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AD1 - Literatura Brasileira III 2020.1

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AD1 – 2020.1 
 
 
Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ 
 
Disciplina: Literatura Brasileira III 
Coordenadora: Profª Flávia Amparo 
 
 
De acordo com o que você estudou nas Unidades 1, 2, 3 e 4, responda às questões 
abaixo de modo dissertativo. 
Pesquise sobre o tema e responda ao que se pede com suas próprias palavras. Não 
copie respostas ou frases dos seus materiais de estudo nem de sites da internet. 
 
Questão 1 (3,0): Como estudado a partir da Unidade 3 da plataforma virtual e do vídeo 
“José de Alencar – O múltiplo” (disponível na mesma Unidade), o movimento 
romântico acompanhou o processo de pós-Independência do Brasil, tornando-se um 
expoente na busca por um país mais independente e, consequentemente, por uma 
literatura verdadeiramente nacional. Tomando como base os trechos destacados abaixo 
retirados de Iracema (1865), de José de Alencar, discuta o projeto nacionalista do 
Romantismo e como o escritor usou da imagem da natureza e do índio para afirmar essa 
nacionalidade brasileira. Para embasar sua resposta, use fragmentos dos trechos abaixo e 
comente algumas falas do vídeo relacionadas ao processo de escrita de Alencar. 
 
Trecho 1 
 
Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da 
carnaúba; 
Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do Sol nascente, 
perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros. 
Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco 
aventureiro manso resvale à flor das águas. 
(...) 
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. 
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa 
da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. 
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque 
como seu hálito perfumado. 
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do 
Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal 
roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. 
Fonte: ALENCAR, José de. Iracema. 34ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000. p. 20-21.) 
 
Trecho 2 
 
Os guerreiros tabajaras, excitados com as copiosas libações do espumante cauim, 
se inflamam à voz de Irapuã que tantas vezes os guiou ao combate, quantas à vitória. 
Aplaca o vinho a sede do corpo, mas acende outra sede maior na alma feroz. 
Rugem vingança contra o estrangeiro audaz que, afrontando suas armas, ofende o deus 
de seus pais, e o chefe da guerra, o primeiro varão tabajara. 
Lá tripudiam de furor, e arremetem pelas sombras; a luz vermelha do ubiratã, que 
brilha ao longe, os guia à cabana de Araquém. De espaço em espaço erguem-se do chão 
os que primeiro vieram para vigiar o inimigo. 
Fonte: ALENCAR, José de. Iracema. 34ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000. p. 37.) 
 
Questão 2 (2,0): Em Formação da literatura brasileira (1959), Antonio Candido faz 
menção ao tensionamento entre o local e o universal na construção de um sistema literário 
brasileiro, relacionando o “local” ao elemento nacional e o “universal” ao diálogo com as 
tradições da literatura europeia. Tendo como base a Lira VII extraída do livro Marília de 
Dirceu (1799), de Tomás Antonio Gonzaga, aponte como é possível evidenciar esse 
entrelaçamento do local e do universal na poesia árcade. Use versos da Lira destacada de 
Gonzaga para fundamentar sua resposta. 
 
Texto 2 - Lira VII (Tomás Antonio Gonzaga) 
 
Vou retratar a Marília, 
A Marília, meus amores; 
Porém como? Se eu não vejo 
Quem me empreste as finas cores: 
Dar-mas a terra não pode; 
Não, que a sua cor mimosa 
Vence o lírio, vence a rosa, 
O jasmim e as outras flores. 
Ah! Socorre, Amor, socorre 
Ao mais grato empenho meu! 
Voa sobre os astros, voa, 
Traze-me as tintas do céu. 
 
Mas não se esmoreça logo; 
Busquemos um pouco mais; 
Nos mares talvez se encontrem 
Cores que sejam iguais. 
Porém, não, que em paralelo 
Da minha ninfa adorada 
Pérolas não valem nada, 
Não valem nada os corais. 
Ah! Socorre, Amor, socorre 
Ao mais grato empenho meu! 
Voa sobre os astros, voa, 
Traze-me as tintas do céu. 
 
Só no céu achar-se podem 
Tais belezas, como aquelas 
Que Marília tem nos olhos, 
E que tem nas faces belas. 
Mas às faces graciosas, 
Aos negros olhos, que matam, 
Não imitam, não retratam 
Nem auroras, nem estrelas. 
Ah! Socorre, Amor, socorre 
Ao mais grato empenho meu! 
Voa sobre os astros, voa, 
Traze-me as tintas do céu. 
Entremos, Amor, entremos, 
Entremos na mesma esfera, 
Venha Palas, venha Juno, 
Venha a deusa de Citera. 
Porém não, que se Marília 
No certame antigo entrasse, 
Bem que a Páris não peitasse, 
A todas as três vencera. 
Vai-te, Amor, em vão socorres 
Ao mais grato empenho meu: 
Para formar-lhe o retrato 
Não bastam tintas do céu. 
(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. São Paulo: DCL, 2006.) 
 
Glossário: 
*a deusa de Citera: Vênus 
 
Questão 3 (2,5): O filme “Leituras perigosas”, disponível na Unidade 2 da plataforma 
virtual, dialoga com a aula 4, na qual se estuda sobre o controle que a Metrópole exercia 
na circulação de livros e informações na Colônia. Utilizando partes do filme para 
fundamentar sua resposta, discuta como os poetas árcades foram relevantes para a 
propagação da cultura letrada no país, dando exemplos de ações realizadas por esses 
escritores que iam de encontro à postura proibitiva da Metrópole. 
 
Questão 4 (2,5): Como estudado na aula 8, a escrita de O cortiço (1890), de Aluísio 
Azevedo, foi fortemente influenciada por teorias deterministas a respeito da influência do 
ambiente, da raça e da natureza sobre os homens. A partir da leitura do trecho destacado 
abaixo, explique de que forma os vieses deterministas impactaram a maneira como 
Azevedo construiu seus personagens e a imagem do cortiço, embasando sua resposta com 
partes do fragmento. 
 
Texto 3 – fragmento do capítulo II de O Cortiço (Aluísio Azevedo) 
 
E durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-
se de gente. E ao lado o Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância brutal de 
vida, aterrado defronte daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por 
debaixo das janelas, e cujas raízes, piores e mais grossas do que serpentes, minavam por 
toda a parte, ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e abalando tudo. 
Posto que lá na Rua do Hospício os seus negócios não corressem mal, custava-lhe 
a sofrer a escandalosa fortuna do vendeiro “aquele tipo! um miserável, um sujo, que não 
pusera nunca um paletó, e que vivia de cama e mesa com uma negra!”. 
À noite e aos domingos ainda mais recrudescia o seu azedume, quando ele, 
recolhendo-se fatigado do serviço, deixava-se ficar estendido numa preguiçosa, junto à 
mesa da sala de jantar, e ouvia, a contragosto, o grosseiro rumor que vinha da estalagem 
numa exalação forte de animais cansados. Não podia chegar à janela sem receber no rosto 
aquele bafo, quente e sensual, que o embebedava com o seu fartum de bestas no coito. 
E depois, fechado no quarto de dormir, indiferente e habituado às torpezas carnais 
da mulher, isento já dos primitivos sobressaltos que lhe faziam, a ele, ferver o sangue e 
perder a tramontana, era ainda a prosperidade do vizinho o que lhe obsedava o espírito, 
enegrecendo-lhe a alma com um feio ressentimento de despeito. 
	Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ

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