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Revista Científica UNAR (ISSN 1982-4920), Araras (SP), v.16, n.1, p.222-232, 2018. 
 
 
 
A FUNÇÃO DIAGNÓSTICA DA AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 
 
Marcia Maria Broetto UHLMANN ¹ 
Eva Sandra Monteiro CIPOLA² 
Ademir Pinto Adorno de Oliveira JÚNIOR³ 
 
RESUMO 
 
 O presente Artigo tem por finalidade defender a necessidade de se buscar através de avaliação 
e do diagnóstico psicopedagógico, subsídios para uma intervenção junto ao aluno com intuito 
de identificar os fatores que desencadeiam as dificuldades de aprendizagem e identificar quais 
são as soluções possíveis de cunho psicopedagógico, identificando as necessidades de trabalhos 
multidisciplinares, levantando questões e sugerindo posturas. Proporcionar novas ideias para 
que se evidencie de fato a psicopedagogia como área de atuação voltada para complexos 
processos de aprendizagem. Apresentar a função da avaliação diagnóstica psicopedagógica, 
como investigação do indivíduo na busca de entender a origem da dificuldade ou distúrbio 
apresentado, com destaque para o trabalho em conjunto com as pessoas envolvidas com o aluno, 
com os recursos utilizados para diagnóstico e intervenção e a conclusão final frente ao problema 
apresentado pelo aluno. 
 
PALAVRAS CHAVE: Diagnóstico, aprendizagem, dificuldade. 
 
Abstract: The present article aims to defend the need to seek through evaluation and diagnosis 
psycho, allowances for an intervention with the student in order to identify the factors that 
trigger learning difficulties and identify what are the possible solutions of imprint psycho, 
identifying the needs of multidisciplinary work, raising issues and suggesting postures. Provide 
new ideas for that evinces the psychopedagogy as seating areas facing complex processes of 
learning. Introduce the function of the psycopedagogical diagnostic evaluation, such as 
investigation of the individual in seeking to understand the origin of the difficulty or disorder 
presented, with emphasis to the work in conjunction with the people involved with the student, 
with the resources used for diagnosis and intervention, and the final conclusion facing the 
problem presented by the student. 
KEY WORDS: Diagnosis, learning, difficulty. 
INTRODUÇÃO: 
 
A educação faz parte da especificidade humana, um ato de intervenção no mundo. Diz respeito 
à cidadania. 
Segundo Freire (2009), “a educação não é transferência de conhecimentos, mas criação de 
possibilidades para a sua própria produção ou construção”. 
 
 
¹Pedagoga, formada pelo Centro Universitário de Araras Dr. Edmundo Ulson – Unar, Acadêmica de Pós 
Graduação em Psicopedagogia com Ênfase em Educação Especial – Unar. marciabroetto@hotmail.com 
² Coordenadora e orientadora dos cursos de Pós Graduação e MBA do UNAR . e-mail: 
eva.cipola@unar.edu.br. 
³ Coorientador 
 
mailto:marciabroetto@hotmail.com
UHLMANN et al (2018) 
Revista Científica UNAR, v.16, n.1, 2018. 223 
 
 
 
 
 
 
Aprendizagem não é um meio para se obter outra coisa. É um fim em si mesmo. Nós humanos 
nascemos carentes. Somos os mais indefesos da espécie animal. 
Como todo bebê nasce imaturo biologicamente, sem os mínimos recursos próprios para 
sobreviver, precisa de outro humano que o ensine, que o reconheça como semelhante, que 
queira e que acredite que pode aprender. Todo aprender é problemático, porque inclui, no 
mínimo, três sujeitos: “o aprendente”, “o ensinante” e o sujeito social (a sociedade na qual está 
inserido). 
 A aprendizagem ocorrerá de acordo com o ambiente, mais ou menos favorável no qual a 
criança se desenvolve. 
Se falamos de dificuldades de aprendizagem, falamos de dificuldades no ou para o meio 
familiar, e ou educativo. 
A psicopedagogia é um campo de conhecimento e atuação que trata de problemas de 
aprendizagem considerando a influência da família, da escola e da sociedade no 
desenvolvimento do sujeito, tendo como papel inicial o estudo do processo de aprendizagem, 
diagnóstico e tratamento dos seus obstáculos através da compreensão do indivíduo em suas 
várias dimensões para ajudá-lo a reencontrar seu caminho, superar as dificuldades que impeçam 
seu desenvolvimento harmônico e que estejam constituindo um bloqueio de comunicação dele 
com o meio que o cerca. 
De acordo com Bossa (2000) o psicopedagogo também pesquisa as condições para que se 
produza a aprendizagem do conteúdo escolar, identificando quais são os obstáculos e os 
elementos que facilitam, quando se trata de uma abordagem preventiva. 
Dessa forma o trabalho de investigação e intervenção do psicopedagogo para intervenção no 
que está prejudicando o indivíduo é essencial. 
A função diagnóstica da avaliação serve como instrumento auxiliar da aprendizagem e não 
como instrumento de aprovação ou reprovação. 
Luckesi (1999) define avaliação da aprendizagem como um ato amoroso com sentido que a 
avaliação por si só deve ser um ato acolhedor e inclusivo, que integra, diferentemente do 
julgamento puro e simples, que não dá oportunidades, distingue apenas, o certo do errado 
partindo de padrões predeterminados. Assim, o verdadeiro papel da avaliação visa à inclusão, 
não à exclusão. 
 
Além disso, a avaliação deve ir além da sala de aula; diversos aspetos dos discentes devem ser 
levados em conta, como seus resultados em trabalhos individuais ou em grupo, em âmbitos 
afetivos, cognitivos, sociais, dentre outros. O exame desses elementos constitui um processo 
global que deve envolver todo o histórico escolar. 
O psicopedagogo, com sua visão diferenciada no contexto escolar, pode promover e 
desenvolver esse trabalho em equipe com todos os participantes do processo. 
UHLMANN et al (2018) 
Revista Científica UNAR, v.16, n.1, 2018. 224 
 
 
 
 
 
Segundo Bossa (2000), “a Psicopedagogia no Brasil hoje é uma área que estuda e lida com a 
aprendizagem e suas dificuldades e, numa ação profissional, deve englobar vários campos do 
conhecimento, integrando-os e sintetizando-os”. 
O sistema educativo que engloba tanto a instituição escolar como a família necessita de auxílio 
para compreender as diferenças individuais do sujeito, levando em conta seus interesses, 
aspectos cognitivos, afetivos e biológicos que interferem e atuam diretamente em sua 
individualidade e aprendizado. 
Conforme já citado, segundo Luckesi (1999) avaliar é um ato amoroso. Portanto, a avaliação 
tem grande significado para o professor; por meio dela ele pode reconhecer a importância de 
acolher os acertos e erros do aluno para ajudá-lo a progredir. Faz parte da tarefa docente não 
apenas ensinar conteúdos, mas ensinar a refletir, compreender a realidade e participar das suas 
mudanças. 
Nesse sentido, a avaliação psicopedagógica nos permite dispor de informações relevantes não 
apenas em relação ás dificuldades apresentadas por um determinado aluno ou grupo de alunos, 
por um professor ou alguns pais, mas também as suas capacidades e potencialidades. Desse 
modo, não falamos de deficiências nem de dificuldades, mas sim de necessidades educativas 
dos alunos que, necessariamente, devem ser traduzidas em situações passíveis de melhora e na 
concretização de auxílio e suporte. 
O psicopedagogo pode promover e desenvolver esse trabalho em equipe com todos os 
participantes do processo pode identificar possíveis causas de problemas com fatores orgânicos, 
psicológicos e sociais, entre outros, e elaborar junto aos docentes um plano de prevenção, 
utilização de recursos, métodos, conteúdos e objetivos a serem abordados para que a autoestima 
dos alunos e seus conhecimentos sejam valorizados, gerando bem-estar no ambiente escolar. 
 
A FUNÇÃO DIAGNÓSTICA DA AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 
 
O trabalho de Educação Escolar se desenvolve através do processo ensino/aprendizagem e de 
todos os seus determinantes, sendo assim há um ponto muito importante na prática 
psicopedagógica que é a busca do diagnóstico do porquê da criança (s) ou adolescente (s) não 
conseguirem aprenderdentro dos padrões pré-estabelecidos pela escola, família e sociedade. 
Quando remetemos ás dificuldades ou problemas de aprendizagem, alguns aspectos tem que 
ser levados em conta como : a constituição do sujeito (física, psicológica, necessidades 
especiais, afecções cerebrais – lesões herdadas ou adquiridas por distúrbios metabólicos, 
cromossômicos, etc); o desejo do sujeito (motivação pessoal, familiar ou social); a família do 
sujeito (estrutura e dinâmica familiar, nível de autonomia na família, nível sociocultural, 
relação da família com a escola e papéis assumidos na configuração familiar); e a escola 
(estrutura, organização material, de conteúdo e pessoal). 
Dessa forma o cabe ao psicopedagogo vasculhar cada “canto” da pessoa, enxergando não 
apenas o que a criança mostra, mas saber perceber que a mesma pode ter algum problema 
imperceptível que está dificultando sua aprendizagem e saber conduzi-la a outros profissionais 
como psicólogos, fonoaudiólogos, neurologistas, etc., com intuito de investigar múltiplos 
fatores que influenciam o não aprender dessa criança. 
UHLMANN et al (2018) 
Revista Científica UNAR, v.16, n.1, 2018. 225 
 
 
 
 
 
O psicopedagogo é como um detetive que busca pistas, procurando 
solucioná-las, pois algumas podem ser falsas, outras irrelevantes, mas 
a sua meta fundamental é investigar todo o processo de aprendizagem 
levando em consideração a totalidade dos fatores nele envolvidos, para 
valendo-se desta investigação entender a constituição da dificuldade de 
aprendizagem (RUBINSTEIN, 1987, p. 51). 
 
É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias que serão 
ou não confirmadas ao longo do processo, porém uma vez iniciado esse processo, deve-se 
lançar mão de todos os instrumentos diagnósticos necessários. 
Essa busca terá o intuito de descobrir as razões que impedem o sujeito de aprender, situação 
essa levantada por uma queixa seja do educador, da família, da escola ou até mesmo do 
próprio sujeito. 
Caberá, portanto, ao psicopedagogo “ouvir” essa queixa, analisá-la, interpretá-la e seguir com 
seu processo de avaliação como função diagnóstica na busca em atender as necessidades 
educativas traduzidas em situações passíveis de melhora e com a concretização de auxílio e 
suporte. 
 
OS RECURSOS PARA DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 
 
Conforme Vygotsky (1993) o que decidirá o destino e a personalidade de uma criança será sua 
realização sócio-pedagógica. 
Nesse contexto o trabalho psicopedagógico será de extrema importância aliado ao espaço social 
oferecido pela escola, afinal as potencialidades não nascem prontas, é o meio social que vai 
ajudar o sujeito a encontrá-las e desenvolvê-las. 
Para tanto os profissionais de psicopedagogia precisam ter ciência da importância de seu 
trabalho como agente facilitador, aos educadores, por meio de uma avaliação diagnóstica 
adequada ao educando para promover os suportes necessários para minimizar ou sanar as 
problemáticas que desencadeiam a deficiência em aprendizagem. 
Para a realização da avaliação diagnóstica não existe um modelo pronto, já que o sujeito é 
composto de aspectos cognitivos, afetivos, sociais, pedagógicos e corporais, portanto, devendo 
ser tratado como um todo e não por partes. 
Rubstein (1996) destaca que o psicopedagogo pode usar como recursos a entrevista com a 
família investigando o motivo da queixa, conhecer melhor a história de vida da criança através 
da realização da Anamnese, entrevistar também o sujeito, a escola e outros profissionais que 
atendam a criança, mantendo sempre os pais cientes sobre o estado atual da criança e da 
intervenção que está sendo realizada bem como da necessidade se houver, da intervenção de 
outros profissionais, onde caberá ao pscicopedagogo o encaminhamento. 
UHLMANN et al (2018) 
Revista Científica UNAR, v.16, n.1, 2018. 226 
 
 
 
 
 
Já Bossa (2000) aponta outros recursos e metodologias, como as Provas de Inteligência (WISC); 
Avaliação perceptomorota (Teste de Bender); Teste de Apercepção Temática (TAT); Teste de 
Apercepção Infantil (CAT); Avaliação de nível Pedagógico (nível de escolaridade); Provas de 
nível de pensamento (Piaget); desenho da família; da figura humana; Testes psicomotores; 
Estruturas rítmicas; Lateralidade, etc. 
Ou seja, existem diferentes modelos de sequência diagnóstica, mas no presente Artigo 
trabalharemos com a propositura do modelo desenvolvido por Weiss (1992) cujas etapas de 
avaliação diagnóstica compreendem: 1) Entrevista Familiar Exploratória Situacional (E.F.E.S); 
2) Entrevista da Anamnese; 3) Sessões Lúdicas centradas na aprendizagem; 4) Provas e testes; 
5) Síntese Diagnóstica – Prognóstico; 6) Entrevista de Devolução e Encaminhamento. 
Estas etapas podem ser modificadas quanto a sua sequência, e maneira de aplicá-las, como, por 
exemplo, entrevistas separadas para casais separados que não se relacionam amigavelmente; 
duas Anamneses, uma no início e outra antes da devolução, quando há necessidade de maior 
investigação junto à família; primeira sessão com o sujeito, no caso de adolescentes; sessões 
lúdicas com membros da família convocados, quando há necessidade de analisar a relação entre 
estes sujeitos e suas implicâncias no processo de aprendizagem. 
De acordo com Weiss (1992), todo o diagnóstico psicopedagógico em si é uma investigação do 
que não vai bem com o sujeito em relação a um rendimento esperado torna-se importante o 
esclarecimento da queixa pelos pais, pelo próprio sujeito avaliado e também pela escola. 
Segue etapas de avaliação diagnóstica conforme propositura desse artigo: 
 
ENTREVISTA FAMILIAR EXPLORATÓRIO SITUACIONAL ( E.F.E.S) 
 
E.F.E.S é uma entrevista realizada com a criança e a família. Pode ser realizada primeiramente 
objetivando abordar assuntos relacionados as expectativas, as queixas nas dimensões 
familiares, as relações e expectativas familiares com relação à aprendizagem e terapeuta; a 
aceitação e engajamento da família no diagnóstico; esclarecer o que é um diagnóstico 
psicopedagógico; criação de um clima de segurança. 
Um ambiente atrativo (lúdico) facilitará o retorno da criança ao terapeuta contribuindo para que 
ela fique a sós com o mesmo. 
É também durante a E.F.E.S, que o psicopedagogo fará o registro juntamente aos pais ou 
responsáveis sobre os horários, quantidades de sessões e a importância da frequência. 
De acordo com Guimarães, Rodrigues e Ciasca (2003), na primeira consulta deve-se perceber 
que a queixa trazida pelos pais como o motivo do encaminhamento para a avaliação às vezes 
não descreve só o “sintoma”, como traz também indícios da direção para o início da 
investigação. 
UHLMANN et al (2018) 
Revista Científica UNAR, v.16, n.1, 2018. 227 
 
 
 
 
 
Assim sendo a atitude que o profissional psicopedagogo acolhe o primeiro contato com a 
família e com o próprio sujeito da aprendizagem é muito importante para a continuidade do 
processo. 
É necessário o registro fiel dessa entrevista, pois ao longo do processo diagnóstico fatos 
omitidos ou esquecidos podem ser acrescentados posteriormente o que modificara também a 
construção de hipóteses que variam ao longo do processo diagnóstico. Os dados colhidos 
durantes as E.F.E.S devem ser posteriormente comparados com os materiais trabalhados 
durante o diagnóstico. 
ENTREVISTA DE ANAMNESE 
 
Considerada como um dos pontos principais de um bom diagnóstico, busca colher dados 
significativos sobre a história do sujeito na família, integrando passado, presente e com 
projeções para o futuro. Permite entender a inserção do mesmo na família. 
O trabalho da Anamnese se inicia com dados das primeiras aprendizagens, da historia clinica, 
da historia familiar do núcleo que o sujeito está inserido, na historias das famílias maternas e 
paternas e a influencia dessas gerações passadas sobre a família nuclear. 
É necessário que todos estejam bem a vontade“...para que todos se sintam com liberdade de 
expor seus pensamentos e sentimentos sobre a criança para que possam compreender os pontos 
nevrálgicos ligados á aprendizagem.” (Weiss, 1992,p.62). 
Anamnese permite a obtenção e analise de dados desde a concepção até a vida escolar atual do 
aluno, considerando que se trata de uma investigação profunda e detalhada. Leva em 
consideração como foi o processo gestacional, se a gravidez foi desejada ou não por ambos os 
pais assim como por toda a família, qual opção de parto, posteriormente analisar sobre as 
primeiras aprendizagens como usar mamadeira, copo, a colher, quando aprendeu a sentar, 
engatinhar, a andar, controlar seus esfíncteres, com objetivo de descobrir como a família 
possibilita e participa do desenvolvimento cognitivo da criança. 
Se os pais não permitem o descobrimento ou bloqueiam novas experiências da criança por si só 
evitando por exemplo, comer sozinha para não se sujar, não tiram a fralda para não urinar em 
casa, também não permitem que haja o processo de desenvolvimento do equilíbrio entre 
assimilação e acomodação, causando o processo chamado de hipoassimilação, onde os pais 
acabam retardando o desenvolvimento da criança. 
Por outro lado, existem pais que forçam as crianças a realizarem sozinhas atividades para as 
quais ainda não possuem maturidade em seu organismo, não estando portando a criança pronta 
para assimilar, é o chamado hiperassimilação, que acaba desrealizando negativamente o 
pensamento da criança, tornando as precoces. 
Dando continuidade ao processo investigatório, o psicopedagogo por meio da Anamnese 
também abordará a história clinica da criança, abordando as possíveis doenças, como foram 
diagnosticadas e tratadas, se resultaram em alguma consequência. 
É também de grande relevância saber a história escola do sujeito, desde quando começou a 
frequentar a escola, como foi o primeiro dia de aula, se existiram frustrações, entusiasmos, 
UHLMANN et al (2018) 
Revista Científica UNAR, v.16, n.1, 2018. 228 
 
 
 
 
 
porque os pais escolheram aquela escola, se houve alguma troca de escola, quais são os aspectos 
positivos e negativos e as possíveis consequências para o processo de aprendizagem. 
As informações obtidas na Anamnese deverão ser registradas para levantar hipóteses que 
poderão justificar a defasagem do indivíduo, bem como auxiliar na seleção de outros 
instrumentos de diagnóstico. 
 
SESSÕES LÚDICAS CENTRADAS NA APRENDIZAGEM 
 
Há muito tempo vem-se discutindo as questões dos jogos e das brincadeiras, principalmente 
quais efeitos positivos podem trazer a vida das crianças. 
[...] o brinquedo exerce enorme influência na promoção do 
desenvolvimento infantil, apesar de não ser o aspecto predominante na 
infância. [...] o termo brinquedo refere-se essencialmente ao ato de 
brincar, à atividade. (VYGOTSKY, 2007, p.2) 
 
O lúdico como instrumento de aprendizagem na atuação do psicopedagogo, tem a importância 
de se compreender as dificuldades de aprendizagem, observando individualmente na sessão 
diagnóstica e por meio de orientação correta fornecer o desenvolvimento em relação a essa 
dificuldade apresentada onde o sujeito estará naturalmente desenvolvendo a coordenação 
motora, a atenção, a expressão corporal, estimulando a iniciativa, trabalhando a oralidade, o 
raciocínio lógico, dentre outros aspectos. 
O momento em que a criança esteja em contato com o lúdico, torna-se precioso, pois expõe 
suas aptidões, mantém a concentração e produtividade. Mesmo que não se obtenha resultado 
final esperado, é por meio da forma como a criança brinca que o psicopedagogo estará 
analisando-a, conhecendo o comportamento e interagindo com a mesma. 
Segundo Alves, (1987, p.1), “o lúdico privilegia a criatividade e a imaginação, por sua própria 
ligação com os fundamentos do prazer. Não comporta regras preestabelecidas, nem velhos 
caminhos já trilhados, abre novos caminhos, vislumbrando outros possíveis”. 
A atividade lúdica mostrará o que se sabe de forma descontraída, sem a necessidade de 
comandos com aplicação de atividades adequadas a idade do sujeito objetivando a exposição 
das dificuldades relatadas, ou evidenciando que talvez não existam, faltando apenas estímulo 
ou forma correta para se trabalhar com a aplicação dos processos de aprendizagem. 
É na sessão lúdica onde observamos a conduta do sujeito como um todo, colocando também 
um foco sobre o nível pedagógico e trabalhando as questões que precisam ser desenvolvidas 
para a autonomia do sujeito. O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na 
criança, aquilo que na vida real passa despercebido por ser natural, torna-se regra quando 
trazido para a brincadeira. (VYGOTSKY, 1989, p.19). 
Baseados nisso podemos perceber o quanto a ludicidade que abrange os jogos, os brinquedos e 
as brincadeiras, tem relevância em função de serem tão característicos à infância e em função 
UHLMANN et al (2018) 
Revista Científica UNAR, v.16, n.1, 2018. 229 
 
 
 
 
 
disto devem ser de atuação do psicopedagogo tanto nas atividades avaliativas como nas 
interventivas. 
 
PROVAS E TESTES 
 
O uso de provas e testes não é indispensável em um diagnóstico psicopedagógico, porém 
representa um recurso á mais a ser utilizado quando avaliado necessário na especificação do 
nível pedagógico, estrutura cognitiva e ou emocional do sujeito. 
Provas operatórias, testes psicométricos e técnicas projetivas poderão ser relacionados de 
acordo com a necessidade de confirmação de aspectos levantados ao longos das sessões 
anteriores (E.F.E.S, Anamnese, Sessões Lúdicas centradas na Aprendizagem, etc). 
Existem diversos tipos de testes e provas para serem atrelados a um diagnóstico, como as provas 
de inteligência (WISC é o mais conhecido, porém de aplicação exclusiva por psicólogos), 
avaliação perceptomotora (Teste de Bender, cujo objetivo é avaliar o grau de maturidade 
visomotora do sujeito também só podendo ser aplicado por psicólogos); testes projetivos (CAT, 
TAT, desenho da família, desenho da figura humana, também de uso apenas para psicólogos). 
Os psicopedagogos devem ser criativos e desenvolver atividades que atendam a mesma 
propositura dos testes apenas administrados por psicólogos, ou trabalhar em conjuntos com uma 
equipe multidisciplinar objetivando levantar todos os aspectos que envolvem a hipótese do 
diagnostico inicial lembrando sempre que a psicopedagogia não é um ramo da medicina, mas 
sim da educação acoplado com a saúde. Dessa forma prioriza-se o conhecimento sobre o qual 
o processo que se dá a aprendizagem. Lembrando também que algo padronizado não vai servir 
para todos os “aprendentes”, os testes são apenas umas das alternativas de uso. 
Na concepção de Weiss: “as provas operatórias tem como objetivo principal determinar o grau 
de aquisição de algumas noções chave do desenvolvimento cognitivo, detectado o nível de 
pensamento alcançado pela criança, ou seja, o nível de estrutura cognitiva que opera”. (2012, 
p.106). 
Os psicopedagogos podem aplicar diretamente os testes de TDE (que busca oferecer de forma 
objetiva a avaliação das capacidades fundamentais para o desempenho escolar, mais 
especificamente da escrita, aritmética e leitura); Teste ABC (para verificar nas crianças de 
escola primária o nível de maturidade requerido para a aprendizagem da leitura e da escrita); 
Provas de nível de pensamento (Piaget, como alvo principal crianças na fase escolar, com 
objetivos de investigar e avaliar o nível cognitivo da criança e constatar se realmente 
corresponde a sua idade cronológica ou se existe alguma defasagem), testes psicomotores e 
jogos psicopedagógicos. 
 
SÍNTESE DIAGNÓSTICA – PROGNÓSTICO 
 
A síntese diagnóstica possui uma grande relevância tanto quanto o tratamento. È um processo 
pelo qual o profissional irá compilar as hipóteses levantadas anteriormente e analisará se foram 
UHLMANN et al (2018) 
Revista Científica UNAR,v.16, n.1, 2018. 230 
 
 
 
 
 
ou não confirmadas ao longo da trajetória proposta, recorrendo para isso é conhecimentos 
práticos e teóricos, formulando então uma única hipótese que por sua vez apontarão para um 
prognóstico e indicação de como reverter ou melhorar o quadro evidenciado. 
O objetivo da síntese diagnóstica conforme Weiss (1992) é de identificar os desvios e os 
obstáculos básicos no Modelo de Aprendizagem que o impedem o sujeito de crescer dentro do 
esperado pelo meio social. 
 
ENTREVISTA DE DEVOLUÇÃO E ENCAMINHAMENTO 
 
É o momento em que o psicopedagogo irá relatar o motivo da avaliação (encaminhamento), 
período e número de sessões, instrumentos utilizados, descritivo das dimensões do sujeito, 
síntese dos resultados que concluiu, articulando as queixas, os sintomas, os obstáculos e as 
possíveis causas bem como o prognóstico, ou seja, as indicações. 
É perfeitamente normal que esse momento seja norteado por muita ansiedade dos envolvidos, 
ou seja, o psicopedagogo, o paciente e os pais e que deve ser bem conduzida para que haja 
efetiva participação de todos na eliminação das dúvidas, não se deve ater somente a 
apresentação das conclusões, é necessário sensibilizar os pais para que tomem todas as rédeas 
e assumam o problema em todas as suas dimensões, procurando afastar rótulos e fantasmas. 
Inicialmente o ideal é que se toque nos aspectos mais positivos do paciente, para que o mesmo 
se sinta valorizado e somente depois deverão ser mencionados os pontos causadores dos 
problemas de aprendizagem. 
Weiss (1992) orienta organizar os dados sobre o paciente em três áreas: pedagógica, cognitiva 
e afetivo-social, com um roteiro, para que o psicopedagogo não se perca e não deixe os pais 
confusos. A atitude do psicopedagogo deve ser compreensiva e acolhedora com os pais, 
promovendo a articulação e a integração coerente dos dados e de seus significados. A 
devolutiva deve fazer com que a visão dos pais, em relação ás suas práticas educativas se 
amplie. 
Posteriormente o psicopedagogo menciona as recomendações como estimular leitura em casa, 
amenizar superproteção dos pais ou responsáveis, aumento das responsabilidades á criança ou 
até a troca da escola ou turma e indicar os atendimentos que julgue necessários como psicólogo, 
fonoaudiólogo, neurologista, etc. Além disso, o psicopedagogo também deve fazer a devolutiva 
na escola, e traçar com a equipe pedagógica as estratégias necessárias para sanar as dificuldades. 
Dessa forma a integração entre escola, família, sujeito e profissionais caminharão em conjunto. 
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo de 
aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, 
favorecendo integração, promovendo orientações metodológicas de 
acordo com as características e particularidades, dos indivíduos do 
grupo, realizando processos de orientação (BOSSA, 2000, p.23). 
 
CONDISERAÇÕES FINAIS 
UHLMANN et al (2018) 
Revista Científica UNAR, v.16, n.1, 2018. 231 
 
 
 
 
 
 
 
Todo processo de aprendizagem é composto por três elementos: em primeiro lugar há a pessoa 
que aprende, que traz consigo os órgãos dos sentidos, seu sistema nervoso, seu sistema muscular 
e também o conjunto de habilidades e capacidades que adquiriu anteriormente. Em segundo 
lugar, existe a situação estimuladora, compreendendo o conjunto de fatores que estimulam os 
órgãos dos sentidos como a família, a escola e a sociedade que a pessoa está inserida e 
finalmente, há a ação ou resposta que resulta da estimulação e da atividade nervosa subsequente. 
O primeiro elemento corresponde à condição interna e o segundo, à condição externa, graças 
aos quais, o terceiro elemento se manifesta, ou seja, a resposta. 
As dificuldades de aprendizagem interferem consideravelmente na vida do cidadão, dessa 
forma quanto mais precocemente forem observadas melhor será o seu diagnóstico e tratamento, 
dando importância e atenção devida que o compreende. 
Sabe-se que o déficit de aprendizagem pode ter causas das mais diversas, como um simples elo 
afetivo, um suporte pedagógico precário, além de distúrbios de ordem físio-motora do sujeito, 
o importante é que o psicopedagogo saiba introduzir os meios para um diagnóstico cuidadoso, 
evitando rotular ou marginalizar o sujeito aprendiz. 
Cabe, portanto, ao psicopedagogo diante das dificuldades apresentadas, ser capaz de ouvir, 
falar, propor, intervir diagnosticar e encaminhar corretamente o sujeito á profissionais 
especialistas quando realmente necessário, envolvendo nesse trabalho todos os que se 
relacionam diretamente ou indiretamente com o individuo, ou seja, a família, escola, amigos, 
etc. 
Dessa forma o trabalho do mesmo deverá ser um trabalho de dedicação, de atenção, 
acolhimento e sensibilidade para redescobrir o indivíduo, aprimorar e transformar sua vida, 
através do respeito a si próprio e ao próximo, tornando – o ativo, capaz e único dentro da 
sociedade onde vive. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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Paz e Terra, 2009. 
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de aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. 
 
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de aprendizagem escolar. 14ª ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2012.

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