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8º Seminário de Inovação e Tecnologia do IFSul Eighth Innovation and Technology Seminar IFSul 5 a 7 de Novembro / November 5th to 7th, 2019 Sapucaia do Sul – RS – Brasil 1 ISSN 2446-7618 CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL ATRAVÉS DE ATAQUE QUÍMICO COLORIDO COM LEPERA PARA AÇO E FERRO FUNDIDO Silva, M.A.1 Wolfart Junior, M. 2 Lima, D. R. S. 3 Fogliatto, A. A. B. 4 Ozorio, M. J. C. 5 Pereira, L 6 1 Estud. Engenharia, Matheus Alves da Silva, IFC – Luzerna, matheus77.alvessilva@gmail.com. 2 Prof. Dr. Eng., Mario Wolfart Junior, IFC – Luzerna, mario.wolfart@ifc.edu.br. 3 Prof. Dr. Eng., Diego Rodolfo Simões de Lima, IFC – Luzerna, diego.lima@ifc.edu.br. 4 Prof. Dr. Eng., Aloysio Arthur Becker Fogliatto, IFC – Luzerna, aloysio.fogliatto@ifc.edu.br. 5 Prof. Me. Eng., Marcelo de Jesus Cevey Ozório, IFC – Luzerna, marcelo.ozorio@ifc.edu.br. 6 Estud. Mestrado, Leonardo Pereira, UFRGS – Porto Alegre, leonardo.pereira@ufrgs.br. Resumo A busca pelo aperfeiçoamento de ligas instiga o desenvolvimento de técnicas como a caracterização microestrutural para monitoramento do comportamento de suas microestruturas relacionados à responsabilidade mecânica. Possibilitando assim, a melhora da relação resistência mecânica / peso, exemplo de emprego muito utilizado na indústria automobilística. Entretanto, a caracterização microestrutural possibilita limitada observação de fases quando utilizadas com ataques químicos convencionais, tornando-se necessário o estudo de ataques especiais de diferenciação de microconstituintes. Quando controladas todas as variáveis e instabilidades do ataque, o reagente LePera se torna eficiente na identificação. Ele se encaixa no grupo dos ataques químicos coloridos pois possibilita a distinção e visualização de diferentes fases através da coloração. Diante disso, através de duas ligas (Aço bainítico austemperado e recozido, Ferro Fundido Nodular austemperado) e um conjunto de variáveis, foi verificado a eficiência do LePera na caracterização microestrutural de ligas multifásicas. Os procedimentos empregados foram: variação dos reagentes (I - 1g de metabissulfito de sódio em 100ml de água destilada e II - 6g de ácido pícrico em 100ml de álcool etílico) que formam a solução LePera, sem/com pré-ataque, tempo de ataque de 30s, imersão em água destilada, limpeza em agua corrente e secagem natural na posição vertical. A bainita apresentou tonalidade marrom, ferrita / ferrita bainítica tom azul – esverdeado, austenita retida e martensita coloração branca. Deste modo, é possível identificar através do LePera a influência de porcentagens de fases em propriedades mecânicas de distintas ligas. Palavras-chave: caracterização; microestrutural; ataque; químico; LePera. 8º Seminário de Inovação e Tecnologia do IFSul Eighth Innovation and Technology Seminar IFSul 5 a 7 de Novembro / November 5th to 7th, 2019 Sapucaia do Sul – RS – Brasil 2 ISSN 2446-7618 MICROSTRUCTURAL CHARACTERIZATION THROUGH TINT ETCHING WITH LEPERA FOR STEEL AND CAST IRON Abstract The search for alloy improvement promotes the development of techniques such as microstructural characterization to monitor the behavior of their microstructures related to mechanical responsibility. Thus, enabling the improvement of the mechanical strength / weight ratio, an example of employment widely used in the automotive industry. However, the microstructural characterization allows limited observation of phases when used with conventional etchings, making a necessity the study of special etchings of differentiation of microconstituents. When all etching variables and instabilities are controlled, the LePera reagent becomes efficient in identifying. The reagent fits into the group of tint etching becoming possible to distinguish and visualize different phases through staining. Therefore, through two alloys (annealed and austempered bainitic steel, austempered Nodular cast iron) and a set of variables, the efficiency of LePera in the microstructural characterization of multiphase alloys was verified. The procedures utilized were: variation of the reagents (I - 1g of sodium metabisulphite in 100ml of distilled water and II - 6g of picric acid in 100ml of ethyl alcohol) which will form the LePera solution, with/without pre-attack, 30s etching time, immersion in distilled water, cleaning under running water and natural drying in an upright position. The bainite presented brown color, blue - green bainitic ferrite / ferrite, retained austenite and martensite white color. Thus, it is possible to identify through LePera the influence of phase percentages on mechanical properties of different alloys. Key words: microstructural; characterization; etching; LePera. 1 INTRODUÇÃO Conseguir caracterizar ligas multifásicas é essencial para estabelecer a correlação entre propriedades mecânicas e as porcentagens de fases formadas de maneiras assimétricas e irregulares. Assim, é possível aprimorar as mais diversas ligas buscando melhoras de propriedades mecânicas. As ligas geralmente compostas por bainita, austenita retida e martensita são famosas por possuírem ótima relação entre dureza mecânica, tenacidade e resistência a fadiga (ABDALLA, 2006 (1); RAMOS et al., 2014 (2); ROCHA, ZOCH, 2017 (3)). Devido a essa ótima afinidade entre propriedades, essas ligas são comumente aplicadas para melhorar a relação resistência mecânica / peso, aonde, é possível substituir determinado componente que contém microestrutura comum por outra liga com característica multifásica (BHADESHIA, 2001 (4)). Com isso, é possível reduzir a espessura de determinado componente mantendo a mesma responsabilidade mecânica ou até mesmo superior. Entretanto, a capacidade de diferenciação microestrutural é bastante complexa na microscopia óptica. Esse empecilho é devido as ligas multifásicas apresentarem várias morfologias assimétricas e irregulares (GIRAULT et al., 1998 (5)), efeito da manutenção do tempo x temperatura nos tratamentos térmicos (COLPAERT, 2008 (6)). Mais comumente utilizadas, as ligas de aço e de ferro fundido necessitam de técnicas eficazes que apresentem ótima repetibilidade e 8º Seminário de Inovação e Tecnologia do IFSul Eighth Innovation and Technology Seminar IFSul 5 a 7 de Novembro / November 5th to 7th, 2019 Sapucaia do Sul – RS – Brasil 3 ISSN 2446-7618 precisão a fim de quantificar suas fases. No entanto, técnicas que não utilizam microscópio eletrônico de varredura (MEV) e que demonstram exatidão na identificação de diferentes fases são escassas, com isso, instituições que não dispõem de MEV, dificilmente controlam tal habilidade metalográfica. Um ataque químico atípico para caracterização microestrutural através da microscopia óptica é por intermédio da solução LePera. Esse reagente se enquadra no grupo dos ataques químicos tint etching, os quais possibilitam a distinção de fases através de diferentes colorações (ASTM E 407 (7)). Basicamente, durante o arrefecimento das ligas, as fases são originadas com relevos particulares, o LePera atua na superfície dessas ligas formando uma fina película de óxido (filme) com espessuras distintas de acordo com essas saliências (FUKUGAUCHI, 2010 (8)). Deste modo, através desse filme formado e com a refração da luz proporcionada por microscópios ópticos, é possível identificar as fases em diferentes colorações. A solução LePera foi criada em 1998 por LePera, aonde se consiste em dois reagentes combinados que formam a solução final (LEPERA, 1998 (9)). Solução essa, que possui a característica de demonstrar a bainita na tonalidade marrom, ferrita em tom azul-esverdeado, austenita retida juntamente com a martensita em tom branco (GIRAULT et al., 1998 (5); COLPAERT, 2008 (6); FUKUGAUCHI, 2010 (8); SILVA, M. A. et al, 2019 (10); Pereira, Garcia e Hashimoto, 2002 (11)). No entanto, apesar do LePera ter sido criado em 1998, ele é pouco empregadona caracterização microestrutural. O pouco beneficiamento da distinção de microconstituintes proporcionadas por ele se justifica por conta de sua alta instabilidade, sendo altamente instável a diversas variações como: composição química da liga e dos reagentes, proporção dos reagentes, método de secagem, pré-ataque, tempo de ataque, temperatura e umidade relativa do ar (FUKUGAUCHI, 2010 (8)). Essa instabilidade ocasiona em ineficácia de distinção das fases o que torna inviável a utilização da solução. Todavia, usufruindo de bibliografias pontuais e escassas, é possível encontrar sugestões de aprimoramento do LePera. SILVA, M. A. et al, 2019 (10), exemplifica o processo de formação do filme com o LePera a partir de uma série de metodologias com o intuito de eliminar varáveis prejudiciais a formação do filme, são elas: alterações da proporção do LePera modificado (I - 1g de metabissulfito de sódio em 100ml de água destilada e II - 6g de ácido pícrico em 100ml de álcool etílico), sem pré-ataque, tempo de ataque químico de 30s e cessado com imersão em água destilada, limpeza em água corrente e secagem natural na posição vertical. Ainda, segundo diferentes autores (GIRAULT et al., 1998 (5); COLPAERT, 2008 (6); FUKUGAUCHI, 2010 (8); SILVA, M. A. et al, 2019 (10)), é necessário fazer a alteração das proporções dos reagentes que constituem o LePera, se demonstrar predominância da coloração marrom, aumenta- se a proporção do reagente I, se ao contrário, houver predominância da coloração azul, eleva-se a proporção do reagente II. Essa alternância entre as proporções dos reagentes é essencial, pois normalmente, os ataques químicos são realizados em distintas ligas e em diferentes condições de temperatura e umidade relativa do ar. Em vista disso, teoricamente é possível a utilização do LePera para a caracterização microestrutural de diferentes ligas através da microscopia óptica. Portanto, o propósito deste artigo é realizar o teste de eficácia do LePera quando aplicadas em distintas microestruturas e ligas multifásicas, assim, possibilita- se a quantificação de distintas fases através da microscopia óptica. Para tal procedimento, foi utilizado o aço bainítico DIN 18MnCrSiMo64 e um ferro fundido nodular. Ambas microestruturas foram analisadas em estado austemperado e 8º Seminário de Inovação e Tecnologia do IFSul Eighth Innovation and Technology Seminar IFSul 5 a 7 de Novembro / November 5th to 7th, 2019 Sapucaia do Sul – RS – Brasil 4 ISSN 2446-7618 também feita a análise do aço em estado recozido. Basicamente, o tratamento térmico de austêmpera tem a finalidade de obtenção da bainita e outras fases, possibilitando boa relação entre propriedades mecânicas (COLPAERT, 2008 (6)), já o recozimento, consiste em conceder uma microestrutura propícia para a usinagem ou modificar outras características da liga (CHIAVERINI, 1977 (12)). 2 MATERIAIS E MÉTODOS Através de metodologias indicadas por bibliografias, foi realizado procedimentos para a verificação da eficiência da solução LePera em diferentes microestruturas. Essas microestruturas foram avaliadas a partir do aço bainítico DIN 18MnCrSiMo64 (em estado austemperado e recozido) e um ferro fundido nodular (em estado austemperado). As ligas demonstram diferentes composições químicas, processos de fabricação e tratamentos térmicos de austêmpera, sendo evidenciados a partir da Tabela 1 e Tabela 2 respectivamente. Para o tratamento térmico de recozimento da liga DIN 18MnCrSiMo64, utilizou-se o próprio estado da liga conforme recebido de fabricação após o processo de laminação. Tabela 1. Composição química das ligas DIN 18MnCrSiMo64 e ferro fundido nodular. Elementos químicos identificados (%) no Laboratório de Metalurgia Física - LAMEF DIN 18MnCrSiMo64 C Si Mn P S Ni Cr Cu Mo Al Sn Fe 0,189 1,16 1,35 0,0097 0,0147 0,0582 1,14 0,0901 0,263 0,0136 - Balanço Ferro Fundido Nodular C Si Mn P S Ni Cr Cu Mo Mg Sn Fe 3,56 2,30 0,32 0,021 0,07 0,53 0,03 0,66 0,18 0,034 0.02 Balanço Fonte: os autores. Tabela 2. Condição de fabricação das ligas DIN 18MnCrSiMo64 e ferro fundido nodular e seus processos de austêmpera. Liga DIN 18MnCrSiMo64 Ferro Fundido Nodular Condição de fabricação Laminado Bruto de fusão Tratamento térmico de austêmpera i. Austenitização à 900 ºC durante 30 minutos; ii. Austêmpera 335ºC por 30 minutos; iii. Arrefecimento. i. Austenitização à 860ºC durante 90 minutos; ii. Austêmpera 320°C por 10 minutos; iii. Austêmpera 380°C por 60 minutos; iv. Arrefecimento. Fonte: os autores. 8º Seminário de Inovação e Tecnologia do IFSul Eighth Innovation and Technology Seminar IFSul 5 a 7 de Novembro / November 5th to 7th, 2019 Sapucaia do Sul – RS – Brasil 5 ISSN 2446-7618 Para a metalografia, foram preparadas amostras de acordo com a ASTM E3. Conforme sugerido por SILVA, M. A. et al, 2019 (10), as amostras foram limpas repetidas vezes com água destilada a fim de evitar qualquer contaminação da solução LePera. Ainda conforme recomendado (SILVA, M. A. et al, 2019 (10)), os dois reagentes que formam o LePera, foram mantidos em aproximadamente 0ºC e combinados instantes antes da realização do ataque químico. Tanto a composição química utilizada do LePera quanto o processo utilizado para o ataque químico, seguiram a metodologia evidenciada por SILVA, M. A. et al, 2019 (10) através da Tabela 3 e Tabela 4 respectivamente. Para fins comparativos com o filme formado pelo LePera, foi realizado ataque químico com regente comum (nital 2%) em ambas as ligas. Tabela 3. Modificação da composição química do LePera evidenciada por SILVA, M. A. et al, 2019(10). Solução Final Reagente I Reagente II Proporção testada LePera modificado (LePera²) 1g de metabissulfito de sódio em 100ml de água destilada 6g de ácido pícrico em 100ml de álcool etílico Variação Fonte: Adaptado de SILVA, M. A. et al, 2019 (10). Tabela 4. Metodologia de ataque químico evidenciado por SILVA, M. A. et al, 2019 (10). Ataque químico Solução utilizada Proporção dos reagentes I e II Pré - Ataque Tempo de ataque Método de interrupção do ataque Limpeza pós cessar o ataque Método de secagem / posição das amostras J LePera² Variação - 30s Imersão em água destilada Água corrente Natural/ vertical Fonte: Adaptado de SILVA, M. A. et al, 2019 (10). Diferentes autores (COLPAERT, 2008; FUKUGAUCHI, 2010; GIRAULT et al., 1998; SILVA, M. A. et al, 2019 (10)), destacam que é necessário a variação de proporção dos reagentes I e II. Essas variações são devido a diferentes composições químicas das ligas e condições de temperaturas e umidades relativas do ar, o que explica a variação de proporção descrita na Tabela 4. Por fim, mediante a utilização do microscópio óptico OPTIKA B- 1000MET e dispondo de aumento de 500x, foi possível visualizar as microestruturas de ambas as ligas. Ainda, através do software OptikaView7, foram capturadas fotos dos microconstituintes para serem analisados. 8º Seminário de Inovação e Tecnologia do IFSul Eighth Innovation and Technology Seminar IFSul 5 a 7 de Novembro / November 5th to 7th, 2019 Sapucaia do Sul – RS – Brasil 6 ISSN 2446-7618 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Inicialmente, foi realizado ataque químico com reagente comum (nital 2%) em ambas as ligas conforme demonstrado na sequência de figuras (Figura 1 a Figura 3) para fins comparativos com o filme formado com o LePera. Figura 1. Aço DIN 18MnCrSiMo64 recozido, ataque químico Nital 2%, aumento 500x. Fonte: Os autores. Figura 2. Aço DIN 18MnCrSiMo64 austemperado, ataque químico Nital 2%, aumento 500x. Fonte: Os autores. Figura 3. Ferro Fundido Nodular austemperado, ataque químico Nital 2%, aumento 500x. Fonte: Os autores. Através da sequência de figuras acima, é notada a ineficiência dos reagentes comuns na distinção defases através de microscopia óptica. Não há clareza das fases presentes, o que impossibilita qualquer quantificação microestrutural, sendo notado apenas, diferentes morfologias assimétricas e irregulares. Deste modo, 8º Seminário de Inovação e Tecnologia do IFSul Eighth Innovation and Technology Seminar IFSul 5 a 7 de Novembro / November 5th to 7th, 2019 Sapucaia do Sul – RS – Brasil 7 ISSN 2446-7618 justifica-se a necessidade de estudo de outros reagentes que possuem capacidade de diferenciação dos microconstituintes. A partir da próxima sequência de figuras (Figura 4 a Figura 9), é demonstrado os resultados obtidos com o reagente LePera, onde os resultados que demonstraram eficiência na distinção de fases possuem a seguinte identificação: B – bainita, F – ferrita, FB – ferrita bainítica, MA – austenita retida/martensita. Figura 4. Aço DIN 18MnCrSiMo64 recozido, ataque químico LePera² 1:1, aumento 500x. Fonte: Os autores. Figura 5. Aço DIN 18MnCrSiMo64 recozido, ataque químico LePera² 1:2, aumento 500x. Fonte: Os autores. Figura 6. Aço DIN 18MnCrSiMo64 austemperado, ataque químico LePera² 1:1, aumento 500x. Fonte: Os autores. Figura 7. Aço DIN 18MnCrSiMo64 austemperado, ataque químico LePera² 1:1 com adição de pré-ataque (nital 2%), aumento 500x. Fonte: Os autores. 8º Seminário de Inovação e Tecnologia do IFSul Eighth Innovation and Technology Seminar IFSul 5 a 7 de Novembro / November 5th to 7th, 2019 Sapucaia do Sul – RS – Brasil 8 ISSN 2446-7618 Figura 8. Ferro fundido nodular austemperado, ataque químico LePera² 1:1, aumento 500x. Fonte: Os autores. Figura 9. Ferro fundido nodular austemperado, ataque químico LePera² 2:1, aumento 500x. Fonte: Os autores. A Figura 4 é proveniente do aço bainítico DIN 18MnCrSiMo64 recozido, o qual através da metodologia descrita por bibliografia foi possível encontrar um resultado satisfatório com o LePera² em proporção 1:1. A bainita demonstrou tonalidade marrom, ferrita e ferrita bainítica tonalidade azul, austenita retida/martensita tonalidade branca. Sendo assim, é possível identificar a baixa formação de ferrita, alta formação de ferrita bainítica, média formação de bainita e pontos de austenita retida/martensita. Contudo, em busca de maior homogeneidade da coloração azul devido a essa tonalidade ter demonstrado regiões escuras e claras, alterou-se a proporção dos reagentes para 1:2. A Figura 5 demonstra a microestrutura com esta variação de proporção. A alteração da proporção dos reagentes da Figura 4 evidenciada na Figura 5 conseguiu homogeneizar a coloração azul, porém, demonstrou regiões super atacadas quimicamente, contornos das fases escurecidos e pontos de corrosão impossibilitando a caracterização microestrutural. A Figura 6 é referente ao aço bainítico DIN 18MnCrSiMo64 austemperado, aonde, seguindo a mesma metodologia da Figura 4, foi possível identificar as fases com distintas colorações: bainita em tom marrom, ferrita e ferrita bainítica em tom esverdeado, austenita retida/martensita em tom branco. Para o aço austemperado, é notório a não formação de ferrita, alta formação de ferrita bainítica, média formação de bainita e alta formação de austenita retida/martensita. Na Figura 6, em comparativo com a Figura 4, a coloração da ferrita bainítica demonstrou tom mais esverdeado devido a diferentes temperaturas e umidades relativas do ar nos distintos ensaios, característica do LePera (SILVA, M. A. et al, 2019 (10)). A Figura 6 demonstra também a má realização do tratamento térmico de austêmpera, pois não há homogeneidade na formação da austenita retida/martensita em toda a microestrutura. Devido as extremidades da Figura 6 terem demonstrado diferentes facilidades para revelar a austenita retida, a partir da Figura 7, foi realizado a mesma metodologia da Figura 6, porém com adição de pré-ataque. 8º Seminário de Inovação e Tecnologia do IFSul Eighth Innovation and Technology Seminar IFSul 5 a 7 de Novembro / November 5th to 7th, 2019 Sapucaia do Sul – RS – Brasil 9 ISSN 2446-7618 A adição de pré-ataque conforme demonstrado na Figura 7, facilitou a visualização da austenita retida/martensita, porém impossibilitou a identificação da bainita. Ainda, a maior homogeneidade de austenita retida/martensita evidenciada é devido a Figura 7 ter sido retirada na região central da amostra enquanto para a Figura 6, retirada da extremidade. De mesmo modo, dispondo das metodologias da Figura 4 e Figura 6, também foi possível encontrar uma formação satisfatória do LePera no ferro fundido nodular (Figura 8). As colorações foram semelhantes a Figura 6: bainita em tom marrom, ferrita e ferrita bainítica em tom esverdeado, austenita retida/martensita em tom branco. Além das fases, há presença dos nódulos, o que é característico do ferro fundido nodular. Para esta liga, nota-se: pouca formação de ferrita, alta formação de ferrita bainítica, média formação de bainita, moderada formação de austenita retida/martensita e presença de nódulos. Buscando aperfeiçoar a coloração da bainita, tornando assim mais intuitivo a distinção da austenita retida/martensita para esta liga, adotou-se a mudança de proporção demonstrada na Figura 9. A alternância para 2:1 do LePera escolhida para a Figura 9 se deve ao fato das influências dos reagentes na coloração, se muito marrom aumenta-se a proporção do reagente I, se ao contrário, aumenta-se a proporção do reagente II (GIRAULT et al., 1998 (5); COLPAERT, 2008 (6); FUKUGAUCHI, 2010 (8); SILVA, M. A., 2019 (10)). Contudo, a Figura 9 não possibilitou melhor distinção microestrutural em relação a Figura 8. Ao contrário, a alteração da proporção ocasionou uma superfície super atacada quimicamente contendo pontos de corrosão impossibilitando, assim, a distinção microestrutural de forma evidente. 4 CONCLUSÃO Dispondo de distintas ligas (aço bainítico DIN 18MnCrSiMo64 e ferro fundido nodular), foi possível avaliar a repetibilidade e precisão do reagente LePera. Foi analisado o aço em estado recozido e austemperado, para o ferro fundido nodular, foi testado em estado austemperado. Todas as ligas demonstraram exatidão quando submetidas a mesma metodologia: LePera² na proporção 1:1, sem pré-ataque, tempo de ataque químico de 30s e cessado com imersão em água destilada, limpeza em água corrente e secagem natural na posição vertical. As ligas demonstram: a) DIN 18MnCrSiMo64 recozido: pouca formação de ferrita em tom azul, alta formação de ferrita bainítica em tom azul, moderada formação de bainita em tom marrom, pontos de austenita retida/martensita em tom branco. b) DIN 18MnCrSiMo64 austemperado: sem formação de ferrita, alta formação de ferrita bainítica em tom esverdeado, moderada formação de bainita em tom marrom, alta formação de austenita retida/martensita em tom branco. c) Ferro fundido nodular austemperado: pouca formação de ferrita em tom esverdeado, alta formação de ferrita bainítica em tom esverdeado, moderada formação de bainita em tom marrom, média formação de austenita retida/martensita em tom branco e presença de nódulos. Foi evidenciado a variação da coloração da ferrita / ferrita bainítica, podendo se demonstrar tanto na coloração azul quanto esverdeado, variações devido a diferentes temperaturas e umidades relativas do ar. 8º Seminário de Inovação e Tecnologia do IFSul Eighth Innovation and Technology Seminar IFSul 5 a 7 de Novembro / November 5th to 7th, 2019 Sapucaia do Sul – RS – Brasil 10 ISSN 2446-7618 A alternância das proporções dos reagentes que formam o LePera testados não se demonstraram eficazes, mas é uma técnica útil quando os ataques químicos são realizados em distintos dias e em diferentes ligas. A adição de pré-ataque possibilita melhor visualização da tonalidade branca, podendo assim, ser utilizada quando há dificuldade em visualizar os contornos da austenita retida/martensita.Porém, o pré-ataque impossibilita a caracterização da bainita. Conforme esperado, a distinção da austenita retida/martensita só é possível realizar através do MEV, mas notar a presença em meio a outras fases é possível através do LePera em microscópio óptico. Em vista disso, quando o ataque químico com o LePera é realizado com cuidado e seguindo metodologia específica, é possível fazer a distinção de fases através de microscopia óptica. E, se desenvolvido técnicas eficazes de quantificação microestrutural, dispondo do LePera se torna fácil realizar a correlação entre propriedades mecânicas e seus microconstituintes. Agradecimentos Ao Laboratório de Ensaios Mecânicos e Metalúrgicos – LABEMM, o qual cedeu ambiente adequado a realização e análise dos ensaios. Ao Instituto Federal Catarinense – Campus Luzerna, responsável por financiar os gastos. Ao programa BRAGECRIM e Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre, por programas de iniciação científica REFERÊNCIAS 1 ABDALLA, A.J. et.al, 2006, “Formação da fase bainítica em aços de baixo carbono”, Revista Brasileira de Aplicações de Vácuo, Guaratinguetá, p.175-181, 23 ago. 2006. Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.sbvacuo.org.br/rbav/index.php/rbav/article/view/64. Arquivo capturado em 15 de julho de 2018, às 14h 00. 2 RAMOS, D.S. et al., 2014, “Efeito da composição química na cinética e morfologia da transformação bainítica em aços de alto carbono contendo teores variáveis de Si, Mn e Ni”. 21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, Cuiabá, MT, Brasil. Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.metallum.com.br/21cbecimat/CD/PDF/304-080.pdf. Arquivo capturado em 07 de julho de 2018, às 17h 00. 3 ROCHA, A.S. e ZOCH, H.W., 2017, “Manufatura Energicamente Eficiente para Aços Bainíticos Avançados Baseada no Processo Termomecânico”, 2017. 20 f. - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 4 BHADESHIA, S.R. et al., 2001, “Emprego dos Aços bainíticos”, University Of Cambridge: Bainite in Steels, Cambridge. Disponível na internet via WWW. URL: https://www.phase-trans.msm.cam.ac.uk/port/bainitepk.html. Arquivo capturado em 20 de julho de 2018, às 10h 00. 5 GIRAULT, E. et al, 1998,” Metallographic Methods for Revealing the Multiphase Microstructure of TRIP-Assisted Steels”, Materials Characterization, Vol. 40, no. 2, p. 111-118. Disponível na internet via WWW. 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Arquivo capturado em 20 de dezembro de 2018. 9 LePera, F.S., 1998, “Improved Etching Technique to Emphasize Martensite and Bainite in High-Strenght Dua-Phase Steel”, Journals of Metals, v.32, p38-9. Disponível na internet via WWW. URL: https://www.academia.edu/36860107/Lepera. Arquivo capturado em 19 de dezembro de 2018. 10 SILVA, M. A. et al, 2019, “Caracterização microestrutural de aço multifásico bainítico para forjamento com o reagente LePera”, 39º SENAFOR – 23ª Conferência Internacional de Forjamento – Brasil, 4 de outubro de 2019. ANAIS SENAFOR SEMINARIO NACIONAL DE FORJAMENTO, Código ISSN 2674-841X. 11 PEREIRA, M.S., GARCIA, P.E.L. e HASHIMOTO, T.M., 2002, “Metallographic Procedure to Microstructural Characterization of a Multiphase Steel Applied to Pipelines Industry by Optical Microscopy”, Microscopy and Microanalysis, v. 8, n. SUPPL. 2, p. 1328-1329, 2002. Disponível na internet via WWW. URL: ://hdl.handle.net/11449/67021. 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