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UFR Disciplina: Ciência dos Materiais 1°Semestre de 2019 Professora: Dra. Vanessa Motta Chad E-mail: vanessamotta@ufmt.br DIAGRAMA DE FASES Um “mapa” que permite prever a microestrutura de um material em função da pressão, temperatura e composição de cada componente. DIAGRAMA DE FASES Diagrama de fase unitário para o Mg DIAGRAMAS DE FASES ➢ Por que estudar diagrama de fases? 1. Porque a compreensão de diagramas de fases para sistemas de ligas é extremamente importante, pois existe uma forte correlação entre a microestrutura e as propriedades mecânicas, e o desenvolvimento da microestrutura em uma liga está relacionado às características do seu diagrama de fases. 2. Porque os diagramas de fases fornecem informações valiosas sobre o fenômeno importantes, como: fusão e cristalização dos materiais metálicos. ➢ Liga: uma substância metálica composta por dois ou mais elementos ou componentes. Exemplo: aço: é uma liga ferro-carbono; latão: é uma liga cobre- zinco. ➢ Componente: um constituinte químico (elemento) de uma liga, o qual pode se usado para especificar a sua composição. Por exemplo: no latão os componentes são Cu e Zn. ➢ Sistema: série de possíveis ligas que consistem nos mesmos componentes, porém independe da composição da liga, por exemplo, o sistema ferro- carbono. ➢ Soluto: um componente ou elemento de uma solução que está presente em menor quantidade. ➢ Solvente: o componente ou elemento de uma solução que está presente em maior quantidade. ➢ Fase: porção homogênea de um sistema que possui características físicas e químicas uniformes. DEFINIÇÕES IMPORTANTES ➢ Solução sólida: uma fase cristalina homogênea que contém dois ou mais componentes químicos. → A estrutura cristalina do material que atua como matriz (solvente) é mantida, ou seja, o soluto dentro da matriz não muda a estrutura cristalina. → Nas soluções sólidas, as impurezas ou elementos de liga (soluto), podem distorcer a rede cristalina, podendo ser do tipo substitucional (átomos do solvente são substituídos pelos do soluto) e intersticial (átomos do soluto estão localizados nos interstícios atômicos do solvente). ▪ Em uma solução sólida substitucional, para que haja total miscibilidade entre dois metais, é preciso que eles satisfaçam as Regra de Hume-Rothery. ▪ A solução sólida intersticial ocorre quando a diferença de tamanho entre soluto e solvente é grande. DEFINIÇÕES ➢ Limite de solubilidade: a concentração máxima de soluto que pode ser adicionada ao solvente sem que ocorra a formação de uma nova fase, ou seja, concentração máxima de átomos de soluto que pode se dissolver no solvente para formar uma solução sólida. → Quando o limite de solubilidade é ultrapassado forma-se uma segunda fase com composição e estrutura cristalina diferente. DEFINIÇÕES ➢ Equilíbrio de fases: o estado de um sistema em que as características das fases permanecem constantes ao longo de períodos de tempo indefinidos. → Equilíbrio Estável: quando as características do sistema não mudam com o tempo e tendem a permanecer nas condições em que se encontra indefinidamente, a não ser que haja perturbação externa. Para atingir o estado de equilíbrio, a taxa de resfriamento aplicada à liga deve ser extremamente lenta. → Equilíbrio Instável: quando à menor perturbação externa, ocorre mudança no sistema. → Estado Metaestável: Quando os sistemas sólidos não atingem o estado de equilíbrio se obtém um estado de não-equilíbrio ou estado metaestável. É um estado fora de equilíbrio que pode persistir por um longo período de tempo. DEFINIÇÕES ➢ Microestrutura: em ligas metálicas, a microestrutura pode ser caracterizada pelo número de fases presentes, por suas proporções, e pela maneira pela qual elas estão distribuídas e arranjadas. ➢ Diagrama de fases: também chamado de diagramas de equilíbrio ou diagramas constitucionais. → Os diagramas de fases em equilíbrio apresentam as relações entre a temperatura e as composições, e as quantidades de cada fase em condições de equilíbrio. DEFINIÇÕES ➢ Além da pressão e temperatura, a composição é a outra variável do sistema. ➢ Interpretar diagramas de fases em função das três variáveis exige o emprego de figuras tridimensionais, o que torna tal tarefa complexa. ➢ Solução: redução do número de variáveis. → Na maioria dos processos industriais apenas os estados sólido e líquido estão presentes. → Assim, manter a pressão constante e igual a 1 atm é uma alternativa viável na análise dos diagramas de fase. O que torna o diagrama bidimensional. DEFINIÇÕES ➢ O conceito de se associar a pureza de um material ao ótimo desempenho do mesmo nem sempre é correto em engenharia → Maioria dos produtos metálicos é combinação de dois ou mais elementos ou componentes, com o objetivo de aprimorar propriedades. ➢ Tipos de ligas em função da microestrutura: → Ligas monofásicas ▪ Existe solubilidade do soluto no solvente. ▪ Formação de uma única fase. → Ligas polifásicas ▪ Solubilidade do soluto no solvente foi ultrapassada. ▪ Formação de duas ou mais fases. DEFINIÇÕES DEFINIÇÕES - LIGAS METÁLICAS Micrografia mostrando três fases: Nb2Al Al3Nb AlNbNi Austenita Micrografia mostrando uma única fase: Austenita: fase presente em aços carbono. Em aços eutetóides (aços com 0,76%p C), é estável em temperaturas entre 727°C e 1493°C. ➢ Muitas microestruturas se desenvolvem a partir de transformações de fases, as alterações ocorrem entre as fases quando a temperatura é alterada. → Isso pode envolver a transição de uma fase para outra, ou o aparecimento ou desaparecimento de uma fase. ➢ Os diagramas de fases são úteis para prever as transformações de fases e as microestruturas resultantes que apresentam caráter de equilíbrio. ➢ Existem diversos tipos de diagramas de fases, a mudança se dá de acordo com os componentes envolvidos. LIGAS BINÁRIAS ➢ Sistema isomorfo: sistema que apresenta completa solubilidade dos componentes nos estados líquido e sólido. ➢ Liga binária: é uma liga que contém dois componentes. → Existe apenas uma fase no estado sólido (chamada fase ). → Soluto e solvente obedecem as Regras de Hume-Rothery. ▪ Exemplos: Bismuto-Antimônio; Cobre-Níquel SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS Diagrama de fases Cu-Ni ➢ As soluções sólidas são designadas usualmente por letras gregas minúsculas (, , , etc.). ➢ Em relação às fronteiras entre as fases, a curva que separa os campos das fases L e + L é chamada curva liquidus. ➢ A fase líquida está presente em todas as temperaturas e composições localizadas acima da curva liquidus. +L SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS ➢ A curva solidus está localizada entre as regiões e + L, abaixo da qual existe somente a fase sólida . ➢ As curvas solidus e liquidus se interceptam nas duas extremidades de composição, esses pontos correspondem às temperaturas de fusão do cobre puro (1085°C) e do níquel puro (1453°C). SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS Diagrama de fases Cu-Ni ➢ A composição varia de 0% de Ni na extremidade horizontal esquerda e 100% de Ni na outra extremidade, à direita. ➢ Três regiões, ou campos, de fases diferentes aparecem no diagrama, um campo alfa (), um campo líquido (L) e o campo bifásico ( + L). ➢ O líquido L consiste em uma solução líquida homogênea, composta tanto por cobre como por níquel. SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS ➢ A fase consiste em uma solução sólida substitucional que contém átomos tanto de Cu como de Ni, a estrutura cristalina do cobre e do níquel é CFC. ➢ A solubilidade completa é explicada pelo fato de que a liga formada pelo Cu e pelo Ni obedece as Regras de Rhume-Rothery. ➢ O sistema Cu-Ni é chamado de isomorfo devido a essa completa solubilidade dos dois componentes nos estados líquido e sólido.Diagrama de fases Cu-Ni SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS ➢ Para um sistema binário com composição e temperatura conhecidas e que se encontra em equilíbrio, pelo menos três tipos de informaçãoestão disponíveis: 1 – As fases que estão presentes: precisa-se apenas localizar o ponto temperatura-composição no diagrama de fases e observar qual a fase o campo de fase correspondente está identificado. 2 – As composições dessas fases. 3 – As porcentagens e frações dessas fases. SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS ➢ Determinação das composições das fases → Se apenas uma fase está presente, a composição dessa fase é simplesmente a mesma da composição global da liga. → Em todas as regiões bifásicas, e somente nas regiões bifásicas, podem ser imaginadas diversas linhas horizontais, uma a cada temperatura diferente; cada uma dessas linhas é conhecida por linha de amarração, ou por isoterma. → Essas linhas de amarração se estendem através da região bifásica e terminam nas curvas de fronteira entre as fases em ambos os lados. DETERMINAÇÃO DAS COMPOSIÇÕES DAS FASES ➢ Para calcular as composições das duas fases em condições de equilíbrio, é usado o seguinte procedimento: 3) Traçam-se linhas perpendiculares à linha de amarração a partir dessas interseções até o eixo horizontal das composições, onde a composição em cada uma das respectivas fases pode ser lida. CL: composição do líquido C0: composição da liga C: composição da fase 1) Constrói-se uma linha de amarração através da região bifásica à temperatura da liga. 2) Marcam-se as interseções da linha de amarração com as fronteiras entre as fases em ambos os lados (curva solidus e curva liquidus). T DETERMINAÇÃO DAS COMPOSIÇÕES DAS FASES C0: composição da liga C: composição da fase CL: composição do líquido C0: 35%p Ni, 65%p Cu C → 42,5%p Ni, 57,5%p Cu CL → 31,5%p Ni, 68,5%p Cu T DETERMINAÇÃO DAS COMPOSIÇÕES DAS FASES ➢ Determinação das quantidades das fases (Regra da Alavanca) → Na região monofásica, uma vez que somente uma fase está presente, a liga é composta inteiramente por aquela fase, isto é, o percentual é de 100%. → Se a posição para a composição e temperatura especificada estiver localizada dentro de uma região bifásica, a linha de amarração deve ser utilizada em conjunto com um procedimento chamado de Regra da Alavanca. DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DAS FASES → Aplicação da Regra da Alavanca: 1. A linha de amarração ou isoterma é construída através da região bifásica na temperatura da liga; 2. A composição global da liga é localizada sobre a linha de amarração; 3. A fração de uma fase é calculada tomando-se o comprimento da linha de amarração desde a composição global da liga até a fronteira entre fases com a outra fase e então divide-se esse valor pelo comprimento total da linha de amarração; 4. A fração da outra fase é determinada de maneira semelhante; 5. Se forem desejadas as porcentagens das fases, a fração de cada fase é multiplicada por 100. DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DAS FASES ➢ Exemplo: Determinar a quantidade de líquido e a quantidade da fase em uma liga 35%p Ni – 65%p Cu a 1250°C (Ponto B). CL C0 C Líquido Linha de amarração Lα 0α CC CC %L − − = Lα L0 CC CC %α − − = C → 42,5%p Ni, 57,5%p Cu CL → 31,5%p Ni, 68,5%p Cu C0 → 35%p Ni, 65%p Cu (68% de líquido) (32% de ) T DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DAS FASES DESENVOLVIMENTO DE MICROESTRUTURAS EM LIGAS ISOMORFAS ➢ Resfriamento em condições de equilíbrio → Em condições de equilíbrio, o resfriamento ocorre muito lentamente representando uma situação para a qual o equilíbrio entre as fases é continuamente mantido. Liga 35%p Ni – 65%p Cu ▪ Ponto a: A liga está completamente líquida. ▪ Ponto b: Nesse ponto, o primeiro sólido começa a se formar, o qual tem uma composição química especificada pela linha de amarração. ▪ Ponto c: com o prosseguimento do resfriamento, tanto as composições quanto as quantidades relativas de cada uma das fases serão alteradas. A fração de irá aumentar com o prosseguimento do resfriamento. DESENVOLVIMENTO DE MICROESTRUTURAS EM LIGAS ISOMORFAS ▪ Ponto d: o processo de solidificação está virtualmente encerrado ▪ Ponto e: ao cruzar a curva solidus, o restante de fase líquida se solidifica, o produto final é então uma solução sólida policristalina de fase , que possui uma composição de 35%p Ni - 65%p Cu. • O resfriamento do sistema em temperaturas abaixo do Ponto e não irá produzir qualquer alteração microestrutural ou de composição. Liga 35%p Ni – 65%p Cu Liga 35%p Ni – 65%p Cu ➢ Resfriamento fora das condições de equilíbrio → Em condições fora de equilíbrio, o resfriamento ocorre mais rapidamente representando uma situação para a qual o equilíbrio entre as fases não é continuamente mantido. ▪ Ponto a’: a liga está completamente líquida. ▪ Ponto b’: Nesse ponto o primeiro sólido começa a se formar, o qual tem uma composição química especificada pela linha de amarração. ▪ Ponto c’: com o prosseguimento do resfriamento, ocorre um deslocamento da linha solidus para maiores teores de Ni e está representada pela linha tracejada. DESENVOLVIMENTO DE MICROESTRUTURAS EM LIGAS ISOMORFAS Liga 35%p Ni – 65%p Cu ▪ Ponto d’: para a condição de solidificação fora do equilíbrio ainda existe uma proporção apreciável de líquido que permanece no sistema. ▪ Ponto e’: o restante de fase líquida se solidifica. ▪ Ponto f’: Liga totalmente solidificada. • Esse fenômeno é conhecido como segregação. • O resultado é uma estrutura conhecida como estrutura zonada. DESENVOLVIMENTO DE MICROESTRUTURAS EM LIGAS ISOMORFAS Primeira região a solidificar Região rica no elemento com maior ponto de fusão DESENVOLVIMENTO DE MICROESTRUTURAS EM LIGAS ISOMORFAS Sist. Isomorfo ➔ Prop. Mecânicas EXEMPLO Pretende-se estudar a liga Cu-25Ni (% em peso), para isso determine: a) As fases presentes no diagrama. b) As fases presentes, a composição e a quantidade das mesmas a 1300°C. c) As fases presentes, a composição e a quantidade das mesmas a 1200°C. d) As fases presentes, a composição e a quantidade das mesmas a 1050°C. EXEMPLO a) As fases presentes no diagrama. Líquido + L Fases presentes: + L Líquido EXEMPLO Líquido + L b) As fases presentes, a composição e a quantidade das mesmas a 1300°C. C0 Resposta: Fases presentes: Líquido Composição do líquido: 25%p Ni, 75%p Cu (a mesma da liga) Quantidade da fase presente: 100% de líquido EXEMPLO Líquido + L c) As fases presentes, a composição e a quantidade das mesmas a 1200°C. C0 Resposta: Fases presentes a 1200°C: fase sólida e Líquido. Para a determinação da composição e da quantidade das fases deve ser construída uma linha de amarração. EXEMPLO Líquido + L Construir a linha de amarração na composição e temperatura especificados. C0 EXEMPLO Líquido + L Traçar linhas perpendiculares à linha de amarração a partir das interseções com a curva solidus e a curva liquidus até o eixo horizontal das composições, onde a composição em cada uma das respectivas fases pode ser lida. C CL C0 EXEMPLO Líquido + L Resposta: Composição das fases: C0: composição da liga C0: 25%p Ni, 75%p Cu C: composição da fase C → 32%p Ni, 68%p Cu CL: composição do líquido CL → 21%p Ni, 79%p Cu C0 C CL EXEMPLO Determinação da quantidade das fases presentes na liga Cu-25Ni (%p) a 1200°C. Líquido + L CCL C0 Lα L0 CC CC %α − − = Considerando a porcentagem de Ni: C → 32%p Ni CL → 21%p Ni C0 → 25%p Ni Lα 0α CC CC %L − − = EXEMPLO Líquido + L 0,64 2132 2532 %L = − − = (64% de líquido) Lα 0α CC CC %L − − = CCL C0 Considerando a porcentagem de Ni: C → 32%p Ni CL → 21%p Ni C0 → 25%p Ni EXEMPLO Líquido + L 36,0 21 -32 21 - 25 %α == (36% de ) Lα L0 CC CC %α − − = CCL C0 Considerando a porcentagem de Ni: C → 32%p Ni CL → 21%p Ni C0 → 25%p Ni EXEMPLO Líquido + L d) As fases presentes, a composição e a quantidade das mesmas a 1050°C. C0 Resposta: Fases presentes: somente a fasesólida Composição da fase : 25%p Ni, 75%p Cu (a mesma da liga) Quantidade da fase presente: 100% de
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