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Terapia Sexual (76 páginas)

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“O amor físico é um instinto natural, 
como a fome e a sede; 
mas a permanência do amor não é um instinto” 
 
André Maurois 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 2 
 
INTRODUÇÃO 4 
CICLO TRIFÁSICO E FISIOLOGIA DA RESPOSTA SEXUAL 9 
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DAS DISFUNÇÕES SEXUAIS 12 
TRANSTORNO DO DESEJO SEXUAL........................................................... 12 
TRANSTORNO DO DESEJO SEXUAL HIPOACTIVO ........................................ 12 
TRANSTORNO DE AVERSÃO SEXUAL ......................................................... 13 
TRANSTORNOS DA EXCITAÇÃO SEXUAL.................................................. 14 
TRANSTORNO DE EXCITAÇÃO SEXUAL FEMININA ...................................... 14 
TRANSTORNO ERÉCTIL MASCULINO .......................................................... 15 
TRANSTORNOS ORGÁSMICOS .................................................................. 16 
TRANSTORNO ORGÁSMICO FEMININO (ANORGASMIA) ............................... 16 
TRANSTORNO ORGÁSMICO MASCULINO .................................................... 17 
EJACULAÇÃO PRECOCE.............................................................................. 18 
TRANSTORNOS NA DOR SEXUAL.............................................................. 19 
DISPAREUNIA ............................................................................................ 19 
VAGINISMO............................................................................................... 20 
DISFUNÇÃO SEXUAL DEVIDO A UMA CONDIÇÃO MÉDICA GERAL............ 21 
DISFUNÇÃO ERÉCTIL MASCULINA DEVIDO A UMA CONDIÇÃO MÉDICA GERAL
................................................................................................................. 23 
DISPAREUNIA DEVIDO A UMA CONDIÇÃO MÉDICA GERAL ......................... 24 
TRANSTORNO DO DESEJO SEXUAL HIPOACTIVO DEVIDO A UMA CONDIÇÃO 
MÉDICA GERAL......................................................................................... 24 
OUTRA DISFUNÇÃO SEXUAL MASCULINA/FEMININA DEVIDO A UMA 
CONDIÇÃO MÉDICA GERAL ....................................................................... 25 
DISFUNÇÃO SEXUAL INDUZIDA POR SUBSTÂNCIA ................................... 25 
DISFUNÇÃO SEXUAL SEM OUTRA ESPECIFICAÇÃO.................................. 26 
INTERVENÇÃO 27 
TERAPIA COMPORTAMENTAL .................................................................. 30 
MODELO PSICANALÍTICO ........................................................................ 38 
TERAPIA SEXUAL DE ORIENTAÇÃO ANALÍTICA ........................................ 39 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 3 
TERAPIA DE GRUPO ................................................................................. 40 
HIPNOTERAPIA ........................................................................................ 41 
TRATAMENTOS BIOLÓGICOS.................................................................... 42 
PROCESSO TERAPÊUTICO SEGUNDO O MODELO 
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL 43 
ANAMNESE SEXUAL / FASE DE AVALIAÇÃO ............................................. 47 
FORMULAÇÃO.......................................................................................... 53 
PROGRAMA DE TRATAMENTO .................................................................. 54 
LIÇÕES DE CASA ........................................................................................ 54 
FOCALIZAÇÃO SENSORIAL NÃO-GENITAL ................................................... 57 
FOCALIZAÇÃO SENSORIAL GENITAL ........................................................... 59 
PENETRAÇÃO VAGINAL.............................................................................. 60 
TÉCNICAS PARA PROBLEMAS ESPECÍFICOS ................................................ 62 
ACONSELHAMENTO ................................................................................. 70 
EDUCAÇÃO............................................................................................... 71 
ENCERRAMENTO...................................................................................... 72 
CONCLUSÃO 74 
BIBLIOGRAFIA 76 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 4 
 
IIINNNTTTRRROOODDDUUUÇÇÇÃÃÃOOO 
 
A sexualidade, a função sexual e a reprodução ocupam grande parte da 
vida humana, consumindo significativamente a energia vital. Até certo 
ponto, pode-se dizer que quase toda a actividade está direccionada ou 
condicionada para a actividade sexual e para a reprodução, no sentido de 
manter a espécie, tendo filhos, abrigando-os, fornecendo-lhes a 
alimentação e uma educação satisfatórias. 
Esta função psiconeurofisiológica que nos outros seres vivos tem como 
única finalidade a reprodução, nos seres humanos transcendeu a 
preservação da espécie passando a ter uma abrangência maior. O sexo é 
vivenciado como comunicação, prazer, doação, submissão, dominação, 
violência, repressão, sobrevivência, profissão... e também como 
reprodução. Para uma grande parcela da humanidade, a preservação da 
espécie é subproduto involuntário da actividade sexual. 
A sexualidade humana pode ser definida como uma energia psíquica 
direccionada para a auto-descoberta, para o vínculo com outros, para o 
prazer e autoestima. Denominado "libido" há quase um século, a sua 
origem é desconhecida, sendo considerado na teoria psicanalítica o 
substrato para o desenvolvimento psicológico do indivíduo em todas as 
fases da vida. 
Como função sexual, entende-se o envolvimento de componentes 
neurofisiológicos e anatómicos que capacitam o indivíduo ao desejo, à 
excitação e ao orgasmo. Todos os órgãos, aparelhos e sistemas que entram 
em acção devem ter um mínimo funcional para o seu desempenho, ou seja, 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 5 
não se pensa em sexo quando se está com fome, sono ou em situações que 
ameacem a integridade do indivíduo. 
A vida sexual adulta sofre muitas influências parentais, não só pelas 
comunicações verbais directas, mas também pela maneira como eles 
vivenciaram a sua própria sexualidade, as suas angústias, as lacunas que 
deixaram no seu discurso. Também na indução inconsciente de um papel 
específico a ser desempenhado pela criança dentro da sexualidade do 
casal, promovendo processos de identificação e contra-identificação na 
criança, determinando seu perfil sexual. 
 
Desde o inicio dos tempos que podem ser observadas alusões à 
sexualidade humana por meio da arte de civilizações antigas, como 
esculturas de barro do Antigo Egipto, vasos helénicos, pinturas de 
Pompeia, templos edificados na Índia, amuletos peruanos, entre outros. 
Também mitos e tabus sexuais foram propagados de geração a geração, 
anexando-se à tradição de cada cultura. 
A linguagem escrita foi de grande importância no conhecimento de hábitos 
sexuais dos povos milenares. O deus Eros, deus do amor e do instinto 
básico da vida, era o deus responsável pelo impulso biológico que excitava 
o apetite sexual que entusiasmava os órgãos por outros órgãos. Foi a 
época de filósofos como Sócrates e Platão, prezando o amor a serviço da 
sabedoria. Entretanto, foi só no final do século passado que foram 
iniciados os estudos sobre a sexualidade humana e suas patologias, 
destacando-se Sigmund Freud, pai da psicanálise, que lançou as primeiras 
teorias da sexualidade infantil, pondo por terra a ideia de que as crianças 
eram seres assexuados. As neuroses eram vistas como frutos de repressões 
sexuais, de instintos recalcados ao inconsciente lutando para vir à tona. 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 6 
Em 1948, uma pesquisa sociológica de grandeporte - o Relatório Kinsey - 
revelou as práticas sexuais de 16.000 pessoas, trazendo parâmetros de 
frequência, de padrões, de orientação e preferência de actividades sexuais. 
Mais tarde, em 1954, um ginecologista e sua esposa psicóloga - Masters e 
Johnson - criaram um laboratório experimental nos Estados Unidos da 
América. Através dos seus esforços e da sua capacidade refinada de 
observação, o casal avaliou a função sexual de centenas de pessoas, 
propiciando o conhecimento de um padrão de resposta sexual (Ciclo de 
Resposta Sexual Humana) e das características fisiológicas das suas fases: 
excitação, platô, orgasmo e resolução. Propuseram uma abordagem 
terapêutica que misturava técnicas educativas, de aconselhamento e de 
comportamento condicionado para o tratamento das disfunções sexuais, 
criando passos sequenciais denominados focos sensoriais. Helen Singer 
Kaplan, "sentada em ombros de gigantes", desenvolveu ainda mais o 
conceito de ciclo de resposta sexual humana, organizando-o, agora, em 
apenas três fases: Desejo, Excitação e Orgasmo. Quanto à etiologia das 
disfunções sexuais, sugeriu a existência hipotética e simplificada de um 
centro regulador de motivação sexual que envolveria mecanismos 
neurobiológicos no núcleo hipotalâmico no sistema límbico e em outros 
neurocircuitos, dependentes de níveis adequados de neurotransmissores e 
hormonas, bem como da sensibilidade de receptores. A sua proposta 
terapêutica consistia numa abordagem combinada comportamental e 
psicodinâmica, visto as disfunções sexuais serem, normalmente, resistentes 
a tratamento exclusivamente comportamental. 
Ao longo dos últimos 15 anos, com a ascensão da psiquiatria biológica, as 
pesquisas voltaram-se para as possíveis causas orgânicas das disfunções 
sexuais, particularmente do transtorno eréctil em homens acima de 55 
anos de idade. Estudos neurobioquímicos experimentais foram realizados 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 7 
com o intuito de descobrir quais as vias neurofisiológicos e quais os 
neurotransmissores que estariam envolvidos na fisiologia sexual normal e 
patológica. 
As pesquisas com medicações e seus para-efeitos trouxeram à luz, drogas 
coadjuvantes ao tratamento dos problemas sexuais, nomeadamente o uso 
de alguns antidepressivos para retardar o tempo ejaculatório ou o uso de 
amantadina para reversão de para-efeitos sexuais produzidos por 
inibidores da recaptação da serotonina. 
Novos estudos em animais de laboratório têm fornecido dados a respeito 
de outras substâncias envolvidas no comportamento sexual. A vasopressina 
e a ocitocina são peptidios secretados pela glândula pituitária e 
responsáveis, respectivamente, pela regulação da água no corpo humano e 
pela ejecção de leite.Em recentes investigações, foi demonstrado que há 
secreção simultânea de ocitocina em ambos os parceiros durante o 
estímulo sexual, sugerindo que estes neurotransmissores determinariam o 
comportamento paternal nos machos, a maior protecção à prole e a 
diminuição da agressividade. Ambas as substâncias estimulariam a 
reprodução, o vínculo e as relações monogâmicas. 
O estudo da sexualidade tem evoluído ao longo dos últimos 20 anos não 
podendo mais ser encarado como uma subespecialidade da psiquiatria. De 
uma perspectiva longitudinal, pode-se observar um movimento científico 
expansivo e integrado: 
• No início do século, com ênfase na herança genética e em factores 
psíquicos; 
• Na década de 70, a função sexual passou a ser compreendida 
também como fenómeno neurofisiológico; 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 8 
• Actualmente, o entendimento dessa complexa e tão necessária 
função humana segue um modelo multifactorial e integrado, no qual 
influências genéticas, neurofisiológicas, psíquicas intra e 
interpessoais e socioculturais são valorizadas indistintamente, 
enriquecendo não só o conhecimento sobre etiologia, diagnóstico e 
tratamento das disfunções sexuais, como também sobre a essência 
das relações amorosas, que preserva a vida e a manutenção da 
espécie. 
 
Este trabalho tem como objectivo fazer uma introdução à Terapia Sexual, 
sendo para tal feita uma classificação das disfunções sexuais mais 
frequentes e uma breve descrição dos vários modelos teóricos de 
intervenção. A nível de processo terapêutico será descrito o modelo 
Cognitivo-Comportamental, abordando algumas técnicas específicas para 
cada transtorno. 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 9 
CCCIIICCCLLLOOO TTTRRRIIIFFFÁÁÁSSSIIICCCOOO EEE FFFIIISSSIIIOOOLLLOOOGGGIIIAAA DDDAAA RRREEESSSPPPOOOSSSTTTAAA 
SSSEEEXXXUUUAAALLL 
 
 
 
CICLO TRIFÁSICO E FISIOLOGIA DA RESPOSTA SEXUAL1 
 
 
DESEJO 
 
Para que o indivíduo inicie a resposta sexual é necessário que haja convergência de três 
elementos distintos: 
1. Pulsão 
• Este depende da actuação do sistema neuronal no cérebro (áreas hipotalamicas 
e límbicas), com interacção de hormonas esteróides e neuropeptieos. 
Os seguintes são de carácter mais subjectivo, envolvendo sensações que permitem ao 
indivíduo um aumento da sensopercepção e capacidade física, no sentido da gratificação 
sexual, estando relacionado com: 
• Padrões parentais; 
• Experiência prévias; 
• Características individuais de personalidade; 
• Influências socioculturais. 
2. Vontade 
• Relaciona-se com o desejo consciente de busca do prazer sexual ou evitamento. 
3. Motivo 
• “ Está intimamente relacionado à necessidade de relações de objecto 
inconscientes, sendo o mais provável foco de intervenção terapêutica”. 
(Gabbard, 1992). 
 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 10 
 
 
EXCITAÇÃO 
 
 
Caracteriza-se por uma sensação sexual de tensão e bem estar crescente, prazenteira 
que procura uma descarga energética. 
 
 
� � 
• Erecção peniana 
• Elevação dos testículos 
 
• Vaso congestão pélvica 
• Lubrificação vaginal 
• Exsudação da genitália externa 
• Clitóris torna-se proeminente 
• As paredes do terço inicial da vagina 
contraem-se o colo do útero sobe, 
ampliando a capacidade e a 
profundidade da vagina. 
• Quando esta atinge o seu auge, as alterações vão muito além das que ocorrem a 
nível genital. 
• Todo o corpo vibra 
• Respiração ofegante 
• Aumento da pressão arterial 
• Taquicardia 
• Taquipeneia 
• Os sentidos apuram-se 
• Rubor Sexual 
• Mamilos erectos 
• Estas respostas podem ser alteradas por factores de ordem mental ou física, no 
sentido da diminuição da edificação da tensão Sexual. Nomeadamente: mudanças 
no ritmo e de estimulação directa; focalização de pensamentos ou sentimentos 
negativos relacionados com a vontade ou motivo de desejo sexual; sonho estranho; 
mudança de posição ou cãibra muscular. 
 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 11 
 
 
ORGASMO 
 
 
É definido como o auge do bem estar e do prazer, havendo libertação de tensão 
sexual, concumitantemente com a contracção rítmica das estruturas perineais e 
reprodutoras e mudanças nas funções respiratórias. 
 
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• Desenvolve-se em duas fases 
sequenciais: 
1ª - Emissão (modulada por 
noradrenalina, quando a musculatura 
lisa da próstata e da vesícula seminal 
se contraem e propulsionam o liquido 
seminal para o bulbo uretral). 
2ª - Ejaculatória (modulada por o 
reflexo sacro-espinhal, com 
contracção da musculatura estriada 
que envolve o bulbo uretral havendo 
assim, saída do sémen). 
• No homem existe o período 
refractário que depende da idade, que 
corresponde ao tempo necessário 
para reiniciar actividade sexual, após 
o término da relação. 
 
• Há contracção reflexa rítmica dos 
músculos peri-vaginais,perineais e 
peri-anais que circundam o terço 
externo da vagina. 
• Podem ocorrer 3-12 contracções, 
estando a quantidade e intensidade 
destas dependente da qualidade 
subjectiva do estimulo. Algumas 
mulheres podem experimentar 
multiorgasmos 
 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 12 
 
CCCooonnnccceeeiiitttooo eee CCClllaaassssssiiifffiiicccaaaçççãããooo dddaaasss DDDiiisssfffuuunnnçççõõõeeesss SSSeeexxxuuuaaaiiisss 
 
O conceito de disfunção sexual refere-se à persistente perda ou diminuição 
do padrão normal de interesse ou resposta sexual é importante fazer a 
distinção entre disfunção e dificuldade sexual. Dificuldades sexuais são um 
grupo heterogéneo de queixas que incluem incapacidade para relaxar, 
pouco preâmbulos, ausência de carinho após o acto sexual, medo de 
intimidade, dificuldade de comunicação entre os parceiros. São factores 
que não implicam necessariamente uma falha de desempenho, mas 
reflectem uma insatisfação sexual e podem eventualmente levar a algum 
tipo de disfunção. 
 
 
 
Transtorno do Desejo Sexual 
 
Os transtornos do desejo sexual são divididos em duas classes: 
 
Transtorno Do Desejo Sexual Hipoactivo 
 
• Caracterizado por uma deficiência ou ausência de fantasias sexuais 
e do desejo de actividade sexual. Cerca de 20% da população sofre 
desta perturbação, sendo mais frequente nas mulheres. 
 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 13 
 
Transtorno De Aversão Sexual 
• Caracterizado por uma aversão ou fuga do contacto sexual genital 
com o parceiro sexual. 
 
Os factores causais desta perturbação podem ser muito diversificados. Os 
pacientes com perturbações de desejo frequentemente usam a inibição do 
desejo como forma defensiva, isto é, no sentido de se protegerem dos 
medos associados ao sexo. 
 
A presença de desejo depende de vários factores : 
• Impulso biológico 
• Autoestima adequada 
• Boas experiências anteriores com o sexo 
• Disponibilidade de um parceiro apropriado 
• Bom relacionamento em áreas não sexuais com o 
parceiro 
• Ansiedade, stress e depressão crónica. 
 
As alterações em qualquer um destes factores pode levar a uma diminuição 
de desejo. Para se fazer um diagnóstico correcto desta situação é 
necessário avaliar a idade, a saúde geral, as tensões na vida do paciente e 
estabelecer uma linha de base do interesse sexual antes do início do 
transtorno. O diagnóstico só deve ser efectuado quando a falta de desejo 
represente uma fonte de sofrimento para o paciente. 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Transtornos Da Excitação Sexual 
 
Os transtornos de excitação sexual são divididos, segundo DSM IV em : 
 
Transtorno De Excitação Sexual Feminina 
 
• Caracterizada pelo fracasso persistente ou recorrente, parcial ou 
completo em atingir ou manter a resposta de lubrificação e 
tumescência da excitação sexual até ao término da relação. 
Geralmente as mulheres com esta disfunção possuem também 
problemas orgásmicos. Muitos factores psicológicos estão 
associados com inibição sexual feminina. Esses conflitos podem ser 
expressos através da inibição da excitação ou do orgasmo. 
Critérios De Diagnósticos para Transtorno De Desejo Sexual Hipoactivo 
• Deficiência (ou ausência) persistente ou recorrente de fantasias ou desejo de 
ter actividade sexual. O julgamento de deficiência ou ausência é feito pelo 
clinico, levando em consideração factores que afectam o funcionamento sexual, 
tais como idade e contexto de vida do indivíduo. 
• Perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. 
• A disfunção sexual não é melhor explicada por outro transtorno do Eixo 1 
(excepto outra Disfunção Sexual) nem se deve exclusivamente aos efeitos 
fisiológicos directos de uma substancia (por ex. droga de abuso medicamento), 
ou de uma condição médica geral. 
Tabela adaptada do DSM-IV 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Transtorno Eréctil Masculino 
 
• Caracterizado pelo fracasso recorrente ou persistente, parcial ou 
completo, em atingir ou manter uma erecção até ao termino da 
relação. Este transtorno pode ser primário ou secundário, dependo 
da ocorrência ou não, em algum momento da sua vida, de erecção. A 
impotência selectiva refere-se quando o homem é capaz de ter coito 
em certas circunstâncias, mas não em outras (Ex.: ter uma relação 
satisfatória com uma prostituta e ser impotente com a esposa). A 
causa da impotência pode ser orgânica ou psicológica, ou uma 
combinação de ambas. Sendo de extrema importância uma boa 
anamnese para determinação da etiologia da disfunção. 
Critérios De Diagnósticos para Transtorno Da Excitação Sexual Feminina 
• Incapacidade persistente ou recorrente de adquirir ou manter uma resposta de 
excitação sexual de lubrificação turgescência até á conclusão da actividade 
sexual. 
• A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. 
• A disfunção sexual não é melhor explicada por outro transtorno do Eixo 1 
(excepto outra Disfunção Sexual). Nem se deve exclusivamente aos efeitos 
fisiológicos directos de uma substância (por ex. droga de abuso. medicamento) 
ou de unia condição médica geral. 
Tabela adaptada do DSM-IV 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
Transtornos Orgásmicos 
 
Transtorno Orgásmico Feminino (Anorgasmia) 
 
• Definido como uma inibição recorrente ou persistente do o orgasmo 
feminino, manifestada pelo atraso recorrente ou ausência de 
orgasmo após uma fase normal de excitação sexual. Um transtorno 
oegásmico primário surge quando a mulher jamais experimentou 
orgasmo por qualquer estimulação. Um transtorno orgásmico 
secundário surge quando a mulher já experimentou um orgasmo 
anteriormente, independentemente das circunstâncias ou do tipo de 
estimulação, sendo este o mais frequente. 
 
Numerosos factores psicológicos estão associados com este transtorno tal 
como : 
• Temores de impregnação 
• Rejeição pelo parceiro sexual 
• Danos na vagina 
• Hostilidade para com os homens 
• Sentimentos de culpa com a relação aos impulsos sexuais. 
Critérios De Diagnósticos para Transtorno Eréctil Masculino 
• Incapacidade persistente ou recorrente de obter ou manter uma erecção 
adequada até a conclusão da actividade sexual. 
• A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldades interpessoais. 
• A disfunção eréctil não é melhor explicada por outro transtorno do Eixo 1 
(Outro que não Disfunção Sexual), nem se deve exclusivamente aos efeitos 
fisiológicos directos de uma substância (por ex. droga de abuso. medicamentos), 
ou de una condição médica geral. 
Tabela adaptada do DSM-IV. 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 17 
 
O orgasmo para algumas mulheres, é equiparado a uma perda de controlo 
ou a um comportamento agressivo, destrutivo ou violento. O medo destes 
impulsos pode ser expresso através da inibição da excitação e do orgasmo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Transtorno Orgásmico Masculino 
 
• Caracterizado quando o homem obtém a ejaculação durante o coito 
com grande dificuldade, se consegue. Este transtorno pode ser 
primário ou secundário, consoante tenha ou não conseguido ter 
ejaculação durante o coito em algum momento da sua vida. Para 
alguns autores existe uma diferenciação entre orgasmo e ejaculação, 
uma vez que alguns homens ejaculam mas referem um sentimento 
subjectivo de ausência oudiminuição de prazer durante a 
experiência de orgasmo (anedonia orgástica). 
Critérios De Diagnósticos para Transtorno Orgásmico Feminino 
• Atraso ou ausência persistente ou recorrente de orgasmo após uma fase normal 
de excitação sexual. As mulheres apresentam uma ampla variabilidade no tipo 
ou na intensidade da estimulação que leva ao orgasmo. O diagnóstico de 
transtorno orgásmico Feminino deve fundamentar-se no julgamento clínico de 
que a capacidade orgásmica da mulher é menor do que seria esperado para a 
sua idade, experiência sexual e adequação da estimulação sexual que recebe. 
• A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. 
• A disfunção orgásmica não é melhor explicada por outro transtorno do Eixo I 
(excepto outra Disfunção Sexual), nem se deve exclusivamente aos efeitos 
fisiológicos directos de uma substância (por ex. droga de abuso, medicamento) 
ou de uma condição médica geral. 
Tabela adaptada do DSM-IV 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ejaculação precoce 
 
• Quando o homem alcança recorrentemente o orgasmo e a 
ejaculação antes de desejá-lo. Não existe um marco temporal 
definido, em que se possa definir a disfunção. O diagnóstico é feito 
quando o homem ejacula antes ou imediatamente após penetrar a 
vagina. A idade, a novidade da experiência com a parceira sexual, a 
frequência e duração do coito são factores que afectam a fase de 
excitação. 
 
A dificuldade no controlo da ejaculação pode estar associada a ansiedade 
em relação ao acto sexual ou com temores inconscientes da vagina. 
Também pode ser consequência de um condicionamento cultural negativo. 
Critérios De Diagnóstico para Transtorno Orgásmico Masculino 
• Atraso ou ausência persistente ou recorrente de orgasmo após uma fase normal 
de excitação sexual durante a actividade sexual, que o clinico julga adequada 
em termos de foco, intensidade e duração, levando consideração a idade da 
pessoa. 
• A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. 
• A disfunção orgásmica não é melhor explicada por outro transtorno do Eixo I 
(excepto outra Disfunção Sexual), nem se deve exclusivamente aos efeitos 
fisiológicos directos de uma substância (por ex. droga de abuso, medicamento) 
ou de uma condição médica geral. 
Tabela adaptada do DSM-IV 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Transtornos Na Dor Sexual 
 
 
Dispareunia 
 
• Dor recorrente e persistente ocorrendo antes, durante ou após o 
coito num homem ou numa mulher. A dispareunia nas mulheres é 
mais frequente e está associada ao vaginismo. Esta disfunção não 
deve ser diagnosticada se existe uma base orgânica para a dor, ou 
quando é causada exclusivamente por vaginismo ou por falta de 
lubrificação. Na maioria dos casos a causa é atribuída a factores 
dinâmicos (violação ou abuso sexual na infância). 
Critérios Diagnósticos para Ejaculação Precoce 
• Ejaculação persistente ou recorrente com estimulação sexual mínima antes, 
durante ou logo após a penetração, antes que o indivíduo o deseje. 
• O clinico deve levar em consideração os factores que afectam a duração da fase 
de excitação, tais como idade, novidade da parceira ou situação sexual e 
frequência da actividade sexual recente. 
• A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. 
• A ejaculação precoce não se deve exclusivamente aos efeitos directos de uma 
substância (por ex.. abstinência de opióides). 
 Tabela adaptada do DSM-IV 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vaginismo 
 
• Constrição muscular involuntária do terço externo da vagina 
evitando a inserção peniana e o coito. O diagnóstico não é efectuado 
se a disfunção é causada por factores orgânicos ou se é sintomática 
de outro transtorno. A mulher que sofre de vaginismo 
conscientemente deseja o coito mas inconscientemente evita a 
penetração. Este transtorno pode também estar associado a 
situações de violação ou abuso sexual ou por aquando da primeira 
experiência sexual. 
 
Critérios De Diagnóstico para Dispareunia 
• A . Dor genital recorrente ou persistente associada com o coito no homem e na 
mulher. 
• B. A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. 
• C A perturbação não e causada exclusivamente por Vaginismo ou falta de 
lubrificação, não é melhor explicada por outro transtorno do Eixo 1 (excepto 
outra Disfunção Sexual), nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos 
direitos de uma substância (por ex. droga de abuso. medicamento) ou de uma 
condição médica geral. 
Tabela adaptada do DSM-IV. 
Critérios De Diagnóstico para Vaginismo 
• A Espasmo involuntário, recorrente ou persistente da musculatura do terço 
inferior da vagina que interfere no coito. 
• A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. 
• A perturbação não é melhor explicada por outro transtorno do Eixo 1 (por ex. 
Transtorno de Somatização), nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos 
directos de uma condição médica geral. 
Tabela adaptada do DSM-IV 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 21 
 
Disfunção Sexual devido a uma Condição Médica Geral 
 
Nas últimas décadas, grandes passos foram dados em termos de 
liberalização sexual, havendo uma promoção da erotização da actividade 
sexual em detrimento da função reprodutiva, assistindo-se assim, a uma 
maior busca da gratificação sexual como parte integrante da qualidade de 
vida. Paralelamente, os avanços no tratamento de muitas patologias 
médicas, conduziram a um aumento de sobrevida e consequentemente a 
uma maior preocupação com a qualidade de vida. É neste contexto, que 
surge a necessidade de despiste e intervenção de dificuldades sexuais 
associadas à doença. 
Para que se possa compreender a interferência da doença na sexualidade 
humana, há que ter presente que são necessários 3 componentes para a 
resposta sexual: 
• modificações fisiológicas; 
• percepção subjectiva dessas modificações fisiológicas; 
• interpretação cognitiva das mesmas como tendo como 
tendo carácter sexual. 
Assim sendo, não custa crer que muitas condições médicas tenham 
marcadas repercussões sobre a sexualidade: 
• EFEITOS FÍSICOS DIRECTOS 
Interferência especifica com a resposta sexual, genital ou não 
(insuficiência vascular ou alterações neurológicas); 
Efeitos não específicos resultantes de dor, mal estar geral, fadiga e 
alterações da mobilidade que interferem com a interacção sexual. 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 22 
• EFEITOS PSICOLÓGICOS DA DOENÇA 
No próprio, tais como sentir-se pouco à vontade e pouco atraente 
sexualmente, no contexto de uma diminuição geral da autoestima. O 
diagnóstico de uma doença grave, provoca no indivíduo uma crise à qual 
ele reagirá pondo em prática diferentes estratégias de coping, ou na sua 
ausência, fazendo uso de diversos mecanismos de defesa. Este processo de 
adaptação psicológica, influenciará decisivamente a capacidade de manter 
uma actividade sexual gratificante, como parte integrante e indissociável 
de uma boa saúde emocional. Neste contexto, uma diminuição geral da 
autoestima resultante da reacção do próprio e da sociedade às suas 
incapacidades, leva a que o doente não se sinta atraente sexualmente 
“confortável” numa situação de interacção sexual. 
Na relação, a crise provocada pela doença é extensível à família e 
particularmente ao seu companheiro com: 
• Perda do erotismo da relação em consequênciade laços de 
dependência criados pela prestação de cuidados paliativos; 
• Sentimentos de culpa do companheiro por desejar o prazer 
apesar da existência de uma doença grave ou tida como fatal; 
• Medos (doente e parceiro), dos efeitos nefastos que a 
actividade sexual possa ter sobre a doença. 
• EFEITOS DO TRATAMENTO SOBRE A SEXUALIDADE 
• Efeitos farmacológicos, já que são numerosos os fármacos 
que interferem na fisiologia sexual; 
• Consequências da cirurgia, quer por lesão directa de 
estruturas genitais, quer por dano vascular ou neurológico; 
• Efeitos psicológicos do tratamento, quando temporária ou 
definitivamente acarretam desfiguramento. As alterações tanto 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 23 
podem ser visíveis externamente como apenas em situações de 
maior intimidade; 
• Atitude dos profissionais de saúde relativamente à 
sexualidade do doente tais como receios e preconceitos de 
vária ordem. 
 
Disfunção Eréctil Masculina devido A uma Condição Médica 
Geral 
 
• Entre 20 e 50% dos casos têm base orgânica para o transtorno. 
• Existem vários procedimentos benignos e invasivos que permitem 
ajudar o diagnóstico diferencial de impotência por causa orgânica da 
funcional: 
• Monitoramento da tumescência peniana nocturna, 
(normalmente associada com a fase REM do sono, zona de 
sono mais profundo); testes de tolerância à glicose; ensaios de 
hormonas plasmáticas, testes de função hepática e da tiróide, 
determinações de prolactina, FH e FSH, exames 
cistométricos. 
• Estudos de Diagnóstico Invasivos – arteriografia peniana, 
cavernosografia de infusão e penografia por xenônio 
radioactivo – utilizados apenas em pacientes candidatos a 
procedimentos vasculares reconstrutivos. 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 24 
 
Dispareunia devido A uma Condição Médica Geral 
 
• 30% dos procedimentos cirúrgicos da área genital feminina 
resultam em, dispareunia temporária; 
• 30 a 40% têm patologia pélvica. 
 
As anormalidades orgânicas que levam ao vaginismo e dispareunia 
incluem: 
• Remanescentes himenais irritados e infeccionados; 
• Cicatrizes de episiotomia; 
• Infecção das glândulas de Bartholin; 
• Várias formas de vaginite e cervicite; 
• Endometriose; 
• Pós-menopausa, devido a um afinamento da mucosa vaginal e 
lubrificação reduzida. 
Esta também pode ocorrer nos homens, mas é incomum e geralmente 
associada com uma condição orgânica (doença de Peyronie , placas 
escleróticas que causam o encurvamento do pénis). 
 
Transtorno do Desejo Sexual Hipoactivo devido A uma 
Condição Médica Geral 
• Como já foi referido, o desejo geralmente diminui após uma 
doença grave ou cirurgia, particularmente se a imagem 
corporal é afectada (mastectomia, ileostomia, histerectomia e 
prostatectomia). 
 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 25 
 
Outra disfunção sexual Masculina/Feminina devido A uma 
Condição Médica Geral 
• Esta categoria é usada quando há predomínio de algum outro 
aspecto disfuncional ou nenhum aspecto predomina. 
 
 
Disfunção Sexual Induzida Por Substância 
 
Se existe evidências, a partir da história, exame físico ou achados 
laboratoriais, de intoxicação ou abstinência de substâncias, então será este 
o diagnóstico. Estas substâncias incluem : álcool, anfetaminas ou 
substâncias correlatadas, cocaína, opióides, sedativos, hipnóticos ou 
ansiolíticos, outras substâncias ou desconhecidas 
As substâncias recreacionais de uso nocivo, podem em pequenas doses, 
melhorar o desempenho sexual, diminuindo a ansiedade, ou inibição, ou 
causando uma excitação temporária do humor; no entanto o uso 
continuado pode prejudicar a capacidade eréctil, orgástica e ejaculatória. 
Geralmente os homens passam por dois estágios : primeiro, erecção 
prolongada sem ejaculação, depois, perda gradual da capacidade eréctil. 
Assim, a recuperação de indivíduos dependentes também passa pela 
reaquisição da função sexual. 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 26 
 
Disfunção Sexual Sem Outra Especificação 
 
Esta categoria atende a disfunções sexuais que não podem ser 
classificadas sob as categorias anteriormente referidas. Incluem indivíduos 
que vivenciam as componentes fisiológicas de excitação sexual e do 
orgasmo, mas afirmam não terem sensação erótica ou sentirem até mesmo 
anedonia orgástica. Os transtornos de excesso, em vez de inibição, tais 
como masturbação compulsiva, podem ser diagnosticados aqui; assim 
como a dor genital que ocorre durante a masturbação. Outros transtornos 
inespecíficos são encontrados em indivíduos que têm uma ou mais 
fantasias sexuais sobre as quais se sentem culpados ou então disfóricos. 
• Cefaleia pós-coital – é caracterizada por uma dor de cabeça 
imediatamente após o coito, podendo durar várias horas e sendo 
descrita como uma dor latejante. Podendo ser de origem 
psicogénica.. 
• Anedonia orgásmica – este termo refere-se a uma condição na 
qual não existe a sensação física do orgasmo, embora a 
componente fisiológica esteja intacta. As causas psíquicas 
geralmente relacionam-se com extrema culpa acerca da 
experiência do prazer sexual. Estes sentimentos produzem um 
tipo de resposta dissociativa que isola da consciência a 
componente afectiva da experiência orgástica. 
• Dor masturbatória – acontece com indivíduos que sentem dor 
durante a masturbação. Deve ser diferenciada da masturbação 
compulsiva, pois podem masturbar-se ao ponto de danificar 
fisicamente os seus genitais, podendo experimentar dor durante 
as próximas masturbações. 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 27 
IIInnnttteeerrrvvveeennnçççãããooo 
 
Apresenta-se a seguir a descrição de algumas das terapias usadas no 
tratamento das disfunções sexuais, nomeadamente: 
• Terapia Comportamental 
• Terapia Psicanalítica 
• Terapia De Orientação Dinâmica 
• Terapia De Grupo 
• Hipnoterapia 
• Terapia Cognitivo-Comportamental 
 
 
 Tratamento físico 
 
 Afecto 
 
 Comporta-
mento 
 Cognição 
 
Psicoterapia 
Comportamen
tal 
 Psicoterapia 
cognitivo-
comportamental 
 Psicoterapia 
psicodinâmic
a 
 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 28 
As atitudes humanas resultam da interacção entre três componentes: 
afecto, cognição e comportamento na área sexual. Muitas das 
perturbações ou disfunções podem ser explicadas com base nestas três 
componentes. Perante uma situação de coito eminente desenvolve-se uma 
ansiedade extrema (componente afectiva); pensamentos errados, 
preocupação de mau desempenho, que resultarão num “enlouquecer” de 
ansiedade (componente cognitiva); resultando na retirada da situação 
temida e no evitamento de qualquer estímulo semelhante(componente 
comportamental). 
Teoricamente, o tratamento poderia ser dirigido a qualquer uma destas 
componentes: ansiolíticos para reduzir a ansiedade, terapia psicodinâmica 
para explorar as raízes do medo, ou ser estimulado pelo tratamento 
comportamental a aproximar-se do objecto temido. Na realidade, estas três 
componentes interagem entre si de tal maneira que uma alteração numa 
afecta as outras. Na escolha da terapia adequada deverá ter-se em conta 
os indivíduos, as sua expectativas, as motivações, o tempo disponível, 
situação financeira, contexto cultural entre outros. 
 
As abordagens psicológicas dos problemas sexuais podem ser agrupadas 
em: Aconselhamento breve e Terapia sexual. 
O Aconselhamento breve inclui educação e orientação, é dirigido a 
pessoas com dificuldadessexuais geralmente observadas em clínica geral. 
Indicações : 
• Problema sexual é recente e pouco complicado; 
• A necessidade principal é educação; 
• Casal já iniciou medidas de resolução do problema; 
• Utiliza-se se não for necessária terapia sexual. 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 29 
Indicações para a Terapia Sexual: 
• Problemas sexuais de longa duração (pelo menos alguns 
meses); 
• casal não conseguiu por si só resolver o problema; 
• A génese do problema e/ou sua manutenção deriva de factores 
psicológicos (experiência sexual anterior desagradável, 
ansiedade quanto ao desempenho, baixa autoestima); 
• O problema ameaça o relacionamento geral dos parceiros. 
 
 Os factores adicionais que se devem levar em consideração na escolha 
da terapia sexual incluem : 
Relacionamento geral - não deve ser oferecida se dificuldade sexual for 
em grande parte sintomática dos problemas de relacionamento geral do 
casal. 
Distúrbio psiquiátrico - Os mais graves tornam impossível a terapia 
sexual, No entanto, em casos de depressão ou ansiedade leve ou 
moderada, pode-se recorrer a esta terapia, sobretudo se estes sintomas 
são causados pela disfunção sexual. 
Alcoolismo - a terapia sexual não deve ser aconselhada se um dos 
elementos do casal apresentar no momento uma séria dependência do 
álcool, visto a adesão ou as dificuldades de relacionamento interferirem 
no tratamento. 
Gravidez - como existe perda natural de interesse sexual no final da 
gravidez, aconselha-se o casal a reiniciar o tratamento 3 ou 6 meses 
após o parto, se se verificar que a problemática se mantém. 
Motivação - è importante reconhecer que a motivação aparentemente 
insatisfatória pode reflectir a falta de compreensão do fundamento 
lógico ou dos objectivos do tratamento, no entanto é inútil oferecer a 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 30 
 
Terapia comportamental 
 
O tratamento comportamental das disfunções sexuais é baseado nos 
preceitos postulados por Masters e Johnson (1979), Helen Singer Kaplan 
(1983), Jack S. Annon (1980) e Joseph Lo Picolio (1979). 
A psicoterapia comportamental surgiu em anos relativamente recentes. A 
sua estrutura resulta da teoria de aprendizagem de Pavlov, Watson e 
Skinner, enquanto os seus métodos terapêuticos se baseiam em princípios 
de condicionamento estabelecidos experimentalmente. 
Na base do modelo comportamental está o conceito de que "os 
comportamentos neuróticos” e outros comportamentos desadaptativos são 
aprendidos e adquiridos, da mesma forma que outros comportamentos. 
Os terapeutas comportamentais pressupõem que a disfunção sexual 
consiste então num comportamento mal adaptado aprendido. O terapeuta 
vê o paciente como um indivíduo com “medo” da interacção sexual, 
recorrendo às técnicas comportamentais tradicionais, em que o terapeuta 
estabelece uma hierarquia de situações provocadoras de ansiedade, desde 
a mais ansiogénica até à menos. O terapeuta comportamental permite que 
o paciente domine a sua ansiedade através de uma programa de 
dessensibilização sistemática. Este programa tem como objectivo 
”eliminar” a resposta ansiosa aprendida, encorajando comportamentos 
opostos à ansiedade. 
O paciente primeiramente experimenta em imaginação a situação menos 
geradora de ansiedade e avança por etapas, até à situação mais 
ansiogénica. O treino da assertividade também é fundamental, auxiliando 
o paciente a expressar as suas necessidades sexuais abertamente e sem 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 31 
medo. Estes exercícios são administrados em conjunto com a terapia 
sexual, propriamente dita. 
Partindo do princípio básico de que a actividade sexual humana é 
resultante da aprendizagem e do condicionamento, logo os transtornos 
podem ser considerados comportamentos desadaptativos, neste sentido, o 
tratamento deverá estar voltado para a reeducação. 
 
Masters e Johnson (1979) introduziram um sistema de tratamento baseado 
em focos sensoriais (Terapia Sexual Dupla): 
• Estes focos eram constituídos por etapas bem demarcadas por 
actividades e exercícios sexuais sequenciais que o casal deveria 
seguir de forma rigorosa. 
• As actividades ou exercícios eram ensinados aos pacientes, tendo 
sempre em conta a disfunção sexual inerente, pois estes exercícios 
variam consoante a mesma. 
• O trabalho feito com estes casais é no sentido da reeducação sexual e 
motivação para a redescoberta dos “sentidos” (aumento da 
consciencialização sensorial). Inicialmente o coito é proibido e os 
casais começam a dar e receber prazer sexual sem a pressão do 
desempenho. Ao mesmo tempo aprendem a comunicar não 
verbalmente de um modo mutuamente satisfatório e aprendem que os 
preliminares sexuais são tão importantes quanto o coito ou o 
orgasmo. 
 
Relacionado com esta terapia está o conceito de unidade ou díade 
conjugal, como sendo o objecto, este enfoque representa o maior avanço 
no diagnóstico e tratamento das disfunções sexuais. 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 32 
Na perspectiva destes autores, era necessário retirar do seu contexto 
habitual pacientes, no sentido de os afastar dos estímulos negativos da 
vida rotineira. 
O objectivo desta abordagem consiste em afastar o casal da "obrigação" 
do acto sexual, propriamente dito, e da atitude comum de espectador da 
própria conduta, com o intuito de eliminar determinados sentimentos e 
pensamentos (medo de desempenho, desinformação e informações 
erróneas ), que são a causa comum de transtornos sexuais das fases de 
excitação e orgasmo. 
São incitados a usar a fantasia para distracção de preocupações 
obsessivas acerca do desempenho. Enfatiza-se a comunicação aberta entre 
os parceiros e encoraja-se a expressão das necessidades mútuas. As 
resistências, assim como as reclamação de cansaço ou falta de tempo 
suficiente para os exercícios, são comuns e devem ser trabalhados pelo 
terapeuta. 
Seguidamente a cada novo período de exercícios são feitas sessões de 
psicoterapia para discutir os problemas e satisfações sexuais e de outras 
áreas da vida conjugal gradualmente o casal adquire confiança e aprende 
a comunicar verbal e sexualmente. 
Esta terapia é mais eficaz quando a disfunção sexual existe isoladamente 
de outra psicopatologia. 
 
Helen S. Kaplan (1983) aperfeiçoou o modelo anteriormente citado, 
elaborando exercícios sensoriais específicos de auto-descoberta do corpo e 
de manipulação dos órgãos genitais, inicialmente por parte do paciente e, 
posteriormente, com a ajuda do parceiro. Rapidamente concluíram que 
esta abordagem essencialmente comportamentalista dos transtornos da 
primeira fase do ciclo da resposta sexual (fase do desejo), não era eficaz. 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 33 
Passaram então a dedicar-se ao desenvolvimento de uma técnica 
combinada comportamental e dinâmica breve que pudesse ser mais eficaz 
no tratamento destes transtornos. 
 
Jack S. Annon (1980) simplificou o tratamento de condicionamento em um 
criativo sistema denominado PILSETI, iniciais de diferentes níveis de 
intervenções comportamentais e cognitivas dirigidas para os transtornos 
sexuais. Oferece permissão para que o casal usufrua de uma vida sexual 
mais adaptável, sem preconceitos ou restrições; informações limitadas (IL) 
de acordo com a demanda de necessidade de novos conhecimentos por 
parte do casal na área de conflito sexual; sugestões específicas (SE) que 
propiciem tarefas, exercícios dirigidos à disfunção sexual em questão e 
terapia intensiva (TI), quando existe um complementopsicodinâmico para 
alívio de sintomas. 
 
O tratamento é um processo paralelo da mudança e da descoberta. É 
essencial salientar este efeito de combinar, cuidadosamente, objectivos 
comportamentais seleccionados com a análise das dificuldades 
encontradas ao pô-los em prática. 
Alguns terapeutas de orientação comportamental consideram estas 
dificuldades como irritantes e impeditivas de progresso. Estão enganados, 
porque o seu reconhecimento e resolução está no cerne do progresso. 
O facto de podermos usar um programa padronizado, pelo menos na fase 
inicial, torna esta forma de tratamento muito mais fácil de ser posta em 
prática pelo terapeuta inexperiente do que um método concebido para o 
indivíduo. 
A resistência à mudança, porém, irá variar e ser idiossincrática; este 
aspecto constitui o maior desafio para o terapeuta. Um enquadramento 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 34 
comportamental claramente definido dá, no entanto, ao terapeuta a 
confiança e a base de segurança para poder operar. A medida que ganha 
experiência, mais aplica a flexibilidade. E conquanto o programa seja 
relativamente compreensivo em muitos casos, outros há em que pode ser 
necessária uma “interrupção” para resolver obstáculos à mudança à 
medida que os problemas e conflitos subjacentes são encontrados. Muitas 
vezes, podem ser usados os princípios da psicoterapia comportamental 
para lidar com tais problemas. Noutros casos, são indicadas outras 
abordagens. Em todo o processo é, porém, crucial a natureza da relação 
paciente-terapeuta, particularmente a sua qualidade “adulto-adulto”. 
• Este programa é divisível em seis fases independentemente da 
disfunção sexual. 
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 1
 
• Pede-se a cada parceiro que pratique a sua “assertividade” e “protectividade” 
isto é, deixar claro o que “eu” gosto, prefiro ou acho desagradável ou ameaçador. 
O método habitual de comunicação, considerado não egoísta, é pensar ou 
adivinhar e depois tentar desempenhar o que o parceiro gostaria em vez de pôr os 
desejos de cada um em primeiro lugar. Isto torna-se muitas vezes perverso e, por 
causa da relutância em magoar o parceiro, os maus entendidos mantêm-se 
escondidos e persistem. A menos que os dois parceiros sejam capazes de falar dos 
seus próprios desejos, não existe motivo para ressentimento e as diferenças são 
solucionáveis através da negociação aberta. O terapeuta aconselha o casal a 
tentar este tipo de comunicação em situações relativamente triviais, não sexuais, 
antes de a usar durante as tarefas sexuais. 
• O objectivo sexual da fase 1 consiste em “tocar o seu parceiro sem contacto 
genital e para o seu próprio prazer”. Faz-se um acordo explícito para banir 
tentativas de coito ou contacto genital, de forma a reduzir a ansiedade de 
desempenho e permitir a ambos o sentimento de segurança. 
• O parceiro tocado tem apenas que se “proteger”, isto é, dizer para parar se 
sentir alguma coisa desagradável. Os papéis são trocados, a pessoa que foi tocada 
toca agora. Eles não devem esperar ficar muito excitados com isto, embora isso 
possa acontecer. O objectivo é, simplesmente, gozar o processo de forma relaxada. 
Esta fase é, por vezes, difícil para casais, uma vez que estão condicionados a 
pensar no toque como forma de dar em vez de receber prazer. Isto pode levar ao 
reconhecimento de atitudes profundamente mantidas como “só deves gostar do 
sexo se estiveres a dar prazer a alguém”, o que pode ser central para todo o 
problema. 
• O terapeuta assegura-se, através de perguntas cuidadosas, que estes passos 
comportamentais foram cumpridos com ambos os parceiros a sentirem-se 
relaxados e seguros, antes de prosseguir para a fase 2 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 35 
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 2
 
• “Tocar o parceiro sem contacto genital, para seu prazer e do parceiro”. 
Agora, a pessoa que está a receber o toque dá respostas ao outro acerca do que é e 
do que não é agradável. O “tocador” pode usar esta informação para dar, bem 
como para receber, prazer. Persiste a proibição do contacto genital. 
• Às vezes, um parceiro expressa preocupação de que a proibição do coito leve a 
uma excitação sexual por resolver e a frustração. Tranquiliza-se a pessoa dizendo 
que a frustração deste tipo só surge se um deles não está bem certo acerca do que 
esperar. Todavia, se após uma sessão qualquer um dos parceiros ficar excitado e 
com necessidade de atingir o orgasmo, é então aceitável que se masturbem 
individualmente mas não como par. 
• Numa fase apropriada durante as primeiras duas ou três sessões o terapeuta 
descreve os pontos básicos acerca da anatomia e fisiologia da resposta sexual em 
ambos os sexos, realçando aspectos geralmente mal entendidos que estão muitas 
vezes na base da disfunção. Esta “aula” dá-se independentemente do grau de 
sofisticação do casal, uma vez que é raro que eles estejam inteiramente conscientes 
de todos os pontos que o terapeuta vai abranger. Esta é também uma oportunidade 
para estabelecer um vocabulário adequado que pode ser usado para discussão e 
relatos do casal durante a fase genital (Fase 3). 
F
A
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 3
 
• Tocar com contacto genital. Aplicam-se os mesmos princípios de alternância 
do toque mas podem agora incluir-se as áreas genitais e os seios. As posições 
adoptadas para tal fim devem ser discutidas e o casal encorajado a explorar e 
decidir sobre aquelas que lhes convêm. Perguntas cuidadosas acerca das suas 
reacções a diferentes posições podem revelar sentimentos e atitudes importantes. 
• Comunicar o que é que é agradável acerca do toque apresenta, muitas vezes, 
dificuldades nesta fase. O terapeuta sublinha que o prazer varia, o que torna 
importante que o casal mantenha uma comunicação aberta. Não devem assumir 
que porque o parceiro gostou de um tipo particular de estimulação numa ocasião, 
esta será sempre apreciada na mesma medida. O seu único objectivo é relaxar e 
gozar a experiência. O parceiro a ser acariciado pode ou não ficar sexualmente 
estimulado; a ocorrência da ejaculação ou do orgasmo não tem importância e não 
têm, necessariamente, que ser um fim para a sessão. 
• O parceiro foi avisado do “papel de espectador” desde o início tornar-se num 
observador distanciado de si próprio ou do parceiro em vez de um participante 
activo. O distanciamento gera a ansiedade de desempenho e interfere com a 
resposta sexual normal. Um método útil é o de se concentrar nas sensações locais 
sentidas durante o tocar ou ser tocado. Se não for suficiente, a pessoa leva a cabo 
um procedimento de relaxamento; se tal falhar, o parceiro é informado de que 
surgiu um problema e pede-se uma paragem temporária. A sessão é retomada após 
um breve período de conversa ou de outra actividade. 
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 4
 
• Toque simultâneo com contacto genital. O toque é agora de ambos os parceiros 
em simultâneo. Precisam de estar à vontade com os estágios anteriores antes de 
passarem para estes. As dificuldades em relação à iniciativa e em relação à 
assertividade são esclarecidas nesta altura 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 36 
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 5
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 6
 
Contenção vaginal. Uma vez que o toque genital e corporal esteja a progredir bem 
e que o homem esteja a atingir uma erecção razoável (ou que tenha começado a ter 
controlo sobre a ejaculação durante a estimulação manual), o casal passa para a 
contenção vaginal. Embora, inicialmente, tivesse havido uma proibição do coito, o 
casal foi sendo desencorajado a considerar o acto amoroso como dividido entre os 
preliminares e o coito. Até aqui, eles sentiram uma gama de contacto físico sobre a 
qual foram capazes de pôr limites e aceitá-los. Agora, durante uma sessão de 
toque, a mulher na posição feminina superior introduz o pénis na sua vagina. Isto 
não só lhe facilitaa orientação do pénis como também permite ao parceiro ficar 
numa “posição de não exigência” com a mulher no controlo e capaz de parar ou 
retroceder sempre que queira. 
Esta fase funde-se com a fase 6 onde é permitido o movimento e a compressão 
pélvica embora inicialmente apenas por breves períodos. Uma vez mais, está-se a 
tentar desfazer a “grande divisão” entre os antecedentes e o coito que, se estiver 
presente, provoca ansiedade sempre que o passo de um a outro é antecipado. Em 
vez disso, estão envolvidos uma série de passos comportamentais que se fundem no 
coito. 
 
 
O casal é incentivado a praticar a paragem em qualquer ponto a pedido de 
qualquer dos parceiros para contradizer a noção comum de que o jogo 
sexual uma vez iniciado tem de continuar até à sua conclusão fisiológica, 
sem nenhuma possibilidade de fuga pelo caminho. A confiança com que 
qualquer dos parceiros pode dizer «pára» em qualquer fase sem 
desencadear raiva ou dor no outro é um aspecto básico de uma relação 
sexual segura. 
 
A técnica comportamental tem algumas contra-indicações, tais como: o 
não desejo de um dos parceiros de restabelecer harmonia conjugal, a 
ausência de saúde geral adequada por parte de um dos cônjuges para 
desenvolver as tarefas propostas e a presença de psicopatologia grave em 
um ou em ambos os indivíduos. 
 
“ A qualidade do relacionamento entre o casal que procura auxilio para 
problemas sexuais é um factor prognóstico para o resultado. Um autêntico 
elo de amor melhora muito o sucesso terapêutico, e, ao contrário, quando 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 37 
um relacionamento hostil, mesmo inconsciente, há um desejo de ferir e de 
manter o parceiro à distância (...) A terapia sexual propicia uma excelente 
ocasião para ajudar o casal a solucionar suas dificuldades. Entretanto, 
quando a disfunção sexual fornece lucros secundários para um dos 
parceiros, em termos de estabilizar o sistema conjugal, pode-se esperar 
intensas reacções emocionais e obstáculos ao tratamento" (Kaplan, 1983). 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 38 
 
Modelo Psicanalítico 
 
Foi o primeiro referencial psicoterapêutico no tratamento destes 
transtornos, baseando-se nos pressupostos da teoria freudiana de que 
todos problemas de cunho sexual estariam envolvidos com conflitos 
intrapsíquicos originados na infância, com o surgimento de sintomas, ou 
pelas defesas (contracatexias, ou por falhas do ego no recalcamento de 
impulsos sexuais). 
O complexo de Édipo constitui o núcleo da sexualidade na infância, e o 
medo da castração poderiam determinar a renuncia do prazer sexual 
adulto perante a culpa por desejos proibidos direccionados ao progenitor. 
Melanie Klein, propôs a existências de um superego arcaico em idades 
mais precoces (fase oral), o que contribui para fantasia sexuais adequadas 
ou patológicas na maturidade. 
O objectivo do tratamento é trazer os conflitos da obscuridade da 
inconsciência à luz da consciência, pela promoção do auto-conhecimento e 
de insight no paciente, decorrentes tanto das interpretações da relação 
transferencial analista-analisado, das resistências, quanto do vinculo e das 
experiências da dupla no campo analítico. 
Pode ser feita com o casal, que é encarado como é encarado como uma 
unidade manifestando uma síndrome única. O objectivo desta, é a 
compreensão das relações intrapsiquicas e interpessoais, com o 
entendimento das primitivas ligações parentais e da necessidade de 
repetição do mesmo padrão para resolução dos conflitos. O terapeuta deve 
mostrar ao casal que tipo de papel estão a desempenhar na díade, 
adaptados a um equilíbrio disfuncional, e trazer à superfície esses conflitos 
e seus padrões infantis de relacionamento, fornecendo um setting para 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 39 
remodelação vincular e o desaparecimento de sintomas. Alguns autores 
preferem esta abordagem de modo a não causar desajustes na unidade, 
como aconteceria se só houvesse modificações emocionais num dos 
parceiros, com o distanciamento deste do seu par. 
 
A teoria freudiana falha por atribuir a génese de todas as disfunções ao 
conflito sexual resultante das primeiras experiências “incestuosas”, e que 
a cura tem que se basear na resoluções destes conflitos. Assim sendo 
torna-se redutora pelo que as suas indicações são limitadas. 
A eficácia do tratamento analítico é prejudicada por não se limitar aos 
sintomas sexuais, dificultando o tratamento em curto espaço de tempo. 
Apesar de não aplicável a todos os caso, os conceitos que fundamentam 
esta teoria têm grande importância na compreensão de vários aspectos 
relacionados com as disfunções sexuais, como as resistências, repressão e 
experiência infantil na formação do destino do adulto. 
 
Terapia sexual de orientação analítica 
 
Os insucessos da abordagem apenas comportamental dos transtornos do 
desejo sexual tornaram esta técnica essencial, combinada ou não à 
comportamental e/ou farmacológica. As indicações para os pacientes são 
semelhantes às para psicanálise, levando-se em conta que não há 
necessidade de tratamento de longa duração, o custo é muito menor e o 
tratamento não visa mudanças caracterológicas extensas, sendo focalizado 
e bem localizado ao sintoma sexual. Os temas e a dinâmica que se 
desenvolvem, são portanto, os mesmos da terapia psicanalítica – sonhos 
relevantes, o medo de punição, sentimentos agressivos, dificuldades para 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 40 
confiar no parceiro, medo da intimidade, sentimentos edipianos e medo da 
mutilação genital. 
A terapia sexual é conduzida por um período de tempo maior que o 
habitual, e o tempo prolongado permite a (re)aprendizagem da satisfação 
sexual dentro das realidades do dia-a-dia dos pacientes. 
 
 Terapia de Grupo 
 
Os métodos desta terapia têm sido utilizados no sentido de examinar 
problemas tanto intrapsíquicos como interpessoais, uma vez que funciona 
como um sistema de apoio ao paciente que se sinta envergonhado, ansioso 
ou culpado acerca de um determinado problema sexual. Permite desfazer 
mitos, corrigir falsas concepções e proporcionar informações precisas 
relativas à anatomia, psicologia e variedades de comportamentos sexuais. 
Estes grupos podem organizar-se de diferentes formas : por patologia, 
sexo, ... 
Pode constituir a principal forma de tratamento ou ser complementar de 
outros métodos. 
O grupo proporciona a oportunidade de recolher informações precisas, 
oferece uma validação consensual das preferências individuais e aumenta 
a auto-estima e auto-aceitação. No entanto não é recomendado se : um dos 
parceiros não coopera, o doente sofre de grave depressão ou psicose, 
existe forte repugnância por material sexual explícito ou um medo intenso 
de grupos 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 41 
 
Hipnoterapia 
 
O enfoque desta psicoterapia reside na remoção do sintoma e alteração da 
atitude. O paciente é ensinado a desenvolver meios alternativos de lidar 
com a situação ansiogénica. Inicialmente faz-se uma serie de sessões não 
hipnóticas com o objectivo de desenvolver uma relação terapeuta-doente 
segura, um senso de conforto físico e psicológico no paciente, e 
estabelecimento de objectivos de tratamento, mutuamente desejados. Neste 
período o terapeuta avalia a capacidade do paciente para a experiência de 
transe, faz a recolha minuciosa da história psiquiátrica e a realização de 
um exame do estado mental antes de iniciar a hipnoterapia. 
Também são ensinadas técnicas de relaxamento queo paciente poderá 
usar antes das relações sexuais. 
A hipnose pode ser acrescentada ao programa individual básico de 
psicoterapia para acelerar o impacto da intervenção psicoterapeutico. 
 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 42 
 
Tratamentos biológicos 
 
Estes possuem uma aplicação limitada, mas tem vindo a receber atenção 
crescente. 
TRATAMENTO INDICAÇÃO EFEITOS 
FARMACOLÓGICOS 
Utilizados no tratamento de 
transtornos psiquiátricos 
responsáveis por disfunção 
sexual. 
• Tioridazina 
• Triciclicos 
Ex. Depressão, ou mesmo 
em pacientes muito tensos. 
 
 
 
Ejaculação precoce 
� Podem eles próprios 
interferir de modo não 
desejado na resposta 
sexual. 
 
 
☺ Prolongam a resposta 
sexual 
Sildenafilo (Viagra) Disfunção eréctil ☺ Eficaz em quase 80% 
dos casos, 
independentemente da 
causa. 
CIRURGICO 
Próteses penianas Resposta eréctil inadequada 
(resistente a outros 
métodos, ou deficiência de 
origem orgânica). 
� Se a causa é orgânica, 
não possibilita a 
recuperação de funções 
como ejacular ou orgasmo. 
Revascularização do pénis Disfunção eréctil devido a 
transtornos vasculares. 
 
Himenectomia Dispareunia (casamento 
não consumado). 
Vaginoplastia Mulheres multíparas 
(sensações vaginais 
diminuídas, liberação de 
aderências clitoriais). 
� Não foram 
criteriosamente estudados 
pelo que devem ser 
considerados com cautela. 
Injecções de materiais 
vasoactivos 
 ☺ Erecções (varias horas). 
� Fibrose 
� Erecções prolongadas. 
Bombas de vácuo Pacientes com doença 
vascular. 
� Resultados não são 
muito satisfatórios. 
 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 43 
 
PPPrrroooccceeessssssooo TTTeeerrraaapppêêêuuutttiiicccooo SSSeeeggguuunnndddooo OOO MMMooodddeeelllooo CCCooogggnnniiitttiiivvvooo 
CCCooommmpppooorrrtttaaammmeeennntttaaalll 
 
O modelo teórico da terapia sexual baseia-se na teoria da aprendizagem. 
Segundo o modelo, as competências sociais e sexuais são aprendidas 
através das experiências do indivíduo ao longo da vida. Quando 
assimiladas de forma pouco adaptativa, o indivíduo pode ser treinado para 
adquirir um padrão mais satisfatório de relacionamento interpessoal e 
sexual. Em relação às competências sexuais, várias técnicas de aquisição 
foram desenvolvidas, incluindo combinação de informação, modelagem 
(treino de comunicação em sessão) e trabalhos de casa. 
Esta teoria utiliza técnicas comportamentais como forma de intervenção, 
nomeadamente: 
• As descritas por Masters e Johnson (1970) e aperfeiçoadas por vários 
autores. O casal é orientado na escolha do dia e situação adequados para 
exercitar formas de contacto íntimo. Os exercícios incluem carícias e 
massagem mútuas, inicialmente sem tocar áreas erógenas ou genitais. Não 
deve haver expectativa de erecção, lubrificação vaginal, orgasmo ou 
ejaculação. Essas técnicas visam: 
• Relaxar nas situações de contacto físico íntimo 
• Perceber o parceiro e suas preferências 
• Aprender a sentir prazer no contacto físico não-erótico 
• Aprender a comunicar os seus sentimentos e modos preferidos de 
contacto físico intimo 
• Aumentar o grau de interacções positivas 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 44 
Segue-se o toque em áreas genitais. Esse exercício tem os mesmos 
objectivos do precedente, visando aprender a relaxar e sentir prazer com o 
contacto genital sem a demanda de erecção, lubrificação, orgasmo, 
ejaculação ou penetração. A focalização sensorial é útil em todas as 
disfunções sexuais. 
• Treino de auto-estimulação 
Segue os mesmos princípios e etapas da focalização sensorial e tem por 
objectivo treinar o indivíduos a perceber melhor as reacções e sensações 
corporais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objectivos Gerais Da Terapia Sexual 
1. Prover um programa estruturado que permita ao casal a 
reconstrução gradual de seu relacionamento sexual para: 
• Aumentar o repertório sexual 
• Encorajar a comunicação e aprender a gostar do contacto 
físico 
• Ter uma abordagem menos genital 
• Sentir-se confiante e seguro para pedir o que deseja 
• Assumir responsabilidade pelo seu próprio prazer 
• Sentir-se bem em sentir e dar prazer 
• Perder o medo de intimidade e conhecer o parceiro sexual 
2. Ajudar o casal a identificar factores que causam ou mantenham o 
problema sexual 
3. Ensinar ao casal técnicas para problemas específicos 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 45 
 
A falta de informação sobre anatomia e resposta sexual é muito comum. O 
desconhecimento do próprio corpo, como instrumento de prazer, pode ser 
suficiente para o surgimento de uma disfunção. O tratamento inicia-se com 
o terapeuta discutir com o casal questões de anatomia e semelhanças ou 
diferenças entre a resposta sexual masculina e feminina. Durante a 
terapia, transmitem-se informações, identificam-se mitos e distorções, e 
discute-se como é que ansiedade e outros factores psicológicos podem 
interferir na resposta sexual. 
 
 
• Mitos sexuais mais frequentes 
 
As crenças sexuais são aprendidas pelo indivíduo durante seu 
desenvolvimento e caracterizam-se por regras rígidas ou verdades 
absolutas sobre determinados comportamentos sexuais. A forma rígida 
como o indivíduo pensa e incorpora valores, como o que é certo e errado, 
influencia o seu funcionamento sexual e tem papel importante na 
manutenção dos problemas quando eles surgem. Durante todo o processo 
terapêutico devem-se identificar e discutir com o paciente essas crenças. O 
objectivo é sempre o de ajudá-lo a flexibilizar as sua visão diante delas, 
permitindo que ele construa os seus próprios valores sexuais, 
independentemente do que está estabelecido socialmente. 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mitos: 
• Qualquer contacto físico deve resultar em sexo 
• A erecção é essencial para a satisfação sexual 
• A boa relação é aquela que vai num crescendo até o orgasmo 
• A actividade sexual sempre deve incluir penetração 
• Numa relação sexual, os parceiros instintivamente sabem o que o 
outro pensa ou quer 
• Desempenho é o que conta 
• Sexo deve ser sempre espontâneo 
• Homem sempre deseja e está pronto para ter relação sexual 
• E errado ter fantasias sexuais durante a relação sexual 
• Sexo só é bom quando os parceiros têm orgasmo simultaneamente 
• Masturbação durante a relação sexual é errado 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anamnese Sexual / Fase de Avaliação 
 
 
 
O primeiro passo da intervenção consiste de uma entrevista de anamnese 
que englobe os aspectos psicológicos individuais, a avaliação do 
relacionamento geral do casal, bem como os antecedentes familiares e 
socioculturais. 
O terapeuta deve, primeiro estabelecer se há uma disfunção sexual, ou 
saber se a queixa do casal se deve a uma falsa informação (a expectativa 
de que a parceira deve atingir o orgasmo sempre que tem relações 
sexuais). Ao tentar definir o problema sexual de um casal o terapeuta deve 
ter consciência de que aquilo que está a ser apresentado coo dificuldade 
Linhas gerais da terapia sexual 
Avaliação 
� 
Formulação 
� 
Lições de casa Aconselhamento Educação 
� 
Encerramento 
� 
Sessão de Acompanhamento 
 
Esquema de sintetize dos estágios e componentes da terapia sexual. 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 48 
pode não ser o problemafulcral. O terapeuta deve obter informações 
especificas, sobretudo ao avaliar o problema sexual apresentado. Neste 
sentido deve-se ter em conta os objectivos a seguir apresentados : 
• Definir a natureza do problema sexual e quais as mudanças 
desejadas; 
• Obter informações que permitam ao terapeuta formular uma 
explicação preambular das causas do problema em termos de 
factores predisponentes, precipitantes e de manutenção; 
• Avaliar o tipo de intervenção terapêutica indicada com base nessa 
formulação; 
• Iniciar o processo terapêutico, tanto ao abrir a discussão de questões 
sexuais quanto ao encorajar os parceiros a reflectir sobre os factores 
causais e possíveis soluções. 
 
 
Seminário De Psicoterapia Sexual, Casal E Família 
 
 
Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Factores a serem investigados na anamnese sexual: 
Queixa sexual Natureza e desenvolvimento do problema 
sexual, mudanças desejadas no 
relacionamento sexual (objectivos). 
Desenvolvimento sexual A educação sexual, inicio de erecção e 
ejaculação/menstruação, masturbação, 
ambiente familiar (atitudes dos pais em 
relação ao sexo), antecedentes sexuais 
traumáticos (abuso sexual), namoros, 
experiências homossexuais. 
Informações sexuais Fontes, extensão,(se a pessoa considera não 
estar informada, e a avaliação do terapeuta a 
nível de conhecimento sexual). 
Relacionamentos sexuais Primeira relação sexual, outros parceiros 
sexuais. 
Relacionamento actual Qualidade da relação, práticas e preferências 
sexuais, frequência da actividade sexual 
(real/ideal), fantasia e erotismo, 
contracepção, filhos, infidelidade, 
envolvimento como relacionamento, 
sentimentos e atracção em relação ao 
parceiro. 
Antecedentes clínicos O uso de medicamentos. 
Antecedentes psiquiátricos 
Uso de álcool e drogas 
Exame físico geral e genital Feito com o objectivo de excluir a 
possibilidade de excluir a possibilidade de 
distúrbio físico, podendo ter importantes 
implicações terapêuticas, sobretudo o 
reasseguramento. 
Exames laboratoriais (se necessário) 
Escola, profissão, interesses e 
crenças religiosas. 
 
Aparência e humor 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 50 
Estas são as linhas gerais que deverão ser cuidadosamente analisadas, no 
sentido de se estabelecer um processo existencial até ao presente, narrado 
pelo próprio tendo em conta as suas vivência e interpretação das mesmas, 
estabelecendo-se padrões de comportamento e relacionamento que 
poderão ser úteis na compreensão da problemática. 
Na avaliação destes é muito importante o relacionamento dos pais, já que 
foi um modelo inicial para o indivíduo, e porque inconscientemente, este 
pode aceitar que o relacionamento dos pais é “como as coisas devem 
ser”, sentindo-se frustado pelo seu ser diferente. O padrão de 
relacionamentos sexuais anteriores pode oferecer importantes pistas 
quanto aos factores relevantes à dificuldade actual. É imprescindível 
perguntar sobre a masturbação: 
Implicações diagnósticas ( exemplo: estabelecer se a disfunção eréctil 
constitui um problema situacional ou total). 
Oferecer pistas quanto à origem da dificuldade sexual ( exemplo: culpa 
com relação à masturbação pode apontar para inibições gerais sobre 
sexo). 
Pode constituir um elemento necessário à terapia ( tratamento da 
disfunção orgástica total ou da ejaculação precoce, e também quando o 
tratamento é conduzido com um indivíduo sem parceiro). 
É muito frequente uma história de abuso sexual em pessoas com 
dificuldades sexuais, pelo que essa questão deve ser sempre abordada 
directamente, embora o terapeuta deva estar consciente de que as pessoas 
talvez não se predisponham a revelar essas experiências na avaliação 
inicial. 
Deverão se feitas perguntas sobre a sexualidade ( exemplo: se o indivíduo 
se sentiu alguma vez atraído por pessoas do mesmo sexo), porque um 
interesse homossexual actual pode ser relevante para a compreensão do 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 51 
problema sexual, e também por que os pacientes de ambos os sexos quase 
sempre pensam, incorrectamente, que a sua dificuldade pode ser resultado 
de tendências homossexuais ocultas. 
Também deve questionar o paciente sobre o grau de informação que 
acredita ter em relação à sexualidade. Os pacientes que dizem saber tudo 
são quase sempre notavelmente ignorantes. 
Deve ser estabelecido um quadro claro do desenvolvimento do 
relacionamento com o parceiro, tanto sexualmente quanto em termos 
gerais, particularmente dever determinar se o relacionamento sexual já foi 
alguma vez satisfatório. É importante avaliar o relacionamento geral na 
medida em que os problemas de sexualidade e relacionamento 
frequentemente coexistem. Os aspectos que devem ser focalizados incluem 
o modo como os parceiros se sentem em relação um ao outro, seu 
comprometimento com o relacionamento, com que facilidade conseguem 
comunicar entre si, tanto em geral como em relação ao sexo, e se tiveram 
casos durante esse relacionamento. 
As dificuldades sexuais sobretudo a perda de interesse sexual são comuns 
em pessoas com distúrbios psiquiátricos, particularmente a depressão; daí 
a importância de se avaliar a existência de sinais de um distúrbio 
psiquiátrico actual, assim como distúrbios psiquiátricos anteriores. 
 
É importante que seja feita uma avaliação inicial com o casal e com cada 
parceiro individualmente, numa sequência que fica ao critério de cada 
terapeuta. 
Na prática clínica um indivíduo com a queixa é que procura o tratamento, 
cabe ao terapeuta tentar fazer incluir o outro parceiro o mais rapidamente 
possível no processo. 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 52 
Na primeira sessão o terapeuta deve explicar os objectivos da entrevista a 
ambos os parceiros antes de começar a avaliação. De início os parceiros 
devem ser entrevistados separadamente, de modo a que sejam mais francos 
e que lhes seja dada igual oportunidade de expressar as suas opiniões 
acerca do problema. 
A avaliação individual permite abordar questões como relacionamentos 
extraconjugais, história de abuso sexual, que pode existir sem 
conhecimento do parceiro. 
 Geralmente os pacientes ficam constrangidos durante a entrevista inicial, 
quer pela dificuldade de expressão, sentindo que não possuem um 
vocabulário apropriado para discutir os problemas sexuais com um 
terapeuta; quer pela dificuldade de discutir questões pessoais intimas. 
cabe ao terapeuta estar atento a estas questões e reconhecer estas 
dificuldades, de modo a estabelecer um vocabulário de comum acordo, 
seja este baseado na terminologia clínica ou coloquial. 
 
Depois dos parceiros terem sido entrevistados separadamente, devem 
então ser entrevistados juntos. Isto dá ao terapeuta uma oportunidade de 
investigar quaisquer discrepâncias entre as duas versões individuais, assim 
como as expectativas acerca da terapia.. Se estas discrepâncias existirem 
deverão ser resolvidas antes do inicio da terapia. Esta abordagem 
permite observar o padrão de comunicação do casal, observar o nível de 
conhecimento mútuo e a presença de eventuais distorções, bem como 
verificar as diferentes expectativas e evitar que apenas um dos parceiros 
seja considerado problemático. 
Depois de recolhidos os dados de anamnese, são levantadas as primeiras 
hipoteses diagnósticas.. O terapeuta deve estar atento a possiveis causas 
orgânicas, como alterações hormonais, doenças clínicas e o uso de 
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Carla Silva, Julieta Silva e Raquel Silva 53 
medicamentos. O programa terapêutico é elaborado tendo em

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