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Fichamento 1 - BOCK, A M B Psicologia e sua ideologia 40 anos de compromisso com as elites

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REFERÊNCIA: BOCK, A. M. B. Psicologia e sua ideologia: 40 anos de compromisso com as elites. In: BOCK, A. M. B. (org.) Psicologia e o compromisso social. São Paulo: Cortez, 2003. Cap. 1, p 15 -28.
	 Texto 1
Nome: Roselaine Costa Bezerra
RA: D0427C-3
Data: 13/02/2020
O compromisso social da Psicologia mostra-se um tema debatido e importante e, cada vez mais, aderido por diversos cenários e serviços prestados à população menos favorecida da sociedade, realizando-se, assim, práticas inovadoras em perspectivas mais sociais e interdisciplinares.
Porém, apesar de a Psicologia sempre estar vinculada à sociedade, a história brasileira apresenta um compromisso com suas elites, comprometimento este se tornou ponto de muitas discussões, com objetivo de superá-lo.
Este histórico é permeado pelos interesses da elite, em categorizar, higienização e diferenciação dos indivíduos, focando na manutenção do lucro e capital, aponta para a desatenção para com qualquer trabalho de transformação das condições de desigualdade do país.
Desde a colonização do Brasil por Portugal, a repressão nas relações foi explicita, pela necessidade de controle sobre o povo indígena. Os estudos produzidos por religiosos ou intelectuais, eram repletos ideias de controle, abordando formas de exercer o controle sobre a camada menos favorecida.
No Brasil império, ideais higienistas, desenvolvidas no terreno da medicina e educação, promoviam uma sociedade livre de desordens e desvio, naturalizando normativas morais, implantando intrinsecamente a conduta herdada dos europeus. Todo aquele que se portasse contra essa moral era considerado imoral ou degenerado, de forma que quando não subjugados às práticas disciplinares da educação, eram reclusos, seguindo o ideal higienista. As camadas menos favorecidas, formadas em grande parte por pobres e negros, geralmente eram associados à imoralidade, valorizando os grupos dominantes, sendo reforçado ainda pelo discurso de degenerância das raças, de forma a ocultar a exclusão.
No período republicano, mais próxima da educação, a Psicologia, já adquirindo o status de ciência, trabalhou com teorias do desenvolvimento, que posteriormente embasaram trabalhos pedagógicos. O acercamento para com a administração e gestão, devido à industrialização demandou a colaboração com estudos voltados para diferenciação das pessoas, de forma a promover maior congruência entre grupos escolares ou do homem e o trabalho. Seguindo os ideais de classificação e categorização, durante as guerras, o desenvolvimento dos testes psicológicos, enquanto instrumentos da prática, possibilitou a institucionalização da Psicologia enquanto profissão, no Brasil, em 1962. Com isto, percebe-se que a Psicologia serviu durante 40 anos as elites, com pouca contribuição social no que diz respeito com outras camadas da sociedade.
Embora tenha ocorrido modificação em questões sociais, diversos estudos afirmam que um grande número de profissionais todavia atua em consultórios particulares, muitas vezes inacessível devido aos valores do serviço. Além disso, a Psicologia enquanto profissão, ainda se encontra em um estágio frágil e pouco diversificado, ofertando respostas, por vezes vista como genéricas atendendo a diversas demandas.
Como ciência e profissão, fundamentou-se com caráter conservador, à parte de debates sociais e de atuações transformadoras, adotando uma visão naturalizante do desenvolvimento psíquico, não exigindo posicionamento crítico de seus profissionais.
Houve uma guinada na modificação na década de 1970, quando o surgimento da Psicologia Comunitária, demandando um olhar mais direcionado para questões sociais, desenvolvendo a partir daí uma visão progressista na saúde pública vigente na atuação de psicólogos e psicólogas até então.
Cabe destacar alguns aspectos dessa ideologia, um deles consiste na naturalização do fenômeno psicológico, visto como entregue ao homem no nascimento, com destino previamente traçado e sem associação com a esfera social do sujeito. O segundo aspecto, aponta que os psicólogos não têm suas intervenções concebidas como trabalho, sem considerar que intervenções psicológicas promovem modificações sociais, de forma que reafirmam a crença de que o fazer Psicológico é criticamente neutro e apolítico. O terceiro aspecto traz a concepção de que os sujeitos são responsáveis e capazes de promover seu próprio desenvolvimento, concepção esta, individualizante, responsabilizando o sujeito pelo próprio desenvolvimento, de maneira que, aparta a Psicologia de temas com respeito a papeis da sociedade e mundo.
Assim sendo, o processo de institucionalização da Psicologia fundou-se em ideologias que buscam neutralizar o psiquismo, de modo isolada do contexto sociocultural e político. Mostra-se necessária a reflexão desse ponto, com o objetivo de promover uma prática psicológica apoiada na transformação das relações de poder da sociedade, assimétricas e visando mudança e garantia de direitos humanos para os cidadãos.

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