Buscar

Demandas Contemporâneas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 104 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 104 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 104 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DEMANDAS
CONTEMPORÂNEAS
EAD
DIRIGENTES
EDIÇÃO: ABRIL/2020
| PRESIDÊNCIA
Prof. Dr. Clèmerson Merlin Clève
| REITORIA
Profa. Dra. Lilian Pereira Ferrari 
| DIRETORIA ACADÊMICA EAD
Profa. Me. Daniela Ferreira Correa
| DIRETORIA ACADÊMICA PRESENCIAL
 Profa. Me. Márcia Maria Coelho
| DIRETORIA DE PESQUISA E EXTENSÃO
 Profa. Dra. Liya Regina Mikami
| DIRETORIA EXECUTIVA
 Profa. Esp. Silmara Marchioretto
| COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DE GRADUAÇÃO EAD
 Prof. Me. João Marcos Roncari Mari
| COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DE PÓS-GRADUAÇÃO EAD
 Prof. Me. Marcus Vinícius Roncari Mari
| AUTORA
 Prof. Me. Laura Bittencourt Silva
| COORDENAÇÃO DA PRODUÇÃO DE MATERIAIS EAD
 Esp. Janaína de Sá Lorusso
| PROJETO GRÁFICO
 Esp. Janaína de Sá Lorusso 
 Esp. Cinthia Durigan
| DIAGRAMAÇÃO
 Esp. Cinthia Durigan
| REVISÃO
 Esp. Ísis C. D’Angelis 
 Esp. Idamara Lobo Dias
| PRODUÇÃO AUDIO VISUAL
 Eudes Wilter Pitta Paião
 Estúdio NEAD (Núcleo de Educação a Distância) - 
 UniBrasil
| ORGANIZAÇÃO
 NEAD (Núcleo de Educação a Distância) - 
 UniBrasil
FICHA TÉCNICA
EAD
SUMÁRIO
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
UNIDADE 01 - HUMANIDADE: O NOSSO CAMINHAR
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM .........................................................05
INTRODUÇÃO ......................................................................................06
1. PANORAMA HISTÓRICO..............................................................06
1.1 Idade Média (476-1453) ................................................................08
1.2 Idade Moderna (1453-1789) .........................................................12
1.3 Idade Contemporânea (1789-) ......................................................17
2. A QUESTÃO ECONÔMICA ............................................................20
2.1 Capitalismo Comercial ou Mercantilismo ......................................22
2.2 Capitalismo Industrial ou Industrialismo .......................................25
2.3 Capitalismo Financeiro ou Capitalismo Monopolista .....................30
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................33
UNIDADE 02 - SOCIEDADE E CIDADANIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM .........................................................35
INTRODUÇÃO ......................................................................................36
1. ESTUDOS SOCIAIS: SOCIEDADE E SOCIOLOGIA .........................36
1.1 Marx (1818-1883) .........................................................................39
1.2 Durkheim (1858-1917) ..................................................................40
1.3 Weber (1864-1920) .......................................................................42
2. MERCADO E MEIO AMBIENTE: COMPETIÇÃO OU COOPERAÇÃO? .....44
2.1 Natureza .......................................................................................46
2.2 Produção ......................................................................................47
2.3 Consumo ......................................................................................49
3. A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA .................................................51
3.1 Formação .....................................................................................52
3.2 Cidadania e dignidade ..................................................................54
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................55
SUMÁRIO
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
UNIDADE 03 - DIREITOS HUMANOS: CONSTRUÇÃO NECESSÁRIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM .........................................................57
INTRODUÇÃO ......................................................................................58
1. DIREITOS HUMANOS: CONSTRUÇÃO NECESSÁRIA ....................58
1.1 Contexto Histórico ........................................................................60
1.2 Sistemas Regionais de Proteção dos Direitos Humanos .................62
1.3 Teoria Geracional dos Direitos Humanos .......................................64
2. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA .............................................68
2.1 Quando a dignidade da pessoa humana é violada .........................70
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................76
UNIDADE 04 - APENAS LEGISLAR NÃO É GARANTIR
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM .........................................................78
INTRODUÇÃO ......................................................................................79
1. ESTADO E RELAÇÕES SOCIAIS .....................................................79
1.1 Igualdade .....................................................................................82
1.2 Equidade ......................................................................................83
1.3 Mediação nas Relações Sociais .....................................................86
1.4 Políticas Públicas ..........................................................................88
2. DEMANDAS CONTEMPORÂNEAS ...............................................90
2.1 Violência e Guerras .......................................................................92
2.2 Meio Ambiente, Recursos e Desastres Naturais ............................94
2.3 Transição Demográfica, Envelhecimento e Sustentabilidade Previ-
denciária ......................................................................................96
2.4 Migrações e Deslocamentos Forçados ...........................................98
2.5 Choques Culturais e Multiculturalismo .........................................99
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................100
REFERÊNCIAS ....................................................................................102
UNIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
VÍDEOS DA UNIDADE
https://qrgo.page.link/5FbPM https://qrgo.page.link/7qQLE https://qrgo.page.link/VAD7J
01
HUMANIDADE: 
O NOSSO 
CAMINHAR
 » 	Situar	os	principais	acontecimentos	históricos	(atinentes	à	disciplina)	e	suas	ca-
racterísticas	dentro	das	três	Eras	Históricas	mais	recentes;
 » 	Compreender	 as	 transformações	 da	modernidade	 chegando	 à	 economia	 de	
mercado	baseada	no	predomínio	da	iniciativa	privada.
U
N
ID
A
D
E
 0
1
6 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
INTRODUÇÃO
Olá!	Seja	bem-vindo	à	disciplina	de	Demandas	Contemporâneas!
O	objetivo	principal	desta	disciplina	é	demonstrar	a	complexidade	dos	padrões	sociais	contem-
porâneos	pela	abordagem	de	temas	variados	visando	à	quebra	de	paradigmas	por	meio	de	expo-
sição	crítica	e	reflexiva	pautada	pela	equidade.
Apresentando	alguns	períodos	da	humanidade,	almeja-se	que	cada	aluno	consiga	rever	seus	pa-
drões	de	pensamento	e	analisar	quais	padrões	sociais	atuais	merecem	ser	repensados	e	modificados.
Nesta	primeira	Unidade,	visitaremos	também	uma	breve	história	econômica	na	modernidade	
culminando	com	a	economia	de	mercado	baseada	no	predomínio	da	iniciativa	privada.
Nem	sempre	serão	apresentadas	respostas	ou	conclusões	aos	questionamentos	apresentados;	
muitas	das	vezes	o	que	teremos	serão	provocações,	ora,	o	objetivo	principal	da	disciplina	é	a	re-
flexão	pautada	pela	equidade.	Apresentar	minhas	respostas	pessoais	ou	de	outros	autores	nem	
sempre	será	o	caminho	mais	salutar	à	formação	de	seu	pensamento	crítico.
Minha	principal	função	aqui	é	traçar	o	caminho	que	você	percorrerá	sozinho,	norteando	seu	
pensamento,	mas	sem	direcioná-lo	de	modo	forçoso	e	impositivo.	O	aproveitamento	desta	disci-
plina	depende	de	você!
O	profissional	moderno	deve	refletir	acerca	das	infinitas	demandas	contemporâneas	de	modo	
arrojado,	sem	se	contentar	simplesmente	com	o	que	está	formulado	em	doutrina.	Deve	buscar	
fatos	para	pautar	seus	argumentos	e	fontes	seguras	para	se	inspirar	e	fundamentar	suas	opiniões.
Isso	tudo	porque	demandas	contemporâneas	são	todos	os	anseios	da	atualidade,que	se	modi-
ficam;	destacam;	extinguem	aceleradamente.	Assim	sendo,	é	pedante	afirmar	que	a	disciplina	de	
Demandas	Contemporâneas	esgota	as	demandas	contemporâneas.	Aqui	serão	apresentadas	algu-
mas	das	mais	relevantes	para	o	momento,	mas	você	deve	estar	preparado	para	pensar	fora	deste	
material	e	de	acordo	com	os	novos	anseios	e	inquietações	que	surgem	diuturnamente.
Vamos	juntos! 
1. PANORAMA HISTÓRICO
	Da	Pré-História	até	a	atualidade,	o	homem	e	a	sociedade	passaram	por	diversas	modificações.	
Muitas	evoluções,	porém,	variadas	vezes,	por	retrocessos.
Qualquer	história	que	se	preze	não	é	constituída	apenas	por	uma	evolução	crescente,	vitórias	e	
conquistas;	há	altos,	baixos,	saltos	de	avanço	e	declínios.
A	História	segmenta	a	evolução	da	humanidade	em	alguns	períodos	nos	quais	é	possível	notar	
um	momento	de	ruptura,	quando	ocorre	a	passagem	para	uma	nova	 idade	e,	com	ela,	surgem	
novos	desafios;	perspectivas;	anseios;	tecnologias;	ideias;	estilos	de	vida	e	por	aí	vai.
U
N
ID
A
D
E
 0
1
7 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
São	ao	todo	cinco	Eras	Históricas,	conforme	apresenta	a	linha	do	tempo	a	seguir:
PRÉ-HISTÓRIA 
(até	+/-	4	mil	a.C.)
IDADE ANTIGA 
(de	+/-	4	mil	a.C.	 
a	476	d.C.)	
IDADE MÉDIA 
(de	476	a	1453)
IDADE MODERNA 
(de	1453	a	1789)
IDADE 
CONTEMPORÂNEA 
(de	1789	até	hoje)
Comparando	essa	linha	do	tempo	com	algumas	das	principais	invenções	da	humanidade,	fica	
nítida	a	mudança	das	necessidades	inerentes	ao	homem	ao	longo	das	Eras.	Observe:
FIGURA 1 - LINHA DO TEMPO COM ALGUMAS DAS PRINCIPAIS INVENÇÕES
Fonte:	Shutterstock	(2020).
Se	antes	eram	feitas	descobertas	–	como	o	fogo	–,	hoje	a	maior	parte	são	invenções	(criações	
que	envolvem	uma	criação/construção)	e	inovações	de	invenções	(melhoramentos/modificações	
de	invenções	já	existentes).
Analisemos	o	caso	da	roda,	que	de	rudimentar	passou	a	ser	altamente	tecnológica,	transitando	
por	diversificados	materiais	e	características	ao	longo	do	tempo.	Ora,	a	roda	dos	carros	é	distinta	
das	rodas	de	bicicletas	e	tratores	em	suas	características	e	necessidades,	cada	uma	com	suas	tec-
nologias	e	adaptações	de	uma	criação	pré-histórica	–	que	segue	inalterada	em	sua	essência.
Outro	possível	exemplo	são	os	celulares,	que	inovaram	com	relação	aos	telefones,	e	seguem	se	
modificando	desenfreadamente	no	mercado	com	novas	especificações,	funcionalidades,	modelos,	
tamanhos	etc.	incontáveis	pequenas	e	grandes	inovações	a	partir	de	uma	invenção.
U
N
ID
A
D
E
 0
1
8 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
No	Brasil,	a	Lei	nº	9.279,	de	14	de	maio	de	1996,	regula	os	direitos	e	obrigações	relativos	à	pro-
priedade	industrial,	que	envolve	também	o	registro	de	marcas	e	patentes.
Interessante	mencionar	os	três	requisitos	para	que	uma	invenção	seja	patenteável,	constantes	do	
artigo	8º	da	Lei	nº	9.279/96:
 » 	Ser	novidade;
 » 	Fruto	de	atividade	inventiva;
 » 	Ter	aplicação	industrial.
Os	artigos	9º	e	10	apresentam,	respectivamente,	modelo	de	utilidade	e	o	que	não	pode	ser	consi-
derado	nem	invenção,	nem	modelo	de	utilidade,	logo,	não	pode	ser	patenteado.
Fonte:	 Governo	 Federal.	 Disponível	 em:	 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9279.htm.	
Acesso	em	13	fev.	2020.
SAIBA MAIS
Inicialmente	a	busca	era	pelo	necessário	e	funcional,	hoje	há	inúmeros	outros	anseios	que	mo-
vem	as	inovações,	invenções	e	descobertas	da	humanidade	–	inclusive	a	economia	e	o	mercado.
Os	próximos	dois	 itens	objetivam	apresentar	um	breve	panorama	histórico	geral	das	três	
Eras	mais	recentes	da	humanidade,	quais	sejam:	a	Idade	Média,	a	Idade	Moderna	e	a	Idade	
Contemporânea.
A	finalidade	desses	itens	é	contextualizar	historicamente	em	que	pés	andava	–	e	agora	anda	–	a	
humanidade	nesses	períodos	que	serão	discutidos	com	mais	profundidade	à	frente,	em	diversas	
temáticas	abordadas	nesta	disciplina,	servindo	de	apoio	para	que	não	seja	necessário	esse	retorno	
histórico	a	todo	momento,	pois	daqui	já	sairá	o	gancho	para	nossos	objetos.
Por	vezes,	ao	analisarmos	um	objeto	específico,	não	nos	damos	conta	da	complexidade	histó-
rica	abarcada	por	seu	contexto.	Ao	realizar	essa	análise	de	objeto	isolada,	o	que	se	tem	é	apenas	
uma	rasa	parcela	de	sua	magnitude.	Compreender	o	momento	histórico	do	objeto	auxilia	a	res-
ponder	muitas	outras	perguntas	que,	deslocadas	dessa	visão	global,	acabam	surgindo	e	por	vezes	
confundindo.
Uma	última	razão	é	aproximar	fatos	históricos	que	podem	parecer	já	distantes	de	nossa	realida-
de	ou	esquecidos	em	nossa	memória,	mas	que	ainda	impactam	no	presente	de	uma	forma	ou	de	
outra,	além	de	mostrar	como	tudo	está	interligado	em	nível	global.
1.1 IDADE MÉDIA (476-1453)
Compreendida	entre	os	séculos	V	e	XV,	a	Idade	Média	é	marcada	pela	forte	influência	religiosa,	
sobretudo	pelo	crescimento	do	cristianismo,	que	contava	com	os	tribunais	de	Inquisição	para	com-
bater	práticas	heréticas,	bem	como	inspirou	as	Cruzadas	–	que	objetivavam	a	conquista	da	Terra	
Santa,	Jerusalém.
U
N
ID
A
D
E
 0
1
9 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
Uma	das	principais	características	do	período	é	a	descentralização	do	poder,	marcado	pelo	sis-
tema	feudal	ou	feudalismo.	O	feudo	contava	com	estrutura	social	estamental	baseada	na	servidão	
e	na	relação	de	posse	da	terra	concedida	pelo	suserano	(senhor)	aos	servos.	A	terra	era	cultivada	
voltada	à	agricultura	de	subsistência.	
O	sistema	corriqueiramente	adotado	para	a	realização	de	negócios	era	o	escambo,	consistente	
na	permuta	de	produtos,	sendo	as	moedas	adotadas	apenas	mais	ao	final	do	período.
O	sistema	feudal	vê	seu	declínio	com	o	aumento	das	cidades	e	com	a	reorganização	das	relações	
comerciais,	que	ficam	facilitadas	pela	organização	e	adoção	do	sistema	monetário,	contribuindo	
para	o	desuso	gradual	das	práticas	de	escambo	que	já	não	eram	mais	tão	funcionais	em	razão	da	
pouca	praticidade	de	transporte	e	negociação.
A	estrutura	feudal	não	mais	se	sustenta	e	uma	nova	Idade	tem	início,	como	veremos	no	item	1.2.
SAIBA MAIS
Os	tribunais	de	Inquisição	compunham	o	corpo	jurídico	da	Igreja	Católica	Romana.	Exerciam	po-
der	condenatório	e	punitivo	sobre	pessoas	consideradas	hereges	ou	que	defendiam	ideias	con-
trárias	às	pregadas	pela	Igreja.
As	condenações	eram	variadas,	podendo	ser	desde	prisão	–	perpétua	ou	não	–	a	torturas	e	pena	
de	morte.
Um	dos	exemplos	mais	conhecidos	da	Inquisição	é	o	caso	de	Joana	D’Arc,	que	combateu	na	Guer-
ra	dos	Cem	Anos.	Foi	julgada	herege	e	condenada	à	morte	na	fogueira.	Desde	1920,	após	sua	ca-
nonização,	é	Santa	Joana	D’Arc,	sendo	possível	encontrar	imagens	suas	em	igrejas,	principalmente	
na	França.
Os	cientistas	também	sofriam	perseguições,	como	Galileu	Galilei,	cientista	que	defendia	o	helio-
centrismo.	Para	não	ser	queimado	vivo,	leu	uma	confissão	contrariando	suas	conclusões	cientí-
ficas	e	se	comprometendo	a	não	mais	falar	sobre	elas.	Dessa	forma	acabou	condenado	à	prisão	
domiciliar	perpétua.
Estátua	de	Joana	D’Arc	fora	da	Catedral	de	Reims,	cidade	ao	Norte	da	França.
	Fonte:	Shutterstock	(2020)
U
N
ID
A
D
E
 0
1
10 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
Nesse	período	de	transição	entre	a	Idade	Média	e	a	Idade	Moderna	ocorreu,	em	“meados	do	
século	XIV	até	o	final	do	século	XVI	[não	havendo	consenso	científico	acerca	de	marcos	de	início	
e	fim]”	(BYINGTON,	2009,	p.	7),	o	movimento	artístico-cultural	que	ficou	conhecido	como	Renas-
cimento	(Renascença	ou	Renascentismo),	merecedor	de	um	subitem	específico	em	razão	de	sua	
importância	histórica	e	em	nossos	estudos	nesta	disciplina.
1.1.1 RENASCIMENTO
O	termo	que	cunha	o	período	vem	da	ideia	de	resgate	defendida	pelo	movimento	homônimo,	
referindo-se:
Interessante	destacar	que,	apesar	da	Renascença	representar	um	resgate,	conforme	menciona-
do,	nada	tinha	de	nostálgica.	Do	contrário;	um	dos	estímulos	dos	intelectuais	era	a	busca	por	ino-
vações	e	desenvolvimento,	pois	viam-se	como	superiores	com	relação	ao	pensamento	e	produçãodos	séculos	passados	(BYINGTON,	2009).
O	movimento	teve	sua	origem:
O	período	também	é	marcado	pelo	crescimento	econômico,	que	colaborou	com	o	desenvolvi-
mento	urbano,	social,	e	naval	–	este	culminando	na	expansão	territorial	e	projetos	de	colonização	
por	meio	das	“Grandes	Navegações”.
Houve	quem	conseguisse	ascensão	social	em	razão	do	acúmulo	de	capital,	o	que	levou	ao	sur-
gimento	de	uma	nova	classe	social:	a	burguesia.
AO RETORNO IDEAL ÀS FORMAS DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA ENQUANTO 
VERDADEIRA FONTE DA BELEZA E DO SABER. [...] OS INTELECTUAIS SE DEDI-
CAVAM AO ESTUDO DA GRAMÁTICA, RETÓRICA E DIALÉTICA, EXERCITANDO-SE 
SEGUNDO OS MODELOS MAIS ELEGANTES DA ANTIGUIDADE, EM PARTICULAR 
O LATIM NEOCLÁSSICO. AO GRANDE DESENVOLVIMENTO DE TAIS ESTUDOS, 
DESIGNADOS STUDIA HUMANITATIS, DEU-SE O NOME DE HUMANISMO. SEUS 
PROTAGONISTAS, OS HUMANISTAS, FORAM A VANGUARDA DA GRANDE TRANS-
FORMAÇÃO CULTURAL CHAMADA RENASCIMENTO 
(BYINGTON,	2009,	p.	7).
NAS CIDADES-ESTADO ITALIANAS E, GRAÇAS A SEUS HUMANISTAS E ARTISTAS, 
MATEMÁTICOS E ENGENHEIROS, BANQUEIROS E HOMENS DE NEGÓCIOS, A 
PENÍNSULA ITÁLICA FOI VANGUARDA DESSA REVOLUÇÃO CULTURAL QUE DALI SE 
ESTENDEU PARA O RESTO DA EUROPA. JUNTO COM AS CORTES, MAS SOBRE-
TUDO POR MEIO DAS ORDENS RELIGIOSAS, AS NOVIDADES FORMAIS VIAJARAM 
PARA O NOVO MUNDO, ONDE SEUS ECOS SE ESTENDERAM PELO SÉCULO XVIII 
(BYINGTON,	2009,	p.	7).
U
N
ID
A
D
E
 0
1
11 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
Renomados	artistas	fizeram	parte	do	movimento	renascentista,	como	Leonardo	da	Vinci	(polí-
mata,	ou,	como	chamamos	hoje	em	dia:	“multipotencial”	1	que	pintou	e	esboçou	variadas	obras,	
como	a	“Monalisa”	e	o	“Homem	Vitruviano”)	e	Michelangelo	(responsável,	dentre	outras	obras,	
pelos	afrescos	da	Capela	Sistina,	no	Vaticano,	e	pela	escultura	“Davi”),	bem	como	escritores,	por	
exemplo,	Dante	Alighieri,	autor	do	livro	“A	Divina	Comédia”.
Representação	 do	 “Homem	 Vitruviano”,	 de-
senho	 realizado	 por	 Leonardo	 da	 Vinci	 que	
representa	o	equilíbrio	e	a	simetria	ideais	das	
proporções	corporais.
Fonte:	Wikimedia	Commons
Pintura	“Monalisa”	de	Leonardo	da	Vinci,	um	
dos	quadros	mais	famosos	do	mundo.	Encon-
tra-se	no	Museu	do	Louvre,	em	Paris,	e	atrai	
multidões	do	mundo	todo.
Fonte:	Wikimedia	Commons
Parte	do	teto	e	paredes	da	Capela	Sistina	com	
afrescos	pintados	por	Michelangelo.
Fonte:	Shutterstock	(2020)
1	 	Pessoa	capaz	de	atuar	em	diversos	âmbitos	não	necessariamente	correlatos.	Como	por	exemplo	Leonardo	
da	Vinci,	considerado	um	gênio.	Da	Vinci	desempenhou,	dentre	outras	habilidades,	atividades	como	anatomista;	en-
genheiro;	escultor;	inventor;	matemático;	e	pintor.
U
N
ID
A
D
E
 0
1
12 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
Detalhe	de	um	dos	afrescos	de	Michelangelo	
na	 Capela	 Sistina,	 no	 Vaticano,	 denominado	
“Juízo	Final”.
Fonte:	Shutterstock	(2020)
Escultura	 “Davi”,	 realizada	 por	 Michelange-
lo.	Em	mármore	maciço,	conta	com	mais	de	
5	metros	de	altura	no	total,	sendo	que	mais	
de	4	metros	são	apenas	do	corpo.	Retrata	a	
história	bíblica	de	Davi	e	Golias.
Fonte:	Shutterstock	(2020)
1.2 IDADE MODERNA (1453-1789)
Com	o	declínio	do	sistema	feudal,	começam	a	surgir	os	Estados	Nacionais	Modernos,	 tendo	
sido	Portugal	e	Espanha	os	pioneiros.
Os	Estados	Nacionais	(ou	também	“Estados	Modernos”)	são	fruto	de	gradual	reformulação	na	
dinâmica	social,	política	e	econômica	dos	feudos,	que	contaram	intermediariamente	com	a	ideia	
do	Absolutismo	(baseado	na	detenção	do	poder	unicamente	na	figura	do	monarca,	o	Rei	2)	e,	por	
fim,	nos	Estados	como	vivenciamos	hoje:	Estado-Nações	–	mas	esse	último	modelo	apenas	ao	final	
do	século	XIX,	já	na	Idade	Contemporânea.
Araújo	(2016,	p.	25)	sintetiza	da	seguinte	forma:
2	 	“Como	base	ideológica	do	Estado	Absolutista	ainda	persistia	a	Teoria	do	Direito	Divino	dos	Reis	sendo	a	mais	
destacada	na	Europa.	Baseada	na	crença	de	que	o	monarca	deveria	reinar	por	ser	um	representante	de	Deus	na	terra,	
colocava	aqueles	que	eram	contra	o	rei	em	oposição	direta	ao	poder	divino.	As	teocracias	europeias	seculares	afirma-
vam,	desta	forma,	que	o	poder	do	rei	somente	poderia	ser	julgado	por	Deus”	(ARAÚJO,	2016,	p.	27).
A FORMAÇÃO DO ESTADO MODERNO É FRUTO DA DESARTICULAÇÃO DO 
SISTEMA FEUDAL A PARTIR DA CRISE DO SÉCULO XIV, QUANDO O SISTEMA 
POLICÊNTRICO E COMPLEXO CONTROLADO PELOS SENHORES FEUDAIS AS-
SIM COMO O PODER UNIVERSAL DA IGREJA CATÓLICA SÃO SUBSTITUÍDOS 
PELA CENTRALIZAÇÃO DE PODERES NAS MÃOS DE UM REI.
U
N
ID
A
D
E
 0
1
13 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
É	característica	marcante	do	período	a	vantajosa	aliança	entre	reis	e	burguesia,	que	garantia	
poder	a	ambos	e	viabilizava	grande	desenvolvimento	aos	Estados	Nacionais,	além	de	financiar	os-
tentação	e	luxo,	inclusive	por	meio	da	pintura	de	obras	de	arte	–	ter	um	autorretrato	pintado	era	
sinônimo	de	status	àquela	época;	havia	quem	tivesse	seu	“pintor	oficial”	ou	“retratista”.
Saes	e	Saes	(2013)	abordam	a	expansão	realizada	pelas	Grandes	Navegações,	ora	mencionadas,	
e	que	foram	possíveis	em	razão	de	 investimento	pecuniário	burguês	–	que	também	permitiu	a	
criação	dos	Exércitos	Nacionais	para	o	fortalecimento	do	Estado:
Os	mesmos	autores	apontam	que	essa	expansão	marítimo-comercial	ocorreu	também	em	ra-
zão	da	busca	por	ouro:
Com	a	expansão	marítimo-comercial	veio	a	exploração	da	África	e,	posteriormente	a	escraviza-
ção,	que	dizimou	tribos	africanas.
NO SÉCULO XIV, AVANÇOS NOS MEIOS DE NAVEGAÇÃO PERMITIRAM ULTRA-
PASSAR O ESTREITO DE GIBRALTAR, DE MODO QUE O COMÉRCIO INTEREURO-
PEU, ANTES APENAS TERRESTRE, DESLOCOU-SE EM PARTE PARA O ATLÂNTI-
CO. CONSEQUENTEMENTE, HOUVE O ESTÍMULO PARA O DESENVOLVIMENTO 
DE CENTROS COMERCIAIS EM PORTUGAL, ESPANHA, INGLATERRA, HOLANDA E 
FRANÇA, OS QUAIS COMEÇARAM A RIVALIZAR COM OS ANTIGOS NÚCLEOS DO 
NORTE DA ITÁLIA, DE FLANDRES E DO NORTE DA ALEMANHA 
(SAES;	SAES,	2013,	p.	67).
FREQUENTEMENTE SE ATRIBUI A EXPANSÃO COMERCIAL E MARÍTIMA – AS 
GRANDES NAVEGAÇÕES DO SÉCULO XV – À BUSCA DO OURO (DADA A ESCASSEZ 
DE METAIS PARA A CIRCULAÇÃO MONETÁRIA) E DE ESPECIARIAS, POIS O COMÉR-
CIO COM O ORIENTE CONTINUAVA CONTROLADO PELAS CIDADES ITALIANAS – 
ESPECIALMENTE VENEZA – E PELOS MERCADORES MUÇULMANOS QUE TINHAM 
ACESSO DIRETO ÀS FONTES DESSES PRODUTOS DE LUXO E ESPECIARIAS 
(SAES;	SAES,	2013,	p.	68).
Livro:	“O	Mercador	de	Veneza”,	obra	de	William	Shakespeare	escrita	por	volta	de	1596	que	retrata	
o	comércio	veneziano	e	apresenta	discussões	relevantes	que	permanecem	atuais,	como	precon-
ceito,	discriminação	e	intolerância.
É	nesta	peça	que	se	encontra	a	célebre	passagem	do	julgamento	entre	os	personagens	do	merca-
dor	(cristão,	nobre	e	influente)	e	do	agiota	(judeu	e	avarento),	respectivamente	Antônio	e	Shylock.	
Disponível	em:	http://bit.ly/2OVNpy7.	Acesso	em	13/02/2020.
LEITURA
U
N
ID
A
D
E
 0
1
14 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
O	cenário	comercial	sofreu	alterações	ao	longo	dos	anos	e	a	Holanda	passou	a	ganhar	destaque	
por	meio	da	Companhia	das	Índias	Orientais:
EM SUMA, SE NO SÉCULO XVI COUBE A PORTUGAL E ESPANHA A LIDERANÇA NA 
EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL, NO SÉCULO XVII, HOLANDA, INGLATERRA 
E FRANÇA OFUSCARAM O PAPEL EXERCIDO PELAS POTÊNCIAS IBÉRICAS. A 
EXPANSÃO HOLANDESA SE FEZ PRINCIPALMENTE POR MEIO DE GRANDES COM-
PANHIAS COMERCIAIS. A MAIS IMPORTANTE DELAS – A COMPANHIA DAS ÍNDIAS 
ORIENTAIS, FUNDADA EM 1602 – CONCENTROU O MONOPÓLIO DO COMÉRCIO 
COM A ÍNDIA. MAIS DO QUE UMA EMPRESA, A COMPANHIA TINHA SUA PRÓPRIA 
MOEDA, SEU PRÓPRIO EXÉRCITO, CONSTRUÍA CIDADES E FORTALEZAS. [...] NO 
ENTANTO, NO FINAL DO SÉCULO, A HOLANDA PASSOU A SENTIR A RIVALIDADE DE 
UMA OUTRA POTÊNCIA: A INGLATERRA. DESDE O SÉCULO XVI, A COROA INGLESA 
IMPLEMENTAVA UMA POLÍTICA DE APOIO AO COMÉRCIO 
(SAES;	SAES,	2013,	p.	72).
SAIBA MAIS
Associada	ao	auge	do	comércio	holandês	à	época,	entre	1636	e	1637,	ocorreu	a	primeira	“bolha	
financeira”	da	história.
PLANTAÇÃO DETULIPAS.
 
Fonte:	Shutterstock	(2020).
Encantados	com	as	tulipas,	houve	aumento	na	produção	dessa	então	nova	e	rara	flor	na	Holanda.	
O	cultivo	era	demorado,	o	que	intrigava	as	pessoas	e	aumentava	seu	valor.
O	processo	moroso	levou	à	realização	de	contratos	de	promessa	de	compra	e	venda	para	o	final	de	
cada	temporada	anual	de	colheita	de	tulipas	florescidas,	o	que	movimentou	a	bolsa	de	valores	holan-
desa,	pois	muitas	pessoas	começaram	a	vislumbrar	o	lucro	que	poderiam	obter	na	revenda	das	tulipas.
A	bolha	“estourou”	quando	um	desses	contratos	não	foi	cumprido,	levando	à	queda	vertiginosa	
no	valor	das	tulipas	e	na	“segurança	desse	investimento”.
U
N
ID
A
D
E
 0
1
15 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
Nesse	mesmo	período,	entre	os	séculos	XVII	e	XVIII	(terminando	em	1789),	surge	o	movimento	
racionalista	que	ficou	conhecido	como	Iluminismo.	Seu	auge	foi	na	França,	mas	há	representantes	
do	movimento	por	quase	toda	Europa	e	também	na	América.	Araújo	(2016,	p.	33)	destaca	o	que	
essa	corrente	e	seus	diversos	representantes	tinham	em	comum	a	“valorização	da	razão	como	mé-
todo	para	alcançar	a	verdade,	renegando	a	tradição	e	a	verdade	revelada”.	Complementa:
SOB O PONTO DE VISTA SOCIOPOLÍTICO UNE OS ILUMINISTAS A CRÍTICA GENE-
RALIZADA AO ANTIGO REGIME E SUAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS, ECONÔMICAS, 
SOCIAIS E CULTURAIS. EM MAIOR OU MENOR GRAU – ÀS VEZES APENAS A IRONIA, O 
SARCASMO –, ELES DESMERECEM A MONARQUIA ABSOLUTISTA, A LÓGICA INTER-
VENCIONISTA-MONOPOLISTA DO MERCANTILISMO 3, O MONOLITISMO ESTANQUE 
DA SOCIEDADE ESTAMENTAL E O PREDOMÍNIO CULTURAL DO CLERO, CONSIDERADO 
PELOS ILUMINISTAS, EM GRANDE PARTE ANTICLERICAIS, O PROMOTOR DO OBSCU-
RANTISMO MEDIEVAL E DA IGNORÂNCIA 
(ARAÚJO,	2016,	p.	33).
Dentre	os	Iluministas,	válido	mencionar	alguns	estudados	até	hoje,	como	por	exemplo:	Adam	
Smith;	Montesquieu;	 Jean	 Jacques	 Rousseau;	 Augusto	 Comte;	 John	 Locke	 e	 Cesare	 Beccaria	
(ARAÚJO,	2016).
As	ideias	iluministas	passaram	a	ser	adotadas	com	o	intuito	de	defender	o	absolutismo,	mas	
objetivando,	conjuntamente,	a	modernização	desses	reinos,	no	que	ficou	conhecido	como	“des-
potismo	esclarecido”.
O	cenário	comercial	sofreu	mais	alterações	e	a	Inglaterra	foi	ganhando	notoriedade	–	também	
graças	 à	 sua	 adesão	 ao	 despotismo	esclarecido	 (e	 vice-versa,	 tendo	 em	 vista	 que	os	 déspotas	
esclarecidos	passaram	a	ser	vistos	com	bons	olhos	em	razão	do	sucesso	econômico	inglês).	Isso	
ocasionou	grande	avanço	industrial	em	seu	território,	que	obtinha	destaque	graças	ao	desenvolvi-
mento	da	manufatura	praticada	em	larga	escala	para	os	padrões	da	época,	além	do	facilitado	aces-
so	ao	ferro;	ao	carvão;	e	à	lã,	essenciais	às	tecnologias	e	necessidades	da	época	(ARAÚJO,	2016).
Passam	a	surgir	alguns	problemas,	como	as	condições	de	trabalho	e	garantias	trabalhistas	que	
não	eram	satisfatórias,	sendo	por	vezes	desfavoráveis	aos	operários	com	salários	decrescentes	e	
jornadas	de	trabalho	diárias	extenuantes.	Isso,	aliado	à	“uma	explosão	demográfica	e	uma	urba-
nização	sem	precedentes,	 fruto	direto	da	 instalação	de	 indústrias	nas	grandes	cidades	do	país”	
(ARAÚJO,	2016,	p.	79),	abriu	caminho	à	1ª	Revolução	Industrial	–	entre	1760	e	1850,	ou	seja,	no	
período	de	transição	entre	as	Idades	Moderna	e	Contemporânea.
Também	nesse	período	ocorre	o	processo	de	independência	dos	Estados	Unidos	da	América,	
finalizado	em	1783	e,	desde	então	celebrado	todo	dia	04	de	 julho	pelos	norte-americanos.	Re-
presentou	o	enfraquecimento	e	fim	da	ideia	do	Estado	Absolutista	e	desencadeou	o	anseio	pela	
independência	de	cada	vez	mais	colônias	ao	redor	do	mundo.
3	 	O	mercantilismo	será	abordado	no	capítulo	2	desta	Unidade,	que	trata	da	questão	econômica.
U
N
ID
A
D
E
 0
1
16 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
Na	França,	por	sua	vez,	a	independência	dos	Estados	Unidos	da	América	“expôs	a	contradição	
de	uma	França	absolutista	em	um	movimento	liberal	[influenciada	pelos	Iluministas],	além	de	pro-
porcionar	uma	posterior	reaproximação	com	a	rival	Inglaterra”	(ARAÚJO,	2016,	p.	38).
É	nesse	entremeio	que	se	dá	a	Revolução	Francesa,	sendo	que	com	a	Queda	da	Bastilha	fica	
marcada	a	transição	da	Idade	Moderna	para	a	Idade	Contemporânea.
Em	exposição	no	Museu	do	Louvre,	Paris.	A	liberdade	4	é	representada	no	centro	do	quadro	pela	
mulher	empunhando	a	bandeira	azul,	branca	e	vermelha	que	foi	adotada	pela	França	como	sua	ban-
deira.	À	época,	o	fato	da	liberdade	ser	representada	por	uma	mulher	e	por	essa	mulher	estar	com	
os	seios	desnudos	escandalizou	a	sociedade,	que	por	muito	tempo	não	aprovou	a	obra	do	artista.
4	 	Liberdade	em	conjunto	com	igualdade	e	fraternidade,	representavam	os	ideais	da	Revolução	Francesa.
No 14	Juillet	(14	de	Julho)	é	comemorada	a	Festa	Nacional	Francesa	ou	Dia	da	Bastilha,	feriado	
nacional	francês	que	marca	a	Queda	da	Bastilha,	em	1789,	quando	as	camadas	mais	populares	
passaram	a	participar	da	Revolução	Francesa.
SAIBA MAIS
Para	compreender	melhor	o	contexto	social	da	Revolução	Francesa,	sugere-se	a	leitura	do	clás-
sico	“Os	Miseráveis”,	escrito	por	Victor	Hugo	e	publicado	em	1862.	Mais	 tarde	 inspirou	filmes	
e	musical	homônimo	–	a	produção	cinematográfica	mais	recente	é	de	2012	e	conta	com	Anne	
Hathaway;	Amanda	Seyfried;	Hugh	Jackman;	Russell	Crowe,	dentre	outros	atores	de	renome	no	
elenco.	Leia	ao	livro	e/ou	assista	ao	filme.
VÍDEO
FIGURA 2 - “A LIBERDADE GUIANDO O POVO”, PINTURA DE EUGÈNE DELACROIX, DE 1830
 
Fonte:	Wikimedia	Commons
U
N
ID
A
D
E
 0
1
17 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
1.3 IDADE CONTEMPORÂNEA (1789-)
É	em	meio	a	esse	conturbado	período	de	mudanças	sociais,	políticas,	econômicas	e	comerciais,	
com	novas	tecnologias	que	aumentavam	a	capacidade	produtiva	dos	Estados,	que	ocorre	a	tran-
sição	com	a	derradeira	passagem	da	 Idade	Moderna	à	 Idade	Contemporânea,	que	perdura	até	
hoje.	A	Queda	da	Bastilha	se	tornou	o	marco	transitivo	entre	referidas	Eras	Históricas	em	virtude	
da	grande	quebra	de	paradigmas	que	o	evento	representou.
A	França	passava	por	déficit	estatal	e,	para	tentar	revertê-lo,	foi	sugerida	pelo	controlador	geral	
das	finanças	do	Estado	a	taxação	do	clero	e	da	nobreza.	Vislumbrando	a	possibilidade	dessa	refor-
ma	ser	realizada,	tem	início	a	Revolução	Francesa:
A	invasão	da	Bastilha	em	busca	de	armas	para	a	Guarda	Nacional	é	o	que	ficou	conhecido	por	
Tomada	ou	Queda	da	Bastilha;	junto	com	ela	ruiu	o	despotismo.	Esse	conjunto	representou	aos	
franceses	e	ao	mundo	libertação	(ARAÚJO,	2016).
A	Revolução	Francesa	termina	em	1799,	com	a	tomada	de	poder	por	meio	do	golpe	de	estado	
de	Napoleão	Bonaparte,	que	inicia	seu	governo	pessoal	que	vai	até	1815.	Denominada	por	alguns	
de	Era	Napoleônica,	o	período	de	governo	de	Napoleão	Bonaparte	foi:
A NOBREZA TRADICIONAL CONTROLAVA O PARLAMENTO, JÁ QUE O VOTO ERA 
ORGÂNICO E, NATURALMENTE, O CLERO E A NOBREZA COMUNGAVAM DOS 
MESMOS IDEAIS CONSERVADORES. PERCEBENDO SUA PEQUENA MARGEM DE 
MANOBRA – MESMO CONTANDO COM 578 DEPUTADOS (CONTRA 291 DO CLERO 
E 270 DA NOBREZA) –, OS REPRESENTANTES DO TERCEIRO ESTADO EXIGIRAM 
DE LUÍS XVI O VOTO INORGÂNICO, OU SEJA, INDIVIDUAL. COMO O REI TENTOU 
OBSTRUIR TAL INTENTO, ACOMPANHADO DE REPRESENTANTES DO BAIXO CLERO 
E DA NOBREZA TOGADA, OS MEMBROS DO TERCEIRO ESTADO DECLARARAM-SE 
EM ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE NO DIA 17 DE JUNHO DE 1789. 
PARA DEFENDÊ-LA DE POSSÍVEIS ATAQUES DO REI, A BURGUESIA FORMOU A 
GUARDA NACIONAL E, PARA INGRESSAR NO MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO, OS 
POPULARES DE PARIS BUSCARAM ARMAS NA FORTALEZA DA BASTILHA, ANTIGO 
SÍMBOLO DA REPRESSÃO DO ABSOLUTISMO FRANCÊS 
(ARAÚJO,	2016,	p.	39).
RESPONSÁVEL POR INSTITUCIONALIZAR ALGUMAS DAS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NA 
ORDEM POLÍTICA E SOCIAL FRANCESA, TAIS COMO O FIM DOS DIREITOS FEUDAIS, 
A IGUALDADE PERANTE A LEI, O DIREITO À PROPRIEDADE PRIVADA E A GARANTIA 
DO ACESSO DOS CIDADÃOS FRANCESES A CARGOS PÚBLICOS. HERDANDO UM PAÍS 
QUE VINHA DE PROFUNDA CRISE ECONÔMICA –UM DOS PRINCIPAIS MOTIVOS PARA 
A ECLOSÃO DA REVOLUÇÃO – E DEZ ANOS DE INSTABILIDADE POLÍTICA, NAPOLEÃO 
BONAPARTE BUSCAVA EFETUAR A PAZ INTERNA, A ESTRUTURAÇÃO DA POLÍTICA 
NACIONAL E, POR FIM, PROMOVER ALGUM AVANÇO DO PONTO DE VISTA ECONÔMICO 
(ARAÚJO,	2016,	p.	47).
U
N
ID
A
D
E
 0
1
18 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
O	Imperialismo	marca	o	início	da	contemporaneidade:
Ao	longo	do	século	XIX	é	proibido	o	tráfico	de	escravos	pelo	Oceano	Atlântico	e,	sequencial-
mente,	inicia	a	gradual	abolição	da	escravatura	dentro	dos	Estados.	No	Brasil,	a	abolição	é	fruto	
de	um	processo	gradual	encerrado	apenas	em	13	de	maio	de	1888,	por	meio	da	assinatura	da	Lei	
Áurea.	O	revés	é	que	a	Lei	não	previa	suporte	aos	escravos	 libertos,	o	que	desencadeou	novos	
problemas	sociais.
O	século	XX	é	marcado	por	duas	guerras	com	proporções	mundiais	que	modificaram	drastica-
mente	o	rumo	da	história,	trazendo	inovações	e	mazelas.
A	1ª	Guerra	Mundial	foi	de	1914	a	1918,	fruto	do	nacionalismo	exaltado.	Fortemente	marcada	
pela	“guerra	de	trincheiras”,	contou	também	com	a	utilização	de	submarinos.	Seu	término	repre-
sentou	“o	fim	dos	grandes	impérios”	(ARAÚJO,	2016,	p.	121).
O	pós-guerra	foi	de	tentativa	de	reconstrução	da	Europa,	que	enfrentava	grave	crise	econômica.	
Os	Estados	Unidos	da	América	retomam	posição	isolacionista	(como	antes	do	conflito).	Também	são	
iniciadas	as	tratativas	para	reorganização	do	cenário	das	relações	internacionais	(ARAÚJO,	2016).
Em	1929	ocorre	a	quebra	da	bolsa	de	valores	de	Nova	 Iorque,	ocasionando	o	que	ficou	co-
nhecido	como	“A	Grande	Depressão”,	que	desestabilizou	economicamente	os	Estados	Unidos	e,	
posteriormente,	fragilizou	toda	economia	global.	Se	antes	os	Estados	Unidos	estavam	em	posição	
isolacionista	e	favorável	economicamente,	podendo	auxiliar	o	desenvolvimento	econômico	mun-
dial,	agora	desestabilizavam	o	cenário	econômico,	influenciando	a	ocorrência	da	2ª	Guerra	Mun-
dial	(SAES;	SAES,	2013).
Esse	contexto	pós	1ª	Guerra	Mundial	também	favorece	a	ascensão	do	comunismo	e	do	fascis-
mo,	que,	dentre	outros	fatores,	levaram	à	2ª	Guerra	Mundial.
Acerca	do	fascismo,	Araújo	destaca:	“o	belicismo,	militarismo	ou	mesmo	o	expansionismo	são	
características	destacadas	dos	regimes	fascistas	europeus,	e	a	consequência	natural	de	tais	atitu-
des	levaria	ao	confronto,	ao	menos	no	campo	ideológico,	com	as	principais	potências	europeias”	
(ARAÚJO,	2016,	p.	146).	
Em	1939	eclodiu	a	2ª	Guerra	Mundial,	que	foi	até	o	ano	de	1945.	Além	do	uso	de	tecnologias	
até	então	inexistentes,	no	contexto	da	guerra	foram	praticados	preconceito;	segregação;	atrocida-
des;	e	violações	que	ultrapassaram	todos	os	limites	(in)imagináveis.
O FENÔMENO DO IMPERIALISMO (OU NEOCOLONIALISMO) SERIA, DE MANEIRA 
GERAL, A EXPLORAÇÃO DE ALGUNS PAÍSES EUROPEUS, MAIS JAPÃO E ESTADOS 
UNIDOS, SOBRE A ÁFRICA, A ÁSIA E A AMÉRICA LATINA, POR MEIO DO DOMÍNIO 
DIRETO (COLÔNIA/PROTETORADO) OU MESMO DE RELAÇÕES ECONÔMICAS 
ASSIMÉTRICAS (ÁREAS DE INFLUÊNCIA). AS FRASES [...] FORAM PROFERIDAS 
POR CECIL RODHES, UM DOS MAIORES IDEÓLOGOS DA CONQUISTA ULTRAMARINA 
PELO IMPÉRIO BRITÂNICO, E EVIDENCIAM COMO PENSAVAM OS GESTORES DA 
POLÍTICA EXTERNA EUROPEIA DO FINAL DO SÉCULO XIX 
(ARAÚJO,	2016,	p.	85).
U
N
ID
A
D
E
 0
1
19 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
Em	se	tratando	de	segregação,	ela	não	foi	praticada	apenas	dentro	dos	conhecidos	campos	de	
concentração	e	extermínio.	Houve	também	a	criação	do	que	ficou	conhecido	como	“gueto”,	bair-
ros	ou	regiões	isoladas	dentro	das	cidades	para	a	segregação	dos	judeus	do	restante	da	população.
Mas	a	prática	segregacionista	não	ficou	restrita	à	Europa,	nem	ao	contexto	da	Guerra.	Antes,	du-
rante	e	até	mesmo	após	o	término	da	2ª	Guerra	Mundial,	houve	também	segregação	racial	nos	Esta-
dos	Unidos	(com	atos	de	violência	praticados	desde	o	século	XIX	pela	Ku	Klux	Klan,	bem	como	por	leis	
e	convenções	sociais	vigentes	até	a	década	de	1970)	e	apartheid	na	África	do	Sul,	entre	1948	e	1994.
Após	a	2ª	Guerra	Mundial,	de	1947	até	1991	(com	a	queda	do	muro	de	Berlim),	ocorre	o	que	ficou	
conhecido	como	Guerra	Fria,	período	marcado	pela	polarizada	tensão	entre	soviéticos	e	estaduni-
denses	e	suas	distintas	ideologias	–	o	comunismo	e	o	capitalismo,	respectivamente	(ARAÚJO,	2016).
Nesse	ínterim	a	América	Latina	é	assolada	por	Regimes	Militares	que	visam	“combater	a	ame-
aça	 comunista”	 e	 acabam	praticando	graves	 violações	de	direitos	humanos	diuturnamente,	 na	
contramão	da	nova	visão	de	mundo	pós	2ª	Guerra	Mundial	quando	foram	criadas	a	Organização	
das	Nações	Unidas	e	o	Sistema	Interamericano	de	Direitos	Humanos.
O	golpe	civil-militar	brasileiro,	ocorrido	em	1º	de	abril	de	1964,	perdurou	até	1985,	quando	Tan-
credo	Neves	foi	eleito	Presidente	por	meio	de	eleições	indiretas.	O	período	foi	marcado	por	Atos	
Institucionais,	censura,	cassações,	prisões	arbitrárias,	e	exílios,	além	das	graves	violações	de	direi-
tos	humanos.	Neste	momento	surgem	diversos	movimentos	sociais	de	apoio	a	minorias	no	país.
Os	anos	2000	são	marcados	por	atentados	terroristas,	como	os	ocorridos	no	fatídico	11	de	se-
tembro	de	2001	nos	Estados	Unidos	–	e	que	deram	causa	a	diversos	conflitos,	principalmente	no	
Oriente	Médio,	como	é	o	caso	da	Guerra	do	Iraque.
Também	são	marcas	do	século	XXI	crises	econômicas	e	aquecimento	global,	ocorrendo	grandes	
desastres	naturais	e	ambientais.
Os	desastres	ambientais	ou	ecológicos	são	aqueles	que	ocorrem	em	decorrência	de	atividade	
humana.	O	maior	e	mais	recente	envolve	o	rompimento	da	barragem	de	Brumadinho,	no	interior	
de	Minas	Gerais,	causando	impacto	no	ecossistema	da	região	e	mortes.
Os	desastres	naturais	ocorrem	independente	da	vontade	ou	atividade	humana,	como	o	caso	
de	terremotos	e	tsunamis.	Um	exemplo	é	o	terremoto	ocorrido	no	Haiti	em	2010,	que	deu	início	
às	migrações	haitianas,	inclusive	em	direção	ao	Brasil	–	mais	uma	marca	do	século	XXI:	migrações.
“O	Sol	é	para	todos”,	livro	da	escritora	Harper	Lee,	lançado	em	1960	e	vencedor	do	Prêmio	Pulit-
zer.	Aborda	preconceito	e	desigualdade	racial	em	uma	cidade	dos	Estados	Unidos	na	década	de	
1930	ao	retratar	também	o	julgamento	de	Tom	Robinson,	personagem	negro	acusado	de	estupro	
e	defendido	por	Atticus	Finch.	O	livro	foi	adaptado	para	o	cinema	e	estreou	em	1962,	levando	Os-
car	de	Melhor	Roteiro	Adaptado,	além	do	Oscar	de	Melhor	Ator	de	Gregory	Peck,	que	interpretou	
o	advogado	Atticus	Finch.	Leia	ao	livro	e/ou	assista	ao	filme.
LEITURA
U
N
ID
A
D
E
 0
1
20 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
2. A QUESTÃO ECONÔMICA
Economia:	do	grego,	oikonomos,	como	ensina	Mankiw	(2019,	p.	3),	“pode	ser	entendida	como	
‘aquele	que	administra	um	lar’”	e	essa	é	uma	analogia	extremamente	válida,	ora:	quem	administra	
o	lar,	tal	qual	uma	sociedade,	necessita	tomar	muitas	decisões.	Se	no	primeiro	caso,	por	exemplo,	
são	divididas	as	tarefas	do	lar	entre	os	membros	da	família;	no	segundo	caso	devem	ser	defini-
das	quais	as	tarefas	necessárias	àquela	sociedade	e	quem	as	executará	–	não	sendo	essa	divisão	
realizada	apenas	por	um	único	planejador	central,	mas	por	todos.	Desse	modo:	“Uma	vez	que	a	
REFLITA
Compreendidas	as	mudanças	no	decorrer	das	Eras	Históricas,	interessante	apresentar	esta	linha	
do	tempo	da	agricultura:
LINHA DO TEMPO DA AGRICULTURA.
 
Fonte:	Shutterstock	(2020).
Diante	de	tudo	que	vimos	até	agora,	quais	os	três	aspectos	que	mais	saltam	a	seus	olhos	na	linha	
do	tempo	acima?
	Além	desses	aspectos	que	você	notou,	reflita	sobre:
 » 	A	quantidade	e	a	qualidade	dos	cultivos;
 » 	O	espaço	das	áreas	cultivadas	e	o	tamanho	da	área	cultivada	por	uma	pessoa	sozinha;
 » 	O	número	de	culturas	disponíveis	em	uma	região;
 » 	A	tecnologia	desenvolvida	e	empreendida	com	o	passar	dos	anos.
U
N
ID
A
D
E
 0
1
21 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
sociedade	tiver	alocado	as	pessoas	(assim	como	terras,	prédios	e	máquinas)	para	realizar	diversas	
tarefas,deverá	também	alocar	os	bens	e	serviços	que	as	pessoas	produzem”	(MANKIW,	2019,	p.	
3).	Isso	se	chama	“gestão	de	recursos”	e	é	primordial	em	razão	da	escassez	de	recursos.
Mas,	afinal,	o	que	é	economia?	Mankiw	(2019,	p.	4)	define	a	economia	como	sendo	o	“estudo	
de	como	a	sociedade	administra	seus	recursos	escassos”,	sendo	a	função	do	economista	estudar:
Esse	conjunto	envolve	também	o	mercado,	que,	para	Mankiw	(2019,	p.	54):
O	mercado	é	avaliado,	estudado	e	discutido	pela	economia	e,	assim	como	ela,	passou	por	diver-
sas	mudanças	no	decorrer	de	sua	história.
COMO AS PESSOAS TOMAM DECISÕES: QUANTO TRABALHAM, O QUE COMPRAM, 
QUANTO POUPAM E COMO INVESTEM SUAS ECONOMIAS. ESTUDAM TAMBÉM COMO 
AS PESSOAS INTERAGEM UMAS COM AS OUTRAS. [...] POR FIM, OS ECONOMISTAS 
ANALISAM AS FORÇAS E AS TENDÊNCIAS QUE AFETAM A ECONOMIA COMO UM TODO 
(MANKIW,	2019,	p.	4).
É UM GRUPO DE COMPRADORES E VENDEDORES DE DETERMINADO BEM OU SERVI-
ÇO. OS COMPRADORES, COMO GRUPO, DETERMINAM A DEMANDA PELO PRODUTO, E 
OS VENDEDORES, TAMBÉM COMO GRUPO, DETERMINAM A OFERTA DO PRODUTO. OS 
MERCADOS ASSUMEM DIFERENTES FORMAS. ÀS VEZES SÃO ALTAMENTE ORGANIZA-
DOS [...]. MAIS FREQUENTEMENTE, OS MERCADOS SÃO MENOS ORGANIZADOS. 
Para	entender	de	mercado,	é	necessário	entender	de	economia,	e	para	
melhor	compreender	isso	tudo,	a	leitura	extra	de	alguns	materiais	é	pri-
mordial.	Assim,	recomendo	a	leitura	de:	MANKIW,	N.	G.	Introdução à Eco-
nomia.	8.	ed.	São	Paulo:	Cengage,	2019.	Combinada	com:	SAES,	F.	A.	M.	
de;	SAES,	A.	M.,	A.	História Econômica Geral.	São	Paulo:	Saraiva,	2013.	
Destaco:
 » 	Como	leitura	básica:	capítulos	1	e	4	de	Mankiw	(2019),	respectivamente	
sobre	economia	e	mercado,	bastante	didáticos;
 » 	Como	 leitura	 complementar	 (ou	básica,	 caso	você	 tenha	elevado	 inte-
resse	pela	temática):	Saes	e	Saes	(2013),	as	três	primeiras	partes,	sobre	
história	econômica	como	disciplina	acadêmica;	fundamentos	teóricos	e	
metodológicos;	e	objeto	e	método	da	história	econômica	geral	–	essas	
três	partes	lhe	fornecerão	aporte	histórico	de	relevância	e	indicarão	im-
portantes	nomes	a	quem	você	poderá	recorrer	para	orientar	seus	estu-
dos	nessa	área,	pois	é	apresentada	atualizada	e	completa	revisão	biblio-
gráfica	do	estado	da	arte	da	História	Econômica.
Os	livros	podem	ser	acessados	através	da	Biblioteca	Virtual	da	Unibrasil.
LEITURA
Fonte: am
azon.com
.br
Fonte: am
azon.com
.br
U
N
ID
A
D
E
 0
1
22 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
Saes	e	Saes	(2013)	apontam	como	e	quando	a	Economia	passou	a	ser	vista	como	ciência,	apre-
sentando	sintética	e	cronologicamente	nomes	de	destaque	para	os	estudos	realizados	neste	campo:
Dada	a	relevância	de	Adam	Smith,	considerado	o	“‘fundador’	da	Economia	 (Política)”	 (SAES;	
SAES,	2013,	p.	4),	e	de	seus	estudos	econômicos,	interessante	destacar	algumas	informações	so-
bre	o	modo	como	Smith	via	a	história	da	economia:
Apresentada	essa	breve	base	acerca	da	temática,	avancemos.
Neste	capítulo	veremos	as	transformações	do	mercado	a	partir	da	Idade	Moderna,	chegando	
à	Contemporaneidade,	passando	pelas	três	fases	do	capitalismo,	quais	sejam:	o	mercantilismo;	o	
industrialismo;	e	o	capitalismo	financeiro.
2.1 CAPITALISMO COMERCIAL OU MERCANTILISMO
Paralela	à	transição	da	Idade	Média	à	Moderna,	ocorre	a	gradual	transição	do	sistema	feudal	
de	 produção	 ao	modelo	 capitalista,	 surgindo	 o	 capitalismo	 comercial.	 Nesse	 sentido,	 Araújo	
(2016,	p.	28)	aponta:	“O	comércio	ganhava	importância	crescente	na	Europa	desde	os	tempos	
do	Renascimento	Comercial	e	Urbano,	mas	com	a	formação	do	Estado	Moderno	Europeu	torna-
-se	política	de	Estado”.
A ECONOMIA ADQUIRIU PROGRESSIVAMENTE STATUS DE CIÊNCIA DEPOIS DA 
PUBLICAÇÃO, EM 1776, DE A RIQUEZA DAS NAÇÕES, DE ADAM SMITH. NO SÉCU-
LO XIX, UMA VASTA PRODUÇÃO DE ESTUDOS DA ENTÃO CHAMADA ECONOMIA 
POLÍTICA CONSOLIDOU-A COMO UMA DISCIPLINA SOCIALMENTE RECONHECIDA: 
THOMAS MALTHUS, DAVID RICARDO, JEAN BAPTISTE SAY, JOHN STUART MILL 
SÃO ALGUNS DOS CHAMADOS ECONOMISTAS CLÁSSICOS AOS QUAIS SE AGRE-
GA, EM VERTENTE DISTINTA, CRÍTICA, KARL MARX. A PARTIR DE 1870, HOUVE 
UMA MUDANÇA SUBSTANCIAL NO PENSAMENTO ECONÔMICO DOMINANTE: A 
CHAMADA REVOLUÇÃO MARGINALISTA ALTEROU O FOCO DA ANÁLISE ECONÔ-
MICA, SENDO SINTOMÁTICA A TROCA DO NOME DA DISCIPLINA DE ECONOMIA 
POLÍTICA PARA ECONOMIA: O AUSTRÍACO KARL MENGER, O SUÍÇO LEON WALRAS 
E O INGLÊS STANLEY JEVONS FORAM PIONEIROS DESSA NOVA CORRENTE, QUE 
SE CONSOLIDOU COMO PRINCIPAL PARADIGMA DA TEORIA ECONÔMICA (E QUE, 
AO MENOS EM PARTE, SE MANTÉM ATÉ HOJE) 
(SAES;	SAES,	2013,	p.	3).
SMITH VIA A HISTÓRIA DA ECONOMIA COMO UMA SEQUÊNCIA DE FORMAS DE 
ATIVIDADE ECONÔMICA: CAÇA E COLETA, PASTOREIO, AGRICULTURA, COMÉRCIO. 
ESSA SERIA A “ORDEM NATURAL” COMO DEVERIA TER ACONTECIDO OU ACONTE-
CER EM CADA SOCIEDADE 
(SMITH,	1985,	livro	terceiro)	(SAES;	SAES,	2013,	p.	4).
U
N
ID
A
D
E
 0
1
23 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
O	mercantilismo	estava	associado	à	ideia	de	política	econômica	–	não	constituindo	mero	sis-
tema	econômico	–,	tomando	como	base	uma	lógica	intervencionista-monopolista	que	objetivava	
promover	a	primitiva	acumulação	de	capitais	(SAES;	SAES,	2013;	ARAÚJO,	2016).
Por	meio	do	 intercâmbio	proporcionado	pelas	grandes	navegações,	o	mundo	começou	a	 se	
abrir	para	o	comércio	que,	durante	o	mercantilismo,	constituía	atividade:
FIGURA 3 - CRISTÓVÃO COLOMBO, O PRIMEIRO A CONDUZIR COM SUCESSO 
FROTA DE CARAVELAS DA ESPANHA AO CONTINENTE AMERICANO.
 
Fonte:	Shutterstock	(2020).
Conforme	Frieden	(2008,	p.	18),	o	capitalismo	comercial	funcionava	da	seguinte	maneira:
REGULADA PELA FORÇA MILITAR EM BENEFÍCIO DO PODER DOMINANTE. OS 
DEFENSORES INTELECTUAIS DO SISTEMA PODERIAM JUSTIFICAR ESSA LÓGICA 
ECONÔMICA EXPLORADORA ARGUMENTANDO QUE OS DOMINADORES UTILIZA-
VAM PARTE DAS RIQUEZAS ACUMULADAS PARA PROTEGER OS SUBJUGADOS, E 
QUE MUITOS NAS COLÔNIAS, DE FATO, APRECIAVAM A PROTEÇÃO. [HOUVE QUEM 
RECLAMASSE]. MAS, PARA MUITOS, PARECIA UMA TROCA JUSTA: O PODER MI-
LITAR PERMITIA O CRESCIMENTO ECONÔMICO, E O CRESCIMENTO ECONÔMICO 
SOB O CONTROLE MERCANTILISTA FINANCIAVA O PODER MILITAR 
(FRIEDEN,	2008,	p.	18).
O PODER COLONIAL FORÇAVA SUAS POSSESSÕES A COMERCIALIZAR COM A 
METRÓPOLE PARA ENRIQUECER O GOVERNO E AQUELES QUE O APOIAVAM. OS 
PAÍSES DOMINADOS ERAM OBRIGADOS A VENDER EXCLUSIVAMENTE PARA A 
POTÊNCIA, QUE PAGAVA UM VALOR ABAIXO DO PREÇO DO MERCADO MUNDIAL 
POR PRODUTOS AGRÍCOLAS E MATÉRIAS-PRIMAS [...]. A POLÍTICA MERCANTILIS-
TA TAMBÉM EXIGIA QUE AS COLÔNIAS COMPRASSEM MUITOS PRODUTOS DAS 
METRÓPOLES, GARANTINDO À PÁTRIA-MÃE O DIREITO DE VENDÊ-LOS ACIMA DO 
VALOR DO MERCADO MUNDIAL.
U
N
ID
A
D
E
 0
1
24 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
Araújo	(2016,	p.	29)	sintetiza	as	seis	principais	práticas	adotadas	individualmente	pelos	Estados	
no	mercantilismo	a	fim	de	obter	para	si	recursos	e	riquezas:
Ocorre	que	o	sistema	começa	a	não	mais	se	sustentar	com	o	passar	dos	anos,	principalmente	
por	não	acompanhar	o	novo	estilo	de	vida	que	se	inicia	com	as	inovações	tecnológicas	do	século	
XVIII.	É	o	que	apresenta	Frieden	(2008,	p.	19):
FIGURA 4 – LOCOMOTIVA A VAPOR: UM DOS SÍMBOLOS DA 1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
 
Fonte:	Shutterstock	(2020)
• BALANÇA COMERCIAL FAVORÁVEL: EXPORTAR UMA QUANTIDADE DE PRO-
DUTOS MAIOR QUE AQUELES IMPORTADOS, ACUMULANDO A MAIOR QUANTI-
DADE DE OURO E PRATA POSSÍVEIS. 
• PROTECIONISMO ALFANDEGÁRIO: COM O OBJETIVO DE DESESTIMULAR AS 
IMPORTAÇÕES, OS ESTADOS MODERNOS AUMENTAM A TARIFA ALFANDEGÁ-
RIA PARA PRODUTOS ESTRANGEIROS. 
• COLONIALISMO: BUSCA POR TERRITÓRIOS NO ULTRAMAR. 
• EXCLUSIVO (OU TAMBÉM PACTO) COLONIAL: QUANDO A ECONOMIA DE UMA 
COLÔNIA ESTÁ SUBMETIDA AOS INTERESSES DA METRÓPOLE. 
• CORSO: ASSOCIAÇÃO ENTRE PIRATAS E ESTADOS NA INFORMALIDADE, É 
CLARO! OS CORSÁRIOS TINHAM CERTAS FACILIDADES EM TROCA DE PARTE 
DOS PRODUTOS ADQUIRIDOS MEDIANTE SEUS ATAQUES NO ATLÂNTICO SUL. 
• INDUSTRIALISMO: INCENTIVO À EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS MANUFATURA-DOS. PRÁTICA ESTA ADOTADA PRINCIPALMENTE POR AQUELAS POTÊNCIAS 
QUE NÃO OBTIVERAM NUMEROSAS CONQUISTAS ULTRAMARINAS NA PRIMEI-
RA FASE DA EXPANSÃO MARÍTIMA.
À ÉPOCA DAS GUERRAS NAPOLEÔNICAS, O MERCANTILISMO JÁ COMEÇAVA A SE 
ENFRAQUECER. A PARTIR DE 1750, OS INDUSTRIAIS BRITÂNICOS INTRODUZIRAM 
UMA ENXURRADA DE INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS QUE REVOLUCIONARAM A PRO-
DUÇÃO. EMPREGADORES JUNTARAM DEZENAS – E ATÉ MESMO CENTENAS – DE 
TRABALHADORES EM GRANDES FÁBRICAS, UTILIZANDO NOVAS MÁQUINAS, FONTES 
DE ENERGIA E FORMAS DE ORGANIZAÇÃO. [...] AS FÁBRICAS BRITÂNICAS PODIAM 
VENDER MAIS BARATO QUE A CONCORRÊNCIA PARA QUASE TODOS OS MERCADOS. 
OS INTERESSES ECONÔMICOS CRIADOS PELA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL BRITÂNICA 
CONSIDERAVAM O MERCANTILISMO IRRELEVANTE OU DANOSO.
U
N
ID
A
D
E
 0
1
25 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
Esse	desenvolvimento	faz	surgir	nos	fabricantes	britânicos	o	anseio	pela	eliminação	das	barrei-
ras	comerciais,	permitindo	que	estrangeiros	também	vendessem	à	Grã-Bretanha.	Frieden	(2006,	
p.	19)	expõe	a	lógica	dos	fabricantes:
O	vislumbramento	do	livre-comércio	atrelado	ao	fortalecimento	de	Londres	como	centro	finan-
ceiro	mundial,	bem	como	aos	acontecimentos	ocasionados	pela	Revolução	Industrial,	foram	modi-
ficando	a	visão	mercado,	que	de	mercantilista	acabou	desembocando	no	capitalismo	industrial	–	o	
que	juntamente	acarretou	reformas	nas	instituições	políticas	britânicas	e	no	sistema	eleitoral;	bem	
como	a	diminuição	do	poderio	rural	com	relação	ao	da	cidade,	favorecendo	a	classe	média	que	
nesta	habitava	(FRIEDEN,	2008).
2.2 CAPITALISMO INDUSTRIAL OU INDUSTRIALISMO
Com	a	1ª	Revolução	Industrial	em	curso,	a	manufatura	passa	a	ser	substituída	pela	maquinofatu-
ra	–	apesar	de	nunca	desaparecer.	Igualmente,	o	caráter	corporativo	é	trocado	pelo	industrial,	mais	
rápido	e	eficiente	na	produção,	distribuição	e	desenvolvimento	de	mercadorias	(SAES;	SAES,	2013).
Interessante	destacar	que	é	também	nesse	período	que	ocorre	a	transição	da	Idade	Moderna	à	
Idade	Contemporânea,	conforme	mencionado	no	primeiro	capítulo	desta	unidade.
Saes	e	Saes	(2013,	p.	99)	apresentam	como	a	manufatura	corporativa	funcionava	e	passou	a	
representar	entraves	ao	comércio:
OS FABRICANTES DA NAÇÃO PODERIAM REDUZIR SEUS CUSTOS DE FORMA 
DIRETA, COMPRANDO MATÉRIAS-PRIMAS A PREÇOS MAIS BAIXOS, E INDIRETA, 
UMA VEZ QUE A IMPORTAÇÃO DE COMIDA BARATA PERMITIA QUE OS DONOS 
DAS FÁBRICAS PAGASSEM SALÁRIOS MENORES SEM QUE HOUVESSE UMA 
REDUÇÃO NO PADRÃO DE VIDA DOS EMPREGADOS. AO MESMO TEMPO, SE OS 
ESTRANGEIROS GANHASSEM MAIS AO VENDER PARA A GRÃ-BRETANHA, TERIAM 
CONDIÇÕES DE COMPRAR MAIS PRODUTOS DO PAÍS. OS INDUSTRIAIS BRITÂ-
NICOS TAMBÉM SE DERAM CONTA DE QUE SE OS ESTRANGEIROS PUDESSEM 
COMPRAR TODOS OS PRODUTOS MANUFATURADOS QUE PRECISASSEM DOS 
BARATOS PRODUTORES BRITÂNICOS, AQUELES TERIAM MENOS NECESSIDADE 
DE DESENVOLVER UMA INDÚSTRIA PRÓPRIA. POR ESSES MOTIVOS, AS CLASSES 
E AS REGIÕES FABRIS DA GRÃ-BRETANHA DESENVOLVERAM UMA ANTIPATIA 
PELO MERCANTILISMO E UM FORTE DESEJO PELO LIVRE-COMÉRCIO.
ENQUANTO A PRODUÇÃO SE DESTINOU AO MERCADO LOCAL POUCO DESEN-
VOLVIDO, A ORGANIZAÇÃO CORPORATIVA NÃO GEROU MAIORES TENSÕES. NO 
ENTANTO, EM ALGUMAS CIDADES, DESDE CEDO (COMO NA REGIÃO DE FLAN-
DRES E EM ALGUMAS CIDADES ITALIANAS), A PRODUÇÃO LOGO SE DESTINOU 
AO COMÉRCIO DE EXPORTAÇÃO. ESTE COMÉRCIO JÁ NÃO ERA FEITO PELOS PRÓ-
PRIOS ARTESÃOS E SIM POR COMERCIANTES ESPECIALIZADOS QUE, EM GERAL, 
PASSARAM A ESTABELECER UMA RELAÇÃO DE CLIENTELA COM OS ARTESÃOS 
Continua > 
U
N
ID
A
D
E
 0
1
26 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
DA CIDADE. EMBORA A FORMA CORPORATIVA FOSSE MANTIDA E OS ARTESÃOS 
CONTINUASSEM A TRABALHAR EM SUAS PRÓPRIAS OFICINAS, MUITAS VEZES O 
COMERCIANTE JÁ CONTROLAVA A PRODUÇÃO AO FORNECER MATÉRIA-PRIMA AO 
ARTESÃO, OBRIGANDO ESTE A VENDER O PRODUTO – NA VERDADE, AGORA APENAS 
O PRODUTO DE SEU TRABALHO – AO MESMO COMERCIANTE. MESMO NESSES 
CASOS, A ESTRUTURA CORPORATIVA APARECIA COMO UM OBSTÁCULO À EXPANSÃO 
DO PRODUTO (COMO MEIO DE ATINGIR UM MERCADO MAIS AMPLO) E À REDUÇÃO 
DOS CUSTOS (COMO MEIO DE ALCANÇAR UM LUCRO MAIS ELEVADO). 
Continuação > 
FIGURA 5 – FÁBRICA DE ALGODÃO: O ALGODÃO PRODUZIDO ERA NEGOCIADO 
POR COMERCIANTES, OS ARTESÕES PASSAM A SER ASSALARIADOS
 
Fonte:	Shutterstock	(2020)
As	distâncias	e	custos	são	encurtados	com	as	novas	tecnologias,	mas	essas	melhorias	trazem	
sérias	consequências,	como	destaca	Araújo	(2016,	p.	79):
Araújo	(2016)	apresenta	ainda	as	consequências	sociais	dessa	nova	organização	de	trabalho	e	
sistema	de	mercado,	com	uma	nascente	estrutura	e	divisão	social,	a	de	burgueses	e	proletários	
(ou	assalariados):
A ENERGIA A VAPOR E O FERRO TAMBÉM FORAM UTILIZADOS NOS MEIOS DE TRANS-
PORTE, COM A CRIAÇÃO DA LOCOMOTIVA E DO NAVIO A VAPOR, NÃO APENAS DIMI-
NUINDO AS DISTÂNCIAS, MAS TAMBÉM OS CUSTOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL. 
NA ESTEIRA DESTES ACONTECIMENTOS, A IMIGRAÇÃO E OS PROBLEMAS AMBIENTAIS 
EM DECORRÊNCIA DA POLUIÇÃO TRAZIDA PELAS FÁBRICAS AMPLIAM-SE.
NO QUE DIZ RESPEITO ÀS QUESTÕES SOCIAIS, COM O CAPITALISMO INDUSTRIAL 
DUAS CLASSES SÃO CLARAMENTE DEFINIDAS. OS BURGUESES SERIAM AQUE-
LES QUE DETÊM CAPITAL PARA OBTER A PROPRIEDADE PRIVADA DOS MEIOS 
DE PRODUÇÃO (MÁQUINAS, MATÉRIA-PRIMA E INSTALAÇÕES), CONSEGUINDO 
LUCROS CRESCENTES COM O DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA. CHAMAMOS 
DE PROLETÁRIO TODO AQUELE QUE, SEM CONDIÇÕES DE CONTROLAR OS MEIOS 
DE PRODUÇÃO, SOBREVIVE DA VENDA DE SUA FORÇA DE TRABALHO 
(ARAÚJO,	2016,	p.	79).
U
N
ID
A
D
E
 0
1
27 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
Burgueses	e	proletários	passam	a	compor	uma	nova	estrutura	social	baseada	no	poderio	eco-
nômico,	ora,	 aquele	que	 controlasse	financeiramente	quem	vendia	 sua	mão	de	obra	 (força	de	
trabalho),	detinha	a	maior	parcela	de	poder	comercial,	pois	poderia	negociar	os	produtos,	definir	
os	salários	e	ficar	com	o	lucro	(mais-valia).	Araújo	(2016,	p.	79-80)	contextualiza:
Inicia	então	o	que	ficou	conhecido	como	“luta	de	classes”,	quando	os	operários	 reagem,	de	
diversas	formas,	contra	o	patronato.	São	exemplos	estudados	por	Marx	e	Engels	no	“Manifesto	
Comunista”,	o	ludismo;	o	cartismo;	e	o	unionismo	(ARAÚJO,	2016).
Saes	e	Saes	(2013,	p.	179)	sintetizam	comparativamente	a	evolução	que	significou	a	Revolução	
Industrial:
SERIA MEDIANTE A MAIS-VALIA QUE OS LUCROS PASSAM A SE REALIZAR A PARTIR 
DE ENTÃO. O TRABALHADOR, AGORA APENAS UM OPERÁRIO, ERA OBRIGADO A 
CONVIVER COM PÉSSIMAS CONDIÇÕES DE TRABALHO: LONGAS JORNADAS (14 A 
18 HORAS POR DIA), BAIXOS SALÁRIOS, FALTA DE SEGURANÇA, EXPLORAÇÃO DO 
TRABALHO FEMININO E INFANTIL E DESEMPREGO, QUE DESEMBOCAVAM NA MISÉ-
RIA DOS TRABALHADORES, MORADIAS PRECÁRIAS E EPIDEMIAS CONSTANTES. TAIS 
CONDIÇÕES AGRAVAVAM-SE NO CONTEXTO DE CRISES ECONÔMICAS, RECONHECI-
DAS JÁ NAQUELA ÉPOCA COMO FENÔMENOS PERIÓDICOS REGULARES, COMO AS 
QUE ASSOLARAM A EUROPA ENTRE 1836-1837, 1846-1848 E 1873.
Araújo	(2016)	explica	esses	movimentos	da	luta	de	classes:
 » O ludismo	era	baseado	na	quebra	das	máquinas,	quando	os	trabalhadores	invadiam	as	fábricas	à	
noite	para	realizar	a	quebradeira.	A	estratégia	ficou	conhecida	como	“negociação	coletiva	através	
da	arruaça”.
 » O cartismo	consistia	no	envio	de	cartas	(chamadas	“Cartas	do	Povo”)	peticionando	ao	Parlamento	
inglês	por	reformas	de	base;	melhores	condições	de	trabalho;	questões	eleitorais	e	de	representa-
ção,	uma	variedade	de	temas,	visando	maior	participação	política	dos	trabalhadores.
 » O unionismo	representava	o	que	hoje	conhecemos	como	associação	de	trabalhadores.	A	primeira	
articulação	foi	a	criação	de	“caixas	de	assistência”,	que	de	ilegais	passaram	a	ser	legalizadas	pelo	
governo	e	foram	se	tornando	os	primeiros	sindicatos.
Fonte:	ARAÚJO,	D.	de.	História	Geral,	São	Paulo:	Saraiva,	2016.
SAIBA MAIS
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL PROVOCOU SUBSTANCIAL MODIFICAÇÃO NOS FLU-
XOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL. AS TROCAS INTERNACIONAIS, ATÉ O SÉCU-
LO XV, COMPORTAVAM O VELHO COMÉRCIODE ESPECIARIAS COM O ORIENTE, AO 
Continua > 
U
N
ID
A
D
E
 0
1
28 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
QUAL SE ACRESCENTOU, A PARTIR DO SÉCULO XVI, O COMÉRCIO COM A AMÉRICA 
(POR EXEMPLO, AÇÚCAR, FUMO, COUROS E PELES) E O TRÁFICO DE ESCRAVOS. 
ALÉM DISSO, HAVIA O COMÉRCIO INTRAEUROPEU EM QUE PREDOMINAVAM AS 
MANUFATURAS, EM ESPECIAL OS TECIDOS, ALÉM DE ALGUMAS MATÉRIAS-PRIMAS 
E ALIMENTOS. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL EXIGIU NOVOS FLUXOS COMERCIAIS PELA 
PRÓPRIA NATUREZA DE SUA PRODUÇÃO; PARALELAMENTE, O AUMENTO POPULA-
CIONAL AMPLIOU A DEMANDA POR ALIMENTOS DE MODO A ALTERAR AS FORMAS 
TRADICIONAIS DE SUPRIMENTO DESSES BENS. EM SUMA, AO LONGO DO SÉCULO 
XIX, O COMÉRCIO INTERNACIONAL SOFREU PROFUNDAS MUDANÇAS TANTO EM 
RELAÇÃO ÀS PRINCIPAIS MERCADORIAS QUE O COMPUNHAM COMO EM RELAÇÃO 
AOS PAÍSES OU REGIÕES PRODUTORES ENVOLVIDOS NESSE COMÉRCIO.
Continuação > 
O	imperialismo	(ou	neocolonialismo)	guiava	o	desenvolvimento	ou	não	das	colônias,	minando	
as	produções	coloniais	quando	conveniente,	mas	havia	um	“outro	lado	da	moeda”:
O	imperialismo	já	não	se	sustentava	mais	em	meio	à	globalização	nascente	e	à	acumulação	de	
capital	concentrado	fruto	dos	excedentes	industriais.	Todo	esse	contexto	ocorre	após	a	2ª	Revolu-
ção	Industrial,	na	segunda	metade	do	século	XIX,	com	as	produções	em	massa	e	o	uso	da	energia	
elétrica;	motores	a	explosão;	e	petróleo	(ARAÚJO,	2016).
Sobre	a	2ª	Revolução	Industrial,	Araújo	(2016,	p.	82)	ainda	informa:	“Economicamente,	a	2ª	Re-
volução	Industrial	colocava	fim	à	abstenção	governamental,	à	ortodoxia	do	livre	comércio	e	à	era	
do	individualismo,	onde	grandes	empresários	e	banqueiros	controlavam	as	ações”.
Culminando,	mais	tarde,	na	1ª	Guerra	Mundial	e	no	fim	do	imperialismo,	transitando	gradativa-
mente	ao	terceiro	modelo	capitalista,	o	Capitalismo	Financeiro,	ou	Capitalismo	Monopolista,	fruto	
do	pós	2ª	Guerra	Mundial.
Neste	mesmo	período	também	passam	a	ser	mais	fortemente	difundidas	as	ideologias	da	es-
querda	 (socialismos,	por	exemplo),	que	objetivavam	mudanças	econômico-sociais	por	meio	da	
diminuição	ou	fim	das	diferenças	de	classes	(ARAÚJO,	2016).
2.2.1 LIBERALISMO ECONÔMICO
O	Capitalismo	Industrial	é	permeado	pelas	ideias	do	liberalismo	econômico,	tendo	em	seu	prin-
cipal	teórico,	Adam	Smith,	sua	base.
AO LONGO DO SÉCULO XIX, A GRÃ-BRETANHA TAMBÉM PASSOU A DEPENDER DE 
OUTRAS MERCADORIAS IMPORTADAS EM VIRTUDE DO RITMO DE CRESCIMENTO DA 
INDÚSTRIA E DO AUMENTO DA POPULAÇÃO. METAIS, MADEIRAS, FIBRAS TÊXTEIS, 
ALIMENTOS COMO GRÃOS E MESMO PERECÍVEIS COMO FRUTAS E CARNE FORAM 
INCLUÍDOS NA PAUTA DE IMPORTAÇÕES. EM PARTE, ISSO RESULTAVA DAS NOVAS 
NECESSIDADES DA ECONOMIA BRITÂNICA; PORÉM HOUVE TAMBÉM UMA REALO-
CAÇÃO DE FATORES PRODUTIVOS NA ESFERA INTERNACIONAL QUE AFETOU A 
BALANÇA COMERCIAL BRITÂNICA 
(SAES;SAES,	2013,	p.	182).
U
N
ID
A
D
E
 0
1
29 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
Em	1776,	Adam	Smith	publicou	o	livro	“A	riqueza	das	Nações:	uma	investigação	sobre	a	nature-
za	e	as	causas	da	riqueza	das	nações”,	considerado	o	primeiro	tratado	completo	sobre	economia	
política.	Coincidentemente	ou	não,	como	aponta	Mankiw	(2019),	no	mesmo	ano	da	Declaração	da	
Independência	dos	Estados	Unidos,	um	marco	das	liberdades.	Mankiw	(2019,	p.	8)	afirma:
Conceituando	economia	de	mercado	como	“uma	economia	que	aloca	recursos	por	meio	das	
decisões	descentralizadas	de	muitas	empresas	e	famílias	quando	estas	interagem	nos	mercados	
de	bens	e	serviços”	(MANKIW,	2019,	p.	8),	o	autor	sintetiza	a	ideia	de	maneira	clara,	que	facilita	
sua	diferenciação	com	relação	à	economia	planificada	–	na	qual	essas	decisões	vêm	do	governo,	
como	era	o	caso	na	Alemanha	Oriental	e	União	Socialista	Soviética	(URSS),	durante	a	Guerra	Fria.
Quem	está	por	trás	da	economia	de	mercado	são	os	agentes	econômicos	da	iniciativa	privada,	
que	contam	com	liberdade	para	atuar,	organizando	suas	empresas,	estratégias	e	funcionários	da	
maneira	que	acreditam	ser	mais	conveniente	(e	lucrativa),	desde	que	dentro	da	lei,	cabendo	ao	
Estado	apenas	legislar	e	fiscalizar,	também	sem	extrapolar	seus	limites.
Esses	agentes	econômicos	podem	ser	 famílias	e	empresas	que,	ao	 interagir,	de	acordo	com	
Adam	Smith,	são	conduzidos	por	uma	“mão	invisível”	que	os	leva	a	resultados	de	mercado	dese-
jáveis	(MANKIW,	2019).
A	economia	de	mercado	obedece	à	lei	natural	da	oferta	e	da	procura,	que	também	acirra	a	livre	
concorrência,	outra	ideia	basilar	do	liberalismo,	ao	lado	da	liberdade	de	comércio	(entre	países)	e	
produção	–	bem	como	a	propriedade	privada.
Ainda	no	século	XVIII,	Adam	Smith	conseguiu	desenvolver	uma	teoria	que	se	mantém	atual	e	
explica	muitos	dos	erros	cometidos	em	nosso	passado	recente:
OS DOIS DOCUMENTOS COMPARTILHAM UM PONTO DE VISTA PREDOMINANTE NA 
ÉPOCA: OS INDIVÍDUOS TOMARÃO MELHORES DECISÕES SE PUDEREM AGIR POR 
CONTA PRÓPRIA, SEM A MÃO OPRESSIVA DO GOVERNO PARA CONDUZIR SUAS 
AÇÕES. ESSA FILOSOFIA POLÍTICA PROPORCIONA A BASE INTELECTUAL PARA A 
ECONOMIA DE MERCADO E, DE MANEIRA MAIS GERAL, PARA A SOCIEDADE LIVRE.
A VISÃO DE SMITH APRESENTA UM IMPORTANTE COROLÁRIO: QUANDO O GOVER-
NO IMPEDE QUE OS PREÇOS SE AJUSTEM DE FORMA NATURAL À OFERTA E À 
DEMANDA, IMPEDE QUE A MÃO INVISÍVEL COORDENE AS DECISÕES DE FAMÍLIAS 
E EMPRESAS QUE COMPÕEM A ECONOMIA. ESSE COROLÁRIO EXPLICA POR QUE 
OS IMPOSTOS TÊM UM EFEITO ADVERSO SOBRE A ALOCAÇÃO DE RECURSOS: ELES 
DISTORCEM OS PREÇOS E, COM ISSO, AS DECISÕES DAS EMPRESAS E FAMÍLIAS. 
EXPLICA TAMBÉM O MAL AINDA MAIOR QUE PODE SER CAUSADO POR POLÍTICAS 
DE CONTROLE DIRETO DOS PREÇOS, COMO A DE CONTROLE DOS ALUGUÉIS. E 
EXPLICA O FRACASSO DO COMUNISMO. NOS PAÍSES COMUNISTAS, OS PREÇOS 
NÃO ERAM DETERMINADOS PELO MERCADO, MAS DITADOS PELOS PLANEJADORES 
CENTRAIS. OS PLANEJADORES NÃO TINHAM AS INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS 
Continua > 
U
N
ID
A
D
E
 0
1
30 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
SOBRE O GASTO DOS CONSUMIDORES E OS CUSTOS DOS PRODUTORES QUE, EM 
UMA ECONOMIA DE MERCADO, SÃO REFLETIDAS NOS PREÇOS. OS PLANEJADORES 
CENTRAIS FALHARAM PORQUE TENTARAM CONDUZIR A ECONOMIA COM UMA MÃO 
AMARRADA NAS COSTAS – A MÃO INVISÍVEL DO MERCADO 
(MANKIW,	2019,	p.	9).
Continuação > 
As	 ideias	do	 liberalismo	econômico	seguem	aplicáveis;	algumas	delas	coexistem	com	o	capi-
talismo	financeiro	atual,	apesar	da	diminuição	dos	adeptos	quando	da	Quebra	da	Bolsa	de	Nova	
Iorque,	em	1929.	É	por	isso	que	o	pensamento	liberal	sobrevive	até	hoje	e	o	livro	escrito	por	Adam	
Smith	é	considerado	um	clássico.
2.3 CAPITALISMO FINANCEIRO OU CAPITALISMO MONOPOLISTA
A	década	de	1930	foi	particularmente	difícil	para	a	economia	contemporânea	em	razão	da	Crise	
de	1929.	Nela,	as	restrições	ao	comércio	internacional	ganhavam	destaque	como	medida	prote-
cionista	aos	estragos	causados	pela	Quebra	da	Bolsa	de	Nova	Iorque.
A	livre	iniciativa	constitui	um	dos	princípios	fundamentais	da	República	Federativa	do	Brasil,	figu-
rando	nos	artigos	1º	e	170	da	Constituição.
O	artigo	170	da	Carta	Magna	trata	da	ordem	econômica	brasileira,	pautada	por	ideais	liberais,	in	verbis:
ART. 170. A ORDEM ECONÔMICA, FUNDADA NA VALORIZAÇÃO DO TRABALHO 
HUMANO E NA LIVRE INICIATIVA, TEM POR FIM ASSEGURAR A TODOS EXISTÊN-
CIA DIGNA, CONFORME OS DITAMES DA JUSTIÇA SOCIAL, OBSERVADOS OS 
SEGUINTES PRINCÍPIOS: I - SOBERANIA NACIONAL; II - PROPRIEDADE PRIVADA; 
III - FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE; IV - LIVRE CONCORRÊNCIA; V - DEFESA 
DO CONSUMIDOR; VI - DEFESA DO MEIO AMBIENTE, INCLUSIVE MEDIANTE TRA-
TAMENTO DIFERENCIADO CONFORME O IMPACTO AMBIENTAL DOS PRODUTOS E 
SERVIÇOS E DE SEUS PROCESSOS DE ELABORAÇÃO E PRESTAÇÃO; VII - REDUÇÃO 
DAS DESIGUALDADES REGIONAIS E SOCIAIS; VIII - BUSCA DO PLENO EMPREGO; 
IX - TRATAMENTO FAVORECIDO PARA AS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE CONSTI-
TUÍDAS SOB AS LEIS BRASILEIRAS E QUE TENHAM SUA SEDE E ADMINISTRAÇÃO 
NO PAÍS. PARÁGRAFO ÚNICO. É ASSEGURADO A TODOS O LIVRE EXERCÍCIO DE 
QUALQUER ATIVIDADE ECONÔMICA, INDEPENDENTEMENTE DE AUTORIZAÇÃO DE 
ÓRGÃOS PÚBLICOS,SALVO NOS CASOS PREVISTOS EM LEI.
Fica	claro	pelo	texto	do	artigo	supracitado	quais	são	as	restrições	à	livre	iniciativa	em	território	
nacional.	Tais	garantias	e	restrições	ocorrem	em	razão	do	reconhecimento	de	que:	“O	ser	huma-
no,	na	concepção	capitalista	vigente,	garante	a	sua	subsistência	e	a	de	sua	família	com	o	trabalho”	
(SIQUEIRA	JUNIOR,	2016,	p.	139),	merecendo	esse	quesito	atenção	especial	do	Estado.
SAIBA MAIS
U
N
ID
A
D
E
 0
1
31 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
Ficam	em	voga	os	acordos	bilaterais	entre	os	Estados;	“como	reação	à	depressão,	os	governos	
procuravam	limitar	as	importações	a	fim	de	manter	o	nível	de	produção	e	de	emprego	dentro	de	
seus	países	(ou	ao	menos	evitar	sua	queda	mais	acentuada)”	(SAES;	SAES,	2013,	p.	473),	mas	ainda	
conseguir	“promover	a	expansão	das	trocas	internacionais”	(SAES;	SAES,	2013,	p.	474).
Após	a	2ª	Guerra	Mundial,	já	em	cenário	de	globalização,	ocorre	a	3ª	Revolução	Industrial,	ba-
seada	na	automação	e	nos	eletrônicos,	com	novos	e	variados	eletrodomésticos	chegando	às	casas	
e,	mais	adiante,	os	computadores.
Na	década	de	1950	ocorre	o	que	ficou	conhecido	como	“Revolução	Verde”,	um	grande	salto	
tecnológico	na	questão	de	sementes,	 insumos	e	maquinário	agrícolas,	que	ocasiona	grande	au-
mento	na	produção	de	alimentos.	No	Brasil,	essa	Revolução	ocorreu	mais	tarde,	apenas	durante	
o	Regime	Militar	(entre	as	décadas	de	1960	e	1970),	tendo	contribuído	para	o	chamado	“milagre	
econômico”.	A	Revolução	Verde	representou	o	boom	da	mecanização	do	campo,	rompendo	com	o	
estilo	de	vida	rural	tradicional,	ocasionando	acelerada	urbanização	(FRIEDEN,	2008).
Frieden	apresenta	um	cuidado	maior	tomado	pelas	potências	mundiais	no	pós	2ª	Guerra	Mun-
dial	com	relação	às	suas	economias:
O	autor	menciona	as	novas	indústrias	surgidas	ou	mais	bem	desenvolvidas	ainda	no	período	
entreguerras,	que	vão	ganhando	cada	vez	mais	destaque	ao	longo	dos	séculos	XX	e	XXI.	Elas	que	
representavam,	para	as	pessoas	da	sociedade	daquela	época,	um	verdadeiro	sinal	do	desenvolvi-
mento	tecnológico:
DO MESMO MODO QUE O COMÉRCIO INTERNACIONAL, O SISTEMA FINANCEIRO INTERNA-
CIONAL HAVIA SOFRIDO O IMPACTO DA GRANDE DEPRESSÃO DOS ANOS 1930. FALÊNCIA 
DE BANCOS, MORATÓRIA DE DÍVIDA EXTERNA DE MUITOS PAÍSES E PERDAS NAS BOLSAS 
DE VALORES DESORGANIZARAM O SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL PRIVADO. AO 
FIM DA SEGUNDA GUERRA, HOUVE A PREOCUPAÇÃO DE RECONSTITUIR MECANISMOS DE 
FINANCIAMENTO INTERNACIONAL DE ACORDO COM AS CONDIÇÕES PECULIARES DA ÉPOCA
(FRIEDEN,	2008,	p.	477).
PARA A MAIOR PARTE DAS PESSOAS, O PRINCIPAL INDÍCIO DO AVANÇO TECNOLÓGICO 
FOI O APARECIMENTO DE NOVOS ELETRODOMÉSTICOS. ALGUNS JÁ EXISTIAM ANTES 
DE 1914, MAS APENAS COMO NOVIDADES; MUITOS JÁ ERAM LUGAR-COMUM EM 
1939 E, PORTANTO, ALGUNS HISTORIADORES FALAM DE UMA REVOLUÇÃO DOS BENS 
DE CONSUMO DURÁVEIS NOS ANOS ENTREGUERRAS. A PRODUÇÃO E A UTILIZAÇÃO 
NOS ESTADOS UNIDOS ULTRAPASSARAM AS DO RESTO DO MUNDO. ANTES DA 
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL, CERCA DE 10% DOS PRODUTOS FINAIS COMPRADOS 
PELOS NORTE-AMERICANOS ERAM BENS DE CONSUMO DURÁVEIS. EM 1929 ESSA 
PROPORÇÃO CAIU PARA 25%. QUASE TODO ESSE AUMENTO DEVEU-SE AOS VEÍCULOS 
MOTORIZADOS E AOS ELETRODOMÉSTICOS, COMO RÁDIOS E GELADEIRAS. ALGUNS 
PAÍSES DESENVOLVIDOS NÃO ESTAVAM TÃO ATRÁS DOS ESTADOS UNIDOS NO QUE 
DIZ RESPEITO À OFERTA DE BENS DURÁVEIS, APESAR DE A RENDA MENOR, A INSTABI-
LIDADE POLÍTICA E AS GUERRAS RESTRINGIREM AS OPERAÇÕES DE MERCADO 
(FRIEDEN,	2008,	p.	174).
U
N
ID
A
D
E
 0
1
32 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
Passa	a	surgir	aqui	a	noção	de	“sociedade	de	consumo”,	em	que	cada	vez	mais	as	pessoas	se	
veem	compelidas	a	comprar.	O	consumo	desmedido	é	marca	do	desenvolvimento	do	capitalismo	
financeiro,	que	também	conta	com	o	crescimento	do	mercado	consumidor.
O	cenário	é	de	crescente	globalização	–	desenfreada	a	partir	da	Internet	–	que	rompe	barreiras	
fronteiriças	e	diminui	distâncias,	aproximando	mercados	e	pessoas.	A	globalização	também	au-
menta	a	concorrência	internacional,	pois	facilita	o	comércio	entre	empresas	de	diferentes	países	
e,	mais	recentemente,	entre	pessoas	e	pessoas	e	empresas	de	diferentes	países.
As	primeiras	empresas	multinacionais	começam	a	surgir	de	modo	significativo	ainda	na	década	
de	1920,	conforme	Frieden	(2008,	p.	183),	que	adiciona:	“A	liderança,	novamente,	era	dos	Estados	
Unidos,	e	o	automóvel,	mais	uma	vez,	foi	a	quintessência	desse	tipo	de	empresa.	Empresas	norte-
-americanas	estabeleceram,	ou	compraram,	milhares	de	subsidiárias	na	Europa,	no	Canadá	e	na	
América	Latina”.	Lentamente	o	modelo	das	multinacionais	(empresas	globais)	foi	ganhando	mais	
forma	e	expandindo	para	outros	segmentos,	constituindo	hoje,	ao	que	tudo	indica,	um	caminho	
sem	volta,	pois	há	além	de	empresas,	bancos	globais	que	funcionam	sob	esse	conceito.
Com	a	chegada	dos	anos	2000,	as	tecnologias	cibernéticas	ganham	des-
taque.	Termos	como	“nuvem”,	“big	data”	e	“smart”,	tornam-se	parte	do	co-
tidiano.	Eletroeletrônicos	sem	fio,	assim	como	a	internet	“wi-fi”,	tornam-se	
imprescindíveis.	 Conexões	 remotas	 por	 meio	 de	 um	 aparelho	 celular,	 por	
exemplo,	são	possíveis	tanto	entre	pessoas,	como	entre	pessoas	e	máquinas.	
Tudo	isso	faz	parte	do	que	começa	a	ser	chamado	de	4ª	Revolução	Industrial,	
quem	sabe	em	uma	nova	modalidade	de	capitalismo:	o	Capitalismo	Informa-
cional	ou	Capitalismo	Cognitivo.
Atualmente	vivemos	a	“Era	do	Grande	Enriquecimento”,	denominação	criada	pela	economista	
Deindre	McCloskey,	com	uma	economia	de	mercado	baseada	no	predomínio	da	 livre	 iniciativa;	
especulação	financeira;	crescente	investimento	em	ações,	inclusive	por	parte	de	pessoas	comuns	
e	famílias;	e	a	fusão	entre	empresas	e	entre	capital	bancário	e	industrial.	Na	contramão,	baixos	
salários	e	elevadas	taxas	de	desemprego	persistem.
Estudadas	as	três	fases	do	capitalismo	e	seus	contextos,	interessante	reparar	essa	sintética	linha	
do	tempo	representando	as	quatro	revoluções	industriais:
Recomendo	a	leitura	das	seções	“Trabalho	e	Educação”	e	“Trabalho	e	Gênero”	do	livro	“Gestão,	
Trabalho	e	Cidadania:	novas	Articulações”,	organizado	por	Pimenta	e	Corrêa	(2001),	para	reflexão	
acerca	de	questões	atuais	afetas	a	essas	temáticas.
PIMENTA,	S.M.;	CORRÊA,	M.L.	Gestão Trabalho e Cidadania: Novas	articulações.	Belo	Horizonte:	
Autêntica,	2001.
LEITURA
Fonte: Shutterstock.com
U
N
ID
A
D
E
 0
1
33 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
FIGURA 6 – REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS 
 
Fonte:	Shutterstock	(2020)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos	nesta	primeira	Unidade	da	disciplina	de	Demandas	Contemporâneas,	no	primeiro	item,	
um	breve	panorama	histórico	do	desenvolvimento	da	humanidade,	que	serviu	e	servirá	de	apoio	
em	nossos	estudos.
	O	segundo	tópico	apresentou	a	questão	econômica	da	modernidade	à	contemporaneidade	por	
meio	dos	principais	conceitos	e	funcionamento	organizacional.
Esses	dois	tópicos	viabilizam	a	discussão	e	reflexão	de	variadas	demandas	que	serão	apresen-
tadas	no	decorrer	desta	disciplina	e,	somadas	a	outros	conceitos	e	vieses	que	ainda	serão	vistos,	
possibilitarão	a	você	um	olhar	mais	amplo	e	apurado	na	análise	das	mais	variadas	demandas	con-
temporâneas	que	surgirem	em	seu	cotidiano	–	sejam	demandas	pessoais	ou	profissionais.
Com	base	em	tudo	o	que	vimos	nesta	Unidade	e	na	linha	do	tempo	da	Figura	6,	quais	as	principais	
mudanças	sofridas?
Evoluímos,	apenas	melhorando	ou	há	retrocessos?	Se	você	concorda	que	há	retrocessos,	enu-
mere	três	que	lhe	chamam	atenção.	Você	consegue	perceber	em	qual	momento	eles	passaram	a	
ocorrer?	Algo	tem	sido	feito	para	que	esses	retrocessos	cessem	ou	sejam	reduzidos?
REFLITA
U
N
ID
A
D
E
 0
1
34 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
A	análise	e	discussão	do	todo,	o	global	(macro),	deve	ser	aliada	às	questões	regionais	(micro)	e	
vice-versa.	Ora,	a	parte	não	se	dissocia	do	todo	e	o	todo	não	é	todo	sem	uma	parte.	Compreender	
qualquer	sistema	de	formageral	nos	permite	entender	que	qualquer	ação	gera	efeitos	que	impac-
tam	no	todo.	Essa	engrenagem	global	só	funciona	porque	mudanças	que	começam	de	modo	local	
vão,	com	o	passar	do	tempo	e	sucesso	do	movimento,	alterando	o	funcionamento	da	engrenagem	
até	quem	sabe	alterá-la	por	completo.	De	modo	geral,	normalmente	as	mudanças	são	para	melhor	
e	objetivando	o	progresso,	mas	retrocessos	fazem	parte	do	processo	e	é	com	relação	aos	perigos	
dos	retrocessos	que	devemos	estar	atentos	ao	pensar	qualquer	demanda	contemporânea.
A	próxima	Unidade	apresentará	a	visão	de	importantes	sociólogos	no	que	diz	respeito	à	Socio-
logia	e	à	sociedade;	além	de	pensar	questões	que	afetam	à	cidadania	e	variados	aspectos	do	meio	
ambiente.	Essa	Unidade	lhe	ajudará	na	formação	de	um	pensamento	mais	crítico	e	sistematizado	
para	a	formulação	de	questionamentos	e	reflexões	acerca	das	demandas	contemporâneas,	tiran-
do-o	do	lugar	comum	e	apresentando	ideias	e	métodos	científicos	de	estudo	que	fortalecerão	seus	
argumentos.
Vamos	juntos!
ANOTAÇÕES
UNIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
VÍDEOS DA UNIDADE
https://qrgo.page.link/bVccL https://qrgo.page.link/U7bgt https://qrgo.page.link/ZZESm
02
SOCIEDADE 
E CIDADANIA
 » 	Caracterizar	a	sociologia	de	Durkheim,	Marx	e	Weber	de	modo	a	compreender	
o	século	XIX	e	a	visão	da	sociedade	como	objeto.
 » 	Avaliar	as	mudanças	de	atitude	frente	à	natureza,	à	produção	e	ao	consumo,	a	
partir	do	Renascimento.
 » 	Elucidar	a	construção	da	cidadania	a	partir	dos	estudos	de	Thomas	Marshall.
U
N
ID
A
D
E
 0
2
36 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
INTRODUÇÃO
Olá!	Seja	bem-vindo	à	segunda	Unidade	da	disciplina	de	Demandas	Contemporâneas!
Na	Unidade	anterior	vimos	um	breve	panorama	histórico	da	humanidade	na	 Idade	Média	à	
Idade	Contemporânea,	bem	como	as	variadas	formas	de	capitalismo	em	paralelo	a	seu	contexto	
histórico-econômico	pautado	pelas	Revoluções.
Nesta	Unidade	analisaremos	mais	algumas	questões	basilares	à	discussão	de	demandas	con-
temporâneas;	também	começaremos	a	apontar	e	questionar	algumas	demandas,	o	que	seguirá	
com	maior	destaque	nas	próximas	duas	Unidades	da	disciplina.
O	primeiro	tópico	apresentará	a	Sociologia	em	Marx,	Durkheim	e	Weber,	com	o	objetivo	
de	que	se	compreenda	o	pensamento	desses	sociólogos	do	século	XIX	e	a	visão	da	sociedade	
como	objeto.
O	segundo	tópico	trará	questões	de	mercado	e	meio	ambiente	debatendo	questionamentos	re-
lativos	à	natureza;	à	produção;	e	ao	consumo,	sem	descuidar	da	contextualização	desses	conceitos	
atrelados	a	seus	principais	momentos	históricos	a	partir	do	Renascimento.
Por	fim,	o	terceiro	tópico	elucidará	a	construção	da	cidadania	a	partir	dos	estudos	realizados	
pelo	sociólogo	Thomas	Marshall,	mostrando	a	relevância	do	conceito.
Principalmente,	a	partir	desta	Unidade,	o	sucesso	na	disciplina	de	Demandas	Contemporâneas	
depende	de	você!
É	necessário	que	você	tenha	bem	estabelecidos	em	mente	os	períodos	históricos	e	suas	dife-
renças;	os	principais	fatos	históricos;	e	as	correntes	econômicas	e	sociais.	Com	esse	mapa	mental	
bem	definido,	você	terá	a	contextualização	das	demandas	contemporâneas,	o	que	facilitará	sua	
compreensão,	organização	e	debate	da	temática,	sempre	pautado	pela	equidade	–	objetivo	maior	
da	disciplina.
A	 compreensão	e	discussão	das	demandas	 contemporâneas	permitirá	 seu	desenvolvimento	
pessoal	e	profissional.	(Re)Pense	conforme	caminhamos.
Vamos	juntos!
1. ESTUDOS SOCIAIS: 
SOCIEDADE E SOCIOLOGIA
O	 termo	 “sociologia”,	 foi	 utilizado	 pela	 primeira	 vez	 pelo	 francês	 Auguste	 Comte	 (1798-
1857),	mas	apenas	com	Émile	Durkheim	–	considerado	um	dos	“pais	fundadores”	–	a	sociologia	
ganhou	status	de	disciplina	científica,	é	o	que	apresenta	Castro	(2014,	p.	19)	ao	relatar	como	
se	deu	esse	início:
U
N
ID
A
D
E
 0
2
37 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
O FRANCÊS ÉMILE DURKHEIM (1858-1917) FOI UM DOS PRINCIPAIS “PAIS FUN-
DADORES” DA SOCIOLOGIA COMO DISCIPLINA CIENTÍFICA. FOI PERSONAGEM 
FUNDAMENTAL DE SUA “INSTITUCIONALIZAÇÃO” NA FRANÇA – ISTO É, NA CRIAÇÃO, 
FORMALIZAÇÃO E CONTINUIDADE DA SOCIOLOGIA NO ESPAÇO ACADÊMICO. ESSE 
PROCESSO PASSOU PELA CRIAÇÃO DOS PRIMEIROS CURSOS, REVISTAS E DIPLOMAS 
DE SOCIOLOGIA. DURKHEIM OCUPOU A PRIMEIRA CADEIRA UNIVERSITÁRIA COM 
ESSE NOME (EM BORDÉUS, 1887) E FUNDOU, EM 1896, O L’ANNÉE SOCIOLOGIQUE 
(ANUÁRIO SOCIOLÓGICO), QUE SE TORNOU A PRINCIPAL REVISTA DE SOCIOLOGIA DA 
FRANÇA, DIVULGANDO O PENSAMENTO DA “ESCOLA” DURKHEIMIANA, QUE TEVE 
MUITOS DISCÍPULOS. ESSE NÃO FOI, TODAVIA, UM PROCESSO SIMPLES NEM FÁCIL. 
PARA FUNDAR A DISCIPLINA NA FRANÇA, DURKHEIM PRECISOU EM PRIMEIRO LUGAR 
SE DIFERENCIAR TANTO DE FILÓSOFOS QUE PUBLICARAM TEXTOS A RESPEITO DO 
QUE CHAMARAM TAMBÉM DE “SOCIOLOGIA”, COMO AUGUSTE COMTE E HERBERT 
SPENCER, BEM COMO DISPUTAR RECONHECIMENTO E LEGITIMIDADE COM CON-
TEMPORÂNEOS COMO GABRIEL TARDE E ARNOLD VAN GENNEP. ESSE PROCESSO 
ENVOLVEU TAMBÉM, E ACIMA DE TUDO, A DEFESA DA EXISTÊNCIA DE UM OBJETO 
EXCLUSIVA E PROPRIAMENTE SOCIOLÓGICO – O “FATO SOCIAL”, DISTINTO DO OBJETO 
DE OUTRAS ÁREAS DO CONHECIMENTO, COMO A BIOLOGIA, A FILOSOFIA, A PSICOLO-
GIA, O DIREITO, A ECONOMIA ETC. ESSE OBJETO DEMANDARIA A CODIFICAÇÃO DE UM 
MÉTODO ESPECÍFICO PARA TRATÁ-LO E DE UMA CIÊNCIA DISTINTA E AUTÔNOMA – A 
SOCIOLOGIA – PARA DESCOBRIR AS LEIS DE SEU FUNCIONAMENTO. 
O	fato	social	de	que	Durkheim	tratava	compreendia	a	sociedade	ou	parcelas	dela,	por	isso	a	
novidade	com	relação	às	ciências	até	então	existentes	à	época	(CASTRO,	2014).	Reside	nisso	tam-
bém	a	“crise	de	identidade”	–	conforme	define	Johnson	(1997)	–	da	Sociologia	enquanto	ciência.	
O	autor	explica	que	a	ideia	de	“sociedade”	é	bastante	genérica	para	definir	o	objeto	da	disciplina,	
por	isso	deve-se	pensar	em	“fato	social”.	Ora:
Além	dessa	compreensão	amplificada	de	sociedade	que	se	deve	ter,	também	não	cabe	diminuir	
o	objeto	da	sociologia	ao	estudo	de	grupos	ou	ao	estudo	do	comportamento	social	–	este	não	
porque	pode	 levar	à	 confusão	entre	 sociologia	e	psicologia;	aquele	não	porque	nem	tudo	que	
A DISCIPLINA É MUITAS VEZES DESCRITA COMO O “ESTUDO DA SOCIEDADE”, MAS 
ESSA DEFINIÇÃO EXCLUI A VASTA MAIORIA DE VIDA SOCIAL QUE OCORRE EM SIS-
TEMAS MUITO MENORES DO QUE SOCIEDADES. ESTUDOS DE GRUPOS, EMPRESAS, 
SALAS DE AULA E FAMÍLIAS DISFUNCIONAIS ESTÃO TODOS, EM ÚLTIMA HIPÓTESE, 
LIGADOS À SOCIEDADE, EMBORA POSSAMOS FORMULAR NUMEROSAS PERGUNTAS 
SOBRE ELES, SEM JAMAIS NOS REFERIRMOS AO MAIOR DOS SISTEMAS SOCIAIS 
NOS QUAIS ELES SE ENCARTAM. NA OUTRA EXTREMIDADE DO ESPECTRO, É OUVIDA 
A OBJEÇÃO DE QUE PROBLEMAS CADA VEZ MAIS INTERESSANTES OCORREM EM 
NÍVEIS MAIS AMPLOS DO QUE SOCIEDADES, EM NÍVEIS QUE ABRANGEM SISTEMAS 
ECONÔMICOS E POLÍTICOS MUNDIAIS 
(JOHNSON,	1997,	p.	217).
U
N
ID
A
D
E
 0
2
38 
UN
IB
RA
SI
L 
EA
D 
| D
EM
AN
DA
S 
CO
NT
EM
PO
RÂ
NE
AS
 
pode	ser	analisado	pela	sociologia	se	enquadra	no	critério	de	grupo,	como	por	exemplo,	sistemas	
econômicos	e	políticos	(JOHNSON,	1997).
Assim	sendo,	em	suma,	sociologia	estuda	também	a	sociedade,	mas	esse	não	é	seu	único	objeto,	
que,	em	verdade,	é	o	fato	social,	pois	este,	sim,	enquadra	sociedade	e	todo	o	restante	mencionado.
Neste	item	analisaremos	respectivamente	os	estudos	realizados	por	Marx,	Durkheim	e	Weber	–	a	
ordem	adotada	não	é	de	importância	(até	porque	não	há	razão	de	se	discutir	isso),	mas	cronológica	
de	nascimento,	bem	como	da	publicação	da	principal	obra	de	cada	um	deles,	critérios	que	coincidem.
O	estudo	desses	três	pensadores	e	de	suas	obras	é	de	extrema	relevância,	pois	são	conside-
rados	autores	clássicos.	Seus	trabalhos	inspiraram	e	inspiram	gerações	de	sociólogos	e	cientistas	
sociais,	sendo	considerados	os	principais	representantes	da	sociologia	histórica	1	–	pois	aliaram	
análises	desses	dois	ramos	para	realizar	seus	estudos	sociais	–,	além	de	serem	considerados	“pre-
cursores	da	sociologia	moderna”	(JOHNSON,	1997,	p.	218).
1	 	Sobre	o	objeto	da	sociologia	histórica,	Johnson	aponta:	“Atualmente,

Continue navegando