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Apostila Clinica Atenção Psicossocial

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CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 1 
 
 
Clínica de Atenção 
Psicossocial 
 
 
 
 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 2 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
 
Em 1793, o médico francês Philippe Pinel assumiu a direção do Hospital Geral de Paris 
e iniciou a medicalização da instituição, que só então passou a tratar as doenças 
mentais como uma questão de ordem médica, e não mais como uma questão social. 
Pinel participava de um grupo de pensadores chamado Ideólogos, que tomava por 
base a concepção do conhecimento dos fenômenos por referência ao modelo da 
História Natural. Tal modelo se baseia na tradição de Locke, segundo a qual o 
conhecimento empírico parte das sensações; no que tange ao pensamento político, 
seus integrantes pregavam a natureza livre e independente dos homens, que não 
devem ser submetidos nem privados (AMARANTE, 2007). 
Pinel ficou conhecido por liberar os loucos das correntes, mas os colocar sob um regime 
de completo isolamento, que, segundo ele, poderia restituir a liberdade subtraída pela 
alienação. Suas ideias têm como pano de fundo o contexto do Iluminismo, o qual 
pregava hegemonia da razão como garantia da liberdade (AMARANTE, 2007). 
Em seu Tratado Médico-Filosófico sobre a Alienação Mental ou a Mania, Pinel constrói 
uma classificação das enfermidades mentais, consolidando o conceito de alienação 
mental e a profissão de alienista. Ele conceitua a alienação mental como um 
distúrbio das paixões, capaz de produzir desarmonia na mente e afetar a percepção 
objetiva da realidade. No entanto, chegou a questionar se seria uma doença ou um 
processo de natureza distinta, pois considerava que procurar a sede da loucura era 
algo da ordem do “obscuro e impenetrável” (AMARANTE, 2007). 
Contudo, o conceito de alienação mental contribuiu para uma atitude social de medo 
e discriminação em relação aos ditos “loucos”; afinal, alguém com o discernimento 
prejudicado seria um perigo à sociedade. Então se inicia uma associação entre 
alienação mental e periculosidade. O isolamento seria o primeiro passo do tratamento 
moral, visando afastar o sujeito das interferências que pudessem prejudicar a 
observação apurada dos fenômenos. O objetivo seria a busca de diagnóstico preciso 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 3 
por meio de um ambiente de ordem e disciplina para regrar a mente, tendo como 
principal estratégia o trabalho terapêutico (AMARANTE, 2007). 
O contexto histórico era o de transição para o capitalismo, no qual o trabalho adquiria 
importância singular. Curioso notar que naquele mesmo cenário em que se construiu 
o conceito de cidadania produziu-se o conceito de alienação mental. A alienação 
mental era considerada incompatível com o livre-arbítrio e, portanto, com a liberdade. 
Seria preciso então recuperar a razão para recuperar a liberdade! 
A Lei francesa de junho de 1838 foi a primeira voltada à assistência aos alienados. A 
partir de então, vários hospitais foram criados em muitos países, inspirados em Pinel, 
inclusive alguns levando o seu nome. Desde o início, muitas críticas foram tecidas ao 
alienismo, por conta dos paradoxos com os ideais da Revolução Francesa (AMARANTE, 
2007). 
O Hospício de Pedro II foi o primeiro no Brasil que reproduzia os similares franceses. 
Logo os primeiros asilos ficaram superlotados. Vários fatores contribuíram para a 
queda na credibilidade do hospital psiquiátrico, tais como: dificuldade em estabelecer 
os limites entre loucura e sanidade; segregação de segmentos marginalizados; e 
constantes denúncias de violência. 
A primeira tentativa de resgate do potencial terapêutico foram as colônias de 
alienados, com a proposta de uma aldeia livre, na qual os familiares também 
habitavam para cuidar de seus entes por meio da perspectiva do trabalho terapêutico. 
No Brasil, após a Proclamação da República, duas foram criadas, ambas na Ilha do 
Governador, Rio de Janeiro. Juliano Moreira e Adauto Botelho foram duas colônias 
responsáveis pela expansão das demais no país, como a de Juquery, em São Paulo, 
que chegou a ter 16 mil internos. Logo elas se mostraram iguais aos asilos anteriores, 
instituições asilares de recuperação por meio do trabalho. 
As primeiras experiências de Reformas Psiquiátricas nascem com o marco histórico das 
Guerras Mundiais, a partir das quais a sociedade viu a semelhança entre os hospitais 
e os campos de concentração. As de maior impacto, inovação e influência nos dias 
atuais podem ser classificadas em dois grupos: 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 4 
1) Comunidade Terapêutica e Psicoterapia Institucional: falavam do fracasso 
na forma de gestão e defendem que solução seria introduzir mudanças na 
instituição. 
2) Psiquiatria de Setor e Psiquiatria Preventiva: propunham um desmonte do 
esgotado modelo hospitalar, que iria tornar-se obsoleto a partir da 
construção de serviços assistenciais diversos. 
Tais propostas, no entanto, não rompem com o paradigma psiquiátrico tradicional em 
relação à loucura. É a Antipsiquiatria que começa esse processo de rompimento – 
a princípio na Inglaterra, no final dos anos 1950, início de 1960 –, dando início à 
constituição do modo de atenção psicossocial. Os precursores desse movimento 
foram os psiquiatras Ronald Laing e David Cooper, os quais, apesar de adeptos da 
Psicoterapia Institucional e das Comunidades Terapêuticas, não viram futuro, pois 
perceberam que os ditos “loucos” eram violentados não só nos hospitais, mas também 
na família e na sociedade. 
 
Então se propõem a compreender a experiência da loucura não como um corpo ou 
uma mente doente, e sim nas relações sociais. O hospital radicalizaria as mesmas 
estruturas patogênicas e opressoras da organização social, que se manifestavam na 
família. A doença não existiria, portanto, como objeto natural, mas, sim, como uma 
experiência do sujeito na sua relação com o ambiente. Logo, não existia uma resposta 
padrão de tratamento. O terapeuta deveria auxiliar a pessoa a vivenciar esse processo, 
acompanhando-a e protegendo-a da violência. 
Complexifica-se então a noção de desinstitucionalização, que se distancia da noção 
norte-americana de desospitalização. A experiência da Psiquiatria Democrática tem 
início nos anos 1960, com Basaglia, em Gorizia, norte da Itália. Também se iniciou 
inspirada na Comunidade Terapêutica e Psicoterapia Institucional, mas, depois de 
alguns anos, Basaglia viu que esse não era o caminho. Sendo assim, no início dos anos 
1970, foi a Trieste, onde teve início a mais rica e original experiência de transformação 
radical da Psiquiatria, que passa a ser negada enquanto ideologia, a partir de Foucault 
e Goffman. Tal experiência foi tomada como referência para a implantação do processo 
de Reforma na cidade de Santos, em São Paulo, nos anos 1980 e 1990. 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 5 
Propunha os serviços substitutivos – ou seja, o conjunto de estratégias que tomaria o 
lugar das instituições psiquiátricas. Para iniciar o fechamento do hospital, Basaglia 
usou as experiências de Comunidade Terapêutica e Psicoterapia Institucional como 
meios, a partir de assembleias, clubes de internos, mobilização de pacientes, familiares 
e técnicos, dispositivos utilizados para construir as bases de superação do manicômio. 
Os primeiros serviços substitutivos foram os Centros de Saúde Mental, mas não se 
resumiam à continuidade pós-alta e reinternação na crise, como na Psiquiatria 
Preventiva e de Setor. Baseavam-se, sim, na perspectiva da tomada de 
responsabilidade, a partir da qual assumiam integralmente as questões relativas ao 
cuidado em saúde mental do seu território. Atuar no território seria ressignificar, 
reconstruir os modos como as comunidades lidavam com as pessoas em sofrimento 
mental, recolocando assim o lugar social da loucura. 
Após seu falecimento, em 1980, Basaglia é substituído por Rotelli, o qual afirmava que 
o conjunto de aparatos científicosda Psiquiatria se construiu sobre a separação 
artificial entre a “doença” e a existência global, concreta e complexa dos sujeitos em 
sofrimento mental. Portanto, para acessar a experiência da loucura, a transformação 
deve alcançar práticas e concepções. Ele coloca que o campo da saúde mental e 
atenção psicossocial deve ser considerado um processo social complexo, algo em 
movimento, que se transforma sempre. Surgem então novos elementos, situações, 
atores sociais, que forçam o constante repensar e reorganizar do campo. 
Tal campo passa a ser olhado a partir do entrelaçamento de dimensões simultâneas: 
interesses, ideologias, visões de mundo, concepções teóricas, religiosas, étnicas, de 
classe social, entre outras. Tais dimensões nem sempre se articulam com harmonia; 
produzem pulsações, paradoxos, tensões, consensos e também contradições, que 
fazem o campo da saúde mental avançar. 
Para suscitar uma reflexão mais didática, esse campo pode ser entendido no 
entrecruzamento das seguintes dimensões, tais como as coloca Amarante (2007): 
 
 Técnico-conceitual; 
 Técnico-assistencial; 
 Jurídico-político; 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 6 
 Sociocultural. 
Em 2001, é promulgada no Brasil a Lei nº 10.216, conhecida como a Lei da Reforma, 
que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos 
mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, assegurando o 
tratamento sem qualquer forma de discriminação, regulamentando a questão da 
internação e colocando a responsabilidade compartilhada entre Estado, sociedade e 
família. Essa lei tramitou por muitos anos e só foi aprovada quando foi retirada do 
projeto original a extinção progressiva dos manicômios (BRASIL, 2001). 
No entanto, as leis não garantem mudanças: é preciso mudar mentalidades, atitudes, 
relações. A Psiquiatria contribuiu para muitos preconceitos: “louco é irracional’’, é 
“perigoso’’, e “lugar de louco é no hospício”. Por isso, a dimensão sociocultural é 
estratégica, para envolver a sociedade na discussão e reflexão sobre o tema da 
loucura, a partir da produção cultural e artística do atores envolvidos (usuários, 
familiares, técnicos, voluntários). 
 
O dia 18 de maio ficou instituído como o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, no qual 
são promovidas muitas ações culturais, políticas, acadêmicas, esportivas, com o intuito 
de convocar e instigar a sociedade a respeito desse tema. Dentre elas, podemos citar 
o carnaval, TVs comunitárias, mostras, museus, exposições, grupos de teatro e 
música, realização de encontros grandes e regulares, totalmente organizados e 
protagonizados por usuários, familiares, profissionais e outros ativistas do campo, 
como os Encontros Nacionais da Luta Antimanicomial e Encontros Nacionais de 
Usuários e Familiares (AMARANTE, 2007). 
A Reforma psiquiátrica brasileira tem início no final dos anos 1970, a partir da crise do 
modelo hospitalocêntrico e da eclosão de movimentos sociais pelos direitos dos 
pacientes. Torna-se maior que a sanção de novas leis e normas, sendo considerada 
um processo social complexo, composto de vários atores, instituições e forças. 
Incorporou elementos das diversas experiências de Reformas de outros países e, 
baseando-se na tradição basagliana, aprende a refletir sobre os erros e acertos destes 
(BRASIL, 2005). 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 7 
Em 1978, inicia-se o Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental (MTSM), 
composto por trabalhadores integrantes do movimento sanitário, associações de 
familiares, sindicalistas, membros de associações profissionais e pessoas com longo 
histórico de internações psiquiátricas, que passaram a protagonizar denúncias de 
violência nos manicômios, a mercantilização da loucura e a hegemonia de uma rede 
privada de atendimento. Inicia-se a crítica ao saber psiquiátrico e ao modelo 
hospitalocêntrico, tomando como inspiração a experiência italiana de 
desinstitucionalização e crítica radical (BRASIL, 2005). 
Em 1987, em Bauru, São Paulo, acontece o II Congresso Nacional do MTSM, que 
estabelece o lema “Por uma sociedade sem manicômios”. Naquele mesmo ano, o 
primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é instalado em São Paulo. Já o Rio de 
Janeiro sedia a I Conferência Nacional de Saúde Mental (BRASIL, 2005). 
Em 1989, inicia-se a experiência de Santos, a partir da intervenção da Secretaria 
Municipal de Saúde na Casa de Saúde Anchieta, que teve repercussão nacional e 
provocou a necessidade de uma rede de cuidados. Foram implantados Núcleos de 
Atenção Psicossocial (NAPS) com atendimento 24 horas, cooperativas, residências 
para egressos de internações e associações (BRASIL, 2005). 
 
Ao longo dos anos 1990, o crescimento da rede de atenção psicossocial é descontínuo; 
novas normatizações que regulamentavam os serviços de atenção diária foram 
instituídas, mas sem linha de financiamento específico. Ao final daquele período, havia 
208 CAPS no Brasil, mas 93% dos recursos do Ministério da Saúde para a Saúde Mental 
era destinados aos hospitais psiquiátricos (BRASIL, 2005). 
A partir da Lei nº 10.216/2001, foram criadas linhas específicas de financiamento para 
os serviços abertos e substitutivos e mecanismos para fiscalização, gestão e redução 
programada de leitos psiquiátricos. A rede de atenção diária é impulsionada, e o 
processo de desinstitucionalização é alavancado, com o Programa De Volta pra Casa. 
Foi criada uma política de Recursos Humanos específica para a Saúde Mental, assim 
como uma política voltada à redução de danos causados pelo álcool e por outras 
drogas (BRASIL, 2005). 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 8 
Aos poucos, vai se consolidando a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), uma rede de 
saúde mental integrada, articulada e efetiva nos diferentes pontos de atenção para 
atender as pessoas em sofrimento e/ou com demandas decorrentes dos transtornos 
mentais e/ou do consumo de álcool, crack e outras drogas. Essa rede tem como 
diretrizes a autonomia, a equidade, o acesso e a qualidade, a base territorial e 
comunitária, as ações intersetoriais e a lógica do cuidado centrado nas pessoas 
(BRASIL, 2005). 
Os objetivos da RAPS incluem: ampliar o acesso à atenção psicossocial da população 
em geral; e promover a vinculação das pessoas em sofrimento/transtornos mentais e 
com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas e suas famílias 
aos pontos de atenção; bem como garantir a articulação e integração dos pontos de 
atenção das redes de saúde no território, qualificando o cuidado por meio do 
acolhimento, do acompanhamento contínuo e da atenção às urgências (BRASIL, 
2011). 
Tal rede é composta de diversos pontos de atenção; porém, para a saúde mental, a 
atenção psicossocial estratégica tem fundamental importância, sendo composta pelos 
CAPSs nas suas diferentes modalidades (BRASIL, 2011). 
Os CAPSs devem ser substitutivos ao hospital (e não complementares), atuando como 
porta de entrada e ordenadores da rede do território, oferecendo: suporte à saúde 
mental na atenção básica; atendimento clínico em regime de atenção diária; ações 
intersetoriais; acolhimento e atenção à crise; e atenção no território adscrito (BRASIL, 
2011). 
A atenção à crise é um dos aspectos mais difíceis e estratégicos. No modo de atenção 
psicossocial, a crise é vista enquanto processo social complexo, diferente do modelo 
clássico da Psiquiatria, no qual seria uma disfunção exclusivamente em decorrência da 
doença. Portanto, são necessários serviços de atenção psicossocial que cuidem de 
todos os envolvidos, estabelecendo e fortalecendo vínculos afetivos e profissionais. 
Eles devem ter estruturas e modos de funcionamento flexíveis e funcionar de maneira 
articulada na RAPS, compondo um conjunto vivo e concreto de referências capazes de 
acolher as pessoas em sofrimento mental (BRASIL, 2005). 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 9 
A rede,no entanto, vai além do conjunto de serviços existentes em um município. 
Deve atuar em articulação permanente com outras associações, instituições, 
cooperativas e variados espaços da cidade, e não só com equipamentos de saúde. 
Deve atuar na base comunitária, com foco no território – o qual não se reduz ao 
espaço geográfico (BRASIL, 2005). 
 
Os serviços devem atuar na construção de alianças sociais que possam participar 
solidariamente da invenção de estratégias de atenção psicossocial, atuando junto com 
as pessoas, instituições, redes e cenários nos quais se dão a vida comunitária. É 
fundamental que trabalhem com os saberes e as potencialidades existentes para a 
construção coletiva de soluções. O território é um conceito organizador da rede de 
saúde mental que deve orientar as ações dos seus equipamentos (BRASIL, 2005). 
Vinculado ao conceito de território encontra-se o de intersetorialidade, que se 
expressa em estratégias que perpassem vários setores sociais. Tais conceitos podem 
ser ampliados pelo institucionalismo, vertente que considera a sociedade como uma 
rede, um tecido de instituições que se interpenetram e articulam entre si, para regular 
a produção e reprodução da vida humana (BAREMBLITT, 1994). 
As instituições são lógicas, códigos transmitidos para regular a atividade humana, 
valorativamente. Podem ser leis, normas (enunciadas formalmente) ou regularidades 
de comportamentos, pautas não necessariamente escritas. Podemos citar como 
exemplos as instituições de regulamentação de parentesco, de educação e de divisão 
do trabalho humano, tanto técnica quanto social, esta se tratando da questão do 
prestígio de algumas profissões em relação a outras (BAREMBLITT, 1994). 
As organizações dão materialidade às instituições e podem ser constituídas por um 
conjunto de estabelecimentos – por exemplo, o Ministério da Educação e o da Saúde. 
São grandes ou pequenos conjuntos materiais que concretizam aquilo que é enunciado 
pelas instituições (BAREMBLITT, 1994). 
Já os estabelecimentos são unidades menores que integram uma organização – por 
exemplo, escolas, conventos, fábricas, clubes, quartéis. Incluem dispositivos técnicos, 
como maquinaria, instalações, arquivos e aparelhos, os chamados equipamentos 
(BAREMBLITT, 1994). 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 10 
O que dá dinamismo a isso tudo são os agentes, seres humanos que protagonizam 
práticas, as quais podem ser verbais, não verbais, discursivas ou não, práticas teóricas, 
práticas técnicas, entre outras. É nas ações que todo esse conjunto pode operar 
transformações na realidade (BAREMBLITT, 1994). 
Os conceitos instituído e instituinte constituem duas vertentes da instituição. É 
difícil situar o começo de várias instituições (como parentesco e religião, p. ex.), mas 
há como identificar movimentos, que tendem a operar transformações nas suas 
características (BAREMBLITT, 1994). 
As forças instituintes são de transformação ou fundação de uma instituição, e sua 
atividade gera como efeito o instituído. Este se materializa em normas constituídas, 
leis, pautas e padrões, para regular as atividades sociais. A vida em sociedade 
acontece na tensão entre instituído e instituinte (BAREMBLITT, 1994). 
Para que os instituídos sejam úteis, funcionais, devem estar acompanhando a vida 
social a fim de produzir novos instituídos, mais apropriados aos novos estados sociais. 
Instituído e instituinte não são opostos que não se misturam; ao contrário, o instituinte 
careceria de sentido se não se materializasse em instituídos. Tais conceitos nos ajudam 
a refletir e redirecionar as práticas de cuidado em saúde mental, no qual se inclui, 
primordialmente, o trabalho em equipe (BAREMBLITT, 1994). 
A necessidade do trabalho em equipe coloca a importância de se problematizar a 
formação em saúde e seus efeitos nas práticas a partir da Política Nacional de 
Humanização (PNH) (BRASIL, 2010). Os processos de produção de saúde muitas vezes 
compreendem rede de relações, assimetrias de saber/poder, lógicas de fragmentação 
entre saberes/práticas e a redução ao binômio queixa-conduta. Por isso, a PNH toma 
por base o princípio da integralidade para repensar a formação e as relações de 
trabalho, que devem pautar-se pelo funcionamento em Rede e pela não fragmentação 
da assistência, compreendendo a multiplicidade das práticas de cuidado e gestão. Um 
grande desafio a ser superado nas práticas é a separação entre quem planeja e pensa 
a ordenação da saúde (os gestores) e quem executa (os que fazem/cuidam). 
A formação é uma instituição que produz verdades, objetos-saberes e modos de 
subjetivação. Pode se dar pela transmissão de conhecimentos ou potência disruptiva, 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 11 
criadora, problematizadora. Não há fórmula pronta nas práticas em saúde; portanto, 
a formação que se dá somente pela via da transmissão não potencializa as ações. 
A PNH aposta na atitude transdisciplinar, aquela atrelada ao cotidiano de práticas 
materializadas na relação entre os sujeitos que constroem os modos de acolher, cuidar, 
escutar, que compartilham saberes e modos distintos de estar na vida. Uma atitude 
metodológica que tem por base a variabilidade e a imprevisibilidade que permeia a 
vida. Para isso, é necessário investir em uma formação que parta das experiências 
concretas, e não de modelos ideais e desvinculados das necessidades de saúde da 
população local (BRASIL, 2010). 
Na prática, isso se dá pela análise do processo de trabalho: o que foi feito, como foi 
feito, o que deixou de fazer, o que foi desfeito e o que não conseguiu fazer, ou seja, 
uma prática de formação que não busca constatar/observar, e sim interferir, 
desnaturalizar o que parece confortável. Trata-se de um exercício de problematização 
de si e do mundo, que toma o conhecimento não como um dado a priori a ser 
descoberto, mas como uma ação que, em um mesmo movimento, produz sujeito e 
objeto. Tal concepção visa abalar as rígidas fronteiras construídas pelas disciplinas, 
com seus conjuntos de saberes e objetos predeterminados, colocando em questão da 
neutralidade científica na saúde mental (BRASIL, 2010). 
Existem diferentes esforços de flexibilização de fronteiras, como a multi, a inter e a 
transdisciplinaridade. Na multidisciplinaridade, as disciplinas se somam para dar 
conta de um objeto que exigiria diferentes olhares, pela sua natureza multifacetada. 
Na interdisciplinaridade, cria-se uma zona de interseção entre as disciplinas, na 
qual haveria um objeto específico, alvo da ação de conhecimento. Ambas têm como 
efeito a manutenção das fronteiras de saberes, objetos e sujeitos. Já a 
transdisciplinaridade é uma atitude metodológica que visa desestabilizar a 
dicotomia sujeito/objeto, bem como a unidade das disciplinas e os especialismos, 
colocando que sujeito e objeto não são dados a priori, e sim efeitos emergentes de 
um plano de constituição heterogêneo (PASSOS; BARROS, 2000). 
Esse plano de constituição inclui componentes teóricos, tecnológicos, estéticos, éticos, 
econômicos, políticos, afetivos, entre vários outros. Trata-se de uma atitude de não 
aceitação de um conhecimento que apenas desvelaria a realidade do seu objeto, visto 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 12 
que não estamos imunes ao que conhecemos – efeito de retroação –, mas nos 
constituímos no ato de conhecer enquanto sujeitos do conhecimento (PASSOS; 
BARROS, 2000). 
 
Sendo o sofrimento psíquico um fenômeno complexo, seu cuidado não pode resumir-
se apenas à sua disciplina, nem a uma equipe de serviço de saúde mental. Portanto, 
é necessária a criação de redes que extrapolem o âmbito dos serviços, sejam eles de 
saúde ou não. Trabalhar o cuidado na perspectiva integral significa acolher os sujeitos 
em todas as dimensões que o atravessam (HECKERT; NEVES, 2007). 
A integralidade é um princípio do Sistema Único de Saúde (SUS) que tem por base 
a concepção deque a saúde não se resume à ausência de doença; é um princípio 
amplo e complexo, que se define pelo funcionamento em conjunto articulado de ações 
e serviços, preventivos, curativos, individuais e coletivos, mobilizados caso a caso e 
em todos os níveis de complexidade do sistema. Tal príncípio traz a crítica da cisão 
entre ações preventivas e curativas, considerando a saúde e seus diversos 
determinantes, tratando o sujeito como um todo, em suas relações (HECKERT; NEVES, 
2007). 
Tem o acolhimento como seu componente fundamental, um compromisso ético-
político de estabelecer relação de responsabilidade de confiança entre profissionais e 
usuários. Tal prática se materializa no reconhecimento da legitimidade do que o outro 
traz como singular necessidade de saúde. Por meio de diálogos, trocas, 
transversalização dos saberes e análise dos processos de trabalho, visa potencializar 
a criação e o fortalecimento de vínculos, utilizando-se de uma escuta qualificada que 
acolha as diferenças e inclua o paciente e suas relações como corresponsáveis pelo 
cuidado (HECKERT; NEVES, 2007). 
Falando em corresponsabilidade, é fundamental que as famílias dos pacientes sejam 
vistas e tratadas como protagonistas do tratamento dos usuários. Trabalhar com 
famílias requer que coloquemos em análise nossas representações acerca do que é 
família, para, a partir disso, não querer adequar o outro ao nosso modelo. Cada família 
tem suas histórias, vivências, sensibilidades, sendo a família uma criação humana e 
mutável no tempo, na história e na cultura; portanto, não natural. 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 13 
O ser humano é essencialmente social, constitui-se na relação com o outro e tem na 
família seu primeiro grupo social de referência, a qual também está em uma rede de 
relações que a extrapola. Não se restringe aos laços sanguíneos; portanto, é 
importante compreender as transformações e concepções que atravessam os arranjos 
familiares ao longo do tempo. 
 
A história dos diferentes arranjos familiares não é linear nem homogênea ou contínua. 
É descontínua, pois existem várias estruturas distintas e complexas que não podem 
ser correlacionadas a uma só variável, seja a modernização, seja o patriarcado, o 
capitalismo ou qualquer outra (BRUSCHINI, 2000). 
Muitas são as contribuições dos diferentes campos do saber, desde a Sociologia à 
Antropologia e Psicologia, passando pelas perspectivas do Alienismo e da 
Antipsiquiatria e chegando às reflexões sobre a constituição da família brasileira. A 
Antropologia teve grande contribuição no estudo das relações familiares, pois estudou 
diversos grupos e possibilitou movimentos de desnaturalização e desuniversalização 
da família, pela comparação entre sociedades diferentes (BRUSCHINI, 2000). 
O modelo patriarcal da família brasileira tem origem nos padrões culturais 
portugueses, que gradativamente foram subjugando as formas familiares de indígenas 
e escravos. Gilberto Freyre vai colocar que, nos séculos XVI e XVII, a família patriarcal 
extensa era composta pelo núcleo conjugal, sua prole legítima, parentes, afilhados, 
escravos e, por vezes, concubinas e bastardos – constituição essa dissociada de prazer 
sexual e/ou afeto (MELMAN, 1999). 
No entanto, historiadores contemporâneos contestam essa dominância do modelo 
patriarcal, admitindo a coexistência de outros arranjos, principalmente através das 
diferenças sociais e econômicas. A família burguesa não é um modelo natural; ela se 
consolida no século XVIII enquanto nuclear, conjugal, privada e sexualmente 
assimétrica (MELMAN, 1999). 
A família foi então se constituindo, gradativamente, como lugar de afeto e de atenção 
à infância enquanto categoria social. Atualmente, diversas são as composições 
familiares, ainda que mantenham alguns traços, como a privacidade, que até mesmo 
pode ser problematizada se pegarmos um corte de classe social, por exemplo. 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 14 
Várias composições podem ser consideradas famílias, tais como as homoafetivas, 
monoparentais, sem filhos, com animais de estimação, sem conjugalidade, de pais e 
filhos, entre pessoas sem laços cosanguíneos, entre muitas combinações possíveis. 
Cada vez mais os arranjos se complexificam, sendo preciso considerar toda essa 
complexidade na atenção às famílias na saúde mental. 
Muitos espaços institucionais ainda organizam a atenção à família em torno do usuário-
problema. As ações tendem a ser parciais, pois não consideram o conjunto em que ele 
está inserido, o qual inclui a família. Em geral, as políticas públicas, em sua execução, 
veem a família como solução, e não como algo que também precisa de atenção. No 
entanto, a intervenção profissional fragmentada conduz a muitos encaminhamentos, 
para atender demandas de uma mesma estrutura. Logo, a família deve ser considerada 
como totalidade, em permanente processo de mudança, seja pelo desenvolvimento 
dos seus membros ou pelo contexto social mais amplo. Essa perspectiva implica 
mudança de eixo da atenção profissional, que deve auxiliar a família a compreender 
sua dinâmica (MELMAN, 1999). 
A família, quando busca ajuda institucional, já esgotou seus recursos para resolver 
sozinha a situação problema. Entretanto, quando a família não o faz, é preciso 
desenvolver estratégias para acessá-la. Sendo assim, utilizar a família como saída para 
o problema é uma ilusão. Não devemos procurar a origem do transtorno mental 
utilizando modelos de causa-efeito. Até porque os familiares muitas vezes fazem o 
movimento de buscar a causa em erros do passado. Isso gera intenso sofrimento por 
culpa que não deve ser reforçado pelos profissionais de saúde mental (MELMAN, 
1999). 
 
Deve-se recuperar o trabalho em suas múltiplas dimensões, seguindo as pistas para 
aliviar o sofrimento que a loucura imprime no paciente e em sua família. É necessário 
desenvolver estratégias de envolvimento da família, acolhendo o sofrimento por meio 
do estímulo à reflexão, promovendo a troca de experiências e os mecanismos de ajuda 
mútua, bem como favorecendo a elaboração das vivências e dos conflitos (MELMAN, 
1999). 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 15 
Algumas vezes, a proposta de trabalho deverá ir além da família, e nem sempre fará 
sentido fortalecer os laços familiares de uma estrutura insustentável, que pode estar 
sufocando seus membros. Não se deve partir do pressuposto de que a família é sempre 
o lugar da doença nem intervir com a perspectiva de se reinserir a qualquer custo o 
paciente em seu grupo familiar (MELMAN, 1999). 
É preciso ter no horizonte a possibilidade concreta de os familiares, após encontrarem 
algumas respostas e sentidos para as dificuldades, tornarem-se protagonistas, 
participando ativamente na definição e implementação das práticas em saúde mental. 
Vários espaços de acolhimento da família têm sido produzidos nos serviços 
substitutivos, em especial nos CAPSs, tais como: grupos terapêuticos familiares, 
atendimento por qualquer profissional do serviço (não só os psicólogos e psiquiatras), 
oficinas terapêuticas, visitas domiciliares e busca ativa de familiares pouco presentes. 
É necessário acolher e escutar para a família se fortalecer e poder tornar-se lugar de 
produção/invenção de projetos. Para isso, inicialmente a família precisa ter o serviço 
de saúde mental substitutivo como referência para o cuidado, mesmo que consigamos 
acessá-la por outros serviços aos quais ela já está vinculada, ou junto com eles. É 
importante não tomar a família como núcleo isolado e idealizado. 
Portanto, é preciso que o trabalho se dê movimentando-se pela rede. A saúde mental 
não está dissociada da saúde em geral; por isso, é importante saber reconhecer as 
demandas de saúde mental presentes nas queixas que os pacientes relatam ao 
acessarem os serviços de saúde, em especial na Atenção Básica. Esta tem como 
princípio possibilitar o acesso das pessoas aoSistema de Saúde, inclusive das que 
demandam cuidados em saúde mental. 
Esse ponto de atenção é composto por: Unidade de Saúde da Família (USF) ou Unidade 
Básica de Saúde (UBS); Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF); Consultório na 
Rua; apoio aos serviços do componente Atenção Residencial em caráter transitório; e 
Centros de convivência e cultura (BRASIL, 2013). 
 
A Atenção Básica deve atuar em elevado grau de descentralização e capilaridade, 
sendo resolutiva, identificando riscos, necessidades e demandas em saúde, produzindo 
intervenções clínicas e sanitariamente efetivas. A atuação deve contemplar a 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 16 
coordenação e o cuidado, elaborando e acompanhando projetos terapêuticos 
singulares, bem como acompanhando e organizando o fluxo dos usuários entre os 
pontos de atenção da rede de saúde, intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais 
(BRASIL, 2013). 
A Saúde da Família é a estratégia prioritária para a expansão e consolidação da 
Atenção Básica, tendo nos NASFs a base para ampliação da abrangência, escopo e 
resolutividade na Atenção Básica. Esses núcleos devem oferecer auxílio no aumento 
da capacidade de análise e intervenção, em termos clínicos e sanitários, por meio de 
ações como: discussão de casos, atendimento conjunto ou não, interconsulta, 
construção conjunta de projetos terapêuticos, educação permanente, intervenções no 
território, ações intersetoriais, ações de prevenção e promoção e discussão do 
processo de trabalho das equipes (BRASIL, 2013). 
É fundamental a criação e manutenção de espaços permanentes e periódicos de 
encontros de discussão entre as equipes dos serviços de Saúde Mental e da Atenção 
Básica, bem como dos outros serviços envolvidos no cuidado. Portanto, os dispositivos 
que os CAPSs e a Atenção Básica constroem para o tratamento não devem ser 
praticados de modo rígido, e sim acompanhando os fluxos do território. 
Desconstruir a lógica hospitalocêntrica é não só construir novos serviços, mas também 
promover novas práticas e instituições que questionem as formas de repressão, 
opressão e exclusão do usuário. As mudanças não são bruscas, e sim processuais, a 
partir da construção sócio-histórica, em um contexto que lhes dá um ritmo 
culturalmente possível, muitas vezes lento (VIEIRA, 2004). 
 
Os estilos de gestão e atendimento dos CAPSs estão influenciados por traços culturais 
da administração brasileira: concentração de poder, personalismo, postura de 
espectador e o evitar de conflitos. Tais aspectos tendem a facilitar a prática de valores 
nem sempre democráticos e a reprodução de uma lógica corporativista. No entanto, a 
consciência das contradições sociais e a possibilidade concreta de desconstrução 
institucional podem abrir caminhos para novas práticas de atendimento, na perspectiva 
da autopoiesis, o que significa a possibilidade de criação e invenção institucional 
continuada e oposta ao modo de funcionamento da instituição total (VIEIRA, 2004). 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 17 
É importante problematizar os manuais diagnósticos no atendimento em saúde mental, 
a partir do questionamento do que é uma patologia mental e o que a constitui. O 
diagnóstico não responde a essa pergunta, pois ele insere manifestações em 
tipologias, para orientar intervenções. Essas tipologias são construídas com base em 
critérios, os quais emergem do conjunto de valores que prevalecem na sociedade em 
determinado momento histórico. 
 
O conceito de normatividade, de acordo com Canguilhem (2007), tem por base a 
concepção de que o processo saúde–adoecimento é intrínseco à vida; a perda ou 
restrição dessa capacidade seria a doença. A cura seria expandir a normatividade que 
foi restringida pela doença. Tal concepção é oposta ao conceito de normalidade, 
segundo o qual há modos de existência legitimados como melhores, sendo necessária 
a adequação do sujeito ao que é eleito como normal. 
Foucault (1987) coloca que no século XVIII culmina, por meio das disciplinas, o poder 
na Norma. Tal construção se afirma a partir da transformação de uma regularidade 
observada em um regulamento proposto. Assim, afirma-se como natural e opera toda 
a gradação das diferenças individuais, por meio de um poder de regulamentação que 
obriga a homogeneidade, e individualiza, medindo assim os desvios, tornando úteis as 
diferenças e ajustando-as umas às outras. 
À terapêutica baseada na norma interessa não só a cura, como também a produção 
de modelos de existência e a regência de relações físicas e morais do indivíduo e da 
sociedade. O médico passa a não apenas descrever, mas também comparar o que vê 
com o que deveria ser. Na doença mental, a moralidade é fundamental para a 
nosografia: os valores morais a julgam e a delimitam. 
Ao final do século XVIII, a medicina do corpo tentará impor às questões mentais a sua 
racionalidade. A loucura é tomada de um ponto de vista naturalizante, sendo colocadas 
as causas no sujeito doente, na história individual e em sua constituição. No entanto, 
na prática da saúde mental, os profissionais devem aceitar a diferença para além dos 
ideais normalizadores e utilizar o diagnóstico como um norteador, e não como um 
fechamento do modo de existência do sujeito a ele, o que produz assujeitamento. 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 18 
A Clínica que se resume ao diagnóstico e aos atendimentos no consultório não dá 
conta da complexidade da loucura e das necessidades da Reforma. As necessidades 
de saúde apresentadas pelos sujeitos nos convocam a repensar a Clínica, ampliando-
a para além da fragmentação/hierarquização dos saberes e das intervenções focadas 
na eliminação dos sinais e sintomas (TENÓRIO, 2001). 
 
O conceito de Clínica Ampliada entra como diretriz da PNH em 2003, enquanto 
ferramenta teórica e prática com finalidade de contribuir para uma abordagem clínica 
do sofrimento, considerando a singularidade do sujeito e a complexidade do processo 
saúde/doença, visando enfrentar a fragmentação do conhecimento e das ações, 
buscando equilíbrio entre danos e benefícios gerados nas práticas de saúde (BRASIL, 
2009). 
É uma ferramenta que enfoca o sujeito, a doença, a família e o contexto social, com 
vistas a aumentar a autonomia do sujeito, da família e da comunidade na resolução 
dos problemas, por meio da integração de equipe multiprofissional, adscrição da 
clientela e construção de vínculo na produção de um projeto de cuidado (BRASIL, 
2009). 
Tem a integralidade como objetivo, compreensão ampliada do processo 
saúde/doença, evitando o privilégio de algum conhecimento específico. Assim, a 
abordagem integral ultrapassa a questão do acesso aos serviços, levando em conta as 
transformações vividas ao longo do tempo, como a emergência do consumismo, a 
ampliação da miséria, da degradação social e das formas perversas de inserção de 
algumas parcelas da população no mercado de trabalho (BRASIL, 2008). 
A Clínica Ampliada visa evitar a dependência de medicamentos e aumentar o interesse 
e gosto por outras coisas e novos projetos também. A doença não pode ser a única 
preocupação da vida; esta é mais ampla do que os meios para torná-la ou mantê-la 
saudável (BRASIL, 2009). 
Para a efetivação das práticas de atenção à saúde na perspectiva da integralidade, 
faz-se necessária a construção de novos padrões de relacionamento entre os 
profissionais de saúde e os usuários dos serviços. É preciso investir na mudança de 
estrutura gerencial e assistencial dos serviços, para buscar a responsabilização e a 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 19 
construção do vínculo terapêutico. A equipe de referência e o apoio matricial são 
dois arranjos organizacionais que apresentam essas características de tranversalidade, 
que possibilitam a ampliação do grau de comunicação entre os atores envolvidos na 
ação de cuidado (BRASIL, 2004). 
A organização por equipes de referência traz um novosistema de relação entre 
profissional e usuário: por exemplo, em uma unidade de saúde mental são organizadas 
equipes de referência multiprofissionais com caráter transdisciplinar (em geral, nesse 
caso, psicólogo, psiquiatra, enfermeiro, técnico de enfermagem, assistente social, 
oficineiro e terapeuta ocupacional), que se responsabilizam pela saúde de um número 
de pacientes inscritos, segundo a capacidade de atendimento e gravidade dos casos 
(BRASIL, 2004). 
Podem também se organizar a partir de uma distribuição territorial. Nesse caso, os 
usuários de um território são divididos em grupos, sob responsabilidade de 
determinada equipe, chamada Equipe de Referência Territorial, cuja composição varia 
de acordo com o objetivo e a característica do serviço (CAPSs, ambulatórios, hospitais 
etc.), sendo que cada Equipe de Referência cuida de todos os aspectos da saúde do 
paciente. Assim, a diferença profissional passa a ser positivada, com a produção de 
vínculos, olhares e caminhos que não seriam encontrados isoladamente (BRASIL, 
2004). 
O apoio matricial complementa o funcionamento das Equipes de Referência. Uma 
vez que a Equipe de Referência é responsável por seus pacientes, ela não 
simplesmente encaminha nem abre mão deles para outro serviço, ela pede apoio aos 
serviços especializados ou especialistas isolados e/ou a outros profissionais que lidam 
com o paciente (BRASIL, 2004). 
Assim, os serviços que dão apoio passam a ter dois clientes sob sua responsabilidade: 
os usuários do serviço para o qual ele é referência e o próprio serviço. Os pacientes 
são então tratados por ambas as equipes. Os serviços especializados ajudam as 
Equipes de Referência a incorporar conhecimentos para lidar com casos mais simples 
(BRASIL, 2004). 
Dentre as diversas possibilidades de atuação em apoio matricial, podemos citar: 
seminários para debate de alguns aspectos relevantes no momento do território; 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 20 
atendimentos conjuntos; disponibilização de contatos para situações emergenciais; e 
reuniões para discussão de casos. O próprio serviço de referência pode trabalhar 
internamente com equipes de referência e apoio matricial (BRASIL, 2004). 
Tais medidas ajudam a superar a velha ideia de encaminhamento, que ocasiona 
fragmentação do cuidado, a qual era baseada na referência e contrarreferência, que 
gerava encaminhamentos diversos e desnecessários, burocratização e desgaste, não 
sendo resolutiva na maioria das vezes (BRASIL, 2004). 
 
A equipe de referência pede apoio não só aos especialistas, mas também a 
profissionais que estão mais próximos do usuário e, por isso, são capazes de enxergar 
outros aspectos da sua vida (inserção social, situação afetiva, laborativa, outros 
problemas de saúde etc.). O conhecimento da clientela favorece a construção de 
vínculos terapêuticos e a definição de responsabilidades entre as equipes (BRASIL, 
2004). 
Não é tarefa fácil, diante da precarização dos serviços e da lógica individualista, que é 
hegemônica na nossa sociedade. Ela envolve avanços e retrocessos, sendo um 
processo de permanente desconstrução e reconstrução de modos relacionais. 
Portanto, é fundamental a criação de redes de apoio entre profissionais, para que 
percebam suas fragilidades e sentimentos ao lidarem com os usuários que atendem 
(BRASIL, 2004). 
Essas redes de apoio são possibilitadas por espaços de discussão e reflexão, por meio 
dos quais se promove a revisão dos próprios valores e conceitos, bem como os da 
sociedade. A gestão deve possibilitar espaço na agenda dos profissionais para isso 
acontecer. Assim se amplia o poder de decisão dos profissionais, potencializando-se a 
humanização da atenção e gestão a partir do equilíbrio nas relações de poder entre 
trabalhadores, gestão e usuários (BRASIL, 2008). 
O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é uma variação da discussão de caso clínico. 
Na Saúde Mental, foi desenvolvido como forma de propiciar uma atuação integrada da 
equipe, valorizando no tratamento outros aspectos além do diagnóstico e da 
medicação. Resulta da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar, podendo 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 21 
lançar mão do apoio matricial, construindo um conjunto de propostas terapêuticas 
articuladas para um sujeito ou uma coletividade (BRASIL, 2008). 
A proposta do PTS parte da concepção de que é necessário o paciente se 
corresponsabilizar por seu tratamento. Portanto, não é possível desenhá-lo sem a 
participação ativa do paciente. Conceitos como autonomia, singularidade e 
protagonismo são indispensáveis à construção coletiva de PTSs. 
É o paciente que “puxa” o PTS, e não os profissionais; estes devem sempre estar 
atentos aos movimentos do paciente, o que eles indicam, para onde apontam. É claro 
que isso não é fácil. Por exemplo, deve-se ter cuidado com a questão do diagnóstico, 
que pode fortalecer uma situação de discriminação social, aumentando o sofrimento e 
dificultando o tratamento. Seus efeitos dependem do manejo e das circunstâncias em 
que é produzido e tratado com o paciente. 
Na construção do PTS está colocado o desafio de equilibrar o combate à doença com 
a produção de vida. É preciso ajudar o paciente a reconstruir e respeitar os motivos 
que ocasionaram seu adoecimento, buscando com ele as correlações que estabelece 
entre o que sente e a sua vida, as suas relações e afetos. 
 
Portanto, é fundamental perguntar como o usuário se sente quando tem os sintomas 
e por que ele acredita que adoeceu. A doença deve ser compreendida e correlacionada 
com a vida, evitando-se assim que se torne não somente um problema do serviço de 
saúde, mas também do sujeito adoecido. 
O relacionamento terapêutico deve basear-se na pactuação; caso contrário, promove 
reações de “afirmação de autonomia” e resistência ao tratamento, que, se não forem 
redirecionadas, criam um neurótico circulo vicioso. Tais reações impossibilitam a 
criação do vínculo de confiança e podem despertar afetos desfavoráveis à 
corresponsabilização. Ao pactuar o tratamento com seus pacientes, os profissionais 
devem considerar que existem forças internas, como os desejos e as forças externas, 
como a cultura, que define papéis sociais e hábitos de vida (BRASIL, 2008). 
A elaboração do PTS envolve 4 movimentos: 
1) definição de hipóteses diagnósticas; 
2) definição de metas em curto, médio e longo prazos; 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 22 
3) divisão de responsabilidades; 
4) reavaliação. 
A anamnese ampliada é uma prática privilegiada para o delineamento do PTS. As 
reuniões de Projeto Terapêutico não acrescentariam nada caso todos os profissionais 
abordassem do mesmo jeito e fizessem as mesmas perguntas aos pacientes. Então, é 
preciso fazer as perguntas da anamnese tradicional e dar espaço às ideias e palavras 
do usuário (BRASIL, 2009). 
À exceção de urgências ou dúvidas quanto a um diagnóstico orgânico, não se deve 
direcionar demais as perguntas nem duvidar daquilo que a teoria não explica. Uma 
história clínica mais completa situa os sintomas na vida do paciente e lhe dá a 
possibilidade de algum grau de análise sobre a própria situação. Desse modo, o 
profissional pode perceber que muitos determinantes do problema não serão 
resolvidos com ações pontuais e isoladas (BRASIL, 2009). 
 
A prática da anamnese ampliada ajuda a entender as redes de causalidade 
que o usuário atribui ao adoecimento e a lidar com as situações de modo menos 
adoecedor. Assim, segue este caminho: 
1. buscar as singularidades, perguntando sobre medos, raivas, manias, 
temperamento, sono e sonhos; 
2. avaliar se há negação da doença, capacidade de autonomia e possíveis 
ganhos secundários; 
3. procurar perceber a contratransferência, os limites e as possibilidades 
que esses sentimentos trazem à relação terapêutica; e 
4. analisar se as intenções do profissional estão de acordo com a demanda 
do usuário (BRASIL,2009). 
 
É fundamental verificar intenções e linhas de força na relação, para construir um 
caminho comum e o necessário equilíbrio de poderes entre os profissionais e o usuário. 
Para tal, é preciso conhecer os projetos e desejos do usuário, bem como suas 
atividades de lazer do presente e do passado, pois a presença ou ausência de 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 23 
atividades prazerosas é indicativa da situação dele, apontando caminhos e/ou 
aprofundando vínculos e compreensão (BRASIL, 2008). 
É importante também lembrar que questões relativas às condições de vida (moradia, 
alimentação, saneamento, renda etc.) e à inserção em grupos poderosos (tais como 
religião, tráfico, trabalho) com frequência estão entre os determinantes e são 
fundamentais para o Projeto, merecendo, portanto, especial atenção (BRASIL, 2008). 
Deve-se encarar a reunião de equipe como um momento potente para a construção 
do Projeto Terapêutico. No entanto, ainda hoje é possível perceber a existência de 
formas tradicionais de gestão que apresentam visão restrita de como deve ser 
conduzida uma reunião. 
A reunião deve ser um espaço não apenas de distribuição de tarefas, mas também de 
diálogo, com clima favorável à expressão de opinião. A produção de um clima fraterno 
associado à objetividade é um aprendizado, pois vivemos em uma sociedade 
autoritária, em que alguns falam enquanto outros se calam e obedecem (BRASIL, 
2009). 
As discussões para construção e acompanhamento dos Projetos são oportunidades 
para valorização dos trabalhadores, possibitando a alternância de relevância dos 
diferentes saberes e criatividades, os quais variam no tempo, de acordo com as 
necessidades de cada usuário, evidenciando-se assim a interdependência entre todos 
na equipe (BRASIL, 2009). 
A construção do Projeto é momento privilegiado para a equipe articular os diversos 
recursos de intervenção de que dispõe, percebendo que em cada momento alguns 
terão mais relevância do que outros. À medida que a equipe consegue perceber seus 
limites e dificuldades, pode pedir apoio, recorrendo à prática do matriciamento 
(BRASIL, 2009). 
O matriciamento pode constituir-se em um excelente espaço de formação permanente, 
visto que possibilita a troca e o aprendizado também para os apoiadores, que 
experimentarão a aplicação de seus saberes em uma situação complexa, recheada de 
incertezas. Também podem aprender sobre as vivências do território com os 
matriciados, quando estes estão em um lugar de maior proximidade e vínculo com o 
paciente (BRASIL, 2009). 
 
 
CLÍNICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 24 
Para que tudo isso se materialize, é preciso que haja um clima de liberdade 
para pensar “o novo”. O peso da hierarquia pode impedir o diálogo e a 
expressão; portanto, os gestores precisam compreender a importância da 
comunicação transversal, favorecendo a transdisciplinaridade, a liberdade de 
expressão dos saberes, ideias e opiniões, as trocas e os diálogos, bem como a 
tomada de decisão coletiva, que inclui agregar o paciente, a família e a 
comunidade como protagonistas do cuidado e da construção dos Projetos 
Terapêuticos de modo singularizado. 
 
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