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UNIDADE 2 - Prevenção do suicídioo

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PREVENÇÃO
do suicídio
Prevenção do suicídio
2
Apresentação
Olá Aluno! 
Seja  bem vindo  a Unidade 2  do  curso  de Prevenção do  Suicídio. Depois  de 
explorar  mais  sobre  os  aspectos  relacionados  ao  suicídio,  neste  momento  você 
passará a conhecer as maneiras   e  pos de prevenção, além do trabalho realizado 
com os enlutados pelo suicídio. 
Desejamos  que  essa  seja  uma  boa  oportunidade  de  aprendizagem  e 
crescimento profissional. 
Bons estudos!
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Sumário
AULA 1 ‐ Prevenção:  pos de prevenção...................................................................... 4
Conceito de prevenção....................................................................................................................5
A Prevenção do Suicídio..................................................................................................................5
Tipos de Prevenção do suicídio......................................................................................................7
AULA 2 ‐ Prevenção Universal..............................................................................................9
Conceito de Prevenção Universal..................................................................................................10
Exemplos de Prevenção Universal na Prevenção do Suicídio..................................................10
AULA 3 ‐ Prevenção Sele va.................................................................................................14
Conceito de Prevenção Sele va.....................................................................................................15
Exemplos de Prevenção Sele va Universal na Prevenção do Suicídio...................................15
AULA 4 ‐ Prevenção Indicada................................................................................................18
Conceito de Prevenção Indicada....................................................................................................19
Exemplos de Prevenção Indicada na Prevenção do Suicídio....................................................19
AULA 5 ‐ Posvenção...................................................................................................................20
Conceito de Posvenção....................................................................................................................21
Luto por suicídio.................................................................................................................................24
Intervenções com sobreviventes....................................................................................................28
Grupos para sobreviventes..............................................................................................................31
Bibliografia......................................................................................................................................35
AULA 1 
Prevenção: tipos 
de prevenção
1 - Conceito de Prevenção
Em Saúde Pública a prevenção é considerada como qualquer medida que vise a 
interceptar a causa de uma doença antes que ela a nja algum indivíduo, prevenindo, 
então, sua ocorrência (Bertolote, 2012).
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2 - A Prevenção do Suicídio
De acordo  com Shneidman  (1996) nenhum suicídio está  “gravado em pedra”, 
tendo  em vista  que  a  capacidade  de mudança  é  uma  das marcas  do  ser  humano. 
Assim,  consideramos que  sempre  será possível  pensar  na prevenção do  suicídio. A 
prevenção, nesse aspecto terá o obje vo de prevenir o suicídio, mas também outros 
comportamentos suicidas, como os já citados, diminuindo a chance de um desfecho 
letal. Pensar na prevenção do suicídio diz respeito a oferecer outras possibilidades de 
enfrentamentos  das  dificuldades  que  levam  os  indivíduos  a  buscar  nesse  ato  a 
solução para seu sofrimento (Botega et al., 2006).
Algumas das primeiras  inicia vas que  surgiram sobre a prevenção nesta  área 
foram os Planos Nacionais de Prevenção do Suicídio, elaborados em diversos locais. 
Ao  analisarem  os  Planos  Nacionais  de  diferentes  países,  Botega  e  colaboradores 
(2006)  perceberam  que  os  itens  comuns  a  todos  são:  iniciam  exibindo  a  situação 
atual do país; possuem estratégias educacionais para aumentar o conhecimento da 
população  sobre  o  tema;  buscam  melhorar  os  atendimentos  para  indivíduos  com 
comportamento  suicida  e  para  seus  familiares;  incen vam  pesquisas  na  área; 
fornecem  materiais  e  treinamento  para  escolas,  mídia  e  organizações  de  apoio; 
intensificam a prevenção de grupos de maior  risco;  treinam equipes de saúde para 
detecção precoce e tratamento de transtornos mentais; e criam estratégias para que 
o Plano de Prevenção seja avaliado regularmente.
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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2014) as estratégias 
nacionais de prevenção do suicídio devem incluir:
Vigilância  e  pesquisa:  aumentar  a  qualidade  e  a  abrangência  temporal  dos  dados 
nacionais  sobre  comportamentos  suicidas;  dar  suporte  aos  estabelecimentos  de 
bancos  de  dados  que  servirão  para  iden ficar  grupos  vulneráveis,  indivíduos  e 
situações;
Iden ficação  de  grupos  vulneráveis:  aprimorar  a  avaliação  e  manejo  de           
comportamentos suicidas; promover fatores de proteção ambientais e individuais; 
Aumento  de  treinamentos  e  educação  sobre  o  tema:  iden ficar  “guardiões”  e 
aumentar  as  competências  de  profissionais  da  saúde  mental  e  outras  áreas 
envolvidas. O  conceito  de  “guardiões”  –  em  inglês  “gatekeepeers”  –  refere‐se  aos 
profissionais que estão em contato mais próximo com a comunidade e que podem 
ser treinados para iden ficar o risco de suicídio em indivíduos de uma determinada 
área.  Os  guardiões  costumam  ser  profissionais  da  atenção  primária,  de  saúde 
mental,  da  emergência,  da  assistência  social,  da  educação,  policiais,  líderes 
comunitários e líderes religiosos (WHO, 2012); 
Tratamento: melhorar  a  oferta  e  qualidade de  intervenções,  priorizar  intervenções 
baseadas em evidências; aumentar a pesquisa e avaliação de intervenções eficazes;
Intervenção no período de crise: assegurar que o território apresente condições de 
manejar as situações de crise e tenham acesso a serviços de emergência;
Aumento do conhecimento  sobre o  tema para que haja a diminuição do es gma: 
realizar campanhas e aumentar o acesso de profissionais e da comunidade em geral 
a informações rela vas ao tema;  
Redução do acesso aos meios de suicídio: reduzir a disponibilidade, acessibilidade e 
atra vidade dos meios de suicídio (ex. pes cidas, armas de fogo, locais altos);
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Aumento do acesso a serviços de saúde e diminuição das barreiras de acesso;
Encorajamento da mídia para a adoção de melhores polí cas e prá cas ao divulgar o 
suicídio: disponibilização de guias de orientação;
Pósvenção: dar suporte a pessoas enlutadas por suicídio.
A prevenção do suicídio envolve uma abordagem mul facetada, com especial 
atenção  à  saúde mental. Deve‐  se,  por  exemplo melhorar  a  detecção de pacientes 
deprimidos  na  atenção  primária  e  melhorar  o  tratamento  da  depressão,  além  de 
educar profissionais e o público em geral em relação a esse tema (Mann et al., 2005). 
3 - Tipos de Prevenção do suicídio
Em 1987 Gordon  (apud Bertolote, 2012) desenvolveu um  importante modelo 
de  prevenção  baseado  nos  níveis  de  risco  que  um  indivíduo  apresenta  de 
desenvolver determinado comportamento. Essa prevenção é dividida em prevenção 
universal,  sele va  e  indicada,  sendo  que  a  u lização  desse  modelo  no  caso  do 
suicídio prevê a dis nção entre prevenção da ideação suicida, elaboração de planos 
suicidas e o engajamento em atos suicidas (Bertolote, 2012). A prevenção do suicídio 
nesse modelo  baseado  nos  níveis  de  risco  é  amplamente  u lizada  no  contexto  da 
saúde  pública  (e.g. WHO,  2010a,  2012,  2014)  e  o  ideal  é  que  seja  u lizada  uma 
combinação desses três  pos de modalidade (WHO, 2010a)  o nível de perigo à vida 
resultante de uma autolesão (Brown et al., 2004). Assim, indivíduos cuja a tenta va 
de  suicídio  tenha  apresentado  um  alto  grau  de  letalidade,  além  de  acentuada 
intenção de morrer, exigem ainda mais atenção.
A  segunda  relaciona‐se  com  a  intenção  de  morrer  e  avaliação  do  grau  de 
preparação, desejo de morrer versus desejo de viver e chances de descoberta da 
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tenta va.  Tais  dimensões  devem  ser  verificadas,  uma  vez  que  podem  se 
correlacionar e podem indicar maiores riscos de o indivíduo voltar a tentar suicídio 
(Mann, 2002). 
Outro  aspecto  comum  no  comportamento  suicida  é  a  repe ção.  Alguns 
indivíduos podem tentar suicídio diversas vezes e a prevenção dessas repe ções é 
um importante obje vo quando trabalhamos com o tema (Kerkhof, 2000). Deve‐se 
lembrar que muitas vezes os  indivíduos passam a aumentar o grau de  letalidade a 
cada tenta va (Figel et al., 2013) o que evidencia a importância de serem planejadas 
intervenções eficazes assim que a primeira tenta va ocorrer.
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AULA 2 
Prevenção 
Universal
1 - Conceito de Prevenção Universal
A Prevenção Universal tem como obje vo impedir o início de um determinado 
problema, sendo des nada a toda a população, mesmo que não apresente nenhum 
risco  de  desenvolver  o  problema  (Bertolote,  2012).  O  potencial  desse  po  de 
prevenção,  envolvendo  toda  a  comunidade,  tem  sido  avaliado  como  benéfico  há 
anos, tendo em vista que se considerarmos que ações que aumentam a coesão social 
tornam  o  suicídio  menos  provável,  se  essas  ações  forem  realizadas  com  toda  a 
população a tendência é que os resultados alcançados sejam ainda melhores (Jenkins 
et  al.,  2000).  Ela  é  delineada  para  a ngir  toda  a  população,  como  um  modo  de 
maximizar a saúde e minimizar os fatores de risco, por meio da remoção de barreiras 
e  aumentando acesso à  ajuda,  além de  fortalecer  fatores de proteção,  tais  como o 
suporte social (WHO, 2014). 
2 - Exemplos de Prevenção Universal na Prevenção do 
Suicídio
Na  Prevenção  do  Suicídio  a  Prevenção  Universal  é  realizada  com  toda  a 
população.  Uma  importante  frente  desse  po  de  prevenção  é  ampliar  ações  de 
educação  e  conscien zação  da  população,  sobre  temas  como  transtornos mentais 
(por exemplo a depressão) e sobre o suicídio. Campanhas de conscien zação sobre 
as consequência do uso excessivo do álcool  (WHO, 2010a) e polí cas que reduzam 
seu  uso  prejudicial(WHO,  2012),  também  são  necessárias.  É  imprescindível 
incen var  as  pessoas  a  buscarem  ajuda  se  precisarem,  enfa zando  que  os 
transtornos mentais são tratáveis e o suicídio é uma morte evitável  (WHO, 2010a). 
Com  esse  obje vo  foi  criado  do  Dia  de  Prevenção  do  Suicídio  (10  de 
setembro), desenvolvido pela Associação Internacional de Prevenção do Suicídio 
(IASP) e apoiado pela OMS, no qual há a definição de um tema específico a cada  9
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ano  e  são  propostas  a vidades  informa vas  sobre  o  tema  (Bertolote,  2012).  No 
Brasil há, desde 2015, o Setembro Amarelo, mês de ações des nadas à Prevenção 
do Suicídio, desenvolvido pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) em parceria com 
o  Conselho  Federal  de  Medicina  (CFM)  e  a  Associação  Brasileira  de  Psiquiatria 
(ABP).
As  redes sociais virtuais e a  internet  também podem ser  importantes aliadas 
no  trabalho de orientação da população,  além de permi r  a  criação de canais que 
promovam  a  busca  de  ajuda  (WHO,  2014).  Embora  diversos  problemas  sejam 
causados  justamente pela u lização excessiva de  tecnologias,  é possível  u lizá‐las 
de  forma  responsável  permi ndo  o  acesso  a  determinados  grupos,  como  por 
exemplo os adolescentes, que não costumam buscar ajuda de outras formas. 
Entretanto, não basta conscien zar e informar a população sobre os temas da 
saúde mental, é preciso criar polí cas eficientes e garan r o acesso da população a 
serviços que possam garan r o cuidado adequado, não só em termos de tratamento 
de  transtornos  mentais  e  promoção  da  saúde  mental,  mas  também  da  atenção 
integral à saúde (WHO, 2014).
A  restrição  do  acesso  a meios  de  suicídio  é  um  importante  componente  da 
prevenção  do  suicídio,  especialmente  nos  casos  de  suicídios  impulsivos  e  não 
planejados. Para que seja eficaz, é necessário, primeiramente, que sejam verificados 
os padrões de determinado território. 
De acordo com dados da OMS referentes ao número de suicídios de 1996 a 
2004, o método mais u lizado no Brasil, tanto por homens como por mulheres é o 
enforcamento. De acordo com essa pesquisa tal método é o mais comum na maioria 
dos países, sendo maior quando outros métodos não estão disponíveis (ex. armas de 
fogo ou pes cidas) (Ajdacic‐Gross et al., 2008). É considerado um método violento, 
sendo letalem aproximadamente 70% dos casos, e ao contrário de outros métodos 
não  há  muito  tempo  para  que  o  indivíduo  mude  de  ideia.  A  restrição  desse  10
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método  é  possível  em  prisões  e  hospitais,  entretanto  apenas  10%  dos  suicídios 
acontece nesses ambientes (Gunnell et al., 2005). 
Armas de fogos também são um método amplamente u lizado no Brasil e no 
mundo.  Melhorar  o  armazenamento  das  armas,  deixando‐as  travadas  ou 
descarregadas,  parece  ser  uma  boa  possibilidade  de  prevenção,  para  os  casos  de 
suicídios  impulsivos  (Shenassa et al., 2004),  além, é claro, da criação de  legislações 
mais rígidas capazes de controlar o uso de armas (WHO, 2010a). 
Também é possível pensar em barreiras que dificultem o acesso a lugares muito 
altos  ou  dos  quais  as  pessoas  costumam  se  jogar  para  cometer  suicídio  (WHO, 
2010a; Yip et al., 2012). 
Outro  importante  problema  é  o  fácil  acesso  a  pes cidas,  especialmente  em 
áreas  rurais,  demonstrando a necessidade de  serem pensadas em ações que visem 
regular ou proibir o acesso a determinadas substâncias, podendo ser feitas parcerias 
com  a  Secretaria  da Agricultura,  por  exemplo. No  caso  das  intoxicações  exógenas, 
controlar o acesso a medicamentos é fundamental, e para isso podem ser elaboradas 
legislações  específicas  que  permitam  o  acesso  a  uma  quan dade  menor  de 
medicamentos, por exemplo (WHO, 2010a). 
A estratégia de restrição do acesso aos meios de suicídio tem se mostrado uma 
importante  intervenção, com bons resultados. Embora ao restringir um meio alguns 
indivíduos busquem e u lizem outros, muitos indivíduos não o farão, e muitas vezes 
os outros meios escolhidos são menos  letais e não  implicam em um desfecho  fatal 
(Yip et al., 2012).
É  importante destacar o papel dos veículos de  comunicação  (WHO, 2012). A 
mídia pode ser muito benéfica caso auxilie na educação da população, mas também 
pode  ser  prejudicial  caso  divulgue  o  suicídio  de  maneira  glamourizada  ou 
sensacionalista, podendo incen var pessoas vulneráveis ao suicídio a cometerem 
o ato (Mann et al., 2010. Uma das formas de realizar essa orientação é por meio  11
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da  elaboração  de  manuais  para  os  profissionais  da  mídia,  informando  sobre  o 
suicídio  e  para  que  conheçam  os  modos  adequados  de  no ciar  uma  morte  por 
suicídio (WHO, 2010a).
Além disso, muitas das prevenções universais previnem não apenas o suicídio, 
mas  o  desenvolvimento  de  transtornos  mentais  (Bertolote,  2004)  –  que  são  um 
importante  fator  de  risco  –  e  outros  problemas  de  comportamento.  Muitos  dos 
problemas humanos são causados por uma falha do ambiente em que vivemos em 
propiciar condições que favoreçam o bem‐estar humano. 
Se  criarmos  ambientes  que  desenvolvam  logo  na  mais  tenra  idade 
comportamentos pró‐sociais, de ajuda e de empa a, poderíamos ter ambientes mais 
acolhedores  e  que  favorecem o  desenvolvimento  sem  todos  os  problemas  sociais 
que  conhecemos  (Biglan,  2015).  Atuar  nos  problemas  sociais  que  estão  mais 
in mamente relacionados com transtornos mentais e suicídio também é possível no 
modelo de prevenção universal. 
Assim, se encaixam nessa modalidade as prevenções precoces tais como:  visitas 
realizadas  por  pessoas 
qualificadas (ex. profissionais da 
saúde)  a novas mães,  para que 
sejam  orientadas  prá cas  mais 
adequadas;  realização  de 
programas  para  fortalecer  a 
relação  entre  pessoas  jovens  e 
vulneráveis e outras pessoas que 
forneçam suporte; sistemas de prevenção da comunidade com a finalidade de empoderar 
comunidades a par ciparem de ações de saúde referentes a adolescentes; prevenção 
de violência nas escolas e programas de desenvolvimento de habilidades (WHO, 2014).
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Leitura Complementar
No Manual de Prevenção do Suicídio para a 
Mídia da Organização Mundial de Saúde e 
disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem, 
você verá a importância e o papel da mídia na 
prevenção ao suicídio.
http://pr.avasus.ufrn.br/mod/resource/view.php?id=690
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AULA 3 
Prevenção 
Seletiva
A  Prevenção  Sele va  tem  como  obje vo  impedir  a  instalação  de  um 
determinado comportamento ou o surgimento de suas conseqüências, por meio da 
redução dos fatores de risco. É des nada a indivíduos e populações que apresentam 
um  grau  de  risco  baixo  e  ainda  não  apresentam  o  comportamento‐alvo,  mas  que 
apresentam algum grau de vulnerabilidade (Bertolote, 2012).  Tem como alvo grupos 
mais vulneráveis, de acordo com determinadas caracterís cas tais como idade, sexo, 
ocupação – embora  tais grupos não apresentem, necessariamente, comportamento 
suicida,  podem  apresentar  risco  aumentado.  Alguns  dos  grupos  vulneráveis  são 
pessoas com histórico de abuso  sico e/ou sexual, pessoas afetadas por conflitos ou 
desastres,  refugiados  e  migrantes,  familiares  de  suicidas,  pessoas  com  transtorno 
mental, idosos, entre outros (WHO, 2014). 
1 - Conceito de Prevenção Seletiva
Na  Prevenção  do  Suicídio  a  Prevenção  Sele va  é  realizada  com  indivíduos  e 
populações que apresentam risco de baixo a moderado de comportamentos suicidas. 
Uma possibilidade de Prevenção Sele va na Prevenção do Suicídio é  a busca  a va 
por  de  indivíduos  que  apresentem  os  transtornos  mentais  mais  fortemente 
relacionados com o suicídio, para que sejam tratados (Bertolote, 2012). 
É  essencial  que  o  tratamento  oferecido  garanta  a  melhor  forma  de  cuidado 
possível ao  indivíduo, devendo considerar que o  tratamento  farmacológico, quando 
indicado, não deve ser oferecido sozinho, apresentando melhores resultados quando 
combinado  com  tratamento  psicoterápico  (De  Leo,  2004).  Deve‐se  contemplar 
2 - Exemplos de Prevenção Seletiva Universal na Prevenção 
do Suicídio
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intervenções  psicossociais  na  comunidade,  com  ênfase  no  cuidado  oferecido  pela 
atenção primária (WHO, 2012).
A  criação  de  linhas  telefônicas  de  apoio  à  crise  também  pode  alcançar  bons 
resultados,  atendendo não  apenas  pessoas  com  transtornos mentais  em  crise, mas 
também grupos vulneráveis em situação de sofrimento (WHO, 2014).
Nessa modalidade de prevenção são necessárias intervenções com grupos mais 
vulneráveis, pensando nos fatores de risco para o suicídio. Jovens com depressão ou 
que  façam  uso  de  álcool  ou  outras  substâncias  devem  ser  bem  acompanhados 
(WHO, 2010a), sendo possível a u lização de intervenções psicossociais nas escolas, 
na comunidade, ou em serviços de saúde (Calear et al., 2016). 
Outro grupo bastante vulnerável para o  suicídio é a população  idosa. Fatores 
como depressão, dependência  sica, doenças graves e degenera vas são apontados 
como exercendo influência para essa vulnerabilidade (Minayo & Cavalcante, 2015). A 
prevenção  com  essa  população  inclui  a  detecção  e  tratamentos  de  transtornos 
mentais,  além  de  estreitar  os  laços  com  a  família  (Ho  et  al.,  2014)  e  garan r 
intervenções  psicossociais,  que  permitam  a  inclusão  dos  idosos  em  a vidades  na 
comunidade. 
Pessoas  com  histórico  de  abuso  sico  e/ou  sexual  também  devem  ser 
constantemente  acompanhadas,  tendo  em vista  a  associação  com  comportamento 
suicida  (WHO,  2010a). O  atendimento  adequado  a  essas  pessoas  pode  prevenir  o 
desenvolvimento  de  transtornos mentais,  assim  como  o  início  de  comportamentos 
suicidas (Afifi et al., 2016). 
Intervenções  com  pessoas  desempregadas  ou  com  dificuldades  financeiras 
também podem ser feitas, com o desenvolvimento de ações e polí cas que possam 
diminuir  tais  fatores  de  risco  (WHO,  2010a).  Na  prevenção  sele va  é  necessário, 
portanto,  o  desenvolvimento de  ações que diminuam os  fatores de  risco  e que 
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potencializem os fatores prote vos psicossociais nas comunidades mais vulneráveis 
(WHO, 2010a).
Outra  ação  preven va  com  grande  reconhecimento  é  treinamento  de 
guardiões.  Como  citado  anteriormente,  os  guardiões  podem  ser  profissionais  que 
estão em contato mais próximo com a comunidade e que podem ser treinados para 
iden ficar  o  risco  de  suicídio  em  indivíduos  de  uma determinada  área. Costumam 
ser profissionais da atenção primária, de saúde mental, da emergência, da assistência 
social, da educação, policiais, líderes comunitários e líderes religiosos (WHO, 2012). 
É  necessário  que  sejam  oferecidos  programas  de  treinamento  para  que  eles 
sejam possam iden ficar pessoas com risco de suicídio, além do desenvolvimento de 
habilidades de manejo para abordar esses indivíduos (WHO, 2010a). O treinamento 
deve  ser  con nuo,  com o acompanhamento constante desses profissionais  (WHO, 
2012). Esse  po de  intervenção costuma a ngir bons  resultados,  tendo em vista a 
proximidade desses profissionais com a população e o aumento da atenção, cuidado 
e  monitoramento  que  esse  contato  mais  próximo  com  o  usuário  permite  (WHO, 
2010a). 
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AULA 4 
Prevenção 
Indicada
1 - Conceito de Prevenção Indicada
A  Prevenção  Indicada  é  realizada  com  indivíduos  e  populações  que  já 
apresentam um risco considerável e/ou começaram a manifestar o comportamento‐
alvo  (Bertolote,  2012).  Têm  como  alvo  indivíduos  vulneráveis  –  aqueles  que  já 
apresentam tenta va de suicídio prévia ou apresentam sinais de alerta (WHO, 2014). 
Considerando que uma tenta va de suicídio prévia é o maior preditor de suicídio na 
população em geral, indivíduos que tentaram suicídio são considerados de alto risco. 
Assim, a iden ficação dessas pessoas, o acompanhamento e monitoramento do caso, 
além do suporte, são componentes chave de uma estratégia de prevenção do suicídio 
(WHO, 2014).
Monitorar a prevalência, os padrões demográficos e os métodos u lizados nas 
tenta vas  de  suicídio  realizadas  na  comunidade  fornece  informações  importantes 
que auxiliarão no desenvolvimento de estratégias de prevenção e na sua avaliação. 
Tais  informações  auxiliam  na  iden ficação  de  grupos  de  alto  risco  na  comunidade, 
para os quais serão planejadas  intervenções psicossociais específicas e  informações 
sobre os métodos de maior prevalência podem subsidiar ações de restrição de acesso 
(WHO, 2014).
2 - Exemplos de Prevenção Indicada na Prevenção do 
Suicídio
Na Prevenção do Suicídio  a Prevenção  Indicada é  realizada  com  indivíduos e 
populações com risco evidente de comportamentos suicidas ou que já se engajaram 
nesse  comportamento.  Como  exemplo  de  Prevenção  Indicada  na  Prevenção  do 
Suicídio  considera‐se  o  acompanhamento  próximo  de  pessoas  que  já  tentaram  o 
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suicídio, especialmente nos dias e semanas que se seguirem da tenta va (Bertolote, 
2012). É necessário fazer esse acompanhamento próximo a pessoas que apresentem 
algum  po  de  comportamento  suicida,  além  de  pessoas  com  transtornos mentais 
fortemente associados com suicídio, tais como transtornos do humor, esquizofrenia 
e abuso de álcool e outras substâncias (WHO, 2010a). Se faz necessária a avaliação 
e manejo de transtornos mentais e uso de substâncias e, no caso dos indivíduos que 
já apresentam comportamento suicida, deve‐se proceder com a avaliação e manejo 
desse comportamento (WHO, 2014).
É  importante desenvolver programas de manejo de crise para  indivíduos que 
se automu laram ou tentaram suicídio e, casos tenham necessitado de internação, é 
necessário que seja feita um monitoramento antes e depois da alta, com o obje vo 
de  garan r  que  esse  indivíduo  irá  con nuar  os  tratamentos  propostos  e 
necessários. 
Após  a  alta  deve  ocorrer  o  seguimento  e  apoio  comunitário,  com  constante 
monitoramento,  garan ndo  o  bem‐estar  desse  usuário.  Essa  proposta  de 
seguimento é bastante eficaz, pois costuma aumentar a adesão ao tratamento, além 
de  reduzir  o  número  de  reinternações.  O  cuidado  oferecido  deve  promover  o 
fortalecimento  da  rede  de  apoio  desse  indivíduo,  além  de  melhorar  o  seu 
funcionamento psicossocial (WHO, 2014).
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Veja no texto Prevenção do Comportamento 
Suicida de Botega, Werlang, Cais e Macedo 
(2006)os fatores de proteção e de risco ao 
suicídio e os aspectos presentes nos planos 
nacionais de prevenção ao suicídio.
Texto de apoio
http://pr.avasus.ufrn.br/mod/resource/view.php?id=693
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AULA 5 
Posvenção
1 - Conceito de Posvenção
O termo Posvenção foi cunhado por Shneidman (1973) e o autor desenvolveu tal 
conceito afirmando que “posvenção do suicídio é uma forma direta de prevenção de 
futuros  suicídios”  (tradução  livre).  Deste  modo,  inicialmente  falar  em  posvenção  do 
suicídio  referia‐se  a  ações  de  ajuda  aos  sobreviventes,  como  são  denominadas  as 
pessoas enlutadas por suicídio. No entanto, ao longo dos anos, o conceito de posvenção 
passou  a  ser  aplicado  não  apenas  à  assistência  aos  enlutados,  mas  também  para 
qualquer pessoa afetada, direta e/ou indiretamente, pela morte de alguém por suicídio, 
visto  que  esta  pode  acarretar  em  aumento  do  risco  de  suicídio  para  quem fica.  Isto 
porque,  tradicionalmente,  pessoas  que  inicialmente  não  seriam  categorizadas  como 
enlutadas  por  suicídio,  também  podem  ser  impactadas  pela  experiência,  como,  por 
exemplo, as pessoas que encontram o corpo, profissionais de saúde, bombeiros, dentre 
outros,  os  quais  podem  não  vivenciar  o  processo  de  luto,  porém  sofrer  os  efeitos 
nega vos da exposição ao suicídio e, portanto, devem ser alvo de ações de posvenção.
Considerando tais aspectos, posvenção pode ser definida como ações de resposta 
organizada realizadas após o suicídio, cujos procedimentos têm como obje vos:
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Assim, a principal diretriz da posvenção é garan r que todas as ações a serem 
efe vadas possam cumprir com esses três obje vos, de forma integrada, equilibrada 
e eficaz, considerando como foco qualquer pessoa que tenha sido exposta à morte 
de  alguém por  suicídio. A  este  respeito, vale  ainda  a  compreensão do  conceito  de 
sobreviventes  de  forma  clara  e  abrangente  para  que  seja  possível  clarificar  as 
diferentes possibilidades de posvenção. A conceptualização proposta por Cerel et al 
(2014)  organiza  as  pessoas  que  foram  expostas  ao  suicídio  em  4  diferentes 
categorias:  (1) expostas,  (2) afetadas,  (3) enlutadas por suicídio a curto prazo; e  (4) 
enlutadas por suicídio a longo prazo. 
Para que seja possível  iden ficar como uma pessoa pode ser categorizada na 
posvenção, devemos entender não somente seu relacionamento com a pessoa que 
cometeu  suicídio  ou  ao  papel  desta  em  sua  vida,  mas  sim  sua  reação  diante  da 
morte.  O  esquema  proposto  pelos  autores,  no  entanto,  categoriza  como 
sobreviventes as pessoas que sofrem de qualquer  po de impacto após o suicídio e 
as  categorizam  de  uma  maneira  projetada  para  aumentar  a  prestação  de 
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assistência  efe va  a  todos  afetados.  Desta  maneira,  torna  possível  descrever  as 
pessoas com base em como pesquisas e intervenções podem ser melhor projetadas a 
fim de aumentar a efe vidade da assistência prestada ao maior número possível de 
pessoas na posvenção, conforme a figura 10, que segue.
A  categoria  “Exposto  ao  suicídio”  inclui  qualquer  pessoa  cuja vida  ou  a vidade  de 
alguma  forma  cruza‐se  com  uma  fatalidade  de  suicídio  em  par cular. A  categoria 
“Afetado  pelo  suicídio”  é  uma  subcategoria  daqueles  expostos  ao  suicídio,  a  qual 
inclui  todos  que  apresentam  reação  ao  suicídio  que  demande  algum  po  de 
assistência,  quer  seja  por  luto  ou  outro mo vo,  como,  por  exemplo,  transtorno  de 
estresse pós‐traumá co (TEPT). Aqueles considerados como “enlutados por suicídio 
a  curto prazo” é uma  subcategoria daqueles  afetados e  inclui  qualquer pessoa que 
tenha uma reação claramente relacionada ao luto, derivada de algum  po de relação 
pessoal ou próxima entre a pessoa enlutada e o falecido. 
O  processo  de  luto  das  pessoas  aqui  subcategorizadas  tem  o  período  de  duração 
considerado  “ pico”  diante  da  perda  de  um  ente  querido,  independente  do  que  a 
causou. Tais  pessoas  podem  ter  a  necessidade  de  assistência  e  suporte,  incluindo 
atenção  especializada,  ou  podem  fazer  grandes  esforços  para  superar  sua  dor  por 
conta  própria. A maioria  dessas  pessoas,  ao  longo  da vida,  ocasionalmente  podem 
sen r‐se  pesarosas  e  saudosas,  podendo  “se  perder”  em  lembranças  e 
arrependimentos  pelo  falecido.  Porém,  por  mais  doloroso  que  seja  esse  processo, 
têm a habilidade de retomar seu funcionamento habitual e elaborar seu luto. 
A  categoria  “enlutados  por  suicídio  a  longo  prazo”  é  um  subconjunto  daqueles 
enlutados a curto prazo e  inclui  todas as pessoas enlutadas que encontram alguma 
dificuldade muito  intensa no curso de  seu processo de  luto, podendo vivenciar um 
luto  intensivo  que  provavelmente  durará  pelo menos  um  ano  ou mais. As  pessoas 
aqui  categorizadas  possivelmente  necessitarão  de  assistência  terapêu ca 
profissional.  A  maioria  pode  vir  a  experienciar  a  perda  como  um  ponto  de  23
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transformação significa va em sua personalidade e es lo de vida a par r do evento 
do suicídio.
De acordo com Cerel et al (2014), deve‐se ressaltar, no entanto, que ambas as 
formas  de  enlutamento,  a  curto  ou  a  longo  prazo,  podem  vivenciar  ainda  um 
sen mento paradoxal de transformações posi vas, desenvolvimento de resiliência e 
estratégias de enfrentamento, a tudes diante da vida mais complexas e compassivas 
em relação à vida, e/ou obje vos significa vos que não exis am antes do suicídio. 
Porém,  tal  temáca  deve  ainda  ser  alvo  de  pesquisa  dentro  dos  estudos  sobre 
suicídio  e  tanatologia.  Contudo,  apesar  disso,  os  autores  reforçam  a  importância 
destes  aspectos  nos  estudos  a  fim  de  enfa zar  que  a  exposição  ao  suicídio  não 
produz  somente  efeitos  nega vos  nos  sobreviventes,  mas  também  crescimento 
psicológico e espiritual, principalmente quando cuidados de maneira adequada. 
2 - Luto por suicídio
Sabemos que a morte de alguém amado ou significa vo é uma das experiências 
mais dolorosas enfrentadas por um ser humano (Ferro, 2014). Durante nossas vidas, 
vivemos  tanto  perdas  sicas  ou  concretas,  incluindo‐se  a morte;  como  também  as 
perdas  simbólicas  em  diversas  situações  da  vida.  Podemos  entender  como  perdas 
significa vas  as  separações;  afastamentos  ou  ausências  defini vas  de  pessoas 
importantes de nosso convívio; perda de um Status, de um  local por mudanças; de 
um  ideal,  sonho  ou  projeto;  quando  perdemos  o  emprego  por  demissão  ou 
aposentadoria não planejada, por exemplo; ou ainda, quando nosso querido animal 
de es mação morre. Sen mos profundo pesar por tudo isso.
Por isso, em decorrência dos eventos que envolvem perdas e, especificamente 
diante da morte, experimentamos um conjunto de respostas ou reações consideradas 
como  universais,  normais,  esperadas  e  adapta vas,  que  variam  conforme  os 
parâmetros  de  cada  sociedade  e  cultura.  Não  há  nada  de  errado  em  sofrer  24
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quando isso ocorre, e cada pessoa tem sua maneira par cular de sen r e manifestar 
sua dor. 
O  luto  é  uma  resposta  normal  à  ruptura  de  um  vínculo,  no  qual  havia  um 
inves mento afe vo entre o enlutado e a pessoa que se foi (Bowlby, 1997; Parkes, 
1998).  Devemos  compreender  o  luto  como  sendo  um  processo  dinâmico,  que 
cons tui‐se como uma experiência subje va, dotada de significados. E, embora seja 
resposta universal e esteja ancorada na cultura, a maneira como cada um vivencia o 
luto é única, assim como o vínculo que foi rompido (Franco, 2010).
Vale destacar que, mesmo quando a perda é por morte de uma pessoa amada, 
desta  forma  estabelecendo  uma  ruptura  concreta  e  sica  na  relação,  devemos 
também considerar atentamente a dimensão simbólica desta ruptura (Braz & Franco, 
2017). Podemos nos perguntar: O que significa exatamente pensar em tais rupturas, 
ou  seja,  o  que  significa  perder  alguém?  Significa  que  não  perdemos  somente  a 
pessoa,  mas  tudo  aquilo  que  ela  representa  para  nós.  Todo  este  nosso 
relacionamento – englobando o convívio em presença  sica e as  funções e papéis 
que a pessoa exercia – vai junto com a pessoa que falece.
Após  a  perda,  o  enlutado vivencia muitas mudanças  relacionadas  à  diversas 
esferas  de  sua  vida,  envolvendo  meio  social,  familiar,  econômico,  espiritual, 
emocional  e  fisiológico,  ou  seja,  a  realidade  apresenta  um  novo  contexto  de  vida 
onde a pessoa que se  foi não voltará e quem ficou experimenta a vida, a  ro na, o 
trabalho, as relações, enfim, a própria existência diante daquela ausência defini va. 
Assim,  surge  a  necessidade  de  (re)adaptar‐se  ao  mundo.  Um  mundo  que  se 
apresenta diferente a par r da perda; que não voltará a ser o mesmo  jamais. Todo 
esse processo pode ser muito doloroso, requerendo apoio e tempo. 
Assim,  quando  pensamos  em  processo  de  luto,  devemos  considerar  vários 
fatores  que  interatuam  concomitantemente.  De  maneira  didá ca  é  possível 
elencar  alguns pontos de  reflexão,  trazidos pelas pesquisadoras Franco  (2010);  25
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Barbosa (2010); Franco (2002); Braz 
& Franco (2017). 
O  luto,  para  a  maioria  das 
pessoas,  vai  sendo  integrado  de 
maneira  a  permi r  uma  adaptação 
ao  mundo  e  à  vida  sem  a  pessoa 
falecida.  Grada vamente,  cada 
pessoa  à  seu  tempo  e  ritmo,  vai  reconhecendo  a  ausência  e  podendo  pensar  no 
falecido  sem  sen r‐se  completamente  tomado  pela  dor  ou  por  emoções  com  as 
quais  não  consegue  lidar,  assim,  aos  poucos,  pode  retomar  as  a vidades, 
reexperimentar  sensações  confortáveis  e  sen mentos  amorosos,  desenvolver 
capacidades para olhar para si mesmo e para o mundo de maneira a integrar a perda 
como parte da vida (Ferro, 2014). 
Alguns vínculos estabelecidos irão perdurar por muito tempo, ou até mesmo a 
vida  toda. A  dor  poderá  diminuir  e  até  cessar,  podendo,  no  entanto,  recorrer  em 
vários momentos, como em períodos mais sensíveis, datas comemora vas e outros. 
Os enlutados guardam sen mentos e memórias de seus entes,  fazendo uma 
ligação  simbólica  que  con nua  apesar  da  morte.  Essa  é  uma  ligação  consciente, 
con nua e dinâmica, pois vai mudando de forma e de conteúdo conforme evolui o 
tempo de adaptação, ou seja, para Ferro  (2013) há uma  integração da pessoa que 
morreu  na vida  do  enlutado, mas  de  uma  forma  diferente  do  que  quando  estava 
viva. 
No  entanto,  para  algumas  pessoas  esse  processo  não  transita  para  a 
integração ou adaptação, causando dificuldades funcionais, ocupacionais e diárias; 
maiores  dificuldades  emocionais,  comorbidades,  perturbação  depressiva,  estresse 
pós‐traumá co,  pior  saúde  sica  e  ideação  suicida  –  tais  vivências  podem 
culminar no que chamamos de  luto complicado  (Young et al, 2012 apud Ferro,  26
Quadro 1
 No quadro 1, disponível no Ambiente Virtual de 
Aprendizagem, você encontra os aspectos que 
envolvem os pontos de reflexão apontados por 
esses pesquisadores. 
http://pr.avasus.ufrn.br/mod/page/view.php?id=696
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2014).  Para  estes  casos,  as  pessoas  necessitam  de  uma  avaliação  profunda  e 
cuidadosa,  sendo  encaminhados  para  ajuda  profissional  especializada,  de  acordo 
com cada necessidade detectada.
Quando  pensamos  em  mortes  causadas  por  suicídio,  então,  nosso 
atendimento  profissionaldeve  estar  atento  aos  enlutados,  incluindo  familiares, 
amigos  e  comunidade  –  pois  todos  podem  sofrer  os  impactos  deste  ato  e 
necessitarem de apoio para retomarem suas vidas. 
Pensando no fato de que para cada morte por suicídio cerca de 6 a 14 pessoas 
são  severamente  afetadas  (ABP,  2014;  Young  et  al,  2012  apud  Ferro,  2014), 
devemos levar em consideração que somente no Brasil há pelo menos uma centena 
de pessoas por dia impactadas pelo suicídio de um ente familiar ou de alguém muito 
próximo. 
Os números parecem ser maiores quando se es ma o conjunto de membros 
a ngidos em uma família (pais, filhos, avós, irmãos,  os, primos) ou, por exemplo, em 
uma sala de aula com cerca de 50 alunos e professores que perdem um colega, ou 
ainda,  quando  ocorre  um  suicídio  no  local  de  trabalho  ou  em  ambientes  públicos. 
Nesse contexto, faz‐se necessário o ques onamento: Que  po de apoio ou suporte 
os enlutados sobreviventes por suicídio têm acesso? Estamos diante de um  po de 
perda  com  especificidades  que  são,  muitas  vezes,  invisibilizadas  e  negligenciadas, 
visto que os sobreviventes/ enlutados recebem pouco ou nenhum cuidado para seu 
luto.
O suicídio de um membro da família ou amigo pode ter um impacto intenso e, 
muitas vezes, devastador sobre as pessoas emocionalmente próximas. A morte por 
suicídio  pode  ser  fator  de  risco  significa vo  para  o  desenvolvimento  de  muitas 
conseqüências  nega vas  no  enlutado,  incluindo  o  aumento  do  risco  de  suicídio 
(Caim,  1972;  Jordan  e McIntosh,  2011  apud  Cook  et  al,  2015).  Os  enlutados  por 
suicídio,  especificamente,  devido  às  caracterís cas  que  revestem  esse  po  de  27
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morte podem experimentar a vivência do luto como algo a ser escondido. Diante da 
pergunta: Morreu de quê (ou morreu como)?  Surge um silêncio, uma vergonha, uma 
culpa, um interdito.
O suicídio é considerado um  po de morte violenta,  inesperada e traumá ca, 
amplamente  es gma zada  e  alvo  de  intenso  julgamento  social,  assim, 
implementando  fatores  de  risco  para  os  sobreviventes,  principalmente  para  quem 
presencia a cena e passa a rememorar os fatos e imagens, ou ainda, para aqueles que 
estão  envolvidos  com  as  indagações  ín mas  acerca  os  mo vos  ou  precisam 
responder publicamente sobre as (im)prováveis razões de envolvem aquela morte. 
A pergunta “Por quê?”, pode ser jamais sa sfatoriamente respondida, por mais 
cartas  e  bilhetes  que  a  pessoa  que  rou  a  própria  vida  deixe.  Para  o  suicídio  não 
existe um único fator ou razão  (Gleich, 2017). Perder alguém para o suicídio é uma 
experiência  disrup va  e  chocante.  Diante  de  tal  contexto,  este  po  de  morte, 
geralmente,  é  de  domínio  público  e  a  pessoa  enlutada  é  exposta  à  curiosidade  da 
mídia  e  dos  que  a  rodeiam. Muitos  comentários  cruéis  e  julgamentos  resultam em 
invasão  da  in midade  e  da  privacidade,  e  atrapalhando  o  processo  de  luto  (Pires, 
2014).
3 - Intervenções com sobreviventes
Neste  tópico,  teremos como obje vo compreender quais as possibilidades de 
posvenção  a  serem  efe vadas  após  o  suicídio,  as  quais  podem  abranger  desde 
intervenções individuais aos familiares enlutados até ações de apoio a organizações e/
ou espaços comunitários específicos impactados pelo suicídio. 
Segundo Scavacini (2011), a respeito de serviços de suporte aos enlutados por 
suicídio e a vidades de posvenção no Brasil, estudos demonstram a necessidade e os 
bene cios decorrentes das ações de posvenção. Contudo, devido a dificuldades 
de  avaliação  de  programas  de  posvenção  (decorrentes  de  falta  de  dados  28
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mensuráveis,  de  evidências  de  efe vidade  e  estudos  insuficientes  sobre  o  tema), 
mais  pesquisas  ainda  devem  ser  desenvolvidas  acerca  das  melhores  prá cas  em 
programas  de  posvenção.  Isso  porque,  quando  conduzidos  de  forma  inadequada, 
podem levar a resultados ainda mais nega vos do que aqueles decorrentes da morte 
por suicídio propriamente dita. Porém, se conduzidos de forma embasada teórica e 
tecnicamente,  por  profissionais  com  a  devida  formação,  preparo  e  conhecimento 
acerca  da  temá ca,  podem  contribuir  com  a  redução  da  incidência  de  futuros 
suicídios e promover melhor saúde mental entre os sobreviventes do suicídio.
Apesar de compreender que muitos sobreviventes não querem ou não buscam 
ajuda,  tanto  no  contexto  familiar  e  social  quanto  profissional,  devemos  levar  em 
consideração  que  muitos  não  têm  acesso  ou  sequer  possibilidade  de  receber 
nenhum  po  de  ajuda  de  posvenção.  Es ma‐se  que  apenas  um  em  cada  4 
sobreviventes  busca  ajuda.  (Scavacini,  2011).  Nesse  contexto  de  dificuldade  de 
acesso  a  serviços  de  posvenção,  a  autora  entende  ainda  que  as  possíveis  razões 
para este quadro referem‐se a, dentre outros fatores, que, mesmo quando a pessoa 
quer  a  ajuda  profissional,  ela  pode  desconhecer  onde  buscar  tal  modalidade  de 
suporte,  além de    perceber  como  inadequadas  ou  insuficientes  aquelas  que  estão 
disponíveis, principalmente no que diz respeito ao atendimento a crianças enlutadas 
por suicídio. 
O ideal seria que serviços de posvenção pudessem ser oferecidos desde a primeira 
semana  e  ter  con nuidade  por  um  período  de  até  2  anos  após  o  episódio  do 
suicídio, exis ndo múl plas possibilidades de assistência a  serem oferecidas neste 
contexto (Scavacini, 2011).
Dentre as estratégias de posvenção, a mais comum e conhecida é o Grupo de 
Apoio aos Sobreviventes, que promovem, segundo a Organização Mundial de Saúde 
(2008) conexão dos enlutados com outras pessoas passando pela mesma situação 
de  sofrimento  e  enlutamento,  promovendo  senso  de  comunidade  e  suporte,  29
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esperança  na  melhora,  senso  de  pertencimento,possibilidade  de  aprender  novas 
estratégias  de  enfrentamento,  compar lhando  seu  luto  e  possibilitando  aos 
sobreviventes  com um espaço de 
expressão  de  seus  sen mentos. 
Contudo,  não  aprofundaremos 
nas  caracterís cas  do  grupo 
devido  ser  alvo  de  tópico 
posterior específico. 
Wilson  e  Clark  (2005),  em 
proposta  de  programa de  posvenção  australiano,  recomendam que  tais  programas 
devem ter duas diferentes abordagens: suporte aos enlutados e, ainda, suporte aos 
profissionais e serviços envolvidos na vivência do suicídio, tais como escolas,  locais 
de  trabalho  e  outros.  Essas  abordagens  cons tuem‐se  de  suma  importância  visto 
que entende‐se que medidas de posvenção do suicídio cons tuem‐se  também em 
medidas de prevenção, pois  contribui  com a  redução do  risco de  suicídio entre os 
sobreviventes, tal como proposto por Cerel at al (2014). 
Scavacini  (2011)  enfa za  a  importância  de  a  construção  de  propostas  de 
posvenção estarem embasadas em estudos e, também, nas necessidades expressas 
pelos  próprios  sobreviventes  do  suicídio,  uma vez  que  esta  não  é  uma  população 
uniforme, mas  sim bastante  complexa e heterogênea. O que  significa que pessoas 
diferentes  manifestarão  necessidades  diferentes  durante  todo  o  processo  de 
elaboração do sofrimento e luto. No entanto, direcionada especificamente à pessoas 
enlutadas por suicídio, é possível pensar em algumas possibilidades de  intervenção 
na  posvenção,  dentre  as  quais  as  Diretrizes  Nacionais  americanas  sobre  como 
responder ao luto, trauma e angús a depois do suicídio, desenvolvidas pela Aliança 
de Ação Nacional para a Prevenção dos Suicídio nos Estados Unidos.
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Na apresentação no Ambiente Virtual de 
Aprendizagem você verá as possibilidades de 
intervenção sugerida pela Aliança de Ação 
Nacional para a Prevenção do Suicídio. 
Material de apoio
http://pr.avasus.ufrn.br/mod/resource/view.php?id=698
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3 - Grupos para sobreviventes
Diante  da  necessidade  de  oferecer  espaço  para  a  dor,  os  grupos  de  apoio 
representam um recurso de acolhimento aos enlutados pelo suicídio, nas categorias 
de  receber  apoio  e  compar lhar  experiências.  Tecnicamente,  os  grupos  de  apoio 
diferem‐se dos grupos de autoajuda em vários quesitos.  
Segundo as instruções do Preven ng Suicide ‐ How to start a survivors’ group 
(WHO,  2000)  os  grupos  de  autoajuda  são  compostos  por  pessoas  direta  e 
pessoalmente  afetados  por  uma  questão,  condição  ou  preocupação  específica  – 
neste  caso,  o  suicídio.  São  grupos  administrados  por  seus  membros,  ou  seja,  isso 
significa  que  aqueles  diretamente  afetados  pela  questão  –  no  caso,  os  próprios 
enlutados  pelo  suicídio  –  são  os  que  controlam  as  a vidades  e  as  prioridades  do 
grupo,  sendo  os membros  os  que  conduzem  e  tomam  as  decisões  no/pelo  grupo. 
Essa  é  uma modalidade  possível  de  ser  implementada,  mas  requer  disponibilidade 
pessoal  do  enlutado,  como  tempo,  desejo  e,  indica‐se  que  também  um  preparo 
humano‐técnico‐é co para a condução de grupos deste teor.
Por sua vez, os Grupos de Apoio, especificamente, podem ser conduzidos por 
profissionais  cuja  função  é  delimitada  pela  especialidade  ou  experiência,  sendo 
necessário  também  acesso  à  bagagem  humana‐técnica‐é ca  de  suma  importância 
para  a  minimização  de  riscos  à  essa  parcela  tão  vulnerável  de  pessoas  neste 
momento de suas histórias de enlutamento. A realização destes grupos de apoio tem 
demonstrado  que  são  recursos  importantes  de  acesso,  resgate  e  acolhimento  de 
pessoas  em  momentos  de  vulnerabilidade,  proporcionando  reconhecimento  e 
legi midade  ao  sofrimento  que  estão  enfrentando  (Davel  &  Silva,  2014;  Sacvacini, 
2017; Kreuz & Antoniassi, 2018). O grupo, nesse sen do, pode fornecer espaço para 
a  escuta  a va  de  um  conteúdo  cerceado  pelo  tabu  e,  até  então,  silenciado  ou 
rechaçado pela sociedade, família e, muitas vezes, pelo próprio sujeito. 31
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Considerando‐se a dificuldade de muitas pessoas enlutadas em pedir ajuda e 
o  forte  es gma  social  em  relação  ao  suicídio,  o  oferecimento  de  um  espaço  de 
acolhimento  para  a  expressão  de  sen mentos  propicia  o  resgate  do  vínculo  e 
oferecimento de base segura para a legi mização do sofrimento – alguém em quem 
confiar.
No  entanto,  apesar  do  grupo  de  apoio  ser  um  recurso  disponível,  é 
importante salientar que outros recursos podem ser apresentados e validados como 
consolo  e  busca  de  ajuda.  Pesquisadoras  como  Walsh  &  McGoldrick  (1998) 
destacam que o apoio  familiar,  a presença de amigos,  a  religião, o  contato  com a 
natureza,  a  literatura,  música  e  filmes  podem  ser  fontes  de  inspiração,  alívio  e 
aproximação  após  uma  perda.  No  grupo  de  apoio  este  po  de  conduta  também 
pode ser incen vado, permi ndo que os par cipantes expressem suas alterna vas 
e caminhos para manejar a vida diante de uma perda tão di cil.
O propósito de um grupo de apoio é facilitar o processo de luto por meio do 
compar lhamento,  ou  seja,  isso  ocorre  na  medida  em  que  os  membros  podem 
vincular e visualizar os diferentes modos de compreensão e vivência dos problemas 
decorrentes das perdas que afetam suas vidas; pois estão vivendo situações muito 
semelhantes. Há empa a e respeito pela dor alheia (Davel & Silva, 2014). 
Nesses  grupos,  os  par cipantes  relatam  os  aspectos  sobre  a  ocorrência  da 
perda.  O  detalhamento  de  como,  quando,  em  quais  circunstâncias  a  perda  se 
concre zou  permite  ao  grupo  um  acesso  ao  conteúdo  doloroso,  fazendo  os 
par cipantes  reviverem  o  impacto  das  no cias  ou  imagens  de  constatação  da 
morte.    Embora  extremamente  dolorosa,  tal  oportunidade  de  contar  sobre  a 
ocorrência  da  perda,  encontrando  nos  pares  um  olhar  de  compreensão  e 
legi mação,  pode  ser  facilitadora  no  processo  de  ressignificação  da  cena  e  do 
conteúdo  daquele  evento  –  já  que  muitas  vezes  o  enlutado  não  encontra  outro 
lugar para falar e expressar aquilo que está vivendo.  32
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Outro  aspecto  importante  é o  estabelecimento de um espaço  seguro para o 
relato da dificuldade de aceitação de uma morte por suicídio, mesmo quando fatores 
como tempo e apoio possam se fazer presentes. Para os par cipantes, a inexa dão 
ou  inexistência  de  mo vos  ou  sinais  percep veis,  considerados  defini vos  e 
concretos para o suicídio de seus entes, é um ponto recorrente. A sensação de culpa 
por não ter percebido os sinais se mistura ao sen mento de raiva pelo ente que não 
demonstrou sinais concretos ou não foi capaz de pedir ajuda. 
O  uso  de  métodos  psicoeduca vos  também  ajuda  a  reconhecer  as  reações 
vivenciadas em si e nos pares, cer ficando‐se de que o que sentem é compar lhado 
ou  encontra  respaldo  também  na  vivência  de  outros  enlutados  –  mesmo  quando 
surgem  sen mentos  hos s  que  não  encontrariam  ressonância  em  outros  meios. 
Nesse  sen do,  o  grupo  pode  agregar  importantes  informações  sobre  como  o 
enlutado pode cuidar de si mesmo, e informações sobre a natureza do luto que está 
vivendo.
No  grupo,  diante  de  histórias  de  perdas,  as  experiências  trocadas  são 
abordadas  pelos  profissionais  capacitados,  de  maneira  a,  grada vamente,  ir 
clarificando  e  permi ndo  a  correção  de  conceitos  equivocados  que  possam  estar 
implementando a culpa, a impotência e outros complicadores. Ainda, a narra va dos 
fatos, recebida sem julgamentos no apoio neste  po de grupo, pode fornecer alívio 
da  ansiedade,  permi ndo  que  o  enlutado  faça  suas  ressignificações  e  conexões  – 
auxiliados em todo o processo pelo suporte profissional presente. 
Os  grupos  de  apoio,  quando  bem  conduzidos,  permitem  desenvolver 
estratégias voltadas  para melhorar  habilidades  de  enfrentamento  e  habilidades  de 
resolução  de  conflitos  (Tong  et  al,  2015),  assim  como,  fortalecer  recursos  de 
enfrentamento e implementar um senso de segurança e apoio mútuo.
Contextualmente,  o  compar lhamento  sobre  a  vivência  de  uma  dor 
dilacerante,  marcada  no  real  da  carne,  visceral,  encontra  refúgio  nas  demais  33
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narra vas  do  grupo,  mas  também  nos  olhares  e  gestos,  nos  sem‐palavras,  no 
silêncio. São histórias de dor que afetam familiares, amigos, comunidade e toda uma 
sociedade;  fazendo  alguns  viverem  a  perda  de  maneira  devastadora.  O  grupo  de 
apoio  abriga  cada  sujeito  em  sua  dor  par cular  e  única, mas  também  congrega  o 
reconhecimento  mútuo  de  uma  dor  cole va.  As  narra vas,  tocando  cada 
par cipante  a  seu  modo,  conforme  suas  possibilidades  de  fala  e  de  escuta; 
permitem  emergir  empa a,  comoção,  cuidado,  amparo,  compaixão,  mas  também 
ancoram  um  enlace  seguro  para  a  iden ficação  de  sen mentos  ambíguos,  onde 
raiva,  tristeza  e  culpa  podem  ser  expressos.  De  tal  maneira,  os  par cipantes  são 
acolhidos  pelo  respeito  que 
constroem  conjuntamente, 
buscando  alguma  coesão,  sem 
julgamentos. 
A  dor  real  e  brutal  tem  no 
grupo  um  encontro  com  diversas 
possibilidades  de  intepretação, 
assim,  vai  recebendo  cuidado, 
cura vo, condução. O processo permite, entre os par cipantes, uma conexão pela a 
dor  que,  ao  ser  reconhecida  e  reconduzida,  encontra  grada vamente  um  lugar; 
possibilitando a expansão dos sen dos e uma adaptação num processo con nuado 
de ressignificação.
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Textos de apoio
Os textos de apoio desta aula, estão disponíveis 
na  Biblioteca.  Lá você encontra cinco textos de 
que abordarão temas como intervenção, 
posvenção e luto.
http://pr.avasus.ufrn.br/mod/folder/view.php?id=706
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