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1 Disciplina: Geologia Metalúrgica Curso: Engenharia de Processamento Mineral TEMA: Estruturas Cristalinas Docente: MSc. Gilberto Rogaciano Goba Sabonete 2 3. ESTRUTURAS CRISTALINAS 3.1 Introdução • Estrutura Cristalina é o padrão geométrico segundo o qual os átomos, iões ou moléculas dos elementos químicos assumem num sólido cristalino (mineral). Resulta da forma como estão espacialmente ordenados os átomos, iões ou moléculas que o constituem. • Estrutura cristalina = Rede + Base. Rede: é a estrutura geométrica e Base: é a distribuição dos átomos em cada ponto da rede. Fig.1 – Exemplo de uma Estrutura Cristalina 3 • Exemplo de estrutura cristalina do mineral halite (NaCl). Fig.2 – Mostra a Estrutura Cristalina do mineral Halite • As superfícies planas de um cristal são manifestações externas da estrutura cristalina ou dos arranjos estruturais internos. Exemplos: cristal de fluorite, halite e calcite. Fig.3 – Exemplo de Cristais 4 3.2 Materiais Sólidos • Os materiais sólidos podem ser classificados em cristalinos e amorfos de acordo com a regularidade com que os átomos ou moléculas se dispõem em relação à seus vizinhos no espaço. ♦ Materiais sólidos cristalinos (a): são caracterizados por possuírem uma estrutura ordenada como consequência de arranjos regulares de átomos que estão dispostos em posições fixas no espaço. Neles, os átomos, as moléculas ou iões que os constituem estão arranjados de uma forma periódica em três dimensões. Fig.4 – Estrutura dos Materiais sólidos cristalinos 5 3.2 Materiais Sólidos (Cont.) • Um material sólido cristalino (mineral) é composto por um arranjo ordenado de atomos quimicamente ligados entre si para formar uma estrutura cristalina particular, onde esferas sólidas com diâmetros definidos representam os átomos em que os vizinhos mais próximos se tocam entre si. Fig.5 – Arranjo atómico dos Materiais sólidos cristalinos 6 3.2 Materiais Sólidos (Cont.) • Materiais sólidos amorfos ou não-cristalinos (b) são aqueles no qual os átomos ou moléculas que que a constituem não possuem estrutura atômica ordenada e regular, embora possam apresentar alguma ordenação de curto alcance. No entanto, sua estrutura não é de facto organizada. Fig.6 – Arranjo atómico dos Materiais sólidos amorfos 7 3.3 Conceitos Decorrentes de Propriedades Químicas de Minerais • Por apresentarem o arranjo atômico interno ordenado que implica a existência de uma estrutura cristalina, onde os átomos ou iões estão dispostos em um padrão geométrico regular e repetetivo. • E devido a estreita relação existente entre composição química e esta estrutura cristalina, muitos minerais apresentam propriedades químicas importantes tais como: polimorfismo, isomorfismo, pseudomorfismo, solução sólida e diadoquia. • Estas propriedades químicas dependem da composição química, da geometria do arranjo atômico interno e da natureza das forças elétricas que mantém os átomos unidos. 8 3.3.1 Polimorfismo: ocorre quando minerais diferentes possuem a mesma composição química e o estrutura cristalina (arranjo atômico interno) diferente, o que se reflecte em suas propriedades físicas e morfológicas diferenciadas. Tabela 1 – Mostra o fenómeno de polimorfismo em minerais 3.3.2 Isomorfismo: verifica-se quando os minerais têm a mesma estrutura cristalina, mas composições químicas diferentes ou variáveis dentro de determinados limites. MINERAIS COMPOSIÇÃO QUÍMICA SISTEMA CRISTALINO Diamante Grafite C C Cúbico Hexagonal Pirite Marcassite FeS2 FeS2 Cúbico Ortorrômbico Calcite Aragonite CaCO3 CaCO3 Trigonal Ortorrômbico 9 3.3.2 Isomorfismo (Cont.) • É o que se passa com o mineral halite (NaCl) e galena (PbS), por exemplo, são isomórficos porque o arranjo de Pb e S na galena é idêntico ao do Na e Cl na halite. Os minerais são diferentes em muitas propriedades físicas e químicas, mas a sua estrutura reflecte-se numa simetria idêntica. O mesmo que acontece com o mineral uraninite (UO2) e fluorite (CaF2) o arranjo de U e O2 no uraninite é idêntico ao do Ca e F2 na fluorite, isto é os átomos ocupam as mesmas posições. Tabela 2 – Mostra o fenómeno de isomorfismo em minerais Composição Mineral Sistema CaF2 UO2 Fluorite Uraninite Cúbico Cúbico NaCl KCl PbS Halite Silvite Galena Cúbico Cúbico Cúbico 10 3.3.3 Pseudomorfismo: ocorre quando um mineral se transforma em outro, modificando a sua estrutura interna, preservando porém a forma externa. Os átomos do mineral original são progressivamente substituídos por átomos doutro mineral. • Nesse processo o mineral original pode alterar a sua estrutura cristalina, assim como, a sua composição química. O mineral neoformado, com a forma do mineral original, é denominado de pseudomorfo. • Desta forma, um pseudomorfo é um mineral que por substituição ou incrustação ou alteração, mostra forma externa de outra espécie mineral. Tabela 3 – Mostra o fenómeno de pseudomorfismo em minerais Mineral Original Pseudomorfo Sistema cristalino Mineral Sistema cristalino Mineral Cúbico Fluorite (CaF2 ) Trigonal Quartzo (SiO2) Cúbico Galena (PbS) Ortorrômbico Anglesite (PbSO4) 11 3.3.4 Solução Sólida • A grande maioria dos minerais apresentam variações significativas em suas composições químicas, em maior ou menor escala. Essas variações ocorrem entre elementos e intervalos definidos e é consequência das próprias condições de formação dos minerais. • Os ambientes de formação dos minerais são, normalmente, sistemas quimicamente abertos, onde estão presentes além dos elementos maiores e menores, muitos elementos traços, com amplas possibilidades de interação entre eles, provocando consequentemente variações na composição química dos minerais. • A variação composicional é resultante da substituição, na estrutura do mineral, de um ião, ou grupo aniónico, por outro ião ou grupo aniónico. Este processo é conhecido por substituição iónica ou solução sólida. 12 3.3.4 Solução Sólida (Continuação) • Um mineral constitui uma solução sólida quando na sua estrutura existem posições atómicas específicas que estão ocupadas, em proporções variáveis, por dois ou mais elementos (ou grupos) químicos diferentes. Troca entre determinados elementos químicos com raio iônico semelhantes, mantendo a mesma estrutura cristalina. • Resulta em compostos minerais com composição química intermediária entre dois extremos. Os elementos em substituição iônica ocupam a mesma posição na estrutura cristalina do mineral e, na fórmula mínima, aparecem entre parênteses, separados por vírgulas. • Exemplo: No mineral olivina (Mg,Fe)2SiO4, Mg 2+ pode ser substituído, em parte, ou completamente, por Fe2+; os parênteses indicam que Mg2+ e Fe2+ se substituem mutuamente formando uma solução sólida completa de Forsterite (Mg2SiO4) e Faialite (Fe2SiO4). 13 3.3.4 Solução Sólida (Continuação) • Os principais factores que determinam o grau de solução sólida em minerais são: 1. Raio dos iões, átomos ou grupos iónicos que se substituem. Geralmente, uma substituição ampla é possível se a diferença de raios entre os iões (ou átomos) que se substituem for menor que ~ 15%. Se a diferença dos raios nos dois elementos for entre 15 e 30%, a substituição é limitada ou rara, e se os raios diferirem em mais de 30%, a substituição é fraca ou inexistente. 2. As cargas dos iões envolvidos na substituição. As estruturas minerais devem manter a neutralidade elétrica.Se as cargas dos iões que se substituem são as mesmas, como no Mg+2 e no Fe+2, a substituição iônica permanece eletricamente neutra e sua ocorrência é portanto, mais provável. Se as cargas não são as mesmas, como no caso do Al+3 que substitui o Si+4 deve ocorrer uma substituição iônica adicional em outro sítio estrutural para manter a neutralidade eletrostática geral. 14 3.3.4 Solução Sólida (Continuação) 3. A temperatura e a pressão na qual as substituições ocorrem. Os minerais, assim como outros materiais tendem a se expandir em altas temperaturas e a se contrair em grandes pressões. Em temperaturas elevadas, os tamanhos dos sítios atômicos disponíveis são maiores e aceitam maiores diferenças de tamanhos. Portanto, em uma dada estrutura, espera-se uma maior variabilidade na composição mineral em alta temperatura do que em baixa temperatura. O inverso ocorre com o aumento da pressão. À medida que a pressão aumenta, as estruturas cristalinas são comprimidas e menos tolerantes às discrepâncias de tamanho. Quando ambas, temperatura e pressão, aumentam, a temperatura é tipicamente o factor dominante. 4. A disponibilidade de ião(s). Para que uma solução sólida ocorra, os iões que se substituem devem estar facilmente disponíveis. Por exemplo, em um ambientequímico onde o Fe é raro e o Mg é abundante, deverá ocorrer pouca substituição de Mg+2 por Fe+2. 15 3.3.5 Diadoquia • É o fenómeno pelo qual dois ou mais iões podem intersubstituir- se em todas as proporções no interior de uma estrutura cristalina por outro sem a modificar. • Essa capacidade de permuta química verifica-se quando os elementos menores (não formadores de rochas), são incorpurados na estrutura cristalina, substituindo normalmente os elementos formadores de rochas (elementos maiores), por camuflagem, captura e admissão. 3.3.5.1. Camuflagem • Ocorre quando um elemento menor com a mesma carga e raio iônico semelhante que o elemento maior que se pretende substituir entra na estrutura cristalina. • Exemplo: No mineral Olivina o Ni2+(0.69Å) substitui o Mg2+(0.66Å). Nos alumino-silicatos o Ga3+(0.62Å) substitui o Al3+(0.51Å). 16 3.3.5.2. Captura • Ocorre quando um elemento menor com carga maior e raio menor entra na estrutura cristalina no lugar de um elemento maior com carga menor e raio maior. • Exemplo: Nos minerais do grupo dos feldspatos o Ba2+(1.44 Å) ou Sr2+(1.21 Å) entra no lugar de K+(1.46 Å). 3.3.5.3. Admissão • Ocorre quando elemento menor com mesma carga e raio iónico maior que o elemento maior que o admite entra na estrutura cristalina. • Exemplo: Nas plagioclases o Ca2+(0.99Å) admite o Sr2+(1.18 Å) e o K+(1.33Å) admite Cs+(1.67 Å).