricado um tear mais 
complexo que qualquer um que pudesse 
existir na Inglaterra. Os franceses ainda con-
seguiam construir melhores navios. Mais tar-
de, com a Revolução Francesa, vai haver um 
incentivo a criação e difusão de Escolas Poli-
técnicas. Na Alemanha, também havia institui-
ções voltadas para o treinamento técnico.
Estes exemplos atestam a defasagem da edu-
cação na Inglaterra em relação aos outros países da 
Europa, chegando, por essa razão, a ser caracteriza-
da como “uma piada de mau gosto”. Apesar desse 
atraso, isto não significou desvantagem para os 
ingleses já que “poucos refinamentos intelectuais 
foram necessários para se fazer a revolução indus-
trial” (HOBSBAWM, 1977, p. 45-46).
Após a Revolução de 1640, que teve 
como resultado a execução de um rei, a ques-
tão do desenvolvimento econômico se tornou 
uma política governamental. A Revolução, que 
assegurou maior poder a “burguesia”, possi-
bilitou que grupos financeiros chegassem ao 
poder. Com isso, “A política estava atrelada ao 
lucro”, e “O dinheiro não só falava como gover-
nava” (HOBSBAWM, 1977, p. 47). As transfor-
mações que tiveram lugar no campo, também 
constituíram um fator decisivo para o pionei-
rismo inglês. 
Após a Revolução de 1640, que também 
produziu como resultado a expropriação fun-
diária, proprietários com espírito comercial 
passaram a dominar a terra, que era cultivada 
por arrendatários e pequenos agricultores. 
Com isso, não houve mais na Inglaterra um 
campesinato. As atividades agrícolas estavam 
voltadas para o mercado. 
Os Enclousure Acts, mais conhecido como 
a “Lei dos Cercamentos”, terminaram por ex-
pulsar os camponeses para as cidades para 
trabalharem nas fábricas, constituindo, ao 
mesmo tempo, mão de obra e mercado con-
sumidor nas cidades. A agricultura, trabalhada 
com técnicas mais intensivas, fornecia alimen-
tos para os centros urbanos.
Paralelo a todas essas transformações, 
também houve a criação de uma infraestrutu-
ra de portos, estradas e vias navegáveis. Tudo 
isso servia para integrar mais a produção e ex-
pandir o mercado.
Nessa primeira fase da Revolução, o se-
tor da economia que mais se desenvolveu 
foi o do algodão.
PARA REFLETIR
A rigor, a burguesia só 
passará a exercer o po-
der político diretamen-
te após 1832, ou seja, 
quando a Revolução 
Industrial já começa a 
entrar em sua segunda 
fase. (ARRUDA, 1994)
Figura 19: Máquina de 
fiar. Este objeto foi o 
propulsor da Revolução 
Industrial.
Fonte: http://queilaferraz.
fashionbubbles.com/
historia-da-moda/design-
-de-moda-evolucao-
-industria-moda/
Acesso em: 14/05/2011
►
31
História - História Moderna II
A indústria algodoeira britânica, principalmente da região de Lancashire, conseguiu flores-
cer graças à proibição de importação dos tecidos indianos, que eram de longe muito superiores 
em qualidade aos britânicos. Era com os panos da Índia que se alimentava o comércio de escra-
vos em certos lugares da África, mas quando, por qualquer motivo, esse comércio era interrom-
pido, os grosseiros tecidos ingleses ganhavam espaço. Durante a Revolução Industrial, “a escravi-
dão e o algodão marcharam juntos” (HOBSBAWM, 1977, p. 49-50).
As maiores oportunidades de expansão da indústria algodoeira estavam no comércio ultra-
marino. A indústria algodoeira foi estimulada pelo comércio colonial que possibilitou uma ex-
pansão ilimitada capaz de atrair os empresários a se lançarem na indústria. 
“O algodão, portanto, fornecia possibilidades suficientemente astronômicas para tentar os 
empresários privados a se lançarem na aventura da revolução industrial e também uma expan-
são suficientemente rápida para torná-la uma exigência”. (HOBSBAWM, 1977, p.52)
Os custos de montagem de uma pequena 
indústria eram relativamente pequenos e as 
máquinas eram proporcionalmente baratas. 
Além do mais, o “sistema doméstico”, ou ”put-
ting out system”, constituía uma forma de ex-
pansão da indústria, (HOBSBAWM, 1977, p. 53).
A Inglaterra conseguiu monopolizar o co-
mércio por meio das guerras e se tornou he-
gemônica depois delas.
“Em termos de vendas, a revolução indus-
trial pode ser descrita, com a exceção dos pri-
meiros anos da década de 1780, como a vitória 
do mercado exportador sobre o doméstico...” 
(HOBSBAWM, 1977, p. 51).
A América Espanhola e Portuguesa se 
tornaram especialmente dependentes da In-
glaterra, era um dos maiores mercados dos 
grosseiros tecidos ingleses. A Índia foi “desin-
dustrializada”, “passou de exportador a merca-
do para os produtos de algodão” da Inglaterra. 
“Era um grande marco na história mundial” 
(HOBSBAWM, 1977, p. 51).
DICAS
Assista ao filme “Oliver 
Twist” com a direção de 
Roman Polansky. O filme 
de 2005 (130 min.) conta 
a história de um menino 
(Oliver Twist) que, em 
meio a muitos outros, so-
fre com as consequências 
da industrialização na In-
glaterra. Depois, descreva 
em poucas palavras como 
era o cotidiano infantil 
em meio à Revolução 
Industrial.
▲
Figura 20: Ideia de 
produção algodoeira na 
época de 1760.
Fonte: http://a7mi-
dia.com.br/noticias/
conheca_a_historia_do_ 
algodao-2489.html
Acesso em: 14/05/2011
32
UAB/Unimontes - 6º Período
2.6. Nova fase da Revolução 
Industrial: o surgimento das 
ferrovias
Outra importante transformação que se assistiu na Revolução Industrial foi no setor de mi-
neração. Isto porque qualquer país que queira se industrializar, mesmo nos dias atuais, não con-
seguiria levar a efeito essa tarefa de mais maneira autônoma, sem desenvolver as chamadas in-
dústrias de bens de capital. Estas também são chamadas de indústrias pesadas, isto em razão 
de que são indústrias que fabricam indústrias, ou seja, são unidades de produção industrial que 
fabricam máquinas ou materiais, como ferro e aço, que servirão para o desenvolvimento de ou-
tras indústrias.
Esse tipo de indústria (a indústria de 
bens de capital), naturalmente não é como 
as fábricas de algodão. Enquanto estas exi-
gem recursos bem menores, aquelas exigem 
investimentos bem mais altos.
Como então, atrair investimentos para 
esse setor tão dispendioso?
Primeiramente, deve-se observar que a 
Inglaterra contava com reservas de carvão mi-
neral bastante abundantes em seu território. 
Além do mais, o carvão inglês era de excelente 
qualidade e apresentava a enorme vantagem 
de ser ao mesmo tempo matéria-prima, para 
a fabricação do ferro, e servir também como 
fonte de energia para os fornos das indústrias. 
A exploração do carvão existia na Inglaterra 
desde o século XVI e no século XVIII era um se-
tor que se encontrava já bastante desenvolvi-
do. Durante a Revolução Industrial, este ramo da 
indústria inglesa não passou por nenhuma trans-
formação revolucionária, foram antes melhorias.
Mesmo que desse ponto de vista (das ino-
vações técnicas), a exploração do carvão não 
forneceu nenhuma contribuição significativa, foi 
a partir da indústria mineral que houve uma das 
maiores contribuições da revolução industrial, 
que foi com o aparecimento da ferrovia. O surgi-
mento dessas modernas e poderosas máquinas 
iria inaugurar uma nova fase da revolução indus-
trial, ou iria mesmo se confundir com ela.
▲
Figura 21: Mineradores 
saindo da mina de 
carvão
Fonte: http://namorados-
dosapo.17.forumer.com/a/
geologia-o-estudo-da-
-terra_post548-150.html
Acesso em: 14/05/2011
33
História - História Moderna II
A origem das ferrovias está intimamen-
te relacionada com a exploração das minas 
de carvão: isto por que logo se percebeu que 
os carrinhos, que retiravam o carvão das pro-
fundezas das minas, poderiam ser puxados 
por máquinas. Daí desenvolverem-se máqui-
nas que poderiam se locomover, foi um outro 
avanço importante. Como, nesse período, os 
custos de transporte eram altíssimos, as loco-
motivas passaram a ser usadas para a condu-
ção de minerais a distâncias cada vez maiores 
e a um custo cada vez mais reduzido. “Tecno-
logicamente, a ferrovia é filha das minas e es-
pecialmente das minas de carvão do norte da 
Inglaterra.” (HOBSBAWM, 1977, p. 61)
Aliado a todos esses fatores, uma outra 
questão que merece ser colocada é que a fer-
rovia não deixava de alimentar o imaginário 
das populações que se beneficiavam dela e 
também daquelas que gostariam de ter o seu 
benefício: “Nenhuma outra da revolução in-
dustrial incendiou tanto a imaginação quanto 
a ferrovia, como testemunha o fato de ter sido 
o único produto da industrialização do século 
XIX totalmente absorvido pela imagística da 
poesia erudita e popular.” (HOBSBAWM, 1977, 
p. 61)
Apesar dos altos custos de investimento, 
as ferrovias apresentavam enormes vanta-
gens. Entre elas, estava a de integrar merca-
dos e países isolados, a redução dos custos de 
transporte, entre várias outras.
Nesse sentido é que se deve considerar 
que apesar de o desenvolvimento da indústria 
mineral não ter causado grande impacto sob o 
ponto de vista das inovações técnicas – foram 
antes melhoramentos, que transformações 
revolucionárias, como se disse em linhas atrás 
– a ferrovia acabou causando transformações 
tão profundas quanto à indústria algodoeira.
Não se pode descartar uma certa dose de 
paixão dos investidores em canalizar seus re-
cursos em um setor que exigia uma soma con-
siderável de dinheiro. Aqueles que “...coloca-
ram seu dinheiro nos altíssimos investimentos 
exigidos até por metalúrgicas bem modestas 
(em comparação com enormes engenhos de 
algodão) são antes especuladores, aventurei-
ros e sonhadores do que verdadeiros homens 
de negócios.” (HOBSBAWM, 1977, p. 59)
Uma explicação para a rápida expansão 
daquele setor na Inglaterra Vitoriana (1837-
1901) também deve ser buscada “... na paixão 
aparentemente irracional com que os homens 
e os investidores atiraram-se à construção de 
ferrovias.” (HOBSBAWM, 1977, p. 62)
Esse tipo de empreendimento, apesar de 
extremamente dispendioso, não deixava de 
ser menos atrativo que outros ramos da indús-
tria inglesa.
Estas explosões de investimentos parecem irracionais, porque de fato poucas 
ferrovias eram mais lucrativas para o investidor do que para outras formas de 
empresa, a maioria produzia lucros bem modestos e muitas vezes nem chega-
vam a dar lucro... (HOBSBAWM, 1977, p. 62)
O que explicava então a parcimônia dos lucros e a disposição dos industriais ingleses em 
investir pesadamente em um setor pouco atrativo, sob o ponto de vista financeiro?
Por que? O fato fundamental na Grã-Bretanha nas primeiras duas gerações da 
revolução industrial foi que as classes ricas acumulavam renda tão rapidamen-
te e em tão grandes quantidades que excediam todas as possibilidades dispo-
níveis de gasto e investimento. (HOBSBAWM, p. 62)
Havia, portanto, uma disponibilidade de capitais na Inglaterra de então. Esses recursos fo-
ram acumulados graças aos vultosos lucros da indústria algodoeira e estavam agora sendo ca-
nalizados para a ferrovia. É possível intuir que caso essa grande soma de recursos disponível não 
fosse investida, aí sim a economia britânica poderia entrar em uma crise irremediável. O desen-
volvimento da ferrovia foi providencial e “de fato, sob um ponto de vista econômico, seu grande 
custo era sua principal vantagem.” (HOBSBAWM, 1977, p. 61)
As indústrias existentes, por exemplo, tinham se tornado demasiadamente 
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Figura 22: O símbolo da 
Revolução Industrial: a 
Locomotiva
Fonte: http://rauha-
nahistoria.blogspot.
com/2010_03_01_archive. 
html
Acesso em: 14/05/2011
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UAB/Unimontes - 6º Período
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