Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UFR Disciplina: Ciência dos Materiais 1°Semestre de 2019 Professora: Dra. Vanessa Motta Chad E-mail: vanessamotta@ufmt.br → Elasticidade: capacidade em se deformar elasticamente (de forma não permanente), sem atingir o campo plástico. A relação entre tensão e deformação é dada pelo módulo de elasticidade. → Ductilidade: capacidade em se deformar plasticamente (de forma permanente) sem se romper. → Dureza: capacidade em resistir à penetração em sua superfície. → Resiliência: capacidade em armazenar energia no campo elástico. Área sob a curva tensão x deformação no campo elástico. → Tenacidade: capacidade em armazenar energia sem se romper. Área sob a curva tensão x deformação no campo elástico + plástico. → Resistência: máxima carga suportada. TRATAMENTOS TÉRMICOS (PARTE 1) TRATAMENTO TÉRMICO ➢Tratamento térmico: conjunto de operações de aquecimento e resfriamento, sob condições controladas de temperatura, tempo, atmosfera e velocidade de resfriamento, com o objetivo de alterar as propriedades ou conferir aos materiais metálicos características determinadas. ➢ Os tratamentos térmicos modificam, em maior ou menor escala, a estrutura dos aços, resultando na alteração de suas propriedades. ➢ Em geral, a melhora de uma ou mais propriedades, mediante um determinado tratamento térmico, é conseguida com prejuízo de outras. → Por exemplo, o aumento da ductilidade provoca simultaneamente queda nos valores de dureza e resistência mecânica. ➢ É necessário que o tratamento térmico seja escolhido e aplicado criteriosamente para que os inconvenientes que por ventura possam ocorrer, como por exemplo trincas durante a têmpera, sejam reduzidos ao mínimo. ➢ Alguns objetivos dos tratamentos térmicos são: → Remoção de tensões (oriundas de resfriamento, trabalho mecânico ou outra causa); → Aumento ou diminuição da dureza; → Aumento ou diminuição da resistência mecânica; → Melhora da ductilidade; → Melhora da usinabilidade. TRATAMENTO TÉRMICO ➢ Entre os tratamentos térmicos que podem ser aplicados em materiais metálicos, tem-se o recozimento. → O recozimento se refere a um tratamento térmico no qual um material metálico é exposto a uma temperatura elevada por um período de tempo, sendo em seguida resfriado. ➢ É possível realizar diferentes tratamentos térmicos de recozimento: → Recozimento pleno (aplicado em aços). → Recozimento isotérmico (aplicado em aços). → Recozimento para alívio de tensões ou sub-crítico (aplicado em qualquer material metálico). → Esferoidização (aplicado em aços). TRATAMENTO TÉRMICO ✓ Recozimento ▪ Pleno ▪ Isotérmico ▪ Para alívio de tensões ou Sub-crítico ▪ Esferoidização RECOZIMENTO PLENO ➢ Recozimento Pleno → Consiste em austenitizar o aço, resfriando-o lentamente a seguir. ▪ Aquecimento do aço acima do zona crítica (acima de 727°C para aços eutetóides) durante o tempo necessário e suficiente para obter austenita (Ferro ). ▪ Segue-se resfriamento lento, realizado sob condições que permitam a formação dos constituintes normais de acordo com o diagrama de equilíbrio Fe-Fe3C. • O resfriamento pode ser realizado, por exemplo, no interior do forno. Diagrama esquemático de transformação para recozimento pleno Em cinza está a faixa de temperaturas consideradas. RECOZIMENTO PLENO → Linha A1: indica a reação eutetóide: (Austenita) → Perlita (Ferrita- + Fe3C) → Linha A3: Indica a reação: (Austenita) → Austenita + Ferrita- → Linha Acm: Indica a reação: (Austenita) → Austenita + Fe3C (Cementita) → A variação de temperatura é de aproximadamente 50°C acima das linhas A1 e A3. RECOZIMENTO PLENO ➢ Aços hipoeutetóides: Aquecimento em temperaturas acima da linha superior de transformação A3 (conforme diagrama), de modo a obter-se a austenitização completa, seguido de resfriamento lento. → Constituintes microestruturais: perlita grosseira e ferrita proeutetóide. ➢ Aços eutetóides: Aquecimento em temperaturas acima da linha superior de transformação A1 (conforme diagrama), de modo a obter-se austenitização completa, seguido de resfriamento lento. → Constituinte microestrutural: perlita grosseira. RECOZIMENTO PLENO ➢ Aços hipereutetóides: Aquecimento em temperaturas acima da linha A1 (conforme diagrama) seguido de resfriamento lento. → Constituintes microestruturais: perlita grosseira e cementita proeutetóide. ▪ Durante o aquecimento não se deve ultrapassar a linha Acm, porque no resfriamento posterior, ao ser atravessada novamente esta linha, irá ser formada cementita nos contornos de grão da austenita, o que iria fragilizar posteriormente a peça tratada. RECOZIMENTO PLENO ➢ O recozimento pleno é usado com frequência em aços com teores baixos e médios de carbono (aproximadamente 0,25 e 0,60%p C, respectivamente) que serão submetidos a usinagem ou que irão experimentar uma extensa deformação plástica durante uma operação de conformação. Ciclos de recozimento recomendados para aços carbono: RECOZIMENTO PLENO ✓ Recozimento ▪ Pleno ▪ Isotérmico ▪ Para alívio de tensões ou Sub-crítico ▪ Esferoidização RECOZIMENTO ISOTÉRMICO ➢ Recozimento isotérmico → Consiste em austenitizar o aço (aquecimento do aço acima do zona crítica; acima de 727°C para aços eutetóides), nas mesmas temperaturas utilizadas no recozimento pleno. → Segue-se um resfriamento rápido até uma temperatura situada dentro da porção superior do diagrama TTT, onde o material é mantido durante o tempo necessário a se produzir a transformação completa. → Em seguida, o resfriamento até a temperatura ambiente pode ser apressado, por exemplo ao ar. Diagrama esquemático de transformação para recozimento isotérmico ou cíclico ➢ Os produtos resultantes desse tratamento térmico são perlita e ferrita proeutetóide (para aços hipoeutetóides); perlita (para aços eutetóides); perlita e cementita proeutetóide (para aços hipereutetóides). → Observação: O tipo de perlita (grosseira ou fina) formada depende da temperatura situada dentro da porção superior do diagrama TTT a que a peça foi resfriada. Em cinza está a faixa de temperaturas consideradas. RECOZIMENTO ISOTÉRMICO ➢ No recozimento isotérmico, o ciclo de tratamento térmico pode ser encurtado sensivelmente, quando comparado ao recozimento pleno, de modo que o tratamento é muito prático para casos em que se queira tirar vantagem do resfriamento rápido desde a temperatura de transformação e desta até a temperatura ambiente, como em peças relativamente pequenas. ➢ Para peças muito grandes, entretanto, o recozimento isotérmico não é vantajoso sobre o pleno, visto que a velocidade de resfriamento no centro de peças de grande seção pode ser tão baixa que torna impossível o seu rápido resfriamento à temperatura de transformação. RECOZIMENTO ISOTÉRMICO RECOZIMENTO PLENO E RECOZIMENTO ISOTÉRMICO Recozimento Pleno Resfriamento lento (por exemplo, dentro do forno) Aço eutetóide: Perlita grosseira. Recozimento Isotérmico Resfriamento rápido até uma temperatura situada dentro da porção superior do diagrama TTT Aço eutetóide: Perlita ✓ Recozimento ▪ Pleno ▪ Isotérmico ▪ Para alívio de tensões ou Sub-crítico ▪ Esferoidização RECOZIMENTO PARA ALÍVIO DE TENSÕES OU SUB-CRÍTICO ➢ Consiste no aquecimento do aço em temperaturas abaixo do limite inferior da zona crítica, ou seja, abaixo da linha A1 (abaixo de 727°C para aços carbono), seguido de resfriamento ao ar. → Observação: Neste recozimento não ocorre a austenitização, pois o tratamento térmico é realizado abaixo da linha A1 (abaixo de 727°C para aços carbono). ➢ O recozimento para alívio de tensões não é realizado somente em aços, podendo ser realizado em outros materiais metálicos, nesse caso são consideradas outras temperaturas, de acordo com cada material. ➢ O objetivo é aliviar as tensões originadas durante a solidificação ou produzidas em operações de conformação mecânica a frio (por exemplo na laminação para a fabricação de chapasmetálicas). → Quando se executam operações de deformação a frio (na temperatura ambiente), a dureza aumenta e a ductilidade diminui, podendo ocorrer ruptura entre as operações. Nesse caso, há a necessidade de se executar um recozimento para alívio de tensões antes das novas deformações. → Esse recozimento recupera a ductilidade do aço trabalhado a frio. RECOZIMENTO PARA ALÍVIO DE TENSÕES OU SUB-CRÍTICO ➢ Entre as transformações que ocorrem nos materiais metálicos deformados a frio e em seguida tratados termicamente por recozimento para alívio de tensões estão: → Recuperação: processo em que ocorre rearranjo e eliminação parcial dos defeitos (discordâncias) introduzidos durante a deformação plástica, havendo uma restauração parcial das propriedades mecânicas do material aos seus valores antes da deformação (Temperaturas empregadas: 0,3 – 0,5 Tfusão). → Recristalização: formação de um novo conjunto de grãos com baixa densidade de defeitos (discordâncias) e que são equiaxiais (isto é, possuem dimensões aproximadamente iguais em todas as direções) no interior de um material previamente deformado a frio e em seguida recozido. Na recristalização há a restauração das propriedades originais do material (antes da deformação ocorrer) (Temperaturas empregadas: acima de 0,5 Tfusão). RECOZIMENTO PARA ALÍVIO DE TENSÕES OU SUB-CRÍTICO (a) metal deformado plasticamente a frio (b) recuperado (c) parcialmente recristalizado (d) totalmente recristalizado (e) crescimento de grão RECOZIMENTO PARA ALÍVIO DE TENSÕES OU SUB-CRÍTICO ➢ Exemplo: Titânio Sem deformação Dureza = 150 Vickers Laminado a frio até 70% e em seguida recozido a 800oC/1 min. (parcialmente recristalizado) Dureza = 190 Vickers Laminado a frio até 70% e em seguida recozido a 800oC/45 min. (totalmente recristalizado) Dureza = 160 Vickers Laminado a frio até 70% (encruado) Dureza = 251 Vickers RECOZIMENTO PARA ALÍVIO DE TENSÕES OU SUB-CRÍTICO Exemplos de recristalização do alumínio RECOZIMENTO PARA ALÍVIO DE TENSÕES OU SUB-CRÍTICO Exemplos de recristalização do cobre RECOZIMENTO PARA ALÍVIO DE TENSÕES OU SUB-CRÍTICO Exemplos de crescimento de grãos (Vídeos) RECOZIMENTO PARA ALÍVIO DE TENSÕES OU SUB-CRÍTICO Tratamentos típicos de alívio de tensões em vários tipos de aço RECOZIMENTO PARA ALÍVIO DE TENSÕES OU SUB-CRÍTICO ✓ Recozimento ▪ Pleno ▪ Isotérmico ▪ Para alívio de tensões ou Sub-crítico ▪ Esferoidização ESFEROIDIZAÇÃO ➢ O tratamento consiste no aquecimento e resfriamento subsequente em condições tais a produzir uma forma globular ou esferoidal de carboneto no aço. ➢ Maneiras de produzir a microestrutura globular: 1) Manutenção por tempo prolongado à temperatura pouco abaixo de A1. 2) Aquecimento a uma temperatura logo acima de A1 e resfriamento lento. 3) Aquecimento e resfriamento alternados entre temperaturas que estão logo acima e logo abaixo de A1. Estrutura de cementita esferoidizada em matriz de ferrita. Aço ABNT 1095. (1100x) ➢ Em lugar das lamelas alternadas de ferrita e cementita (perlita), a fase Fe3C (cementita) aparece como partículas com aspecto esférico que estão encerradas em uma matriz de ferrita (). ➢ Essa transformação acontece mediante difusão de carbono, sem qualquer alteração nas composições ou quantidades relativas das fases ferrita e cementita. Aço com estrutura de cementita esferoidizada em matriz de ferrita. (1000x) ESFEROIDIZAÇÃO ➢ Na cementita esferoidizada, a restrição à movimentação de discordâncias é menos efetiva, o que torna o material mais dúctil e menos duro do que na perlita. Perlita grosseira Perlita fina Cementita esferoidizada Cementita esferoidizada Perlita grosseira Perlita fina ESFEROIDIZAÇÃO ➢ O recozimento de esferoidização aplica-se principalmente em aços de médio e alto teor de carbono para melhorar a usinabilidade. → Quando o carbono é muito baixo, a condição esferoidizada torna o aço extremamente mole, produzindo na usinagem cavacos longos que dificultam essa operação. ➢ A esferoidização de aços de baixo carbono tem por objetivo principal permitir deformação severa, sobretudo em operações de trefilação a frio. Trefilação: A deformação é obtida pelo ato de puxar o material através de uma matriz (Exemplo: Fabricação de fios) Exemplo de operação de usinagem (Torneamento) ESFEROIDIZAÇÃO Estruturas para usinabilidade ESFEROIDIZAÇÃO TIPOS DE RECOZIMENTO Recozimento Pleno Resfriamento lento (por exemplo, dentro do forno) - Aço eutetóide: Perlita Grosseira. Recozimento Isotérmico Resfriamento até uma temperatura dentro da porção superior do diagrama TTT - Aço eutetóide: Perlita Recozimento para alívio de tensões ou sub-crítico Em metais deformados a frio: Recuperação, Recristalização Esferoidização Formação de carboneto esferoidizado ✓ Normalização NORMALIZAÇÃO ➢ Esse tratamento térmico consiste na austenitização completa do aço (aquecimento a uma temperatura acima da zona crítica; acima de 727°C para aços eutetóides) seguido de resfriamento ao ar. → Em geral, a temperatura situa-se 35 a 40°C acima das linhas A3 e ACm. Diagrama esquemático de transformação para normalização Faixa típica de normalização para aços comuns ➢ Os produtos resultantes do tratamento térmico de normalização são: → Aços hipoeutetóides: perlita fina e ferrita proeutetóide; → Aços eutetóides: perlita fina; → Aços hipereutetóides: perlita fina e cementita proeutetóide. ➢ A normalização é usada como tratamento térmico preliminar à têmpera e ao revenimento, reduz a tendência ao empenamento e facilita a dissolução de carbonetos e elementos de liga. ➢ Além disso, a normalização pode ser usada para qualquer das seguintes aplicações: Comparação entre as faixas de temperaturas de austenitização para a normalização e o recozimento (pleno e isotérmico): → Melhoria da usinabilidade; → Refino de estruturas brutas de fusão (peças fundidas, por exemplo); → Obter propriedades mecânicas desejadas. NORMALIZAÇÃO % C Propriedades mecânicas dos aços nos estados normalizado e recozido NORMALIZAÇÃO RECOZIMENTO E NORMALIZAÇÃO - RESUMO Tratamentos Térmicos Recozimento Isotérmico Resfriamento rápido até uma temperatura situada dentro da porção superior do diagrama TTT *Perlita Esferoidização Aquecimento e resfriamento subsequente Carboneto esferoidizado Para alívio de tensões Resfriamento ao ar Em metais deformados a frio: Recuperação, Recristalização *Microestrutura de aço eutetóide após os tratamentos térmicos descritos. Normalização Aquecimento acima da zona crítica, resfriamento ao ar tranquilo *Perlita fina Pleno Resfriamento lento *Perlita grosseira
Compartilhar