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1 PROCESSO HISTÓRICO DO PENSAMENTO POLÍTICO. Quadro 1. GRÉCIA ANTIGA IDADE MÉDIA SÉCULO XVI SÉCULO XVII SÉCULO XVIII SÉCULO XIX SÉCULO XX - PLATÃO (427-347 a.C.) (Idealismo) “A república, o político e as leis”. Alma; Classes; Virtudes; Funções. - ARISTÓTELES (384 – 322 a.C.) “A política” “A constituição de Atenas” Ética e vida digna ao ser humano. - Queda do Império Romano Ocidental (476). - Época caracterizad a pelo parcelament o do poder. - Poder da Igreja. - Santo Agostinho (354 – 430). - São Tomás de Aquino. (1225 – 1274). - Início do Feudalismo. - Concepção Medieval - Fim do Império Romano oriental. (1453) - Itália (1330 a 1530). - Renascimento culto à antiguidade. - Inicio das grandes descobertas. -Nicolau MAQUIAVEL. (1469 – 1527) “O Príncipe”. - Jean Bodin (1529 – 1596). “Res publica” - François Rabelais. (1493 – 1553) - Erasmo - Michelangelo -Revolução Gloriosa (1688) Inglaterra. - Thomas HOBBES – (1588 – 1679) “O Leviatã” O empirismo como única fonte da verdade. - John LOCKE (1632 – 1704) “Segundo tratado sobre governo civil” Lei civil deriva da lei natural, segundo a qual todos os homens são iguais, com direito a vida, a liberdade e propriedade. - Iluminismo. Charles-Louis MONTESQUIEU (1689-1755). “Espírito das Leis” (1748). - Jean-Jacques ROUSSEAU (1712 – 1778). “O Contrato Social” - VOLTAIRE (1694-1778) - François QUESNAY. (1694-1774). - Revolução Francesa (1789). - ADAM SMITH (1723-1790). “Riqueza das Nações” - KARL MARX (1818 – 1883) Frederich ENGELS (1820 – 1895). “O Manifesto Comunista” -Immanuel KANT 1724 – 1804 Criticismo. Aproximação do ideal. -AUGUSTO COMTE. (1798 – 1857) Positivismo. -ALEXIS TOCQUEVILL E. (1805 – 1859) A democracia Na América. GAETANO MOSCA publicou a primeira edição dos Elementi de scienza política. -Duas grandes Guerras Mundiais. -Revolução Bolchevique. - Socialismo Edoard Bernstein (1850-1952) -Lenin (1870- 1924). Stalin (1879- 1953). Socialismo. -Mussolini (1883-1945) Fascismo. - Hitler (1889 – 1945) Nazismo. - Max Weber (1864-1920) - Durkheim (1858-1917). - Globalização A) “Chama-se Ciência Política o estudo de teorias e casos práticos da política, bem como a análise e a descrição dos sistemas políticos e seu comportamento. Consiste, portanto, no estudo do Governo do 2 Estado no aspecto teórico ou doutrinário, buscando analisar a realidade social e histórica, bem como o seu funcionamento.” (De Cicco, 2008, p.151) b) “É a Ciência aplicada, que considera os fenômenos da vida do Estado do ponto de vista teleológico*” (Jellineck, 1954, p. 15). *Teleológico, que relaciona um fato com sua causa final (diz-se de argumento, explicação ou conhecimento O Estado na Antiguidade Oriental O que caracterizou o Estado no antigo oriente, apesar de uma ou outra peculiaridade, foi o caráter sacro e religioso do poder, sendo o soberano considerado divino e filho dos deuses. Outra característica marcante era a identificação total entre poder político religioso, patriotismo e religião. Havia total concentração de poder. Era o absolutismo ou despotismo absoluto. Instituições e pensamento político na Antiguidade “Antiguidade – época que se estende desde o aparecimento da escrita até o ano 476 da Era Cristã, data do fim do Império Romano do Ocidente – mostra, do ponto de vista político, diferentes aspectos conforme se tratar do Oriente e do Ocidente. ” (De Cicco, 2008, p.156) GRÉCIA ANTIGA Política: Derivado do adjetivo originado de polis – politikós, que significa tudo o que se refere à cidade e, consequentemente, o que é urbano, civil, público; Termo política se expandiu graças à obra de Aristóteles intitulada A Política; No início o termo era empregado para designar obras dedicadas à esfera de atividade humana ligadas às coisas do Estado (sua natureza, funções e divisão: formas de governo). Na Idade Moderna o termo perdeu o significado sendo substituído aos poucos por Ciência do Estado, doutrina do Estado, Ciência Política, etc... Grécia Na Grécia, não havia um só governo, mas várias Cidades-estados ou em grego, Polis. Na sua maior parte, por volta do século VI a.C. já eram todas repúblicas, mas havia distinções a se fazer. 3 Limitando aos autores ocidentais, mencione-se as obras de Ciência Política de Platão e Aristóteles, na Grécia. Platão – (429 – 347 a. C.) Aristócles de Atenas, mais conhecido como Platão de Atenas (429-347 a.C.),3 escreveu o livro Politéia, cujo título mais familiar deriva de sua tradução latina, A República ou da Justiça. Nesta obra, o mais brilhante discípulo de Sócrates apresenta o que seria a cidade (ou Estado) ideal e, consequentemente, justa. Os diálogos platônicos são divididos em três fases: jovens, médios e da maturidade. Tais diálogos demonstram uma transição evolutiva no pensamento de Platão. Em sua obra A República, da fase dos diálogos médios, o pensador apresenta a justiça ideal na cidade. Na obra As Leis, um diálogo da maturidade, o pensador em comento apresenta um sistema coercitivo que visa a organizar a polis. Segundo sua filosofia idealista, o Estado deve ser, em ponto maior, o que é o homem em ponto menor.4 Assim, como o homem é governado pela razão, deveria o Estado ser governado pelos sábios filósofos. Tal como o corpo com suas paixões e instintos segue o que é determinado pela inteligência, assim os trabalhadores devem obedecer aos sábios governantes que possuem os conhecimentos verdadeiros. Finalmente, do mesmo modo que o ser humano segue os ditames da razão, mas quem decide é a vontade, haveria no Estado uma classe encarregada de defender a Polis contra a subversão dos trabalhadores, para se cumprir os mandamentos dos sábios, ou para repelir ameaças externas, e seriam os guerreiros ou guardiões. Para que essa cidade tenha em seu corpo a justiça, cada ator, os produtores, os guardiões e os sábios, deverão agir conforme seus papéis sociais. Entretanto, caso algum indivíduo queira, por qualquer motivo, exercer função diversa daquela para qual é apto, haverá então elementos para uma cidade injusta. A título de exemplo, um produtor não deve querer ser um guardião, pois não tem capacidade para sê-lo, e caso isso aconteça essa cidade será injusta. Por outro lado, um guardião ou um sábio tem condições de serem produtores, mas não devem ser, pois se isso acontecer estes não exerceram na plenitude suas capacidades e, consequentemente, serão injustos. Alguns aspectos interessantes devem ser destacados sobre esta obra, tais como o papel da mulher e a organização da família na cidade ideal platônica. No início do Livro V, há uma discussão sobre o papel da mulher, que não seria vista como alguém que não mereça espaço nesta sociedade justa. Platão não leva em consideração a questão do gênero humano, mas sim a natureza e, bem por isso, a mulher poderia exercer qualquer função na cidade platônica, seja produtora, guardiã ou sábia (433d-e). Este aspecto é relevante, pois todos deveriam participar da vida pública, tanto na esfera política como javascript:void(0) javascript:void(0) 4 militar, motivo inclusive pelo qual Platão admirava Esparta.5 A participação feminina nas classes superiores proporcionaria uma integração plena e uma perspectiva de unificação da cidade, superando as oposições entre homens e mulheres.6 Outro aspecto interessante seria a licitude de mentir conferida aos dirigentes da cidade, seja para enganar os inimigosou os próprios cidadãos, desde que essa medida traga vantagem à comunidade. Vale frisar que somente aos governantes seria possibilitada a mentira. Aos demais habitantes é proibido mentir, tendo em vista que não têm a sabedoria sobre seus atos. Após propor a cidade ideal em A República, Platão repensa alguns aspectos quanto à necessidade de leis coercitivas. A partir dessa indagação, propõe sua última obra organizada em doze livros, as leis, que consistem em um diálogo entre anciãos que visam tratar da função educativa das leis para os futuros governantes. Podemos dizer que nessa obra Platão propõe leis que visam a garantir o bem comum e a paz social. (DE CICCO, Claudio, 2018) Aristóteles (384-322) O grande tratadista, filósofo, astrônomo e matemático Aristóteles de Estágira dedicou sua vida a diversas obras. No campo político, sua grande e célebre obra foi A Política (A Politéia – Πολιτει′α). Ao contrário do que propôs Platão na idealista obra supracitada, seu discípulo, Aristóteles, apresentou uma visão realista do Estado, uma visão que buscasse tratar dos sistemas políticos daquela época em A Política A Política divide-se em oito livros, que tratam da composição da cidade, da escravidão, da família, das riquezas, bem como de uma crítica às teorias de Platão. Analisa também as constituições de outras cidades, num exercício comparativo, descrevendo-lhes os regimes políticos. Em seus dois primeiros capítulos, Aristóteles estabelece os fundamentos de sua filosofia política. Assim como em sua Ética Nicomaqueia afirma que “o bem é aquilo que todas as coisas visam”,7 em A Política, Aristóteles assevera, em 1252 a 3-5, que o “bem próprio visado por essa comunidade soberana é o bem soberano”. Sobre as formas de Governo, conforme exposto no Capítulo 9, o grande pensador constata que três são as formas de governo: a monarquia, a aristocracia e a democracia, sendo que todas devem buscar o bem comum da Polis, sob pena de se tornarem formas corruptas ou desvirtuadas, degenerando-se então sob a forma de: tirania, oligarquia e demagogia, respectivamente. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) 5 Embora não tenha dedicado toda a obra a fim de construir uma cidade ideal, apresenta inclinação pela monarquia, considerando esta a melhor forma de governo e a tirania como a pior. Por conta disso, Aristóteles, defende a necessidade da autoridade na pessoa de um rei. Quanto à questão da sociabilidade do homem, Aristóteles defende sua sociabilidade natural, afirmando que este é um animal social ou zoon politikon. Aristóteles dedicou grande parte de sua vida a seu pupilo, Alexandre de Macedônia, para fazer dele um monarca justo, amante da cultura grega, o que em parte se verificou no curto reinado do famoso Alexandre Magno. Instituições políticas romanas Roma, originariamente, também foi uma monarquia. Depois, a partir de 509 a.C., tornou-se uma república aristocrática, governada por dois cônsules anuais, assistido por magistrados, e mais um Senado em que se assentavam os chefes ou patres das famílias patrícias, descendentes dos fundadores da Civitas ou Cidade, com direito de veto sobre as assembleias de cidadãos ou comícios. O império do Ocidente durou até 476 da nossa era. O império Bizantino se estendeu até 1453, quando Constantinopla foi tomada pelos turcos. Foi o imperador bizantino Justiniano que, em 529, realizou a compilação do direito romano conhecida como corpus juris civilis, de enorme importância para a história do direito. IDADE MÉDIA 1. Instituições Políticas medievais Queda do Império Romano (476 d.C); Época caracterizado pelo parcelamento do poder; Poder da Igreja; Feudalismo; Fim do Império Romano Oriental (1453 d.C.); 2.1Santo Tomas de Aquino (1226 – 1274) d. C.) Afirmava que o homem é, por natureza, animal social e político, vivendo em multidão, ainda mais que todos os outros animais. Agostinho de Hipona (354 – 430 d. C.) Conhecido universalmente como Santo Agostinho, foi um dos mais importantes teólogos e filósofos dos primeiros anos do cristianismo cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e filosofia ocidental. 6 A idade ou Era Medieval se estende da queda do Império Romano do Ocidente, invadido pelos bárbaros, em 476 d.C. até a queda do Império Romano do Oriente, quando Constantinopla é tomada pelos turcos, em 1453. Esse longo período de mil anos pode ser subdividido em Alta Idade Média e Baixa Idade Média. A Alta Idade Média vai do séc. V ao sec. XII e a Baixa Idade Média, do séc. XIII a XV. Outros Pensadores Medievais Outro autor importante foi o inglês John de Salisbury que inspirou a Magna Carta da Inglaterra em 1215. Dante Alighieri, autor de Divina Comédia, em sua Monarchia, defendeu o fim das guerras feudais e nacionais. Marsilio de Pádua, Defensor Pacis, pregava a restauração dos Césares, negando qualquer autoridade além da estatal. A Magna Carta O rei João da Inglaterra sancionou a Magna Carta em 15 de junho de 1215. O documento limitava o poder da monarquia inglesa e garantia os direitos dos vassalos. Muitas tradições jurídicas da Inglaterra, incluindo o direito a julgamento por um júri e acesso igual à corte de justiça para todos os cidadãos, tiveram suas origens na Magna Carta O pensamento político romano Cicero (106-42 a.C.). Marco Túlio Cicero, jurisconsulto romano do final de governo republicano. Grande orador, é autor de diversos tratados filosóficos sobre o Estado. Sua grande obra a República retirou algumas ideias gregas, asseverando a melhor forma de governo é a mista, unindo a monarquia com a aristocracia e a democracia. A era seguinte à Idade Média, o renascimento, arrogantemente, considera esse período como era obscura. O próprio “médio” já tem em si uma carga de desprezo indicando que o período que se estendeu por quase mil anos não passa de um grande intervalo entre o esplendor greco-romano e seu Renascimento com a idade Moderna Renascentista RENASCIMENTO. O Renascimento foi o período de retorno ao ideal humano dos gregos e romanos na Europa do século XVI. “Iniciado, em parte, no século XIV, manifesta-se no século XV e prossegue no século XVI. A Renascença representa essencialmente a libertação do espírito crítico”. Na realidade, era a substituição de uma visão teocêntrica, que colocava Deus no centro da filosofia, da política, da arte etc., por uma visão antropocêntrica, que colocava o homem no centro de todas as ideias filosóficas, políticas e, no séc. XV, principalmente artísticas, visão esta conhecida pela designação muito apropriada de “humanismo”. Mesmo sendo uma Ciência nova, a Ciência política sempre procurou oferecer novos rumos aos homens que lidam com o exercício do poder. A Visão Filosófica na Ciência Política registra três versões de Filosofia política que teve início no Renascimento com as seguintes obras: Thomas Morus com “Utopia”, Maquiavel com “O Príncipe” e Thomas Hobbes com “O Leviatã”. Passagem dos valores medievais teocêntricos para valores humanísticos do Renascimento 7 A vinda de sábios gregos para as cidades italianas, fugindo dos turcos de Constantinopla, no século XV; A perda do senso religioso de unidade com a Igreja devido a inúmeras heresias nos séculos XIV e XV; O contato com culturas não cristãs como a islâmica, por ocasião das Cruzadas, a chinesa com as viagens de comerciantes genoveses como Marco Polo, as indígenas por ocasião dos descobrimentos marítimos; Gosto pelo luxo e requinte com as riquezas do oriente e depois da América., PENSAMENTO POLÍTICO DO RENASCIMENTO Nicolau Maquiavel (1469 – 1527), florentino, escreveu duas obras que marcaram a Ciência Política moderna: O discurso sobre as décadas de Tito Lívio (1531), e O Príncipe (1532). Por qual motivo Maquiavel continua sendo um autor estudado com grande interesse? Pela sua análisecentrada na prática política a partir de uma lógica de articulação política, tendo em vista, coerência com o projeto, e a análise concreta das relações de força existentes; No primeiro, elogia o governo dos romanos, propondo-o modelo para os soberanos de tempo e, no segundo, propõe uma prática política visando ao êxito a qualquer custo. O termo Estado para designar o que antes era república; Não descreve um governante ideal, mas sim, um governante real (bastidores do poder); Manual prático de manutenção do poder; Utilização de boas armas (conquistas); Ser temido e amado, caso seja impossível, opte por ser temido; Outro ensinamento a ser destacado refere-se aos conceitos de Virtu e Fortuna. Virtu consiste em características subjetivas, personalíssimas, singulares, próprias dos governantes e, mais do que isso, consiste na capacidade pessoal de dominar os eventos de uma adversidade. O príncipe dotado de Virtu amenizará uma situação de caos e maximizará uma situação boa. Fortuna consiste no fluxo de acontecimentos que não dependem da vontade humana. Constitui exemplo que abriga tanto a Virtu como a Fortuna, um levante popular que independe do príncipe (Fortuna), mas este levante é contornado por ele (Virtu). Outro exemplo seria um rio impetuoso que tudo arraste (Fortuna), mas é contido por um ato do príncipe (Virtu). Quanto à célebre frase atribuída ao pensador em comento: “O fim justifica os meios”, é possível explicá- la como o fim colimado justificaria então qualquer meio e o bem do Estado ou razão de Estado estaria acima de qualquer instância moral. Afastando a ideia de bem comum, faz o bem do Estado se confundir com bem do governante. Embora se deva esperar que o príncipe utilize boas armas a fim de atingir a paz social. A partir desses ensinamentos, denota-se que O Príncipe foi a cartilha de todos os reis absolutos da época do autor e, provavelmente, o livro de cabeceira dos ditadores contemporâneos. 8 Pensamentos Contratualistas Entre os séculos XVI e XVII uma das principais questões que ocuparam os debates filosóficos foi em torno do surgimento da sociedade civil, ou seja, o que levou os homens a formarem Estados e qual a origem legítima de seus governos. É nesse contexto que surgem as teorias contratualistas que postulam um estado de relações humanas livre de qualquer ordem social estruturada, chamada de “estado de natureza”, anterior ao surgimento da sociedade civil. No estado de natureza não havia leis ou normas sociais, governos ou obrigações políticas entre governantes e governados. Em um determinado momento os homens sentem a necessidade de criar um acordo, um pacto social (contrato social), através do qual reconhecem uma autoridade (governante) um conjunto de regras e um regime político dando origem assim, a sociedade. A Formação originária busca a explicação a partir de uma transformação de uma estrutura anterior. As teorias sobre a formação do Estado, desse tipo, dividem-se em Contratualistas e Não-Contratualistas. As concepções Contratualistas surgiram entre os séculos XVI e XVIII, a partir da reflexão racional de teóricos europeus que, abrindo mão das explicações teológicas para os fatos sociais, optaram por explicações baseadas na razão. O Contratualismo prega que os homens, antes do surgimento da vida organizada em sociedade, viviam em um Estado Natural. Tal Estado é explicado de maneiras diferentes entre os diversos teóricos, que buscavam entender como se deu a passagem dos homens do Estado Natural para o Estado Social. É nesse momento que surge o "jus Naturalismo", segundo o qual, o homem no Estado Natural tinha direitos naturais, que independiam das relações entre os homens. É também esse o momento da contraposição ao Absolutismo Monárquico, que era explicado a partir da vontade de Deus. As teorias Contratualistas do Estado partem do pressuposto que há um consenso hipotético sobre o qual repousa a legitimidade do Estado. A legitimidade também estaria assentada na busca do bem comum pelo Estado. Na medida em que houvesse um desvio dessa busca, caberia aos indivíduos o direito de resistência. Hobbes, Thomas (1588-1679) O mais reputado de entre os escritores do séc. XVIII foi o primeiro sistematizador do contratualismo e defensor do pacto social como teoria justificativa do Estado. É tido também como teórico do absolutismo, embora não o tenha pregado à maneira de Filmer e Bossuet, com fundamento no direito divino. “Já nos estágios primitivos, segundo Hobbes em o Leviathan, há situação de desordem, constatada quando os homens não têm ações reprimidas pela voz da razão ou por instituições públicas eficientes. O homem em estado de natureza é ameaça à sociedade, sempre que a paixão silenciar a razão ou autoridade fracassar”. 9 Para Hobbes, na natureza humana encontram-se três causas principais da discórdia: A competição, a desconfiança e a glória (SOARES, 2008, p. 54). Para Thomas Hobbes (1588-1679), com sua visão empirista que consistia em afirmar a experiência como única fonte verdadeira de que o homem era mau, egoísta e só fizeram um pacto por medo, foi o que deu ensejo à organização da sociedade e do Estado. Mostra o autor em O Leviatã, entre outras ações, para que o homem abrisse mão de sua liberdade para ter mais liberdade. Assim essa sociedade começou logo a pensar em algo que os regulassem: daí um passo, segundo o autor, para o surgimento de uma sociedade estável com o advento da criação do Estado (O Leviatã) como um instrumento eficaz para combater a violência do homem contra o homem que vivia até então, no seu estado de natureza. Hobbes distinguiu o Leviatã, duas categorias de Estado: O Estado real, formado historicamente e baseado sobre as relações da força, e o Estado racional deduzido pela razão. Esse título foi escolhido para mostrar a omnipotência que o governo devia possuir. “O Leviatã” é aquele peixe monstruoso de que fala a Bíblia, o qual, sendo o maior de todos os peixes, impedia os mais fortes de engolirem os menores. O Estado (Leviatã) é o deus omnipotente e mortal. Seu absolutismo é racional e a sua concepção do Estado tende a conformar-se com a natureza humana. Para justificar o poder absoluto, Hobbes parte da descrição do estado de natureza: o homem não é naturalmente sociável como pretende a doutrina aristotélica. No estado de natureza o homem era inimigo feroz dos seus semelhantes. Cada um devia defender - se contra a violência dos outros. Cada homem era um lobo para os outros homens. Por todos os lados havia a guerra mútua, a luta de cada um contra todos. Cada homem alimenta em si a ambição do poder, a tendência para o domínio sobre os outros homens, que só cessa com a morte. Só triunfam a força e a astúcia. E para saírem desse estado caótico, todos indivíduos teriam cedido os seus direitos a um homem ou a uma assembleia de homens, que personifica a coletividade e que assume o encargo de conter o estado de guerra mútua. JOHN LOCK (1632 – 1704) Em sua obra, Ensaio sobre o Governo Civil, (1690), em que faz a justificação doutrinária da revolução Inglesa de 1688, desenvolve os seguintes princípios: o homem não delegou ao Estado senão poderes de regulamentação das relações externas na vida social, pois reservou para si uma parte de direitos que são indelegáveis. Em seus dois Tratados sobre o governo civil (1690), John Locke criticou a teoria do direito divino dos reis e afirmou que a soberania não reside no estado, mas no povo. Também escreveu Pensamentos sobre a educação (1693) e Racionalidade do cristianismo (1695). Julgava que o homem, antes do estabelecimento do governo, vivia num estado natural, sem lutas e anarquias. Portanto Locke considerava fundamental a ideia da lei natural, uma norma objetiva, emanada de Deus, que a razão humana adaptava. Assim, antes de os governos existirem, os homens possuíam 10 direitos iguais, entreos quais a liberdade, a vida e a propriedade. Cabia ao governo proteger esses direitos (o que limitava seu poder) baseado no consentimento. Locke é o filósofo político que mais claramente descreveu as democracias liberais do Ocidente. Tanto a Declaração de Independência quanto a Constituição americanas trazem a sua marca, por sua ênfase nos direitos individuais; pela presença de um sistema de restrições e de divisão de poderes criado para impedir a concentração de poder em qualquer corpo de governo; pela ênfase dada ao papel do governo na defesa da propriedade privada. John Locke (1632 - 1704), considerado por muitos o teórico da Revolução Inglesa de 1688, John Locke foi também considerado a principal fonte de ideias que orientaram a luta de independência norte-americana em 1776. Fundador da escola do empirismo, filósofo inglês, precursor do Iluminismo. Estuda medicina, ciências naturais e filosofia em Oxford, principalmente as obras de Bacon e Descartes. Participa da Revolução Inglesa, em 1688. Passa vários anos na França e na Holanda. Representante do individualismo liberal, em sua principal obra, Ensaio sobre o entendimento humano, de 1690, propõe que a experiência propõe é a fonte do conhecimento, que depois se desenvolve por esforço da razão. Em seus dois Tratados sobre o governo civil (1690), John Locke criticou a teoria do direito divino dos reis e afirmou que a soberania não reside no estado, mas no povo. Também escreveu Pensamentos sobre a educação (1693) e Racionalidade do cristianismo (1695). John Locke (Ensaio sobre o governo civil) e Rousseau (Du contrat social) tiveram seus estudos naquilo que Montesquieu chamou de Teoria da Divisão de poderes s também contribuíram para a construção da "separação de uma teoria universal. Suas obras políticas dirigem-se especialmente contra a linha de argumentação absolutista. Julgava que o homem, antes do estabelecimento do governo, vivia num estado natural, sem lutas e anarquias. Portanto Locke considerava fundamental a ideia da lei natural, uma norma objetiva, emanada de Deus, que a razão humana adaptava. Assim, antes de os governos existirem, os homens possuíam direitos iguais, entre os quais a liberdade, a vida e a propriedade. Cabia ao governo proteger esses direitos (o que limitava seu poder) baseado no consentimento. Locke encara o governo como troca de serviços: os súbditos obedecem e são protegidos, a autoridade dirige e promove justiça, o contrato é utilitário e a sua moral é o bem comum. No tocante à propriedade privada, Locke afirma que ela tem a sua base no direito natural: 11 O Estado não cria a propriedade, mas reconhece - a e protege-a. Locke pregou a liberdade religiosa, sem dependência do Estado, embora tivesse recusado a tolerância para com os ateus e combatido os católicos, porque estes não toleravam outras religiões. As liberdades fundamentais, os direitos à vida, como todos os direitos inerentes à personalidade humana, são anteriores e superiores ao Estado. Está ligado à separação de poderes e à abertura para o Estado Liberal oitocentista. Desenvolveu o contratualista com bases liberais, opondo-se ao absolutismo de Hobbes. Locke foi o vanguardista do liberalismo na Inglaterra. Locke foi ainda o precursor da teoria dos três poderes fundamentais, desenvolvida posteriormente por Montesquieu. “Na estrutura clássica do binômio estado de natureza e estado civil e político, John Locke (1632-1704) começa por reinvestir o estado de natureza de direitos fundamentais; à liberdade, ao trabalho, à propriedade privada, que não outra coisa senão uma extensão da propriedade que tem cada um de seu corpo e fruto do trabalho de seu corpo. O contrato lockiano tem então, um objetivo fundamental de preservação. Trata-se de garantir estes direitos naturais no direito positivo. (BILLIER, 2005, p. 146). JEAN JACQUES ROUSSEAU (1712 – 1778) Foi a figura mais proeminente da corrente Contratualista e podemos ainda dizer que é ele o pai do nacionalismo moderno. Dentre todos os teóricos do voluntarismo, destacou-se pela amplitude da formação dos Estados - Discurso sobre as causas da desigualdade entre os homens e contrato social –. A sua teoria teve grande divulgação em todos os tempos, e foi recebida como evangelhos revolucionários da Europa e da América, no séc. XVIII. Rousseau estudou diversos campos da filosofia social. O Jean-Jacques contrato social é uma defesa clássica da forma democrática de governo. Para adotar decisões importantes, Rousseau confiava na "vontade geral" de um povo, expressado no voto da maioria. Esta confiança contrasta com as ideias dos filósofos que defendiam os direitos individuais e minoritários. Do Contrato Social, Jean-Jacques Rousseau, afirmava que o homem no seu estado primitivo, era bondoso, e a sociedade surge pela sua vontade de viver harmoniosamente. O povo como soberano foi o que ele defendeu, suas ideias deram ensejo a Revolução francesa. No seu ponto de partida, a filosofia de Rousseau é diametralmente oposta à de Hobbes e Spinoza. Segundo a concepção destes, o estado natural primitivo era de guerra mútua. Para Rousseau o estado de natureza era de felicidade perfeita: o homem, em estado de natureza, é sadio, ágil e robusto, encontra facilmente o pouco que precisa. 12 Jean-Jacques Rousseau (O Contrato Social) - Defendia que a passagem do Estado Natural para o Estado Social é a garantia do exercício da liberdade de todos. O contrato social seria a garantia que as liberdades individuais não entrassem em choque entre si. O Estado criado por esse contrato seria a garantia do princípio de igualdade dos pactuantes. O Estado seria a representação da vontade de todos, da vontade coletiva, da soberania popular. Entretanto, para sua felicidade, a princípio, e para a sua desgraça, mas tarde, o homem adquiriu duas virtudes que o afastam dos outros animais: a faculdade de resistir e a faculdade de aperfeiçoar-se. Sem essas capacidades a humanidade teria ficado eternamente na sua condição primitiva, e assim, desenvolveram a inteligência, a linguagem e todas as outras faculdades em potencial. Os que acumulavam maiores posses passaram a dominar e submeter os mais pobres. A prosperidade individual tornou os homens avaros, licenciosos e perversos. "Discurso sobre as Ciências e as Artes", Rousseau sustentou que o homem, naturalmente bom, foi corrompido pela sociedade e pela civilização. Através da leitura de suas obras podemos ver que Rousseau tentou inocentar os homens ao encontrar na depravação social um estado de inocência e pureza. Ao escrever "Contrato Social, ou "Princípios do Direito Político"(1762), encontrou uma forma que conservaria nos indivíduos a igualdade e a liberdade que a natureza lhes dera. No Estado de natureza o homem tem a liberdade natural não a verdadeira liberdade (convencional), não obedece a lei mais aos próprios instintos. 13 o estado de natureza não havia leis ou normas sociais, governos ou obrigações políticas entre governantes e governados. Em um determinado momento os homens sentem a necessidade de criar um acordo, um pacto social (contrato social), através do qual reconhecem uma autoridade (governante) um conjunto de regras e um regime político dando origem assim, a sociedade. DIFERENÇAS ENTRE AS DOUTRINAS JUSNATURALISTAS HOBBES LOCKE ROUSSEAU Perfil do homem natural Dominado por desejos, paixões, egoísta e autocentrado, livre e igual, insociável. Livre e igual, racional. O homem é bom por natureza, é a sociedade que o corrompe. Razão Conceito de razão cálculo; é obtida, não nasce conosco nem é adquirida. (crianças e loucos estão fora do contrato por incapacidade de entender o Estado) Liberdade é dada pela lei natural; a razão é quem dá a lei natural. A razão é regra comume medida que Deus deu a todos os homens. A razão é o modo de cooperação entre os homens. O homem é livre somente quando obedece a lei que ele mesmo se deu. A lei deve se justificar diante da razão (é racional para o homem “emancipado” ser livre e igual) Estado de natureza Estado de natureza como Estado de guerra (fruto do confronto dos desejos). Todos tem o poder executivo da lei de natureza (doutrina da virtude natural). Devido a este fato surgem vários fatos inconvenientes no Estado de natureza. Estado de natureza é diferente do Estado de guerra. No Estado de natureza o homem tem a liberdade natural não a verdadeira liberdade (convencional), não obedece a lei mais aos próprios instintos. 14 - SÉCULO XVIII – MONTESQUIEU (1689 – 1755) • O Espírito das Leis, publicado em 1748, é o livro no qual Montesquieu elabora conceitos sobre formas de governo e exercícios da autoridade política que se tornaram pontos doutrinários básicos da ciência política. • Montesquieu e a teoria da tripartição dos poderes (1689-1755) (Executivo, Legislativo e Judiciário; Para Montesquieu, em qualquer Estado devem existir três tipos de Poder: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Esses poderes, que correspondem às funções do Estado, podem ser articulados de várias maneiras. Entende-se, então, que tal articulação favorece tanto o equilíbrio do poder do Estado em relação à liberdade dos indivíduos, evitando o poder absoluto, quanto ao de manter o controle interno das instituições estatais, no sentido de observância das ações seguirem a legislação estabelecida. Tal articulação integrou não só as modernas teorias do Estado, como também a prática política dos Estados Modernos. Cada poder não deve agir por sua própria conta, caso assim fosse, as arbitrariedades seriam inúmeras. Deste modo, Montesquieu não trata da separação e independência dos três poderes, mas sim de uma combinação entre eles, de modo a se limitarem mutuamente, formando um equilíbrio. Modernamente essa ideia é nomeada de freios e contrapesos (checks and balances). 15 No campo político, um grande autor iluminista foi Charles Secondat de la Brède, barão de Montesquieu (1689-1755). O iluminismo de Montesquieu é particularmente acentuado pela importância da racionalidade em sua exposição do significado do Estado como instituição não só política, mas também social e jurídica. Tal concepção de Estado integra a ideia de Estado moderno, como garantia para os cidadãos contra a vontade individual do soberano. Entusiasmado pela República de Roma, na Antiguidade, e pela Inglaterra nos tempos modernos. Desse modo as obras de Montesquieu podem, então, ser consideradas do ponto de vista metodológico como resultantes do método comparativo da História. • Diversas foram suas obras, mas sem dúvida a mais lembrada até hoje é O Espírito das Leis, que pretende buscar a origem do sistema legislativo nas características climáticas, étnicas e culturais de um povo. KARL MARX (1818 – 1883). Histórico: Acontecimentos significativos do período - O capitalismo consolidado e suas contradições: - Progresso tecnológico; - Produtividade nas fábricas; - Comuna de Paris (1871); - Sindicatos – Greves; Obras: O Capital, Manifesto Comunista, Ideologia Alemã etc. -Infraestrutura: Conjunto de forças produtivas e das relações sociais de produção. É a base sobre a qual se constituem as demais instituições socais. - Superestrutura: Na produção da vida social os homens geram também outra espécie de produtos que não têm forma material e que vêm a ser as ideologias políticas, concepções religiosas, códigos morais e estéticos, sistemas legais, de ensino, de comunicação, o conhecimento filosófico e científico, representações coletivas, etc. Este conjunto é chamado de superestrutura. 16 - Classes Sociais: Marx não deixou uma teoria sistematizada sobre as classes sociais, a qual acabou por ser constituída a partir dos elementos contidos em seus distintos trabalhos. Outro conceito fundamental do marxismo é o de classe social. Para Marx, liberdade e justiça, direitos inalienáveis e considerados naturais pelo liberalismo, não resistem as evidências das desigualdades sociais promovidas pelas “relações de produção”, que dividem os homens em proprietários e não proprietários dos meios de produção. Dessa divisão se originam as classes sociais: os” proletários” trabalhadores despossuídos dos “meios de produção”, que vendem sua força de trabalho em troca de salário – e os “burgueses” – que, possuindo meios de produção sob a forma legal da propriedade privada, apropriam-se do produto do trabalho de seus operários em troca de salário do qual eles dependem para sobreviver. Para Marx, a história da humanidade é a história da disputa constante por interesses que se opõem. As divergências e os antagonismos entre grupos estão subjacentes a toda relação social, nos mais diversos níveis da sociedade, em todos os tempos, desde o surgimento da sociedade. - Luta de Classes; Para Marx e Engels, a história das sociedades pode ser descrita como a história das lutas de classes. A relação entre classes caracteriza-se pelo antagonismo de interesses e sustenta-se na exploração e em diversas formas de opressão social, política, intelectual, religiosa, etc. A relação entre classes não pode ser outro senão conflitiva, ainda que apenas potencialmente. A luta de classes relaciona-se diretamente à noção de mudança social. É por meio da luta de classes que as principais transformações estruturais são impulsionadas, por isto ela é considerada o “motor da história”. A classe explorada constitui-se no mais potente agente da mudança. - Sociedade Capitalista: Marx considerava a sociedade capitalista a forma de organização mais desenvolvida e mais variada de todas já existentes. O estudo desta sociedade permitiria a compreensão de outras formações socioeconômicas anteriores e desaparecidas, como as sociedades primitivas, as escravistas, as asiáticas e as feudais, “sob cujas ruínas e elementos ela se edificou, de que certos 17 vestígios ainda não apagados, que continuam a existir nela, se enriqueceram de toda a sua significação. Para Marx o ponto de partida para o entendimento da história da humanidade “são os indivíduos reais, a sua ação e as suas condições materiais de existência, quer se trate daquelas que encontrou já elaboradas quando do seu aparecimento, quer das que ele próprio criou.” O método de abordagem marxiano foi chamado posteriormente de materialismo histórico. De acordo com tal concepção, as relações materiais que os homens estabelecem, o modo como produzem seus meios de vida, formam a base de todas as suas relações. Acresce que a Revolução Francesa suprimira, por intermédio da Lei Chapelier de 1792, as corporações de trabalhadores vigentes na Idade Média e no Antigo Regime, sob a acusação de que eram contra a liberdade individual. Com isso os trabalhadores ficaram desamparados diante das crises que se avizinharam, pois a Revolução Industrial ameaçava substituir o operariado pelas máquinas. Os operários perderam posição quando chegaram as máquinas a vapor e os teares mecânicos. A lei da oferta e da procura levou o proletariado a aceitar condições péssimas de trabalho, com baixíssimos salários para sobreviver, situação quase análoga à escravidão. Na França, desde 1848, os socialistas realizaram várias manifestações que culminaram com a proclamação da Segunda República Francesa. Um dos líderes da época foi Proudhon, que definia: “A propriedade é um roubo”. A Constituição de 12 de novembro de 1848, suprimiu a propriedade industrial e estabeleceu a participação obrigatória dos operários nos lucros das empresas, com a criação de oficinas nacionais. O Presidente da República deveria ser eleito pelo sufrágiouniversal. A Revolução de 1848 repercutiu em toda a Europa, dando origem aos movimentos socialistas da Alemanha e da Itália, cujo maior doutrinador foi Karl Marx (1818-1883), autor de O Capital (1867), em que denunciava a injustiça social. O marxismo não é só o materialismo, é uma filosofia do processo histórico de luta de classes: a grande explicação que se contrapõe à sociedade de classes como algo “natural” do século do 18 Iluminismo. A verdadeira luta que se trava é pela posse dos meios de produção. Assim como a burguesia venceu os aristocratas com a Revolução Francesa, será por sua vez vencida pela classe dos trabalhadores caso estes se unam. A infraestrutura econômica é quem decide, o mais se caracteriza como superestrutura: religião, arte, filosofia, direito, moral, política. Diz o filósofo italiano Gioele Solari analisando o pensamento de Marx “O caráter científico do socialismo marxista não lhe advém de sua dependência das ciências físicas e naturais. O marxismo tem origem filosófica, não científica, e suas lutas são de fato independentes do movimento materialista que se desenvolvia contemporaneamente na Alemanha, sob a influência dos estudos físicos e biológicos. O mundo físico e natural estava fora da especulação marxista como ele estava fora da especulação de Hegel”.11 E mais: “Marx estuda, materialisticamente, a história e, com isto, entende encontrar a base nova e positiva do movimento socialista”12 (…) “Marx não pretende considerar a história prolongamento da natureza e de suas leis, antes admite como vimos o voluntarismo nos fatos históricos e com isto exclui o determinismo físico materialista”.13 E explica: “Compreender a História significava compreender a ‘fatalidade histórica’ do socialismo, a necessidade própria das coisas, a necessidade imanente na história, sem o caráter de determinismo e fatalismo. É preciso não esquecer que para Marx são os homens mesmos que fazem a História”.14 Conclui então: (…) “Não esqueçamos que Marx mais do que na escola dos fatos tinha se formado intelectualmente na escola de Hegel: ele procura na História a prova renovada da dialética hegeliana”.15 O que Jorge Frederico Guilherme Hegel (1770-1831) colocava no mundo das ideias: toda tese gera uma antítese e do choque entre elas surge uma síntese, que se tornará nova tese quando surgir nova antítese, e assim indefinidamente. Marx aplicará ao desenvolvimento histórico material: o materialismo histórico dialético. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) 19 SUGESTÕES PARA LEITURAS de CIÊNCIA POLÍTICA E FILOSOFIA POLÍTICA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADEODATO, João Maurício, Ética e Retórica para uma teoria da dogmática jurídica. São Paulo: Saraiva, 2002, p.139 e p.140. AZAMBUJA, Darcy. Teoria geral do estado. 41. ed. São Paulo: Globo, 2001. BOBBIO, Norberto. MATTEUCCI, Nicola e PASQUINO, Gianfranco; tradução Carmem C. Varriale..[et al.]. Dicionário de Política. 5ª edição: São Paulo. Ed. Unb, 2000. BOBBIO, Norberto Estado, Governo, Sociedade – Para uma teoria geral da política. Trad. Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 12ª ed. 2005, p. 55. BONAVIDES, Paulo, Ciência Política, 3ª ed. Rio-São Paulo: Forense,1976, p. 19. DALLARI, Dalmo de Abreu, Elementos de Teoria Geral do Estado. São Paulo: 26ª ed. Saraiva, 2007. p.262. DE CICCO, Claudio, GONZAGA, Álvaro de Azevedo. Teoria Geral do Estado e Ciência Política. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, 26ª edição – São Paulo, Companhia das Letras, 1995. FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. São Paulo: 15ª edição. – Vol. 1 e 2 . Globo, 2000. JELLINEC, Georg, Teoria General del Estado. Trad. por Fernando de los Rios, Buenos Aires: ed. Albatros, 1954, p.13 GAMA, Ricardo Rodrigues, Ciência Política, Campinas – SP: ed. LZN, 2005, p.19. LÉVY-BRUHL, Henri, Sociologia do Direito, São Paulo: Martin Fontes, 2000, p. 15. LAGO, Benjamim Marcos. Curso de Sociologia Política, RJ – Petrópolis – 3ª edição, 2001, p. 142. MAQUIAVEL, Nicolau, O Príncipe, tradução Lívio Xavier, São Paulo, ediouro, 1989. SOARES, Mário Lúcio Quintão, Teoria do Estado – Novos Paradigmas em face da Globalização, São Paulo, 3ª Ed. Atlas, 2008. WEBER, Max, Ciência e Política duas vocações. São Paulo. Editora Martin Claret, 2003, p.60 ____________, Ensaios de Sociologia, Revisão Técnica Fernando Henrique Cardoso, Rio de Janeiro, Zahar editores, 1982, p.92. WEFFORT, Francisco, O Populismo na Política Brasileira, editor Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1989. 20 ___________________, (Org.)Os Clássico da Política, Editora Ática, São Paulo, 1998, volumes I e II. http://www.portalconscienciapolitica.com.br/filosofia-politica/filosofia-moderna/os- contratualistas/ http://www.portalconscienciapolitica.com.br/filosofia-politica/filosofia-moderna/os-contratualistas/?utm_source=copy&utm_medium=paste&utm_campaign=copypaste&utm_content=http%3A%2F%2Fwww.portalconscienciapolitica.com.br%2Ffilosofia-politica%2Ffilosofia-moderna%2Fos-contratualistas%2F http://www.portalconscienciapolitica.com.br/filosofia-politica/filosofia-moderna/os-contratualistas/?utm_source=copy&utm_medium=paste&utm_campaign=copypaste&utm_content=http%3A%2F%2Fwww.portalconscienciapolitica.com.br%2Ffilosofia-politica%2Ffilosofia-moderna%2Fos-contratualistas%2F
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