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aula mamona2

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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Departamento de Fitotecnia e Zootecnia
Laboratório de Melhoramento e Produção Vegetal
Cultivo da mamona
(Adubação, sistema de produção, pragas e doenças)
 Calagem
A aplicação do calcário deve ser realizada caso seja indicada pelo resultado da análise do solo, com uma distribuição feita a lanço
NC (t/ha) = [(V2-V1) x T ] / 100
Aplicação do corretivo
 Incorporação: 0 a 20 cm de profundidade
 Época de aplicação 
 Distribuição: uniforme possível
 O efeito residual da calagem é igual ou superior a 5 anos; após este período, deve-se realizar nova análise de solo para estabelecer a necessidade de nova correção do solo.
Adubação
Para uma produtividade de 3.300 kg ha-1 de frutos (2.000 kg ha-1 de bagas e 1.300 kg ha-1 de casca), a mamona requer:
 80kg de N
 18kg de P
 32kg de K
 12kg de Ca
 10kg de Mg
Adubação nitrogenada
 No plantio: 15 a 20 kg ha-1 de N
 Em cobertura (30 a 40 dias após a emergência): aplicar 30 a 60 kg ha-1 de N, variando em função do teor de MO do solo e da adequação dos fatores de produção
 Para cultivos estabelecidos em sistema plantio direto, indicam-se doses 20% maiores de N 
 Fonte: Comissão Estadual de Fertilidade do Solo (1989) 
Nutriente	 	 Adubação (kg ha-1)
P2O5	 (mg dm-3)	
Até 6				80
7 a 13				60
14 a 20				40
K2O (mg dm-3)	
Até 30				60
31 a 60				40	
61 a 90				20		
Recomendação de Fósforo (P) e Potássio (K) para cultura da mamona 
Análise química do solo
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Matéria seca, altura e diâmetro caulinar, de acordo com doses de nitrogênio em cobertura
Fonte: Silva et al. (2007)
Curva de resposta da cultura da mamona à diferentes doses de nitrogênio.
Fonte: Doneda et al. (2007)
 Plantio
1. Época de plantio
- Na estação chuvosa da região, tomando o cuidado para que o ciclo da plantas permita a colheita na estação seca
 Escolha das sementes
- Boa qualidade e provenientes de uma cultivar adaptada à região, adquirida de um produtor idôneo e detentor de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA.
- Se a região não dispuser de sementes certificadas, o produtor poderá utilizar os grãos produzidos na própria região. No entanto, esses grãos devem ser oriundos de plantas sadias, com características genéticas desejáveis
e produtivas.
 Espaçamento
Espaçamentos sugeridos em função do porte da planta e da fertilidade do solo
Solo Fértil
Solo baixa fertilidade
Valores médios de rendimento de mamona em baga. Irecê BA, 1993.
	Espaçamento		Rendimento (kg ha-1)	
	4,0 mx 4,0 m			1.120
	4,0 mx 2,0 m			1.206
	2,0 mx 2,0 m			1.540
	2,0 mx 1,0 m			1.395
	1,0 mx 0,5 m			1.345
	NS – Teste F não significativo
	
Fonte: Azevedo et al. (1997)
Diâmetro do caule (mm), altura do 1º racemo (cm), tamanho do racemo principal (cm), altura de planta (cm), no. de racemos/planta e produção (kg ha-1) referentes à mamona cultivar BRS Energia cultivada em dois espaçamentos na região de Irecê - BA em 2008.
Fonte: Freitas et al. (2010)
Número médio de frutos por racemo para o efeito principal espaçamento. Pentecoste – CE, 2005.
Letras diferentes nas colunas indicam que as médias diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Fonte: Souza et al. (2010).
Profundidade de semeadura
 Textura arenosa: 8 a 10 cm 
 Textura argilosa: 6 a 8 cm
 Semeadura 
 Manual: utilizados saraquá ou enxada
 Mecanizada: semeadora de grãos, como de soja ou de milho, adequando-se os discos para a densidade e espaçamento desejados
Saraquá
2 cavadeiras
 Semeadura
b) Semeadura mecanizada
- Semeaduras tracionadas por animal ou trator, que devem estar reguladas conforme o espaçamento.
 Semeadura mecanizada
 Sistema de produção
1. Cultivo em sistema isolado ou cultivo solteiro
 Sistema de produção
2. Cultivo em sistema consorciado
Utiliza culturas alimentares, de preferência as rasteiras ou de porte baixo, possibilitando aumento da renda para o produtor de mamona, bem como a melhoria das condições físicas do solo.
Ex: feijão, milho e o amendoim 
Consórcio
Espaçamento do sistema solteiro
 O espaçamento será definido de acordo com o porte da planta e a fertilidade do solo.
Exemplo de espaçamento para o sistema solteiro ou isolado
Solo Fértil
Solo baixa fertilidade
Espaçamento do sistema consorciado
- Definido de acordo com o porte da mamoneira e o número de fileiras da cultura intercalar
Participação dos cachos nos sistemas de plantio isolado e consorciado das cultivares de mamona Nordestina e Paraguaçu . Quixadá, CE, 2003 
Fonte: Corrêa et al. (2006)
CONSERVAÇÃO E MANEJO DO SOLO
Degradação do solo
Manejo inadequado
Causas da degradação
 Erosão pela água da chuva
 Compactação por excesso de máquinas
 Uso intensivo do solo por vários anos
 Adubação ou calagem desequilibrada
Conservação do solo em áreas de plantio da Mamoneira
Evitar plantio em áreas inclinadas que pode causar erosão. Inclinação máxima, 12% 
O solo fica muito exposto à chuva o que pode provocar a erosão
Espaçamento largo deixa o solo descoberto
Crescimento inicial muito lento
SUGESTÕES
Plantar em curvas de nível seguindo a descida do terreno.
Fazer consórcio com outras culturas para cobrir o solo.
Fazer adubação orgânica ou mineral para evitar esgotamento químico do solo.
Fazer rotação com outras culturas após o cultivo da mamona numa mesma área.
Características da planta de mamona
 Sensível a competição com as plantas daninhas
 Possui baixo índice de área foliar na fase inicial de desenvolvimento da planta
 Possui grande exigência de tratos culturais até os 60 dias
Tem baixa proteção do solo contra a erosão
 Práticas culturais
Desbaste
- Realizar: plantas tiverem atingido de 10 a 12 cm de altura e/ou 15 dias após a emergência da planta
Práticas culturais
b) Capina
 Realizada até 60 dias após a germinação
- Os métodos de capina utilizados podem ser realizados mecanicamente nas entrelinhas e manualmente nas linhas, não sendo recomendado após os 60 dias de germinação para não danificar as raízes.
 Capina
Práticas culturais
c) Adubação de cobertura
 30 a 40 dias após a emergência da mamoneira ou quando alcançarem ± 50 cm de altura
- A quantidade de adubo a ser utilizado será determinada de acordo com a recomendação da análise do solo
Práticas culturais
d) Poda 
- É utilizada quando a sobrevivência das plantas está acima de 80% após a última colheita
Corte no caule principal (altura de 50 cm do solo)
 Após a poda, sugere-se a aplicação de calda bordalesa (fungicida natural) no local do corte para evitar a disseminação de fungos
d) Poda 
 Locais favoráveis à ocorrência da podridão dos ramos
 Para cultivares de porte baixo ou anãs e híbridos não são apropriadas para cultivo com poda.
Não se recomenda!!!!
Poda da mamona 
e) Rotação de Culturas
 Melhoria da condição de umidade, fertilidade, estrutura e biologia do solo
 Diversificação de incidência de plantas daninhas, redução de pragas e doenças
Práticas culturais
 Controle fitossanitário
Importante!!!!
- Fazer monitoramento periódico das plantas, visando identificar o índice populacional das pragas e a incidência de doenças, definindo assim o momento ideal para o controle.
 Pragas
1. Percevejo verde (Nezara viridula L. )
 Apresenta coloração escura e com manchas vermelhas na fase jovem e, na fase adulta, coloração verde. Vive em colônias e alimenta-se de seiva presentes nas folhas, haste e frutos.
Os sintomas de infestação: murchamento e secamento dos frutos de um mesmo cacho entre frutos normais. 
 Controle: Químicos mediante a orientação técnica.
Percevejo verde (Nezara viridula L. )
2. Cigarrinha (Empoasca cramer) 
 Inseto sugador, pequeno e ágil, que se locomove lateralmente na face inferior das folhas.
 Sintomas: folhas ficam cloráticas e viram as bordas para cima tornando-se quebradiças
- Controle: utilizar método cultural, biológicoou químico, mediante orientação técnica
 Cigarrinha (Empoasca cramer) 
 Pragas
3. Ácaros 
Ácaros vermelhos (Tetranychus ludeni) e ácaros rajados (Tetranychus urticae)
São comumente encontrados na face inferior das folhas, se alimentando da epiderme foliar, provocando a perda de brilho das folhas, as quais se tornam escuras, secando posteriormente.
- Controle: utilizar método cultural, biológico ou químico, mediante orientação técnica.
 Ácaro
4. Lagartas
 Lagarta da folhas (Spodoptera latifascia)
 Lagarta de solo (Elasmopalpus lignosellus zeller)
 Lagarta rosca (Agrotir ipsilon)
4. Lagartas
Principais sintomas após os ataques são:
• Lagarta da folha: causa o desfolhamento das plantas.
• Lagarta de solo: causa galeria no colo da planta, danificando os tecidos.
• Lagarta rosca: corta o colo da planta jovem, provocando a sua morte.
Controle: utilizar método cultural, biológico ou químico, mediante orientação técnica.
 Lagartas
Foto: Lagarta do solo
Fonte: EMBRAPA
 Inimigos naturais
• Aranha: alimentam-se de todos os insetos pragas da mamoneira, principalmente, as lagartas.
• Joaninha: alimentam-se de lagartas, pulgões e cochonilhas.
• Crisopa ou Lixeiro: alimentam-se de ovos de lagartas e lepitódpteros.
• Parasitóides: controlam as lagartas
 Doenças
1. Mofo cinzento
2. Murcha de fusarium
3. Mancha foliar bacteriana
4. Podridão do tronco
5. Podridão dos ramos
6. Macha de cercóspora 
7. Mancha de alternária
 Mofo cinzento
 Amphobotrys ricini (Buchw.)
 Principal doença da mamoneira
 Penetra nos frutos na fase de floração 
 Manifesta em condições ambientais são favoráveis (temp. abaixo de 20ºC e UR do ar superior a 80%)
 Mofo cinzento
 Sintomas: 
 Pequenas manchas de tonalidade azulada, principalmente sobre inflorescências e cachos. 
 Com o avanço da doença, os frutos e o cacho apodrecem. 
 Perdas da lavoura: totais (cultivar for sensível e as condições ambientais favoráveis)
 Mofo cinzento
 Controle: Carbendazim (0,5 L ha-1) e tebuconazole (0,25 L ha-1) no início do aparecimento sintomas da doença.
 Murcha de Fusarium 
 Fusarium oxysporum f.sp. ricini L.W. Gordon
  Principal sintoma: murchamento da planta e manchas amareladas nas folhas que, posteriormente, necrosam e queda da folha.
 Murcha de Fusarium 
 Controle químico é inviável. 
A contaminação: pelo plantio de sementes infectadas. 
 Depois da infecção da área, não há como eliminar o fungo, o qual pode sobreviver por muitos anos. Por isso, deve-se ter muito cuidado com a sanidade das sementes.
 Murcha Bacteriana
 Ralstonia solanacearum
 Condições favoráveis: Solos de textura leve e temperaturas elevadas (26 ºC   32 °C)
Sintomas: murcha permanente, associada à queima e queda prematura de folhas, levando a morte da planta. 
 Murcha Bacteriana
 Diferença entre murcha de Fusarium e bacteriana: Bacteriana não causa escurecimento dos vasos condutores (corte no caule, exsuda pus bacteriano) 
 Manejo: - Evitar o plantio em áreas com o histórico da doença
 - Usar material propagativo sadio, 		 - Rotação com culturas não hospedeiras
 - Manejo adequado da irrigação
Mancha Foliar Bacteriana  
 Xanthomonas campestris pv. ricini
 Sintomas: pequenas manchas nas folhas 
 - aspecto aquoso e coloração verde-escura a castanha- escura (início)
 - as lesões foliares podem coalescer, causando necrose em extensas áreas da folha, resultando no desfolhamento prematuro da planta
Mancha Foliar Bacteriana  
 Condições favoráveis: temperaturas e UR elevadas
 Dispersão do patógeno: pela água, vento e sementes contaminadas 
 Recomendação: utilização de sementes sadias provenientes de campos isentos da doença e o uso de cultivares resistentes
 Podridão do tronco
 Macrophomina phaseolina (Tassi) Goid. 
 No Semiárido: uma das principais doença da mamoneira (condições favoráveis: solo seco e temperatura alta)
 É de difícil controle, pois o fungo permanece no solo por muitos anos e ataca diversas culturas de grande importância
 Podridão do tronco
Sintomas: amarelecimento e murcha da planta, com necrose total ou parcial da raiz, podendo evoluir para o caule, tornando-o total ou parcialmente enegrecido 
 Controle químico não é recomendado
 As medidas de controle são: cultivares resistentes e rotação com cultura
 Podridão dos ramos
 Lasiodplodia theobromae
 No Brasil: ocorreu pela primeira vez, na região de Irecê, Estado da Bahia. 
 Sintomas: necrose dos tecidos, que evolui para a podridão, seca e morte do caule e/ou dos ramos 
 Podridão dos ramos
 Condições adequadas: estresse por deficiência hídrica e nutricional
Manejo: - evitar estresse por deficiência hídrica
 - manejo adequado da fertilidade do solo
	 - eliminar restos de cultura
 - rotação de culturas
 Mancha de Cercospora 
 Cercospora ricinella
 Sintomas: manchas foliares de formato arredondado, com o centro claro e bordas de cor castanha 
 Condições favoráveis: alta UR
 Dispersão: pela água da chuva, vento, insetos e sementes.
 Manejo: sementes sadias e maior espaçamento
 Mancha de Cercospora 
Sintomas da mancha de Cercospora em diferentes níveis de severidade
 Mancha de Alternária 
 Alternaria ricini (Yoshii) Hansf. 
 Condições favoráveis: Temperaturas amenas (22 ºC   26 ºC) e alta UR ( que 80%)
 Mancha de Alternária 
 Sintomas: - morte prematura dos cotilédones e retardando o estabelecimento da cultura. 
 - na planta adulta: manchas circulares a elípticas, de coloração marrom, inicialmente isoladas, as quais, à medida que envelhecem, podem coalescer e afetar grande parte do limbo foliar. 
	 - Afeta frutos, provocando lesões marrom-escuras deprimidas e o chochamento dos mesmos. 
 Mancha de Alternária 
 Manejo: - tratamento químico de sementes com fungicidas
 - uso de maiores espaçamentos (aeração)
 
Incidência média (%) de fungos em sementes de 6 cultivares de mamoneira produzidas no campo experimental da Embrapa Clima Temperado, durante a safra 2003/04.
Componentes do manejo de doenças da mamoneira 
Eliminação ou redução do inóculo inicial
Práticas de manejo
Redução da taxa de doença no campo
 Plantio de sementes certificadas
Tratamento de sementes
 Rotação de cultura
 Eliminação de plantas doentes
Realização da poda (cultura do 2º ano)
 Eliminação de restos de cultura
 Utilização de cultivares resistentes
 Utilização de maiores espaçamentos
 Controle químico
 Rotação de cultura
Plantio em locais desfavoráveis
Redução da intensidade da doença e das perdas
Produção de mamona
Histórico da área
Local do plantio
Época de plantio
Tratos culturais
Sementes sadias
Eliminação de restos culturais

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