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UFR Disciplina: Ciência dos Materiais 1°Semestre de 2019 Professora: Dra. Vanessa Motta Chad E-mail: vanessamotta@ufmt.br Transformações de Fases Diagramas TTT Diagramas TRC ➢ A maioria das transformações de fases exige um tempo finito para atingir a sua conclusão e a velocidade ou a taxa com que ocorrem é, com frequência, importante na relação entre o tratamento térmico e o desenvolvimento da microestrutura. ➢ Uma limitação dos diagramas de fases consiste na sua incapacidade em indicar o tempo que é necessário para que o equilíbrio seja atingido. ➢ A taxa de aproximação do equilíbrio para sistemas sólidos é tão lenta que estruturas em verdadeiro equilíbrio raramente são atingidas. ➢ São mantidas condições de equilíbrio somente quando o aquecimento ou o resfriamento é executado utilizando taxas extremamente lentas. TRANSFORMAÇÕES DE FASES DIAGRAMAS TTT ➢ Nos diagramas de equilíbrio o tempo de transformação é desprezado, pois para se obter as fases termodinamicamente estáveis é necessário que a transformação ocorra de forma lenta, permitindo que o equilíbrio termodinâmico em função da composição e da temperatura seja mantido. ➢ Os Diagramas TTT (Transformação-Tempo-Temperatura) descrevem o início e o final de uma reação (transformação) a uma dada temperatura, em função do tempo, isto é, descrevem a cinética da reação. ➢ A maioria das transformações no estado sólido não ocorre instantaneamente, mas necessita de algum tempo para que possa ocorrer. DIAGRAMAS TTT ➢ Limitações dos diagramas TTT 1 – Cada liga possui um diagrama TTT correspondente, assim um diagrama TTT para um aço com composição eutetóide é válido somente para esta composição, para outras composições, as curvas terão configurações diferentes. 2 – Esses gráficos são precisos somente para os casos de transformações em que a temperatura da liga é mantida constante ao longo de toda a duração da reação. ▪ As condições de temperatura constante são conhecidas por isotérmicas, devido a isso esses gráficos também são conhecidos por Diagramas de Transformações Isotérmicas. + +L 0,17 0,008 0,09 CFC CCC F ra ç ã o d a t ra n s fo rm a ç ã o , y Logarítmo do tempo de aquecimento, t Nucleação Crescimento TRANSFORMAÇÕES NO ESTADO SÓLIDO ➢ Comportamento cinético típico para a maioria das reações em estado sólido 1 - Nucleação, que consiste na formação de partículas, ou núcleos, muito pequenos da nova fase, as quais são capazes de crescer. 2 - Crescimento ao longo do qual os núcleos aumentam de tamanho, durante esse processo, uma parte do volume da fase original desaparece. ▪ A transformação atinge seu término se for permitido que o crescimento das partículas da nova fase prossiga até que a proporção em condições de equilíbrio seja atingida. DIAGRAMAS TTT ➢ Demonstração de como um diagrama de transformação isotérmica (parte inferior) é gerado a partir de medições da porcentagem da transformação em função do logarítmo do tempo (parte superior), para um aço com composição eutetóide (0,76%p C). Tempo (s) Tempo (s) T e m p e ra tu ra ( °C ) T e m p e ra tu ra ( °F ) P o rc e n ta g e m d a a u s te n it a t ra n s fr o m a d a e m p e rl it a Curva de início (0% de perlita) Curva de conclusão (100% de perlita) Curva de 50% de conclusão (50% de perlita) Temperatura eutetóideAustenita estável Austenita instável Final da transformação Início da transformação Temperatura de transformação 675°C 675°C Diagrama TTT para um aço com composição eutetóide Tempo (s) T e m p e ra tu ra ( °C ) T e m p e ra tu ra ( °F ) Ferrita Perlita gosseira Temperatura eutetóide Austenita estável Perlita fina Transformação austenita →perlita 727°C Fe3C 1 dia1 h1 min1 s Indica que a transformação está ocorrendo ➢ Perlita grosseira: Camadas relativamente espessas, tanto da fase ferrita como da fase Fe3C. Em temperaturas mais altas, as taxas de difusão são mais elevadas, de tal modo que durante a transformação os átomos de carbono podem se difundir ao longo de distâncias relativamente longas, o que resulta na formação de lamelas grossas. Perlita Grosseira ➢ Perlita Fina: Com a diminuição da temperatura, a taxa de difusão do carbono diminui e as camadas se tornam progressivamente mais finas. Essa estrutura com camadas finas é produzida na vizinhança de 540°C. Perlita Fina Diagrama TTT para um aço com composição eutetóide P: Perlita A: Austenita B: Bainita ➢ Diagrama de transformação isotérmica para uma liga ferro- carbono com composição eutetóide, incluindo as transformações da austenita em perlita e da austenita em bainita. Tempo (s) T e m p e ra tu ra ( °C ) T e m p e ra tu ra ( °F ) Temperatura eutetóide Bainita inferior Bainita superior Perlita grosseira Perlita fina Austenita Austenita Austenita 50%0% 100% Diagrama TTT para um aço com composição eutetóide ➢ Bainita: Como ocorre com a perlita, a microestrutura de cada uma das bainitas (superior e inferior) consiste nas fases ferrita e cementita, entretanto, seus arranjos são diferentes da estrutura lamelar alternada encontrada na perlita. ➢ Dependendo da temperatura de transformação, dois tipos de bainita são observados: → Bainita superior → Bainita inferior Diagrama TTT para um aço com composição eutetóide ➢ Bainita Superior: Para temperaturas entre aproximadamente 300 e 540°C a bainita se forma como uma série de ripas paralelas (isto é, tiras finas e estreitas) ou agulhas de ferrita que se encontram separadas por partículas alongadas da fase cementita. Martensita Cementita Ferrita → Observação: ▪ Neste exemplo a fase que está em volta da bainita é a martensita. ▪ Na microestrutura apresentada parte da austenita se transformou em bainita e parte em martensita. Diagrama TTT para um aço com composição eutetóide ➢ Bainita inferior: Em temperaturas mais baixas, entre aproximadamente 200 e 300°C, a bainita inferior é o produto da transformação. Na bainita inferior, a fase ferrita existe na forma de placas finas e partículas estreitas de cementita (na forma de bastões ou lâminas muito finas) se formam no interior das placas de ferrita. Martensita Cementita Ferrita → Observação: ▪ Na microestrutura apresentada parte da austenita se transformou em bainita e parte em martensita. Diagrama TTT para um aço com composição eutetóide REGIÃO DE TRANSIÇÃO ENTRE PERLITA E BAINITA Diagrama TTT para um aço eutetóide mostrando a região de transição entre a perlita e a bainita. ➢ No diagrama TTT de um aço eutetóide há uma região de transição em que existe tanto perlita como bainita. Diagrama TTT completo para um aço com composição eutetóide P: Perlita A: Austenita B: Bainita M: Martensita ➢ Diagrama de transformação isotérmica para uma liga ferro-carbono com composição eutetóide (0,76%p C), incluindo todas as transformações: ➢ Martensita: é formada quando ligas Fe-C austenitizadas são resfriadas rapidamente (ou temperadas) até uma temperatura relativamente baixa (na vizinhança da temperatura ambiente). → Austenitização: Aquecimento da liga Fe-C em temperaturas dentro do campo de fases em que só há austenita () (acima de 727°C) por tempo suficiente para que exista somente austenita na microestrutura. Diagrama TTT para um aço com composição eutetóide → A martensita é monofásica, com estrutura tetragonal de corpo centrado (a = b c; = = = 90°), que não se encontra em equilíbrio, resultante de uma transformação da austenita. Diagrama TTT para um aço com composição eutetóide ➢ Na transformação martensítica o resfriamento do material é muito rápido, não ocorrendo a difusão do carbono. ➢ Essa transformação ocorre quase instantaneamente, dessa forma, a taxa de transformação martensítica, para todas as finalidades práticas, é independente do tempo. ➢ Sendo uma fase fora de equilíbrio, a martensita não aparece no diagrama Fe-Fe3C.➢ Dependendo do teor de carbono, a martensita pode ser: → Em ripa → Lenticular ou em placas Blocos Ripas Blocos ➢ Martensita em ripa: para ligas Fe-C que contêm menos do que cerca de 0,6%p C, os grãos de martensita se formam como ripas, isto é, placas longas e finas, lado a lado, alinhadas paralelamente umas com as outras. ➢ Além disso, essas ripas estão agrupadas em entidades estruturais maiores, conhecidas por blocos. Diagrama TTT para um aço com composição eutetóide ➢ Martensita lenticular ou em placas: é encontrada em ligas Fe- C que contêm mais do que cerca de 0,6%p C. ➢ Com essa estrutura os grãos de martensita adquirem uma aparência em forma de agulha (isto é, lenticular). Os grãos com formato de agulha são a fase martensita, enquanto as regiões em branco representam a austenita que não se transformou durante o processo de resfriamento rápido (têmpera) ampliação de 1220x. Diagrama TTT para um aço com composição eutetóide RELAÇÃO ENTRE MICROCONSTITUINTE E DUREZA Perlita grosseira Perlita fina Bainita superior Bainita inferior INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DE LIGA ➢ A presença de outros elementos de liga além do carbono (por exemplo: Cr, Ni, Mo e W) pode causar alterações significativas nas posições e nas formas das curvas nos diagramas de transformação isotérmica (TTT). ➢ Essas alterações incluem: 1 – deslocamento do joelho da transformação isotérmica da austenita em perlita para tempos mais longos (e também do joelho da fase proeutetóide, caso tal seja existente). 2 – a formação de um joelho separado para a bainita. INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DE LIGA Diagrama TTT para um aço-liga (ABNT4340) T e m p e ra tu ra ( °C ) T e m p e ra tu ra ( °F ) Temperatura eutetóide Austenita Austenita F+P B A+B A+F A+F+ P 50% Martensita+Austenita M (Início) M (50%) M (90%) Martensita Tempo (s) F: Ferrita P: Perlita A: Austenita B: Bainita → Composição química do aço ABNT 4340 (% em peso): C: 0,37-0,43% Si: 0,15-0,35% Mn: 0,60-0,80% Cr: 0,70-0,90% Mo: 0,20-0,30% Ni: 1,65-2,00% S 0,025% ➢ O aço ABNT 4340 é utilizado, por exemplo, na fabricação de virabrequins para tratores, engrenagens e eixos. EFEITOS DA SEÇÃO DA PEÇA ➢ A velocidade de resfriamento é afetada pela seção da peça, pois o interior das peças de maior espessura se resfria mais lentamente que a sua superfície. → Quando o resfriamento é realizado em água (meios mais drásticos), a superfície esfria com velocidade superior à do centro, ou seja, a superfície adquire a estrutura martensítica e, portanto, a máxima dureza. → No centro da peça, uma parte da austenita se transformou em perlita e a outra parte se transformou em martensita, ou seja, o centro adquire, em parte dureza máxima. Representação esquemática do efeito da seção da peça sobre a velocidade de resfriamento em meios diferentes. T e m p e ra tu ra DIAGRAMAS TRC ➢ A maioria dos tratamentos térmicos para os aços envolve o resfriamento contínuo até a temperatura ambiente. ➢ As transformações dos aços nos processos industriais em sua maioria ocorrem por resfriamento contínuo e não isotermicamente. Em vista disso, foram desenvolvidos os diagramas TRC. ➢ Diagrama TRC (Transformação por Resfriamento Contínuo): Um gráfico contendo as curvas modificadas para início e término da reação de transformação. ➢ No resfriamento contínuo é possível controlar a taxa de resfriamento, dependendo do meio de resfriamento utilizado. Superposição dos TTT e transformação por TRC para um aço com composição eutetóide. Austenita Temperatura eutetóide M (Início) M (50%) M (90%) T e m p e ra tu ra ( °C ) T e m p e ra tu ra ( °F ) Transformação por resfriamento contínuo Tempo (s) Curvas de resfriamento moderadamente rápido e de resfriamento lento superpostas sobre um diagrama TTT para um aço com composição eutetóide Resfriamento lento: no interior do forno Resfriamento moderadamente rápido: ao ar DIAGRAMAS TRC ➢ Normalmente, a bainita não irá se formar quando uma liga com composição eutetóide (0,76%p C) ou para qualquer aço comum ao carbono for resfriado continuamente até a temperatura ambiente. ➢ Isso ocorre porque toda a austenita terá se transformado em perlita quando a liga tiver atingido a temperatura em em que a transformação em bainita se tornar possível. ➢ Para qualquer curva de resfriamento que passe através de AB, a transformação da austenita em perlita termina no ponto de interseção com AB, com a continuidade do resfriamento, o restante da austenita que não se transformou em perlita se transforma em martensita. Austenita 727°C perlita+ Martensita M(Início) M(90%) Martensita A A+P Perlita A Curva 1: aço com estrutura formada por perlita grosseira (resfriamento no forno) 1 2 Curva 2: aço com estrutura formada por perlita fina (resfriamento ao ar) Exemplos de curvas TRC para um aço eutetóide (0,76%p C) 3 Curva 3: aço com estrutura formada por perlita e martensita (resfriamento em óleo) Austenita 727°C M(Início) M(90%) Martensita A A+P Perlita A Curva 4: corresponde à menor velocidade de resfriamento para a qual há a transformação da austenita em martensita, normalmente denominada de velocidade crítica (resfriamento em água) 4Curva 5: para qualquer velocidade de resfriamento acima da velocidade crítica, a estrutura resultante é martensítica (resfriamento em água gelada) 5 Exemplos de curvas TRC para um aço eutetóide (0,76%p C) perlita+ Martensita DIAGRAMAS TTT E TRC ➢ Os diagramas de transformação isotérmica (TTT) e por resfriamento contínuo (TRC) podem ser considerados diagramas de fases onde o parâmetro tempo é introduzido. ➢ Cada um deles é determinado experimentalmente para uma liga com uma composição específica, onde as variáveis são a temperatura e o tempo. ➢ Esses diagramas permitem prever a microestrutura após um dado intervalo de tempo em tratamentos térmicos à temperatura constante (curvas TTT) e por resfriamento contínuo (curvas TRC). EXEMPLO (a) Resfriamento rápido até 350°C, manutenção dessa temperatura durante 104s (10000s), e em seguida resfriamento rápido até a temperatura ambiente (b) Resfriamento rápido até 250°C, manutenção dessa temperatura durante 102s (100s), e em seguida resfriamento rápido até a temperatura ambiente. (c) Resfriamento rápido até 650°C, manutenção dessa temperatura durante 103s (1000s), e em seguida resfriamento rápido até a temperatura ambiente. (d) Resfriamento rápido até 600°C, manutenção dessa temperatura durante 5s, e em seguida resfriamento rápido até a temperatura ambiente. Usando o diagrama TTT para um aço eutetóide, especifique a natureza da microestrutura final (em termos dos microconstituintes presentes e das porcentagens aproximadas) de uma pequena amostra que foi submetida aos seguintes tratamentos tempo-temperatura. Em cada caso, suponha que a amostra se encontra inicialmente a uma temperatura de 800°C, e que ela foi mantida a essa temperatura por um tempo suficiente para que fosse atingida uma estrutura austenítica completa e homogênea. EXEMPLO - SOLUÇÃO (a) 100% Bainita superior (a) Resfriamento rápido até 350°C, manutenção dessa temperatura durante 104s (10000s), e em seguida resfriamento rápido até a temperatura ambiente Observação: Bainita superior: entre 300 e 540°C Bainita inferior: entre 200 e 300°C (b) 100% Martensita (b) Resfriamento rápido até 250°C, manutenção dessa temperatura durante 102s (100s), e em seguida resfriamento rápido até a temperatura ambiente. Observação: É considerado 100% de martensita, mas na prática sempre há uma porcentagem de austenita que não se transformou, sendo chamada de austenita residual ou austenita retida. EXEMPLO - SOLUÇÃO (c) 100% Perlita grosseira (c) Resfriamento rápido até 650°C, manutenção dessa temperatura durante 103s (1000s), e em seguida resfriamento rápido até a temperaturaambiente EXEMPLO - SOLUÇÃO (d) 50% Perlita Fina + 50% martensita (d) Resfriamento rápido até 600°C, manutenção dessa temperatura durante aproximadamente 5s, e em seguida resfriamento rápido até a temperatura ambiente. EXEMPLO - SOLUÇÃO (a) (a) 100% Bainita Superior (a) Resfriamento rápido até 350°C, manutenção dessa temperatura durante 104s, e em seguida resfriamento rápido até a temperatura ambiente (b) Resfriamento rápido até 250°C, manutenção dessa temperatura durante 100s, e em seguida resfriamento rápido até a temperatura ambiente (b) (b) 100% Martensita (c) (c) 100% Perlita Grosseira (c) Resfriamento rápido até 650°C, manutenção dessa temperatura durante 103s, e em seguida resfriamento rápido até a temperatura ambiente (d) Resfriamento rápido até 600°C, manutenção dessa temperatura durante aproximadamente 5s, e em seguida resfriamento rápido até a temperatura ambiente. (d) 50% Perlita Fina + 50% Martensita (d) EXEMPLO - SOLUÇÃO
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