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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - IFES TÉCNICO EM QUÍMICA – TQVV3N ALINE BEATRIZ PIMENTEL DOELINGER OLIVEIRA ANA PAULA SIMMER CACIA FREITAS FABRÍCIO ROCHA FERNANDA PISSARRA FRANCINE GUIMARÃES SALLA Prática n° 2 (22/03/2018): QUANTIFICAÇÃO DE MICRORGANISMOS Disciplina: Biotecnologia Industrial Professor: Robison P. Garcia Jr. VILA VELHA MARÇO- 2018 Objetivos Conhecer e aplicar quatro técnicas de quantificação de microrganismos e determinar a concentração de células de levedura em uma suspensão a partir destas. Introdução O método de quantificação microbiana é muito importante para o controle do número de microrganismos em determinados processos, principalmente onde as concentrações de certas células podem interferir positiva ou negativamente no processo. A exemplo, a concentração da levedura Saccharomyces cerevisiae influencia diretamente no processo de produção de cerveja ou de pães. Além da quantificação de microrganismos da água ou de alimentos, para avaliar se estão dentro dos padrões estabelecidos, pois contaminações microbiológicas podem ocorrer em todas as etapas pelas quais passam os produtos. De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde, MS N° 2,914/2011, deve haver o monitoramento de bactérias heterotróficas, para a verificação da integridade de um sistema de distribuição, pois densidades de bactérias heterotróficas acima de 500 UFC/mL (unidade formadora de colônias) podem provocar interferência na detecção de coliformes, por inibição de crescimento. Devido a isso, a contagem de bactérias heterotróficas presta-se, de alguma forma, como controle de qualidade dos resultados de coliformes. Há também limites de aceitabilidade de microrganismos para produtos de higiene pessoal, a Resolução RDC n° 481/99 determina que para produtos de uso infantil, na área dos olhos ou produtos que entram em contato com mucosas, a contagem de microrganismos mesófilos (desenvolvem-se melhor em condições de temperatura moderada) aeróbios totais não podem exceder de 10² UFC/g ou mL, com o objetivo de manter uma boa qualidade do produto, evitando assim a deterioração ou mudanças químicas neste tipo de produtos. Existem diferentes técnicas de contagem de microrganismos. A quantificação pode ser direta, ou seja, contando-se microscopicamente o número de células presentes num determinado material ou superfície, ou indireta, onde é possível efetuar análise da turbidez com um espectrofotômetro,ou através da determinação do peso seco, dentre outras. O processo da análise da turbidez consiste no auxílio de um instrumento capaz de medir a quantidade de luz absorvida ou transmitida ao atravessar uma amostra contida em uma cubeta, a luz transmitida é inversamente proporcional a concentração de células, pois quanto maior a concentração de células, menor será a quantidade de luz que será transmitida, e consequentemente, maior será a absorbância. Na determinação do peso seco, o processo consiste em centrifugar uma determinada quantidade de uma amostra da suspensão microbiana, desprezando o sobrenadante e o sedimento é colocado em um recipiente apropriado, por fim, esse conjunto é secado na estufa até peso constante. Outros processos também utilizados consistem na medida de componentes celulares, que podem fornecer uma avaliação da massa microbiana, ou pela medida de compostos resultantes da atividade metabólica, onde há uma relação entre a massa de material seco que aumenta e a quantidade de nutrientes disponíveis no meio de cultura que diminui. Esses nutrientes são utilizados como parâmetros para estimar a massa microbiana. Há um teste simples e eficaz para a quantificação de um volume aproximado de quantidade de biomassa, a técnica de volume de material celular após centrifugação consiste na centrifugação de uma suspensão celular em tubo de centrífuga graduado. A centrifugação deve acontecer de modo que promova a sedimentação dos microrganismos sem provocar a lise celular ou ruptura, o volume de células é obtido por leitura na escala existente do tubo. É necessário se atentar ao fato de que algumas dessas técnicas exigem algumas precauções, como a necessidade de diluição para diminuição do número de microrganismos da amostra, para viabilizar a quantificação de uma determinada população de micróbios. Materiais e Reagentes: ● Microscópio ● Estufa a 100 – 120°C ● Espectrofotômetro ● Balança analítica ● Centrífuga ● Câmara de Neubauer ● Tubo para centrífuga ● Pipetas volumétricas 2,3,5 e 10mL ● Pipeta Pasteur ● Balão volumétrico 100,250 e 500mL ● Vidro de relógio ● Béquer ● Fermento biológico ● Água destilada Procedimento Experimental: ● Preparo da suspensão de células A suspensão de células já havia sido preparada, contendo cerca de 5g de fermento biológico dissolvido em água destilada e diluído em um balão volumétrico de 500mL. ● Determinação do peso seco de células (%m/v) Após a homogeneização da suspensão já preparada foi retirada uma alíquota de 10mL e adicionada a um vidro de relógio com peso já conhecido, pesados em uma balança analítica e em seguida levados para secar em estufa entre 100 e 120°C. A amostra foi retirada da estufa no dia seguinte (22/03) por volta das 18:30 e pesada novamente. ● Turbidimetria Foram feitas 4 diluições a partir das suspensão de células sendo três no balão volumétrico de 250 mL com as seguintes quantidades, 2, 3 e 5 mL, e uma alíquota de 1,5 mL em um balão volumétrico de 100 mL. Em seguida, no comprimento de onda de 570nm, foi realizado a leitura da absorbância das soluções diluídas no espectrofotômetro, usando a água destilada como branco. ● Contagem de células em câmara de NEUBAUER Em uma alíquota de 1 mL de suspensão de células foi diluída em balão volumétrico de 50 mL. Posteriormente, foram gotejadas em uma câmara de NEUBAUER e coberta com a lamínula, levada ao microscópio e com auxílio de um monitor realizou-se a contagem de 5 dos 25 quadrados da câmara. ● Determinação do volume do centrifugado (%v/v) Em um tubo de centrífuga graduado adicionou-se 10 mL de suspensão de células, logo após levado para a centrífuga durante 15 minutos. Resultados e Discussão Determinação do peso seco da célula Peso seco: 13,4770g Peso após a adição de 10 mL solução: 23,2364g Peso final após secagem em estufa: 13.5593g Ms: 13,5593g-13,4770g = 0,0823 g C: Ms/V Logo C= 0,0823g/10mL = 0,008230 g/mL de fermento No entanto em 100mL temos: Ms= V.C Logo Ms= 100mL.0,008230g/mL = 0,8230 g de Fermento O método de determinação do peso seco da célula, foi capaz de fornecer a massa de levedura da amostra. Através do aquecimento em estufa houve perda do solvente e consequentemente muitos componentes antes solúveis decantam junto com o fermento. Por ser um método gravimétrico, apresenta um baixo custo, é preciso e moderadamente rápido. Entretanto deve-se considerar algumas limitações que podem prejudicar o resultado final, como o fato de que a quantificação das células nesse método é total, ou seja, estão presentes na massa pesada células e vivas e mortas, o que não é útil para processos. Partículas que estavam dissolvidas em soluçãoque não eram células também influem no massa final, logo a massa seca não apresentou uma pureza tão confiável, o que pode ser minimizado através da lavagem do precipitado. Contagem de células em câmara de NEUBAUER Dados: 1 quadrante 21 células 2 quadrante 19 células 3 quadrante 19 células 4 quadrante 28 células 5 quadrante 23 células Células contadas = ∑5 quadrados Células contadas = 110 células Total de células = (∑5 quadrados) x (5 x 104) x diluição Total de células = 110 x 5 x 104 x 50 Total de células = 2,75 X 109 células/mL Como a câmara de NEUBAUER possui 25 campos é preciso multiplicar este valor por 5 para achar o total de células no volume da câmara. O volume colocado na câmara é inferior a 1mL, logo é necessário multiplicar o valor encontrado por 104 para expressarmos o resultado em células/mL. Entretanto este valor ainda não corresponde ao da suspensão original, podemos obter isso multiplicando pelo fator de diluição, que conforme o procedimento é de 50x. Assim encontraremos o total de células na suspensão que é de 2,75 x 109 células/mL. Figura 1 - Foto obtida no microscópio utilizando a técnica da câmara de Neubauer A técnica que foi desenvolvida originalmente para determinar concentração de células sanguíneas, hoje abrange várias áreas incluindo a microbiologia. Essa técnica é muito sensível, através dela é possível quantificar valores extremamente pequenos de células/mL, dependendo do tamanho dessas células. Tratando-se de volumes tão pequenos, qualquer erro de contagem é significativo para o valor final. Em comparação a outras técnicas é um processo com grande vantagem de se ter a possibilidade de diferenciar células viáveis das não viáveis, com o auxílio de um simples corante que células vivas são capazes de oxidar mudando a sua cor. O seu erro na maior parte das vezes está relacionado ao analista na falta de prática de contagem. Determinação do Volume Centrifugado Dados: VSolução: 10mL VCentrifugado: 0,4mL VRetirado: 9,6mL C= (VCentrifugado/ VSolução) X 100 C= (0,4mL/10mL) X 100 C= 4,0mL de células/100 mL de suspensão ou 4% de células v/v. Como utilizou-se 10mL da solução e no tubo graduado o precipitado foi de aproximadamente 0,4mL, a concentração é obtida através de uma regra de três simples e podendo ser expressada através da porcentagem do volume em 100mL de suspensão. Esse método é bem rápido e prático, apresenta um baixo justo, seus resultados não são tão precisos, pois alguns erros de medição volumétrica não foram eliminados, como por exemplo: o volume do precipitado foi medido a olho nu, não sendo realizado nenhum teste para saber sobre umidade do mesmo, outro fator é as impurezas, uma vez que na centrifuga todos os sólidos em suspensão precipitaram incluindo as impurezas. Essa técnica, pode torna-se mais precisa através de etapas mais complexas, no qual podemos utilizar reagentes químicos para extrair algumas impurezas da suspensão original. Dentre as técnicas indiretas de quantificação de microrganismos, está a turbidimetria, também chamada densidade óptica da suspensão celular. A turbidez do meio indica o crescimento microbiano, pois quanto maior o número de células presentes, menor a quantidade de luz que atravessa uma suspensão. Utiliza-se um comprimento de onda entre 490 e 600 nm, e para a análise realizada foi selecionado o comprimento 570 nm. Realizadas as medidas, foi confeccionada a curva de calibração para quantificar as leveduras presentes na solução preparada, fornecendo os seguintes resultados: amostra Volume alíquota/ Volume solução diluição Absorbância (u.A.) amostra 1 2 mL/250 mL 125x 0,100 amostra 2 3 mL/250 mL 83x 0,124 amostra 3 1,5mL/100mL 67x 0,180 amostra 4 5 mL/250 mL 50x 0,241 Quanto mais próximo de 1 o coeficiente de correlação, menor a dispersão do conjunto de pontos experimentais e menor a incerteza dos coeficientes de regressão estimados. De acordo com a ANVISA, o coeficiente de correlação deve estar próximo de 0,99 como mínimo aceitável e para o INMETRO, deve estar acima de 0,90. Como obteve-se um R² de 0,97, o coeficiente de correlação está dentro do estabelecido pelo INMETRO, mas não pela ANVISA. Considera-se também, como fatores de alteração, as diluições realizadas, que contam com os erros de precisão associados aos instrumentos e aos laboratoristas. O método turbidimétrico também é menos sensível à quantificação, e suscetível a erro nas leituras devido à rápida decantação dos microrganismos em suspensão. Conclusão Os métodos, exceto a turbidimetria, apresentaram eficiência satisfatória ao objetivo do experimento, que era quantificar a quantidade de células de Saccharomyces cerevisiae contidas na suspensão utilizada. A turbidimetria não apresentou a eficiência esperada devido aos erros associados à sua realização e à rápida decantação das células em suspensão durante a análise na cubeta no espectrofotômetro. Os demais métodos foram mais eficientes porque não trabalhavam com a emulsão, e sim com o volume de células presente nas alíquotas. Referências Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental/DSAST/SVS/MS. (Outubro de 2012). PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A PORTARIA MS N° 2.914/2011. Fonte: Ministério da Saúde: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2015/setembro/30/PERG UNTAS-E-RESPOSTAS-SOBRE-A-PORTARIA-MS-N-2-914.pdf Nitzke, J. A. (s.d.). Medida do Crescimento. Fonte: Universidade Federal do Rio Grande do Sul: http://www.ufrgs.br/alimentus1/pao/fermentacao/fer_crescimento_quantifi cacao.htm Sanitária, D. C. (27 de Setembro de 1999). Resolução - RDC nº 481, de 23 de setembro de 1999 . Fonte: ProLab Biotecnologia: http://www.prolabnet.com.br/arquivo-rdc/Resolu%C3%A7%C3%A3o+RD C+n%C2%BA+481+de+27+de+setembro+de+1999_38996.pdf BORZANI, Walter; SCHMIDELL, Willibaldo; LIMA, Urgel ; AQUARONE, Eugênio. Biotecnologia Industrial. 1ºedição. São Paulo: Edgard blucher, 2001. Vol 1 RIBANI, Marcelo et al. Validação em métodos cromatográficos e eletroforéticos. Quím. Nova. 2004, vol.27, n.5, pp.771-780. ISSN 0100-4042. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-40422004000500017.
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