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TRABALHO OSVALDO

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a) O Estatuto do Desarmamento (Lei Federal 10.826/03)"dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - SINARM, define crime e dá outras providências.”
O bem jurídico tutelado é a segurança pública e a incolumidade pública, interesses vinculados a coletividade.
A finalidade específica da lei é punir todo e qualquer comportamento irregular relacionado à arma de fogo, acessório ou munição. Conforme visto, apenas armas de fogo e seus respectivos acessórios e munições são englobados na lei, extraindo-se o conceito de arma de fogo do artigo 3º, XIII do Decreto 3.665/2000:
Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - Sinarm, define crimes e dá outras providências.
b) A posse de armas é permitida para o cidadão comum no Brasil, mas é preciso seguir algumas regras para a comercialização e registro de armamento. Em contrapartida, o porte de armas é restrito aos profissionais de segurança pública, membros das Forças Armadas, policiais e agentes de segurança privada.
Mas qual a diferença entre posse e porte de armas?
A posse de armas é o registro e autorização para comprar e ter armas de fogo e munição em casa ou local de trabalho, desde que o dono do objeto seja o responsável legal pelo estabelecimento, o que NÃO autoriza o cidadão a portar/andar com a arma. Para conseguir a posse, é preciso ter idade mínima de 25 anos, ocupação lícita (trabalho) e residência fixa. Além disso, é necessário passar por uma avaliação para comprovar a capacidade técnica e psicológica de manusear a arma.
O porte de armas é a autorização para que o indivíduo ande armado fora de sua casa ou local de trabalho. Na lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o porte foi permitido aos agentes de segurança pública, membros das Forças Armadas, policiais e agentes de segurança privada. O uso de armas foi flexibilizado por Decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro em maio de 2019, incluindo ao grupo de pessoas autorizadas os seguintes indivíduos:
Colecionador ou caçador com Certificado de Registro de Arma de Fogo expedido pelo Comando do Exército;
 
Advogados;
 
Oficiais de Justiça;
 
Jornalistas que atuem na cobertura policial;
 
Agentes de trânsito;
 
Políticos (durante o mandato);
 
Moradores de áreas rurais;
 
Motoristas de empresas e autônomos (transporte de cargas);
 
Conselheiro tutelar;
 
Funcionários de empresas privadas de segurança e de transportes de valores;
 
Dono de escola de tiro, de estabelecimento que venda armas e munições;
 
Agentes públicos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), da administração penitenciária e de medidas socioeducativas.
O porte pode ser cassado caso o portador da arma esteja em estado de embriaguez, drogado ou apresente condição que altere a capacidade motora ou psíquica, como o uso de alguns medicamentos.
C) O Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou nesta quarta-feira (2/5) a inconstitucionalidade dos artigos do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03) que tornavam crime inafiançável o porte ilegal e disparo de arma de fogo, e o que negava a liberdade provisória para os acusados de posse, porte e comércio ilegal de arma.
A maioria dos ministros acompanhou o relator, ministro Ricardo Lewandowski, que acolheu parecer do Ministério Público Federal, segundo o qual o porte ilegal e o disparo de arma de fogo “constituem crimes de mera conduta que, embora reduzam o nível de segurança coletiva, e não se equiparam aos crimes que acarretam lesão ou ameaça de lesão à vida ou à propriedade”.
O relator considerou inconstitucional os artigos 14 e 15, que proíbem o estabelecimento de fiança para os crimes de “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido” e de “disparo de arma de fogo”. Também foram considerados inconstitucionais os dispositivos que negava liberdade provisória aos acusados de posse ou porte ilegal de arma de uso restrito (artigo 16), comércio ilegal de arma (artigo 17) e tráfico internacional de arma (artigo 18). A maioria dos ministros considerou que o dispositivo viola os princípios da presunção de inocência e do devido processo legal, ampla defesa e contraditório.
“Penso que o texto constitucional não autoriza a prisão ex lege, em face do princípio da presunção de inocência (artigo 5º, LVII, da CF), e da obrigatoriedade de fundamentação dos mandados de prisão pela autoridade judiciária competente (artigo 5º, LXI, da CF)”, afirmou o relator. E concluiu: “A prisão obrigatória, de resto, fere os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório (artigo 5º, LV), que abrigam um conjunto de direitos e faculdades, os quais podem ser exercidos em todas as instâncias jurisdicionais, até a sua exausta”.
O artigo 35 da lei, que previu o plebiscito sobre a proibição ou não da comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional foi considerado também inconstitucional, mas o julgamento foi prejudicado já que o referendo já foi feito em outubro de 2005.
Para o relator “o Congresso Nacional não teria competência para deflagrar a realização de referendo, mas apenas para autorizá-lo. (...) Tenho que tais ponderações encontram-se prejudicadas, assim como o argumento de que teria havido violação ao art. 170, caput, e parágrafo único, da Carta Magna, porquanto o referendo em causa, como é sabido, já se realizou, tendo o povo votado no sentido de permitir o comércio de armas, o qual, no entanto, convém sublinhar, como toda e qualquer atividade econômica, sujeita-se ao poder regulamentar do Estado.”
Lewnadowski considerou constitucionais os dispositivos do Estatuto que estabelecem a idade mínima de 25 anos para a concessão do porte de arma (artigo 28), e a exigência de cadastramento do cano da arma, das impressões de raiamento e de microestriamento do projétil disparado, bem como das munições, que deverão trazer marcas identificadoras, além de ser acondicionadas em embalagens dotadas de sistema de código de barras (artigos 2 e 23)
O advogado-geral da União, ministro José Antônio Dias Toffoli, fez sustentação oral no julgamento da ADI. “O Estatuto do Desarmamento é extremamente necessário na medida em que combate a utilização de armas sem registro ou porte e endurece as penas contra os infratores”, avaliou Toffoli.
O instituto da fiança passou por profundas modificações a partir da edição da Lei nº 12.403/2011, que alterou o Código de Processo Penal.
O objetivo maior da reforma foi adequar e conformar a legislação com a ordem normativa constitucional, e com os Tratados e Convenções internacionais, numa visão de obediência ao bloco de constitucionalidade, entendido como densidade de princípios, normas e valores e originário da doutrina francesa.
Numa ordem jurídico-legal interna, o ordenamento pátrio não pode destoar dos princípios de hermenêutica, como princípio da conformidade constitucional, efeito integrador, unidade constitucional, máxima efetividade, força normativa constitucional e harmonia e justeza constitucional.
d) Armas são produtos perigosos e dependem de regras para serem vendidas. A Lei do Desarmamento (10.826/03) traz normas que regulamentam a produção, a comercialização e o uso de armas de fogo. Em 2005, o Brasil realizou um plebiscito sobre a continuidade da venda de armas no país. Os brasileiros rejeitaram a alteração na lei. Como resultado, continuam em vigor as normas do Estatuto
 Uma das principais bandeiras de campanha do presidente Jair Bolsonaro, a flexibilização da posse e do porte de armas foi um dos temas centrais no Senado no primeiro semestre e deve seguir em discussão nos próximos meses.  É que após rejeitar o decreto das armas do governo, editado logo no primeiro mês do ano, o Senado trabalha em um projeto de revisão do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826, de 2003) que aumenta a potência de arma autorizada para civis e exige a realização de exame toxicológico para aquisição de arma de fogo. Batizado de PL das Armas, o Projeto de Lei 3.713/2019 está em análise na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania(CCJ).
d/1) EM QUE CONSISTEM ESSAS MODIFICAÇÕES?
Lei federal foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo então presidente Lula. Dois anos depois, referendo consultou a população sobre o artigo 35 do estatuto.
O presidente da Republica Jair Bolsonaro assinou um decreto que altera a regulamentação do Estatuto do Desarmamento e facilita a posse de armas no país.
Entenda o que o estatuto determina, quais eram os objetivos para elaborá-lo e as críticas e as defesas ao texto original.
O que é o Estatuto do Desarmamento
O Estatuto do Desarmamento é uma política de controle de armas que está em vigor no país desde 22 de dezembro de 2003. Ele foi sancionado com o objetivo de reduzir a circulação de armas e estabelecer penas rigorosas para crimes como o porte ilegal e o contrabando. A regulamentação do estatuto ocorreu por meio de um decreto em 1º de junho de 2004.
O que o estatuto estabelece
O estatuto definiu novas regras mais restritivas para a compra e o porte de armas no país, bem como penas mais duras para o porte ilegal e a posse de armas não registradas.
Compra de armas
O estatuto manteve a comercialização de armas de fogo e munições legal no país, mas aumentou o rigor para que uma pessoa possa adquirir uma arma legalmente. Ele determina que os seguintes requisitos devem ser cumpridos:
Obrigatoriedade de cursos para manejar a arma;
Ter ao menos 25 anos;
Ter ocupação lícita e residência;
Não estar respondendo a inquérito policial ou processo criminal;
Não ter antecedentes criminais nas justiças Federal, Estadual (incluindo juizados), Militar e Eleitoral;
Ter efetiva necessidade de ter a arma.
Porte de armas
O porte é o documento que dá o direito de portar, transportar, comprar, fornecer, emprestar ou manter uma arma ou munições sob sua guarda. Para sair à rua levando uma arma junto ao corpo ou para usá-la para caçar, por exemplo, é necessário ter porte de arma.
As pessoas que se encaixam nos perfis abaixo podem obter o documento:
Integrantes das Forças Armadas;
Policiais militares, policiais civis e oficiais na ativa;
Guardas municipais de capitais ou cidades com mais de 500 mil habitantes;
Guardas municipais de cidades entre 50 mil e 500 mil quando estão em serviço;
Promotores e juízes;
Agentes penitenciários;
Funcionários de empresas de segurança privada e de transporte de valores ou que precisem de arma para uso profissional.
Além de se enquadrar nos critérios para posse de armas, essas pessoas também precisam fazer um teste de porte, que serve para verificar se ela tem características violentas, controle emocional e até mesmo constatar se alguma característica está sendo omitida na avaliação.
Crimes e penas
Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição irregular, ou seja, sem cumprir as determinações do estatuto, tem como pena a detenção de um a 3 anos, com multa.
Portar arma, acessório ou munição sem autorização ou em desacordo com a determinação legal tem como pena de dois a quatro anos de prisão, com multa.
O estatuto ainda define penas para os crimes de comércio ilegal de arma de fogo, tráfico internacional e posse ou porte ilegal de arma de uso restrito.
Campanha do Desarmamento
O estatuto também criou a Campanha do Desarmamento, que recompensa pessoas que entregarem suas armas, com ou sem registro, para os órgãos de segurança pública. Os valores recebidos variam de R$ 150 a R$ 450, dependendo do tipo de arma.
Quando foi criado e por quais motivos
O estatuto ficou em discussão durante diversos anos até ser aprovado pelo Congresso e sancionado pelo então presidente Lula, em 2003. Lula e diversas ONGs, como o Instituto Sou da Paz e a Viva Rio, diziam que o estatuto ajudaria a reduzir a violência e a interromper as fontes de abastecimento do crime organizado.
A ideia principal que norteou a sua elaboração foi a de que, ao desarmar a população, há menos homicídios e acidentes, bem como menos armas em posse de criminosos.
As defesas e as críticas ao estatuto
Defensores do estatuto afirmam que a política ajuda as forças públicas a combater o crime e controla a quantidade de armas em circulação no país. Veja alguns pontos defendidos por quem apoia a legislação:
Quanto menos armas em circulação, menores os índices de mortes por arma de fogo e de criminalidade.
O mercado legal de armas abastece o mercado ilegal. Por isso, quanto menos armas registradas no país, menos armas estarão disponíveis para os criminosos. Como consequência, o ritmo do crescimento das mortes violentas diminui.
O porte de armas aumenta as chances de mortes acidentais ou causadas por brigas domésticas e de trânsito, por exemplo.
Já os críticos ao desarmamento afirmam que os dados de homicídios no Brasil não diminuíram com o estatuto. Além disso, afirmam que faltam pontos objetivos para determinar o que seria a “efetiva necessidade” de ter uma arma. Veja alguns pontos destacados por quem critica o estatuto:
As mortes continuam a crescer no país. Em 2017, por exemplo, o Brasil bateu recorde de assassinatos, com quase 64 mil.
A Campanha do Desarmamento é ineficaz porque tira as armas das “pessoas de bem”, mas não dos criminosos, deixando a maior parte da população indefesa.
O estatuto tem trechos subjetivos e exige a apresentação de muitos documentos, o que dificulta a compra e a posse de armas.
d/2) Aplicabilidade extensiva das condutasde exclusão de ilicitude?
"Um caminhoneiro armado, ao reagir a alguém que estiver furtando ou roubando o seu estepe, vai dar o exemplo para a bandidagem. Atirou, o elemento foi abatido em legítima defesa. Ele vai responder, mas não tem punição. Vai diminuir a violência no Brasil com toda certeza", disse Bolsonaro, em sua primeira entrevista como presidente eleito, à TV Record, na última segunda-feira (29).
A legítima defesa hoje só é justificada em situações extremas, quando há risco de agressão. Entusiasta da ideia de que "a propriedade privada é sagrada", Bolsonaro defende licença para atirar e matar também nos casos em que há risco de roubo e furto, por exemplo.
Um caminhoneiro armado, ao reagir a alguém que estiver furtando ou roubando o seu estepe, vai dar o exemplo para a bandidagem. Atirou, o elemento foi abatido em legítima defesa.
Jair Bolsonaro, presidente eleito.
"Você casar isso [porte de arma para caminhoneiro] com o excludente de ilicitude, que eu digo que é em defesa da vida própria e de terceiro, patrimônio próprio e terceiro, pode ter certeza que a bandidagem vai diminuir", afirmou o presidente eleito, na mesma entrevista.
Candidata derrotada à Presidência, a ex-senadora Marina Silva (Rede) usou as redes sociais para repudiar as declarações do presidente eleito. Para Marina, Bolsonaro sugere "justiça com as próprias mãos" como solução para o problema da violência.
Hoje o porte é restrito a profissionais que exercem atividade de risco (policiais, juízes, promotores etc) e trabalhadores rurais que comprovem necessidade para subsistência (caça). A ideia de Bolsonaro é ampliar o porte para outras categorias, como a dos caminhoneiros.
Atualmente, qualquer cidadão a partir dos 25 anos pode comprar uma arma no Brasil, desde que cumpra alguns requisitos. É preciso apresentar certidões negativas de antecedentes criminais, não estar respondendo a inquérito policial ou processo criminal, ter ocupação lícita e residência fixa e comprovar capacidade técnica e aptidão psicológica para o manuseio.
A posse também exige uma "declaração de efetiva necessidade", expedida pela Polícia Federal, e este é um dos pontos que Bolsonaro, a bancada da bala e o PL 3722/2012 tentam derrubar.
"A efetiva necessidade está comprovada pelo estado de violência que vive o Brasil. Nós estamos em guerra", disse o presidente eleito à Record. "Se cumpriu os requisitos, seu direito de escolha de comprar está garantido", defende Alberto Fraga.
"Posse definitiva" de arma de fogo
Bolsonaro defende, ainda, a concessão da "posse definitiva" de arma de fogo, outro ponto duramente criticado por Angeli. Atualmente, a renovação do registro deve ser feita a cada 5 anos.
"Acabar com a renovaçãodos registros é muito grave e tende a ampliar o mercado ilegal de armas. Hoje quem perde ou tem a arma roubada é obrigado a comunicar o fato. Sem a exigência de renovação do registro, não será possível saber se essa arma saiu da legalidade e foi para ilegalidade", afirma Angeli.
Outra proposta do presidente eleito diz respeito à idade necessária para comprar uma arma. Ele defende que os brasileiros possam ter uma arma aos 21 anos, e não mais aos 25.

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